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1 O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS METODOLOGIAS NOS ANOS FINAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO/ Campus Cacoal. SILVA, Caio Vinicius Alves da1 SILVA, Érika Lise Buffon da2 SILVA, Magno Maciel da3 SILVEIRA, Vera Lucia Lopes4 Resumo: O presente artigo, é resultado de uma pesquisa cujo objetivo foi elaborar analisar o ensino de geografia nas escolas brasileiras, com foco nas metodologias aplicadas nas séries finais da educação básica. A metodologia utilizada foi a bibliográfica, utilizando as publicações atuais sobre a temática. Os aportes teóricos baseiam-se nos parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia para o ensino médio (1998) e em autores como Amorim (2018), Santos (2015) e Zangalli (2014), estabelecendo um diálogo desde a contextualização da Geografia às metodologias atuais. Este trabalho propõe estratégias inovadoras para o ensino da geografia escolar, comparando métodos tradicionais e renovados, considerando, inicialmente, a crescente e visível evolução tecnológica. O intuito é incentivar professores e alunos para a utilização de novos instrumentos e recursos como os aplicativos Google Earth e Google Maps, oportunizando novos experimentos de forma que possam criar relações comparativas para compreender o próprio espaço onde vivem. Palavras-chave: Ensino. Evolução. Metodologia. Geografia. 1 Acadêmico de Licenciatura em Geografia, pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO 2 Acadêmico de Licenciatura em Geografia, pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO 3 Acadêmico de Licenciatura em Geografia, pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO 4 Graduada em Letras/Literatura – UNIR, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior - UNIOURO, Linguística e Literatura - FAEMA e Metodologia e Didática do ensino de Língua Portuguesa - FAROL. vera.lucia@ifro.edu.br 2 Introdução O ensino da Geografia Escolar, hoje, se descreve por diversas orientações teóricas e metodológicas no processo de ensino e aprendizagem. A Geografia, independente de quaisquer circunstâncias, é vista hoje como uma ciência que ultrapassa seus limites conceituais e traz juntamente com esses novos conceitos, a busca pela compreensão e explicação do mundo em que vivemos, conforme surgem as necessidades (BRASIL 1998). Sobre o ensino da geografia nos anos finais da educação básica, os PCN’s (1998, p. 30-31), descrevem: “No Ensino Médio, o aluno deve construir competências que permitam a análise do real, revelando as causas e efeitos, a intensidade, a heterogeneidade e o contexto espacial dos fenômenos que configuram cada sociedade. A distinção que aqui se faz é que não se deve compreender o Ensino Médio apenas dentro da ótica de simples continuação do Fundamental ou da redução de um curso de graduação. O Ensino Médio é o momento de ampliação das possibilidades de um conhecimento estruturado e mediado pela escola que conduza à autonomia necessária para o cidadão do próximo milênio. Seguindo os três princípios filosóficos da concepção curricular – princípios estéticos, políticos e éticos[...]”. Com base nas definições dos novos conceitos da geografia, é possível identificar que as metodologias necessárias para a aplicabilidade do ensino em sala de aula, também deve ser adaptada de forma interacional, tendo em vista a revolução da informação e comunicação. Desta forma, o objetivo do artigo é elaborar uma análise por meio de pesquisas bibliográficas, sobre o ensino de geografia nas escolas brasileiras, com foco nas metodologias aplicadas nas séries finais da educação básica. Para tanto, será abordada a evolução histórica da geografia na escola brasileira, demonstrando que a mesma é alvo de mudanças constantes devido às transformações com relação à sociedade – natureza. Em metodologias aplicadas ao ensino da geografia, será feito um comparativo quanto às metodologias tradicionais e as renovadas com o objetivo de dimensionar o descompasso ocorrido pela evolução de métodos e a permanência do ensino clássico. Portanto, a análise bibliográfica de caráter exploratório e comparativo, busca redirecionar o educador ao uso de novas ferramentas que permita maior interação entre escola 3 e alunos, procurando neste método renovado, oferecer mais autonomia aos alunos quanto à inserção de suas experiências cotidianas sob a influência das tecnologias de informação e comunicação. 