Buscar

APOSTILA - Didática e Prática do Ensino da Geografia (Uniasselvi)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 133 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 133 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 133 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIDÁTICA E PRÁTICA DO 
ENSINO DE GEOGRAFIA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Gilvan C. C. de Araújo
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
AR663d
 Araújo, Gilvan Charles Cerqueira de
 Didática e prática do ensino da geografia. / Gilvan Charles Cerqueira 
de Araújo. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 133 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-041-3
 ISBN Digital 978-65-5646-042-0
1. Geografia - Estudo e ensino. - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 372.891
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Correntes e Tendências Didáticas e o Processo de 
Ensino e Aprendizagem da Geografia Escolar .........................7
CAPÍTULO 2
Estratégias Didático-pedagógicas e a Prática de 
Ensino em Geografia ...................................................................47
CAPÍTULO 3
Perspectivas para o Ensino de Geografia no 
Contexto das Novas Proposições Curriculares ...................91
APRESENTAÇÃO
Este livro possui como principal objetivo trabalhar com a Geografia Escolar, 
o Ensino de Geografia na prática e de como as estratégias didático-pedagógicas, 
além de fazerem parte, fundamentam, estruturam e devem servir como principal 
ponto de fortalecimento da Geografia em seu alcance, significação e protagonismo, 
como componente curricular e saber científico no percurso educacional dos 
estudantes.
 
Pensar em uma rota de formação geográfica que contemple tais elementos 
da realidade, contemporaneidade e complexidade educacional são alguns 
dos desafios postos no percurso que lhe é oferecido nos próximos capítulos. A 
Didática e a Prática do Ensino de Geografia recebem o foco necessário para que 
tal diversidade e profundidade temática receba análises, indicações de reflexões 
e diálogos que a permeiem e nos ajudem a melhor compreendê-las.
 
Como principais objetivos deste livro em relação à Didática e a Prática do 
Ensino de Geografia ressalta-se a compreensão e importância dos principais 
aspectos da relação entre a prática didático-pedagógica do ensino de Geografia 
e da Geografia Escolar, e também compreender a relevância da didática na 
Geografia Escolar, aprofundando e aperfeiçoando o processo de ensino e 
aprendizagem dos conceitos, temas, teorias e metodologias geográficas.
 
No primeiro capítulo, intitulado “Correntes e tendências didáticas e o processo 
de ensino e aprendizagem da Geografia Escolar” é trabalhada a questão de como 
as formulações teóricas e metodológicas das correntes pedagógicas influenciam 
e estão presentes tanto na prática do Ensino de Geografia como na Geografia 
Escolar em seu cotidiano dos ambientes de aprendizagem escolares, como a 
importância da didática neste processo, a exemplo das correntes de ensino da 
visão geográfica entre a alfabetização e o letramento neste componente curricular 
na Educação Básica, em suas diferentes etapas e modalidades.
 
Para o segundo capítulo, “Estratégias didático-pedagógicas e a prática de 
ensino em Geografia”, estreita-se o foco na questão da elaboração de estratégias 
didático-pedagógicas, com especial atenção às tendências atuais, como as 
tecnologias digitais da informação e comunicação na sala de aula, as metodologias 
ativas e metacognição como fronts pedagógicos atuais e de como tais tendências 
podem ser observadas ou estar presentes no Ensino de Geografia.
 
Como fechamento, no terceiro capítulo, “Perspectivas para o ensino de 
Geografia no contexto das novas proposições curriculares”, a centralidade do 
currículo toma frente e protagonismo numa visão que abarque a complexidade 
de se pensar a didática e a prática do Ensino e Geografia na realidade escolar. 
Para esse debate são trazidos, por exemplo, alguns elementos curriculares 
já estabelecidos, como a relação entre conteúdos, objetos de conhecimento e 
objetivos de aprendizagem, bem como temáticas atuais, como a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC) e a inserção desses debates numa visão educacional 
com vistas à uma formação decolonial dos estudantes.
Espera-se, portanto, do estudante deste curso de formação didática e de 
Ensino de Geografia a compreensão da diversidade, conjuntamente aos desafios 
formativos, inerente a uma busca por novas formas de fortalecer a prática 
docente em Geografia. Portanto, a multiplicidade temática, teórica, metodológica 
e de proximidade com outras áreas do conhecimento e componentes curriculares 
emerge como ponto de fortalecimento da Geografia nessa busca por uma visão 
complexa, holística e dialógica com a formação dos estudantes da Educação 
Básica.
Bons estudos!
Prof. Gilvan C. C. de Araújo
CAPÍTULO 1
Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e 
Aprendizagem da Geografia Escolar
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• destacar as principais características didático-pedagógicas que permeiam a 
prática docente em relação à Geografia e como tais saberes compõem o ensino 
de Geografia;
• estabelecer as correlações diretas entre as correntes pedagógicas em relação 
à prática do ensino de Geografia na Educação Básica e suas especificidades 
em diferentes ambientes de aprendizagem;
• ser capaz de propor conexões, diálogos e práticas que comtemplem a conexão 
com e entre a Geografia Escolar e o Ensino de Geografia com a didática e 
estratégias pedagógicas no escopo do Ensino de Geografia;
• realizar a transição dos temas, teorias, conceitos e metodologias aprendidas no 
curso ao âmbito de sua prática didático-pedagógica e das estratégias de ensino 
para a Geografia nos ambientes de aprendizagens escolares, nas etapas, 
modalidades, diversidade, possibilidades e desafios encontrados na Educação 
Básica.
