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DIDÁTICA E PRÁTICA DO ENSINO DE GEOGRAFIA UNIASSELVI-PÓS Autoria: Gilvan C. C. de Araújo Indaial - 2020 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: AR663d Araújo, Gilvan Charles Cerqueira de Didática e prática do ensino da geografia. / Gilvan Charles Cerqueira de Araújo. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 133 p.; il. ISBN 978-65-5646-041-3 ISBN Digital 978-65-5646-042-0 1. Geografia - Estudo e ensino. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 372.891 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolar .........................7 CAPÍTULO 2 Estratégias Didático-pedagógicas e a Prática de Ensino em Geografia ...................................................................47 CAPÍTULO 3 Perspectivas para o Ensino de Geografia no Contexto das Novas Proposições Curriculares ...................91 APRESENTAÇÃO Este livro possui como principal objetivo trabalhar com a Geografia Escolar, o Ensino de Geografia na prática e de como as estratégias didático-pedagógicas, além de fazerem parte, fundamentam, estruturam e devem servir como principal ponto de fortalecimento da Geografia em seu alcance, significação e protagonismo, como componente curricular e saber científico no percurso educacional dos estudantes. Pensar em uma rota de formação geográfica que contemple tais elementos da realidade, contemporaneidade e complexidade educacional são alguns dos desafios postos no percurso que lhe é oferecido nos próximos capítulos. A Didática e a Prática do Ensino de Geografia recebem o foco necessário para que tal diversidade e profundidade temática receba análises, indicações de reflexões e diálogos que a permeiem e nos ajudem a melhor compreendê-las. Como principais objetivos deste livro em relação à Didática e a Prática do Ensino de Geografia ressalta-se a compreensão e importância dos principais aspectos da relação entre a prática didático-pedagógica do ensino de Geografia e da Geografia Escolar, e também compreender a relevância da didática na Geografia Escolar, aprofundando e aperfeiçoando o processo de ensino e aprendizagem dos conceitos, temas, teorias e metodologias geográficas. No primeiro capítulo, intitulado “Correntes e tendências didáticas e o processo de ensino e aprendizagem da Geografia Escolar” é trabalhada a questão de como as formulações teóricas e metodológicas das correntes pedagógicas influenciam e estão presentes tanto na prática do Ensino de Geografia como na Geografia Escolar em seu cotidiano dos ambientes de aprendizagem escolares, como a importância da didática neste processo, a exemplo das correntes de ensino da visão geográfica entre a alfabetização e o letramento neste componente curricular na Educação Básica, em suas diferentes etapas e modalidades. Para o segundo capítulo, “Estratégias didático-pedagógicas e a prática de ensino em Geografia”, estreita-se o foco na questão da elaboração de estratégias didático-pedagógicas, com especial atenção às tendências atuais, como as tecnologias digitais da informação e comunicação na sala de aula, as metodologias ativas e metacognição como fronts pedagógicos atuais e de como tais tendências podem ser observadas ou estar presentes no Ensino de Geografia. Como fechamento, no terceiro capítulo, “Perspectivas para o ensino de Geografia no contexto das novas proposições curriculares”, a centralidade do currículo toma frente e protagonismo numa visão que abarque a complexidade de se pensar a didática e a prática do Ensino e Geografia na realidade escolar. Para esse debate são trazidos, por exemplo, alguns elementos curriculares já estabelecidos, como a relação entre conteúdos, objetos de conhecimento e objetivos de aprendizagem, bem como temáticas atuais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a inserção desses debates numa visão educacional com vistas à uma formação decolonial dos estudantes. Espera-se, portanto, do estudante deste curso de formação didática e de Ensino de Geografia a compreensão da diversidade, conjuntamente aos desafios formativos, inerente a uma busca por novas formas de fortalecer a prática docente em Geografia. Portanto, a multiplicidade temática, teórica, metodológica e de proximidade com outras áreas do conhecimento e componentes curriculares emerge como ponto de fortalecimento da Geografia nessa busca por uma visão complexa, holística e dialógica com a formação dos estudantes da Educação Básica. Bons estudos! Prof. Gilvan C. C. de Araújo CAPÍTULO 1 Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolar A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • destacar as principais características didático-pedagógicas que permeiam a prática docente em relação à Geografia e como tais saberes compõem o ensino de Geografia; • estabelecer as correlações diretas entre as correntes pedagógicas em relação à prática do ensino de Geografia na Educação Básica e suas especificidades em diferentes ambientes de aprendizagem; • ser capaz de propor conexões, diálogos e práticas que comtemplem a conexão com e entre a Geografia Escolar e o Ensino de Geografia com a didática e estratégias pedagógicas no escopo do Ensino de Geografia; • realizar a transição dos temas, teorias, conceitos e metodologias aprendidas no curso ao âmbito de sua prática didático-pedagógica e das estratégias de ensino para a Geografia nos ambientes de aprendizagens escolares, nas etapas, modalidades, diversidade, possibilidades e desafios encontrados na Educação Básica. 8 Didática e Prática do Ensino de Geografia 9 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Como contexto ao estudo da Didática e Prática de Geografia, podemos elencar ao menos três fatores centrais que estruturam e são inerentes a uma proposta de revisitação, aperfeiçoamento e formação dos profissionais da educação em relação ao seu percurso de atuação na Educação Básica: a diversidade da Educação, em suas teorias e metodologias; a Geografia como ponto de dialogia dos saberes escolares; a necessidade de reciclagem e acompanhamento das novas tendências educacionais contemporâneas. Por diversidade da Educação entende-se toda a gama de teorias, métodos, autores, conceitos, categorias, temas e proposições elaboradas, historicamente, com vistas a buscar os melhores caminhos para se chegar às aprendizagens de crianças, jovens, adultos e estudantes em geral. O percurso é longo e possui nuances, subdivisões, rompimentos, reaproximações, interfaces de complexidade e de necessária apuração em seus contornos e aspectos. Portanto, vislumbrar e buscar compreender essa diversidade da educação é o primeiro passo para se trilhar um caminho de aperfeiçoamento formativo em relação a sua prática didático-pedagógica. A Geografia possui uma dúplice origem epistêmica, como ciência possuiem síntese de estudos tanto a natureza como o ser humano, o físico e o social fazem parte de sua história como ciência. Dessa maneira, como componente curricular isolado ou membro da área do conhecimento das Ciências Humanas, a Geografia possui o privilégio de caminhar, duplamente, tanto por temáticas mais ambientais como por conteúdos e objetos de conhecimentos voltados para a cultura, questões sociais e econômicas, situações políticas de diferentes escolas, dentre outras interações de conhecimento, o que faz da Geografia, no ambiente escolar, se fortalecer, contemporaneamente, na rota de uma compreensão de um mundo cada vez mais diversificado e conectado, contribuindo tanto com a formação dos estudantes como na criação de pontes com outros professores, representantes de outros saberes e componentes curriculares. Por fim, coloca-se como principal ponto de fortalecimento da formação didática e pedagógica continuada dos professores a necessidade de acompanhar as mudanças, tendências e movimentação do que está sendo pensado, proposto e colocado em prática no que diz respeito à Educação, seja na escala nacional ou internacional. Trazer para o debate todos esses pontos de encontro sobre a Educação Básica é fundamental para que o profissional da Educação almeje e consiga 10 Didática e Prática do Ensino de Geografia se ver representado nessas movimentações e proposições atuais diretamente ligadas ao seu trabalho, formação e rotina no dia a dia das escolas e redes de ensino. 2 CORRENTES PEDAGÓGICAS E A GEOGRAFIA ESCOLAR Para que possamos avançar no debate sobre os cursos de licenciatura de componentes curriculares específicos é imprescindível a presença dos temas, autores e referências da didática na formação desses futuros profissionais da educação, que farão parte de equipes educacionais das etapas e modalidades da Educação Básica. Nesse sentido é que se torna elementar a inserção do escopo teórico e metodológico na prática docente e, no caso da Geografia, o papel das correntes pedagógicas em sua realidade escolar e de ensino. 2.1 ELEMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA GEOGRAFIA ESCOLAR E ENSINO DE GEOGRAFIA As correntes pedagógicas influenciam e, muitas vezes, determinam os caminhos teóricos e metodológicos dos campos específicos dos saberes e componentes curriculares das escolas. Portanto, perpassar pelas características fundamentais dessas correntes pedagógicas ajudará o professor a se encontrar dentro de sua formação, concepções pedagógicas e estratégias didáticas no seu trabalho diário. 