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Contratos Bancários Ações Revisionais Abrahão Nascimento dos Santos 2016.

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Prévia do material em texto

Abrahão Nascimento dos Santos 
Advogado. Bacharel em Direito pela Faculdade Brasileira de 
Ciências Jurídicas. Pós-graduando em Direito Processual 
Civil pela Universidade Cândido Mendes. Especialista em 
Direito do Consumidor, com ênfase na área bancária e 
planos de saúde. Especialista em Direito e Processo do 
Trabalho. Autor de artigos jurídicos. 
Contatos 
Facebook: abrahao.adv 
Youtube: Abrahão Nascimento 
E-mail: cursos.nascimento@hotmail.com
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
1 
Sumário 
Introdução ............................................................................................ 04 
Capítulo I 
Teoria Geral dos Contratos Bancários ........................................ 06 
1. Noções gerais .................................................................................... 06 
1.1. Dos juros ..........................................................................................07 
1.2. Períodos dos contratos: adimplência e inadimplência .14 
Capítulo II 
Análise da viabilidade da ação revisional 
2. Revisão dos contratos após RE 592377/RS ....................... 24 
Capítulo III 
Das teses comuns a todas as ações revisionais ...................... 35 
3. Introdução ......................................................................................... 35 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
2 
 3.1. Da declaração incidental de inconstitucionalidade .... 36 
3.2. Decreto Lei 22.626/33 e Súmula 121 do STF ................ 41 
Capítulo IV 
Contratos em espécie e teses específicas ................................. 46 
4. Introdução ......................................................................................... 46 
4.1. Financiamento de veículos com alienação fiduciária . 47 
4.2. Defesa em busca e apreensão ............................................... 49 
4.3. Contratos de financiamento imobiliário com cláusula 
resolutiva ............................................................................................... 54 
4.4. Empréstimo consignado. Limite de cheque especial. 
Cartão de crédito ................................................................................. 58 
Capítulo V 
Taxas cobradas indevidamente nos contratos ...................... 65 
5. Introdução ......................................................................................... 65 
5.1. Tarifa de cadastro. Taxa de abertura de crédito. Tarifa 
de emissão de carnê .......................................................................... 65 
5.2. Serviços de terceiros ................................................................. 70 
5.3. Registro de contrato. Tarifa de avaliação do bem ........ 76 
5.4. IOF (Imposto sobre Operações financeiras) ................... 78 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
3 
Capítulo VI 
Análise de caso concreto 
6. Prática em contrato de financiamento ................................. 84 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
4 
Introdução 
Este trabalho não visa ser um manual que 
descreva de forma pormenorizada todas as facetas dos 
contratos bancários. 
Devido à complexidade do tema, é certo que seu 
aprendizado demanda tempo de estudo e dedicação. 
Todavia, estamos certos de que o presente 
concederá os meios necessários para a obtenção de ótimos 
resultados nas demandas contra instituições financeiras. 
Afirmo que este material surgiu de uma 
necessidade pessoal. Iniciei a advocacia contra bancos 
atuando em defesas de busca e apreensão e revisão de 
financiamento. Confesso que encontrei enorme dificuldade. 
Dificuldade oriunda da inexistência do estudo do tema no 
currículo das faculdades. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
5 
Passei, então, a mergulhar no assunto. Aprendi e 
agora quero repassar o que me foi ensinado. 
Afinal, esta é uma área lucrativa, com bastante 
demanda e pouquíssimos profissionais especializados. Não 
é raro clientes no escritório dizendo que suas demandas 
foram recusadas por diversos profissionais. E por quê? 
Porque não conhecem o caminho para o êxito. 
Aqui, apresento a vocês, de uma forma objetiva, 
de rápida leitura, um guia prático que os conduzirão ao 
debate alicerçado na técnica. 
Bons estudos. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
6 
Capítulo I 
Teoria Geral dos Contratos bancários 
1. Noções gerais
Iniciamos aqui o que denominamos, para fins 
didáticos, de Teoria Geral do Contrato Bancário. 
A fim de informar o leitor, é importante ressaltar 
que existe grande tendência do Judiciário em julgar 
improcedentes as ações revisionais propostas. 
Deste fato surge a extrema necessidade de 
tratarmos do assunto, inclusive nas petições, com a máxima 
simplicidade possível, alavancando a possibilidade de êxito. 
O fracasso, na maioria das vezes, é fruto da falta 
de conhecimento básico em relação à matéria aqui estudada. 
Julgo necessário mencionar, uma vez que este 
trabalho tem cunho eminentemente prático, que a ação 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
7 
revisional é o caminho mais curto para o início das 
negociações com a financeira visando a quitação do bem ou 
a concretização de acordo benéfico ao cliente. 
Assim, este item visa introduzir o leitor na 
matéria, apresentando os conceitos básicos que servirão de 
norte para a compreensão dos contratos em espécie. Os 
temas desenvolvidos neste tópico são aplicáveis a todas as 
espécies de contratos. 
Como dito acima, o objetivo não é esgotar a 
matéria. Contudo, entendemos que sem a noção básica de 
tudo quanto será explanado, é impossível advogar, com 
segurança, na seara da revisão dos contratos de 
financiamentos. 
1.1. Dos juros 
Antes de continuarmos, entendemos que 
necessária a compreensão do instituto denominado juros, 
uma vez que objeto central do nosso estudo. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
8 
Os juros, nos termos do art. 92 do Código Civil 
encontra-se na classe dos frutos civis, como rendimento de 
capital, sendo coisa acessória. 
Art. 92. Principal é o bem que existe 
sobre si, abstrata ou concretamente; 
acessório, aquele cuja existência supõe 
a do principal. 
Algumas classificações são de extrema 
importância: a) conforme a destinação, podem ser divididos 
em juros compensatórios ou moratórios; b) de acordo com a 
origem, temos os juros legais e convencionais. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 
(Obrigações, pág. 614) definem juros compensatórios, 
também chamados remuneratórios, como aqueles que 
“objetivam remunerar o capital emprestado no período em 
que o seu titular dele ficou privado”. 
Adiantamos que não existe limite para a cobrança 
dos juros remuneratórios/compensatórios. Assim, está 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
9 
superada a tese antigamente discutida de que os juros 
devem ser fixados no patamar de 1% ao mês. 
Esta tese estava baseada na antiga redação do art. 
192 da Constituição Federal, que em seu parágrafo 3° dizia: 
§ 3º - As taxas de juros reais, nelas
incluídas comissões e quaisquer outras 
remunerações direta ou indiretamente 
referidas à concessão de crédito, não 
poderão ser superiores a doze por 
cento ao ano; a cobrança acima deste 
limite será conceituada como crime de 
usura, punido, em todas as suas 
modalidades, nos termos que a lei 
determinar. 
Com a Emenda Constitucional de número 
40/2003, este dispositivo foi retirado da Carta Magna, 
tornando-se inócua a discussão sobre a possibilidadeou não 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
10 
de juros superiores a 1% ao mês, motivo pelo qual 
aconselhamos que tal pedido não seja formulado. 
Os eminentes autores conceituam juros 
moratórios como “uma indenização para o inadimplemento 
no cumprimento da obrigação de restituir pelo devedor 
(Obrigações, pág. 615)”. 
Juros convencionais, regra geral, são os 
estipulados no título executivo, como os praticados pelas 
instituições financeiras. 
Os Juros legais encontram-se expressamente 
referidos nas normas. Exemplos: artigos 406, 591, 677 e 706, 
todos do Código Civil. 
Não podemos deixar de explicar a diferença 
existente entre juros efetivos e juros nominais, elementos 
presentes em todos os contratos de financiamentos. 
Juros efetivos: Nos contratos, além 
do valor do crédito concedido, 
existem diversas outras taxas, tais 
como: Taxa de cadastro, taxa de 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
11 
abertura de crédito, IOF, serviços de 
terceiros, dentre outros. Esses valores 
são somados ao do empréstimo, 
aumentando, assim, o “valor 
financiado”. A taxa de juros efetiva é 
calculada com base no valor total 
(crédito mais taxas). 
Juros nominais: A taxa de juro 
nominal é calculada com base no valor 
do crédito concedido, unicamente. 
O consumidor adquiriu empréstimo no 
valor de R$ 15.000,00. Com todas as demais 
taxas, chega-se a R$ 18.000,00. Os juros 
nominais são de 3% e serão calculados com 
base no valor do empréstimo (R$ 
15.000,00). Os juros efetivos ficaram em 
3.7% e serão calculados com base no valor 
total (R$ 18.000,00). 
Exemplo 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
12 
Com o intuito de facilitar ainda mais a 
compreensão da matéria, ressaltamos que não devemos 
confundir Método ou 
Sistema de Amortização 
do Saldo Devedor com 
Regime de Juros. 
Existem apenas dois 
regimes a que estão submetidos os juros remuneratórios: 
Simples e Composto. 
Simples: O regime de juros será 
simples quando o percentual de juros 
incidir apenas sobre o valor principal 
(parcela). Sobre os juros gerados a 
cada período não incidirão novos 
juros. 
Composto: Os juros gerados a cada 
período são incorporados ao principal 
para o cálculo dos juros do período 
seguinte. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
13 
Por outro lado, vários são os métodos de 
amortização disponíveis. Apenas para citar alguns: Price 
(mais usado pelas financeiras), SAC, SACRE, Gauss (este 
método utiliza o regime simples). 
