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Aulas de Defesa da Constituição Atualizadas em 21.11.2018

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DEFESA DA CONSTITUIÇÃO
Profa. Betina Günther
26/07/2018
1ª Avaliação: 27/09/2018
2ª Avaliação: 22/11/2018
01/08/2018
Controle de Constitucionalidade
Introdução
Definição: Verificação de compatibilidade vertical entre a Constituição e demais atos normativos. É um processo de fiscalização, cujas regras são estabelecidas pela própria Constituição da República. Ideia de comparação entre atos normativos e o parâmetro entabulado pela Constituição Federal. 
Pressupostos: 
Ideia de Supremacia / Superioridade
- Princípio de Supremacia da Constituição; escalonamento normativo
- Princípio da Força Normativa (Hesse): fundamento de validade do sistema
Classificação das Constituições
Quanto ao modo de modificação
Constituição escrita
Constituição rígida: processo solene de modificação (rito especial)
Atribuição de competência a um órgão para fiscalização/controle: vai variar de acordo com o sistema adotado. Quem deve ser responsável por garantir a supremacia da Constituição?
Legislador;
 Poder Executivo;
Poder Judiciário – controle difuso ou concentrado;
Todos.
Permitir que somente o Legislativo realize o papel de garantidor da supremacia constitucional não seria suficiente para cumprir essa finalidade, vez que estaria a Constituição submetida a eventuais abusos por parte de tal Poder, ante a inerência preponderante dos freios e contrapesos de Montesquieu (Princípio da Tripartição de Poderes). 
O Poder Executivo também seria incumbido de tal tarefa ao ser o chefe, o zelador da garantia de que as normas constitucionais sejam seguidas à risca. O problema disso é que o Poder Executivo poderia correr o risco de ser autoritário. 
Por outro lado, o Poder Judiciário, de acordo com Kelsen, não existiria um Tribunal Constitucional que não fosse parte do Poder Judiciário. O tribunal constitucional só teria essa incumbência de zelar pelo devido cumprimento das normas constitucionais. 
Por fim, todos seriam os garantidores da Constituição, inclusive os membros do povo. 
De certa forma, o que prevalece é o controle judicial repressivo, ou seja, o controle intentado pelo Poder Judiciário após a promulgação da lei tida como inconstitucional. 
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL - Definição: Conjunto de mecanismos destinados a fazer prevalecer os comandos constitucionais, ou seja, defender a Constituição, sobretudo de forma judicial. 
São mecanismos utilizados para a defesa da Constituição. 
02/08/2018
4. Origem e Evolução
No Mundo
Estados Unidos
- Marbury Vs. Madison – 1803, proferido pelo Presidente da Suprema Corte, John Marshall. 
Caso: A Constituição Americana é suprema, inclusive sobre o Congresso. O então secretário de Estado nomeia diversos juízes para o cargo, sendo que tais pessoas eram amigas do então secretário de Estado. Thomas Madison seria nomeado logo em seguida, muitos dos que ainda não haviam sido nomeados foram à Suprema Corte para requerer o certificado para exercer o cargo de juiz. Com base numa Lei de 1801 que ampliou o número de competências originárias da Suprema Corte, Marbory requereu a expedição do diploma pelo secretário de Estado, Madison. A Suprema Corte então avaliou se a lei se sobressaia sobre a Constituição ou se ocorreria o contrário. 
Ao mesmo tempo, Jhon Marshall estabeleceu que a Suprema Corte, integrante do Poder Judiciário, seria a responsável por realizar o controle de constitucionalidade. 
Tese Fixada: A supremacia da Constituição da República, necessidade do “judicial review” e competência do Judiciário. 
Europa: Áustria
Livro de Georg Jellinek (1885);
Constituição da Checoslováquia – Tribunal Constitucional (fev 1920);
Constituição da Áustria – Tribunal Constitucional (1920) – Hans Kelsen. Para Hans Kelsen, não poderia ser somente o Judiciário o responsável pelo controle de constitucionalidade, mas um órgão só: o Tribunal Constitucional, sendo a sua única função resolver casos em que se discute a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade. 
Criação de uma Corte de Justiça Constitucional
Controle concentrado/abstrato (podendo ser incidental/concreto)
b) No Brasil
- CR/1824 (Constituição do Império) – Não contempla o controle de constitucionalidade -> Mas o Poder Moderador. A fiscalização era exercida pelo imperador por meio do Poder Moderador. 
- CR/1891 – Previa o controle difuso (Art. 59 – art. 60 – controle incidental por provocação dos litigantes). Vê-se uma evidente influência decorrente do caso Marbory vs Madison. É a possibilidade de o Judiciário declarar uma lei como inconstitucional. 
- CR/1934 – Controle difuso -> insere a “cláusula de reserva de Plenário” (Só é possível decidir sobre a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo pela maioria dos membros) e suspensão da lei/ato declarado inconstitucional pelo Senado; além da Representação Interventiva. Os Tribunais só vão poder declarar a inconstitucionalidade e por meio da maioria absoluta de seus membros (algo que permanece até hoje, pelo que dispõe o art. 97 da CF/88). 
- CR/1937 – Possibilidade de o Presidente da República submeter lei declarada inconstitucional pelo STF, se necessário ao bem-estar do povo, novamente ao Congresso Nacional; se confirmada pelo CN, tornava sem efeito a decisão do STF. Foi uma Constituição outorgada, sendo que um Poder se sobrepunha ao outro. 
08/08/2018
- CR/1946 – Inseriu o controle abstrato de normas (estaduais e federais) por via de ADI proposta pelo PGR no STF (EC 16/65). O controle difuso foi o primeiro a surgir, por inovação da CR de 1891. 
- CR/1967 – EC 7/77 reconheceu a possibilidade de liminar; reconhecido o caráter dúplice/ambivalente da ADI (A ADI objetiva tornar uma norma inconstitucional, sendo que se procedente, a norma é inconstitucional e, se improcedente, a norma é constitucional. Desse modo, há uma afirmação de um jeito ou de outro: ou a norma é constitucional ou a norma é inconstitucional) e “poder-dever” do PGR na ADI (não constitui uma faculdade do PGR, mas um dever do PGR de propor a ADI quando houver a dúvida sobre a constitucionalidade da norma).
- CR/1988: 
I) Ampliação do rol de legitimados para propositura de ADI, para além do PGR (Art. 103, da CF/88); 
II) Introduziu o controle de omissões inconstitucionais – ADI por omissão (ocorre nos casos em que, diante de normas de eficácia limitada, não há norma que complemente o comando constitucional, o que configura uma omissão) e Mandado de Injunção (controle concreto incidental);
III) Inseriu a ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental;
IV) Com o advento da EC 3/93, inseriu a ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade;
V) Com EC 45/04 -> ADC (legitimados = ADI; objeto é diferente). Inseriu Súmula Vinculante e a repercussão geral. A ADC visa à declaração da constitucionalidade de uma norma. A ADC só pode ser proposta em face de lei federal, ao passo que a ADI pode ser proposta em face de lei federal ou estadual. 
Legitimidade: Quem deve ser o guardião da CF?
O legislador;
O Poder Executivo (Schmitt);
O Poder Judiciário (EUA – Hamilton e outros) – A Corte Constitucional (Kelsen)
Todos
09/08/2018
Argumentos:
Argumentos Contrários ao controle judicial ou postura contida (Minimalismo judicial ou self-restraint): A interpretação deve ser o mais literal possível. 
- Constituição escrita -> competência “implícita”;
- Resolver um caso concreto; a função típica do Judiciário é aplicar uma lei para resolver um caso concreto. 
- Indeterminação constitucional e abertura interpelativa: a interpelação deve ser fixada pelo Poder Legislativo; representante do povo; dentre as muitas possibilidades de interpretar um termo, a da Constituição prevalece. 
- Caso de inconstitucionalidade “manifesta”, “inequívoca”, “evidente e clara” – respeito ao Legislativo;
- Falta de fiscalização do Poder Judiciário;
- No caso de controle de Emenda Constitucional, o Judiciário estaria usurpando o Poder Constituinte Reformador. 
X
Argumentos Favoráveis ao controle judicial: 
- Controlede constitucionalidade com dever de ofício -> O Judiciário não pode aplicar norma inconstitucional e controle das omissões; 
- Guarda de direitos fundamentais: Proteção das minorias contra a maioria -> papel contramajoritário;
- Sistemas de freios e contrapesos (Checks and balances): interação entre os Poderes;
- Judiciário ostenta a garantia de imparcialidade e deve fundamentar as decisões.
Controle judicial é uma opção do constituinte (expressa) ou interpretação do Judiciário (implícita)
Questões: Controle judicial seria a última palavra em termos constitucionais? Não, vez que o Legislativo poderia editar uma nova lei no sentido contrário ao que foi decidido em sede de controle judicial. Um exemplo recente é a declaração da inconstitucionalidade da vaquejada que, logo após o julgamento, houve a edição de EC no sentido diverso do que fora decidido. 
i) Como legislador negativo; - O STF não faz a lei, mas pode retira-la do ordenamento jurídico. 
ii) Como última palavra em termos judiciais;
iii) Novos instrumentos como audiência pública e amicus curiae. 