8
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
9
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Como contexto ao estudo da Didática e Prática de Geografia, podemos elencar 
ao menos três fatores centrais que estruturam e são inerentes a uma proposta 
de revisitação, aperfeiçoamento e formação dos profissionais da educação em 
relação ao seu percurso de atuação na Educação Básica: a diversidade da 
Educação, em suas teorias e metodologias; a Geografia como ponto de dialogia 
dos saberes escolares; a necessidade de reciclagem e acompanhamento das 
novas tendências educacionais contemporâneas.
Por diversidade da Educação entende-se toda a gama de teorias, métodos, 
autores, conceitos, categorias, temas e proposições elaboradas, historicamente, 
com vistas a buscar os melhores caminhos para se chegar às aprendizagens 
de crianças, jovens, adultos e estudantes em geral. O percurso é longo e possui 
nuances, subdivisões, rompimentos, reaproximações, interfaces de complexidade 
e de necessária apuração em seus contornos e aspectos. Portanto, vislumbrar 
e buscar compreender essa diversidade da educação é o primeiro passo para 
se trilhar um caminho de aperfeiçoamento formativo em relação a sua prática 
didático-pedagógica.
A Geografia possui uma dúplice origem epistêmica, como ciência possuiem 
síntese de estudos tanto a natureza como o ser humano, o físico e o social fazem 
parte de sua história como ciência. Dessa maneira, como componente curricular 
isolado ou membro da área do conhecimento das Ciências Humanas, a Geografia 
possui o privilégio de caminhar, duplamente, tanto por temáticas mais ambientais 
como por conteúdos e objetos de conhecimentos voltados para a cultura, 
questões sociais e econômicas, situações políticas de diferentes escolas, dentre 
outras interações de conhecimento, o que faz da Geografia, no ambiente escolar, 
se fortalecer, contemporaneamente, na rota de uma compreensão de um mundo 
cada vez mais diversificado e conectado, contribuindo tanto com a formação dos 
estudantes como na criação de pontes com outros professores, representantes de 
outros saberes e componentes curriculares.
Por fim, coloca-se como principal ponto de fortalecimento da formação 
didática e pedagógica continuada dos professores a necessidade de acompanhar 
as mudanças, tendências e movimentação do que está sendo pensado, proposto 
e colocado em prática no que diz respeito à Educação, seja na escala nacional ou 
internacional. 
Trazer para o debate todos esses pontos de encontro sobre a Educação 
Básica é fundamental para que o profissional da Educação almeje e consiga 
10
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
se ver representado nessas movimentações e proposições atuais diretamente 
ligadas ao seu trabalho, formação e rotina no dia a dia das escolas e redes de 
ensino.
2 CORRENTES PEDAGÓGICAS E A 
GEOGRAFIA ESCOLAR
Para que possamos avançar no debate sobre os cursos de licenciatura de 
componentes curriculares específicos é imprescindível a presença dos temas, 
autores e referências da didática na formação desses futuros profissionais da 
educação, que farão parte de equipes educacionais das etapas e modalidades da 
Educação Básica. Nesse sentido é que se torna elementar a inserção do escopo 
teórico e metodológico na prática docente e, no caso da Geografia, o papel das 
correntes pedagógicas em sua realidade escolar e de ensino.
2.1 ELEMENTOS TEÓRICOS E 
METODOLÓGICOS DA GEOGRAFIA 
ESCOLAR E ENSINO DE GEOGRAFIA
As correntes pedagógicas influenciam e, muitas vezes, determinam os 
caminhos teóricos e metodológicos dos campos específicos dos saberes e 
componentes curriculares das escolas. Portanto, perpassar pelas características 
fundamentais dessas correntes pedagógicas ajudará o professor a se encontrar 
dentro de sua formação, concepções pedagógicas e estratégias didáticas no seu 
trabalho diário.
11
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
FIGURA 1 – OS CAMINHOS PEDAGÓGICOS DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO
FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/aconselhamento-alemanha-
aventura-borrao-408503/>. Acesso em: 15 set. 2019.
Como podemos observar na figura, os professores possuem uma gama de 
teorias, metodologias e conceitos voltados aos estudos pedagógicos e didáticos. 
Esse é o papel da didática, ou seja, embasar e fornecer os instrumentos teóricos 
e metodológicos necessários para o labor do profissional da Educação. Dessa 
forma, no cotidiano escolar, na prática diária com os estudantes, múltiplas 
escolhas fazem parte do trabalho docente, que orientarão a sua prática didática 
como fundamento para suas condições e possibilidades do dia a dia da escola.
 
A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela 
investiga os fundamentos, condições e modos de realização 
da instrução e ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-
políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar 
conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer 
os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista 
o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. 
A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodologias 
específicas ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de 
cada matéria na sua relação com fins educacionais. A Didática 
generaliza processos e procedimentos obtidos na investigação 
das matérias específicas, das ciências que dão fundamento ao 
ensino e a aprendizagem e das situações concretas da prática 
docente (LIBÂNEO, 2013, p. 25).
12
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
Conforme afirmado por Libâneo (2013), a Didática, portanto, entendida como 
uma teoria geral do ensino, se fortalece teórica e metodologicamente por se 
voltar ao professor, em sua formação, aperfeiçoamento, reflexão, atualização e 
aplicação dos procedimentos, práticas, conceitos, métodos, rotinas e estratégias 
pedagógicas para o seu trabalho nos diferentes ambientes de aprendizagem em 
que este venha a atuar, especialmente no âmbito das etapas e modalidades da 
Educação Básica, nas diversas redes de ensino, públicas e privadas, espalhadas 
pelo território brasileiro.