Pela metodologia adotada no presente curso, não 
cabe a explicação pormenorizada de casa método, até 
porque os cálculos devem ser realizados por pessoa 
devidamente habilitada para tanto, como contador ou 
matemático. Cabe-nos a discussão do Direito e não da 
matemática. 
Apenas devemos saber que na defesa de nossos 
clientes iremos utilizar um dos sistemas que adotem o 
regime simples. 
Vale a lembrança de que as atividades bancárias 
devem servir aos interesses da coletividade e o sistema deve 
ser equilibrado, como determina o art. 192 da Carta Maior. 
Com aplicação do regime composto, somente são 
atendidos os interesses do banco, que lucra de maneira 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
14 
desproporcional, prejudicando o consumidor
hipossuficiente. 
1.2. Períodos dos contratos: adimplência e 
inadimplência 
A partir de agora, passamos a dividir o 
desenrolar do contrato em dois momentos: período de 
adimplência e período de inadimplência. 
Não restam dúvidas de que o interesse maior dos 
clientes em relação à propositura de ações revisionais é no 
IMPORTANTE: É comum a utilização do termo 
CAPITALIZADO para indicar a incidência de juros 
compostos. Tecnicamente, tal terminologia é incorreta. 
Nos juros simples também há capitalização. Porém esta 
ocorre de forma simples. 
Assim, o correto é adotarmos os termos “regime 
composto” ou “regime simples”. 
Na prática forense, todavia, é comum utilizar como 
sinônimos os termos “juros capitalizados” e “juros 
compostos”. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
15 
período de inadimplência. Todavia, como será demonstrado, 
é possível, no período de adimplência, discussão de diversos 
aspectos dos contratos. 
Sabemos que no momento em que o empréstimo 
é contratado, o consumidor compromete-se a restituir o 
crédito concedido (capital), de maneira que a instituição 
financeira, além do valor concedido, obtenha lucro. Este 
lucro é provisionado através dos juros, como vimos. 
Aqui, estamos diante do período de 
normalidade/adimplência do contrato. Os juros 
estipulados são os remuneratórios. 
Estando o pagamento das prestações em dia, 
resta-nos discutir unicamente a aplicação dos juros 
sobre juros, que consideramos ilegais, como se verá, 
assim como a devolução das taxas indevidamente 
cobradas. Taxas estas que são objeto de estudo deste 
material em tópico adiante. 
É possível reduzir de 30 a 35% o valor da 
prestação nestes casos. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
16 
 Ultrapassada a fase do estudo do contrato em 
sua fase de adimplemento, passemos à análise da fase de 
inadimplemento, mais importante e com diversas práticas 
ilegais, motivo pelo qual deve ser esmiuçada. 
Como vimos, ainda que todas as parcelas estejam 
sendo pagas na forma contratada, é cabível ação para revisão 
dos juros considerados por nós como abusivos. 
Todavia, é com o inadimplemento que os valores 
se tornam ainda mais exorbitantes, inviabilizando, muitas 
das vezes, o pagamento por parte do consumidor. 
 Assim, deixando o consumidor de pagar as 
parcelas, não importando, neste momento, os motivos, 
juntamente com os juros remuneratórios, são aplicados 
diversos encargos de mora, que têm a função de punir o 
inadimplente. 
Elencamos abaixo os principais encargos que 
são cobrados e informamos como devem ser aplicados: 
Correção monetária do saldo 
devedor: O dinheiro tende a se 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
17 
depreciar, o que acontece devido à 
inflação. A correção monetária visa 
manter seu real valor econômico. Ou 
seja, não serve para gerar lucro, mas 
para evitar perda. 
Multa: A multa cobrada não pode 
ultrapassar o limite de 2% sobre o 
valor da parcela. 
Juros moratórios: Não pode superar 
1% ao mês, nos termos da Súmula 379 
do STJ. 
OBS: O juro moratório tem natureza 
jurídica diversa do juro 
remuneratório. Enquanto este tem 
por finalidade remunerar aquele que 
“emprestou” dinheiro, aquele tem por 
fim punir o devedor pelo não 
cumprimento do contrato. Assim, 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
18 
pode haver cobrança simultânea de 
juros remuneratórios e juros 
moratórios. 
Comissão de permanência: Não tem 
sua origem em dispositivo legal. É 
fruto de autorização do Banco Central. 
Surgiu para controlar a inflação 
galopante verificada nas décadas de 
80 e 90. Com o tempo, e restabelecida 
a estabilidade econômica, perdeu sua 
finalidade, que era punir o 
inadimplente no período em que 
permanecesse, indevidamente, com 
“dinheiro que não era seu”. De forma 
vulgar, a partir do momento em que 
houve vencimento da parcela, aquele 
valor estipulado em contrato não 
deveria estar nas mãos do 
consumidor, e, sim, com o Banco. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
19 
Não obstante, os bancos continuam 
cobrandocomissão de permanência 
cumulada com outros encargos, 
tornando-se verdadeira remuneração 
indireta. 
Em muitos casos, são cobradas por 
dia, sem limites e chegam a 
ultrapassar o próprio valor da 
parcela. 
O Superior 
Tribunal de Justiça editou 
o enunciado de Súmula
30, dizendo que as 
instituições financeiras 
devem optar: ou cobram correção 
monetária ou cobram comissão de permanência. 
Temos, ainda, para balizar nossos argumentos, o 
enunciado de Súmula 472 do STJ. Nela, consta que 
comissão de permanência, se cobrada, deve ser limitada à 
soma dos demais encargos. Estipula também que a 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
20 
financeira deve optar pela cobrança da comissão ou dos 
demais encargos. 
Súmula 472. A cobrança de comissão 
de permanência - cujo valor não pode 
ultrapassar a soma dos encargos 
remuneratórios e moratórios previstos 
no contrato - exclui a exigibilidade dos 
juros remuneratórios, moratórios e da 
multa contratual. 
Suponhamos a seguinte cobrança de encargos no 
inadimplemento do contrato: 
� Juros remuneratórios: 3.0% 
(efetivo). 
� Multa: 2% a.m (ao mês). 
� Juros moratórios: 1% a.m. 
� Comissão de permanência: 
13% a.m. 
Exemplo 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
21 
Somando-se todos os encargos (com exceção da 
comissão de permanência), temos o total de 6% a.m. Nesta 
hipótese, o valor máximo da comissão de permanência é de 
6% a.m. Se a comissão for cobrada, não se pode exigir os 
demais, cumulativamente. 
Ou são cobrados juros 
remuneratórios, multa e juros 
moratórios, além da correção 
monetária, ou é cobrada a comissão de 
permanência (Súmula 30, STJ c/c Súmula 472, STJ). 
Desta forma, se a comissão for cobrada junto com 
os demais encargos, ou em valor superior à soma dos demais 
encargos, podemos pleitear a devolução em dobro dos 
valores pagos de forma indevida, nos termos do art. 42, 
parágrafo único do CDC. 
Consideramos crucial informar que não 
devemos discutir compensação de valores na ação de 
Lembre! 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
22 
revisão de financiamento, como o fazem alguns 
causídicos. 
Isto porque existe uma 
tendência natural de os juízes 
negarem os pedidos formulados 
em ações deste tipo. Logo, 
devemos descomplicar para 
podermos alcançar o melhor 
resultado possível. 
Assim, na ação revisional, adote o seguinte 
procedimento: no período em que o autor/consumidor 
adimpliu com o contrato, aponte quanto ele pagou a mais. 
Devemos requerer a restituição do valor pago a 
maior. Complete seu pedido com o requerimento de 
adequação dos valores (redução) em antecipação de tutela e 
ratificação em sentença. 
A prestação paga é de R$ 500,00. Com 
os cálculos apresentados, sem juros 
compostos, chegamos à conclusão de 
Exemplo 
Adquirido por Herbert Barsotti
E-mail: herbert.barsotti@gmail.com
Telefone: 11 981943101
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
23 
que a prestação deveria ser de R$ 
300,00. Suponhamos que o autor tenha 
pago 20 parcelas antes da propositura 
da demanda. Assim, o autor já 
adimpliu com R$ 10.000,00. Se fosse 
aplicado o valor correto (de R$ 
300,00), o autor deveria ter pago R$ 
6.000,00. Peça a devolução da 
diferença (no caso R$ 4.000,00) e que a 
partir da 21ª parcela, esta seja 
estipulada no patamar de R$ 300,00. 
OBS: Em que pese seja de difícil aceitação pelos 
juízes, nada impede que você, como advogado, requeira o 
valor em dobro, nos termos do art. 42, parágrafo único do 
Código de Defesa do Consumidor. 
No próximo capítulo estudaremos os principais 
contratos que são objeto de ações judiciais. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
24 
Capítulo II 
Análise da viabilidade da ação revisional 
2. Revisão dos contratos após RE 592377/RS
Muito se discutiu, durante o ano de 2015, sobre a 
possibilidade ou não de propositura de ação revisional de 
contratos bancários após a decisão exarada pelo Supremo 
Tribunal Federal nos autos do Recuso Extraordinário 
592377/RS. 