1. Evolução histórica da geografia na escola brasileira. Transformações políticas, econômicas, socioculturais, enfim, esse grupo de indivíduos que vivem, por escolha, sob os princípios comuns de comunidade e coletividade, têm sofrido diversas mudanças que se espelham direta ou indiretamente, de forma expressiva na Educação (AMORIM, 2009). Desta forma, devem-se levar em consideração os conteúdos e métodos de ensino da Geografia, considerando que a mesma está focada no entendimento das necessidades das mais variadas camadas da sociedade. Desde que se deu por ciência, na segunda metade do século XIX, sob a contribuição dos alemães Friedrich Ratzel, Karl Ritter e Alexander Von Humboldt, e dos franceses Eliseé Reclus e Vidal de La Blache, a Geografia tem sofrido constantes desenvolvimentos. Inicialmente, houve até mesmo divergências quanto à concepção da Geografia como ciência. Uns, em seus pontos de vista a defendia como ciência do Homem ou da sociedade, outros já a tratava como uma ciência dos lugares (AMORIM, 2009). Historicamente, o ensino da geografia nas escolas brasileiras só passou a ser realidade no inicio do Século XX, de forma secundária. Ou seja, ainda não havia se difundido no âmbito acadêmico. Ainda a respeito disso é preciso considerar o que diz Amorim (2009, on- line): “O Movimento de Renovação da Geografia no final da década de 1970 é considerado como marco inicial no Brasil, das inovações nos processos metodológicos da Geografia escolar. Mesmo com tais reformas não houve o avanço significativo que se esperava no ensino da Geografia. É fundamental, dentro do ensino de Geografia, como nos demais, reflexões sobre aspectos fundamentais do próprio ensino: objetivos, conteúdos e métodos.” No decorrer tempo, principalmente das últimas décadas, é possível perceber o surgimento obrigatório de se modificar as abordagens quanto ao ensino da geografia nas séries finais do ensino básico. Santos e Moro (2007, p. 132), defende: “[...] ensinar Geografia hoje é auxiliar o aluno a compreender o mundo em que vivemos: enfocar criticamente a questão ambiental e as relações sociedade/natureza, oportunizando aos alunos a interpretação de textos, fotos, mapas e paisagens. Entende-se que é por esse caminho que a geografia escolar vai sobrevivendo e, até mesmo, ganhando novos espaços nos melhores sistemas educacionais. Para isso, o professor necessita criar, ousar, aprender ensinando.” 4 Complementando o que defende Santos e Moro na citação acima, o ensino da geografia na reta final da educação básica, deve ser aprimorado com objetivo de aprofundar o conhecimento adquirido pelos alunos no ensino fundamental, preparando-os para a continuidade do aprendizado, dando foco na necessidade de compreenderem questões relacionadas a organização social e política, relações entre teoria econômica e política ambiental, podendo inclusive investigar a forma com que os moradores do próprio bairro ou cidade se organizam para busca de soluções para os problemas locais,chamando a atenção do poder público. 2. Metodologias aplicadas no ensino da geografia. Segundo Zangalli JR, (2014, p. 132): “Os professores precisam conviver com essa contemporaneidade existente em sua prática docente, procurando, entretanto, o pensamento pedagógico contemporâneo não pode se esquivar de uma reflexão sobre a questão da cultura e dos elementos culturais dos diferentes tipos de articular os conteúdos e os meios tradicionais da escola com toda essa quantidade de informação disponível nos novos meios de comunicação, mediando e sistematizando a construção do conhecimento do aluno.” Baseado na citação acima é possível considerar ser de suma importância o professor se adequar as novas práticas pedagógicas e desenvolver novas metodologias de ensino a fim de incrementar o processo de aprendizagem de modo a torná-lo mais completo e construir saberes que se relacionem a vivência dos alunos e sua percepção de mundo. Desde seu surgimento como disciplina escolar a Geografia, assim como outras disciplinas, e as metodologias utilizadas em seu ensino têm passado por intenso processo de transformação. Essa constante busca por renovação visa garantir a formação de estudantes mais conscientes do seu papel social, capazes de compreender a relação homem/natureza e percebê-la em seu cotidiano. Atualmente a perspectiva tradicional do ensino da Geografia, bem como, a perspectiva crítica e a cultural são as mais utilizadas em sala para nortear o ensino. (MOÇO, 2008) Na perspectiva tradicional os estudos da Geografia concentravam-se em descrever os aspectos físicos das regiões, “a ciência dos lugares e não dos homens” (LA BLACHE apud MOÇO, 2008); ou seja, a natureza era o ponto chave para o entendimento do conhecimento geográfico tradicional. Nesse contexto, a compreensão de seus conceitos incutiria nos estudantes um senso nacionalista indispensável àquele momento. 5 De acordo com Moço (2008) a perspectiva crítica é forma de oposição às ideias tradicionais, que concebe o ensino da Geografia como posição crítica aos fenômenos sociais da época, assim como, a ordem vigente. Caberia ao geógrafo à função de modificar a sociedade. Para essa corrente, mediante o uso do método dialético de estudo seria despertada no indivíduo sua capacidade de criticar racionalmente, razão pela qual, a assimilação dessa perspectiva e de suas formas de manifestação torna-se essencial ao ensino. A Geografia Cultural, segundo Moço (2008) “[...] defende um relacionamento mais próximo com ciências como História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia, tendo como foco na cultura e nas representações que o homem faz de si, dos outros e do espaço.”