Parâmetro: Paradigma de confronto, ponto de referência -> CR/1988 (no âmbito federal). É o objeto de referência para ser realizada a comparação inerente ao controle de constitucionalidade. 
- Normas formalmente constitucionais
- Toda a CF/88???
- Preâmbulo: Tese da Irrelevância Jurídica do Preâmbulo – STF, ADI 2076/AC
- É formalmente constituição: Art. 1º ao 250, c/ EC + ADCT e ECR – Inclusive preceitos/princípios implícitos
- É formalmente constituição: TIDH aprovados pelo quórum de EC (art. 5º, §3º)
15/08/2018
*Bloco de Constitucionalidade: 2 posições:
- Ampliativa: normas formalmente constitucionais + princípios/valores suprapositivos globais. 
Para alguns doutrinadores, que não é o caso dos doutrinadores brasileiros, a Constituição não é só aquilo que está formalmente posto. 
- Restritiva: Somente normas formalmente constitucionais
Espécies de constitucionalidade
Material X Formal
Formal ou Nomodinâmica: afeta o procedimento relativo à formação da lei; defeito de formação no ato normativo. 
Propriamente dita
Vício formal subjetivo: Violação das normas do processo legislativo quanto à iniciativa. Logo, é quando há iniciativa do processo legislativo, a qual pode ser exclusiva/reservada ou geral. A exclusiva ou reservada é aquela que determina que só algumas autoridades podem dar início ao processo legislativo de determinada matéria. 
Somente o titular da competência reservada / exclusiva pode deflagrar o processo legislativo naquela matéria. Ex.: Art. 61, §1º, CF/88. 
Obs.: Cuidado com o antigo entendimento do STF! – O STF já entendeu que a sanção do presidente convalidava o ato viciado. Contudo, o vício, nesses casos, é de origem e, por isso, deve ser declarada nula, não cabendo nenhum tipo de convalidação. 
As normas que regem o processo legislativo estão previstas nos regimentos internos da Câmara e do Senado. 
Vício formal objetivo: inobservância das formalidades técnico-procedimentais. Ex.: quórum; Lei Ordinária no lugar de Lei Complementar, etc. 
Orgânica: Violação de regra de competência legislativa. Ex.: Uma lei distrital que regular normas atinentes a trânsito e transporte é inconstitucional por violar a competência privativa da União de legislar sobre o assunto. 
Por violação de pressupostos objetivos do ato. Ex.: Art. 18, §3º, CF/88. Não é uma violação do processo legislativo, mas de requisitos inerentes à criação de uma norma. 
Obs.: Normas interna corporis: São insuscetíveis de controle judicial (STF) – Ex.: elaboração e interpretação do Regimento Interno das Casas Legislativas 	 discussão de processo legislativo constitucional. 
16/08/2018
Material ou Nomoestática: Diz respeito ao conteúdo da norma em confronto com a Constituição da República (regras e princípios). 
Obs.: Pretensa inconstitucionalidade formal de ato normativo compatível com a Constituição da República anterior com a nova Constituição da República -> Tempus regit actum: avaliar se a inconstitucionalidade é apenas material. Se a norma que foi editada à época e condizente com a ordem constitucional vigente, não será o ato normativo inconstitucional. É o caso do Código Tributário Nacional. Verifica-se tão somente a compatibilidade material com a nova ordem constitucional. 
Por vício de decoro parlamentar: os parlamentarem deliberaram a norma porque foram corrompidos. Essas leis que derivam dessa aprovação por “compra de votos” poderia vir a ser anulada? O STF ainda não decidiu sobre essa questão. 
Argumento: vício na formação da vontade no procedimento legislativo
Obs.: Ambas as possibilidades (formal e material) podem estar presentes na mesma norma. 
Total ou Parcial
Total: Todo o ato é inconstitucional; Ex.: ADPF que julgou inconstitucional a Lei de Imprensa. 
Parcial: um ou alguns dispositivos, ou parte deles, é inconstitucional. -> Mas não pode alterar o sentido, caso seja declarada a inconstitucionalidade de apenas uma parte do dispositivo, vez que, nesses casos, o STF entende ser pedido impossível. 
Obs.: Inconstitucionalidade parcial Inconstitucionalidade derivada de omissão parcial.
A omissão parcial consiste na falta de algo daquilo que foi feito. 
Ação X Omissão
3.1. Ação: Conduta positiva do legislador que não se compatibiliza com o texto constitucional -> tanto formal quanto material. 
3.2. Omissão: Surgiu na Alemanha, na década de 1970. No Brasil, foi reconhecida somente com o advento da Constituição da República de 1988 por meio de ADO (controle concentrado) ou Mandado de Injunção (controle difuso). 
Obs.: Descumprimento da obrigação constitucional de legislar, oriundo de comandos explícitos ou de interpretação -> há um dever de legislar. 
Absoluta/Total: quando não há legislação.
Parcial: a matéria foi legislada de forma insuficiente -> Ex.: salário mínimo.
Solução: 
- Clássica: declaração/reconhecimento da omissão e constituição em mora do legislador. 
- Concentradora: “criação” da norma aplicável ao caso – apenas para o caso concreto ou geral. A crítica existente nesse sentido é o ativismo judicial intentado pelo STF. Para outros, o STF somente faz isso porque o Legislativo não está fazendo o papel dele. 
22/08/2018
Originária X Superveniente: Em relação ao momento em que é feito o momento de constitucionalidade. 
Em regra, o ato normativo será comparado com a Constituição que estiver vigente no momento de sua edição. O ato normativo que não estiver materialmente condizente com a nova ordem constitucional não condiz com controle de constitucionalidade, mas com questão relativa à não recepção do ato normativo na égide da nova constituinte. – Aplicação do Tempus Regit Actum. 
- Originária: o parâmetro é anterior ao objeto. Ex.: CR/88 e Lei de 1992. 
- Superveniente: O parâmetro é posterior ao objeto -> 2 formas: 
Nova ordem constitucional: Não se trata de inconstitucionalidade, mas de questão de direito intertemporal (revogação ou não recepção de normas pré-constitucionais) -> Não cabe ADI, mas cabe ADPF (vez que permite normas pré-constitucionais). A ADPF só surgiu no ordenamento jurídico brasileiro por meio da Constituição Federal de 1988. 
Obs.: ADI 2, j. 1992 -> Extinta sem julgamento de mérito por impossibilidade jurídica do pedido. 
Normas da CR vigente que sofrem Emenda à Constituição. 
Uma Emenda altera o parâmetro utilizado para a propositura de ADI. 
Entendimento: não haveria inconstitucionalidade superveniente -> perda do objeto da ação/prejudicada (ADI 1120 e ADI 1434). Esse entendimento foi refletido nos anos de 1994 e 1999, respectivamente. Não se admitia, portanto, a inconstitucionalidade superveniente. 
Contudo, em 2014, com ADI 509, STF entende que cabe controle de constitucionalidade ainda que alterado o parâmetro. 
Essa ADI traz alguns precedentes que tratam sobre constitucionalidade superveniente, ao passo que estamostratando de uma inconstitucionalidade superveniente. 
Segundo alguns entendimentos, quando houve a alteração, houve a convalidação da alegada inconstitucionalidade, sendo por isso inviável o controle de constitucionalidade superveniente. 
Dois são os entendimentos: Quando proposta a ADI, a norma já tinha no seu bojo a violação da constituição, não importando se houve sua alteração e permanecendo inconstitucional. O outro entendimento posiciona-se no sentido de que a alteração decorreu da vontade do legislador, por meio da utilização do Poder Constituinte Derivado Reformador. 
O entendimento mais recente do STF (de 2014) é que se a norma nasceu inconstitucional, assim permanece. Os efeitos da decisão declaratória de inconstitucionalidade são retroativos. Não se olvide, entretanto, da modulação dos efeitos, de acordo com os possíveis efeitos ocasionados pelo decisum. 
Obs.: Alteração no entendimento jurisprudencial caracteriza inconstitucionalidade superveniente?
2 situações: 
Mudança nas situações fáticas: NÃO se trata de inconstitucionalidade superveniente -> norma “ainda constitucional” ou no caminho para a inconstitucionalidade. Ex.: Condições materiais diferentes entre o Ministério Público e a Defensoria Pública na defesa das pessoas hipossuficientes nos termos do CPP. Quando as condições entre ambas as entidades tornar-se equânime, estará ocasionada a inconstitucionalidade do dispositivo. Por isso se fala também em “inconstitucionalidade progressiva”. 
Obs.: A inconstitucionalidade superveniente refere-se sempre ao aspecto MATERIAL. 
Mudança/evolução no pensamento jurídico vigente: Gilmar Mendes X Sarlet X Mitidiero -> Interpretação e revogação de precedentes. 
Obs.: Constitucionalidade superveniente. 2 posições:
A mudança de parâmetro indica a vontade do constituinte -> perda do objeto / prejudicada.
ADI 1691, j. 2003 e ADI 2197, j. 2004.
A norma nasceu inconstitucional e não pode ser convalidada -> inconstitucionalidade inicial -> ADI 2189 e 2158, j. 2010. 