A imprensa nacional, assim como alguns 
estudiosos do Direito, levados, talvez, pelas informações 
transmitidas na mídia, passaram a defender a 
impossibilidade de propositura da referida demanda. Ledo 
engano. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
25 
Em nossa vivência profissional na seara das 
ações contra bancos, presenciamos despachos de vários 
magistrados indagando em relação à distribuição de ações 
revisionais, em face do 
suposto novo 
entendimento do 
Tribunal Supremo, 
que teria entendido 
que constitucional a 
cobrança de juros compostos, 
também conhecidos como capitalizados (expressão esta que 
consideramos equivocada, como defendido em outro trecho 
desta obra). 
Verificamos que um estudo mais aprofundado da 
questão nos mostra que permanece a possibilidade de 
discussão, no âmbito dos Tribunais, da revisão de 
financiamento para diminuição das parcelas e aplicação do 
regime de juros simples, em detrimento do regime 
composto. 
Como foi devidamente explicado, sabemos que a 
discussão em relação à aplicação de juros de 1% ao mês 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
26 
tornou-se inócua desde a modificação da Constituição pela 
Emenda Constitucional 40/2003, que extirpou da Carta 
Maior o § 3º do art. 192. 
Em relação ao julgado do STF no RE 592377/RS, 
passemos à explicação pormenorizada da matéria. 
No ano de 2001, o então presidente Fernando 
Henrique Cardoso, editou a Medida Provisória de n. 2170-
36/2001, que dispõe em seu art. 5º, in verbis: 
Art. 5º. Nas operações realizadas pelas 
instituições integrantes do Sistema 
Financeiro Nacional, é admissível a 
capitalização de juros com 
periodicidade inferior a um ano. 
No dia 20.03.2015 foi publicado acórdão do STF, 
manifestando-se em relação ao RE objeto de estudo, cujos 
trechos reproduzimos abaixo: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
27 
CONSTITUCIONAL. ART. 5º DA MP 
2.170/01. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS 
COM PERIODICIDADE INFERIOR A UM 
ANO. REQUISITOS NECESSÁRIOS 
PARA EDIÇÃO DE MEDIDA 
PROVISÓRIA. SINDICABILIDADE 
PELO PODER JUDICIÁRIO. 
ESCRUTÍNIO ESTRITO. AUSÊNCIA, NO 
CASO, DE ELEMENTOS SUFICIENTES 
PARA NEGÁ-LOS. RECURSO PROVIDO. 
1. A jurisprudência da Suprema Corte
está consolidada no sentido de que, 
conquanto os pressupostos para a 
edição de medidas provisórias se 
exponham ao controle judicial, o 
escrutínio a ser feito neste particular 
tem domínio estrito, justificando-se a 
invalidação da iniciativa presidencial 
apenas quando atestada a inexistência 
cabal de relevância e de urgência. 2. 
Não se pode negar que o tema tratado 
pelo art. 5º da MP 2.170/01 é 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
28 
relevante, porquanto o tratamento 
normativo dos juros é matéria 
extremamente sensível para a 
estruturação do sistema bancário, e, 
consequentemente, para assegurar 
estabilidade à dinâmica da vida 
econômica do país. 3. Por outro lado, a 
urgência para a edição do ato também 
não pode ser rechaçada, ainda mais em 
se considerando que, para tal, seria 
indispensável fazer juízo sobre a 
realidade econômica existente à época, 
ou seja, há quinze anos passados. 4. 
Recurso extraordinário provido. 
... O SENHOR MINISTRO MARCO 
AURÉLIO – No Recurso Extraordinário 
nº 568.396/RS, de minha relatoria, o 
denominado PlenárioVirtual admitiu 
a repercussão geral da questão 
relativa à constitucionalidade do 
disposto no artigo 5º da Medida 
Provisória nº 2.170-36, de 23 de 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
29 
agosto de 2001, no que autorizou a 
capitalização de juros com 
periodicidade inferior a um ano, sob 
o ângulo dos requisitos da urgência
e relevância do artigo 62 da Carta... 
.... Por ora, não está em debate a 
questão de mérito da medida 
provisória. Até porque, quanto à sua 
higidez material, o Supremo Tribunal 
Federal considerou que não havia 
inconstitucionalidade nas disposições 
normativas que estabeleciam para o 
sistema financeiro critérios de 
remuneração diferentes dos da Lei de 
Usura. Há súmula do Tribunal no tema 
(Súmula 648/STF), e a controvérsia 
suscitou, inclusive, uma discussão fértil 
a respeito da cobrança da comissão de 
permanência. O que subsiste, aqui, 
como argumento fundamental, é a 
falta dos requisitos de relevância e 
urgência da matéria... 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
30 
Decisão: O Tribunal, por 
unanimidade e nos termos do voto 
do Relator, rejeitou a preliminar de 
prejudicialidade apontada pelo 
Ministério Público. No mérito, o 
Tribunal, decidindo o tema 33 da 
repercussão geral, por maioria, deu 
provimento ao recurso, vencido o 
Ministro Marco Aurélio (Relator), 
que lhe negava provimento e 
declarava inconstitucional o art. 5º, 
cabeça, da Medida Provisória nº 
2.170-36, de 23 de agosto de 2001. 
Redigirá o acórdão o Ministro Teori 
Zavascki. Ausentes, justificadamente, 
os Ministros Celso de Mello e Roberto 
Barroso. Falaram, pelo recorrente 
Banco Fiat S/A, o Dr. Luiz Carlos 
Sturzenegger, e, pelo Banco Central do 
Brasil, o Dr. Isaac Sidney Menezes 
Ferreira. Presidiu o julgamento o 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
31 
Ministro Ricardo Lewandowski. 
Plenário, 04.02.2015. 
Ato contínuo, passou a ser veiculado em todos os 
meios de comunicação a possibilidade de cobrança de juros 
“capitalizados”, desestimulando a propositura de ações 
revisionais. 
Veja: o cenário que não era dos melhores, já que 
muitos advogados já não atuavam na área, por 
desconhecerem os caminhos para o êxito, agravou-se. Com 
tal decisão, esse número aumentou consideravelmente. 
Muitos advogados deixaram de atuar em uma 
área extremamente lucrativa por desconhecerem o 
verdadeiro teor dos processos que discutem a MP 2170-
36/2001. 
E por que defendemos que ainda há lugar para a 
propositura da ação revisional de redução de juros? 
A resposta é simples. Nos autos do RE 
592377/RS, o tema central debatido era a 
inconstitucionalidade da Medida Provisória em relação à 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
32 
relevância e urgência para a sua elaboração. Em outras 
palavras, discutia-se a inconstitucionalidade formal da 
medida. 
Tal situação foi sentida e mencionada pelo 
ilustríssimo Ministro Relator Marco Aurélio, que em seu 
voto, assim ressaltou: 
.... Atualmente, não mais existe 
oscilação na jurisprudência do 
Tribunal a respeito da possibilidade 
de controle de constitucionalidade 
das medidas provisórias sob o 
ângulo do atendimento aos 
requisitos do artigo 62 – Ação Direta 
de Inconstitucionalidade nº 2.736/DF, 
relator ministro Cezar Peluso, julgada 
em 8 de setembro de 2010, Diário da 
Justiça de 29 de março de 2011. 
Quanto ao tema de fundo, a matéria 
está sendo examinada na Medida 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
33 
Cautelar na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade nº 2.316/DF... 
Observe-se que a constitucionalidade da MP 
2170-36/2001 em relação à possibilidade ou não de 
cobrança de juros compostos está sendo analisada nos autos 
da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) de n. 
2316/DF. Neste caso, estamos diante da 
inconstitucionalidade material. 
Esta ação ainda não foi definitivamente julgada, 
encontrando-se em vista com o Ministro Celso de Melo. 
Diante de todos os argumentos expostos, não há 
como negar que permanece intacta a ação revisional, 
devendo apenas haver devida fundamentação para evitar a 
improcedência da demanda. 
É extremamente importante sustentar a tese 
de inexistência de julgamento em relação à 
inconstitucionalidade material. Esta é a base para a 
defesa nas ações revisionais, devendo ser explorada ao 
máximo. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
34 
Abordaremos com mais detalhes o assunto 
quando do estudo da declaração de 
inconstitucionalidade. 
Desse modo, encontramos o caminho para a 
discussão da matéria que poderá ser manejada até o 
Tribunal Supremo. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
35 
Capítulo III 
Das teses comuns a todas as ações revisionais 
3. Introdução
Sabemos que existem infinitos tipos de contratos. 
Estes podem ser nominados ou inominados. 
Neste capítulo separamos os principais 
argumentos que devem ser considerados na preparação da 
peça inicial. 
São os elementos basilares que devem ser 
aplicados para todos os contratos e que fazem a diferença na 
decisão judicial, bem como na garantia de negociação com a 
parte contrária. 
Os entendimentos aqui expostos são 
desconhecidos pela maioria daqueles que optam por 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
36 
advogar na seara dos contratos bancários. Por isso são tão 
importantes. 
3.1. Da declaração incidental de inconstitucionalidade 
Sabemos que existem duas maneiras de vermos 
declarada a inconstitucionalidade de determinada norma: a 
via abstrata, que somente pode ser proposta pelas pessoas 
indicadas no art. 103 
da CF e é julgada 
somente no âmbito do 
STF e a via concreta, 
também conhecida 
como incidental, que 
pode ser proposta por 
qualquer pessoa e analisada por juízes de todas as 
instâncias. Esta última que utilizaremos em nossos 
processos. 