Em outros termos, Libâneo também expande o entendimento da didática como 
a área de estudos da Educação que tratará do processo pedagógico, ou seja, dos 
caminhos trilhados pelo ensino e aprendizagem: “O processo pedagógico orienta 
a educação para as suas finalidades específicas, determinadas socialmente, 
mediante a teoria e a metodologia da educação e instrução” (LIBÂNEO, 2013, p. 
22). E o objeto da Didática, entendida como ciência maior da Pedagogia, segundo 
o autor, caracteriza-se pelo encontro entre o ensino e os métodos de ensino: 
“A Didática enquanto ciência existe uma conexão entre os métodos próprios da 
ciência que dão suporte ao objeto de ensino e os métodos de ensino” (LIBÂNEO, 
2013, p. 43).
 
Pensar as áreas específicas do currículo nas perspectivas das diferentes 
correntes pedagógicas contribui para o aperfeiçoamento da prática didática dos 
professores em sala de aula. Percebe-se, por exemplo, que há, normalmente, 
a integração e correlação de múltiplas influências dessas conceituações 
no cotidiano escolar, em diferentes momentos do trabalho didático, que ora 
exigirá uma orientação voltada para uma integração curricular integrada com a 
educação profissional, ora com instrumentos e práticas didáticas de caráter mais 
construtivista ou interacional.
Na Figura 2 podemos observar algumas dessas correntes pedagógicas 
que influenciaram e ainda são referência em várias orientações didáticas para o 
ensino e aprendizagem, seja na própria pedagogia como ciência ou nos demais 
campos do saber e componentes curriculares da Educação Básica.
13
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FIGURA 2 – AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS
Essas correntes pedagógicas podem ser organizadas de acordo com suas 
principais tendências e teorias, e esses conceitos e correntes pedagógicas 
serão melhor explicados no decorrer do capítulo. Na Figura 3, a partir de autores 
como Luckesi (1991) e Libâneo (2013) podemos observar como ocorre esse 
direcionamento das tendências no caso do histórico da educação brasileira:
FIGURA 3 – TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS
14
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
Em síntese, é possível selecionarmos características fundamentais dessas 
correntes com base em seus conceitos e preceitos teóricos e metodológicos para 
o processo de ensino e aprendizagem:
•	 Tradicional: instituída no século XIX, nomeada dessa maneira 
como contraposição às escolas e teorias renovadoras do período. O 
tradicionalismo pedagógico é entendido como um alinhamento com o 
conservadorismo, a formação moral e intelectual, geralmente associado 
a metodologias de ensino voltadas para a memorização e sem papel 
ativo na aprendizagem.
•	Comportamental: o comportamentalismo aproxima-se, conceitual e 
metodologicamente, do behaviorismo. A aprendizagem,nessa corrente 
pedagógica, ocorre por meio de estímulos e respostas, envolvidas 
também em recursos de reforços positivo ou negativo nesse processo.
•	Montessoriana: possui o foco na potencialização educacional sensório-
motor, com foco na instrumentação de ensino, criação e manuseio de 
materiais, e corresponsabilidade na produção do conhecimento escolar. A 
idealização de ambientes de aprendizagem dinâmicos também faz parte 
dessa corrente, que formulou implementações das conhecidas “escolas-
parque”, do aprendizado como experiência aos estudantes.
•	Renovadora: também ficou conhecida como Escola Nova, que chegou 
ao Brasil na década de 1930. O professor é visto como supervisor do 
processo de aprendizado para que o estudante possa alcançar sua 
autonomia numa relação democrática com os professores. A influência 
de John Dewey se fez clara nesse período, e posteriormente nas 
proposições de universalização e democratização da educação nacional 
idealizadas por Anísio Teixeira.
•	 Tecnicista: pensar as áreas específicas do currículo nas perspectiva 
das diferentes correntes pedagógicas contribui para o aperfeiçoamento 
da prática didática dos professores em sala de aula. Percebe-se, por 
exemplo, que há, normalmente, a integração e correlação de múltiplas 
influências dessas conceituações no cotidiano escolar em diferentes 
momentos do trabalho didático, que ora exigirá uma orientação voltada 
para uma integração curricular integrada com a educação profissional, 
ora com instrumentos e práticas didáticas de caráter mais construtivista 
ou interacional.
•	 Sociocultural: corrente pedagógica que se aproxima de uma abordagem 
dialógica, de interação entre professor e estudante e entre este último 
com o conteúdo ou objeto de conhecimento que está sendo estudado, 
de modo a desenvolver no estudante as posturas crítica, participativa e 
reflexiva.
•	Humanista: teorias pedagógicas voltadas à centralidade nas relações 
interpessoais, desenvolvimento da personalidade e identidade 
15
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
dos estudantes, seus conflitos e contextos, e a plena realização e 
contemplação das potencialidades na conjunção entre as concreticidades 
e subjetividade que perfazem a totalidade do ser humano.
•	 Libertadora: no Brasil, por influência conceitual e de método liderada 
por Paulo Freire, a pedagogia libertadora ganhou força no seu discurso 
e prática alinhados com o pensamento dialético na educação. Nessa 
visão pedagógica, o estudante deve se empoderar dos conhecimentos, 
de modo a atingir a emancipação e intervenção social e crítica em seu 
contexto e realidade.