Há controle de constitucionalidade de normas constitucionais originárias, ou seja, sobre o Poder Constituinte Originário?
- Não, apenas sobre o Poder Constituinte Derivado Reformador. Não é cabível o controle de constitucionalidade sobre o Poder Constituinte Originário. 
Isso porque, as eventuais antinomias existentes na Constituição não seriam consideradas inconstitucionais, de modo que deveria ser aplicada a interpretação dos dispositivos contraditórios entre si. 
23/08/2018
MODALIDADES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Quanto ao momento de controle
Classificação
- Política: O STF ou qualquer Corte Constitucional do País toma uma decisão com base, não com fundamento em uma ação judicial, mas o fundamento para o seu exercício é um argumento político, por questões que envolvem o interesse nacional. 
- Jurisdicional: É efetuado no âmbito dos tribunais. No Brasil, temos uma regra, pela qual nosso sistema de constitucionalidade é híbrido ou misto. 
- Mista: É a regra do sistema de constitucionalidade brasileiro. A doutrina define este sistema como sendo um sistema jurisdicional misto repressivo. Isso porque, este sistema é político e jurisdicional. O sistema misto ocorre, como regra, por meio de controle repressivo. 
Controle Prévio ou Preventivo: Incide sobre projetos de lei. Ocorre antes da criação da lei. 
- Legislativo: Exercido pelos parlamentares e pela CCJ (Câmara de Constituição e Justiça) – Elabora-se um parecer sobre a constitucionalidade daquele projeto de lei ou projeto de emenda à Constituição. Pode ocorrer no momento de uma votação pelos parlamentares ou pela CCJ. Quem exerce o controle prévio principalmente é o Legislativo. A CCJ faz, em regra, o controle formal, podendo haver o controle material em razão de questões políticas existentes na Comissão. 
- Executivo: Exercido pelo Presidente da República por meio do poder de veto jurídico. O veto político não é porque o fundamento do presidente no veto jurídico expressamente se posiciona pela inconstitucionalidade. O veto político diz respeito a questões relacionadas ao interesse nacional. 
- Judiciário: O mandado de segurança impetrado pelo parlamentar em face de vício procedimental ou quando há ofensa a cláusula pétrea. O direito líquido e certo é o direito do parlamentar de prezar pelo devido processo legislativo. O controle aqui é, portanto, formal. 
Controle Posterior ou Repressivo: A lei já existe mas não necessariamente já está surtindo efeitos, ou seja, não necessariamente está vigorando. 
- Legislativo: Art. 49, inciso V, da CF/88: 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
[...]
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
Ocorre por meio de decreto presidencial ou por meio de lei delegada, assim como qualquer ato regulamentar. Pouco usual, vez que o trâmite é mais simplificado por meio de medida provisória. 
Outro caso envolve os pressupostos de medida provisória. Em tais casos, conforme determina o artigo 62, §9º, da CF: 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
O parecer da comissão mista é indispensável, sob pena de inconstitucionalidade da medida provisória.
Controle difuso por meio do TCU. Não é mais admitido desde a CF de 1988. 
Em precedente de autoria da Min. Carmen Lúcia firmou-se o entendimento de que deixar de aplicar uma norma é diferente de declarar a inconstitucionalidade da referida norma, de modo que é permitido a entidades como o TCU, o CNJ e o CNMP afastar a aplicação de uma norma, sem contudo declarar a sua inconstitucionalidade. 
- Executivo: É a orientação do Presidente da República para que a administração pública federal deixe de aplicar a legislação infraconstitucional por entender ser inconstitucional. De acordo com o Ministro Gilmar Mendes, é possível que o Presidente da República faça essa orientação. Contudo, de acordo com a doutrina majoritária e com o Ministro Moreira Alves, é possível essa orientação por parte do Presidente. Uma terceira corrente diz que é possível que o Presidente faça essa orientação, devendo, contudo, logo em seguida devendo ajuizar ADI. Não é extensível aos prefeitos. 
Denomina-se o instituto acima de “descumprimento de lei”. O Presidente declara o descumprimento da lei em razão de alegar ser a lei inconstitucional. 
- Judiciário: Efetuado principalmente pelos Tribunais. 
29/08/2018
Quanto à natureza do órgão responsável pelo controle
Político: exercido por órgão sem natureza jurisdicional – Órgão do Poder Legislativo ou Executivo.
Ex.: França -> Conselho Constitucional
Brasil -> veto e CCJ
Jurisdicional: Exercido pelo Poder Judiciário, tanto por órgão único ou qualquer juiz/Tribunal.
Misto/Combinado: 
Brasil -> Misto, preponderantemente judicial. 
Quanto à competência (só se aplica ao Poder Judiciário)
Difuso / Aberto / Universal / Geral (ou Sistema Norte-Americano): Marbory vs. Madison - O responsável por fazer o controle de constitucionalidade é todo o Poder Judiciário. A competência está difusa (distribuída) em todo o Poder Judiciário. 
Concentrado / Reservado (ou Sistema Austríaco-Europeu) -> Concentra-se em apenas um Tribunal: 
Concentrado em uma Corte Constitucional:
Especializada: Somente realiza o controle de constitucionalidade. 
Generalidade: Como é o caso do Brasil, nossa Corte Constitucional, além de fazer o controle de constitucionalidade, é sede recursal e possui competência originária (ex.: casos em que a parte possui foro de prerrogativa de função). Essa é uma das grandes críticas ao STF, vez que, por seruma grande quantidade de questões, fica difícil que a Suprema Corte se debruce sobre casos de relevância jurídica nacional, tais como o aborto. 
Misto / Híbrido: Brasil -> crítica: difuso com competências reforçadas.
Quanto à finalidade (Como a questão é apresentada / julgada no Poder Judiciário)
Controle CONCRETO: Se a finalidade for proteger direitos subjetivos, a partir de um caso concreto levado ao Poder Judiciário. Em geral, ocorre por via do controle difuso e, em geral, é incidental. O efeito é inter partes, em regra. Ex.: Mandado de Injunção impetrado por determinado sindicato dos agentes de polícia. 
Controle ABSTRATO: Se a finalidade for proteger a ordem constitucional objetiva, sendo a análise feita em tese. É a violação da constitucionalidade em si. Pergunta-se: “Esta lei viola a CF??” Por isso não existem partes, haja vista que estamos tratando do ordenamento jurídico como um todo. Resguarda-se o direito de todos a partir da manutenção da ordem constitucional. Zela-se pelo ordenamento jurídico. 
30/08/2018
Quanto à posição na sequência processual
PRINCIPAL: (Ou Via de Ação): O objeto do processo é a questão constitucional (pedido principal), por meio de ação própria. 
INCIDENTAL: (OU Via de Exceção): A questão constitucional suscitada de forma incidental no processo, e atua como prejudicial na solução do litígio entre as partes. A questão constitucional é analisada incidentalmente para decidir pedido principal. Não se quer saber se a lei é constitucional ou inconstitucional, mas resolver um problema subjetivo que necessita da declaração de inconstitucionalidade do ato normativo. 
	CONTROLE
	Abstrato
	Concreto
	Concentrado
	Difuso
	Principal
	Incidental
Efeitos da declaração de inconstitucionalidade
Quanto ao aspecto temporal (alcance temporal da decisão)
- Natureza: 
Inexistente: Corrente minoritária, praticamente desconsiderada. 
Nulo: Teoria da Nulidade – Lei inconstitucional é ato nulo e o Judiciário vai apenas declará-lo -> natureza DECLARATÓRIA (efeitos ex tunc ou retroativos) – PLANO DA VALIDADE. Marbory vs. Madison – Lei inconstitucional não é lei de forma nenhuma. Logo, aquilo que é nulo indica um problema no plano de validade. A lei existe mas não é válida. A lei nasceu viciada, eivada de vício de inconstitucionalidade. O Judiciário só vem para declarar a inconstitucionalidade da norma. Por isso, os efeitos são ex tunc. É a teoria que vem sendo mais adotada pelo STF e pela doutrina majoritária. 
Anulável: Teoria da Anulabilidade – Princípio da Presunção de Constitucionalidade das leis -> validade transitória até a desconstituição do ato por decisão judicial -> Natureza constitutiva / desconstitutiva (efeitos ex nunc ou prospectivos) -> PLANO DA EFICÁCIA. Kelsen. A natureza da norma é desconstitutiva porque determina que a partir do momento em que foi exarada a decisão, a norma perdeu a sua eficácia. A lei existe, é válida, mas desde o momento em que foi proferida a decisão perde a sua eficácia. 
Obs.: Teoria da Modulação dos Efeitos – Excepcionalmente, em caso de segurança jurídica ou interesse social. Desde a concepção da modulação dos efeitos, a Teoria da Nulidade perdeu seu vigor, vez que, a partir dessa técnica, os efeitos de uma decisão que declara a norma como inconstitucional desde sua origem, podem ser alterados tendo em vista uma questão de segurança jurídica ou de relevante interesse social. 
- Ex nunc: Possível aplicar efeitos ex nunc ainda que se esteja tratando de nulidade do ato normativo. 
