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Direito Internacional_Unidade 3

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45
UNIDADE III
Dos Conflitos Internacionais e da 
Solução de Controvérsias
Professor Moacir Junior Carnevalle
Plano de Estudo:
• Da jurisdição do Estado e Domínio Internacional Público; 
• Da solução pacífica dos conflitos internacionais; 
• Da guerra e suas nuances;
• Da Responsabilidade Internacional do Estado e suas implicações.
Objetivos da Aprendizagem
• Estabelecer até onde vai a jurisdição do Estado;
• Verificar qual é a área de domínio público internacional;
• Compreender quais são as várias formas pacíficas 
para a solução de conflitos internacionais;
• Analisar a guerra frente ao direito internacional;
• Abordar quando se dá a responsabilidade internacional do Estado e quais 
as suas consequências.
46UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
INTRODUÇÃO
Olá, aluno(a)!!! Daremos início aos estudos referentes à terceira unidade do nosso 
curso de Direito Internacional.
Ao longo desta unidade de aprendizagem abordaremos até onde vai a jurisdição do 
Estado e como o Direito Internacional regula várias áreas espalhadas pelo mundo, como o 
alto mar, espaço ultraterrestre, rios internacionais dentre outros. Veremos quão importante 
é delimitar exatamente o alcance do domínio público internacional.
Abordaremos também algumas das principais formas de solução de conflitos 
internacionais de forma pacífica, bem como a importância que desempenham para o esta-
belecimento de relações harmônicas entre os Estados e as Organizações Internacionais.
Ainda, veremos os principais aspectos relacionados à guerra e o esforço da comu-
nidade internacional para evitar conflitos armados entre os sujeitos de Direito Internacional.
Por fim, analisaremos como pode se dar a responsabilidade internacional dos Es-
tados e quais consequências ela traz para os envolvidos.
Portanto, aproveitem bem o material e bons estudos!!
47UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
1. DA JURISDIÇÃO DO ESTADO E DOMÍNIO INTERNACIONAL PÚBLICO
A jurisdição é uma função privativa do Estado, de aplicar o direito aos casos ou 
concretos, ou seja, é por meio da jurisdição que o Estado resolve os conflitos submetidos 
pelas pessoas perante a justiça. 
Cabe ao Estado, portanto, definir como o Poder Judiciário estará organizado e 
qual função cada órgão exercerá, inclusive distribuindo a competência desses órgãos para 
realizar os julgamentos dos mais diversos assuntos.
Não há que se confundir, entretanto, jurisdição com competência. A competência é 
a forma como serão distribuídos os órgãos jurisdicionais divididos de acordo com a jurisdi-
ção estatal. 
A competência é distribuída a partir de normas constitucionais, que levam em 
consideração vários aspectos, como a soberania nacional, hierarquia dos órgãos, espaço 
territorial etc.
A competência pode ser dividida em internacional e interna. 
A partir das normas de competência internacional são definidas as causas que a 
justiça brasileira deverá conhecer e decidir; por sua vez, as normas de competência interna 
indicam os órgãos locais que desempenharão cada uma das tarefas de acordo com os 
casos concretos (TEIXEIRA, 2020).
Desta forma, entende-se por limite da jurisdição até onde o Estado poderá exercer 
sua soberania, o que é representado pelo Princípio da efetividade.
48UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
Segundo Varella (2019), eventualmente pode ocorrer o exercício da jurisdição de 
um Estado no território de outro. Isto ocorreria nos casos de consentimento do outro Estado, 
tolerância e convite (representação diplomática, por exemplo) ou ainda em determinadas 
situações específicas (concessão de nacionalidade a estrangeiros). São situações pon-
tuais, sendo que a regra é que a jurisdição estatal está limitada aos seus limites territoriais. 
O atual Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015) prevê 
a competência da autoridade judiciária brasileira para ações com conexão internacional, 
apontando os objetos de conexão, como: alimentos, divórcio, sucessão, direitos reais, 
dentre outras hipóteses, como se depreende da leitura a seguir:
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações 
em que: I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado 
no Brasil; II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III – o fundamento 
seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada 
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar 
as ações: I – de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência 
no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou proprieda-
de de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II 
– decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio 
ou residência no Brasil; III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se 
submeterem à jurisdição nacional. 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer 
outra :I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil ; II – em 
matéria de sucessão hereditária , proceder à confirmação de testamento 
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o 
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora 
do território nacional; III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de 
união estável , proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o 
titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional. 
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência 
e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa 
e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de 
tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não 
impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para 
produzir efeitos no Brasil. 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e 
o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo 
estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. 
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência interna-
cional exclusiva previstas neste Capítulo. 
§ 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º (BRASIL, 2015).
Desta forma, o Código de Processo Civil de 2015 definiu os limites territoriais para 
o exercício da jurisdição civil no âmbito nacional.
49UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
Os artigos 21 e 22 do Código de Processo Civil tratam da competência concorren-
te, o que significa que as situações neles descritas podem ser julgadas perante a justiça 
brasileira ou estrangeira, cabendo, neste último caso, serem homologadas as sentenças 
estrangeiras pelo STJ.
Sendo concorrente, a competência pode ser alterada pela vontade das partes 
(CPC, art. 22, inc. III), permitindo-se a eleição de foro.
O artigo 23, por sua vez, quando traz a expressão “com exclusão de qualquer 
outra”, refere-se à competência exclusiva da justiça brasileira, ou seja, os temas dispostos 
no artigo somente podem ser julgados pela justiça do Brasil, ou melhor, ainda que sejam 
julgados pela justiça estrangeira, não será homologada a sentença que decidiu a questão.
O art. 24 ressalta a possibilidade de concorrência de demandas ao afirmar a pos-
sibilidade de atuação da autoridade judiciária brasileira mesmo no caso de existir ação 
intentada perante órgão jurisdicional estrangeiro (TEIXEIRA, 2020).
Território é o espaço onde o Estado exerce a soberania estatal. É através do terri-
tório que temos a limitação do exercício do poderdo Estado. Delimitar um território significa 
estabelecer seus limites, o que é feito por tratados ou costumes internacionais. O Estado 
tem plena autonomia dentro de seus limites territoriais (VARELLA, 2019).
Os temas relacionados ao domínio público internacional sempre despertaram muita 
atenção e preocupação do Direito Internacional. Esses domínios internacionais sempre 
foram objeto de muita disputa, muitas vezes levando à guerra.
Abordaremos neste tópico os principais domínios internacionais e qual a regula-
mentação normativa acerca deles.
As Zonas Polares, conhecidas por Polo Norte (Ártico) e Polo Sul (Antártica), são 
objeto de regulamentação do Direito Internacional. Inicialmente despertavam interesse de 
cunho científico. Atualmente despertam também interesse econômico (navegação, caça, 
pesca e recursos minerais), além de serem áreas estratégicas de defesa de Estados. 
Em relação ao Polo Norte, cuja área desperta menor interesse econômico, as regu-
lamentações são mais simples. O Direito Internacional entende como área de livre trânsito 
aéreo e marítimo (sendo suas águas consideradas alto mar), além de existir preocupação 
ambiental com esta parte do planeta.
A Antártica (Polo Sul) é uma área internacionalizada, onde existe uma cooperação 
entre os Estados, principalmente para a realização de pesquisas científicas. Essa região 
desperta interesse econômico em virtude das riquezas minerais, o que exige regula-
mentação no que tange a eventuais disputas de domínio da região. Atualmente a área 
50UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
é regulamentada pelo Tratado da Antártica de 1959, que prevê, entre outras coisas, a 
utilização pacífica e a investigação científica livre, sendo o local não passível de disputas 
internacionais, permanecendo de forma desmilitarizada e tendo sua exploração voltada 
para a preservação.
 As áreas do planeta terra compostas por água sempre foram importantes para o 
desenvolvimento da humanidade. As águas marítimas hoje são regulamentadas pela Con-
venção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (também conhecida como Convenção 
de Montego Bay – 1982).
Figura 1 - Área total do território brasileiro 
BRASIL ÁREA (km²)
Território Emerso 8.500.000
Zona Econômica Exclusiva 3.500.000
Extensão da Plataforma Conti-
nental Submetida a ONU 1.000.000
Área Total Continental e Marinha 13.000.000
Fonte: o autor.
Sobre as águas chamadas de interiores (rios, lagos, mares interiores etc.), que são 
aquelas localizadas no interior de determinado território, os Estados exercem seu domínio 
com soberania plena, por fazerem parte do seu território. O acesso a essas águas por 
embarcações estrangeiras somente devem ocorrer quando autorizadas.
A Convenção de Montego Bay é o instrumento jurídico internacional que regulamen-
ta o exercício da soberania de um Estado mar adentro. São três as regiões de diferentes 
exercícios do poder de controle do Estado: o mar territorial, a zona contígua e a zona 
econômica exclusiva (VARELLA, 2019).
Em relação ao mar territorial, que corresponde à parte externa do domínio de um 
Estado, é uma faixa de água adjacente à linha costeira. Também fazem parte da soberania 
51UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
estatal e estende-se ao espaço aéreo sobrejacente ao mar territorial, bem como ao leito e 
ao subsolo deste mar. Em toda essa área, o Estado detém praticamente os mesmos pode-
res soberanos relativos ao seu território terrestre, podendo dela desfrutar economicamente, 
utilizá-la como faixa de segurança, nela manter instalações, punir atividades ilícitas etc. No 
entanto, é permitida a passagem inocente, que consiste no trânsito de navios comerciais 
estrangeiros. Atualmente compreende uma faixa correspondente a 12 milhas marítimas 
(22,2 km) a extensão do mar territorial de qualquer Estado ao longo de toda a costa, medida 
contada a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas 
cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
A partir da área reservada ao mar territorial temos a zona contígua, que também 
compreende uma área de 12 milhas marítimas, e cujas atribuições do Estado são voltadas 
para evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sa-
nitários, nos seus territórios, ou no seu mar territorial, e também para reprimir as infrações 
às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu mar territorial.