•	Cognitivista: essa corrente pedagógica ganhou força, especialmente, 
pelo fato de ser colocada, epistemológica e metodologicamente, em 
contraposição ao comportamentalismo, priorizando os processos 
cognitivos, valorizando a complexidade e diversidade dos caminhos 
para se chegar aos aprendizados. A cognição e suas nuances recebem 
destaque de análise nessa corrente pedagógica.
•	Crítico-social dos conteúdos: também conhecida como histórico-
crítica, fundamentada principalmente na correlação da realidade histórica 
dos estudantes com o seu percurso escolar, envolvendo os temas e 
conteúdos contextualizados, que embasam os fins progressistas dessa 
corrente pedagógica.
•	 Piajetiana e construtivista: surgiu a partir dos estudos de Piajet, que por 
meio de observações científicas propôs uma epistemologia genética da 
aprendizagem. Estudou a inclinação orgânica dos processos cognitivos, 
em situações de assimilação e compreensão, em diferentes fases do 
desenvolvimento intelectual do estudante.
A separação das correntes pedagógicas em autores, teorias ou conceitos 
definidos, muitas vezes, ocorre como um exercício de agrupamento histórico do 
período em que tais formulações ganharam notoriedade. Em outras palavras 
percebe-se que, em muitos casos, há a infiltração dessas teorias em diferentes 
autores, nomeadamente pertencentes a bases epistêmicas mais distantes entre 
si. O melhor exemplo, nesse caso, pode ser visto entre o construtivismo e o 
interacionismo, que se dialogarem em suas bases teóricas, formam uma das 
principais sínteses das proposições didático-pedagógicas contemporâneas.
16
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
FIGURA 4 – TENDÊNCIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS
FONTE: O autor
Muito do que se elaborou nos últimos anos em relação a propostas didático-
pedagógicas encontram-se, na maioria dos casos, no espectro de formulações 
pós-modernas, holística, complexas e neocognitivistas, além do apelo racional 
tecnológico, que tomaram força com teóricos como Edgar Morin, François 
Lyotard, Pierre Levy e David Harvey. Em síntese, estamos lidando com um cenário 
contemporâneo no qual o pensamento complexo, a diversidade de saberes 
e as trocas imensuráveis de informação e conhecimento pautam as relações 
sociais que nos rodeiam e, de forma direta e indireta, chegam aos ambientes de 
aprendizagem.
Em muitos casos, nas formações de licenciatura das áreas de maior 
especialidade do currículo escolar, como os componentes curriculares dos Anos 
Finais do Ensino Fundamental ou Ensino Médio, falta um aprofundamento no que 
diz respeito à formação didático-pedagógica dos futuros profissionais que atuarão 
em instituições de ensino. Por essa razão é fundamental que, nos cursos de 
formação inicial dos professores, haja um apuro maior na condução das teorias, 
métodos, autores-referência e exemplos de práticas didático-pedagógicas para a 
atuação desses profissionais na sala de aula das redes de ensino espalhadas 
pelo país.
17
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
Anna Penido, em seu vídeo sobre as principais tendências da 
Educação Contemporânea, nos traz alguns dos debates envolvendo 
a chegada de questões e temáticas como o pensamento complexo, 
as tecnologias da informação e comunicação nos ambientes 
de aprendizagem, o protagonismo estudantil, a necessidade de 
currículos escolares flexíveis, e as mobilidades identitárias que 
compõem as novas faces da juventude contemporânea. Acesse: 
https://www.youtube.com/watch?v=xMtX5TztUaQ. 
Em linhas gerais, Didática significa a ciência que estuda as 
diferentes correntes teóricas e metodológicas que se debruçam sobre 
as formas de ensinar. Dessa maneira, ao nos referirmos à didática 
como prática da docência, estamos lidando com o ato de ensinar, 
mais do que o processo de aprendizado propriamente dito, já que 
é a aprendizagem se coloca, neste caso, como ponto de chegada, 
ou seja, quanto melhor for a fundamentação e a prática didático-
pedagógica, maiores e melhores serão os resultados alcançados no 
que se refere à aprendizagem.
Observa-se, nessas tendências pedagógicas contemporâneas ou pós-
modernas, especialmente a partir do final do século XX e primeiras duas 
décadas do século XXI, como se referem alguns dos autores que estudam as 
correntes didáticas atuais, que o caráter híbrido, multifacetado e pluralista dos 
conhecimentos se tornam uma referência na formulação das orientações didático-
pedagógicas da atualidade, especialmente no caso das correntes holística e pós-
moderna, que primam pela alocação de diferentes teorias e metodologias para a 
formulação de concepções do processo de ensino e aprendizagem.
18
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
Tanto as tendências pedagógicas tradicionais ou mais clássicas, como 
as tendências híbridas e sincréticas do momento contemporâneo da educação 
possuem, como fim último, a orientação para a construção de objetivos 
de aprendizagens, estratégias didático-pedagógicas, fomento à formação 
do professor,formulação de ideias para novos ambientes escolares. E, 
especificamente no que diz respeito ao que deve ser aprendido, é o que Castellar 
(2005, p. 222) chama a atenção para a fundamentação teórica que o professor 
terá consigo no dia a dia de seu trabalho nas escolas:
A ação docente está, portanto, relacionada com os objetivos 
pedagógicos e educacionais que estabelecemos para 
desenvolvermos os conteúdos em sala de aula. Se tivermos 
uma prática que contribua para a evolução conceitual do aluno, 
atuaremos na perspectiva da construção do conhecimento, 
refletindo sobre a realidade vivida pelo aluno, respeitando 
a sua história de vida e contribuindo para que ele entenda 
o seu papel na sociedade: o de cidadão. Essa reflexão nos 
conduz na direção da articulação entre o conteúdo específico 
e a metodologia do ensino de geografia, revelando que a 
concepção que temos de geografia deve estar relacionada 
com a concepção pedagógica.
