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ENGENHARIA MECÂNICA DISCIPLINA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA I RELATÓRIO DA PRÁTICA 02 – ANÁLISE METALOGRÁFICA AUTORIA: Bruno da Costa Izidorio (brunoengmec2016@gmail.com) Jéssica Santos de Oliveira (jessica.s.o@outlook.com.br) Shyrlainne Crespo Carvalho de Souza (shyrlainnecrespo@gmail.com) 1. INTRODUÇÃO O presente relatório foi elaborado a partir de práticas feitas no Laboratório de Química e de Ensaios do Instituto Federal do Espírito Santo, campus São Mateus, nos dias 11, 18 e 25 de Setembro e 2, 9 e 24 de Outubro. O experimento conduzido consistiu em fazer uma análise metalográfica de parte de uma serrinha, a qual faz parte das práticas desenvolvidas na disciplina Materiais de Construção Mecânica I, do Curso Engenharia Mecânica. A fim de preparar o corpo de prova para a análise metalográfica foram necessárias algumas etapas, tais como corte de uma seção da serrinha, embutimento, lixamento, polimento, ataque químico, de modo a revelar as interfaces entre os diferentes constituintes que compõe o metal, para finalmente realizar a análise com auxílio do microscópio e do software Infinity Analyse. 2. OBJETIVO GERAL Este relatório tem como objetivo a análise metalográfica de microconstituintes presentes na amostra a partir das micrografias obtidas. Tal análise é bastante importante, pois com ela é possível conhecer a estrutura do material analisado, tendo em vista que as propriedades mecânicas do mesmo dependem de sua composição química e de sua textura. 2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ● Apresentar as etapas realizadas durante a preparação da amostra e metalografia; ● Conhecer a estrutura do material, o que nos permite estudar o comportamento de uma peça metálica; ● Comparar com outras referências a micrografia resultante da prática. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1 Embutimento O pedaço de serra já estava devidamente cortado para a fase de embutimento, Figura 1 (a). O embutimento facilita o manuseio de peça pequena, evita rasgar a lixa ou pano de polimento e danificar a lixadeira. O embutimento consiste em colocar a peça numa prensa, Figura 2 (a), com uma resina, que foi a baquelite, Figura 2 (b), que possui alta dureza. Esse processo foi o embutimento a quente, que ocorreu por meio de uma prensa utilizando-se pressão entre 80 e 120 kgf/cm² e aquecimento para efetuar a polimerização. Nesse método, foi colocado a amostra com a face que se quer analisar em contato com o êmbolo inferior da máquina de embutimento. Após apertar o êmbolo, colocou-se a resina pressionando por um tempo de aproximadamente 10 minutos, e o resultado final está apresentado na Figura 1 (b). Figura 1 - Amostra (a) antes do embutimento e (b) depois do embutimento (a) (b) Figura 2 - (a) Prensa e desmoldante; (b) Baquelite (a) (b) Conforme a NBR 13284, norma técnica para preparação de corpos de prova para análise metalográfica, após o embutimento a amostra deve ser lixada. 3.2 Lixamento e polimento O processo de lixamento deve proporcionar uma superfície plana e sem deformações, corrigindo as deformações da etapa inicial de corte da peça. A lixadeira usada, Figura 3, tem um prato rotativo na horizontal sendo lubrificada com água, que promove a refrigeração e o arraste das partículas extraídas do corpo de prova durante o processo. As granulometrias das lixas usadas foram de 80, 220, 400, 600, 800 e 1200 respectivamente. É fundamental a limpeza dos corpos de prova ao final de cada etapa de preparação de modo a evitar a contaminação dos abrasivos. Figura 3 - Lixadeira e politriz Ao final do lixamento foi realizado o polimento da peça com Alumina de 1 micrômetro, Figura 4. O polimento é diferenciado do lixamento por utilizar abrasivos soltos. Sua finalidade é de obter uma superfície isenta de riscos e deformações para análise microscópica, Figura 5. Figura 4 - Abrasivo utilizado no polimento Figura 5 - Processo de polimento 3.3 Ataque químico Por fim, ainda no processo de preparação do corpo de prova, após o polimento foi realizado o ataque químico. Esta etapa tem como finalidade revelar a estrutura metalográfica do corpo de prova. A superfície polida foi atacada por 10 segundos com o reagente químico Nital 10%, HNO3, Figura 6, que provocou reação eletroquímica baseada no processo de oxirredução. Figura 6 - Reagente químico utilizado no ataque Após o ataque, foi feita análise microscópica do material, porém o período de tempo de ataque provocou oxidação ao corpo de prova dificultando a análise. Logo, na tentativa de recuperar alguma informação metalográfica do corpo de prova, foram realizados vários polimentos com Alumina de 1 micrômetro, sob supervisão do microscópio verificando a situação da peça. Visto