- Pro futuro: efeitos prospectivos – modula-se a partir de uma data futura a incidência dos efeitos decorrentes do julgamento. 
Exemplos:
RE 442.683/RS
RE 197.917/SP – Mira Estrela
ADI 4029
Obs.: Inconstitucionalidade PROGRESSIVA (ou ‘normal ainda constitucional’ ou ‘em trânsito para a inconstitucionalidade)
Ex.: RE 135.328 (julgamento em 2001): Art. 68, CPP. 
A defensoria pública e o Ministério Público não possuem a mesma estrutura. Não se declarou a inconstitucionalidade da norma porque o real prejudicado seria a própria pessoa hipossuficiente. 
Portanto, a norma não foi declarada, de imediato, como inconstitucional. Até que a Defensoria Pública tenha o mesmo aparato do Ministério Público, permanecerá constitucional até o dia em que fique inconstitucional. 
Questão: inconstitucionalidade ou não-recepção progressiva?
Apesar de a doutrina e a jurisprudência falarem em inconstitucionalidade progressiva, na verdade o CPP é norma de 1941, ou seja, de período anterior à promulgação da CF/88, havendo que se falar em “não-recepção” e não em inconstitucionalidade. 
05/09/2018
Quanto ao aspecto SUBJETIVO: Quem é afetado pela declaração de inconstitucionalidade?
No controle difuso de constitucionalidade, via de regra, incidem os efeitos inter partes, vez que é possível a alegação de inconstitucionalidade em qualquer tipo de ação (anulatória, Mandado de Segurança, etc.). 
- Efeitos inter partes: Somente aqueles que participaram do processo -> Típica de controle difuso. 
- Efeitos erga omnes (ou geral): Atinge a todos – o Poder Público e os particulares. 
Art. 102, §2º, da CF/88, e art. 28, Parágrafo Único, da Lei nº 9.868/99 -> atinge a todos: Poder Público e Particulares -> Típica do controle concentrado
Se uma decisão é declarada nula, ela é retirada do ordenamento jurídico, atingindo a todos os jurisdicionados e o próprio Estado. 
+
Efeito vinculante: 
 Limites SUBJETIVOS do efeito vinculante:
Toda a Administração Pública
Poder Judiciário (menos o STF): O STF não se vincula porque pode ocorrer a chamada “inconstitucionalidade superveniente”, pela qual, por uma mudança na situação fática, o STF pode alterar o seu entendimento em sentido oposto ao que fora decidido inicialmente. O contrário, contudo, de acordo com o entendimento da doutrina, não é possível. Isso porque, a norma declarada inconstitucional é retirada do mundo jurídico, não havendo mais um objeto a vir a ser ponto de uma eventual “repristinação”. 
Obs.: Poder Legislativo (?) NÃO! Evita o fenômeno de “fossilização da Constituição”
Obs.: O Poder Executivo, na sua função típica, não se vincula aos efeitos. 
** Outros efeitos: 
- Desfazimento de atos ilegais; 
- Se inconstitucionalidade de lei estadual: demais Estados com normas semelhantes devem modifica-las. A ideia é de que todos os Estados que tenham legislações semelhantes é que procedam à modificação de seus respectivos dispositivos. 
Limites OBJETIVOS do efeito vinculante: O que vincula?
Somente o dispositivo;
Os fundamentos da decisão;
 Considerações marginais (obter dicta): Muitas vezes nos votos, os ministros abordam institutos que não necessariamente dizem respeito ao que está sendo julgado. 
No Brasil, adota-se a tese de que somente o dispositivo vincula. Contudo, em alguns julgados o STF já adotou a tese da “Transcendência dos Motivos Determinantes”. 
Obs.: STF: adota em alguns julgados a tese da “Transcendência dos Motivos Determinantes” – Ex.: Rcl nº 1987; Rcl nº 2126. 
“Apelo ao Legislador”: O STF não declara a inconstitucionalidade por representar grave prejuízo. A norma está indo para a inconstitucionalidade, devendo o Legislativo atuar para sanar tais vícios. Contudo, o Legislativo não se vincula a tal declaração, de modo que sua omissão não ensejará nenhum tipo de penalidade. 
06/09/2018 
Quanto à extensão (Métodos de interpretação/Técnicas de Decisão)
COM redução de texto: É o mais usual, já que, eventualmente, se uma inconstitucionalidade representa uma lei nula, ela é retirada do ordenamento jurídico. Divide-se em: 
Parcial: Apenas palavra/expressão/inciso/alínea/artigo -> “Teoria da Divisibilidade da lei”. A inconstitucionalidade de apenas uma palavra pode gerar um entendimento diverso, devendo ser declarada tal inconstitucionalidade à luz da possibilidade de ser mantido o entendimento do legislador. Esta é a aplicação da Teoria da Divisibilidade da Lei, pela qual o Judiciário podedeclarar a inconstitucionalidade de apenas uma expressão de maneira contida, de maneira a manter o entendimento consagrado pelo Legislador. É como se devesse haver um respeito à função típica de legislar, pertencente ao Poder Legislativo. Sendo possível declarar apenas um pedaço da norma como inconstitucional ou, prioritariamente, considerar a norma constitucional, o Judiciário deve procurar fazer isso, com vistas ao respeito à função típica de legislar do Legislativo. Ainda que o Judiciário exerça o papel de “legislador negativo”, ele deve tentar ao máximo garantir a expressão originária da lei. 
Total: Muitas vezes advém da impossibilidade de declarar a inconstitucionalidade parcial por alterar o sentido da lei ou uma possibilidade de prejudicar o ordenamento jurídico como um todo. Incide sobre todo o texto legal, quando: 
Vícios formais: violação do Processo Legislativo. Nos casos de vício formais, não há como declarar a inconstitucionalidade parcial, vez que a norma já “nasceu” eivada de um vício. 
Há relação de interdependência entre as partes ou alteração da vontade do legislador: “Indivisibilidade da lei” + causa de pedir aberta (significa que na inicial, apesar de o pedido ser a declaração parcial de inconstitucionalidade, o STF poderia entender que o dispositivo pretendido como inconstitucional poderia abarcar outros dispositivos constantes da norma, de maneira que não incide o princípio da congruência da petição inicial com a sentença, de maneira que é possível que o STF possa julgar de maneira citra, ultra ou extra petita) – inconstitucionalidade consequente ou por arrastamento. Outra situação seria a declaração de inconstitucionalidade de uma lei por meio de ADI, mas que acaba declarando também inconstitucional um decreto regulamentar por via reflexa (o qual, por ser norma secundária, não pode ser objeto de ADI). [1: Inclusive, o STF não está adstrito ao pedido nem à fundamentação trazida na inicial do legitimado. Um exemplo disso que tenha acontecido é a ADPF 130, pela qual questionou-se a recepção da Lei de Imprensa. A Lei de Imprensa era um decreto que não foi recepcionado pela CF. Na verdade, o pedido era a não recepção de muitos artigos. O STF, contudo, considerou a não recepção de toda a lei (in totum), apesar de os pedidos serem de apenas alguns dispositivos. Isso porque, seria pior para o ordenamento jurídico manter a constitucionalidade dos dispositivos não requeridos. ]
SEM redução de texto: Em homenagem ao princípio da presunção de constitucionalidade das leis / liberdade jurídico-política do legislador. 
Declaração de nulidade PARCIAL SEM REDUÇÃO DE TEXTO: Exclui-se determinadas hipóteses de aplicação da norma em virtude da inconstitucionalidade. O que é declarado inconstitucional é (são) a (s) interpretação existente (s) em um texto normativo. Ex.: “É proibida a entrada de cachorros”. O Tribunal entende a aplicação da referida vedação a todos os animais e não somente a cães. 
Interpretação conforme a Constituição: Declaração de constitucionalidade desde que com determinada interpretação. Ex.: União homoafetiva; aborto de anencéfalo. 
Obs.: São sinônimas? Não. A diferença existente entre ambas essas classificações é muito sutil. Perceba que na letra “a” há a exclusão de uma interpretação da norma. Por outro lado, na letra “b” dispõe-se que somente é possível a aplicação da norma a partir de uma interpretação específica. 
Discussão: 
- STF
- Gilmar Mendes
- Marinoni / Sarlet
- Lei nº 9.868/99, art. 28, Parágrafo Único
Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.
Técnica de Interpretação X Controle de Constitucionalidade 
** Decisões Manipulativas de Efeitos Aditivos: Discussão. Técnica originária da Itália, muitos defendem não ser utilizada no Brasil. Gilmar Mendes, contudo, entende a aplicação da referida técnica. Por essa técnica, o Tribunal estaria criando uma terceira possibilidade a partir de sua interpretação. 
12/09/2018
SISTEMAS DE CONTROLE JUDICIAL
	Quanto ao tipo de fiscalização/finalidade
	ABSTRATO (Objetiva salvaguardar direitos objetivos)
	CONCRETO (O objetivo é proteger relações concretas, salvaguardar direitos subjetivos)
	Quanto ao nº de fiscais
	CONCENTRADO
	DIFUSO
	Quanto à sequência processual
	PRINCIPAL
	INCIDENTAL (A questão de ser constitucional ou ser inconstitucional ocupa uma posição secundária que deve ser analisada para resolver a controvérsia principal dos autos)
	Alcance pessoal
	Erga Omnes + Vinculante
	Inter partes
	Alcance temporal
	Ex tunc, com modulação de efeitos
Controle Difuso
Legitimidade: Quem pode se utilizar do controle difuso?