. A corrente analisa a relevância de determinado espaço para um indivíduo, se relaciona com valores e sentimentos e considera todos esses aspectos para retratar de forma realista as relações que ocorrem no meio. Nas salas das escolas brasileiras essas perspectivas compartilham espaço tornando o ensino do conhecimento geográfico amplo. Moço exemplifica (2008): [...] Para falar do rio que passa pela cidade, por exemplo, o professor pode começar pelo estudo da nascente e dos municípios que ele banha, abordando o conceito de mata ciliar (análise descritiva da perspectiva tradicional); trabalhar o impacto da produção industrial e as dificuldades econômicas dos ribeirinhos (relação entre a economia e as consequências sociais defendidas pela perspectiva crítica); pedir pesquisas sobre a relação da população com o curso d’água e a importância para a cultura local (objetos de estudo da perspectiva cultural). O desafio dos professores é aplicar os conceitos de cada perspectiva de modo que os alunos consigam perceber o entrelaçamento existente e relacionar com situações corriqueiras da sua experiência cultural. 2.1. Metodologia tradicional versus Metodologia renovada. Na metodologia de ensino tradicional o professor é a peça chave. As aulas são verbalmente expostas e não há diálogo entre aluno e professor, nesse caso, o primeiro exerce pouca ou nenhuma participação na construção do conhecimento, visto somente como receptáculo. Todo conhecimento parte do professor, que exerce sobre o primeiro o poder autoritário. Nessa metodologia o livro didático é utilizado como bússola para nortear o que será trabalhado em sala. A repetição de conteúdos e a memorização de fórmulas são 6 características fundantes dela, assim como, a resolução de exercícios em sala e em casa. O processo de aprendizagem torna-se monótono e mecânico, visto que, em sua maioria, os alunos têm dificuldades para relacionar o que lhes foi apresentado com suas experiências socioculturais. Já na metodologia renovada o professor é visto como mediador, o aluno deixa de ser um ouvinte passivo e começa participar ativamente da elaboração do conhecimento e é justamente essa interação que torna o processo de aprendizagem mais dinâmico e atrativo. A aula de campo é uma das formas utilizadas nessa metodologia para atrair a atenção dos alunos, ela possibilita que a teoria discutida em sala seja percebida na prática e como consequência desta analise o estudante obtém dados que lhe garante ampla compreensão da realidade. A tecnologia integrada ao ensino da Geografia viabiliza uma renovação nos métodos de instrução da disciplina. Atualmente conta-se com uma importante ferramenta que auxilia no aprendizado, o Google Earth (página na internet), ele permite visualizar cidades, localizar lugares, comparar paisagens, etc., assim como a aula de campo, ele possibiliza a visualização da realidade e a comparação com a teoria, daí sua relevância como instrumento colaborador da estruturação do saber geográfico. 7 Considerações Finais. Através dessas análises da evolução da geografia como ciência, e da necessidade de a mesma se adaptar aos conhecimentos prévios dos alunos, os quais foram adquiridos com base nas experiências cotidianas da revolução da informação e comunicação. Hoje, considerando demais atenuantes direcionados a interatividade, compreende-se que memorizar conteúdos para reproduzi-los é uma atitude totalmente insuficiente para ampliação do conhecimento. Comparando as metodologias, identificamos que o progresso do ensino escolar, não conseguiu acompanhar a evolução do ensino de conceitos e técnicas atuais disponíveis para o ensino da geografia, devido à falta de investimentos necessários para aquisição de softwares necessários e capacitação devida aos educadores. Não obstante, consideramos que as análises feitas no decorrer deste artigo, que objetiva abordar o ponto de vista teórico-metodológico moderno para o ensino da geografia nas escolas brasileiras, retomam ainda à necessidade de discussões sobre uma adaptação da linguagem científica com foco nos conteúdos escolares, considerando a relevância de determinados saberes do cotidiano do aluno, de forma a incentivar uma nova concepção de discernimento autônomo, espacial e crítico. 8 REFERÊNCIAS AMORIM, Wagner Martins Pinchemel. A evolução do Ensino de Geografia no Brasil. Disponível em < https://www.webartigos.com/artigos/a-evolucao-do-ensino-de-geografia-no- brasil/13058/> Acesso em 03 de maio de 2018. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros nacionais ensino médio. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica: Brasília (DF), 1998 v.l. SANTOS, José Erimar dos. Introdução à geografia: Correntes filosóficas que influenciaram e influenciam o ensino e a pesquisa em geografia.2015. Artigo (Doutorado Em Pesquisa) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Pau dos Ferros, 2015 SANTOS, W.T.P.; MORO, P.R. in: NADAL, B.G. et al. Práticas Pedagógicas nos anos iniciais: concepções e ação. Ponta Grossa. Editora UEPG. 2007 ZANGALLI JR., Paulo Cesar. Entre a ciência, a mídia e a sala de aula: Contribuições da Geografia para o discurso das mudanças climáticas globais. São Paulo. Ed. Cultura Acadêmica, 2014
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