que o polimento não foi suficiente, foi feito novamente um lixamento com lixa granulométrica de 1200 e depois o polimento. Na realização do novo ataque utilizou-se o mesmo reagente químico com o período de tempo de 5 segundos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após os procedimentos de preparo da amostra, com objetivo de determinar a microestrutura predominante e o material da amostra, foram feitas capturas dos resultados obtidos com a análise no microscópio, e uma delas é apresentada na Figura 7. Figura 7 - Imagem micrográfica ampliada em 500x antes do ataque A Figura 7 foi obtida a fim de mostrar o resultado do ataque químico na amostra, apresentado na Figura 8. Vale ressaltar que antes do ataque não é possível fazer análise, pois a superfície está praticamente toda polida, refletindo a luz. Figura 8 - Imagem micrográfica ampliada em 200x após o ataque Analisando a Figura 8, é possível identificar com base na referência [1] uma morfologia de “ripas”, que é característico de aços de até 0,6% de C. Quando a martensita se manifesta na forma de ripas em um arranjo desses cristais paralelos, formam um aglomerado chamado “pacote”. A identificação em si, é complexa, pois as ripas de martensita, são pequenas demais para observação óptica e muito grandes para microscopia eletrônica de transmissão. Segundo a loja online Starret, a serra manual é feita de aço HSS (High Speed Steel / aço rápido), bastante empregado em ferramentas, tais como serra e brocas. A fim de comparar a micrografia resultante com uma referência, buscou-se micrografias de algumas ferramentas com o mesmo tipo de aço. Na Figura 9, é apresentada a micrografia de uma amostra transversal de broca comercial, utilizando ataque Nital 4% [4]. Figura 9 - Micrografia de uma broca comercial ampliada em 500x após o ataque Ao comparar as Figuras 8 e 9, é possível perceber as semelhanças em relação às orientações da microestrutura, evidenciando uma estrutura martensítica. Além disso, a microestrutura da Figura 9 indica que a broca deve ter passado por uma têmpera [4], assim como foi observado na microestrutura da serra, em especial nos dentes, pois pela análise da Figura 10, é possível identificar uma mudança da microestrutura, evidenciando um possível tratamento para aumentar a resistência. Figura 10 - Imagem micrográfica do dente ampliada em 50x após o ataque Essa mudança brusca na microestrutura observada na Figura 10, deve-se ao fato de um possível tratamento térmico, para aplicações de materiais onde se requer dureza, resistência ao desgaste e flexibilidade, como é o caso da serra manual. Para isso, é comum empregar a têmpera por indução, onde apenas os dentes são temperados. Este tratamento consiste em um processo de fabricação que produz um endurecimento da superfície de determinado material, onde o aquecimento se dá através de indução elétrica e há um resfriamento brusco, que normalmente ocorre com o auxílio de água. O campo magnético induz uma corrente elétrica temporária que aquece o material, mas apenas a uma profundidade mais rasa. O material é então imediatamente arrefecido em um banho. O arrefecimento após o aquecimento, deve ser feito de forma súbita, para provocar a formação de cristais dentro das camadas mais externas do material, porém o material do núcleo não é afetado e mantém as suas propriedades originais. Para esse tipo de tratamento térmico as serras manuais geralmente apresentam dureza de 64/65 HRC nos dentes e 48/50 HRC no corpo [1]. 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Ao final da análise, pode-se concluir que o método é eficiente, resultando numa micrografia semelhante à referência, como visto nas Figuras 8 e 9, com morfologia de “ripas” e forma de agulhas cruzadas. Além disso, pode-se observar uma mudança brusca na microestrutura nos dentes da serrinha, decorrente de um tratamento térmico, que possivelmente é uma têmpera por indução. No entanto, no caso da amostra de serra manual, o primeiro ataque químico de 10 segundos prejudicou na confiança de nossa micrografia, sendo necessário repetir o processo com 5 segundos, e mesmo assim, ficaram indícios negativos do ataque químico, afetando a interpretação da micrografia. REFERÊNCIAS [1] COLPAERT, H. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns, 4ª. ed. São Paulo, Blucher, 2008. [2] KRAUSS, G. Steels: processing, structure and performance. Materials Park: ASM International, 2005. [3] NBR13284 - Preparação de corpos de prova para análise metalográfica. [4] LINNIKER, Petteson. Caracterização de brocas comerciais de aço rápido - HSS. CONTECC 2017, Belém - PA. [5] ROHDE, R. A., Metalografia Preparação de Amostras: Uma abordagem prática, Versão 3.0, URI Santo Ângelo, 2010.
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