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FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 1 Possibilitar aos educadores aquisições de conhecimento, desenvolvendo habilidades como resolver problemas e mudanças na prática de valores e atitudes ambientais. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 2 Introdução: Filosofia da Natureza, Ecologia e Crise Ambiental Segundo dados atualizados do Relatório Planeta Vivo, 2012 (WWF): “Estamos vivendo como se tivéssemos mais de um planeta à nossa disposição. Estamos usando 50% mais recursos do que a Terra é capaz de oferecer e, a não ser que mudemos de rumo, esse número irá disparar. Até 2030, mesmo dois planetas não serão suficientes. Temos, sim, capacidade para criar um futuro próspero que forneça alimentos, água e energia para as 9 ou 10 bilhões de pessoas que deverão compartilhar o planeta em 2050, mas somente se todos nós – governos, empresas, comunidades, cidadãos – assumirmos responsabilidade por esse desafio.”(p.1) “...Porém, apesar do Protocolo [de Kyoto] e das manchetes, as emissões de CO2 continuam subindo. Hoje, estão 40% acima dos níveis de 1992 (PNUMA, 2011). Talvez o mais alarmante de tudo seja o fato de dois terços desse aumento terem ocorrido na segunda década (PNUMA, 2011). Em decorrência disso, os níveis de CO2 na atmosfera avançaram 9% desde a Rio 92, e as temperaturas médias subiram cerca de 0,4oC (PNUMA, 2011). A quantidade de gelo marinho no Ártico ao fi m de cada verão caiu 35%, com os anos de 2007 e 2011 registrando as mínimas mais expressivas (PNUMA, 2011).”(p. 7) “Desde a década de 1970, a demanda anual da humanidade imposta sobre a natureza excede a capacidade de renovação anual da Terra. Assim como o saque acima do saldo de uma conta bancária, cedo ou tarde os recursos se esgotam. No ritmo atual de consumo, alguns ecossistemas entrarão em colapso antes mesmo do esgotamento completo do recurso. Já são visíveis as consequências do excesso de gases de efeito estufa que não pode ser absorvido pelos “sumidouros naturais”, com a escalada dos níveis do CO2 atmosférico causando a elevação das temperaturas globais, mudança do clima e acidificação dos oceanos. Esses impactos, por sua vez, ampliam as pressões sobre a biodiversidade e os ecossistemas, e sobre os mesmíssimos recursos dos quais os seres humanos dependem.”(p. 20) Como entender as origens dessa situação crítica delineada? Povos e comunidades tradicionais, como, por exemplo, os diferentes grupos indígenas da América, às vezes considerados “selvagens” e “inferiores” no lastro da ideologia colonialista (e que acabou por exterminar inúmeros nativos e suas respectivas culturas), conseguiram criar um modo de vida sustentável, com uma relação equilibrada e simbiótica com a natureza, capaz de absorver os impactos da atuação antrópica sobre esta última. Já no mundo ocidental, dito civilizado e FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 3 desenvolvido, se nota uma tensão e impasse crescentes nesta relação, como os dados supra- citados revelados. É preciso, antes de mais nada, vasculhar as origens e premissas ideológicas do modo de vida do homem “civilizado” e moderno, para entender parte da atual crise ecológica. Segundo o filósofo alemão Max Scheler (COSTA, 1996), podemos encontrar no antropocentrismo judaico o antepassado remoto da crise ecológica atual, favorecendo uma concepção de cisão entre o homem e a natureza, sendo esta serva legítima daquele, em que pese as concepções judaicas como a Sabedoria divina (sua presença ou imanência), reiterando que este mundo também é um espaço de expressão e manifestação de Deus. Já no âmbito da filosofia pagã, em contrapartida, encontramos visões como a do filósofo estóico Marco Aurélio (121-180 EC), próximas do que chamaríamos, hoje, de uma concepção ecológica e sustentável: "Penso sempre no liame que une todas as coisas no Universo e em sua mútua dependência. Todas as coisas estão interligadas umas como as outras, e por esta razão vinculam-se por laços de amizade, pois elas estão em relação umas com as outras devido à unidade de todas as substâncias. Harmoniza-te com as coisas que te foram dadas e ama sinceramente as pessoas que o destino te deu por companheiras." O cristianismo, herdeiro do judaísmo, e que acabou por incorporar e suplantar o pensamento pagão, apesar de ter uma concepção essencialmente antropocêntrica, concebendo que o homem tem um lugar central e privilegiado dentro da ordem cósmica ou natural, pois foi feito à imagem e semelhança do Deus cristão, o qual criou o mundo e natureza para servir aos interesses humanos, concepção esta que é ainda influente hoje (MAGNAVITA, 2012), não deixou de conter, em contrapartida, uma filosofia da natureza genuína. Isso é nítido, por exemplo, em movimentos religiosos medievais no seio da Igreja cristã, como o franciscanismo, cultando o sol, os elementos e os seres vivos: FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 4 Cântico do irmão Sol (São Francisco de Assis) Altíssimo, omnipotente, bom Senhor, Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a bênção. Só a ti, Altíssimo, são devidos; e homem algum é digno de te mencionar. Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, Especialmente o Senhor Irmão Sol, que clareia o dia, e com sua luz nos alumia E ele é belo e radiante com grande esplendor: de ti, Altíssimo, é a imagem. Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas, Que no céu formaste claras e preciosas e belas. Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão Vento, Pelo ar, ou nublado ou sereno, e todo o tempo pelo qual às tuas criaturas dás sustento. Louvado sejas, meu Senhor pela irmã Água, que é mui útil e humilde e preciosa e casta. Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão Fogo pelo qual iluminas a noite. E ele é belo e jucundo e vigoroso e forte. Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe Terra, que nos sustenta e governa, e produz frutos diversos com coloridas flores e ervas. Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor, e suportam enfermidades e tribulações. Bem-aventurados os que sustentam a paz, que por ti, Altíssimo, serão coroados. Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã Morte corporal, da qual homem algum pode escapar: Ai dos que morrerem em pecado mortal. Felizes os que ela achar conformes à tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal. Louvai e bendizei a meu Senhor,e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 5 (São Francisco de Assis e os animais) Ademais, poderia ser citada a filosofia-da-natureza medieval e cristã, que concebeu a Natureza como sagrada, uma forma de expressão divina, merecendo reverência humana (NASR, 1977), aproximando-se, de certo modo, de tradições não-ocidentais (por exemplo, o xamanismo indígena), entendendo o homem como parte do todo natural, do qual dependia e com o qual necessitava se harmonizar. O pensamento científico e filosófico moderno se afastaria paulatinamente dessa concepção do sagrado-natural, dado seu caráter, amiúde, reducionista e instrumental, a despeito do progresso que significou. A ciência moderna, inspirada no matematismo e platonismo galilaicos, acabaria por criar uma concepção “desencantada” da natureza e do mundo, cindindo sujeito e objeto, quantificando e tornando abstrata as noções de movimento, espaço e tempo, por oposição à física clássica, aristotélica, a qual, a despeito das suas incorreções e equívocos, continha uma visão qualitativa do cosmos. Como afirmou o filósofo e educador G. Gusdorf, o problema é que os homens concretos e não-especialistas em ciência, não vivem no espaço matematizado da ciência abstrata, mas num espaço apropriado subjetivamente, com FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 6 base no qual constrói o eixo de referência da sua vida, e por isso cada vez mais a ciência se distancia deste homem e o separa da natureza, um modelo matemático de fórmulas e abstrações. O filósofo Francis Bacon (1561-1626), com sua concepção de que “saber é poder”, acabaria por inaugurar a ideia de que o homem, através da ciência e da técnica, deve se assenhorar da natureza, dominando-a em função dos seus interesses. Já o filósofo Descartes, como seu dualismo entre extensão e pensamento, corpo e espírito, não veria na natureza e nos animais mais do que uma espécie de mecanismo artificial, explicado pela causa e efeito (GRÜN, 2005). Não é difícil ver aí, no plano teórico, o começo da crise ambiental, em termos práticos, abrindo a porta para um modelo de desenvolvimento civilizatório baseado relação destrutiva e possesiva com a natureza, com uma apropriação irresponsável e imediatista dos recursos naturais, com a poluição desenfreada, a urbanização caótica, o consumismo, etc. Não sem reações, com tendências contrárias à hegemônica. Nos alquimistas e hermetistas do Renascimento (Paracelso, J. Boehme e outros), assim como, mais tarde, nos poetas e filósofos românticos (Rousseau, Novalis, Goethe, Schelling, von Baader), encontramos uma filosofia da natureza orgânica, em reação ao mecanicismo e ao fisicalismo, não opondo sujeito e objeto, e pressentindo os excessos e riscos da modernização, tentando, assim, manter uma visão “nostálgica” da unidade primordial entre homem e natureza. Mesmo em G. Hegel (1770-1831), que estava longe de ser um romântico, conquanto se aproveitou da filosofia da natureza (como J.. Boehme), podemos extrair uma concepção “holística” e “sistêmica” da realidade, como um totalidade formado de partes interconexas, uma rede de relações, que se estrutura e reestrutura através de um processo e de uma lógica dialéticas, ecoando hoje na teoria de sistema e de auto-organização (CIRNE-LIMA, s/d). FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 7 No filósofo francês Rousseau (1712-1778), oscilando entre romantismo e iluminismo, encontramos uma valorização do homem natural, cuja vida, não marcada ainda pelos artifícios e limitações da sociedade, era plena de harmonia e liberdade com a natureza e de um homem para com o outro, inexistindo a noção de propriedade privada. Em Rousseau se trata menos de um “retorno ao passado” do que a percepção de que o homem, apesar da sociedade procurar corrompê-lo e aliená-lo, mantém intacta sua “bondade natural”. Escreveu o poeta alemão F. Hölderlin (1770-1843), no poema “Hipérion”: "(...)Mas tu brilhas ainda, sol do céu! Tu ainda verdejas, sagrada terra! Os rios ainda vão dar ao mar e as árvores frondosas dão sombra ao meio-dia. O prazenteiro canto da primavera abarca os meus mortais pensamentos. A plenitude do mundo infinitamente vivo nutre e sacia com embriagues o meu indigente ser. Feliz natureza! Não sei o que se passa comigo quando elevo os olhos perante a tua beleza, mas nas lágrimas que choro perante ti, a bem amada das bem amadas, está toda a alegria do céu. Todo o meu ser cala e escuta quando as doces ondas do ar brincam à volta do meu peito. Perdido no imenso azul, levanto frequentemente os olhos ao Éter e inclino-os para o sagrado mar, e é como se um espírito familiar me abrisse os braços, como se se dissolvesse a dor da sociedade na vida da divindade. Estar unido a tudo, essa é a vida da divindade, esse é o céu do homem. Estar unido com tudo o que vive, voltar, num feliz esquecimento de si mesmo, ao todo da Natureza, este é o cume dos pensamentos e das alegrias, este é o sagrado cume da montanha, o lugar do repouso eterno onde a melodia perde o seu calor sufocante e o trono a sua voz, e o fervente mar se assemelha aos trigais ondulantes. Estar unido com tudo o que vive!" FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 8 No poeta romântico inglês William Blake (1757-1827), para o qual “tudo o que vive é sagrado”, encontramos um protesto veemente contra os efeitos nocivos da Revolução Industrial e da urbanização caótica, tendo a cidade de Londres como um dos seus polos iniciais: LONDRES Nas ruas por que passo, escrituradas, Onde o Tâmisa corre, escriturado, Vou reparando as faces maceradas, Que a aflição e a moléstia têm marcado. Em cada grito de Homem ou no grito Do Infante que de medo se lamente, Em cada voz ou em cada interdito, Ouço os grilhões forjados pela mente. Se grita o Limpador de chaminés, Se assusta cada Igreja em seus escuros; Quando suspira o Soldado, infeliz, O sangue tinge do Palácio os muros. Mas o que à meia-noite escuto mais É a meretriz lançar praga funesta, Que do Recém-Nascido estanca os ais E os funerais do Casamento empesta. (In: “Canções da experiência”, trad. Renato Sutanna) FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOSNÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 9 ) No século 20, nas diferentes filosofias de M. Heidegger (1889-1976) e de T. W. Adorno (1903- 1969), que, porém, têm em comum inegáveis contornos românticos, encontramos elementos para uma crítica da crescente instrumentalização da razão, da ciência e da técnica, separando-alienando o homem da natureza, sobre a qual exerce sua vontade de poder cegar e irrefreável, não separável da lógica do mercado capitalista. Temos aí precursores menos ou mais distantes do pensamento ecológico e que ainda podem inspirar reflexões a respeito, pensamento este se desenvolveria e tomaria delineamentos mais a partir de meados do século 20 e começo do século 21, assim como ganharia maior adesão e respeito entre instituições internacionais, governos e sociedade civil e divulgação dentro do espaço midiático. Naturalmente, não faz sentido a pretensão de querer voltar às formas primitivas, pré-capitalistas ou pré-modernas, de modelo de desenvolvimento, defendida ainda por alguns ecologistas puramente românticos e nostálgicos, estimagtizando o progresso tecnológico, científico e econômico pela destruição e degradação que tem provocado. Ora, a complexidade e interdependência das relações sociais, econômicas, políticas, culturais no mundo atual não permitem isso; o desafio atual é, então, conciliar modernização e preservação