11 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 FIGURA 1 – OS CAMINHOS PEDAGÓGICOS DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/aconselhamento-alemanha- aventura-borrao-408503/>. Acesso em: 15 set. 2019. Como podemos observar na figura, os professores possuem uma gama de teorias, metodologias e conceitos voltados aos estudos pedagógicos e didáticos. Esse é o papel da didática, ou seja, embasar e fornecer os instrumentos teóricos e metodológicos necessários para o labor do profissional da Educação. Dessa forma, no cotidiano escolar, na prática diária com os estudantes, múltiplas escolhas fazem parte do trabalho docente, que orientarão a sua prática didática como fundamento para suas condições e possibilidades do dia a dia da escola. A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e ensino. A ela cabe converter objetivos sócio- políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodologias específicas ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação com fins educacionais. A Didática generaliza processos e procedimentos obtidos na investigação das matérias específicas, das ciências que dão fundamento ao ensino e a aprendizagem e das situações concretas da prática docente (LIBÂNEO, 2013, p. 25). 12 Didática e Prática do Ensino de Geografia Conforme afirmado por Libâneo (2013), a Didática, portanto, entendida como uma teoria geral do ensino, se fortalece teórica e metodologicamente por se voltar ao professor, em sua formação, aperfeiçoamento, reflexão, atualização e aplicação dos procedimentos, práticas, conceitos, métodos, rotinas e estratégias pedagógicas para o seu trabalho nos diferentes ambientes de aprendizagem em que este venha a atuar, especialmente no âmbito das etapas e modalidades da Educação Básica, nas diversas redes de ensino, públicas e privadas, espalhadas pelo território brasileiro. Em outros termos, Libâneo também expande o entendimento da didática como a área de estudos da Educação que tratará do processo pedagógico, ou seja, dos caminhos trilhados pelo ensino e aprendizagem: “O processo pedagógico orienta a educação para as suas finalidades específicas, determinadas socialmente, mediante a teoria e a metodologia da educação e instrução” (LIBÂNEO, 2013, p. 22). E o objeto da Didática, entendida como ciência maior da Pedagogia, segundo o autor, caracteriza-se pelo encontro entre o ensino e os métodos de ensino: “A Didática enquanto ciência existe uma conexão entre os métodos próprios da ciência que dão suporte ao objeto de ensino e os métodos de ensino” (LIBÂNEO, 2013, p. 43). Pensar as áreas específicas do currículo nas perspectivas das diferentes correntes pedagógicas contribui para o aperfeiçoamento da prática didática dos professores em sala de aula. Percebe-se, por exemplo, que há, normalmente, a integração e correlação de múltiplas influências dessas conceituações no cotidiano escolar, em diferentes momentos do trabalho didático, que ora exigirá uma orientação voltada para uma integração curricular integrada com a educação profissional, ora com instrumentos e práticas didáticas de caráter mais construtivista ou interacional. Na Figura 2 podemos observar algumas dessas correntes pedagógicas que influenciaram e ainda são referência em várias orientações didáticas para o ensino e aprendizagem, seja na própria pedagogia como ciência ou nos demais campos do saber e componentes curriculares da Educação Básica. 13 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 FONTE: O autor FONTE: O autor FIGURA 2 – AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS Essas correntes pedagógicas podem ser organizadas de acordo com suas principais tendências e teorias, e esses conceitos e correntes pedagógicas serão melhor explicados no decorrer do capítulo. Na Figura 3, a partir de autores como Luckesi (1991) e Libâneo (2013) podemos observar como ocorre esse direcionamento das tendências no caso do histórico da educação brasileira: FIGURA 3 – TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS 14 Didática e Prática do Ensino de Geografia Em síntese, é possível selecionarmos características fundamentais dessas correntes com base em seus conceitos e preceitos teóricos e metodológicos para o processo de ensino e aprendizagem: • Tradicional: instituída no século XIX, nomeada dessa maneira como contraposição às escolas e teorias renovadoras do período. O tradicionalismo pedagógico é entendido como um alinhamento com o conservadorismo, a formação moral e intelectual, geralmente associado a metodologias de ensino voltadas para a memorização e sem papel ativo na aprendizagem. • Comportamental: o comportamentalismo aproxima-se, conceitual e metodologicamente, do behaviorismo. A aprendizagem,nessa corrente pedagógica, ocorre por meio de estímulos e respostas, envolvidas também em recursos de reforços positivo ou negativo nesse processo. • Montessoriana: possui o foco na potencialização educacional sensório- motor, com foco na instrumentação de ensino, criação e manuseio de materiais, e corresponsabilidade na produção do conhecimento escolar. A idealização de ambientes de aprendizagem dinâmicos também faz parte dessa corrente, que formulou implementações das conhecidas “escolas- parque”, do aprendizado como experiência aos estudantes. • Renovadora: também ficou conhecida como Escola Nova, que chegou ao Brasil na década de 1930. O professor é visto como supervisor do processo de aprendizado para que o estudante possa alcançar sua autonomia numa relação democrática com os professores. A influência de John Dewey se fez clara nesse período, e posteriormente nas proposições de universalização e democratização da educação nacional idealizadas por Anísio Teixeira. • Tecnicista: pensar as áreas específicas do currículo nas perspectiva das diferentes correntes pedagógicas contribui para o aperfeiçoamento da prática didática dos professores em sala de aula. Percebe-se, por exemplo, que há, normalmente, a integração e correlação de múltiplas influências dessas conceituações no cotidiano escolar em diferentes momentos do trabalho didático, que ora exigirá uma orientação voltada para uma integração curricular integrada com a educação profissional, ora com instrumentos e práticas didáticas de caráter mais construtivista ou interacional. • Sociocultural: corrente pedagógica que se aproxima de uma abordagem dialógica, de interação entre professor e estudante e entre este último com o conteúdo ou objeto de conhecimento que está sendo estudado, de modo a desenvolver no estudante as posturas crítica, participativa e reflexiva. • Humanista: teorias pedagógicas voltadas à centralidade nas relações interpessoais, desenvolvimento da personalidade e identidade 15 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 dos estudantes, seus conflitos e contextos, e a plena realização e contemplação das potencialidades na conjunção entre as concreticidades e subjetividade que perfazem a totalidade do ser humano. • Libertadora: no Brasil, por influência conceitual e de método liderada por Paulo Freire, a pedagogia libertadora ganhou força no seu discurso e prática alinhados com o pensamento dialético na educação. Nessa visão pedagógica, o estudante deve se empoderar dos conhecimentos, de modo a atingir a emancipação e intervenção social e crítica em seu contexto e realidade. • Cognitivista: essa corrente pedagógica ganhou força, especialmente, pelo fato de ser colocada, epistemológica e metodologicamente, em contraposição ao comportamentalismo, priorizando os processos cognitivos, valorizando a complexidade e diversidade dos caminhos para se chegar aos aprendizados. A cognição e suas nuances recebem destaque de análise nessa corrente pedagógica. • Crítico-social dos conteúdos: também conhecida como histórico- crítica, fundamentada principalmente na correlação da realidade histórica dos estudantes com o seu percurso escolar, envolvendo os temas e conteúdos contextualizados, que embasam os fins progressistas dessa corrente pedagógica. • Piajetiana e construtivista: surgiu a partir dos estudos de Piajet, que por meio de observações científicas propôs uma epistemologia genética da aprendizagem. Estudou a inclinação orgânica dos processos cognitivos, em situações de assimilação e compreensão, em diferentes fases do desenvolvimento intelectual do estudante. A separação das correntes pedagógicas em autores, teorias ou conceitos definidos, muitas vezes, ocorre como um exercício de agrupamento histórico do período em que tais formulações ganharam notoriedade. Em outras palavras percebe-se que, em muitos casos, há a infiltração dessas teorias em diferentes autores, nomeadamente pertencentes a bases epistêmicas mais distantes entre si. O melhor exemplo, nesse caso, pode ser visto entre o construtivismo e o interacionismo, que se dialogarem em suas bases teóricas, formam uma das principais sínteses das proposições didático-pedagógicas contemporâneas. 