Por possuir um contato próximo com as tecnologias da informação e 
comunicação, a Geografia como ciência acadêmica fomenta, por meio dos 
avanços e aplicações de tais tecnologias, sua chegada à sala de aula. A Geografia 
Escolar, desse modo, é constantemente perpassada por essas influências e 
novas tendências contemporâneas da Educação ligadas à chegada de inovações 
e metodologias próximas ao uso tecnológico na escola. Ao professor e gestores 
das escolas cabe a seleção e integração de sua formação e influência a teorias, 
autores e correntes pedagógicas clássicas com essas novas tendências do 
mundo em que vivemos: 
Diante de um mundo cheio de tecnologias, que definem a 
representação do mundo/globo em diferentes linguagens, 
a Geografia escolar precisa se apropriar destes avanços 
tecnológicos para desenvolvimento de aulas. É preciso 
dialogar com as diferentes linguagens e articular com a cultura 
da escola, pois a cultura da mídia está presente na sala de 
aula, imprimindo significado ao uso de diferentes tecnologias 
na sala de aula. Os filmes, as músicas, os poemas, o jornal e 
a revista, as charges, a internet são recursos que devem ser 
usados com cautela e reponsabilidade, de modo que o aluno 
perceba as diferentes culturas impregnadas nas mensagens 
recebidas pelas diferentes mídias (MARTINS, 2010, p. 82).
Como resolução a esta dialética entre o novo e o tradicional, Libâneo (2013) 
propõe um diálogo e a busca pela aproximação do clássico com o hodierno. Esse 
caminho da conjugação de esforços se mostra tanto profícuo quanto passível 
de execução, pelo fato de haver, nas escolas, as gerações que se encontram e, 
19
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
1) Descreva uma situação didática escolar que faça uso das 
Tecnologias de Informação e Comunicação.
2) Qual a principal diferença entre a corrente pedagógica Libertadora 
e o Comportamentalismo?
3) Por que, atualmente, é mais comum encontrarmos correntes e 
tendências pedagógicas híbridas e holísticas?
nas e pelas quais, o novo e o clássico se entrelaçarão em diferentes contextos, 
narrativas, situações didáticas, práticas pedagógicas e, principalmente, objetivos 
educativos, que são o motivo primeiro de existência dos ambientes escolares de 
aprendizagem: “As teorias da educação e as práticas pedagógicas, os objetivos 
educativos da escola e dos professores, os conteúdos escolares, a relação 
professor-alunos, as modalidades de comunicação docente, nada disso existe 
isoladamente do contexto econômico, social e cultural mais amplo e que afetam 
as condições reais em que se realizam o ensino e a aprendizagem” (LIBÂNEO, 
2013, p. 57).
2.2 CORRELAÇÕES ENTRE AS 
CORRENTES PEDAGÓGICAS E O 
ENSINO DE GEOGRAFIA
 O ensino de Geografia e a Geografia Escolar aproximam-se das correntes 
pedagógicas pelo fato de a ciência geográfica compor as diferentes matrizes 
curriculares da Educação Básica e, inevitavelmente, receber tanto influência 
como a presença de fundamentos, conceitos e teorias das diferentes formulações 
epistemológicas e metodológicas do processo de ensino e a aprendizagem.
20
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
FIGURA 5 – A DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA
FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/alegre-amontoado-
ao-ar-livre-caras-764681/>. Acesso em: 15 set. 2019.
Conforme representado na figura, a diversidade sociocultural, territorial, 
histórica e de formas de pensamento de nossa sociedade contemporânea precisa 
estar interligada aos preceitos de um novo horizonte do ensino de Geografia. 
Colocar em protagonismo e primeiro lugar, o diverso em diálogo e proximidade, 
é dar à sociedade atual o seu peso de conformação das práticas sociais no 
território contemporâneo e, mais do que isso, é enriquecer epistemológica e 
metodologicamente a Geografia Escolar.
 
Nessa riqueza cultural da atividade humana, presente na construção dos 
saberes que compõem as diferentes áreas do conhecimento e componentes 
curriculares é que Luckesi (1991, p. 176) faz o apelo para a enriquecimento das 
práticas didático-pedagógicas, em diferentes linguagens, simbologias, identidades 
e formas de aprendizagem:
A cultura elaborada é resultante da atividade humana em 
dar respostas aos múltiplos problemas e dificuldades que 
enfrenta, sejam decorrentes da natureza, sejam decorrentes 
da sociedade. Assim, emergiram áreas de conhecimentos, 
tais como Física, Química, Biologia, Sociologia, História, 
Antropologia, Filosofia; áreas de arte, tais como música, 
21
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
teatro, literatura, dança; áreas de cuidados do ser humano, tais 
como terapia, massagens, ginásticas. Todas elas procurando, 
intencional e sistematicamente, compreender a realidade 
e possibilitar formas de ação de forma crítica, consistente, 
orgânica.
 
Nas palavras de Luckesi (1991), é imprescindível que as escolas assumam a 
centralidade orgânica, diversa e dialógica dos saberes, conhecimentos, conteúdos 
e temas curriculares. Observa-se, desse modo, que o autor também se aproxima, 
fortemente, da tendência atual e contemporânea que caminha conjuntamente às 
disciplinas, áreas do conhecimento, eixos temáticos, integradores ou transversais, 
com vistas à colaboração mútua, contínua e democrática de todos esses atores e 
representantes do processo de ensino e aprendizagem.
