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Aula 16 (DIPu) Uso da Força no Ambiente Internacional

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Uso da Força
Conceito
Enfoques
2º semestre de 2018
Direito Internacional Público
Graduação em 
Relações Internacionais
Limitação da Força 
Neutralidade
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no ambiente internacional
XVII. O uso da força no ambiente internacional
Uso da Força
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Primeiramente, compete destacar que foi através do domínio da terra que o homem obteve colocação privilegiada perante a sociedade e no mundo, de forma mais ampla, conseguiu impor culturas e costumes aos povos tidos como bárbaros. Dessa forma, o domínio territorial é a exteriorização do anseio do homem em possuir maiores propriedades para servir aos seus pares, com a organização estatal advinda do país dominador – muitas vezes pelo uso da força armada -, modificando aquele espaço da maneira que desejar e fixando limites, inclusive normativos. 
DA SILVA BUENO, André. A arte da guerra: os treze capítulos originais / Sun Tzu; adaptação e tradução de André da Silva Bueno. – São Paulo: Jardim dos Livros, 2011. p. 27.
Igualmente defendia Sun Tzu, no livro A Arte da Guerra, datado aproximadamente da dinastia Sung, que se deu de 960-1280, onde dizia que “A guerra é de vital importância para a nação. É o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a destruição. É necessário avaliá-la corretamente”
XVII. O uso da força no ambiente internacional
Primeiramente, compete destacar que foi através do domínio da terra que o homem obteve colocação privilegiada perante a sociedade e no mundo, de forma mais ampla, conseguiu impor culturas e costumes aos povos tidos como bárbaros. Dessa forma, o domínio territorial é a exteriorização do anseio do homem em possuir maiores propriedades para servir aos seus pares, com a organização estatal advinda do país dominador – muitas vezes pelo uso da força armada -, modificando aquele espaço da maneira que desejar e fixando limites, inclusive normativos. 
DA SILVA BUENO, André. A arte da guerra: os treze capítulos originais / Sun Tzu; adaptação e tradução de André da Silva Bueno. – São Paulo: Jardim dos Livros, 2011. p. 27.
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Colin Gray sustenta, apoiado no registo histórico, que a natureza da Guerra é eterna e como tal imutável por qualquer processo de Transformação. 
Gray, Colin, “How has war changed since the end of the Cold War?” Uma descrição detalhada, do mesmo autor, sobre essa temática pode ser encontrada em Gray, Colin, Modern strategy. Sugere-se também a consulta da obra coordenada por KNOX, Mac Gregor; Murray, Williamson, The dynamics of military revolution, 1300-2050.
Gray invoca as ideias de Clausewitz, Jomini, Mahan e Liddell Hart ao afirmarem que a natureza da Guerra é inalterável.
Os componentes, a intenção e a estrutura do sujeito mantêm-se constantes, apenas mudam os detalhes.
Independentemente das alterações políticas ou tecnológicas, vislumbra-se uma constância em certos aspectos da Guerra. Fazem parte da natureza fundamental da Guerra hoje e no futuro: fricção, incerteza, sorte, ambiguidade.
Murray, Williamson, “Thinking about Revolutions in Military Affairs”, p. 76.
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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Segundo Luís Tomé a Guerra do Iraque de 2003 foi reveladora. Apesar das distinções entre inimigos, tecnologias e domínio da arte operacional (mostrando uma mudança tripla: as forças militares estão fundamentalmente diferentes; os processos de travar a guerra estão diferentes; os resultados são diferentes) e apesar do domínio informacional do espaço de batalha, os combatentes confrontaram-se com a inexorável realidade histórica de qualquer Guerra: um duelo de morte. Com esse perigo surgiram outras dificuldades comuns como o medo, a fadiga, a fome ou o clima, provocando erros de julgamento, acidentes e invariavelmente, mortes. A fricção preconizada por Clausewitz esteve presente, relembrando a diferença entre o planeamento e a execução de uma Guerra.
Tomé, Luís, “Iraque: uma nova forma de guerra?”, Janus 2004 - Anuário de relações exteriores, Público/UAL, Lisboa, 2003, pp. 20-21.