ambiental. Hoje muito se fala em “desenvolvimento sustentável”, o qual se fundaria em um tripé, a saber: eficiência econômica, conservação ambiental e equidade social (NASCIMENTO&VIANNA, 2007). A grande dificuldade reside em viabilizar, hoje, a junção satisfatória desses três elementos. Como conseguir a conservação ambiental mantendo-se intacto o modelo de alto consumo, FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 10 com seus impactos ambientais, dos países capitalistas desenvolvidos? Como promover um consumo sustentável e responsável? Como reduzir a emissão de poluentes e gases de carbono, sem prejudicar o crescimento econômico? Por outro lado, como ignorar as imensas desigualdades econômicas e sociais existentes entre os países do Norte e do Sul, e, por sua vez, dentro de cada país? Mas ainda que isto fosse possível, não será suicídio conjecturar que os países do Sul deveriam tentar conquistar um nível desenvolvimento dos países desenvolvidos? Para alguns, como o sociólogo Michael Löwy, de inspiração marxista, não haveria outra alternativa a não ser uma ruptura radical com o sistema capitalista e sua lógica de acumulação infinita e cega, a qual ele denomina de “ecossocialismo”: “O ecossocialismo é uma crítica, por um lado, do socialismo não ecológico, que foi a experiência fracassada soviética e de outros países, que do ponto de vista ecológico não representou nenhuma alternativa ao modelo ocidental. Pelo contrário, tratou de copiar o modelo produtivo do capitalismo ocidental. Ecossocialismo é uma crítica desse socialismo — ou pseudossocialismo — não ecológico, soviético, etc. Por outro lado, é uma crítica à ecologia não socialista, que acha que podemos ter um modelo alternativo de desenvolvimento nos quadros do capitalismo, do mercado capitalista. Do ponto de vista ecossocialista, achamos que isso é uma ilusão, pela própria dinâmica de expansão necessária ao capitalismo, de crescimento, que leva necessariamente a uma colisão com a natureza e com os equilíbrios ecológicos. O capitalismo sem crescimento, sem competição feroz entre empresas e países pelos mercados, é impossível e inimaginável. Temos no ecossocialismo, desse modo, uma crítica ao ecologismo de mercado. É uma crítica também, ou autocrítica, a certas concepções tradicionais na esquerda em geral, e no marxismo em particular, sobre o que é uma transformação socialista. Há uma visão clássica de que é preciso mudar as relações de produção — propriedade coletiva, em vez da privada — para permitir que as forças produtivas se desenvolvam, já que as relações de produção são um obstáculo ao livre desenvolvimento das forças produtivas. Mas não passa por aí. Primeiro, porque não é possível o desenvolvimento ilimitado das forças produtivas. E, em segundo lugar, porque pensar em uma transformação e em um modelo alternativo de desenvolvimento implica questionar não só as formas de propriedade e as relações de produção, mas as próprias forças produtivas, o próprio aparelho produtivo. Esse aparelho produtivo, criado pelo capitalismo ocidental, industrial, moderno, é incompatível com a preservação do meio ambiente, por sua matriz energética e por sua forma de funcionamento, que inclui o agronegócio, o uso de pesticidas, entre toda uma série de características que mostram que esse aparelho produtivo não serve. Temos que pensar em uma profunda transformação, não só das relações de produção, mas do aparelho FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 11 produtivo. Mas não é só isso: precisamos pensar em uma transformação do padrão de consumo. É insustentável o padrão de consumo do capitalismo moderno. Isso significa que seria necessária uma redução do consumo, mas para quem? Nem todo mundo tem que apertar o cinto, não é bem assim. Primeiro, é uma questão de desigualdade social. O consumo é dez ou cem vezes maior nos países avançados. Eles são os primeiros que têm que começar essa mudança. Segundo, há uma diferença enorme entre o consumo ostentatório das elites dominantes e o consumo das classes populares: uns comem feijão e milho e outros compram iates enormes, helicópteros, etc. Não é a mesma coisa. Não é o que come milho que vai ter que comer menos milho. É o que compra palácios de luxo que vai ter que reduzir drasticamente seu consumo ostentatório. Além disso, existe no capitalismo algo que se chama obsolescência planificada dos objetos de consumo. Dentro do capitalismo, os objetos de consumo já têm, em sua própria concepção, sua obsolescência prevista para o mais rápido possível. Todo mundo sabe que a geladeira de quarenta anos atrás durava quarenta anos, e as geladeiras de agora duram três anos. Isso é necessário: para o capital vender mais e mais geladeiras, produzir mais e mais, precisa ter uma duração muito menor. É parte do padrão produtivista e consumista, e também precisa ser modificado. Precisamos, portanto, de mudanças nas formas de propriedade, no aparelho produtivo, no padrão de consumo, no padrão de transporte. O atual modelo, baseado no carro individual para as pessoas e no caminhão para as mercadorias, é insustentável, até porque depende do petróleo. Por isso, precisamos pensar no desenvolvimento do transporte coletivo, no trem em vez do caminhão, entre outras medidas. Tudo isso vai configurando uma mudança bastante radical no padrão de civilização. Na verdade, a proposta ecossocialista, de um novo modelo de desenvolvimento mais além do produtivismo e do consumismo, coloca em questão o paradigmada civilização capitalista ocidental, industrial, moderna. É uma proposta bastante profunda. Precisamos pensar em um novo padrão de civilização, baseado em outras formas de produzir, consumir e viver. Essa é a discussão que está colocada.”(LÖWY, 2012) Apesar das polêmicas e incertezas, e da variedade de interpretações e leituras possíveis, parece pouco controverso que uma mudança – maior ou menor, mais ou menos radical- no nosso modo de vida e de relação com a natureza se faz urgente e imprescindível, e nesse sentido, a educação ambiental, com seu lastro ético e cidadão, é um elemento crucial dentro deste cenário. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 12 Bibliografia CIRNE-LIMA, Carlos Roberto Velho. Causalidade e auto-organização. In: http://www.cirnelima.org/beyond%20hegel-cirne-lima-causalidade.htm COSTA, José Silveira. Marx Scheler: o personalismo ético. SP: Moderna, 1996. DUBOS, René Jules. O Despertar da Razão: por uma ciência mais humana. SP: Melhoramentos/Edusp, 1972) GRÜN, Mauro. O conceito de holismo em ética ambiental e educação ambiental, pp. 45-50. In: Educação ambiental: pesquisa e desafios, Michèle Sato & Isabel Carvalho (orgs.). Porto Alegre: Artmed, 2005. LÖWY, Michael. Razões e estratégias do ecossocialismo, 2012.. In: http://www.outubrovermelho.com.br/2012/11/01/razoes-e-estrategias-do-ecossocialismo-michael-lowy/) MAGNAVITA, Alexey Dodsworth-. A filosofia para questões urgentes. In: Revista Filosofia: ciência & vida, Ano VI, edição 72, julho de 2002. NASR, Seyyed Houssein. O Homem e Natureza. RJ: Zahar, 1977. NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do & VIANNA, João Nildo. Dilemas e Desafios do Desenvolvimento Sustentável na Brasil. RJ: Garamond, 2007. Relatório Planeta Vivo 2012, WWF (Fundo Mundial para a Natureza), In: http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/relatorio_planeta_vivo_sumario_rio20_final.pdf FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 13 Módulo I: Educação Ambiental e Cidadania 1. O que é educação ambiental? O filósofo e educador Edgar Morin formulou os saberes necessários para uma educação do futuro (MORIN, s/d), os quais se dividem nestes aspectos, sem deixarem de se entrelaçar e interpenetrar: 1- conhecimento 2- conhecimento pertinente; 3- identidade humana; 4- compreensão humana; 5- incerteza; 6- condição planetária; 7- antropo-ético. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 14 Recortando aqui os aspectos 6 e 7, os quais, na realidade, não se separam dos demais: “O sexto aspecto é a condição planetária, sobretudo na era da globalização no século XX, que começou, na verdade no século XVI com a colonização da América e a interligação de toda a humanidade, esse fenômeno que estamos vivendo hoje em que tudo está conectado, é um outro aspecto que o ensino ainda não tocou, assim como o planeta e seus problemas, a aceleração histórica, a quantidade de informação que não conseguimos processar e organizar. Este ponto é importante porque estamos num momento em que existe um destino comum para todos os seres humanos, pois o crescimento da ameaça letal como a ameaça nuclear se expande em vez de diminuir, a ameaça ecológica, a degradação da vida planetária. Ainda que haja uma tomada de consciência de todos esses problemas, ela é tímida e não conduziu a nenhuma decisão efetiva, por isso, devemos construir uma consciência planetária. Conhecer o nosso planeta é difícil: os processos de todas as ordens, econômicos, ideológicos, sociais estão de tal maneira imbricados e são tão complexos que é um verdadeiro desafio para o conhecimento. Já é difícil saber o que acontece no plano imediato. Ortega y Gasset dizia: “Não sabemos o que acontece, isto é o que acontece”, é necessário uma certa distância em relação ao imediato para poder compreende-lo e atualmente em que tudo é acelerado e tu tudo é complexo, é quase impossível. Mas, é preciso mostrar, é esta a dificuldade; é necessário ensinar que não é suficiente reduzir a um só a complexidade dos problemas importantes do planeta como a demografia, ou a escassez de alimentos, ou a bomba atômica ou a ecologia.(...) Por outro lado, está se desenvolvendo a ética do ser humano com as associações não-governamentais, como os Médicos Sem Fronteiras, o Greenpeace, a Aliança pelo Mundo Solidário e tantas outras que trabalham acima de denominações religiosas, políticas ou de Estados nacionais assistindo aos países ou às nações que estão sendo ameaçadas ou em graves conflitos. Devemos conscientizar todos dessas causas tão importantes, pois estamos falando do destino da humanidade. Seremos capazes de civilizar a terra e fazer com que ela se torne uma verdadeira pátria?... Na minha opinião não temos que destruir disciplinas, mas temos que integrá-las, reuni-las uma as outras em uma ciência como as ciências estão reunidas, como, por exemplo, as ciências da terra, a sismologia, a vulcanologia, a meteorologia, todas elas, articuladas em uma concepção sistêmica da terra. Penso que tudo deve estar integrado, para permitir uma mudança de pensamento que concebe tudo de uma maneira fragmentada e dividida e impede de ver a realidade. Essas visão fragmentada faz com que os problemas permaneçam invisíveis para muitos, principalmente para muitos governantes. E, hoje, que o planeta já está ao mesmo tempo unido e fragmentado FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 15 começa a se desenvolver um ética do gênero humano para que possamos superar esse estado de caos e iniciar, talvez, a civilizar a terra.” A educação do futuro, assim tem, segundo Morin, entre outros aspectos, a necessidade de abarcar a condição planetária, a orientação ética (em escala universal), e a integração/reunião das disciplinas e saberes, superando a fragmentação e divisão. Nesse sentido, ela vai de encontro à educação ambiental, que, por assim dizer, será quase uma “metadisciplina”, perpassando e interligando as deamsi, de fundamental importância para o futuro. Mas o que, é afinal, a “educação ambiental”? É importante frisar: inexiste uma definição única e categórica de “educação ambiental”, encarada em seu viés tanto teórico quanto prático, conceito que foi sendo aprimorado ao longo do tempo e das discussões internacionais. Segundo MARCATTO (2002),vejamos: “...O Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975, definiu a Educação Ambiental como sendo um processo que visa: ‘(...) formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam’. No Capítulo 36 da Agenda 21, a Educação Ambiental é definida como o processo que busca: ‘(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)’ ‘A educação, seja formal, informal, familiar ou ambiental, só é completa quando a pessoa pode chegar nos principais momentos de sua vida a pensar por si próprio, agir conforme os seus princípios, viver segundo seus critérios’ (Reigota, 1997). De acordo com a Conferência de Tbilisi, ocorrida em 1977, na ex-União Soviética, Educação Ambiental tem como principais características ser um processo: FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 16 - Dinâmico integrativo: é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir, individual e coletivamente e resolver os problemas ambientais. - Transformador - possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitudes. Objetiva a construção de uma nova visão das relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao meio ambiente. A consolidação de novos valores, conhecimentos, competências, habilidades e atitudes refletirá na implantação de uma nova ordem ambientalmente sustentável. - Participativo: atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, estimulando-o a participar dos processos coletivos. - Abrangente: extrapola as atividades internas da escola tradicional, deve ser oferecida continuamente em todas as fases do ensino formal, envolvendo a família e toda a coletividade. A eficácia virá na medida em que sua abrangência atingir a totalidade dos grupos sociais. - Globalizador: considera o ambiente em seus múltiplos aspectos: natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, moral, ético e estético. Deve atuar com visão ampla de alcance local, regional e global. - Permanente: tem um caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as questões ambientais se dão de um modo crescente e contínuo, não se justificando sua interrupção. Despertada a consciência, ganha-se um aliado para a melhoria das condições de vida do planeta. - Contextualizador: atua diretamente