Não é este o local adequado para analisarmos os 
pormenores das modalidades apresentadas, sendo 
fundamental, contudo, que fundamentemos nossa peça de 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
37 
início com os elementos aqui apresentados, visando, em 
última hipótese, que nosso processo seja julgado pelo STF. 
Com efeito, dispõe o art. 192 da CF: 
art. 192. O sistema financeiro 
nacional, estruturado de forma a 
promover o desenvolvimento 
equilibrado do País e a servir aos 
interesses da coletividade, em todas as 
partes que o compõem, abrangendo as 
cooperativas de crédito, será 
regulado por leis complementares 
que disporão, inclusive, sobre a 
participação do capital estrangeiro 
nas instituições que o integram. 
Em geral, as normas que defendem a 
possibilidade de cobrança de juros compostos não 
possuem status de Lei Complementar, como será 
oportunamente demonstrado, ensejando a declaração 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
38 
incidental de inconstitucionalidade, garantindo, desta 
feita, a aplicação do regime de juros simples. 
Em nossa inicial, primeiramente, vamos 
identificar a Lei aplicável ao caso concreto, o que fazemos 
pela análise do contrato (observe que cada modalidade 
possui uma Lei específica), bem como o artigo da lei que 
prevê a capitalização dos juros. 
A seguir, vamos requerer a declaração de 
inconstitucionalidade da Lei por não atender o preceito do 
artigo 192 da Lei Maior, qual seja, a observância de Lei 
Complementar. Trata-se dainconstitucionalidade material. 
A inconstitucionalidade pode ser dividida em 
dois tipos: formal e material. 
Merece transcrição as definições dos ilustres 
mestres Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito 
Constitucional Descomplicado, pags: 762,763): 
Inconstitucionalidade formal: A 
inconstitucionalidade formal 
ocorre quando há um desrespeito à 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
39 
Constituição no tocante ao 
processo de elaboração da norma, 
podendo alcançar tanto o requisito 
competência, quanto o 
procedimento legislativo em si. 
Inconstitucionalidade material: ... 
quando o conteúdo da lei contraria 
a Constituição. O processo 
legislativo (procedimento para a 
elaboração da lei) pode ter sido 
fielmente obedecido, mas a 
matéria tratada é incompatível 
com a Carta Política. 
Assim, não havendo correspondência entre a 
matéria tratada e a espécie legal utilizada, cabível a 
declaração de inconstitucionalidade material. 
Importante salientar que, como visto acima, o 
STF entendeu que a Medida Provisória de n. 2170-36/2001 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
40 
é constitucional em seu aspecto formal, estando em 
discussão o viés material. 
Vale mencionar que o Novo CPC (NCPC), na parte 
em que regulamenta as disposições gerais para a execução 
(Título II, capítulo I), prescreve em seu art. 797, parágrafo 
único, IV: 
Art. 797, Parágrafo único. O 
demonstrativo do débito deverá 
conter: 
IV - a periodicidade da capitalização 
dos juros, se for o caso; 
Veja que a norma extraída do inciso IV, nos 
permite chegar à conclusão, mais uma vez, que permitida a 
“capitalização” (regime de juros compostos). 
Evidente que a partir da entrada em vigor no 
NCPC as financeiras passarão a fundamentar suas petições 
neste artigo. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
41 
Aplica-se neste caso tudo quanto foi exposto em 
relação ao artigo 192 da CF, uma vez que o NCPC é Lei 
Ordinária, devendo a matéria ser regulamentada por Lei 
Complementar. 
3.2. Decreto Lei 22.626/33 e Súmula 121 do STF 
O Decreto Lei n. 22.626/33, popularmente 
conhecida como Lei de Usura, reza em seu art. 4º: 
art. 4º. É proibido contar juros dos 
juros: esta proibição não compreende 
a acumulação de juros vencidos aos 
saldos líquidos em conta corrente de 
ano a ano. 
Referindo-se ao mesmo art. 4º, o STF editou o 
enunciado de Súmula 121, que prescreve: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
42 
 Súmula 121. É vedada a capitalização 
de juros, ainda que expressamente 
convencionada. 
Vale frisar que, de acordo com a Súmula, 
ainda que conste no contrato a possibilidade de 
aplicação do regime composto, esta não tem validade. 
Tratando-se de relação de consumo, podemos 
neste momento requerer, com base na Súmula 121 do STF, a 
aplicação do art. 51, IV, CDC, abaixo transcrito: 
art. 51. São nulas de pleno direito, 
entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos 
e serviços que: 
IV. estabeleçam obrigações 
consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
 
43 
 
incompatíveis com a boa-fé ou a 
equidade. 
 
Muitas financeiras defendem a revogação tácita 
da Súmula 121 do STF após a edição da Súmula 596, do 
mesmo Tribunal. 
Passaremos agora à análise da Súmula 596, 
provando, ao final, que esta tese não merece prosperar. 
Assim dispõe a Súmula 596 do STF: 
 
Súmula 596. As disposições do Decreto 
22.626/33 não se aplicam às taxas de 
juros e aos outros encargos cobrados 
nas operações realizadas por 
instituições públicas ou privadas, que 
integram o sistema financeiro 
nacional. 
 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
44 
Em outras palavras: É permitido que instituições 
financeiras apliquem juros sobre juros. Ocorre que, ao 
verificarmos os motivos que determinaram a edição da 
Súmula, em que pese efetivamente referir-se ao Decreto 
Lei 22.626/33, aqueles restringem-se ao art. 1º do 
Decreto. Observemos a referência legislativa: 
Fonte: Site STF 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
45 
Em contrapartida, a Súmula 121 do Tribunal 
Excelsior versa, justamente, sobre o art. 4ª do Decreto, como 
dito acima. Vejamos: 
Fonte: Site STF 
Certamente, em sua defesa, as financeiras irão 
utilizar a Súmula de n. 596 do STF para fundamentar sua 
peça. No entanto, com os argumentos apresentados neste 
tópico, você estará apto para provar, solidamente, a 
inaplicabilidade da Súmula. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
46 
Capítulo IV 
Contratos em espécie e teses específicas 
4. Introdução
Explicadas as linhas gerais de defesa, com as 
teses que podem ser utilizadas em quaisquer ações 
revisionais, daremos início aos contratos em espécie, 
demonstrando as teses que deverão ser usadas em cada um. 
Ressaltamos que são apresentadas as principais 
teses, baseadas nas questões mais comuns. Não há intenção 
de esgotar o assunto, até porque, sabemos que no Direito, 
devemos analisar o caso concreto, que nunca é idêntico, a fim 
de adotarmos a melhor posição de defesa para os interesses 
de nossos clientes. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
47 
4.1. Financiamentos de veículos com alienação 
fiduciária 
Este é o mais comum de todos. A todo o momento 
são ajuizadas ações revisionais referentes a veículos ou 
ações de busca e apreensão por parte dos Bancos. 
A linha de defesa apresentada é base para ações 
de todos os tipos de veículos (carro, moto, caminhão, etc.). 
Abrange, ainda, consumidores pessoas físicas e 
jurídicas. 
Trataremos especificamente dos contratos com 
cláusula de alienação fiduciária. 
Nesta espécie de contrato, o consumidor concede 
como garantia o próprio bem, ou seja, em caso de 
inadimplência, há 
rescisão do 
negócio, com 
vencimento 
antecipado da 
dívida e 
consolidação da 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
48 
propriedade em favor do banco, após o trâmite da ação 
judicial. 
Nessas ações, além da aplicação das defesas 
anteriormente apresentadas, devemos nos concentrar nas 
recentes Súmulas 538 e 541 do STJ, que foram editadas com 
base, dentre outras, na Medida Provisória 2170-36/2001, o 
art. 4º do Decreto Lei 22.626-33 e na Súmula 596 do STF. 
Elas permitem a cobrança de juros sobre juros. 
Teses: 
� Em relação à Súmula 596, a tese já foi 
devidamente apresentada; 
� Quanto ao Decreto Lei, também já 
demonstramos que a matéria que trata do 
sistema financeiro somente pode ser 
regulamentada por lei complementar, nos 
moldes do art. 192 da CF; 
� Especificamente em relação à Medida 
Provisória, devemos acrescentar em 
nossa defesa o disposto no art. 62, § 1º da 
CF. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
49 
Dispõe o referido artigo: 
Art. 62. Em caso de relevância e 
urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisórias, 
com força de lei, devendo submetê-las 
de imediato ao Congresso Nacional 
§ 1º É vedada a edição de medidas
provisórias sobre matéria: 
III – reservada a lei complementar. 
Uma vez mais, estamos diante de situação em que 
a legislação regulamentada não atende aos ditames 
constitucionais, não merecendo ser aplicada. Logo, deve ser 
declarada inconstitucional. 
4.2. Defesa em buscae apreensão 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
50 
É possível que antes mesmo da propositura de 
demanda revisional, a empresa ingresse com ação de Busca 
e Apreensão. 
Neste caso, restará ao advogado elaborar a defesa 
a fim de afastar os argumentos elencados pela financeira. 
Inicialmente, esclarecemos que a busca e 
apreensão é regulada pelo Decreto 911/69, alterada pela Lei 
10.931/04, que recomendamos a leitura integral. 
Em linhas gerais, comprovados os requisitos da 
Lei, o juiz determinará, liminarmente, a apreensão do 
veículo. Do cumprimento da liminar, o réu, no caso o 
consumidor, terá o prazo de 5 dias para purgar a mora. 