16 Didática e Prática do Ensino de Geografia FIGURA 4 – TENDÊNCIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS FONTE: O autor Muito do que se elaborou nos últimos anos em relação a propostas didático- pedagógicas encontram-se, na maioria dos casos, no espectro de formulações pós-modernas, holística, complexas e neocognitivistas, além do apelo racional tecnológico, que tomaram força com teóricos como Edgar Morin, François Lyotard, Pierre Levy e David Harvey. Em síntese, estamos lidando com um cenário contemporâneo no qual o pensamento complexo, a diversidade de saberes e as trocas imensuráveis de informação e conhecimento pautam as relações sociais que nos rodeiam e, de forma direta e indireta, chegam aos ambientes de aprendizagem. Em muitos casos, nas formações de licenciatura das áreas de maior especialidade do currículo escolar, como os componentes curriculares dos Anos Finais do Ensino Fundamental ou Ensino Médio, falta um aprofundamento no que diz respeito à formação didático-pedagógica dos futuros profissionais que atuarão em instituições de ensino. Por essa razão é fundamental que, nos cursos de formação inicial dos professores, haja um apuro maior na condução das teorias, métodos, autores-referência e exemplos de práticas didático-pedagógicas para a atuação desses profissionais na sala de aula das redes de ensino espalhadas pelo país. 17 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 Anna Penido, em seu vídeo sobre as principais tendências da Educação Contemporânea, nos traz alguns dos debates envolvendo a chegada de questões e temáticas como o pensamento complexo, as tecnologias da informação e comunicação nos ambientes de aprendizagem, o protagonismo estudantil, a necessidade de currículos escolares flexíveis, e as mobilidades identitárias que compõem as novas faces da juventude contemporânea. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=xMtX5TztUaQ. Em linhas gerais, Didática significa a ciência que estuda as diferentes correntes teóricas e metodológicas que se debruçam sobre as formas de ensinar. Dessa maneira, ao nos referirmos à didática como prática da docência, estamos lidando com o ato de ensinar, mais do que o processo de aprendizado propriamente dito, já que é a aprendizagem se coloca, neste caso, como ponto de chegada, ou seja, quanto melhor for a fundamentação e a prática didático- pedagógica, maiores e melhores serão os resultados alcançados no que se refere à aprendizagem. Observa-se, nessas tendências pedagógicas contemporâneas ou pós- modernas, especialmente a partir do final do século XX e primeiras duas décadas do século XXI, como se referem alguns dos autores que estudam as correntes didáticas atuais, que o caráter híbrido, multifacetado e pluralista dos conhecimentos se tornam uma referência na formulação das orientações didático- pedagógicas da atualidade, especialmente no caso das correntes holística e pós- moderna, que primam pela alocação de diferentes teorias e metodologias para a formulação de concepções do processo de ensino e aprendizagem. 18 Didática e Prática do Ensino de Geografia Tanto as tendências pedagógicas tradicionais ou mais clássicas, como as tendências híbridas e sincréticas do momento contemporâneo da educação possuem, como fim último, a orientação para a construção de objetivos de aprendizagens, estratégias didático-pedagógicas, fomento à formação do professor,formulação de ideias para novos ambientes escolares. E, especificamente no que diz respeito ao que deve ser aprendido, é o que Castellar (2005, p. 222) chama a atenção para a fundamentação teórica que o professor terá consigo no dia a dia de seu trabalho nas escolas: A ação docente está, portanto, relacionada com os objetivos pedagógicos e educacionais que estabelecemos para desenvolvermos os conteúdos em sala de aula. Se tivermos uma prática que contribua para a evolução conceitual do aluno, atuaremos na perspectiva da construção do conhecimento, refletindo sobre a realidade vivida pelo aluno, respeitando a sua história de vida e contribuindo para que ele entenda o seu papel na sociedade: o de cidadão. Essa reflexão nos conduz na direção da articulação entre o conteúdo específico e a metodologia do ensino de geografia, revelando que a concepção que temos de geografia deve estar relacionada com a concepção pedagógica. Por possuir um contato próximo com as tecnologias da informação e comunicação, a Geografia como ciência acadêmica fomenta, por meio dos avanços e aplicações de tais tecnologias, sua chegada à sala de aula. A Geografia Escolar, desse modo, é constantemente perpassada por essas influências e novas tendências contemporâneas da Educação ligadas à chegada de inovações e metodologias próximas ao uso tecnológico na escola. Ao professor e gestores das escolas cabe a seleção e integração de sua formação e influência a teorias, autores e correntes pedagógicas clássicas com essas novas tendências do mundo em que vivemos: Diante de um mundo cheio de tecnologias, que definem a representação do mundo/globo em diferentes linguagens, a Geografia escolar precisa se apropriar destes avanços tecnológicos para desenvolvimento de aulas. É preciso dialogar com as diferentes linguagens e articular com a cultura da escola, pois a cultura da mídia está presente na sala de aula, imprimindo significado ao uso de diferentes tecnologias na sala de aula. Os filmes, as músicas, os poemas, o jornal e a revista, as charges, a internet são recursos que devem ser usados com cautela e reponsabilidade, de modo que o aluno perceba as diferentes culturas impregnadas nas mensagens recebidas pelas diferentes mídias (MARTINS, 2010, p. 82). Como resolução a esta dialética entre o novo e o tradicional, Libâneo (2013) propõe um diálogo e a busca pela aproximação do clássico com o hodierno. Esse caminho da conjugação de esforços se mostra tanto profícuo quanto passível de execução, pelo fato de haver, nas escolas, as gerações que se encontram e, 19 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 1) Descreva uma situação didática escolar que faça uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. 2) Qual a principal diferença entre a corrente pedagógica Libertadora e o Comportamentalismo? 3) Por que, atualmente, é mais comum encontrarmos correntes e tendências pedagógicas híbridas e holísticas? nas e pelas quais, o novo e o clássico se entrelaçarão em diferentes contextos, narrativas, situações didáticas, práticas pedagógicas e, principalmente, objetivos educativos, que são o motivo primeiro de existência dos ambientes escolares de aprendizagem: “As teorias da educação e as práticas pedagógicas, os objetivos educativos da escola e dos professores, os conteúdos escolares, a relação professor-alunos, as modalidades de comunicação docente, nada disso existe isoladamente do contexto econômico, social e cultural mais amplo e que afetam as condições reais em que se realizam o ensino e a aprendizagem” (LIBÂNEO, 2013, p. 57). 2.2 CORRELAÇÕES ENTRE AS CORRENTES PEDAGÓGICAS E O ENSINO DE GEOGRAFIA O ensino de Geografia e a Geografia Escolar aproximam-se das correntes pedagógicas pelo fato de a ciência geográfica compor as diferentes matrizes curriculares da Educação Básica e, inevitavelmente, receber tanto influência como a presença de fundamentos, conceitos e teorias das diferentes formulações epistemológicas e metodológicas do processo de ensino e a aprendizagem. 20 Didática e Prática do Ensino de Geografia FIGURA 5 – A DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/alegre-amontoado- ao-ar-livre-caras-764681/>. Acesso em: 15 set. 2019. Conforme representado na figura, a diversidade sociocultural, territorial, histórica e de formas de pensamento de nossa sociedade contemporânea precisa estar interligada aos preceitos de um novo horizonte do ensino de Geografia. Colocar em protagonismo e primeiro lugar, o diverso em diálogo e proximidade, é dar à sociedade atual o seu peso de conformação das práticas sociais no território contemporâneo e, mais do que isso, é enriquecer epistemológica e metodologicamente a Geografia Escolar. Nessa riqueza cultural da atividade humana, presente na construção dos saberes que compõem as diferentes áreas do conhecimento e componentes curriculares é que Luckesi (1991, p. 176) faz o apelo para a enriquecimento das práticas didático-pedagógicas, em diferentes linguagens, simbologias, identidades e formas de aprendizagem: A cultura elaborada é resultante da atividade humana em dar respostas aos múltiplos problemas e dificuldades que enfrenta, sejam decorrentes da natureza, sejam decorrentes da sociedade. Assim, emergiram áreas de conhecimentos, tais como Física, Química, Biologia, Sociologia, História, Antropologia, Filosofia; áreas de arte, tais como música, 21 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 teatro, literatura, dança; áreas de cuidados do ser humano, tais como terapia, massagens, ginásticas. Todas elas procurando, intencional e sistematicamente, compreender a realidade e possibilitar formas de ação de forma crítica, consistente, orgânica. Nas palavras de Luckesi (1991), é imprescindível que as escolas assumam a centralidade orgânica, diversa e dialógica dos saberes, conhecimentos, conteúdos e temas curriculares. Observa-se, desse modo, que o autor também se aproxima, fortemente, da tendência atual e contemporânea que caminha conjuntamente às disciplinas, áreas do conhecimento, eixos temáticos, integradores ou transversais, com vistas à colaboração mútua, contínua e democrática de todos esses atores e representantes do processo de ensino e aprendizagem. Martins (2010), na mesma direção de uma composição múltipla dos saberes e conhecimentos, propõe que os professores de geografia façam uso das particularidades temáticas da Geografia Escolar e do ensino de Geografia. O