na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua dimensão planetária (baseado no documento Educação Ambiental da Coordenação Ambiental do Ministério da Educação e Cultura, citado por Czapski, 1998).” Sobretudo no contexto brasileiro e latino-americano, quando falamos de “educação ambiental”, devemos pensar na “transversalidade” e também na “inter e transdisciplinaridade”, pois não se trata de uma disciplina específica e isolada (exceto no âmbito “ad hoc” de alguns cursos superiores e técnicos específicos), mas antes uma “dimensão” perpassando e atravessando as diversas disciplinas e áreas: FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 17 “Além dessas sete características da Educação Ambiental definidas pela Conferência de Tbilisi, existe uma oitava, recentemente incorporada entre as características que a educação ambiental formal deve ter no Brasil: - Transversal: propõe-se que as questões ambientais não sejam tratadas como uma disciplina específica, mas sim que permeie os conteúdos, objetivos e orientações didáticas em todas as disciplinas. A educação ambiental é um dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação e Cultura.” (MARCATTO, 2002) Aspectos da Educação Ambiental (Quadro) 1- Dinâmico e Integrativo 2- Transformador 3- Participativo 4- Abrangente 5- Globalizador 6- Permanente 7- Contextualizador 8- Transversal 1.1. Breve histórico da Educação Ambiental e alguns fatos relevantes ligados ao meio ambiente Algumas das datas e eventos mais importantes sobre meio ambiente e educação a ambiental, no Brasil e no mundo (FERREIRA, 2013, pp. 17-25): 1965: a expressão “Educação Ambiental” (Enviromental Education) foi usada na Conferência FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 18 de Educação da Universidade de Keele, Gra-Bretanha. 1972: realizada a Conferência de Estocolmo, estabelecendo alguns princípios norteadores para um programa internacional e planejado, sendo a Educação Ambiental, doravante, considerada um campo de educação pedagógica com relevância mundial. 1974: Seminário de Educação Ambiental em Jammi (Finlândia), no qual a EA foi reconhecida com educação integral e permanente 1975: Congresso de Belgrado, estabelecendo as metas e princípios da EA; no Brasil, é criada a Sema (Secretaria Especial de Meio Ambiente), a qual, entre outras atividades, abarcava a EA 1977: Conferência Intergovernamental sobre EA, em Tbilisi (ex-URSS), definindo os objetivos e estratégias, em âmbitos nacional e internacional, enfatizando-se o caráter interdisciplinar, ético e transformativo da EA, colocando-a como elemento crucial na educação global, em vista da resolução de problemas e do bem-estar humano. 1981: no Brasil, definida a Lei n. 6938/81, situando a EA como um dos princípios que garantiria a preservação e recuperação da qualidade ambiental favorável à vida, e que ela deveria ser oferecida em todos os níveis de ensino e em programadas voltados para a comunidade. 1987: Congresso Internacional sobre Educação e Formação relativas ao Meio Ambiente, em Moscou-Rússia, promovido pela Unesco, no qual foi frisada a urgência de formação prioritária de recursos humanos em EA formal e não-formal, afora a dimensão ambiental nos currículos nos vários níveis de ensino; no Brasil, o parecer 226/87 determinou a necessidade da inclusão da EA nos currículos de Primeiro e Segundo graus, além de recomendar a integração dos temas ambientaisà realidade local e a biunivocidade escola-comunidade como opção estratégica para a aprendizagem. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 19 1988: em Toronto, Canadá, é realizada a primeiro Conferência Mundial sobre Clima, reunindo a comunidade científica, alertando a necessidade de redução dos gases-estufa, e a ONU cria o Painel Intergivernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para avaliação dos riscos das mudanças climáticas em função das ações antrópicas; no Brasil, a Constituição Federal estabeleceu a EA como competência do poder público e sua promoção em todos os níveis de ensino, afora a conscientização pública para a preservação ambiental. 1989: criação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), no qual começou a funcionar a área de Educação Ambiental. 1992: no Brasil, a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92), da qual resultou documentos importantes, como o Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis, a Carta Brasileira de Educação Ambiental e a Agenda 21, formando um compromisso da sociedade civil em função de um desenvolvimento mais equilibrado e humano, além de enfatizada a necessidade de capacitação em recursos humanos para a EA e um rol de propostas e ações para os anos subsequentes; neste ano também se deu a criação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), iniciando-se um o desenvolvimento de políticas públicas. 1994: aprovação do ProNEA (Programa Nacional em Educação Ambiental), prevendo ações no âmbito de EA formal e não-formal, cumprindo recomendações da Agenda 21; sua reorganização e reformulação ocorreria em 2004. 1997: Conferência das Partes 3 (COP-3), onde a comunidade internacional afirmou, a despeito das divergências dos EUA (que abandonaria em definitivo o Protocolo no ano de 2000) e União Europeia, o Protocolo de Kyoto, sugerindo a redução dos gases-estufa pelos países signatários, com metas para essa redução; em 2005, no COP11, seria negociado um novo acordo pós-Kyoto, se coadunando com a nova realidade mundial, e considerando-se que China, Índia e Brasil se tornaram grandes emissores de CO2. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 20 1997-1998: no Brasil, edição dos PCN’s (Parametros Curriculres Nacionais) para o Ensino Fundamental, tendo o Meio Ambiente como um dos temas transversais; em Brasília, a I Conferência Nacional de Educação Ambiental. 1998: Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade, em Tessaloniki, Grécia, onde que se reconheceu que, após cinco anos da Rio-92, as ações em EA foram deficitárias. 1999: Lei n. 9.795/99, que dispôs sobre a EA, insistiu a Política Nacional de Educação Ambiental e definiu as diretrizes para a inclusão dessa temática no ensino formal. 2000: Cúpula do Milênio, organizada pela ONU, em que os chefes de Estado e de governo presentes firmavam metas para enfrentarem, juntos, aos vários problemas concernentes ao Terceiro Mundo (guerras, direitos humanos violados, degradação ambiental, epidemias, fome, concentração de renda, crimes, etc.), formulando a “Declaração do Milênio”, com metas para serem atigindas até 2015. 2002: criação do Decreto n. 4281, regulamentando a Lei n. 9.795/99 e instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental, a ser executada pelos órgãos do Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente), afora instituições educacionais privadas e públicas e pelas entidades públicas, ONG’s, meios de comunicação, etc.; o artigo Vo desse Decreto incluía a EA em todos níveis e formas de ensino, e sugeria os PCN’s como referencial, propondo a integração disciplinar da EA de maneira transversal e contínua. 