Caso haja a purgação, o bem é devolvido para o consumidor. 
Imperioso explicar o que se entende por 
purgação da mora. 
No entendimento do STJ, exarado através do 
Resp. 1418593, purga-se a mora com o depósito do valor 
total da dívida, ou seja, parcelas vencidas e vincendas. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
51 
Esse entendimento interpreta o sistema de modo 
mais oneroso para o consumidor, contrariando os preceitos 
insculpidos no Código de Defesa do Consumidor. 
Ademais, o Novo Código de Processo Civil, em seu 
art. 805, antigo art. 620 do Código de 73, defende o princípio 
da menor onerosidade para o devedor. 
art. 805, NCPC: Quando por vários 
meios o exequente puder promover a 
execução, o juiz mandará que se faça 
pelo modo menos gravoso para o 
executado. 
Adotar o entendimento do STJ dificulta 
excessivamente a purgação, inviabilizando o adimplemento 
do contrato por parte do devedor. 
Distribuída a ação de busca e apreensão, temos 
basicamente duas linhas de raciocínio a serem seguidas, o 
que dependerá da vontade do cliente. 
1. O cliente deseja recuperar o veículo
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
52 
Neste Caso, concedida a liminar para 
apreensão, devemos interpor recurso de 
Agravo de Instrumento, com apresentação de 
planilha demonstrando que foram cobrados 
juros sobre juros e a violação aos preceitos 
defendidos até momento. Não podemos 
esquecer de pedir a suspensão da liminar. 
IMPORTANTE: Na prática, este é o momento 
oportuno para iniciar as negociações com a 
empresa: refinanciar, ajustar um valor para 
quitação do bem, etc. 
2. O cliente não quer recuperar o veículo
(aqui os motivos podem ser os mais
diversos)
Nunca esqueça: geralmente, quando o
veículo é apreendido, a instituição, em que
pese a entrega do veículo, alega que ainda há
saldo remanescente para o consumidor
adimplir. Entendemos que caso haja esse
saldo devedor, a financeira deve apontar na
peça inicial. Caso não o faça (e geralmente não
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
53 
fazem), o entendimento é de que com a 
entrega do bem houve quitação. 
Fundamental tese de defesa caso a 
empresa deseje alegar, posteriormente, 
que a dívida permanece. 
Podemos em muitos casos conseguir um 
crédito para o cliente. 
Quando da apresentação da contestação, 
podemos apresentar uma reconvenção 
(também há possibilidade de propor ação 
autônoma e utilizar as peças da busca e 
apreensão para fundamentá-la) para 
diminuir o valor da dívida apresentada. 
Lembre-se de que na nova sistemática do 
Código de Processo Civil, a reconvenção é 
apresentada na própria contestação (art. 
343). 
Ação de busca e apreensão dá à causa 
o valor de R$ 90.000,00. Os cálculos
apresentados apontam que o valor do 
débito com aplicação do regime 
Exemplo 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
54 
simples é de R$ 30.000,00. Diferença 
de R$ 60.000,00. Utilizando da lógica, 
se o valor da causa foi de R$ 90.000,00 
e o carro adimpliu a dívida, o cliente 
tem um saldo de R$ 60.000,00 para 
receber da financeira. 
4.3. Contratos de financiamentos imobiliários com 
cláusula resolutiva 
Analisaremos o contrato de alienação fiduciária 
com cláusula resolutiva. 
Como no contrato de veículos, o atraso no 
pagamento das parcelas gera vencimento antecipado do 
débito e rescisão do contrato com consolidação da 
propriedade do imóvel para o mutuante, no caso a 
financeira. 
O procedimento é regulamentado pela Lei 
9514/97 e não há, neste momento, interferência do 
Judiciário. 
Funciona da seguinte maneira: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
55 
� O banco comunica a inadimplência ao CRI 
(Cartório de Registro de Imóveis); 
� O cartório notifica o financiado/mutuário 
para que possa purgar a mora no prazo 
de 15 dias, sob pena de perder o imóvel. 
Ao contrário da ação de veículos, para a purgação 
da mora, não é necessário depositar o valor total da dívida. 
Basta o depósito dos valores em atraso. 
Tendo a empresa iniciado o procedimento 
administrativo, devemos, na defesa de nossos clientes, 
propor a competente ação judicial. 
Frise-se, uma vez mais, que toda a tese 
apresentada alhures serve como base para a defesa aqui 
exposta, motivo pelo qual iremos apontar apenas as 
questões específicas. 
Existem dois modelos principais de defesa, que 
serão estudados de acordo com o sistema utilizado para o 
financiamento, que pode ser: SFH (Sistema Financeiro de 
Habitação) e SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário). 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
56 
a) SFH (Sistema Financeiro de Habitação)
Regulamentada pela Lei 4.380/64. Em sua 
origem, não previa a aplicação de juros sobre juros. 
A Lei 11.977/09, 
conhecida como Minha 
Casa, Minha Vida, alterou 
a lei, inserindo o art. 15-A 
e seguintes, que passaram 
expressamente a autorizar a 
aplicação do regime de juros 
compostos. 
Assim, no âmbito do SFH, podemos dividir os 
contratos assinados em dois momentos: antes de julho de 
2009, quando foi criada a Lei 11.977/09, que possibilitou a 
aplicação de juros sobre juros e depois de julho de 2009. 
a.1) Contratos assinados antes de julho de 2009
Tese defensiva: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
57 
� Nunca foi permitida a “capitalização” dos 
juros, devendo ser aplicada a redação 
original da Lei 4.380/64; 
� O STJ consolidou entendimento de que 
não é possível a capitalização dos juros 
para os contratos firmados antes de julho 
de 2009. 
a.2) Contratos assinados após julho de 2009
A principal linha de defesa é no sentido de que a 
Lei 11.977/09 é inconstitucional. Isto porque, trata-se de Lei 
ordinária regulamentando matéria reservada à Lei 
Complementar, contrariando os termos do art. 192 da 
Constituição Federal. 
b) SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário)
Criado pela Lei 9514/97. Um complicador desta 
Lei é o art. 5º, III: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
58 
Art. 5º As operações de financiamento 
imobiliário em geral, no âmbito do SFI, 
serão livremente pactuadas pelas 
partes, observadas as seguintes 
condições essenciais: 
III - capitalização dos juros; 
Observa-se que o inciso não somente autoriza, 
mas impõe, como requisito do contrato, que haja aplicação 
de juros pelo sistema composto. 
Como nos casos anteriores, a saída para esta 
aberração é a defesa de que, por tratar-se de Lei Ordinária, é 
inconstitucional, desrespeitando o requisito estipulado no 
art. 192 da CF, ou seja, necessidade de Lei Complementar 
para regular a matéria. 
4.4. Empréstimo consignado. Limite de cheque especial. 
Cartão de crédito 
Uma vez que as defesas para os contratos serão 
idênticas, optamos por agrupá-los em tópicoúnico. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
59 
Pela finalidade do trabalho, deixaremos de 
conceituar cada um dos itens, na certeza de que o leitor tem 
conhecimento prévio em relação aos institutos, já que são 
costumeiramente usados pela maioria esmagadora da 
população. 
Em relação ao 
empréstimo 
consignado, 
ressaltamos a entrada 
em vigor da Lei 
13.172/15, que alterou o 
limite da consignação na folha de 
pagamento de 30 para 35%. Recomendamos a leitura da Lei 
citada. 
A defesa dependerá de tipo de contrato 
firmado: se for contrato comum, utilizaremos os 
elementos fornecidos para aplicação comum em todos os 
contratos, não se fazendo necessária apresentação de teses 
específicas. Há, no entanto, os títulos impressos em Cédula 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
60 
de Contrato Bancário, conhecido como CCB, que 
estudaremos a partir de agora. 
A CCB foi criada pela Lei 10.931/04 em seu art. 
26: 
 Art. 26. A Cédula de Crédito Bancário é 
título de crédito emitido, por pessoa 
física ou jurídica, em favor de 
instituição financeira ou de entidade a 
esta equiparada, representando 
promessa de pagamento em dinheiro, 
decorrente de operação de crédito, de 
qualquer modalidade. 
O art. 28, § 1º, I, da mesma Lei, possibilita a 
incidência de juros compostos e afirma que se trata de título 
executivo extrajudicial: 
art. 28. A Cédula de Crédito Bancário 
é título executivo extrajudicial e 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
61 
representa dívida em dinheiro, certa, 
líquida e exigível, seja pela soma nela 
indicada, seja pelo saldo devedor 
demonstrado em planilha de cálculo, 
ou nos extratos da conta corrente, 
elaborados conforme previsto no § 2o. 
§ 1o Na Cédula de Crédito Bancário
poderão ser pactuados: 
I - os juros sobre a dívida, 
capitalizados ou não, os critérios de 
sua incidência e, se for o caso, a 
periodicidade de sua capitalização, 
bem como as despesas e os demais 
encargos decorrentes da obrigação. 
Observe o teor do art. 1º da Lei, em que fica 
demonstrado o objeto da Lei em comento: 
art. 1o Fica instituído o regime 
especial de tributação aplicável às 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
62 
incorporações imobiliárias, em 
caráter opcional e irretratável 
enquanto perdurarem direitos de 
crédito ou obrigações do incorporador 
junto aos adquirentes dos imóveis que 
compõem a incorporação. 