Por qualquer pessoa -> autor, réu, terceiros, MP, inclusive ex officio Juiz/Tribunal. A vantagem do controle difuso é justamente essa, vez que oportuniza a qualquer pessoa que tenha sua demanda seja declarada como constitucional/inconstitucional. 
Em qualquer processo -> regra da universalidade: comum, especial, de conhecimento, cautelar ou execução, em qualquer área: Justiça Comum, Federal do Trabalho, Eleitoral ou Militar, como pedido incidental, em regra. 
Na inicial ou outra peça/momento (contestação, embargos) -> Questão de ordem pública, inexiste preclusão. 
Objeto: Amplo – qualquer ato normativo, inclusive atos normativos secundários e normas pré-constitucionais. No controle difuso, admite-se como objeto do controle difuso atos normativos secundários, ou seja, portarias, decretos autônomos, etc.: tudo pode ser objeto do controle difuso. 
Obs.: Pela própria ideia de ser o controle difuso mais democrático, o seu objeto é mais amplo. 
Competência: Por qualquer órgão judicial –> qualquer juízo ou tribunal, inclusive de ofício. A possibilidade de o juiz singular “declarar a inconstitucionalidade” (melhor é se falar em afastar a incidência) é verificada diante da sua decisão sobre o caso concreto, afastando a incidência do ato normativo para aquele caso específico. 
Obs.: Cláusula de Reserva de Plenário (full bench) – Art. 97 da CF/88: 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
A finalidade da Cláusula de Reserva de Plenário é evitar decisões contraditórias no mesmo tribunal. 
(i) Maioria absoluta: + 50% dos membros. 
(ii) Pleno ou Órgão Especial: Art. 93, inciso XI, CF/88 -> Tribunais + 25 membros. 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
[...]
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
Tribunais: Art. 92, CF/88
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal,o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.
Não se aplica a juízes singulares/Turmas Recursais de Juizados.
Declaração de inconstitucionalidade: Caso se esteja tratando de constitucionalidade, afasta-se a incidência da Cláusula de Reserva de Plenário. 
Súmula Vinculante nº 10: 
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
A inobservância da Súmula Vinculante nº 10 gera a nulidade absoluta de todo o processo! 
Ver arts. 948 a 950 do NCPC
Art. 948.  Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo.
Art. 949.  Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único.  Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Art. 950.  Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2o  A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.
§ 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
1º Grau -> Tribunal
Órgãos fracionários (Turma, Câmara, Seção) -> Acolhe ou não a arguição de constitucionalidade -> Acórdão
- Se rejeita a questão -> Decide o caso concreto;
- Se acolhida a questão -> Submete a questão ao Pleno/Órgão Especial (IRRECORRÍVEL)
Pleno ou Órgão Especial -> Analisa em tese se a lei é constitucional ou não -> Acórdão (IRRECORRÍVEL)
Devolve ao órgão fracionário
- Decide o caso concreto, aplicando a decisão vinculante do Pleno/Órgão Especial -> Acórdão (Súmula 513, STF: “A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito”). 
Repartição Funcional de Competência: A parte que diz respeito à alegada inconstitucionalidade é submetida ao Órgão Especial ou ao Pleno do Tribunal, enquanto a parte remanescente permanece na Seção/Turma/Câmara. 
13/09/2018
Obs.: Exceções à Cláusula de Reserva de Plenário – Art. 949, Parágrafo Único, CPC:
Art. 949.  Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único.  Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Análise anterior pelo próprio Tribunal -> decisão do Pleno é vinculante aos seus órgãos fracionários;
Quando o STF decidir (em controle difuso);
Se o Tribunal declarar a constitucionalidade;
Em caso de revogação/não-recepção (normas pré-constitucionais);
Medida cautelar.
Efeitos da decisão
- Ex tunc, com possibilidade de modulação de efeitos;
- Inter partes -> com possibilidade de suspensão pelo Senado Federal (art. 52, inciso X, da CF/88);
- Questão prejudicial não faz coisa julgada – Art. 469, inciso III, do CPC/73 e art. 503, §1º, do CPC/2015. 
Suspensão da Execução da lei pelo Senado Federal – art. 52, inciso X, da CF/88. A ideia de suspensão pelo Senado existe desde a Constituinte de 1934, permanecendo até o texto atual. O art. 52, X, da CF/88 aplica-se somente no controle difuso, vez que, no controle concentrado, a Constituição já confere o efeito erga omnes. 
- Histórico: CF/1934 até CF/88
- Efeitos: A suspensão gera efeitos erga omnes;
EX TUNC X EX NUNC: Para alguns, a eficácia é ex tunc, como toda e qualquer decisão que declara a inconstitucionalidade de um ato normativo, em regra. Para outros, a eficácia da decisão de suspensão do Senado Federal seria ex nunc, em razão de ser entendido o referido ato como uma revogação. 
No âmbito da Administração Pública Federal -> Decreto 2.346/97: Considera que nesse caso, o efeito é ex nunc. 
A suspensão é feita via RESOLUÇÃO:
- É ato discricionário, segundo a maioria;
- É irrevogável;
- É ato político. 
Abrangência: 
- No todo ou em parte -> Senado Federal não pode ampliar/restringir. A resolução deve ser nos exatos termos da decisão do STF, de maneira que é vedada a interpretação abrangente dada pelo Senado Federal ao ato normativo em questão. Por isso, fazendo a resolução, deve fazer nos exatos termos da decisão do STF. 
- Lei -> Federal, estadual, distrital e municipal (O Senado Federal atua como representante nacional. Ex.: Resolução 13/2006 – Municipal). 
- Inconstitucionalidade: SOMENTE NO CASO DE INCONSTITUCIONALIDADE pode haver a resolução do Senado Federal para suspender a execução de uma lei. 
- Pelo STF, em controle difuso
** Abstrativização do controle concreto / (Objetivização ou não-estrita subjetivização) – Tese do Ministro Gilmar Mendes na Reclamação 4335 (j. 2014) -> 8 x 2 => SV 26
19/09/2018
CONTROLE DIFUSO (Continuação)
Abstrativização do controle concreto (Objetivação ou não-estrita subjetivação). Esse nome decorre do fato de uma coisa que só tem efeito entre as partes envolvidas no litígio agora aproxima-se de algo mais próximo aos efeitos de um controle concentrado abstrato, ao incidir na espécie efeitos erga omnes. 
- Art. 52, inciso X, CF/88: comunicação ao Senado Federal para suspender, no todo ou em parte, lei inconstitucional -> via RESOLUÇÃO
Tese (Gilmar Mendes): houve mutação constitucional do artigo 52, inciso X, da CF -> função seria apenas a publicação da decisão no Diário do Congresso. 
Ou seja, o controle difuso já ostentaria eficácia erga omnes, em virtude dos seguintes argumentos:
- Teoria da Nulidade da Lei Inconstitucional – Sendo a lei inconstitucional nula, afastar-se-ia a norma apenas em relação às partes envolvidas? Não faz nenhum sentido;
- Eficácia transcendente dos motivos determinantes: As razões de decidir se aplicam a outros e não somente o dispositivo;
- Ações coletivas e seu efeito erga omnes: A exemplo de uma ACP proposta em 1ª instância em face de um Ministro ou até mesmo em face do Presidente da República. Por mais que seja uma ação pública, o efeito é erga omnes. Se a eficácia já é erga omnes, qual seria o papel do Senado Federal nesse caso?
- Súmula Vinculante – EC 45/04: Ora, a formação do próprio STF não depende de qualquer atuação do Senado Federal.
- Repercussão geral em RE – EC 45/04: O que foi ajuizado é suspenso até o trânsito do leading case. Já é dado o efeito erga omnes para o Judiciário nas ações que já foram propostas e em trâmite;
- Art. 557, caput e §1º, CPC/1973 / Art. 932, IV e V, CPC/2015;
- Art. 481, Parágrafo Único, CPC/1973 / Art. 949, CPC/2015
- Amicus Curiae e modulação dos efeitos + precedentes do CPC/2015: Admite-se no controle difuso amicus curiaee a modulação de efeitos, os quais são próprios do controle concentrado. 
Aproximação do sistema americano quanto aos efeitos – Stare Decisis: A diferença é que os efeitos no sistema americano são vinculantes em sede de controle difuso (não existe o controle concentrado no sistema americano). 
Convivência dos 2 modelos geraria conflitos e violação da isonomia. 
Críticas: Separação de poderes; usurpação de competência do Poder Constituinte Reformador (não houve a edição de emenda constitucional, não sendo possível determinar que o texto mudou quando, em verdade, não foi alterado); democracia e legitimidade. 