2003/2005/2006/2009: no Brasil, pelas iniciativas do MEC e do MMA, foram realizadas as Conferências Nacionais Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente (CNIJMA), envolvendo milhares de escolas e milhões pessoas pelo país; a II Conferência redigiu e entregou às autoridades “Carta das Responsabilidades Vamos Cuidar do Brasil”. 2009: a Cúpula da ONU sobre Mudança Climática (COP-15) termina sem um acordo unânime FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 21 e mais claro a respeito dos problemas ambientais e as mudanças climáticas, frustrando as expectativas; o Brasil lança o Plano Nacional de Mudança do Clima (PNMC), com metas para redução do desmatamento, e também apresenta o Fundo Amazônia, buscando recursos para projetos de combate ao desmatamento e para a sustentabilidade amazônica. 1.2. Concepções e Correntes da Educação Ambiental Segundo Claudia Elisa A. Ferreira (FERREIRA, 2013, p. 15), temos três concepções básicas da Educação Ambiental, refletidas em cursos, materiais e linhas de ação, as quais, naturalmente, não têm delineamentos tão claros entre si: (A) Conservadora: parte de um ideário romântico, inspirador do movimento preservacionista do século 19, no qual os liames afeitos de união com a natureza implicariam em bem-estar e equilíbrio emocional, valorização e proteção ambientais. Remetendo a certo retorno ao primitivo, teria uma abordagem limitada, enfocando apenas o homem como destruidor do ambiente, e pouco as questões sociais e políticas intra-humanas (ecologia social). (B) Pragmática: focada na ação, na resolução de problemas e na formulação de normas, busca formas de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e manejo sustentável dos recursos naturais, enfatizando a dimensão individual e (ao menos no discurso) cidadã na mudança comportamental, vendo a urgência, a curto prazo, em atitudes práticas e efetivas. (C) Crítica: encara de modo complexo a relação homem-natureza, postulando que aquele pertence à rede de relações da vida social, natural e cultural e interage com ela, privilegiando a dimensão política da questão ambiental, criticando o modelo econômico vigente e insistindo no papel da sociedade civil na busca coletiva de mudanças sociais. No aspecto teórico e epistemológico, por sua vez, é preciso reconhecer que temos uma gama enorme de tendências ou “correntes” dentro da Educação Ambiental, em sentido lato. Adiante um quadro sintético elaborado por Lucie Sauvé, o qual, evidentemente, não esgota o assunto: FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 22 Correntes Concepções de meio ambiente Objetivosda EA Enfoques Dominantes Exemplos de estratégias Naturalista Natureza Reconstruir uma ligação com a natureza Sensorial Experiencial Afetivo Cognitivo Criativo/Estético Imersão Interpretação Jogos sensoriais Atividades de descoberta Conservacionista/ Recursionista Recurso Adotar comportamentos de conservação. Desenvolver habilidades relativas à gestão ambiental. Cognitivo Pragmático Guia ou código de comportamentos; “Auditoria” ambiental Projeto de gestão e conservação Resolutiva Problema Desenvolver habilidades de resolução de problemas (RP): do diagnóstico à ação Cognitivo Pragmático Estudos de casos: análise de situações problema Experiência de RP associada a um projeto Sistêmica Sistema Desenvolver o pensamento sistêmico: análise e síntese para uma visão global. Compreender as realidades ambientais, tendo em vista decisões apropriadas. Cognitivo Estudo de casos: análise de sistemas ambientais. Científica Objeto de estudos Adquirir conhecimentos em ciências ambientais. Desenvolver habilidades relativas à experiência científica Cognitivo Experimental Estudo de fenômenos Observação Demonstração Experimentação Atividade de pesquisa hipotético-dedutiva Humanista Meio de vida Conhecer seu meio de vida e conhecer- se melhor em relação Sensorial Cognitivo Afetivo Estudo do meio Itinerário ambiental Leitura da paisagem FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 23 a ele Experimental Criativo/Estético Moral/Ética Objeto de valores Dar prova de ecocivismo. Desenvolver um sistema ético. Cognitivo Afetivo Moral Análise de valores Definição de valores Crítica de valores sociais Holística Total Todo Ser Desenvolver as múltiplas dimensões de seu ser em interação com o junto de dimensões do meio ambiente. Desenvolver um conhecimento ‘orgânico’ do mundo e um atuar participativo em e com o meio ambiente Holístico Orgânico Intuitivo Criativo Exploração livre Visualização Oficinas de criação Integração de estratégias complementares Biorregionalista Lugar de pertença Projeto comunitário Desenvolver competências em ecodesenvolvimento comunitário, local ou regional Cognitivo Afetivo Experiencial Pragmático Criativo Exploração do meio Projeto comunitário Criação de ecoempresas Práxica Cadinho de ação- reflexão Aprender em, para e pela ação. Desenvolver competências de reflexão. Práxico Pesquisa-ação Crítica Objeto de transformação, Lugar de emancipação Desconstruir as realidades socioambientais visando transformar o que causa problemas Práxico Reflexivo Dialogístico Análise de discurso Estudo de casos Debates Pesquisa-ação Feminista Objeto de solicitude Integrar os valores feministas à relação com o meio ambiente Intuitivo Afetivo Simbólico Espiritual Criativo/Estético Estudos de caso Imersão Oficinas de criação Atividades de intercâmbio, de comunicação Etnográfica Território Reconhecer a Experiencial Contos, narrações e lendas FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 24 Lugar de identidade Natureza/Cultura estreita ligação entre natureza e cultura. Aclarar sua própria cosmologia. Valorizar a dimensão cultural de sua relação com o meio ambiente. Intuitivo Afetivo Simbólico Espiritual Criativo/Estético Estudos de casos Imersão Modelização Ecoeducação Polo de interação para a formação pessoal Cadinho de identidade Experimentar o meio ambiente para experimentar-se e formar-se em e pelo meio ambiente. Construir uma melhor relação com o mundo. Experiencial Sensorial Intuitivo Afetivo Simbólico Criativo Relato de vida Imersão Exploração Introspecção Escuta sensível Alternância subjetiva/objetiva Brincadeiras Projeto de desenvolvimento sustentável Recursos para o desenvolvimento econômico. Recursos compartilhados Promover um desenvolvimento econômico respeitoso dos aspectos sociais e do meio ambiente. Contribuir para esse desenvolvimento. Pragmático Cognitivo Estudos de casos Experiência de resolução de problemas Projeto de desenvolvimento de sustentação e sustentável. (SAUVÉ, 2005, pp. 40-42) 2.2. Ações Ambientais e Cidadãs no âmbito escolar Afora temas mais clássicos, como passeios e projetos ecológicos (visita a reservas ecológicas, estações, quilombolas, reservas indígenas, etc.) e a revitalização do ambiente escolar (plantio de árvores, etc.), vamos aqui algumas atividades que conjugam educação ambiental e cidadania. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 25 A- Reciclagem nas escolas “Atividades. 1. Elabore com a classe um projeto de disposição de lixo para a sua cidade. Divida o trabalho em etapas. Primeiro, levante na prefeitura os seguintes dados locais: composição dos detritos (proporção de matéria orgânica, papel, vidro, plástico, metal etc.), produção por habitante, população total, número de casas atendidas pela coleta, formas de disposição de lixo e custos do poder público para realizar o processo. De posse dessas informações, peça aos estudantes que avaliem os riscos ambientais apresentados pela situação atual e que proponham soluções para o problema. Atente para as idéias simplistas, imediatistas e/ou inviáveis. Mostre à turma que certas estratégias ultrapassam o âmbito técnico, envolvendo aspectos políticos e financeiros. Após as fases de elaboração e correção, exponha os projetos para as outras turmas e - por que não? - para a comunidade. 2. Incentive os alunos a criar um plano de coleta seletiva do lixo na escola, visando à reciclagem. O exercício inclui a criação de uma campanha para conscientizar os colegas da importância de se jogar papéis na lata azul, plásticos na vermelha, metais na amarela e vidros na verde. Recipientes diferenciados devem comportar o material orgânico. A classe perceberá como é difícil mudar hábitos coletivos, mas terá uma oportunidade sem igual de exercer sua cidadania.”(MARTINS, s/d) B- Mediação Ambiental (níveis de poluição) Algumas escolas em São Paulo, Porto Alegre, Baixada Fluminense etc., já têm realizado medições ambientais nas suas localidades.Os alunos, com equipamentos como decibilímetro (medidor de ruídos), o medidor de monóxido de carbono (CO) e o papel de tornassol (medidor da acidez da água), têm quantificado a poluição sonora, a emissão de poluentes dos carros e a chuva ácida em seus bairros. Esta atividade pode contribuir não só para um aprendizado muito mais efetivo e prático sobre a poluição, mas inclusive pode contribuir com a comunidade, na medida em que os alunos podem notificar os órgãos e autoridades a respeito da poluição, e participarem de campanhas a respeito. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 26 C- Moradia, saneamento básico, transporte (coletivo) etc. O Brasil, sabidamente, tem graves problemas na área de moradia, saneamento básico e transporte, sobretudo nas grandes cidades. Conforme a realidade e a demanda locais, os alunos podem não só participarem de aulas e discussões teóricas a respeito desses problemas, e sim contribuir concretamente na sua solução ou busca de solução, se aliando com a comunidade, em prol de notificar e pressionar as autoridades públicas a respeito. (Laerte Coutinho) Em várias cidades do país, vimos em junho de 2013 várias mobilizações políticas e sociais, com grande presença de estudantes do ensino médio e superior, das mais diversas classes sociais, e muitos desses atos tinham como demanda a questão do serviço público de transporte. Na cidade de São Paulo, através da articulação do Movimento Passe Livre (MPL), a prefeitura foi pressionada, após várias manifestações e protestos dentro desse ciclo de manifestações, a baixar a tarifa do transporte coletivo de ônibus, após uma tentativa de aumento. O preço elevado não se coaduna com a qualidade do serviço oferecido por empresas privadas e subsidiadas pelo governo, segundo os cidadãos mobilizados. Quem mora na cidade de São Paulo, pode, por exemplo, discutir o recente projeto da prefeitura paulista, que, em 2013, instalou uma faixa de ônibus específica nas vias, tentando FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 27 desafogar o trânsito e privilegiar o transporte público. Conforme notícia do Jornal “O Estado de São Paulo” (06/09/2013): “SÃO PAULO - A cidade de São Paulo deve alcançar, na semana que vem, a marca de 150 km de faixas exclusivas de ônibus à direita, uma meta de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT), informou nesta sexta-feira, 6, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Com a inauguração desse mecanismo em mais sete avenidas das zonas leste, norte e sul, mais 9,9 quilômetros de faixas só para os coletivos começam a funcionar na segunda-feira, 9. Desse lote, a Avenida Ragueb Chohfi, na zona leste, terá, proporcionalmente, a maior quantidade de quilômetros de faixas exclusivas. Serão 3,5 km, entre a Avenida Aricanduva e a Rua Bento Guelfi. Segundo a CET, nessa via só poderão trafegar ônibus na faixa da direito dos dois sentidos de segunda a sexta-feira das 6h às 9h e das 17h às 20h. Outra avenida da região, a Amador Bueno da Veiga, na Penha, ganhará faixas exclusivas totalizando 1,3 km. No sentido centro, elas vigorarão das 6h às 9h. Ela vai da Avenida São Miguel até a Rua Enéas de Barros. No sentido bairro, o mecanismo valerá das 17h às 20h, entre a Praça Dona Micaela Vieira e a Rua Francisco Coimbra. Outro trecho nesse sentido icará entre as Ruas Embiruçu e Evans. Na Avenida Nordestina, serão, no total, 1,2 km de faixas exclusivas. Elas ficarão em trechos de 600 metros cada um. O primeiro, entre a Avenida Marechal Tito e a Praça do Forró. O outro, da Rua Coleirinha à Manuel da Silva Leão. Os dois vão funcionar entre 17h e 20h, de segunda a sexta-feira. A zona sul de São Paulo também receberá novas faixas a partir de segunda-feira. Na Rua Pedro de Toledo, na Vila Mariana, serão 500 metros do dispositivo entre a Rua dos Otonis e a Avenida Professor Ascendino Reis. Essa faixa vai operar, de segunda a sexta-feira, entre 6h e 22h. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 28 No Ipiranga, a Avenida Dom Pedro 1.º terá faixa exclusiva de 900 metros de extensão, entre as Ruas da Independência e Mariano Procopio. No sentido centro, ela vai ser ativada das 6h às 9h e, no contrário, entre 17h e 20h, somente em dias úteis. Ali perto, a Rua Clímaco Barbosa, no Cambuci, terá 1,1 km de faixa exclusiva de ônibus à direita entre a Rua Independência e o Largo do Cambuci. A faixa estará ativa das 6h às 9h, de segunda a sexta-feira. Motoristas na Avenida Imirim, na zona norte da capital, passarão a ter que respeitar a faixa de ônibus à direita em 1,4 km da via entre a Rua Quirinópolis ea Praça Lions Clube. No sentido centro, o mecanismo funcionará entre 6h e 9h. E das 17h às 20h, no rumo oposto, ao bairro. Em ambos os casos, a proibição irá de segunda a sexta-feira. Meta. Agora, a Prefeitura planeja abrir mais 70 km de faixas, totalizando 220 km desse mecanismo por toda a cidade até o fim de 2013. O objetivo inicial era que os 150 km originais fossem abertos até o fim da gestão Haddad, em 2016. Especialistas em transportes sustentam que as faixas exclusivas são uma opção paliativa para resolver o problema do deslocamento dos ônibus em São Paulo. Para eles, a velocidade e a pontualidade dos coletivos só irá melhorar de fato com a abertura de corredores de ônibus à esquerda e totalmente segregados dos automóveis. Assim, o deslocamento dos ônibus se tornará mais eficiente, diminuindo a superlotação extrema nos horários de pico. A gestão do petista promete construir 150 km desses corredores de ônibus até 2016. Atualmente, existem 130 km de corredores nas vias paulistanas. Multa. Quem invade a faixa de ônibus comete infração leve, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e corre o risco de pagar multa de R$ 53,20 e perder três pontos na carteira de habilitação. A CET não informou, contudo, se a fiscalização nessas faixas começará na própria segunda-feira.” FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 29 Será que é algo que irá funcionar e ajudar o trânsito paulistano? Esta é uma discussão atual e muito pertinente a ser feita com os alunos, tendo em si vários desdobramentos, como a questão do mercado e consumo privado de automóveis. 