Ora, compatibilizando os artigos. 1º e 26, 
verificamos que existem pelo menos dois objetos na 
mesma Lei (fala sobre tributação das incorporadoras e 
cria a CCB). 
Entretanto, a Lei Complementar n. 95/98, 
prescreve no art. 7º e seus incisos: 
Art. 7º O primeiro artigo do texto 
indicará o objeto da lei e o respectivo 
âmbito de aplicação, observados os 
seguintes princípios: 
I - excetuadas as codificações, cada 
lei tratará de um único objeto; 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
63 
II - a lei não conterá matéria 
estranha a seu objeto ou a este não 
vinculada por afinidade, pertinência 
ou conexão; 
III - o âmbito de aplicação da lei será 
estabelecido de forma tão específica 
quanto o possibilite o conhecimento 
técnico ou científico da área 
respectiva. 
Seguindo o raciocínio, o parágrafo único do art. 
59 da CF diz que “lei complementar disporá sobre a 
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis”. 
Feitas estas considerações, podemos apontar os 
elementos de defesa em ações revisionais e possíveis 
Embargos à Execução, já que o título ora estudado 
possibilita a imediata execução por parte da financeira: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
64 
� Inconstitucionalidade da Lei, já que 
ordinária, não se adequando aos termos 
do art. 192 da CF; 
� Inconstitucionalidade por desrespeito ao 
art. 59, parágrafo único da CF, já que a Lei 
apresenta mais de um objeto, não 
respeitando os termos da LC 95/98, em 
seu art. 7º, I, II e III; 
� Em sede de Embargos, arguir a 
inexigibilidade do título. Também pode-se 
discutir o regime de juros compostos, 
como base nos argumentos apresentados 
na Teoria Geral, requerendo, ainda, o 
depósito do valor incontroverso até 
deslinde da demanda. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
65 
Capítulo V 
Taxas cobradas indevidamente nos contratos 
5. Introdução
Além dos juros exorbitantes, são cobrados nos 
contratos bancários diversas taxas que consideramos 
indevidas, sendo cabível sua devolução em dobro, com 
fundamento no art. 42, parágrafo único do CDC. 
Exporemos a partir de agora as mais comuns, 
sendo certo que nos inclinamos no sentido de que quaisquer 
valores cobrados além dos juros remuneratórios (calculado 
com base no crédito principal do financiamento) constitui 
cobrança indevida. 
5.1. Tarifa de Cadastro. Taxa de abertura de crédito. 
Tarifa de emissão de carnê 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
66 
O entendimento consolidado no Superior 
Tribunal de Justiça é no sentido de que após 30.04.2008, 
início de vigência da Resolução 3.518/2007 (atualmente, a 
regra encontra-se na Resolução nº 3.919, de 25/11/2010) é 
proibida a cobrança de Tarifa de abertura de Crédito (TAC) 
e tarifa de emissão de Carnê (TEC). 
Em relação à Tarifa de Cadastro, o Colendo 
Tribunal entende que é devida sua cobrança. 
Oportuno salientar que a cobrança da Tarifa 
acima referida somente é aceita no caso de início de 
relacionamento com a instituição. Em outras palavras, se o 
consumidor for cliente antes de contratar o crédito, a taxa é 
indevida. 
Jurisprudência 
DIREITO CIVIL. TARIFAS 
DE ABERTURA DE CRÉDITO 
E DE EMISSÃO DECARNÊ E TARIFA 
DE CADASTRO APÓS 30/4/2008. 
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO 
CPC E RES. 8/2008-STJ). 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
67 
Não é possível a pactuação de Tarifa 
de Abertura de Crédito (TAC) e de 
Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) 
após 30/4/2008 (início da vigência 
da Resolução 3.518/2007 do CMN), 
permanecendo válida a 
pactuação de Tarifa de 
Cadastro expressamente tipificada 
em ato normativo padronizador da 
autoridade monetária, a qual 
somente pode ser cobrada no início 
do relacionamento entre o 
consumidor e a instituição 
financeira. Com o início da vigência 
da Resolução 3.518/2007 do CMN, em 
30/4/2008, a cobrança por serviços 
bancários prioritários para pessoas 
físicas ficou limitada às hipóteses 
taxativamente previstas em norma 
padronizadora expedida pelo Bacen. 
Em cumprimento ao disposto na 
referida resolução, o Bacen editou a 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
68 
Circular 3.371/2007. A TAC e a TEC 
não foram previstas na Tabela anexa à 
referida Circular e nos atos normativos 
que a sucederam, de forma que não 
mais é válida sua pactuação em 
contratos posteriores a 30/4/2008. 
Permanece legítima, entretanto, a 
estipulação da Tarifa de Cadastro, a 
qual remunera o serviço de 
realização de pesquisa em 
serviços de proteção ao crédito, 
base de dados e informações 
cadastrais, e tratamento de dados e 
informações necessários ao 
início de relacionamento decorrente 
da abertura de conta de depósito à 
vista ou de poupança ou 
contratação de operação de crédito 
ou de arrendamento mercantil, não 
podendo ser cobrada 
cumulativamente" (Tabela anexa à 
vigente Resolução 3.919/2010 do CMN, 
Contratos Bancários| Abrahão Nascimento dos Santos 
69 
com a redação dada pela Resolução 
4.021/2011). Ademais, cumpre 
ressaltar que o consumidor não é 
obrigado a contratar esse serviço de 
cadastro junto à instituição financeira, 
pois possui alternativas de 
providenciar pessoalmente os 
documentos necessários à 
comprovação de sua idoneidade 
financeira ou contratar terceiro 
(despachante) para fazê-lo. Tese 
firmada para fins do art. 543-C do CPC: 
"Com a vigência da Resolução CMN 
3.518/2007, em 30.4.2008, a cobrança 
por serviços bancários prioritários 
para pessoas físicas ficou limitada às 
hipóteses taxativamente previstas em 
norma padronizadora expedida pela 
autoridade monetária. Desde então, 
não mais tem respaldo legal a 
contratação da Tarifa 
de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
 
70 
 
de Abertura de Crédito (TAC), ou outra 
denominação para o mesmo fato 
gerador. Permanece válida a Tarifa de 
Cadastro expressamente tipificada em 
ato normativo padronizador da 
autoridade monetária, a qual somente 
pode ser cobrada no início do 
relacionamento entre o consumidor e a 
instituição financeira." Resp. 
1.251.331-RS e Resp. 1.255.573-RS, 
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgados 
em 28/8/2013. 
 
5.2. Serviço de terceiros 
A cobrança de serviços de terceiros, além de não 
ser permitida pelos tribunais pátrios, ofende o Código de 
Defesa do Consumidor. O art. 6º, III, afirma que: 
 
Art. 6º São direitos básicos do 
consumidor: 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
71 
 III - a informação adequada e clara 
sobre os diferentes produtos e serviços, 
com especificação correta de 
quantidade, características, 
composição, qualidade, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os 
riscos que apresentem. 
Ao fazer referência a serviços de terceiros, o 
consumidor paga por algo sem saber exatamente a que se 
refere. 
Jurisprudência 
DECISÃO. Trata-se de recurso especial 
interposto contra acórdão do TJDF 
assim ementado (e-STJ fls. 407/408): 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO 
RETIDO. PEDIDO DE APRECIAÇÃO 
INEXISTENTE. NÃO CONHECIMENTO. 
REVISÃO CONTRATUAL. MÚTUO 
BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
72 
DE JUROS. ADMISSIBILIDADE. MP 
2170/36/2001. PRECEDENTES DO STJ. 
COBRANÇA DE TARIFA DE ABERTURA 
DE CRÉDITO (TAC). POSSIBILIDADE 
NOS CONTRATOS CELEBRADOS 
ANTES DE 30/04/2008. TARIFA DE 
SERVIÇOS DE TERCEIROS. 
ABUSIVIDADE. 
1. Inexistente pedido expresso de
apreciação do agravo retido, nas 
razões ou na resposta da apelação, 
dele não se conhece (§ 1º do art. 523 do 
CPC). 
2. É admitida a prática da
capitalização mensal de juros em 
contratos celebrados pelas instituições 
financeiras, em conformidade com a 
jurisprudência consolidada no 
Superior Tribunal de Justiça, sendo 
aplicável o disposto no art. 5º da 
Medida Provisória nº 2.170-36/2001, 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
73 
que, por seu turno, admite ser possível 
a capitalização para os contratos 
celebrados pelas instituições 
financeiras a partir de 31 de março de 
2000, data da publicação da Medida 
Provisória nº 1963-17 (atual MP nº 
2.170-36/2001), desde que 
expressamente pactuados, ressalvado 
o entendimento anteriormente 
adotado pela Relatoria. 