estudo do lugar, nesses termos, possibilitaria aos professores de geografia trazer para sua prática didática todo o potencial de criação de pontes e realização de estratégias de ensino orientadas para esse mundo complexo, múltiplo e carregado de sentidos, identidades, composições naturais e sociais, retornando, inclusive, a um dos pilares epistemológicos da ciência geográfica que é a relação entre o ser humano e o meio natural: ”Estudar o lugar possibilita ao professor de Geografia explorar o espaço de vivência do aluno, o seu mundo real, que é formado por elementos naturais e humanos” (MARTINS, 2010, p. 77). O conceito de lugar engloba diferentes visões conceituais da Geografia, como a cultural e humanista de Yi-Fu-Tuan, Anne Buttimer e Armand Fremónt, que no Brasil influenciaram autores como Roberto Lobato Correa, Zeny Rosendahl e Salete Kozel. O conceito de lugar perpassa pela questão crítica da Geografia brasileira também do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com a questão da disputa por lugares economicamente mais suscetíveis de serem incluídos no mercado global, envolvendo o fluxo depessoas e mercadorias, tais temas foram amplamente estudados por Milton Santos, Yves Lacoste (francês de forte influência na Geografia brasileira da época), Bertha Bekcer, Maria Adélia Aparecida de Souza, Ana Fani Castro, dentre outros. O autor complementa seu raciocínio na proposição de levar o laço afetivo e natural do ser humano com o espaço na construção dos lugares e paisagens: “Essa compreensão deve estar associada à ideia de que este lugar é resultado de uma construção histórica que resultou na identidade deste espaço, onde é possível identificar laços afetivos, pessoas e paisagens, que dão significado próprio a este lugar” (MARTINS, 2010, p. 77). 22 Didática e Prática do Ensino de Geografia No canal do Youtube, Minuto da Terra, é possível encontrar diferentes conteúdos voltados para ciências que perpassam por temas ambientais, sociopolíticos e culturais, normalmente associados a questões relacionadas ao consumo, biodiversidade e temáticas atuais do meio ambiente. Para a Geografia Escolar, aproveita-se, especialmente, a maneira como diferentes saberes, áreas do conhecimento e componentes curriculares podem fornecer explicações dinâmicas para os mesmos fenômenos e situações de natureza sociocultural ou ambiental, de forma holística e acessível aos estudantes. Essa particularidade do aprendizado de Geografia para o mundo contemporâneo é colocado por Castellar (2005) como uma das principais preocupações que professores devem se ater quando forem levar os saberes geográficos para a Educação Básica, especialmente conceitos básicos como espaço, lugar, paisagem, região e território e princípios como localização e circulação. A autora utiliza como exemplo a questão tanto conceitual como recursos e estratégias didático-pedagógicas que caminhem nessa direção, de propor um olhar de identificação dos estudantes com os conhecimentos adquiridos, a multiescalaridade dos fenômenos geográficos e centralidade dos conceitos e categorias espaciais nesse processo: Assim, toda a aprendizagem da geografia na educação básica, entendida como um processo de construção da espacialidade que corresponde a orientar-se, deslocar-se no espaço, pode ser associada aos seguintes objetivos: 1) Capacitar para a aplicação dos saberes geográficos nos trabalhos relativos a outras competências e, em particular, capacitar para a utilização de mapas e métodos de trabalho de campo. 2) Aumentar o conhecimento e a compreensão dos espaços nos contextos locais, regionais, nacionais, internacionais e mundiais e, em particular: - conhecimento do espaço territorial; - compreensão dos traços característicos que dão a um lugar a sua identidade; - compreensão das semelhanças e diferenças entre os lugares; - compreensão das relações entre diferentes temas e problemas de localizações particulares; - compreensão dos domínios que caracterizam o meio físico e a maneira como os lugares foram sendo organizados socialmente; - compreensão da utilização e do mau uso dos recursos naturais (CASTELLAR, 2005, p. 211). 23 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 No século XXI, as teorias pedagógicas de maior infiltração nas estruturas de ensino e redes de oferta educacionais são aquelas que se embasam, principalmente, na ideia de uma multiplicidade de saberes para a formação do estudante como sujeito protagonista de seu percurso escolar. Como teorizado por Markuszewska et al. (2018) e Castrogiovanni (1996), são novos desafios para a Geografia Escolar, em mundo híbrido, móvel, volátil, multiforme e ainda sem uma definição específica de suas principais características socioculturais, econômicas e políticas. Por essa razão, teorias envolvendo, por exemplo, os diálogos complexos, a interdisciplinaridade e a integração curricular ganham força, aliados também à nova tomada de frente teórica engendrada pela retomada das áreas do conhecimento nas elaborações curriculares, em verdadeiras árvores do saber, com múltiplas possibilidades de formação para o estudante em seu percurso escolar, como pode ser observado na figura a seguir. FIGURA 6 – A DIVERSIDADE DOS SABERES E O PERCURSO ESCOLAR FONTE: <https://image.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-arvore- de-educacao-com-ilustracao-de-vetor-de-simbolos-de-desenho-de- aprendizagem-e-graduacao_98292-1031.jpg>. Acesso em: 15 set. 2019. 24 Didática e Prática do Ensino de Geografia O Ministério da Educação, por meio de vídeos instrutivos chamados de Movimento pela Base, busca orientar os professores das redes de ensino brasileiras a se aproximarem das proposições curriculares da nova Base Nacional Comum Curricular. No vídeo sobre a Geografia na BNCC, a professora Carolina Busch Pereira, da Universidade Federal de Tocantins, reforça que, por meio do raciocínio geográfico, os estudantes conseguirão compreender as características dos diferentes fatos e fenômenos geográficos, sejam estes de aspectos socioculturais ou naturais. Acesse: https://www. youtube.com/watch?v=84Pc1Vk-750. Fonseca (2016) reforça a ideia de que, hoje em dia, o contexto formado pelos elementos sociais, políticos, ambientais e econômicos faz com que o entrelaçamento de diversidades das tendências pedagógicas seja algo comum de encontrarmos. Na árvore dos saberes que a escola precisa se ver e estruturar, os caminhos se cruzam por entre componentes curriculares e áreas do conhecimento, para a compreensão desse novo mundo em que vivemos: A prática escolar está vinculada a condicionamentos de natureza social e política, que obrigam a uma constante reflexão sobre a diferente natureza do papel da escola e da aprendizagem, com reflexos explícitos e implícitos na forma como os professores realizam o seu trabalho na escola. Por intermédio do conhecimento das tendências pedagógicas e dos seus pressupostos de aprendizagem, o docente terá a oportunidade de avaliar os fundamentos teóricos utilizados em suas práticas na sala de aula. A educação, o professor e o educando apresentam-se com diferentes papéis, em cada uma das tendências pedagógicas. A didática tem desempenhado diversificados papéis associados às inúmeras tendências pedagógicas (FONSECA, 2016, p. 27). A Geografia, no conjunto dos componentes curriculares da Educação Básica, possui a característica de caminhar mais facilmente por diferentes conteúdos, temas, métodos e teorias de análise dos fenômenos naturais e culturais. Por essa característica múltipla de sua base teórica e metodológica a Geografia possui, comumente, o papel de elo entre os diferentes saberes e suas respectivas áreas de conhecimento, no desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas interdisciplinares. 25 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 Ao colocarmos no mesmo plano a didática como principal base para as teorias do ensino e a Geografia Escolar, com suas singularidades e especificidades do componente curricular que representa, teremos, então, como ponto principal de esforço pedagógico a construção de objetivos de aprendizagem que façam jus a complexidade social, contextual e de recepção da diversidade dos estudantes nos ambientes escolares: É fundamental que os objetivos sejam expressos em termos das mudanças que se deseja realizar, no desenrolar do processo ensino-aprendizagem dos estudantes. A objetividade e clareza de intencionalidade na construção desses objetivos de ensino indicam que o professor deseja que o estudante aprenda, possibilitando uma avaliação coerente em relação aos objetivos definidos no plano de ensino. O primeiro passo na definição de objetivos, consiste na relação de uma lista dos objetivos gerais,que apesar de possibilitar uma ideia concreta dos resultados da aprendizagem a serem atingidos, não indica os pormenores específicos que se desejam. Os objetivos gerais são amplos e devem ser formulados em termos de metas de ensino. Por isso há necessidade de elaborar objetivos específicos que se apresentam, em listas de comportamentos observáveis, que no seu todo constituem a comprovação de que o objetivo geral foi atingido. O número dos objetivos a incluir na lista, deve possibilitar que ela seja praticável (FONSECA, 2016, p. 57). Se trouxermos as reflexões para o âmbito da Geografia Escolar encontraremos a questão de se construir objetivos educacionais e de aprendizagem que conversem com os fatos, fenômenos e situações geográficas que nos cercam. Levar essas metas educacionais para a escola em geral, e para o Ensino de Geografia em particular, se mostra como o maior desafio ao qual devemos nos debruçar: “Quando reveladas as grandes metas educacionais, que correspondem a uma formulação ampla, a escola e o professor deverão explicitar os objetivos, relativo às disciplinas e às unidades de estudo, envolvendo os conceitos básicos e as capacidades que demostrem maior importância” (FONSECA, 2016, p. 50). Gonçalves, Nascimento Junior e Kaercher (2018, p. 126) possuem um discurso próximo ao de Fonseca (2016), na dialogia das variáveis e objetivos educacionais e pedagógicos para a Geografia Escolar: Assim sendo, discutir sobre a aprendizagem concatenada à Geografia Escolar exige um esforço intelectual no sentido de se ter ideia dos possíveis impactos de nosso fazer, de nossas aulas, de nosso processo avaliativo, de nosso tratamento para com nossos objetos de estudos e conteúdos; considera, portanto, a ação e a reflexão sobre o fazer pedagógico. Estudar a aprendizagem exige também o esforço intelectual de compreender a relação da construção do conhecimento geográfico na escola, considerando todas as variáveis interpostas nessa problemática. 