 
Martins (2010), na mesma direção de uma composição múltipla dos saberes 
e conhecimentos, propõe que os professores de geografia façam uso das 
particularidades temáticas da Geografia Escolar e do ensino de Geografia. O 
estudo do lugar, nesses termos, possibilitaria aos professores de geografia trazer 
para sua prática didática todo o potencial de criação de pontes e realização de 
estratégias de ensino orientadas para esse mundo complexo, múltiplo e carregado 
de sentidos, identidades, composições naturais e sociais, retornando, inclusive, a 
um dos pilares epistemológicos da ciência geográfica que é a relação entre o ser 
humano e o meio natural: ”Estudar o lugar possibilita ao professor de Geografia 
explorar o espaço de vivência do aluno, o seu mundo real, que é formado por 
elementos naturais e humanos” (MARTINS, 2010, p. 77).
O conceito de lugar engloba diferentes visões conceituais da Geografia, 
como a cultural e humanista de Yi-Fu-Tuan, Anne Buttimer e Armand Fremónt, 
que no Brasil influenciaram autores como Roberto Lobato Correa, Zeny 
Rosendahl e Salete Kozel. O conceito de lugar perpassa pela questão crítica da 
Geografia brasileira também do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com 
a questão da disputa por lugares economicamente mais suscetíveis de serem 
incluídos no mercado global, envolvendo o fluxo depessoas e mercadorias, tais 
temas foram amplamente estudados por Milton Santos, Yves Lacoste (francês 
de forte influência na Geografia brasileira da época), Bertha Bekcer, Maria Adélia 
Aparecida de Souza, Ana Fani Castro, dentre outros.
O autor complementa seu raciocínio na proposição de levar o laço afetivo 
e natural do ser humano com o espaço na construção dos lugares e paisagens: 
“Essa compreensão deve estar associada à ideia de que este lugar é resultado 
de uma construção histórica que resultou na identidade deste espaço, onde é 
possível identificar laços afetivos, pessoas e paisagens, que dão significado 
próprio a este lugar” (MARTINS, 2010, p. 77).
22
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
No canal do Youtube, Minuto da Terra, é possível encontrar 
diferentes conteúdos voltados para ciências que perpassam 
por temas ambientais, sociopolíticos e culturais, normalmente 
associados a questões relacionadas ao consumo, biodiversidade 
e temáticas atuais do meio ambiente. Para a Geografia Escolar, 
aproveita-se, especialmente, a maneira como diferentes saberes, 
áreas do conhecimento e componentes curriculares podem fornecer 
explicações dinâmicas para os mesmos fenômenos e situações de 
natureza sociocultural ou ambiental, de forma holística e acessível 
aos estudantes.
Essa particularidade do aprendizado de Geografia para o mundo 
contemporâneo é colocado por Castellar (2005) como uma das principais 
preocupações que professores devem se ater quando forem levar os saberes 
geográficos para a Educação Básica, especialmente conceitos básicos como 
espaço, lugar, paisagem, região e território e princípios como localização e 
circulação. A autora utiliza como exemplo a questão tanto conceitual como 
recursos e estratégias didático-pedagógicas que caminhem nessa direção, 
de propor um olhar de identificação dos estudantes com os conhecimentos 
adquiridos, a multiescalaridade dos fenômenos geográficos e centralidade dos 
conceitos e categorias espaciais nesse processo:
Assim, toda a aprendizagem da geografia na educação básica, 
entendida como um processo de construção da espacialidade 
que corresponde a orientar-se, deslocar-se no espaço, pode 
ser associada aos seguintes objetivos: 
1) Capacitar para a aplicação dos saberes geográficos nos 
trabalhos relativos a outras competências e, em particular, 
capacitar para a utilização de mapas e métodos de trabalho 
de campo. 
2) Aumentar o conhecimento e a compreensão dos espaços 
nos contextos locais, regionais, nacionais, internacionais e 
mundiais e, em particular:
- conhecimento do espaço territorial; 
- compreensão dos traços característicos que dão a um lugar 
a sua identidade; 
- compreensão das semelhanças e diferenças entre os lugares; 
- compreensão das relações entre diferentes temas e 
problemas de localizações particulares; 
- compreensão dos domínios que caracterizam o meio físico 
e a maneira como os lugares foram sendo organizados 
socialmente;
- compreensão da utilização e do mau uso dos recursos 
naturais (CASTELLAR, 2005, p. 211).
23
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
No século XXI, as teorias pedagógicas de maior infiltração nas estruturas 
de ensino e redes de oferta educacionais são aquelas que se embasam, 
principalmente, na ideia de uma multiplicidade de saberes para a formação do 
estudante como sujeito protagonista de seu percurso escolar. Como teorizado por 
Markuszewska et al. (2018) e Castrogiovanni (1996), são novos desafios para a 
Geografia Escolar, em mundo híbrido, móvel, volátil, multiforme e ainda sem uma 
definição específica de suas principais características socioculturais, econômicas 
e políticas.
Por essa razão, teorias envolvendo, por exemplo, os diálogos complexos, 
a interdisciplinaridade e a integração curricular ganham força, aliados também 
à nova tomada de frente teórica engendrada pela retomada das áreas do 
conhecimento nas elaborações curriculares, em verdadeiras árvores do saber, 
com múltiplas possibilidades de formação para o estudante em seu percurso 
escolar, como pode ser observado na figura a seguir.