Figura 2 - Soberania de um Estado mar adentro – Extensão a partir da linha de base (1 
milha marítima corresponde a 1.852 metros)
MAR TERRITORIAL 12 milhas marítimas
ZONA CONTÍGUA 24 milhas marítimas
ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA 200 milhas marítimas
PLATAFORMA CONTINENTAL 200 milhas marítimas
Fonte: o autor.
Ainda tendo como base as águas marítimas, existe a chamada zona econômica 
exclusiva, que compreende uma faixa que se estende das 12 às 200 milhas marítimas, 
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. 
Nessa área, o Estado tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, 
52UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes 
ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com 
vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. No caso do Brasil, 
além das prerrogativas citadas, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação 
científica marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, 
operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas, somente sen-
do permitida a outros Estados mediante consentimento antecipado do Governo brasileiro. 
Permite-se, entretanto, a liberdade de navegação e sobrevôo, bem como de outros usos 
do mar internacionalmente lícitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como os 
ligados à operação de navios e aeronaves.
Também são objetos do Direito Internacional a regulamentação da plataforma con-
tinental e dos fundos marinhos, entendido como o leito e o subsolo das áreas submarinas 
que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural 
de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância 
de 200 milhas marítimas das linhas de base. Tem o seu limite exterior estabelecido pelo 
artigo 76 da Convenção de Montego Bay. Sobre essas áreas, o Estado tem direitos de 
soberania sobre a plataforma continental, para efeitos de exploração dos recursos naturais, 
inclusive cabendo ao Governo brasileiro autorizar pesquisas científicas ou perfurações. 
Permite, entretanto, a passagem de cabos e dutos.
Em relação aos rios internacionais, que são aqueles que separam ou atravessam 
dois ou mais Estados, estes podem ser contíguos ou sucessivos. Os contíguos, cujo leito 
banha ao mesmo tempo terras de Estados diferentes, ou seja, dividem dois Estados, a 
soberania de cada Estado banhado por este rio se estende até a linha divisória mediana 
do canal principal (ex.: Rio Paraná). Já os rios sucessivos, que são aqueles cujo leito atra-
vessa dois ou mais Estados, algumas regras devem ser respeitadas (ex.: Rio Amazonas). 
Entre elas, podemos citar que cada Estado exerce a soberania sobre a parte do rio que se 
encontra em seu território, mas sem que isso atrapalhe o direito sobre o rio do outro Estado, 
causando embaraços ou realizando obras prejudiciais ao fluxo natural das águas. Podem 
existir Tratados entre os Estados para regulamentar a utilização de um rio estabelecendo 
regras mais claras e precisas. 
O alto-mar, localizado após a zona econômica exclusiva, é considerado um bem 
comum de toda a humanidade, não pertencendo a nenhum Estado em particular. É enca-
rado como coisa de uso comum,voltada para benefício de toda a sociedade. Os direitos 
53UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
envolvem a liberdade de navegação e sobrevoo, de pesca, de instalação de cabos subma-
rinos, de aproveitamento dos recursos minerais dentre outros. 
Quanto ao espaço aéreo, horizontalmente, é limitado pelas fronteiras de cada Esta-
do. Não obstante, é permitida a passagem inocente de aeronaves de outros Estados, com 
exceção dos aviões militares. Nas demais áreas, aquelas não posicionadas sobre o espaço 
territorial de um Estado, é regulada pela liberdade de sobrevoo. 
Já o espaço cósmico, lua e demais corpos celestes, bem como a exploração do 
espaço ultraterrestre, o espaço e os corpos celestes não podem ser objeto de nenhuma 
apropriação, são considerados área de uso comum, podendo ser livremente explorados e 
utilizados por todos os Estados para finalidades exclusivamente pacíficas.
54UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
2. DA SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS INTERNACIONAIS
A ausência de uma autoridade superior aos Estados, faz com que as controvérsias 
que envolvem os sujeitos de Direito Internacional sejam, sempre que possível, resolvidas 
de forma pacífica, sendo inclusive parte dos Princípios fundamentais (jus cogens).
Por controversia internacional entende-se como todo desacordo (científico, político, 
cultural, econômico etc.) existente sobre determinado assunto, ou seja, toda oposição de 
interesses entre Estados e/ou Organizações Internacionais.