26 Didática e Prática do Ensino de Geografia A aprendizagem é um processo, resultado de uma construção de um sujeito dotado de estruturas, inteligência, linguagem, procedimentos e operações lógico- matemáticas, inserido num contexto cultural e que nesse agir, por meio da interação, se faz aprendente, ser humano enquanto ser inacabado, a ação o faz aprender. Ainda nessa perspectiva anterior, Becker (2012) ratifica que aprender demanda ambivalência afetiva: de um lado, um sentimento no sentido de aceitar que não se sabe, a incompletude ou a imprecisão do meu saber-conhecimento; e por outro lado, o prazer da descoberta, de se encontrar a resposta ao que se está procurando. Por isso, a afetividade é uma questão crucial para o entendimento da aprendizagem (GONÇALVES; NASCIMENTO JUNIOR; KAERCHER, 2018, p. 135). A Geografia Escolar, nesse contexto de abertura dialógica dos saberes, possui um papel fundamental de alicerce dos diferentes representantes dos componentes curriculares e demais áreas do conhecimento, para a construção dessa totalidade do conhecimento de forma complexa, móvel, flexível e individualizada, em sua diversidade, para as características específicas das habilidades, competências, etapas e modalidades da Educação Básica: O papel da Geografia, no ensino fundamental e médio, deveria ser o de ensinar ao aluno o entendimento da lógica que influencia na distribuição territorial dos fenômenos. Para isso, faz-se necessário que o discente tenha se apropriado e/ ou se aproprie de uma série de noções, habilidades, conceitos, valores, atitudes, conhecimentos e informações, básicos para que o pensamento ocorra ou para que o entendimento e o pensamento sobre o território ocorra (PISSINATI; ARCHELA, 2007, p. 180). O papel que a Geografia pode ocupar e se posicionar, conforme ressaltado por Pissinati e Archela (2007), é a partir do território e dos aprendizados geográficos nos ambientes escolares, e promover as pontes e aproximações interdisciplinares, enriquecendo a sua base de estratégias didático-pedagógicas e, também, das demais áreas e disciplinas que compõem o processo de ensino e aprendizagem. Pensar o território em Geografia é angariar uma quantidade complexa e variável de autores e inclinações teóricas e metodológicas sobre esse conceito. Em linhas gerais, podemos compreender o território como sendo o conceito geográfico que abarca as relações de poder no espaço, normalmente somadas a pontos de encontro e disputa envolvendo política, economia, cultura etc. Autores como Claude Raffestin, Yves Lacoste e Paul Claval podem ser consultados, assim como autores clássicos da geopolítica, como Halford Mackinder e Friedrich 27 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 Ratzel. Recentemente, o território tem sido visto, também como um conceito próximo das relações e questões socioculturais da Geografia, como trabalhado por Rogério Haesbaert, na concepção de territorialização e desterritorialização. 1) Observe a figura e responda às questões a seguir: FIGURA – TIRINHA CALVIN FONTE: <https://cultura.estadao.com.br/galerias/geral,20-tiras-de-calvin-e-haroldo- para-refletir-sobre-a-vida-e-sobre-o-mundo,28507>. Acesso em: 10 set. 2019. a) Descreva, de maneira sintetizada, como a tirinha do Calvin se aproxima das ideias e correntes pedagógicas que defendem o protagonismo do estudante na escola. b) No segundo quadrinho, quando o personagem sugere uma escola sem professores: como podemos pensar o papel do professor-mediador nas aprendizagens dos estudantes no contexto contemporâneo das tendências pedagógicas e o perfil das crianças e jovens nas escolas? 28 Didática e Prática do Ensino de Geografia 3 DA ALFABETIZAÇÃO GEOGRÁFICA À FORMULAÇÃO DE PROCESSOS COMPLEXOS DE APRENDIZAGEM Alfabetização e letramento geográfico fazem parte do ínterim da Geografia Escolar e da prática pedagógica de ensino dessa ciência. Alfabetizar e letrar, geograficamente, significa proporcionar aos estudantes o contato, aprendizado e aprofundamento do instrumental teórico, prático e metodológico necessários para sua leitura do mundo que o cerca. Nessa interação entre o mundo geografado e lido a partir da Geografia Escolar é que se torna fundamental a compreensão das transformações dessa grafia, natural e social, do espaço geográfico, por meio do percurso de aprendizado nas etapas e modalidades da Educação Básica. 3.1 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO GEOGRÁFICO: A LEITURA E COMPREENSÃO DAS GRAFIAS DO MUNDO Pensar a alfabetização e o letramento geográfico é colocar em evidência os primeiros passos de utilização da base teórica e metodológica da Geografia para a resolução e compreensão dos fatos e fenômenos que ocorrem no espaço geográfico, sejam estes físico-naturais ou socioculturais. Como veremos, a diferenciação epistemológica entre o alfabetizar e o letrar, em Geografia, diz respeito a uma visão singular e diferenciada do processo de ensino e aprendizagem no âmbito da Geografia Escolar, especificamente. 29 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 FIGURA 7 – OS PRIMEIROS PASSOS NO PENSAMENTO ESPACIAL E GEOGRÁFICO FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/bonitinho-crianca- estudo-filho-576835/>. Acesso em: 20 set. 2019. Nas figuras 7 e 8, em que observamos primeiro uma criança se localizando com uma projeção cartográfica e, na outra, outro jovem literalmente “mergulhando” no mundo da leitura, podemos refletir sobre a importância de se decodificar as situações geográficas que fazem parte da realidade escolar, cotidiana e proximal dos estudantes. Nesse sentido, tanto o letramento quanto a alfabetizaçãopossuem papéis centrais nesse processo de utilização dos recursos de interiorização teórica da Geografia para o entendimento dos fatos e fenômenos geográficos, lendo-os e compreendendo-os. FIGURA 8 – A LEITURA DO MUNDO E A ESCOLA FONTE: <http://tudosobreleitura.blogspot.com/2010/06/charge- mergulhe-de-cabeca-na-leitura.html>. Acesso em: 20 set. 2019. 30 Didática e Prática do Ensino de Geografia Segundo as conceituações propostas pelo geógrafo Ruy Moreira, a BNCC para a Geografia no Ensino Fundamental propõe a prerrogativa epistemológica para o ensino dessa ciência com base em sete princípios formadores do raciocínio geográfico, são eles: Analogia, Conexão, Diferenciação, Distribuição, Extensão, Localização e Ordem. Ao pensarmos, portanto, no letramento e alfabetização geográfica, podemos trazer para o debate um dos pontos reflexivos destacados na BNCC para ao Ensino Fundamental, no que tange ao ensino de Geografia. Na base curricular nacional é trazida a ideia de um pensamento espacial, no âmbito da Geografia como componente curricular, especificamente, e nas Ciências Humanas em Geral e, também, a ideia de pensamento geográfico, no qual o raciocínio geográfico e os conceitos e temas da Geografia servem como base para a estruturação do ensino e aprendizagem da Geografia Escolar. Para o Ensino Médio, a proposta paro o ensino e aprendizagem vai na direção de outra vertente conceitual e metodológica, focada na ideia de Áreas do Conhecimento, sendo a Geografia alocada nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, tanto na Formação Geral Básica como nos Itinerários Formativos da nova concepção de Ensino Médio. O processo de aprendizagem deve levar em conta, de forma progressiva, a escola, a comunidade, o Estado e o país. É importante também que os alunos percebam as relações com o ambiente e a ação dos seres humanos com o mundo que os cerca, refletindo sobre os significados dessas relações. Nesse período, o desenvolvimento da capacidade de observação e de compreensão dos componentes da paisagem contribui para a articulação do espaço vivido com o tempo vivido. O vivido é aqui considerado como espaço biográfico, que se relaciona com as experiências dos alunos em seus lugares de vivência (BRASIL, 2018, p. 355). Vejamos, desta forma, algumas das principais fundamentações que referenciam tanto a ideia de letramento como a de alfabetização geográfica. No que diz respeito ao letramento