Reclamação 4335 (j. 2014): 8 X 2 
	Ministro Gilmar Mendes (Relator)
Ministro Eros Grau
	Ministro Sepúlveda Pertence
Ministro Joaquim Barbosa
Ministro Ricardo Levandowski
Ministro Marco Aurélio
	Ministro Teori Zavascki (*eficácia extensiva)
Ministro Luís Roberto Barroso
Ministro Rosa Weber
Ministro Celso de Mello
	Reconheceram a mutação constitucional -> Erga Omnes
	- Não conheceram a mutação constitucional;
- Inter Partes
- Concederam HC de ofício
- Não conheceram da Reclamação
	- NÃO reconheceram a mutação constitucional;
- Súmula Vinculante nº 26[2: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.]
- Não conheceram da Reclamação
HC nº 82.959 (j. 2006): declaração inconstitucional o regime integralmente fechado na Lei de Crimes Hediondos. Depois disso e inclusive em virtude dessa decisão, o Congresso alterou a redação da lei para determinar que os crimes hediondos serão cumpridos no regime inicialmente fechado. 
20/09/2018
CONTROLE DIFUSO (Continuação)
Súmula Vinculante
Art. 103-A, CF/88 (EC 45/2004)
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
Lei nº 11.417/2006 – Regulamentação da Súmula Vinculante. 
RISTF (art. 354-A a art. 354-G)
Conceito: Súmula – Enunciado elaborado por Tribunal que representa seu entendimento -> obrigatório ou não
A súmula pode ser obrigatória ou não. As súmulas dos Tribunais, por exemplo, não são obrigatórias. Já as súmulas vinculantes obrigam o julgador a seguir seu comando. 
- Art. 926, NCPC:
Art. 926.  Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
Isso quer dizer que é evidente que um sistema judiciário deve representar a coesão, integridade e estabilidade esperadas. 
- Súmula Súmula Vinculante: A súmula vinculante só existe por conta do STF. Somente a Suprema Corte produz a súmula vinculante. 
Finalidade
- Evitar:
Grave insegurança jurídica e desigualdade: uniformização e previsibilidade.
Multiplicação de processos (repetitivos): Promover eficiência processual. Decorre de uma variedade de ações que versam sobre o mesmo tema, não sendo necessário que tais questões “subam” até a Suprema Corte para que seja proferido julgamento capaz de uniformizar a jurisprudência. 
Críticas: livre convencimento do magistrado e violação da separação de poderes. 
Natureza Jurídica
LEGISLATIVA: Isso quer dizer que a Súmula Vinculante seria uma lei. Isso porque ela é geral, abstrata e futura. Ela regula o futuro (como a ideia de uma lei). Por isso, para alguns, ela acaba sendo o exercício da função normativa do Judiciário. 
JURISDICIONAL: Apesar de a Súmula Vinculante ter essa previsão, ela só existe em decorrência de um processo concreto, de uma decisão judicial (reiteradas decisões). É um produto típico da atividade jurisdicional, até porque a Súmula Vinculante está abaixo da lei, sendo possível que o Congresso Nacional elabore uma lei que contrarie o texto de uma Súmula Vinculante. Os efeitos da Súmula Vinculante são os mesmos do exercício do controle concentrado de constitucionalidade. 
TERTIUM GENUS: É um meio-termo, um híbrido entre as duas teorias anteriores. 
CONSTITUCIONAL (STF): É um instituto previsto na Constituição, sendo por isso, constitucional. É esta teoria que o STF adota. 
Objeto: fixar orientação sobre validade/interpretação/eficácia da norma (art. 103-A, §1º, da CF/88): É no controle difuso que eu pego uma ou algumas decisões inter partes e transformar num entendimento a ser aplicada em caráter erga omnes. A esse respeito, cabe destacar o §1º do artigo 103-A da CF/88: 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
Requisitos: 
Controvérsia atual: São casos concretos envolvendo decisões díspares. 
Entre órgãos judiciários / Administração Pública: Se for uma ideia da Súmula Vinculante provocada, deve ser feita a prova dessa discussão, devendo serem juntadas as decisões conflitantes. 
Matéria constitucional: Aqui, chama-se atenção para a Súmula Vinculante nº 9, a qual envolve apenas uma questão de direito intertemporal e não propriamente uma questão de matéria constitucional. Mesmo assim, considera-se como requisito a matéria constitucional. [3: O disposto no artigo 127 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.]
Após reiteradas decisões: Deve haver uma série de decisões. No entanto, a Súmula Vinculante nº 11 é originária de um precedente só. [4: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.]
Insegurança jurídica e multiplicação de processos
Legitimados
Art. 103-A, §2º, da CF/88 + Art. 3º, da Lei nº 11.417/2006
Os legitimados são para propor a elaboração de Súmula Vinculante. Quem efetivamente elabora a Súmula Vinculante é somente o STF. 
No caso do Município, somente pode ser proposta a elaboração de SV no processo em que for parte, nos termos do artigo 3º, §1º, da Lei nº 11.417/2006: 
§ 1o O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciadode súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo.
*PGR: manifestação prévia quando não for autor – Art. 2º, §2º, da Lei nº 11.417/2006. Funciona como uma espécie de custus constitucionis. 
*Amicus Curiae: Demonstra a aproximação de um instituto típico do controle concentrado em sede do controle difuso. 
Propositura/Revisão/Cancelamento
Superação de jurisprudência do STF
Alteração / revogação legislativa
Modificação do contexto social/econômico
Quórum: 2/3 (8 Ministros)
Efeitos:
 Vinculante: 
- Demais órgãos do Poder Judiciário: Com exceção do Plenário do STF, por conta da possibilidade de alteração do entendimento do Pleno. Pode ser que uma jurisprudência seja superada, ou até mesmo uma modificação da lei que acabou ensejando a discussão que originou a edição da Súmula, ou até mesmo o contexto sócio-jurídico em que estamos inseridos. 
- Administração Pública: Vinculada completamente. 
*E o Legislativo? – Não está vinculado. Isso porque pode ser verificada a hipótese de fossilização da Constituição (algo que foi decidido nunca mais poderá ser alterado). 
Efeitos Ex Nunc (a partir da publicação): A SV tem efeitos somente da data da publicação para frente. Ou em momento futuro para frente. Por conta disso, vemos também a semelhança com a lei. 
- Art. 4º da Lei nº 11.417/2006: Modificação se houver interesse público/segurança jurídica.
Art. 4o A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.
Abrangência: Há uma possibilidade de ser restringida a abrangência da SV, sendo possível que o STF determine, por exemplo, que a incidência dos efeitos da SV seja somente sobre a Administração Pública Direta. 
Temporal: Só vale para a data da publicação para frente ou a partir de uma data futura para frente. 
O descumprimento da SV/Decisão do STF com efeito erga omnes por um Tribunal enseja o ajuizamento de Reclamação ao Supremo. Para o juiz/desembargador não existe nenhum tipo de sanção, salvo se comprovado o dolo do magistrado. 
O administrador público, no entanto, em caso de descumprimento de SV, poderá ser responsabilizado civil, administrativa e penalmente, conforme dispõe o art. 64-B da Lei n 9.784/1999: 
Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
03/10/2018
Entrega da 1ª Avaliação
04/10/2018
2º Bimestre
Controle Difuso (Continuação)
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
Regulamentação: Art. 102, inciso I, alínea l e artigo 103-A, §3º, da CF/88; Lei nº
 11.417/2006 (artigo 7º); arts. 988 a 993, do CPC/2015; RISTF (arts. 156 a 162).
O CPC dispõe de maneira genérica sobre Reclamação. O restante chamamos de “Reclamação Constitucional”.
Finalidades
Garantir a autoridade das decisões de um determinado Tribunal. 
A ideia é racionalizar o esquema e primar pela segurança jurídica. Ou seja, contribuir para a segurança jurídica e racionalizar o sistema, a fim de evitar o manejo de um recurso. 
Tem a finalidade específica, portanto, de garantir o cumprimento de uma decisão.
A Reclamação Constitucional visa a assegurar a supremacia do STF. Não é admissível que o STF tenha uma decisão descumprida por instâncias inferiores. 
Natureza Jurídica
O STF não tem um entendimento fechado sobre a natureza jurídica da Reclamação Constitucional. 
Recurso: Não é recurso porque não tem prazo e porque é cabível contra qualquer ato administrativo de cunho decisório. 
Incidente processual: Tampouco não é incidente processual porque a Reclamação não se destina a tão somente fazer cumprir a decisão do Tribunal. 
Petição: A doutrina fica entre o direito de petição e a ação como natureza jurídica da Reclamação. 
Ação: É uma ação constitucional específica para fazer com que a decisão do Tribunal seja cumprida pelo órgão inferior. 
Objeto: Qualquer ato estatal:
- Ato administrativo: Pode ser objeto da Reclamação Constitucional os atos administrativos de cunho decisório (parecer, em geral, não é vinculante, de modo que nem sempre é cabível a interposição da Reclamação). O descumprimento do administrador inclusive pode ensejar em sua responsabilização cível, penal e administrativa na forma da Lei nº 9.784. 