Surgido a controvérsia, as partes podem resolvê-lo através de um acordo ou opta-
rem pela apreciação de um terceiro envolvido. 
Ao se solucionar pacificamente um problema entre dois Estados, previne-se o uso 
da força no plano internacional, que é permitida pela Carta das Nações Unidas apenas em 
situações pontuais e específicas.
Acerca da utilização de meios pacíficos para a solução de controvérsias internacio-
nais, a doutrina destaca que os conflitos podem ser resolvidos através de meios diplomáti-
cos, políticos e jurisdicionais.
Sobre o tema, a Carta da ONU (Decreto n. 19.841, de 22 de outubro de 1945) 
estabelece, no artigo 33, item 1, que:
1. As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça 
à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a 
uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, 
solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, ou a qualquer 
outro meio pacífico à sua escolha. 2. O Conselho de Segurança convidará, 
quando julgar necessário, as referidas partes a resolver, por tais meios, suas 
controvérsias. (BRASIL, 1945)
55UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
No mesmo sentido, é a Carta da Organização dos Estados Americanos (Decreto n. 
30.544, de 14 de fevereiro de 1952), que, nos artigos 24, 25 e 26, estabelece que:
Artigo 24
As controvérsias internacionais entre os Estados membros devem ser sub-
metidas aos processos de solução pacífica indicados nesta Carta.
Esta disposição não será interpretada no sentido de prejudicar os direitos e 
obrigações dos Estados membros, de acordo com os artigos 34 e 35 da Carta 
das Nações Unidas.
Artigo 25
São processos pacíficos: a negociação direta, os bons ofícios, a mediação, a 
investigação e conciliação, o processo judicial, a arbitragem e os que sejam 
especialmente combinados, em qualquer momento, pelas partes.
Artigo 26
Quando entre dois ou mais Estados americanos surgir uma controvérsia que, 
na opinião de um deles, não possa ser resolvida pelos meios diplomáticos 
comuns, as partes deverão convir em qualquer outro processo pacífico que 
lhes permita chegar a uma solução. (BRASIL, 1952)
Em relação à hierarquia dos meios de solução de controvérsias, com exceção do 
inquérito, que busca apurar a verdade dos fatos ocorridos no território de determinado 
Estado e, portanto, é sempre prévio à via de solução de conflitos escolhida, os demais 
meios figuram dentro de um mesmo plano de igualdade jurídica, não havendo hierarquia 
entre eles. 
Os meios diplomáticos como formas de solução de conflitos desenvolvem-se por 
meio de conversas amistosas entre os contendores, sempre voltados para a busca de 
uma solução que interesse para todos. Os vários meios diplomáticos não apresentam uma 
hierarquia entre eles e, embora existam outros, podem ser exemplificados como: 
a. negociação direta: considerado o mais simples e mais utilizado, se desenvolve 
por meio de conversas diretas entre os Estados em relação ao conflito, através 
da representação diplomática. As conversas podem se desenvolver de forma 
escrita ou oral, mas são marcadas pela informalidade.
b. bons ofícios: ocorre quando um terceiro se dispõe a ajudar na solução do con-
flito, procurando fixar os pontos controvertidos e buscando uma solução que 
agrade aos contendores. 
c. mediação: também se dá com a ajuda de um terceiro, mas é mais complexa que 
os bons ofícios, em que se busca uma aproximação das partes e este terceiro 
efetivamente sugere uma solução. O terceiro, então, não se limita a aproximar-
-se das partes, mas opina e sugere uma solução para o problema existente. 
d. Inquérito: também conhecido por investigação, procura apurar os fatos havidos 
entre as partes que levaram ao problema. É preparatório para um dos outros 
meios diplomáticos, mas depende da permissão para a entrada de pessoas no 
território do Estado que será investigado.
56UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
Os meios políticos são reservados para situações mais graves e de difícil solução 
e normalmente se dão com a participação do Conselho de Segurança ou da Assembleia 
Geral da ONU.
A ONU, nesses casos, pode emitir recomendações ou resoluções que devem ser 
cumpridas pelos Estados. Em último caso, pode a ONU se utilizar da força para que o 
conflito cesse.
Outra forma de solução de conflito é a arbitragem, chamada por alguns de meio 
semijudicial, e consiste numa solução obrigatória para as partes. O tribunal arbitral reúne-se 
para a solução de determinado caso a ele submetido.
A arbitragem internacional consiste na constituição de um tribunal formado por ár-
bitros de vários países, a partir da escolha dos litigantes em razão de sua especialidade na 
matéria a ser discutida, que decorre a partir de um compromisso arbitral, em que as partes 
estabelecem as regras e comprometem-se a aceitar a decisão. 
O laudo arbitral, documento expedido pelo Tribunal arbitral, é cumprido pelos Esta-
dos com fundamento no compromisso arbitral por eles assinado.