está relacionado ao processo contextualizado das fases iniciais de um percurso de aprendizagem, no qual são encontrados fundamentos, conceitos, temas e categorias que servirão como base e/ou pré- requisitos para outras etapas do ensino e aprendizagem. Letrar o estudante é, 31 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 portanto, fazer uso dos elementos do seu cotidiano e vida proximal em relação aos saberes escolares, exigências e prescrições temáticas e de conteúdo presentes no currículo e, também, a inter-relação e conexão entre o que é visto e aprendido na escola como o que é vivido no seu dia a dia (KLEIMAN, 1995; MARQUES, 2009). Já a alfabetização está relacionada ao processo de ensino e aprendizado que possui como prerrogativa maior o foco nos temas, conceitos e fundamentos que darão base, referência e orientação para as etapas iniciais de assimilação de saberes e conhecimentos. Alfabetizar, em sentido amplo, para além da área de conhecimento de códigos e linguagens é focar no instrumental teórico, metodológico e epistemológicos dos diferentes componentes curriculares e áreas de conhecimento na consolidação de seu referencial epistêmico, por essa razão, nesse caso, o alfabetizar precede o letrar. A cartografia, por ter um grande aparato de fundamentos lógicos, relacionados diretamente a processos cognitivos específicos, utiliza mais comumente a noção epistemológica de alfabetização cartográfica em seus estudos direcionados à Geografia Escolar (MORTATTI, 2000; PÉREZ, 2005). Em ambos os casos, seja na visão do letramento como na da alfabetização, o que podemos observar são proposições para uma compreensão dos fatos e fenômenos geográficos por parte dos estudantes. Nesse sentido, mesmo que haja uma ou outra tendência neste processo, o fim a que deseja chegar, que é a leitura do mundo, em sua diversidade e complexidade, é o mesmo, conforme nos evidencia Callai (2005, p. 235): Do ponto de vista da geografia, esta é a perspectiva para se estudar o espaço: olhando em volta, percebendo o que existe, sabendo analisar as paisagens como o momento instantâneo de uma história que vai acontecendo. Essa é a leitura do mundo da vida, mas que não se esgota metodologicamente nas características de uma geografia viva e atual, assentada em categorias de análise que supõem a história em si, o movimento dos grupos sociais e a sua interligação por meio da ação ou até de interesses envolvidos. E é nesse sentido da leitura do que está geografado, física e socialmente, no mundo, que Pérez (2005) propõe a construção dessa competência pedagógica para a Geografia Escolar como objetivo primeiro do raciocínio geográfico, por meio de todo o escopo conceitual, temático e prático que o ensino de Geografia pode possibilitar e disponibilizar aos estudantes em seu processo de ensino e aprendizagem: Ler o mundo, do ponto de vista geográfico, não significa "ler o grande livro aberto da natureza". A leitura do mundo pressupõe o domínio e a manipulação de todo um instrumental conceitual 32 Didática e Prática do Ensino de Geografia que possibilite o desvelar da realidade; a leitura do mundo implica a compreensão das diferentes formas de espacialidade traduzidas nos diferentes modos de viver em sociedade. No que se refere à escolaridade, a função alfabetizadora da Geografia nas séries iniciais se traduz na manipulação de instrumentos conceituais que auxiliem a criança construir a um raciocínio geográfico para saber pensar o espaço. No cotidiano, as relações e representações espaciais confundem- se “caoticamente”, pois, de modo geral, as formas de espacialidade com as quais convivemos – uma multiplicidade de representações espaciais, que se superpõem umas às outras – demandam um saber que possa nos ajudar a pensar o espaço em um mundo globalizado pela técnica (PÉREZ, 2005, p. 27-28). Callai (2005) reforça, nesse sentido da busca pela aprendizagem de como ler o mundo, geograficamente, que a busca pelo diálogo, dos diferentes atores que fazem parte do cotidiano escolar é fundamental. Percebe-se que a autora, diferente do que conceitua Pérez (2005), aproxima-se mais da ideia de letramento. No entanto, como ponto de encontro entre as duas visões, podemos ir na direção de ambos, numa ponte teórica e metodológica que tenha como fim o mesmo objetivo, da compreensão e leitura do geográfico ao redor do estudante: Pedagogicamente, portanto, o que importa é o estabelecimento e o exercício contínuo do diálogo – com os outros (professor, colegas, pessoal da escola, família, pessoas do convívio); com o espaço (que não é apenas o palco, mas também possui vida e movimento, uma vez que atrai, possibilita, é acessível ao externo); com a natureza e com a sociedade, que se interpenetram na produção e geram a configuração do espaço (CALLAI, 2005, p. 235). A autora ainda reitera a questão de como o lugar, a realidade e o contexto são fundamentais para a Geografia Escolar e o ensino de Geografia: “Compreender o lugar em que se vive encaminha-nos a conhecer a história do lugar e, assim, a procurar entender o que ali acontece. Nenhum lugar é neutro, pelo contrário, os lugares são repletos de história e situam-se concretamente em um tempo e em um espaço fisicamente delimitado” (CALLAI, 2005, p. 236). Em seu desenvolvimento cognitivo, a criança vai aprendendo a situarobjetos de acordo com referenciais. Inconscientemente, ela está adquirindo noções do sistema de coordenadas (distâncias entre os objetos) e perspectivas (pontos de vista como longe/ perto, em cima/embaixo, direita/esquerda, frente/atrás). Portanto, é fundamental que as primeiras noções de cartografia sejam levadas à criança, ainda enquanto pequena, para que ela possa compreender a geografia que lhe é passada na escola. Afinal, ensinar o aluno a visualizar o espaço geográfico sob vários ângulos, escalas e interpretações é um grande objetivo da Geografia (PISSINATI; ARCHELA, 2007, p. 179). 33 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 Situar o estudante é trazer a sua vivência, experiências e trilhas de aprendizagem para o ambiente escolar: “As pessoas que vivem em um lugar estão historicamente situadas e contextualizadas no mundo. Assim, o lugar não pode ser considerado/entendido isoladamente. O espaço em que vivemos é o resultado da história de nossas vidas.” Por fim, a autora faz o apelo para a necessidade de o estudante ver-se e ser visto como protagonismo de seu processo de aprendizagem: “Ao mesmo tempo em que ele é o palco onde se sucedem os fenômenos, ele é também ator/autor, uma vez que oferece condições, põe limites, cria possibilidades” (CALLAI, 2005, p. 236). Aprender Geografia, nesses termos, é encontrar-se com o movimento e a mudança, no meio natural e social, identificando-se de forma central nesse processo. 1) Cite as principais diferenças entre o conceito de alfabetização e letramento cartográfico. 3.2 O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS DIFERENTES ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA A educação brasileira estrutura-se em etapas e modalidades, as primeiras organizando da Educação Infantil ao Ensino Médio, e as modalidades englobando a diversidade e multiplicidade de sujeitos e ambientes de aprendizagem possíveis e passíveis de serem contemplados pela educação escolar. A Geografia, como componente curricular específico e representante da área do conhecimento das Ciências Humanas, perpassa, como tal, tanto as etapas como as modalidades da Educação Básica, e pensar, refletir e propor estratégias pedagógicas no cerne da Geografia Escolar e ensino de Geografia deve perpassar por essas diferentes esferas e dimensões da organização educacional. 34 Didática e Prática do Ensino de Geografia FIGURA 9 – A GEOGRAFIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/materiais-em-sala- de-aula-para-alunos-de-pedagogia-alternativa-montessori_4004228. htm#page=1&query=pedagogia&position=27>. Acesso em: 25 set. 2019. A Educação Básica é formada por diferentes etapas e modalidades e é regulamentada pelas prescrições legais presentes na Constituição Federal de 1988, no direito universal à educação e na regulamentação da educação brasileira presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. Portanto, ao refletirmos sobre a didática na prática do Ensino de Geografia e na Geografia Escolar é imprescindível que façamos a correlação entre esse componente curricular das humanidades com sua chegada à sala de aula. Encontrar, identificar e compreender a modulação temática, metodológica e teórica da Geografia no âmbito da Educação Básica é buscar a compreensão de suas diferentes possibilidades e necessidades de adaptação e construção didática e pedagógica, em cada uma dessas especificidades do todo completo que é a Educação Nacional Brasileira. Na figura a seguir, podemos observar a estruturação da Educação Básica no Brasil, em suas diferentes etapas e modalidades: 35 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 FIGURA 10 – ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA FONTE: O autor Vejamos então, a partir desse momento, quais são e como a Geografia Escolar encontra-se em cada uma dessas etapas e modalidades da Educação Básica. 