3. O Colendo Superior Tribunal de
Justiça, em julgamento de recursos 
repetitivos, adotou o seguinte 
entendimento, in verbis: Teses para os 
efeitos do art. 543-C do CPC: - 1ª Tese: 
Nos contratos bancários celebrados 
até 30.4.2008 (fim da vigência da 
Resolução CMN 2.303/96) era válida a 
pactuação das tarifas de abertura de 
crédito (TAC) e de emissão de carnê 
(TEC), ou outra denominação para o 
mesmo fato gerador, ressalvado o 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
74 
exame de abusividade em cada caso 
concreto. -2ª Tese: Com a vigência da 
Resolução CMN 3.518/2007, em 
30.4.2008, a cobrança por serviços 
bancários prioritários para pessoas 
físicas ficou limitada às hipóteses 
taxativamente previstas em norma 
padronizadora expedida pela 
autoridade monetária. Desde então, 
não mais tem respaldo legal a 
contratação da Tarifa de Emissão de 
Carnê (TEC) e da Tarifa de Abertura de 
Crédito (TAC), ou outra denominação 
para o mesmo fato gerador. 
Permanece válida a Tarifa de Cadastro 
expressamente tipificada em ato 
normativo padronizador da 
autoridade monetária, a qual somente 
pode ser cobrada no início do 
relacionamento entre o consumidor e a 
instituição financeira. (Resp. 
1.251.331/RS, Rel. Ministra MARIA 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
75 
ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, 
julgado em 28/08/2013, DJe 
24/10/2013). 
4. Tarifa administrativa 
denominada serviços de terceiros 
não pode ser cobrada na espécie, 
porque repassa ao consumidor 
despesas de custo administrativo 
inerente à atividade comercial da 
Instituição Financeira... (RECURSO 
ESPECIAL Nº 1.521.869 - DF 
(2015/0059536-5); RELATOR: 
MINISTRO ANTONIO CARLOS 
FERREIRA; RECORRENTE: BANCO 
SANTANDER BRASIL S/A; 
RECORRIDO: LUCRECIA LUIZA DE 
SOUZA CARVALHO) 
Em que pese admitir a cobrança de juros no 
regime composto, como já alertamos o leitor em trecho 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
76 
passado em relação ao STJ, a decisão é firme no sentido de 
inadmitir a cobrança de serviços de terceiros. 
5.3. Registro de Contrato. Tarifa de avaliação do bem 
Também consideradas como taxas 
administrativas que não podem ser repassadas para o 
consumidor. 
Jurisprudência 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL 
DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO - 
COBRANÇA DE TARIFAS ABUSIVAS - 
DEVER DE RESSARCIMENTO - APELO 
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A 
cobrança de tarifa de cadastro - TAC 
somente é abusiva quando o 
consumidor, que já tem cadastro junto 
à instituição financeira, é submetido a 
nova cobrança quando firma outros 
contratos com o mesmo banco réu. In 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
77 
casu, não há indícios de que a parte 
autora mantenha vínculo anterior com 
o réu, de modo que a tarifa em comento
não se mostra ilegal. 2. Não havendo 
cobrança de tarifa de emissão de carnê 
- TEC, não há que se falar em
ressarcimento. 3. Reputa-se ilegal as 
tarifas de Avaliação de Bem e 
Registro do Contrato cobradas, 
notadamente porque o Réu 
transfere para o consumidor gastos 
decorrentes do próprio contrato, 
não havendo contraprestação de 
serviço que justifique tal cobrança. 
4. No que tange aos Serviços de
Terceiros cobrados, não há no 
contrato, especificadamente e em 
obediência aos ditames do Código de 
Defesa do Consumidor, quais os 
serviços de terceiros estavam sendo 
remunerados pela tarifação, o que as 
torna ilegítimas. 5. Quanto ao Seguro 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
78 
Proteção Financeira, o identifico como 
espécie de seguro facultativo, em que a 
parte Autora optou por sua 
contratação, de forma que não há 
qualquer abusividade em sua 
cobrança. 6. Com relação à cobrança 
sob a rubrica Gravame Eletrônico, o 
consumidor já recolhe valores em favor 
do DETRAN, para que seja lançado e 
baixado o respectivo gravame, de 
modo que nenhum serviço é efetivado 
pela parte ré a fim de legitimar a 
cobrança de tarifa autônoma,o que a 
torna abusiva (TJ-PE - APL: 3361984 
PE, Relator: Agenor Ferreira de Lima 
Filho, Data de Julgamento: 
08/10/2014, 5ª Câmara Cível, Data de 
Publicação: 14/10/2014) 
5.4. IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
79 
Em que pese o entendimento do STJ no sentido 
de que é válido convencionar o pagamento do IOF pelo 
consumidor, defendemos que o contrato de financiamento é 
de adesão, não podendo o consumidor optar pelo seu 
pagamento ou não. 
Temos que levar em consideração o fato de que 
todas as financeiras adotam o mesmo posicionamento, 
limitando o direito de escolha daquele que está adquirindo o 
crédito. 
Ora, convencionar, para nós, significa pleno 
conhecimento daquilo que está sendo contratado. Não é esta 
a realidade da maioria esmagadora daqueles que aderem ao 
contrato. 
Devemos analisar, o que não tem sido feito pelos 
tribunais, data vênia, a vulnerabilidade do consumidor, sob 
pena de atentarmos contra a legislação consumerista (em 
especial os arts. 4º, I; 6º, III & 51, IV, todos do CDC). 
Como operadores do Direito, em especial como 
advogados militantes em favor do consumidor, não podemos 
nos curvar diante das reiteradas decisões judiciais, 
combatendo-as com argumentos sólidos e embasados na Lei, 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
80 
com a esperança de que em algum momento poderemos 
reverter a injustiça praticada em casos como estes. 
Chegamos ao fim da parte teórica do estudo. 
Esperamos ter ajudado na construção do raciocínio jurídico 
para a propositura de demandas em face das instituições 
financeiras. 
Tenha certeza de que o material foi construído 
com bastante carinho e atenção aos fatores que ocorrem 
costumeiramente nas lides. 
Pela complexidade do tema, seria impossível 
apresentar no presente trabalho todos os detalhes que 
envolvem as transações bancárias, sendo necessários anos 
de prática e estudo constante para a construção de farto 
conhecimento. 
Ademais, as normas que regem a matéria estão 
em constante modificação, dificultando extremamente seu 
completo aprendizado que, como dito, é aperfeiçoado dia 
após dia. 
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81 
Certos estamos, porém, de que os elementos 
trabalhados são suficientes para o início da advocacia nesta 
seara, bem como importantíssimo como forma de 
introdução para estudos futuros. 
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82 
Resumo das teses
Para utilizar em todas as ações: 
• Súmulas 30 e 472 STJ;
• Decreto Lei 22.626/33 – art. 4º;
• Súmula 121 STF;
• Art. 51, IV, CDC;
• Inaplicabilidade da Súmula 596 STF
(em réplica, caso seja alegado pelo
réu).
Veículos: 
• Art. 62, § 1º da CF
• Inconstitucionalidade MP
2170-36/2001 por regular
matéria reservada à Lei
Complementar.
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
83 
Imóveis: 
SFH – Antes julho 2009: 
• Lei 4.380/64 não
permitia
capitalização;
• STJ não permite
capitalização para
contratos
anteriores a julho
de 2009.
SFH – Após julho 2009: 
• Inconstitucionalid
ade da Lei 
11.977/09 por 
regular matéria 
reservada à Lei 
Complementar. 
SFI 
• Inconstitucionalid
ade da Lei 
9.514/97 por 
regular matéria 
reservada a Lei 
Complementar. 
Empréstimo Consignado. 
Cheque Especial. Cartão de 
Crédito 
Contratos comuns 
• Utilizar as defesas
comuns a todas as
ações.
CCB 
• Inconstitucionalida
de da Lei 10.931/04
por regular matéria
reservada à Lei
Complementar;
• Inconstitucionalida
de por desrespeito
ao art. 59,
parágrafo único da
CF;
• Desrespeito à LC
95/98, art. 7º, I, II e
III.
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
84 
Capítulo VI 
Análise de caso concreto 
6. Prática em contrato de financiamento
Neste capítulo, vamos fazer a análise de um 
contrato real, apontando as abusividades cometidas pela 
financeira. Após, será apresentado modelo básico de petição. 
Acreditamos que desta forma todo o conteúdo 
transmitido poderá ser devidamente assimilado, 
aumentando as chances de êxito nas demandas propostas. 
O contrato foi firmado sob a modalidade de 
Cédula de Crédito Bancário, situação que foi explorada ao 
longo do estudo. 
Até porque, por mais que tentemos abordar 
todas as situações possíveis, o direito não é uma ciência 
exata. Cada caso carrega consigo suas especificidades, tendo 
o advogado obrigação de buscar a solução para seu cliente,
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
85 
ainda que para tanto tenha que lançar mão de 
teoria/tese/argumentação totalmente inovadora e sem 
legislação que acoberte a pretensão. Somos nós, advogados, 
os responsáveis pela modificação da jurisprudência. Afinal, 
os magistrados somente se manifestam em relação aquilo 
que pleiteamos. 
Sem mais delongas, seguem abaixo os dados do 
contrato para análise e identificação das possíveis defesas 
que poderão ser adotadas. 
Vamos lá! 
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86 
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87 
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88 
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89 
Modelo básico de petição 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA 
CÍVEL DA COMARCA XXXXXXXXXXXXXX 
OBS: Utilizamos na presente a expressão “juros 
capitalizados” como sinônimo de regime composto de 
juros, devido ao uso frequente na prática forense. 