 Por fim, um conflito internacional também pode ser resolvido através dos meios 
judiciais. Essa forma de solução compreende as decisões dos tribunais internacionais de 
caráter e jurisdição permanentes. São criados a partir da vontade dos próprios Estados que 
é quem lhes confere legitimidade e definem a competência. O mais importante deles é a 
Corte Internacional de Justiça (CIJ) com sede em Haia, na Holanda.
 A Corte Internacional de Justiça pode ser provocada para solucionar conflitos entre 
os Estados (competência contenciosa) ou para emitir pareceres sobre questões jurídicas 
diversas que lhes sejam submetidas (competência consultiva).
A competência contenciosa da CIJ somente pode ser acionada por Estados, todos, 
em geral membros da ONU, embora o Estatuto da Corte não exclua a possibilidade de 
decidir questões para Estados não signatários das Nações Unidas. Os particulares, por não 
terem acesso direto à Corte, precisam utilizar-se do Estado para que suas controvérsias 
sejam analisadas.
Já a competência em razão da matéria da CIJ é muito ampla, o que significa que 
qualquer tema de Direito Internacional pode ser levado à apreciação. 
57UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
5. DA GUERRA E SUAS NUANCES
A guerra sempre acompanhou a história. Embora existam várias formas pacíficasde solução de conflitos, nem sempre são suficientes para dirimir um impasse havido entre 
dois Estados.
A partir do surgimento do Estado, temos os reais contornos de uma guerra. 
Entende-se por guerra um conflito armado entre dois ou mais Estados, durante 
determinado período, coordenado por seus governos, com o intuito de forçar o adversário 
a ceder aos seus interesses (MAZZUOLI, 2020).
Ao longo do tempo o Direito Internacional buscou transformar as guerras em algo 
cada vez menos frequente e com um caráter mais humanitário.
Isto faz com que haja um esforço do Direito Internacional para a criação de normas 
e a implementação de meios para que as relações entre os Estados se resolvam de maneira 
pacífica, como vimos no tópico anterior.
Hoje existe um verdadeiro jus ad bellum (o direito da guerra) e um jus in bello (o 
direito na guerra), que foram frutos da longa evolução histórica do Direito Internacional. O 
jus in bello refere-se ao direito da guerra, ou seja, ao conjunto de normas, que floresce-
ram no domínio do direito das gentes quando a guerra era uma opção lícita para resolver 
conflitos entre Estados. Já o jus in bello, por sua vez, é entendido como o direito aplicável 
na guerra, ou seja, o direito que vigia enquanto o confronto armado efetivamente ocorria 
(REZEK, 2018).
58UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
O uso da força armada é visto, atualmente, como exceção e existem inúmeras 
restrições à sua utilização, sendo inclusive considerada, pela Carta das Nações Unidas, um 
meio ilícito de solução de controvérsias internacionais.
Muitas vezes, um Estado se sente motivado para envolver-se em uma guerra por 
questões econômicas, como as intervenções, boicotes etc., questões políticas, questões 
sociais ou por muitos outros motivos.
Em relação ao conflito armado, de maneira geral, a Carta das Nações Unidas prevê 
duas situações: a) a agressão, isto é, a guerra de agressão; e b) as medidas defensivas, 
que são de duas espécies: b.1) a legítima defesa individual ou coletiva e; b.2) as medidas 
tomadas por iniciativa do Conselho de Segurança que envolvem o emprego da força arma-
da. A agressão é ilegal; as medidas defensivas são legais (ACCIOLY, 2019).
Normalmente uma guerra tem início com uma declaração formal de guerra e termi-
na com um Tratado de Paz ou outro documento equivalente. Fogem desses conceitos as 
guerras civis, travadas dentro de um Estado, entre nacionais desse mesmo Estado.
Como dito anteriormente, hoje a guerra não é permitida pelo Direito Internacional, 
com exceção da legítima defesa, sendo esta entendida como agressão injusta ou um perigo 
de dano atual e iminente, que continuaria sendo garantida aos Estados agredidos.
Como visto no tópico anterior, existem várias formas de negociação entre os Estado 
admitidas pelo Direito Internacional, inclusive muitas vezes capitaneadas por Organizações 
Internacionais (como, por exemplo, a ONU), não restando apenas a negociação direta entre 
os próprios Estados.
Em verdade, o mundo contemporâneo percebeu, após a Segunda Guerra Mundial, 
que deveria se esforçar para eliminar toda forma de guerra, sob pena de colocar em risco 
a própria civilização. Nesse sentido é a Carta da ONU.
Esse objetivo ainda está longe de ser alcançado, pois, mesmo após esse entendi-
mento, várias guerras aconteceram, embora nenhuma de alcance mundial.