4- Agrotóxicos e Consumo sustentável Como pontapé para um trabalho escolar a respeito destes temas, vamos sugerir alguns documentários –que revelam um posicionamento ideológico anticapitalista-, os quais podem ser assistidos e discutidos pelos alunos (sobretudo os do Ensino Médio) em seus prós e contras, antes do planejamento eventual de alguma ação ou projeto temáticos. Documentário I: O Veneno está na Mesa. Origem: Campanha permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. Direção: Sílvio Tendler. Sinopse: “O Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública. O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A ideia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio.” Link no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg Documentário II: Surplus Direção: Erik Gandini FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 30 Sinopse: “Documentário mostra o lado obscuro dos regimes capitalista e socialista. Surplus, uma produção de 2003 do diretor Erik Gandini, mostra uma realidade cada vez mais aterrorizante que está totalmente banalizada nos dias de hoje. A de que o homem transformou-se em uma máquina de consumo e ganância que está destruindo o mundo e o tornando cada vez mais afásico e amoral. Erik Gandini nos apresenta um filme bastante intrigante no qual ele usa de uma estética diferente e moderna, com imagens e sons que praticamente transformam o filme em um vídeo- clipe, tornando-o visualmente interessante o que prende a atenção das pessoas, principalmente o público jovem, para que a mensagem seja apresentada de uma forma objetiva e clara desta situação da sociedade contemporânea.” Link no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=lqeXYsv1Wyw Documentário III: Paredes de Vidro (*cenas fortes) Sinopse: No vídeo "Glass Walls" (Paredes de Vidro), produzido pela PETA, [o músico] Paul McCartney expõe de forma detalhada e contundente a indústria de carnes, ovos e leite. Link no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=9KndhCqrIdc Bibliografia FERREIRA, Claudia Elisa Alves Ferreira. O meio ambiente na prática de escolas públicas da FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 31 rede estadual de São Paulo: intenções e possibilidades. Jundiaí: Paco Editorial, 2013. JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. In: Cadernos de Pesquisa, n. 118, pp. 189-205, março de 2003. Disponível in: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf MARCATTO, Celso. Educação Ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: Feam, 2002. In: http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Educacao_Ambiental_Conceitos_Principios.pdf MARTINS, Jose Manoel. Lixo reciclado, planeta bem tratado. Revista Nova Escola, s/d. Disponível in: http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/lixo-bem-tratado-planeta-reciclado- 427421.shtml MINC, Carlos. Ecologia e cidadania. São Paulo: Moderna, 2005. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro, s/d, In: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf SAUVÉ, Lucie. Uma cartografia das correntes em educação ambiental, In: Educação Ambiental: pesquisa e desafios, Michèle Sato & Isabel Carvalho. Porto Alegre: Artmed, 2005, pp. 17-44. SOMMERMAN, Américo. Inter ou transdisciplinaridade?. São Paulo: Paulus, 2006 ANEXO (CARTA DA TERRA) “A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 32 interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação. A Carta da Terra se preocupa com a transição para maneiras sustentáveis de vida e desenvolvimento humano sustentável. Integridade ecológica é um tema maior. Entretanto, a Carta da Terra reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico equitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. Consequentemente oferece um novo marco, inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável. A Carta da Terra é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto da Carta da Terra começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos. A redação da Carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais. À luz desta legitimidade, um crescente número de juristas internacionais reconhece que a Carta da Terra está adquirindo um status de lei branca (soft law). Leis brancas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos são consideradas como moralmente, mas não juridicamente obrigatórias para os Governos de Estado, que aceitam subscrevê-las e adotá-las, e muitas vezes servem de base para o desenvolvimento de uma lei stritu senso (hard law). Neste momento em que é urgentemente necessário mudar a maneira como pensamos e vivemos, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um melhor caminho. Alianças internacionais são cada vez mais necessárias, a Carta da Terra nos encoraja a buscar aspectos em comum em meio à nossa diversidade e adotar uma nova ética global, partilhada por um número crescente de pessoas por todo o mundo. Num momento onde educação para o desenvolvimento sustentável tornou-se essencial, a Carta da Terra oferece um instrumento educacional muito valioso.” “O texto da Carta da Terra PREÂMBULO Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOSNÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 33 seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações. TERRA, NOSSO LAR A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. A SITUAÇÃO GLOBAL Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. DESAFIOS FUTUROS A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 34 RESPONSABILIDADE UNIVERSAL Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza. Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada. PRINCÍPIOS I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA 1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade. 2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum. 3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 35 Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável. 4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo. II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA 5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma
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