FIGURA 6 – A DIVERSIDADE DOS SABERES E O PERCURSO ESCOLAR
FONTE: <https://image.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-arvore-
de-educacao-com-ilustracao-de-vetor-de-simbolos-de-desenho-de-
aprendizagem-e-graduacao_98292-1031.jpg>. Acesso em: 15 set. 2019.
24
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
O Ministério da Educação, por meio de vídeos instrutivos 
chamados de Movimento pela Base, busca orientar os professores 
das redes de ensino brasileiras a se aproximarem das proposições 
curriculares da nova Base Nacional Comum Curricular. No vídeo 
sobre a Geografia na BNCC, a professora Carolina Busch Pereira, 
da Universidade Federal de Tocantins, reforça que, por meio do 
raciocínio geográfico, os estudantes conseguirão compreender as 
características dos diferentes fatos e fenômenos geográficos, sejam 
estes de aspectos socioculturais ou naturais. Acesse: https://www.
youtube.com/watch?v=84Pc1Vk-750.
Fonseca (2016) reforça a ideia de que, hoje em dia, o contexto formado 
pelos elementos sociais, políticos, ambientais e econômicos faz com que o 
entrelaçamento de diversidades das tendências pedagógicas seja algo comum de 
encontrarmos. Na árvore dos saberes que a escola precisa se ver e estruturar, os 
caminhos se cruzam por entre componentes curriculares e áreas do conhecimento, 
para a compreensão desse novo mundo em que vivemos:
A prática escolar está vinculada a condicionamentos de 
natureza social e política, que obrigam a uma constante 
reflexão sobre a diferente natureza do papel da escola e da 
aprendizagem, com reflexos explícitos e implícitos na forma 
como os professores realizam o seu trabalho na escola. Por 
intermédio do conhecimento das tendências pedagógicas e 
dos seus pressupostos de aprendizagem, o docente terá a 
oportunidade de avaliar os fundamentos teóricos utilizados 
em suas práticas na sala de aula. A educação, o professor e o 
educando apresentam-se com diferentes papéis, em cada uma 
das tendências pedagógicas. A didática tem desempenhado 
diversificados papéis associados às inúmeras tendências 
pedagógicas (FONSECA, 2016, p. 27).
A Geografia, no conjunto dos componentes curriculares da Educação Básica, 
possui a característica de caminhar mais facilmente por diferentes conteúdos, 
temas, métodos e teorias de análise dos fenômenos naturais e culturais. Por essa 
característica múltipla de sua base teórica e metodológica a Geografia possui, 
comumente, o papel de elo entre os diferentes saberes e suas respectivas 
áreas de conhecimento, no desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas 
interdisciplinares.
25
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
Ao colocarmos no mesmo plano a didática como principal base para as teorias 
do ensino e a Geografia Escolar, com suas singularidades e especificidades do 
componente curricular que representa, teremos, então, como ponto principal de 
esforço pedagógico a construção de objetivos de aprendizagem que façam jus a 
complexidade social, contextual e de recepção da diversidade dos estudantes nos 
ambientes escolares:
É fundamental que os objetivos sejam expressos em termos das 
mudanças que se deseja realizar, no desenrolar do processo 
ensino-aprendizagem dos estudantes. A objetividade e clareza 
de intencionalidade na construção desses objetivos de ensino 
indicam que o professor deseja que o estudante aprenda, 
possibilitando uma avaliação coerente em relação aos objetivos 
definidos no plano de ensino. O primeiro passo na definição de 
objetivos, consiste na relação de uma lista dos objetivos gerais,que apesar de possibilitar uma ideia concreta dos resultados 
da aprendizagem a serem atingidos, não indica os pormenores 
específicos que se desejam. Os objetivos gerais são amplos 
e devem ser formulados em termos de metas de ensino. Por 
isso há necessidade de elaborar objetivos específicos que se 
apresentam, em listas de comportamentos observáveis, que 
no seu todo constituem a comprovação de que o objetivo geral 
foi atingido. O número dos objetivos a incluir na lista, deve 
possibilitar que ela seja praticável (FONSECA, 2016, p. 57).
Se trouxermos as reflexões para o âmbito da Geografia Escolar encontraremos 
a questão de se construir objetivos educacionais e de aprendizagem que 
conversem com os fatos, fenômenos e situações geográficas que nos cercam. 
Levar essas metas educacionais para a escola em geral, e para o Ensino de 
Geografia em particular, se mostra como o maior desafio ao qual devemos nos 
debruçar: “Quando reveladas as grandes metas educacionais, que correspondem 
a uma formulação ampla, a escola e o professor deverão explicitar os objetivos, 
relativo às disciplinas e às unidades de estudo, envolvendo os conceitos básicos 
e as capacidades que demostrem maior importância” (FONSECA, 2016, p. 50). 
Gonçalves, Nascimento Junior e Kaercher (2018, p. 126) possuem um discurso 
próximo ao de Fonseca (2016), na dialogia das variáveis e objetivos educacionais 
e pedagógicos para a Geografia Escolar:
Assim sendo, discutir sobre a aprendizagem concatenada à 
Geografia Escolar exige um esforço intelectual no sentido de 
se ter ideia dos possíveis impactos de nosso fazer, de nossas 
aulas, de nosso processo avaliativo, de nosso tratamento 
para com nossos objetos de estudos e conteúdos; considera, 
portanto, a ação e a reflexão sobre o fazer pedagógico. 