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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A guerra é analisada hodiernamente sobre dois enfoques:
 a subjetivista, que se dá pela própria intenção do autor, o qual disporá que somente existe a guerra quando há o “animus belligerandi”; e 
 a objetivista, que independe da intenção de se praticar a guerra, ou seja, basta a pratica de atos que propiciem a guerra. 
Muitos autores renomados compreendem que para que se configure a guerra é necessária a presença dos dois pontos citados, por ser a guerra o meio mais drástico de ruptura das relações entre os países envolvidos.
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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A guerra é definida pelo Protocolo I de 1977 como sendo o resultado dos conflitos armados em que os povos envolvidos lutam contra a dominação colonial e a ocupação estrangeira, assim como contra os regimes racistas, no exercício do direito dos povos à autodeterminação.
A guerra é instaurada através da declaração de um país ao outro sobre a intenção da guerra, dando início ao estado de guerra, obviamente com a comunicação do início. 
Entretanto, há casos peculiares que dependem da situação concreta, como ocorreu na 2ª Guerra Mundial, que na maioria das vezes a guerra foi instaurada sem prévia comunicação. 
Observa-se que a tendência é que a declaração da guerra sucumba, visto que estatisticamente há muito mais casos em que existiu guerra sem haver a declaração oficial. 
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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A definição do que seja guerra está bem organizada segundo as palavras de Adherbal Meira Mattos. Senão vejamos:
Tradicionalmente, é o meio violento, por meio do qual um Estado procura obrigar outro Estado a satisfazer suas pretensões, por intermédio da força armada. Como sua extinção mostrou-se impossível, no tempo e no espaço, os povos criaram um sistema consuetudinário para regulamentá-la, que, pouco a pouco, se transformou num sistema convencional, de que são exemplos principais as Conveções de Haia de 1899 e de 1907.
MEIRA MATTOS, Adherbal. Direito internacional público / Adherbal Meira Mattos. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p.459.
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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Na Idade Média desenvolveram-se três conceitos, com o intuito de tornar a guerra mais humanizada, com criação 
-da Paz de Deus, que impedia os beligerantes de destruírem a produção dos camponeses, como também suas casas e distinguir os civis dos beligerantes; 
-da Trégua de Deus, para que os desordens fossem suspensos nos feriados e períodos religiosos; e, por fim, 
-do conceito da Guerra Justa, sendo esta provocada pelo Estado, para atingir os anseios dos Príncipes que viam seus direitos violados.
Em regra, atualmente não se emprega mais a Trégua de Deus, pois há batalhas até em dia de feriado e no domingo, caso a necessidade seja premente. Ainda, é importante observar que na maioria das vezes não são mais poupadas as lides em dias religiosos, para que os povos possam adorar seu Deus, como, por exemplo, ocorre na guerra entre a Palestina e Israel, que perdura por dias, somente cessando com intervenção internacional, de países pacifistas. 
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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Guerra é um conflito entre duas ou mais forças armadas para impor interesses de um Estado. 
Para tutelar a actio bellum, em 1625, Hugo Grócio, na sua obra "Ius Belli ac Pacis", apresentou pela ordem: 
direito preventivo da guerra (ius ad bellum) 
direito do estado de guerra (ius in bello) 
Nesta obra a juridicidade da guerra foi questionada, pois se o conflito entre as nações é um ilícito penal internacional, como justificar um direito da guerra? 
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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O Direito Internacional ganhou forma na Idade Moderna, na tentativa de frear os impulsos de guerra criando possibilidades de se evitar o fim bélico, por meio de relações diplomáticas, conseguintemente, esta tópico passou a ter intrínseca relação com o Direito de Paz.
A guerraprovoca diversos efeitos à esfera social - relegando por vezes os Direitos Fundamentais tão arduamente conquistados -, dos quais podemos destacar o caso dos Estados, onde ocorre o rompimento das relações diplomáticas, como, por exemplo, Cuba e os EUA, acarretando sanções econômicas etc.; na vida dos civis, que não têm assegurados os Direitos Fundamentais e a cláusula geral da dignidade da pessoa humana; o direito de propriedade privada, usando-se o confisco; dentre outros direitos aviltados.