- Decisão judicial (não do STF e não transitada em julgado): Não cabe reclamação de decisão do próprio STF nem de decisão que tenha tido seu trânsito em julgado (existem outras formas de se insurgir contra a decisão com trânsito em julgado). 
- LEI: Caráter subsidiário – Ações ou recursos disponíveis – Hipótese “criada” pelo STF. O Poder Legislativo não está vinculado! Por óbvio, existem formam de se insurgir contra a lei tida como descumpridora da decisão, tal como a ADI. 
A jurisprudência do STF entende que existe um caráter subsidiário. Isso quer dizer que, em havendo outros meios e recursos disponíveis, devem ser estes últimos priorizados. Isso significa a criação de filtros para o manejo da reclamação. 
Não obstante, existem decisões do próprio STF (em amplitude menor) no sentido de ser conhecida a reclamação, mesmo sendo existem outros meios de impugnação da decisão. 
5. Legitimado
Ativo: Qualquer pessoa interessada ou MP: A pessoa interessada deve ter interesse jurídico ou que tenha sido prejudicada ou o MP. A ideia é que não seja somente o PGR, mas todo o MP. Existem decisões do STF no sentido de ser legitimado ativo, inclusive, qualquer membro do MP. 
Passivo: Autoridade que editou o ato: Seja autoridade do âmbito judicial ou do âmbito administrativo. 
Parâmetro: Decisões do STF
- Para descumprimento de Súmula Vinculante;
- Em sede de controle concentrado, inclusive deferimento de liminar (não cabe do indeferimento de liminar);
* Teoria dos Motivos Determinantes: Em reclamação, já foi admitida justamente por não ter seguido a fundamentação. 
- Em sede de controle difuso: somente pelas partes do processo originário. Ora, a ideia da reclamação é garantir a autoridade das decisões vinculantes do STF. 
Efeitos: Cassa a decisão/anula ato administrativo: Carga mandamental e retroativa. Aplica-se a teoria da nulidade, sendo anulada a decisão desde sua origem. O efeito suspensivo não é aplicado de imediato, sendo possível seu requerimento. 
- Cumprimento imediato da decisão.
Recursos: 
Embargos de Declaração e Agravo Regimental
Vedado Embargos Infringentes (com efeito modificativo) – Súmula 368, STF
Obs.: O MP, não sendo autor, atua como custus legis. 
10/10/2018
CONTROLE DIFUSO (Continuação)
Recurso Extraordinário
Conceito: Espécie do gênero “recursos extraordinários” – REsp e RE. A existência do RE é originária desde o ano de 1890. É a via recursal destinada a levar a matéria para apreciação de uma mais uma instância. Com o advento da CF/88 e a criação do STJ, houve uma separação mais clara entre a questão da uniformização da matéria infraconstitucional, ao passo que a matéria constitucional ficou a cargo do STF. Isso reforçou o caráter de corte constitucional do STF, ou seja, a ideia de que uma Suprema Corte fosse responsável pela ocupação de eventuais violações às normas constitucionais. Cada vez mais vem sendo criados instrumentos destinados a limitar o número de recursos endereçados ao STF, bem como caracterizá-lo como uma corte constitucional. 
Regulamentação: Art. 102, inciso III, e §3º, da CF/88; arts. 1.029 a 1.035 do CPC e arts. 321 a 329, RISTF. 
Hipóteses de Cabimento: Art. 102, inciso III, da CF/88 – Súmula 640, STF
SÚMULA 640
É cabível recurso extraordináriocontra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Qualquer decisão: Súmulas 733 e 735 (é juízo sumário e não decisão definitiva), do STF.
SÚMULA 733
Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios.
SÚMULA 735
Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.
Qualquer decisão de qualquer órgão jurisdicional (eleitoral, trabalhista, militar, etc.). 
Alínea “a”: violação frontal e direta – Súmula 636, STF.
SÚMULA 636
Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.
Alínea “b”: Lei: Interpretação extensiva – mas Súmula 399, do STF. 
SÚMULA 399
Não cabe recurso extraordinário, por violação de lei federal, quando a ofensa alegada fôr a regimento de tribunal.
A lei expressa no dispositivo da constituição abarca todas as espécies normativas primárias. Não cabe, contudo, contra violação de regimento de tribunal. 
Interessante observar que apesar de ser cabível ADI, não cabe RE. 
Alínea “c”: STF como guardião da CF; leis estaduais ou municipais.
Apesar de o art. 30 da CF determinar a competência dos municípios para legislar sobre a matéria local. As leis locais a que se menciona no dispositivo previsto na alínea “c” referem-se tanto a leis municipais como estaduais. 
Obs.: Lei municipal: pode ser objeto de controle difuso (via RE) e controle concentrado (via ADPF). Excepcionalmente, controle concentrado estadual (RE de ADI no Tribunal de Justiça) por violação de Constituição Estadual, em caso de dispositivo de reprodução obrigatória (princípio da simetria).
A mesma possibilidade de controle da legislação frente ao parâmetro existe no âmbito estadual, tendo como parâmetro a Constituição Estadual. 
Leis estaduais ou municipais podem, eventualmente, violar a Constituição Estadual que, por sua vez, deve seguir os princípios da Constituição de 1988 (Poder Constituinte Decorrente). Somente na hipótese de houver uma pretensa violação de matéria de repercussão obrigatória é que será cabível a interposição de RE em face do dispositivo da Constituição Estadual no Tribunal de Justiça em sede de controle concentrado. 
As matérias de veiculação obrigatória depreendem a necessidade de serem seguidos determinados princípios. Os Estados-membros e o DF possuem liberdade de criar as suas próprias regras até certo ponto, vez que algumas regras devem ser, necessariamente, reproduzidas. 
Processo legislativo são normas de reprodução obrigatória, por exemplo. 
Alínea “d”: Até EC 45/2004 era competência do STJ -> STF: Repartição de competências.
A EC 45/2004 trouxe muitas alterações, inclusive no âmbito do controle de constitucionalidade. 
Havia a hipótese que hoje está na alínea “d” originariamente existente no âmbito de competência do STJ. De fato, não se trata de questão de ilegalidade, mas de inconstitucionalidade. Trata-se, em verdade, de repartição de competências. Ex.: Violação ao art. 22 e ss. da CF/88. 
Requisitos
Esgotamento das vias recursais: Súmula 281, STF
SÚMULA 281
É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.
Como o REsp e o RE são recursos extraordinários, a ideia é de que eles serão cabíveis quando não houver outro recurso para impugnar a decisão daquele tribunal. 
Não é possível para a matéria de fato / valoração de prova / cláusulas contratuais: Súmulas 279 e 454, do STF.
SÚMULA 279
Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
SÚMULA 454
Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recurso extraordinário.
Vale registrar que a matéria fática se encerra na segunda instância e nos Tribunais Superiores discute-se somente matéria jurídica. Podem ser discutidas questões atinentes a regras processuais, mas não da prova em si. Ex. questão da prova ilícita: É possível discutir isso no âmbito do RE? Sim. A valoração da prova em si, do quanto que aquela prova serviu para embasar o convencimento do juiz é que é vedado. 
Prequestionamento: construção jurisprudencial: 
- Súmula 282 e 356, do STF
SÚMULA 282
É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.
SÚMULA 356
O ponto omisso da decisão, sôbre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
A decisão contra a qual se recorre tem seus dispositivos delineados na decisão. Ou seja, recorre-se e a decisão falou sobre aqueles dispositivos que estão sendo reputados como violados. 
Não havendo na decisão essa expressa menção dos dispositivos, a parte deve opor os respectivos embargos de declaração para obter o pré-questionamento e, por conseguinte, levar o recurso extraordinário à apreciação do STF. 
Nem mesmo matéria de ordem pública pode ser dispensada do requisito do prequestionamento, sob pena de não ser conhecida a interposição do recurso extraordinário. 
- Inclusive “pré-questionamento ficto”: Ocorre quando mesmo após a oposição dos embargos de declaração, o Tribunal a quo permanece omisso quanto à matéria que se pretende prequestionar. Nesse caso, há uma presunção de que houve o prequestionamento chamado de “pré-questionamento ficto”. 
Interposição simultânea – RE e REsp
- Súmula 126, do STJ
SÚMULA 126 
E INADMISSIVEL RECURSO ESPECIAL, QUANDO O ACORDÃO RECORRIDO ASSENTA EM FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL, QUALQUER DELES SUFICIENTE, POR SI SO, PARA MANTE-LO, E A PARTE VENCIDA NÃO MANIFESTA RECURSO EXTRAORDINARIO.
- CPC, arts. 1.032 e 1.033 
Entende-se que quando houver a possibilidade de ser interposto, conjuntamente, o Recurso Extraordinário e o Recurso Especial. Isso não quer dizer que a decisão do STJ sobre o Recurso Especial possa ensejar a interposição de recurso extraordinário ao STF, hipótese rara, mas possível. 
O Novo CPC trouxe uma espécie de fungibilidade entre os recursos extraordinários, vez que previu a hipótese de que, interposto o RE, se o STF entender que não é questão de inconstitucionalidade mas de ilegalidade, ele remete os autos ao STJ. 