Atualmente existe um conjunto de normas que devem ser obedecidas pelos belige-
rantes entre si (Estados diretamente envolvidos na guerra) e entre aqueles que não fazem 
parte do conflito (MAZZUOLI, 2020). Vários instrumentos normativos internacionais trazem 
essa regulamentação, com destaque para a Convenção de Haia (1907) e as Convenções 
de Genebra (1949), todos voltados para a ideia de humanização da guerra.
Uma vez declarada a guerra, no caso do Brasil, a competência é da União (artigo 
21, II, da CF), por meio do Presidente da República (artigo 84, XIX, da CF), com autorização 
do Congresso Nacional (artigo 49, II, da CF), se rompem as relações diplomáticas e con-
59UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
sulares entre os envolvidos, mas preserva-se a integridade física dos nacionais do Estado 
inimigo, bem como os seus bens.
A guerra normalmente termina com o fim das hostilidades entre os Estados e/ou 
com a assinatura de um Tratado de paz.
Nos tempos atuais outro temor bastante difundido no mundo civilizado é o terroris-
mo, entendido como a prática de atos violentos de uma pessoa ou grupo de pessoas, rea-
lizados sem prévio aviso, geradores de terror, normalmente desencadeado contra pessoas 
inocentes, sem interesse militar, demonstrando a insatisfação contra poderes constituídos 
(MAZZUOLI, 2020).
O terrorismo, atualmente, atormenta o Direito Internacional que já elaborou diver-
sas normativas sobre o tema e luta com todas as forças para combatê-lo, sendo, inclusive, 
um dos princípios que regem a República Federativa do Brasil no âmbito das relações 
internacionais (artigo 4, VIII, da CF). (BRASIL, 1988)
Outro conceito que envolve o direito de guerra é o de neutralidade, que é entendido 
quando determinado Estado se coloca imparcial em relação a determinado conflito, salvo 
no caso de legítima defesa. Além dos casos de neutralidade perpétua declarados pela 
Suíça e pela Bélgica, outros casos de neutralidade podem ser declarados para um conflito 
específico, cujo Estado opte em não se envolver. Segundo a Carta da ONU, não seria ca-
bível a declaração de neutralidade nos casos de uma ação coletiva voltada à manutenção 
da paz e da segurança internacionais (MAZZUOLI, 2020).
Atualmente o direito de guerra seria regido pelo Princípio da Humanidade e pelo 
Princípio da Necessidade. A humanidade está ligada a ideia de que se deve evitar a barbárie 
e uma negação do próprio direito de guerra. Por necessidade se entende que um conflito 
armado entre Estados só se justificaria em último caso, depois que forem esgotados todos 
os meios pacíficos para se alcançar o entendimento (ACCIOLY, 2019).
60UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
6. DA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO E SUAS IMPLICAÇÕES
A responsabilidade internacional do Estado, tal qual a responsabilidade em geral, 
exige a presença de quatro elementos: a) conduta; b) imputabilidade; c) dano; e d) nexo de 
causalidade. 
A conduta poderá ser omissiva (omissão) ou comissiva (ação) por parte do Estado 
e, independentemente se houve ou não sucessão de governante, a responsabilidade do 
Estado permanece.
A responsabilidade ainda poderá ser direta, quando praticada por órgãos ou agen-
tes do Estado, e indireta, quando decorrente de outras entidades públicas, como um Estado 
federado ou até particulares, por exemplo.
A responsabilidade pode surgir ainda quando há um desrespeito a um tratado ou 
convenção internacional ou em decorrência de um ato praticado pelo direito interno de um 
Estado. Neste último caso, pode surgir por ato do poder legislativo (lei contrária a tratado, 
nacionalização sem indenização etc.), judiciário (morosidade ou denegação da justiça, 
decisão ilegal) ou por exercício de função administrativa (expropriação sem indenização, 
maus-tratos da polícia), por exemplo (TEIXEIRA, 2020).
Em maior número, encontramos os casos de responsabilidade do Estado por atos 
praticados pelo Poder Executivo ou pela administração pública, seja por decisão tomada 
pelo próprio governo, seja por seus funcionários.
61UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
Em relação à responsabilidade por atos do órgão legislativo, as mais comuns 
referem-se à adoção de normas internas contrárias aos compromissos internacionais do 
Estado. Presume-se a máxima que nenhum Estado pode invocar normas do ordenamento 
jurídico interno como justificativa para desrespeito a tratado ou convenção internacional.
Em relação à responsabilidadeatribuível ao Poder Judiciário, embora não exista 
consenso na comunidade internacional acerca da sua adoção, surgiria nos casos de ilícitos 
praticados por juízes ou Tribunais internos, normalmente atrelados ao desrespeito à coisa 
julgada ou as garantias processuais. Surgiria também em casos de afronta a direitos dos 
estrangeiros que vivem no território do Estado.