Nas relações que envolvem os países combatentes observa-se a presença de convenções disciplinam o estado de guerra, visando à delimitação das condutas adotadas por estes com o fito das intervenções concernentes a guerra. 
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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Complementando o referido entendimento, afirmar Adherbal Meira Mattos que:
As leis da guerra só se aplicam à guerra entre Estados, razão porque a guerra civil (ou interna) não se enquadra dentro de seu contexto. De natureza consuetudinária, passaram, porém, a formar um direito convencional, desde a segunda metade do século XIX, de que são exemplos maiores as quatro célebres Convenções de Genebra, de 1949. Tais Convenções tratam de prisioneiros de guerra; melhoria das condições dos feridos e enfermos nos exércitos em campanha; melhoria das condições 
dos feridos, enfermos e náufragos na guerra marítima; e proteção dos civis em tempo de guerra.
MEIRA MATTOS, Adherbal. Direito internacional público / Adherbal Meira Mattos. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 460). 
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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As fontes reconhecidas do direito de guerra são: 
 tratados; 
 regulamentos militares; 
 manual guerra de Oxford e Haia. 
Como princípios do direito de guerra podem ser elencados: 
 limitação da ação militar; 
 separação entre civis e militares; 
 proporcionalidade do ataque; 
 hospitalar (cruz vermelha e lua crescente). 
XVII. O uso da força no ambiente internacional
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XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
Arranjos
“Universais”
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Sociedade das Nações
Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações, foi uma organização internacional, idealizada em 28 de abril de 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris. Seu maior objetivo era evitar novos conflitos internacionais.
A organização fracassou em seu propósito.
Art.12. Todos os Membros da Sociedade convêm que, se entre eles houver um litígio que possa trazer rompimento, o submeterão ao processo de arbitragem ou ao exame do Conselho. Convêm mais que, em nenhum caso, deverão recorrer à guerra antes de expirar o prazo de três meses depois da sentença dos árbitros ou do parecer do Conselho. Em todos os casos previstos neste artigo a sentença dos árbitros deverá ser dada num prazo razoável e o parecer do Conselho deverá ser lido nos seis meses, a contar da data em que tiver tomado conhecimento da divergência.
https://docs.google.com/file/d/0BwbnJ2EXfmcDMTcyNjFiYTgtMjQwNy00NzlmLWE5YTYtMzJmNjY2ZTYwOTRm/edit?hl=pt_BR
XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
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Sociedade das Nações
XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
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Pacto Briand-Kellogg
Também conhecido como Pacto de Paris, por conta da cidade onde foi assinado em 27 de agosto de 1928, foi um tratado internacional "estipulando a renúncia à guerra como um instrumento de política nacional". 
Ele fracassou em seu propósito.
[…] Persuaded that the time has, come when a frank renunciation of war as an instrument of national policy should be made to the end that the peaceful and friendly relations now existing between their peoples may be perpetuated. […]
http://www.yale.edu/lawweb/avalon/imt/kbpact.htm
XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
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Pacto Briand-Kellogg
Verde escuro: signatários originais 
Verde claro: aderentes posteriores 
Azul claro: territórios dos participantes 
Azul escuro: mandatos da Liga das Nações administrados por participantes
XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
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Carta das Nações Unidas
Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada em 1945.
Tem objetivo declarado de facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. 
Artigo 2. […] 4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.[…]
Art.39. O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas de acordo com os Artigos 41 e 42, a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais.
Art. 51. Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva no caso de ocorrer um ataque armado contra um Membro das Nações Unidas, até que o Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança internacionais. […]
http://www.un.org/en/documents/charter/index.shtml
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm
XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
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Carta das Nações Unidas
Note que a Antártida não tem nenhum governo, o controle político do Sahara Ocidental está em disputa e os territórios da República da China (Taiwan) e Kosovo são considerados pela ONU como províncias da República Popular da China e da República da Sérvia, respectivamente.