3.2.1 Etapas • Educação Infantil: a Educação Infantil, se pensarmos na estruturação da formação do estudante na primeira infância, e se pensarmos em como a Geografia, como saber escolar, pode ser inserida neste contexto, é importante que façamos o exercício de identificação da criança com o meio que ela habita, significa, faz parte e interage, diariamente. Como ocorrerá nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, especialmente a partir dos 4 anos de idade, inicia-se o contato com as primeiras ideias relacionas à correlação conceitual do que é visto na escola com o mundo fora dela, ou seja, é o ponto em que o saber escolar se estabelece como fonte de conhecimentos para além do observável, de primeiro momento, como uma inserção ao que virá a ser o mundo das ciências naturais, humanas, matemáticas e as linguagens nos vindouros anos escolares. • Ensino Fundamental I (Anos Iniciais): nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a Geografia surge, inicialmente, como complemento temático ao ciclo, bloco ou período de alfabetização dos estudantes, compreendido, especialmente, nos primeiros dois ou três anos dessa etapa da Educação Básica. Já no 4º e 5º anos, a Geografia aparece com maior foco, assim como História e outros componentes curriculares dos 36 Didática e Prática do Ensino de Geografia Anos Finais do Ensino Fundamental. É comum, portanto, encontrarmos materiais didáticos específicos de Geografia para essa fase dos anos iniciais, bem como conceitos e temas diretamente relacionados ao aprendizado do escopo teórico e metodológico da Geografia. • Ensino Fundamental II (Anos Finais): é a continuidade do Ensino Fundamental, em seus anos iniciais, sendo ambos uma única etapa, mas seccionados por suas especificidades didático-pedagógicas, etárias, de formação profissional docente etc. Nos anos finais do Ensino Fundamental, a Geografia emerge com maior amadurecimento de temas, conceitos teorias e metodologias. Do 6º ao 9º ano, os objetivos de aprendizagem e objetos de conhecimento seguem os processos cognitivos diretamente relacionados aos ciclos de aprendizagem ou ano das fases de assimilação dos conteúdos e saberes. Dessa maneira, é perceptível a curva ascendente de complexidade das atividades didático-pedagógicas que os professores de Geografia devem trabalhar nessa fase do Ensino Fundamental, inicialmente com questões mais próximas de situações de aprendizagem voltadas para a realidade cotidiana dos estudantes. • Ensino Médio: na nova perspectiva de organização tanto curricular como da arquitetura do Ensino Médio, assistimos a uma orientação desta da Educação Básica para o sentido de um núcleo de escolhas e caminhos que o estudante poderá trilhar, também conhecidos como projetos de Vida. No que se refere à Geografia e sua presença na vida escolar dos estudantes, nessa etapa dos estudos ela dialogará, com maior proximidade e vigor, com os demais componentes curriculares das Ciências Humanas e Sociais e Aplicadas que são a História, Sociologia e Filosofia. Em outros termos, temos a interdisciplinaridade e o pensamento complexo como prerrogativas de uma nova visão sobre como os estudantes farão e trilharão seus caminhos no Ensino Médio. 3.2.2 Modalidades • Educação Profissional: a Educação Profissional, como modalidade da Educação Básica, tem como um dos seus pilares a integração curricular entre a formação propedêutica e as possibilidades de formação para o mundo do trabalho, seja como cursos de formação inicial e continuada (FIC) ou cursos técnicos, a depender do tipo de integração almejado pela unidade escolar, gestão, rede de ensino ou particularidades econômicas do contexto que os estudantes estiverem inseridos. Para o ensino de Geografia cabe a interlocuçãoentre o potencial econômico local e regional com o direcionamento da formação integrada com a Educação Profissional, seja, por exemplo, nos anos finais do Ensino Fundamental (com vínculos de menor aprendiz) ou na etapa do Ensino Médio. 37 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 • Educação de Jovens e Adultos: para a Educação de Jovens e Adultos espera-se da Geografia a visão de criação e manutenção de pontes de diálogo entre os conceitos, temas e conteúdos geográficos com os demais componentes curriculares e áreas do conhecimento, devido ao seu caráter de adaptação e flexibilidade com as etapas que corresponde (1º Segmento/Ensino Fundamental Anos Iniciais; 2º Segmento/Ensino Fundamental Anos Finais e 3º Segmento/Ensino Médio). Nesse sentido, por meio do direcionamento da Geografia Escolar para a diversidade do público atendido pela EJA, formada por jovens, adultos e idosos, possibilitará ao professor de Geografia ter como ambiente de trabalho diferentes metodologias e necessidades de individualização e orientação dos estudos geográficos, com vistas a atender às especificidades de cada segmento da EJA. • Educação a Distância: a EaD vem ganhando espaço e protagonismo na Educação Básica, seja como formação geral, propedêutica, seja como formação para o mundo do trabalho. A inserção da EaD adquirirá especial notoriedade na nova arquitetura do Ensino Médio (e também na EJA), devido às possibilidades de complementação de carga horária a distância na composição da formação presencial obrigatória. Ao colocarmos tais questões no âmbito da Geografia Escolar encontraremos uma gama de autores e questões envolvendo o ciberespaço e os pontos de caracterização da sociedade contemporânea, cada vez mais voltada para um mundo conectado e pautado pelo uso dos meios de comunicação e tecnologia nas esferas política, social, cultural, econômica etc. • Educação Especial e Inclusiva: a Educação Inclusiva, como esfera atual de desenvolvimento do atendimento educacional especializado se mostra, mais do que um desafio, uma realidade para as redes de ensino espalhadas pelo país. A formação inicial e continuada dos professores e sua inserção nas principais questões referentes aos temas pertinentes à inclusão como ponto de chegada na Educação Básica devem ser enfrentados com urgência. À Geografia cabe a posição de possibilidade de aproximação a esses desafios, por sua riqueza temática que dialoga com questões mais concretas ou abstratas dos estudantes que possuam algum tipo de deficiência ou necessidade especial. • Educação Escolar Indígena e Educação Escolar Quilombola: nessa modalidade da Educação Básica encontramos, talvez, um dos maiores pontos de inflexão para a mobilidade curricular do Ensino de Geografia e Geografia Escolar. Pelo fato de trazerem consigo a riqueza e diversidade cultural e territorial do Brasil, tanto a Educação Escolar Quilombola como a Indígena possuem a seu favor a possibilidade de entremear-se com outros assuntos, temas, conteúdos e objetos de conhecimento já presentes na estruturação curricular da Geografia. 38 Didática e Prática do Ensino de Geografia O ensinar e aprender Geografia, portanto, perpassa as etapas e modalidades da Educação Básica. Partir desse pressuposto para orientação do trabalho didático-pedagógico se mostra o melhor caminho para ampliarmos o espectro de significação e alcance da importância da Geografia Escolar e do Ensino de Geografia, como nos exemplificam e orientam Pontusckha, Paganelli e Cacete (2007, p. 177-178) sobre essa temática do ensinar a ciência geográfica: • consolidação de um método de ensino interdisciplinar denominado estudo do meio, no qual interagem a pesquisa e o ensino; • verificação de testemunhos de tempos e espaços diferentes: transformações e permanências; • levantamento dos sujeitos sociais a serem contatados para as entrevistas; • observações a serem feitas nos diferentes lugares arrolados para a produção de fontes e documentos: anotações escritas, desenhos, fotografias e filmes; • compartilhamento dos diferentes olhares presentes no trabalho de campo mediante as visões diferenciadas dos sujeitos sociais envolvidos no projeto; • coleta de dados e informações específicas do lugar, de seus frequentadores e das relações que mantêm com outros espaços; • emersão de conteúdos curriculares disciplinares e interdisciplinares a serem contemplados na programação; • produção de instrumentos de avaliação em um trabalho participativo; • criação de recursos didáticos baseados nos registros; • divulgação dos processos e do resultado. E, em acordo com essas colocações da autora, conforme podemos observar na Base Nacional Comum Curricular, o estudo de Geografia se coloca como uma compreensão da diversidade dos elementos que compõem o espaço geográfico e seus conceitos como lugar, paisagem, território e região, e de como o ser humano os transforma e significa, e as diferentes formas que podemos encontrar de transpor essa riqueza conceitual e epistemológica à Geografia Escolar: Estudar Geografia é uma oportunidade para compreender o mundo em que se vive, na medida em que esse componente curricular aborda as ações humanas construídas nas distintas sociedades existentes nas diversas regiões do planeta. Ao mesmo tempo, a educação geográfica contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de diferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações com os lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social; na identidade cultural; e na consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros e, por isso, convictos das nossas diferenças (BRASIL, 2018, p. 359). 