Varella (2019) pontua que seriam mais frequentes os casos de responsabilização 
internacional relacionados a danos provocados a propriedades de estrangeiros em seu 
território, como em casos de nacionalização de empresas, por exemplo; a imposição de 
limitações exacerbadas ao direito de exploração comercial de atividades particulares; como 
quando há elevação desproporcional de tributos ou os danos provocados pelos agentes es-
tatais fora de seu território. Mais recentemente percebe-se a responsabilidade internacional 
do Estado pela proteção insuficiente aos direitos humanos.
É obrigação de todo Estado manter os acordos internacionais e de promover a 
reparação de todo dano que venha a causar. 
Desta forma, sempre que um Estado praticar um ato ilícito, seja pela ação ou 
omissão própria, de terceiros, seja pela violação de uma norma ou de uma obrigação inter-
nacional, surgirá a responsabilização internacional do Estado.
A prática de ato ilícito está ligada à ideia de desrespeito ao tratado ou convenção 
internacional, costume ou princípios gerais de direito, seja em relação a outro Estado, seja 
contra a comunidade internacional como um todo.
Além disso, o dano pode ser analisado do ponto de vista patrimonial ou simples-
mente moral.
São consideradas excludentes de responsabilidade internacional danos decorren-
tes de caso fortuito ou força maior. Além delas, serviria para excluir a responsabilidade de 
atos praticados em legítima defesa pelo Estado a uma agressão ou ataque ilícito promovido 
por outro. Também são admitidas como excludentes as represálias, que se mostram neces-
sárias quando visa combater a prática de outros atos ilícitos, necessitando serem propor-
cionais à gravidade da infração sofrida. Também seriam casos a ocorrência de prescrição 
ou a culpa exclusiva da vítima (ACCIOLY, 2019).
62UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
No mesmo sentido, Varella (2019) enfatiza que as principais situações de exclusão 
da ilicitude admitidas pelo Direito Internacional podem ser elencadas como: a) o consenti-
mento da vítima; b) as contramedidas legítimas; c) o estado de necessidade; e d) a força 
maior e o caso fortuito. As contramedidas seriam atitudes tomadas por um Estado para 
forçar o outro Estado a cumprir sua parte em um tratado, visando evitar um prejuízo maior. 
As contramedidas são consideradas legítimas quando tomadas pelo Estado que não é o 
responsável pelo ilícito, como forma de retaliar o outro Estado que o comete. Quando dois 
Estados estão praticando a ilicitude de maneira concomitante, nenhum poderá se valer da 
exclusão da responsabilidade.
Não é demais pontuar que uma organização internacional, na qualidade de sujeito 
de Direito Internacional, também pode incidir numa conduta internacionalmente ilegal ou 
ser vítima do ilícito.
A responsabilidade internacional surgiria de forma objetiva, tanto para Estados 
como para organizações internacionais, prescindindo da necessidade de demonstração da 
culpa.
Como consequência da responsabilidade internacional temos que o responsável 
deverá realizar a reparação devida, ou seja, uma reparação correspondente ao dano que 
lhe tenha causado, sendo de natureza compensatória.
Em relação à extensão da reparação esta deve ser equivalente ao dano. Nos casos 
de danos de natureza extrapatrimonial (moral), a compensação não se realizaria em dinhei-
ro, mas numa postura do Estado ofensor, no sentido de realizar um desagravo público, um 
pedido formal de desculpas ou a punição dos responsáveis (REZEK, 2018).
Danos com expressão econômica devem ser reparados em dinheiro.
Para apuração da responsabilidade internacional pressupõe-se que primeiro se re-
corra à justiça interna do Estado que cometeu o ilícito. Essa exigência de esgotamento das 
instâncias internas é dispensável quando a justiça interna não aceita o processamento da 
ação para apuração da responsabilidade. Somente depois que a justiça interna não respon-
sabilizou o Estado é que surgiria a legitimidade para acionar o Estado internacionalmente.
O foro competente para a ação de reparação de danos pode ser determinado em 
função de tratados específicos sobre o tema, da possibilidade de responsabilização pelo 
direito nacional, de tratados genéricos firmados entre os Estados ou, ainda, por tribunais 
internacionais de caráter universal. Em sistemas regionais de integração, é comum a exis-
tência de Cortes de arbitragem ou mecanismos de solução pacífica de controvérsias. Como 
exemplo temos o Tribunal Arbitral do Mercosul e do Tribunal de Justiça da União Europeia 
(VARELLA, 2019). 
63UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
SAIBA MAIS
Que tal aprofundarmos nossos estudos sobre um dos pontos abordados nesta unidade 
de ensino? A seguir deixo uma recomendação de leitura que irá enriquecer o apren-
dizado e reforçar o que foi estudado até aqui. O texto pode ser acessado no seguinte 
endereço eletrônico: https://www.icrc.org/pt/document/tendencias-globais-da-guerra-e-
-o-seu-impacto-humanitario
REFLITA
Não só a guerra atualmente é vista como uma ameaça global. O terrorismo tem sido 
motivo de inúmera preocupação da sociedade internacional, que procura desenvolver 
uma ampla rede de precaução e combate a esse mal. 