XVII.1. Do conflito depois das Grandes Guerras
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XVII.2. Da Neutralidade
Neutralidade
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Neutralidade foi o primeiro a noção habitual. No entanto nas conferências de Haia de 1899 e 1907, os membros expressaram a necessidade de ver codificado. 6 dos 13 acordos assinados em 1907, relativa neutralidade.
Neutralidade é particularmente governado por:
V Convenção de Haia, de 18 outubro de 1907, relativo aos direitos e deveres dos Poderes neutros e Pessoas em caso de guerra em terra,
XIII Convenção da Haia de 18 de outubro de 1907, relativo aos direitos e deveres dos Poderes neutros na Guerra Naval
a Convenção de Havana de 20 de fevereiro de 1928 em Maritime neutralidade.
XVII.2. Da Neutralidade
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Em princípio, um Estado que não é oficialmente parte de um conflito armado é um estado neutro. 
Esta neutralidade pode ser declarada ou de fato. 
Quando declarada, o estado neutro reserva-se o direito de alterar as regras a qualquer momento. 
Quando de fato ele é determinado pelo comportamento real do Estado.
Pode-se dizer ainda sobre a neutralidade ocasional ou perpétua.
É casual quando sua duração ligada ao conflito em curso. 
Alguns Estados optam por fazer a sua neutralidade perpétua. Isto pode ser obtido:
Por tratado: o caso da Suíça que era neutral de facto desde 1516 tornou-se oficialmente no Tratado de Viena (1815). A neutralidade da Austria vem de um Tratado de 1955. 
A neutralidade da Bélgica, do Tratado de Bruxelas de 1831, e de Luxemburgo, do Tratado de Bruxelas de 1867, são contestadas. 
Mediante uma declaração unilateral: exemplo de Malta(1981), Costa Rica (1986), Moldávia (1995) Turquemenistão (1995)
XVII.2. Da Neutralidade
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As partes em conflito não têm o direito de:
 entrada no território nacional de estados neutros com forças armadas e armamento;
 recrutar ou instruir os lutadores;
 estabelecer ou explorar recursos de telecomunicações para fins militares.
Por seu lado, os Estados neutros:
 impor a sua neutralidade;
 tratar os Estados beligerantes de forma equivalente;
 opor-se, se necessário pela força, qualquer violação da neutralidade.
XVII.2. Da Neutralidade
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Os Estados neutros podem:
 proibir a exportação ou trânsito de equipamento militar em favor de uma das partes beligerantes. 
No entanto,eles podem permitir o trânsito de feridos ou doentes, desde que o transporte não carrega, além disso, sem brigas ou equipamento militar.
 restringir ou proibir as partes em conflito, o uso das telecomunicações;
 explicitamente regular o acesso ao espaço neutro. 
No entanto, o presente regulamento devem ter em conta as regras para o tráfego no estreito e águas arquipelágicas. Ele deve ser notificada às partes em conflito.
XVII.2. Da Neutralidade
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Exceções à lei de neutralidade
Um navio de guerra de uma nação beligerante pode realizar uma simples trânsito nas águas territoriais de um Estado neutro. Pode, eventualmente, ser internado em um porto neutro para reparação ou reabastecimento, mas a atracação não deve exceder 24 horas, a menos que seu dano ou as condições de mar não permitam que saia. Os navios-hospitais de nações beligerantes no entanto, não estão sujeitos a esta regra.
Aviões das partes beligerantes devem respeitar as restrições impostas pelo estado neutro no seu espaço aéreo e deve cumprir qualquer ordem para pousar ou água. Em caso de danos, eles podem pousar em seu território e sujeitas a inspecção por parte das autoridades do estado neutro.
Os membros das forças armadas das partes beligerantes não podem entrar em território neutro. Se o fizerem serão desarmados e internados e seus equipamentos apreendidos pelo Estado neutro até o fim das hostilidades. No entanto, prisioneiros de guerra que escaparem são deixados em estado selvagem.