Caso o STJ entenda, por sua vez, que não é matéria de ilegalidade mas de inconstitucionalidade, abrir-se-á prazo para a parte comprovar a repercussão geral, requisito inerente ao conhecimento do recurso extraordinário, para posterior remessa dos autos ao STF. 
11/10/2018
RECURSO EXTRAORDINÁRIO (Continuação)
Repercussão Geral: Originou-se da EC 45/2004 para trazer uma espécie de filtro para os Recursos Extraordinários. Na época da reforma do Judiciário, a Emenda inclusive previa um texto maior com muitas outras alterações. O que passou foi apenas uma parte. Então, na época havia a ideia do STF como Corte Constitucional não tão firme. Logo, antes da reforma do Judiciário, houve vários casos pragmáticos relativos a causas pequenas, sem muita relevância nacional. 
- Art. 102, §3º, da CF/88
- Art. 322, RI/STF
- Art. 1.035, NCPC
Conceito Jurídico indeterminado: A repercussão geral é um conceito jurídico indeterminado. A ideia da Repercussão Geral condiz com as causas que tenham relevância política, jurídica e social. Uma relevância que transcenda a esfera particular das partes.
EC 45/2004
Requisito de admissibilidade: A repercussão geral é um dos requisitos de admissibilidade do Recurso Extraordinário. As partes devem mostrar a transcendência do caso concreto para além das partes envolvidas no processo. Em geral, quando fala-se em repercussão geral, pensamos em processos repetitivos. Isso é um dos indicadores da repercussão geral. Possível haver também um processo dentro do grupo de repetitivos em que seja reconhecida a repercussão geral. 
Art. 1.035, §3º, NCPC – Presunção: 
- Súmula/jurisprudênciado STF
- Inconstitucionalidade de tratado / lei federal
Quórum: Recusa 2/3 dos membros (8 ministros)
Decisão é irrecorrível: Há uma crítica da doutrina nesse sentido, vez que o STF criou um requisito de admissibilidade cujo preenchimento é subjetivo, diante de ser ele quem determina o que é relevante do ponto de vista social, político ou jurídico. 
Amicus Curiae: §4º - Instrumento típico do controle concentrado mas que também é reconhecido dentro do Recurso Extraordinário. Outras pessoas que não as partes podem participar do processo e o efeito será para além das partes (efeito erga omnes indireto). 
Objetivação do controle difuso
Processamento
Causa de pedir aberta: Assim como no controle concentrado, a causa de pedir é aberta. Isto é, quer dizer que o STF pode analisar outras normas que não aquelas que foram ventiladas no Recurso Extraordinário. É como se o RE abrisse a janela para que os ministros analisem a constitucionalidade, mas que eles não fiquem preso nem ao parâmetro nem aos dispositivos ou normas ventilados no recurso. Também é possível reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei que não foi objeto do pedido. 
Ex.: SE-AgR 5.206 (j. 2001) – Sentença estrangeira. Em 2001 não tinha a EC 45/2004. Homologação de sentença estrangeira, judicial ou arbitral, passou a ser da competência do STJ com o advento da EC 45/2004. 
Em 2001, houve uma arbitragem na Espanha que deveria ter sido passada por uma homologação pelo STF (na época a competência era dele), a qual não passaria por um juízo de análise de mérito. Somente seria verificada se não houve violação da ordem jurídica nacional. É um juízo de delibação para saber se essa decisão eventualmente viola o ordenamento jurídico brasileiro em alguma questão. 
A Lei de Arbitragem, contudo, modificou a feição da arbitragem no Brasil. Até um determinado momento, a arbitragem era realizada e o Judiciário somente a homologava. Obviamente, não era usada porque dependia do aval do Judiciário para surtir efeitos.
Com a alteração da Lei de Arbitragem, a arbitragem passou a ser possível independentemente da homologação do Judiciário. Uma vez optada pela arbitragem, não há como revoga-la. 
A alegação foi no sentido de ser requerida a homologação para ser cumprida a sentença arbitral estrangeira no Brasil. Contudo, a lei supostamente violaria a Constituição por conta da possibilidade de excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito. Ocorre que a arbitragem é uma opção, sendo que o Judiciário é uma das saídas para a apreciação do direito dito por violado ou ameaçado. 
O STF, no entanto, dentro do processo subjetivo, discutiu de forma incidental a inconstitucionalidade do pedido, declarando-o como constitucional. 
Dupla Admissibilidade: 
Perante o Tribunal recorrido
- Elementos formais
STF: novamente admissibilidade – formais + repercussão geral
Prazo: 15 dias
Efeito devolutivo: Os recursos extraordinários possuem, em regra, efeito devolutivo, podendo ser pleiteado o efeito suspensivo por intermédio da Cautelar Inominada. 
Desistência: art. 998 do CPC – No controle concentrado, não há possibilidade de desistência!! No Recurso Extraordinário, todavia, é possível a desistência, mas isso não obsta que o Tribunal não possa decidir se já tiver havido o reconhecimento da repercussão geral, nos termos do parágrafo único do art. 998 do CPC. 
Decisão: maioria simples (6 Ministros – mesmo quórum de controle concentrado), presentes 8 Ministros. 
- Efeito erga omnes indireto: Apesar de ter efeito inter partes, o entendimento firmado no caso será aplicado em outros casos. 
17/10/2018
CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE
Regulamentação
- CF/88, Art. 102, I, a, §§1º e 2º e art. 103;
- Lei nº 9.868/99 (alterada pela 12.063/2009): Regulamenta ADI por omissão e ADC
- Lei nº 9.882/99: Regulamenta ADPF
- RISTF
Com o advento da CF/88, os legitimados do art. 103 da CF/88 foram ampliados. Até então, somente o Procurador-Geral da República era legitimado a propor ADI. 
Tendo em vista a ampliação do rol de legitimados e ações em sede de controle concentrado, tal modalidade de controle concentrado ganhou relevância no cenário constitucional. Reflexo disso é que temas de grande relevância foram julgados em sede de controle concentrado de constitucionalidade, tais como ADI e ADPF. 
É controle concentrado porque concentra a competência na Corte Constitucional que, no caso do Brasil, é o STF. 
As leis de 1999 foram resultado de uma cristalização daquilo que o STF já vinha decidindo em sede de ADI e ADC. 
O controle exercido é abstrato, vez que a questão é avaliada em tese. Ou seja, os legitimados alegam que determinada lei viola a Constituição. É por isso também que é chamado de processo objetivo, no qual inexistem partes que litigam entre si (autor e réu). Tenho apenas o legitimado que propõe a ação, mas não necessariamente tem-se um réu. 
Alguns princípios processuais não se aplicam, tais como a ampla defesa e o duplo grau de jurisdição. 
Os efeitos provenientes são erga omnes, em regra. 
Não é cabível a desistência no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade, vez que as ações são espécies de ações coletivas que possuem um rito especial. 
Isso significa que, numa ação coletiva, o autor fala em nome próprio defendendo direito alheio. O direito alheio diz respeito ao ordenamento jurídico, podendo incorrer em prejuízos a toda a coletividade. Por isso, as pessoas previstas no rol do art. 103 da CF estão autorizadas a falar em nome próprio, mas defendendo direito alheio. 
Neste caso, ocorre a substituição processual, a qual não pode ser confundida com a representação processual, na qual fala-se em nome alheio, defendendo direito alheio. 
Caso que pode suscitar dúvidas acerca da impossibilidade de desistência no controle concentrado é que, supondo que um partido político de apenas 1 deputado tenha proposto ADI. Ocorrendo a alternância de poder, a ADI era julgada extinta. Contudo, com a construção jurisprudencial sobre o tema, verificou-se que o art. 103 possibilita apenas a propositura da ação, não sendo possível a desistência ou a extinção do processo, muito embora exista causa superveniente de perda da legitimidade, como no caso exemplificado. 
Ações
Finalidade
Objetiva preservar a supremacia constitucional e a segurança jurídica. 
Competência
STF – Trata-se de competência originária. Diz-se que o STF exerce um papel contramajoritário, vez que oportuniza o controle concreto de constitucionalidade que pela maioria de seus membros altere lei originada por muitos. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI
Objeto
Lei ou ato normativo federal ou estadual.
Lei ou ato normativo são todas as espécies normativas do art. 59 da CF/88:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Ou seja, atos normativos primários que regulamentam a Constituição: Emenda Constitucional, Leis complementares, leis ordinárias, etc. 
Atos normativos infraconstitucionais – Atos normativos primários: todo e qualquer ato que regulamente a Constituição. 
Em se tratando especificamente das emendas constitucionais, o Brasil admite o controle de constitucionalidade entre a emenda constitucional e o texto originário. 
Aliás, com o advento do art. 5º, §3º, da CF/88, os TIDH equivalentes à EC servem tanto como parâmetro, como também podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Ex.: Tratado de Marraqueche em face da Convenção de Nova York (pessoas com deficiência). 
As resoluções podem ser objeto de ADI desde que tenham conteúdo normativo (e não somente político). Eventualmente um Decreto que inove no mundo jurídico, regulamentando diretamente a Constituição, constitui-se um decreto autônomo, sendo cabível a propositura de ADI. 
Resoluções das Casas

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