Imagine como uma sociedade pode ser impactada com a ameaça de terrorismo. Embo-
ra não seja uma realidade vivenciada com frequência no Brasil, situações que envolvam 
esse tema podem influenciar ou atingir todo o mundo.
Reflita sobre o assunto e, para lhe auxiliar, deixo uma indicação de leitura: https://educa-
cao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/terrorismo-violencia-que-atemoriza-a-sociedade-
-e-enfraquece-governos.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/terrorismo-violencia-que-atemoriza-a-sociedade-e-enfraquece-governos.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/terrorismo-violencia-que-atemoriza-a-sociedade-e-enfraquece-governos.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/terrorismo-violencia-que-atemoriza-a-sociedade-e-enfraquece-governos.htm
64UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da terceira unidade didática, que abordou assuntos importantes 
no aprofundamento do estudo do Direito Internacional.
Nesta apostila tratamos da jurisdição do Estado, e foi possível perceber que, geral-
mente, os poderes do Estado estão limitados pelo alcance do seu território, não podendo 
impor suas leis sobre outros Estados, por uma questão de respeito à soberania.
Em relação ao domínio público internacional, vimos que o território de um Estado 
não se limita apenas à área de terra firme, mas se estende mar adentro em zonas deno-
minadas mar territorial, zona contígua e zona econômica exclusiva, que têm importância 
comercial e bélica.
Além das áreas citadas, outras regiões do planeta interessam diretamente ao Direi-
to Internacional, que, ao longo do tempo, foram tendo tutela específica.
Também vimos que o Direito Internacional busca sempre que as controvérsias 
internacionais sejam resolvidas através de meios de solução pacíficos. Esses meios são 
classificados em meios diplomáticos, políticos e jurisdicionais. O objetivo é evitar que uma 
controvérsia não resolvida evolua a ponto de desencadear uma guerra.
A guerra, inclusive, também foi objeto de análise do nosso estudo, em que pude-
mos perceber que atualmente é repudiada pelo Direito Internacional, que tenta evitá-la 
incessantemente. Embora já tenha sido vista como um direito do Estado relacionadoà sua 
soberania, o confronto armado é permitido apenas em caráter excepcional, como nos casos 
de legítima defesa.
Por fim, analisamos que as ações e omissões dos Estados não podem ser tomadas 
deliberadamente sob pena de gerar a sua responsabilidade. Uma vez que a responsabilida-
de do Estado seja reconhecida é dever recompor os danos causados à vítima.
65UNIDADE III Dos Conflitos Internacionais e da Solução de Controvérsias
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Direito internacional humanitário.
Autor: Ângelo Fernando Facciolli.
Editora: Juruá.
Sinopse: Trata da abordagem desse importante ramo do Direito 
Público, dentro de uma concepção inovadora de forma: objetiva, di-
dática e simples. Inicialmente, o autor trata de abordar o fenômeno 
da guerra, buscando identificar sua origem, motivos, justificativas, 
repercussões na sociedade e no direito. Em seguida, trata dos 
conflitos armados, estabelecendo os principais vínculos jurídicos 
com o Direito Internacional Humanitário (Direito Internacional de 
Conflitos Armados). O livro foi dividido em diversos capítulos e 
subcapítulos de forma a oferecer um aprendizado crescente, di-
nâmico e atual. O presente trabalho é essencial para aqueles que 
estão aprendendo e pesquisando o assunto, tanto nos cursos de 
graduação, pós-graduação, no campo da pesquisa, nas escolas 
militares das Forças Armadas, Ministério Público Federal e Militar, 
Magistratura Militar e Federal, correspondentes, jornalistas etc.
FILME/VÍDEO
Título: Sob a névoa da guerra.
Ano: 2003.
Sinopse: Narra a história militar recente dos Estados Unidos do 
ponto de vista de Robert S. McNamara, ex-secretário de Defesa 
nos governos Kennedy e Johnson. Um dos mais controvertidos 
políticos americanos, McNamara, que também já presidiu o Banco 
Mundial, tenta explicar o motivo do século 20 ter sido tão violento. 
Desde o bombardeio de centenas de milhares de civis em Tóquio, 
em 1945, passando pela Crise dos Mísseis, em Cuba, até os efei-
tos da guerra do Vietnã, o filme examina a combinação de fatores 
políticos, sociais e psicológicos que envolvem os conflitos arma-
dos. Com uma rica seleção de imagens de arquivo e gravações 
confidenciais da Casa Branca, também examina as justificativas 
do governo americano para uso militar da força.

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