XVII.2. Da Neutralidade
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Convenção de Haia 1907
CAPÍTULO III
Das pessoas neutras
Artigo 16. Consideram-se neutros os nacionais de um Estado que não tomam parte na guerra.
Artigo 17. Um neutro não poderá prevalerse de sua neutralidade:
a) Se comete atos hostis contra um beligerante.
b) Se comete atos em favor de um beligerante, especialmente se voluntariamente presta serviço nas asas da força armada de uma das Partes.
Em semelhante caso, o neutro não será tratado pelo beligerante contra quem abandone sua neutralidade com maior rigor que poderia o ser pelo mesmo fato um nacional do outro Estado beligerante.
Artigo 18. Não serão considerados como atos cometidos em favor de um beligerante, no sentido do artigo 17, letra b).
a) Os abastecimentos e empréstimos feitos a um dos beligerantes, contanto que o fornecedor ou o prestamista não habite nem no território da outra parte nem no território ocupado por ela, e que as provisões não provenham destes territórios.
b) Os serviços prestados em matéria de polícia ou de administração civil.
XVII.2. Da Neutralidade
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Solução de Controvérsia
Direito Internacional
Uso da Força
Intervensão do CSONU
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Como na esfera privada, na área pública também há desencontros e questões passíveis de ocasionar lides. As controvérsias podem ser de origem econômica, comercial, política ou jurídica. Para resolver pacificamente essas controvérsias, convém classificar os mecanismos de solução pacífica: diplomáticos, políticos e jurisdicionais.
XVII.3. Contramedidas
Recorde-se que o art. 33 da Carta da ONU estatui:
As partes em uma controvérsia, que possa vira constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidade sou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha.
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As soluções políticas envolvem organizações internacionais, como a OEA. A intervenção das organizações internacionais pode ser solicitada por uma das partes em confronto, ou por todas. Deve, todavia, ser adotada em conflitos que envolvam gravidade, como a paz e a segurança internacionais. 
Os art. 39, 41 e 42 da Carta da ONU dão ao Conselho de Segurança a prerrogativa de agir e de decidir quais medidas deverão ser tomado caso de ameaça à paz e à segurança internacionais.
XVII.3. Contramedidas
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XVII.3. Contramedidas
Capítulo VII
Ação relativa a ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão. 
 
Artigo 39
O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas de acordo com os artigos 41 e 42, a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacional.

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XVII.3. Contramedidas
Artigo 41
O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a interrupção completa ou parcial das relações econômicas dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos , postais, telegráficos, radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompimento das relações diplomáticas.

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XVII.3. Contramedidas
Artigo 42
No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e as seguranças internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.
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De acordo com Hildebrando Accioly (p.463, 2002): 
Esgotados os meios de solução pacífica numa determinada controvérsia, os Estados podem recorrer, às vezes, ao emprego de meios coercitivos, sem irem ao extremo do ataque armado. [...] Tais métodos são de fato verdadeiras sanções e, como tais, a sua utilização só se justifica quando determinada por uma organização internacional. O Conselho de Segurança das Nações Unidas pode, nos termos do artigo 41 da Carta, aplicar medidas que não impliquem o emprego de forças armadas, tais como a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos ou de outra qualquer espécie e o rompimento das relações diplomáticas.
XVII.3. Contramedidas
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O emprego da força é um mecanismo que trata de compelir um adversário em uma controvérsia de modo que ele desista de suas reivindicações. Elas são práticas conhecidas como contramedidas por serem instrumentos utilizados pelos Estados ou Organizações Internacionais para induzir outros sujeitos de Direito Internacional a adotar determinados comportamentos, lícitos ou não. 
A coerção pode se dar por vias políticas, econômicas e até mesmo militar (não sendo, aí, uma solução pacífica).
Está relacionado aos conceitos de compellence x deterrence.
Esses meios são admitidos pelo costume internacional, constando inclusive na Carta da ONU.
XVII.3. Contramedidas
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Os dois termos estão atrelados a diplomacia coercitiva ou "persuasão forte" que é a tentativa de conseguir uma meta, um estado, um grupo (ou grupos) dentro de um estado, ou um ator-de mudar seu comportamento censurável não-estatal, quer através da ameaça do uso da força ou a utilização real da força limitada. 