39 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 A Geografia Escolar e o Ensino de Geografia, como componente curricular específico das grades curriculares da Educação Básica, se inicia no 6º Ano do Ensino Fundamental – Anos Finais, no entanto, a partir do 4º Ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, muitos conceitos e saberes geográficos já são incorporados nas matrizes curriculares e referenciais didático-pedagógicos de materiais didáticos, por exemplo, como estrutura da Terra, fundamentos cartográficos etc. O filme O nome da Rosa, de 1986, adaptado do romance homônimo de Umberto Eco (publicado em 1980), se passa no período do Renascimento da Idade Média e retrata como a questão da produção, acesso e circulação do conhecimento até o período anterior ao Esclarecimento, a partir do século XVIII, era restrito e delegado a representantes específicos da sociedade, no caso da história, os clérigos do alto poder. A disseminação de teorias e correntes pedagógicas iniciou-se ainda nesse período, no século XVI e XVII especialmente como a obra Didática Magna de Comênio (publicada em 1631), que tinha como objetivo propor uma padronização e organização das metodologias de ensino dos grandes temas estudados no período como botânica, anatomia, astronomia, matemática etc. O ensino da cultura afro-brasileira e indígena está garantido por meio das modalidades de Educação Escolar Quilombola, Educação Escolar Indígena, bem como pela Resolução 3/99 do Conselho Nacional da Educação, que preveem o trabalho escolar dessas modalidades da Educação no âmbito escolar. No caso da Geografia, trazer o debate de tais temáticas se torna ainda mais proximal por suas questões envolvendo, especialmente, a situação da identidade territorial e da inserção dessas culturas no mundo globalizado contemporâneo.40 Didática e Prática do Ensino de Geografia No que se refere ao aprendizado de Geografia, a reflexão posta é o da possibilidade de pensar e agir no mundo que habitamos e nos envolve e integra como sujeitos. Nesta perspectiva, trazendo os autores que trabalham com a vertente didático-pedagógica da Geografia, junto às concepções vigentes no atual documento norteador da ciência geográfica nas escolas, a BNCC, lançada em 2018 pelo Ministério da Educação, temos a intersecção entre o espaço biográfico (presente especialmente no âmbito do Ensino Fundamental - Anos Iniciais) e da situação geográfica (que dialoga com os princípios do raciocínio geográfico presente em todas as etapas da Educação Básica). Marques (2009) faz importantes considerações sobre o ensino de Geografia, que podemos colocar em relevo na constituição do entendimento do que deve ser a composição epistemológica e teórica da Geografia Escolar. Segundo a autora: O ensino de Geografia deve desenvolver as competências, habilidades – como a noção de espaço para que desenvolvam capacidades intelectuais – e autonomia. A que partir daí, terá dado sua contribuição para a formação de pessoas capazes de exercer a cidadania plena e não um discurso vazio fruto de um modismo inconsequente que mais atrapalha a prática docente do que contribui (MARQUES, 2009, p. 80). Percebe-se a utilização das terminologias presentes na BNCC, como as habilidades e competências, apesar do tom mais incisivo da autora no que diz respeito ao ensino de Geografia. No entanto, ressalta-se a formação integral do estudante, de forma a viabilizar a compreensão dos fenômenos e situações geográficas em sua totalidade, do que adviria a sua formação crítica, neste olhar também como cidadão consciente da realidade que o cerca. FIGURA 11 – AS DIFERENTES FORMAS DE SE APRENDER GEOGRAFIA FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-gratis/composicao-de-livros-e-globo_5301975. htm#page=3&query=geografia&position=48>. Acesso em: 20 set. 2019. 41 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 A aprendizagem da Geografia Escolar, como observável na figura anterior, possui diferentes rotas, possibilidades, caminhos, encontros e desafios. E este é o ponto colocado por Pérez (2005) no que diz respeito ao objetivo central da Geografia, ou seja, que em sua presença na composição da Educação escolar, deve possibilitar aos estudantes uma reflexão sobre as escalas e camadas de complexidade dos fatos, fenômenos que compõem o espaço geográfico em suas interfaces socioculturais, ambientais, econômicas e políticas: Saber pensar o espaço para nele se organizar. Este deve ser o objetivo central de um ensino de Geografia comprometido com uma educação voltada para o exercício da liberdade e da emancipação. A aprendizagem da Geografia deve possibilitar a reflexão crítica sobre o espaço: uma reflexão que incorpore as diferentes leituras de um mesmo objeto e que, fundamentada no confronto de ideias, interesses, valores socioculturais, estéticos e econômicos, evidencie as diferentes interpretações e intencionalidades que marcam a história da construção de um espaço; uma reflexão que possibilite a elaboração de questionamentos sobre o espaço, a vida, o mundo (PÉREZ, 2005, p. 27). Em retorno ao já trabalhado anteriormente, no que diz respeito às inclinações da aprendizagem geográfica nas dimensões do letramento e alfabetização, Pérez (2005) coloca a situação geográfica em seus recortes paisagísticos, regionais, territoriais e dos lugares, com o sujeito inserido e contextualizado em tais recortes, como o centro dos estudos geográficos. Além desse ponto de vista, a autora reforça o ponto relacionado à Geografia Escolar em que a escola, o cotidiano, o contexto e as vivências devem fazer parte das aprendizagens dos estudantes: A aprendizagem de qualquer fenômeno, portanto, está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do raciocínio e ao meio social no qual a criança está inserida. Ou melhor, conforme Piaget nos ensina, a aprendizagem no sentido lato é o próprio desenvolvimento. Por conseguinte, em Geografia, como em qualquer outra disciplina, a questão da aprendizagem pode ser encarada pelo educador partindo da seguinte indagação fundamental: qual o tipo de raciocínio que as crianças de uma determinada série de estudo são capazes de alcançar? Que operações geográficas elas são capazes de realizar? Ora, assim como a criança deve aprender a ler, a escrever, a contar, a calcular, isto é, a adquirir formas de se comunicar com os outros, assim também a educação geográfica deve ser vista como uma parte integral do processo de educação. Deve tornar o aluno capaz de entender a vida sobre a Terra, evidenciando relações que se configuram no espaço e a organização que nele se processa feita pelo homem (CRUZ, 1986, p. 46). Linguagem e comunicação, contato e apropriação conceitual e metodológica, intervenção e aproveitamento dos aprendizados da sala de aula para a vida 42 Didática e Prática do Ensino de Geografia 1) Defina, de maneira sintetizada, o conceito de didática, relacionando-o com a Geografia Escolar. 2) Como os princípios do raciocínio geográfico, previstos na BNCC para a Geografia no Ensino Fundamental, podem servir como base e fundamento para a situação geográfica na aprendizagem dos estudantes da Educação Básica? além dos muros escolares. O papel do ensino de Geografia e da Geografia Escolar, como colocado por Cruz (1986), abrange do raciocínio geográfico a uma formação integral dos estudantes, permeada pela formação contínua dessas crianças e jovens, no desenvolvimento das diferentes e interconectadas trilhas de aprendizagens que os ambientes escolares ofertam e podem promover, ao longo de suas vidas e passagem pela Educação Básica. Se considerarmos as orientações teóricas de Espaço Biográfico e Situação Geográfica presentes na BNCC para o componente curricular Geografia, no Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais, podemos inferir que o letramento geográfico dialoga, mais proximamente, com tais concepções, tendo em vista que considera o contexto e realidade cotidiana do estudante em seu processo de ensino e aprendizagem, assimilando, compreendendo e utilizando os saberes, práticas e conhecimentos adquiridos no ambiente escolar. 4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, estudamos como as correntes pedagógicas e a organização e estrutura da Educação Básica estão próximas e precisam dialogar com os componentes curriculares de saberes específicos, como é o caso da Geografia, a partir da conceituação sobre as principais correntes pedagógicas e do sentido epistemológico da didática como campo de maior proficuidade e fundamentação dos estudos pedagógicos. Na primeira parte deste primeiro capítulo, portanto, houve o exercício de correlacionar, com maior apuro para os pontos de tangenciamento entre a Geografia Escolar, o ensino de Geografia, a didática e as estratégias didático- pedagógicas que podem e são essenciais para o trabalho docente. Explorar 43 Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolarda Geografia Escolar Capítulo 1 as imensuráveis possibilidades de diálogo, formação, debate, aperfeiçoamento e atualização dos profissionais da educação, de modo que todo o trabalho educacional, interior ao processo de ensino e aprendizagem, acompanhe as tendências e incorporações das principais teorias e metodologias pedagógicas. É deste modo, na busca pela constante melhoria de todos elementos, aspectos e atores que fazem parte da Geografia Escolar que se avança, no terço final deste capítulo em duas direções: no debate envolvendo a diferenciação conceitual entre letramento
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