Fulano de Tal, nacionalidade, estado civil (ou 
existência de união estável), profissão, inscrito (a) no CPF 
sob o n. xxxxxxxxxxxxxx e portador (a) do RG de n. 
xxxxxxxxxxxx, endereço eletrônico (e-mail), com endereço à 
xxxxxxxxxxxxxxx, vem, por intermédio de seu advogado in 
fine assinado, com endereço para fins de comunicação 
processual sito à xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, propor a presente 
demanda visando obter 
REVISÃO DE FINANCIAMENTO C/C INDENIZAÇÃO POR 
DANOS MORAIS & TUELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA 
INAUDITA ALTERA PARTE 
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90 
em face de xxxxxxxxxxxxxxx, pessoa jurídica de direito 
privado, inscrita no CNPJ sob o n. xxxxxxxx, endereço 
eletrônico, com endereço à xxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelos 
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Nos termos do art. 4º da Lei 1.060/1950, a autora 
afirma, para os devidos fins, conforme comprovante de 
renda anexo e sob as penas da Lei, não possuir condições de 
arcar com o pagamento das custas e honorários 
advocatícios, sem prejuízo de seu sustento e de sua família, 
pelo que requer o benefício da gratuidade de justiça. 
A autora trabalha como xxxxx e possui renda 
mensal atual de aproximadamente R$ xxxxxxxx. 
DOS FATOS 
A autora, no dia xxxxxx, adquiriu o veículo 
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91 
xxxxxxxx, placa xxxxxx, cor xxxxx, no valor líquido total de 
R$ 24.900,00 (vinte e quatro mil e novecentos reais). 
Como entrada, a autora adimpliu com o valor de 
R$ 7.400,00 (sete mil e quatrocentos reais), tendo financiado 
R$ 19.263,42 (valor com inclusão de outras taxas), 
parcelado em 60 vezes, com prestações de R$ 592,61 
(quinhentos e noventa e dois reais e sessenta e um 
centavos). 
Foram pagas 38 parcelas, totalizando R$ 
22.519,18 (vinte e dois mil, quinhentos e dezenove reais e 
dezoito centavos). 
Desta feita, levando-seem consideração a 
quantia referente a entrada (R$ 7.400,00) e as 
mensalidades do financiamento pagas (R$ 22.519,18), 
atingiu-se o valor pago de R$ 29.919,18 (vinte e nove 
mil, novecentos e dezenove reais e dezoito centavos). 
Observe-se que, levando-se em consideração a 
aplicação de juros simples, que entendemos como justo e 
legal, sem acréscimos das taxas indevidas, o valor da 
prestação deveria ser de R$ 454,54 (planilha anexa) e o total 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
92 
do financiamento seria R$ 27.272,40. 
Por outro lado, com a prática de juros 
capitalizados, assim como inclusão das taxas indevidas 
acima referidas, chegou-se à quantia total de R$ 35.556,60 
(trinta e cinco mil, quinhentos e cinquenta e seis reais e 
sessenta centavos). 
Importante salientar que no contrato de 
adesão firmado entre as partes, sequer existe o total da 
dívida que a autora deverá pagar, o que a induziu ao erro, 
já que, não possuindo conhecimento técnico para 
posicionar-se em relação às cláusulas abusivas, aceitou os 
termos apresentados pela ré. 
DA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO 
Em atendimento ao art. 319, VII do Novo Código 
de Processo Civil, informa a autora que possui/não possui 
interesse na realização de audiência conciliatória para fins 
de composição amigável da lide. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
93 
DOS MÉTODOS DE AMORTIZAÇÃO UTILIZADOS 
A financeira utilizou como método de 
amortização a tabela Price. Para ajustar os valores a um 
método que utilize como forma de amortização os juros 
simples, a autora utilizou a tabela Gauss, informações que 
constam na planilha anexada aos autos. 
DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 330, § 
2º do Novo CPC 
Do valor incontroverso 
Tem-se como incontroverso o valor de R$ 454,54, 
que a autora se compromete a pagar no decorrer do 
processo, como preceitua o art. 330, § 3º do NCPC. 
Das cláusulas abusivas do contrato 
É prática comum das financeiras informarem que 
se trata de contrato de adesão, logo, solicitam a assinatura 
sem que o consumidor tenha acesso às cláusulas. 
Some-se a isto o total desconhecimento dos 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
94 
termos técnicos e seus significados. 
A autora jamais teve acesso ao contrato e aos 
cálculos, sedo certo que o instrumento foi obtido após longo 
período por e-mail (acostado aos autos). 
Como a informação deve ser clara e precisa, bem 
como não podem onerar demasiadamente o consumidor, 
nos termos do art. 51 e incisos do CDC, são nulas as seguintes 
cláusulas contratuais. 
Cláusula 5 
Cláusula 6 
Cláusulas 12.2 e 12.3 
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95 
Cláusula 13 
Cláusula 16 
Todas as cláusulas acima mencionadas devem 
ser consideradas nulas de pleno direito por contrariar a 
legislação consumerista. 
DA DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE 
INCONSTITUCIONALIDADE 
Com efeito, preceitua o art. 192 da CF: 
O contrato ora debatido foi impresso em Cédula 
de Crédito Bancário, modalidade instituída pela Lei de n. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
96 
10.931/04, em seu art. 26. 
Art. 26. A Cédula de Crédito Bancário é título de 
crédito emitido, por pessoa física ou jurídica, em 
favor de instituição financeira ou de entidade a 
esta equiparada, representando promessa de 
pagamento em dinheiro, decorrente de operação 
de crédito, de qualquer modalidade. 
O art. 28, § 1º, I, da mesma Lei possibilita a 
incidência de juros compostos e afirma que se trata de título 
executivo extrajudicial: 
art. 28, § 1o. Na Cédula de Crédito Bancário 
poderão ser pactuados: 
I - os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, 
os critérios de sua incidência e, se for o caso, a 
periodicidade de sua capitalização, bem como as 
despesas e os demais encargos decorrentes da 
obrigação. 
A Lei Complementar n. 95/98, prescreve no art. 
7º e seus incisos: 
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97 
Art. 7º O primeiro artigo do texto indicará o objeto 
da lei e o respectivo âmbito de aplicação, 
observados os seguintes princípios: 
I - excetuadas as codificações, cada lei tratará 
de um único objeto; 
II - a lei não conterá matéria estranha a seu 
objeto ou a este não vinculada por afinidade, 
pertinência ou conexão; 
III - o âmbito de aplicação da lei será estabelecido 
de forma tão específica quanto o possibilite o 
conhecimento técnico ou científico da área 
respectiva. 
Assim, deve ser declarada a 
inconstitucionalidade da Lei 10.931/04 pelos seguintes 
fatores: 
1. Não se trata de Lei Complementar, ferindo o
art. 192 da CF, que determina esta espécie de Lei para 
regulamentar o assunto; 
2. Inconstitucionalidade por desrespeito ao art.
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
98 
59, parágrafo único da CF, já que a Lei apresenta mais de um 
objeto, não respeitando os termos da LC 95/98, em seu art. 
7º, I, II e III. 
DA PROIBIÇÃO DE CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS 
Ainda que fosse admitida a implementação de 
juros capitalizados, esta pressupõe ajuste expresso. Todavia, 
referido ajuste nos conduz ao entendimento de que presente 
voluntariedade, negociação, o que não acontece nos 
contratos de adesão, modalidade adotada no contrato em 
questão. 
Por outro lado, regra geral, os contratantes 
sequer possuem conhecimento em relação aos 
valores/taxas/juros que serão aplicados, não tendo 
condições de posicionarem-se quanto a opção mais 
conveniente e vantajosa, aderindo às promessas fantasiosas 
de benefícios oferecidas pelos prepostos das financeiras, 
como alhures afirmado. 
Assim, inexistindo pacto expresso, ou seja, com 
aquiescência inequívoca e voluntária, com pleno 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
99 
discernimento do ajustado no contrato, a cobrança de juros 
capitalizados é tida por ilegal. 
Não podemos esquecer que em contatos 
bancários, presente a relação de consumo. Logo, o pacto 
de juros capitalizados não pode ser presumido, sob pena 
de ferir os preceitos da legislação consumerista, em 
especial os arts. 4º, 6º, 31, 46 e 54. 
O CDC reclama, por meio de cláusulas, a 
prestação de informações detalhadas, precisas, corretas e 
ostensivas, devendo o consumidor ser informado sobre o 
significado de tudo o que foi contratado, o que não reflete a 
realidade do mercado. 
 Assim, cláusulas com acerto implícito não podem 
ser admitidas, em especial quando fere regras em sentido 
contrário previstas na Legislação Consumerista. 
Defendemos, aqui, a impossibilidade de 
capitalização mensal de juros. 
Importante salientar que não é permitida 
capitalização de juros com periodicidade inferior a um 
ano, nos termos do art. 4º do Decreto Lei 22.626/33. 
Contratos Bancários | Abrahão Nascimento dos Santos 
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No mesmo sentido, o art. 591 do Código Civil, 
in verbis: 
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, 
presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de 
redução, não poderão exceder a taxa a que se 
refere o art. 406, permitida a capitalização 
anual. 
Frise-se que a recente decisão do STF 
emanada no RE 592377 não tem o condão de infirmar 
tudo quanto foi defendido até o presente momento em 
relação à inaplicabilidade de juros capitalizados. 
Isto porque, naquele recurso discutia-se a não 
observância dos requisitos do art. 62 da Constituição 
Federal (relevância e urgência) na elaboração da 
Medida Provisória 2170/36 (que permite a 
capitalização

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