É essencialmente uma estratégia diplomática, que conta com a ameaça da força em vez do uso da força. Se a força deve ser usada para fortalecer os esforços diplomáticos de persuasão, ele é empregado de forma exemplar, na forma de uma ação militar muito limitada, para demonstrar a resolução e vontade de escalar a níveis elevados de uma ação militar se necessário.
XVII.3. Contramedidas
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Uma estratégia comumente associado com a teoria da coerção e da diplomacia coercitiva é o conceito de deterrence, ou a manutenção do poder militar com a finalidade de desencorajar o ataque. Segundo Thomas Schelling, a dissuasão é apenas uma ameaça passiva que visa manter um adversário de agir. É só uma ameaça: "Iniciativa é colocado sobre o adversário para tomar a primeira ação desencadear uma resposta do coator.”
Compellence, em contraste, desloca a iniciativa para a primeira ação do coator. Na compellence o ator tempostura ativa, induzindo a retirada alheia, ou sua aquiescência, ou a sua colaboração por uma ação que ameaça a ser prejudicial. 
XVII.3. Contramedidas
Na deterrence "desenha-se uma linha na areia" e agir apenas se o outro atravessa; em contraste, compellence "exige-se a punição até que outros atos sejam abandonados”.
Uma estratégia comumente associado com a teoria da coerção e da diplomacia coercitiva é o conceito de deterrence, ou a manutenção do poder militar com a finalidade de desencorajar o ataque. Segundo Thomas Schelling, a dissuasão é apenas uma ameaça passiva que visa manter um adversário de agir. É só uma ameaça: "Iniciativa é colocado sobre o adversário para tomar a primeira ação desencadear uma resposta do coator.”
Compellence, em contraste, desloca a iniciativa para a primeira ação do coator. Na compellence o ator tem postura ativa, induzindo a retirada alheia, ou sua aquiescência, ou a sua colaboração por uma ação que ameaça a ser prejudicial. 
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Na compellence: a meta é incentivar através da aplicação de punição. 
Vale destacar que a escolha recai sobre ambas as partes e trabalha para obrigar a retirada 
 
Compellence é a situação em que um ator deixa ou reverte ações porque os custos, impostos por outros atores, são ou serão, em breve, maiores que os ganhos dessas ações, 
 
A obriga B quando: 1) A impõe algum custo x em B após B tenha cometido alguma ação y e custo x para B é maior do que os ganhos para o B de ação y.
XVII.3. Contramedidas
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Na deterrence, também conhecida por dissuasão: trabalha-se para desencorajar, com medo da punição.
Vale destacar que a escolha recai exclusivamente sobre o alvo da ameaça dissuasão e trabalha para dissuadir um ataque.
 
A dissuasão é a situação em que um ator acredita que os ganhos de perseguir uma determinada ação são compensados ​​pelos custos que seriam impostas por outros atores para tomar essa ação. 
 
A dissuade B quando: 1) A ameaça algum custo x em B se e somente se B comete alguma ação y e 2) o custo x para B é maior do que os ganhos para o B de ação y.
XVII.3. Contramedidas
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Rompimento das relações diplomáticas: tipo de represália política, que consiste na retirada do corpo diplomático do Estado violador e a ordem de retorno dos representantes do Estado lesado do território daquele país.
Boicotagem: tipo de represália baseada na proibição das relações comerciais com os nacionais do Estado que violou as regras do Direito Internacional ou interrupção de assistência e quebra de pactos comerciais.
Bloqueio pacífico: tipo de represália que consiste em usar as Forças Armadas para impedir a comunicação do país com a sociedade internacional até a solução da controvérsia. 
Condições: a) só é empregado após o fracasso das negociações; b) deve ser efetivo; c) deve ser notificado oficialmente; d) só é obrigatório entre os navios do Estado em litígio; e) os navios devem ser devolvidos após a solução.
XVII.3. Contramedidas
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