Estudar a aprendizagem exige também o esforço intelectual 
de compreender a relação da construção do conhecimento 
geográfico na escola, considerando todas as variáveis 
interpostas nessa problemática.
26
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
A aprendizagem é um processo, resultado de uma construção de um sujeito 
dotado de estruturas, inteligência, linguagem, procedimentos e operações lógico-
matemáticas, inserido num contexto cultural e que nesse agir, por meio da 
interação, se faz aprendente, ser humano enquanto ser inacabado, a ação o faz 
aprender. 
Ainda nessa perspectiva anterior, Becker (2012) ratifica 
que aprender demanda ambivalência afetiva: de um lado, 
um sentimento no sentido de aceitar que não se sabe, a 
incompletude ou a imprecisão do meu saber-conhecimento; 
e por outro lado, o prazer da descoberta, de se encontrar a 
resposta ao que se está procurando. Por isso, a afetividade 
é uma questão crucial para o entendimento da aprendizagem 
(GONÇALVES; NASCIMENTO JUNIOR; KAERCHER, 2018, 
p. 135).
A Geografia Escolar, nesse contexto de abertura dialógica dos saberes, 
possui um papel fundamental de alicerce dos diferentes representantes dos 
componentes curriculares e demais áreas do conhecimento, para a construção 
dessa totalidade do conhecimento de forma complexa, móvel, flexível e 
individualizada, em sua diversidade, para as características específicas das 
habilidades, competências, etapas e modalidades da Educação Básica:
O papel da Geografia, no ensino fundamental e médio, 
deveria ser o de ensinar ao aluno o entendimento da lógica 
que influencia na distribuição territorial dos fenômenos. Para 
isso, faz-se necessário que o discente tenha se apropriado e/
ou se aproprie de uma série de noções, habilidades, conceitos, 
valores, atitudes, conhecimentos e informações, básicos para 
que o pensamento ocorra ou para que o entendimento e o 
pensamento sobre o território ocorra (PISSINATI; ARCHELA, 
2007, p. 180).
O papel que a Geografia pode ocupar e se posicionar, conforme ressaltado 
por Pissinati e Archela (2007), é a partir do território e dos aprendizados 
geográficos nos ambientes escolares, e promover as pontes e aproximações 
interdisciplinares, enriquecendo a sua base de estratégias didático-pedagógicas 
e, também, das demais áreas e disciplinas que compõem o processo de ensino e 
aprendizagem.
Pensar o território em Geografia é angariar uma quantidade complexa e 
variável de autores e inclinações teóricas e metodológicas sobre esse conceito. 
Em linhas gerais, podemos compreender o território como sendo o conceito 
geográfico que abarca as relações de poder no espaço, normalmente somadas a 
pontos de encontro e disputa envolvendo política, economia, cultura etc. Autores 
como Claude Raffestin, Yves Lacoste e Paul Claval podem ser consultados, 
assim como autores clássicos da geopolítica, como Halford Mackinder e Friedrich 
27
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
Ratzel. Recentemente, o território tem sido visto, também como um conceito 
próximo das relações e questões socioculturais da Geografia, como trabalhado 
por Rogério Haesbaert, na concepção de territorialização e desterritorialização.
1) Observe a figura e responda às questões a seguir:
FIGURA – TIRINHA CALVIN
FONTE: <https://cultura.estadao.com.br/galerias/geral,20-tiras-de-calvin-e-haroldo-
para-refletir-sobre-a-vida-e-sobre-o-mundo,28507>. Acesso em: 10 set. 2019.
a) Descreva, de maneira sintetizada, como a tirinha do Calvin se 
aproxima das ideias e correntes pedagógicas que defendem o 
protagonismo do estudante na escola.
b) No segundo quadrinho, quando o personagem sugere uma 
escola sem professores: como podemos pensar o papel do 
professor-mediador nas aprendizagens dos estudantes no 
contexto contemporâneo das tendências pedagógicas e o perfil 
das crianças e jovens nas escolas?
28
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
3 DA ALFABETIZAÇÃO GEOGRÁFICA 
À FORMULAÇÃO DE PROCESSOS 
COMPLEXOS DE APRENDIZAGEM
Alfabetização e letramento geográfico fazem parte do ínterim da Geografia 
Escolar e da prática pedagógica de ensino dessa ciência. Alfabetizar e letrar, 
geograficamente, significa proporcionar aos estudantes o contato, aprendizado e 
aprofundamento do instrumental teórico, prático e metodológico necessários para 
sua leitura do mundo que o cerca. Nessa interação entre o mundo geografado e 
lido a partir da Geografia Escolar é que se torna fundamental a compreensão das 
transformações dessa grafia, natural e social, do espaço geográfico, por meio do 
percurso de aprendizado nas etapas e modalidades da Educação Básica. 
3.1 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
GEOGRÁFICO: A LEITURA E 
COMPREENSÃO DAS GRAFIAS DO 
MUNDO
Pensar a alfabetização e o letramento geográfico é colocar em evidência 
os primeiros passos de utilização da base teórica e metodológica da Geografia 
para a resolução e compreensão dos fatos e fenômenos que ocorrem no espaço 
geográfico, sejam estes físico-naturais ou socioculturais. Como veremos, 
a diferenciação epistemológica entre o alfabetizar e o letrar, em Geografia, 
diz respeito a uma visão singular e diferenciada do processo de ensino e 
aprendizagem no âmbito da Geografia Escolar, especificamente.
29
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
FIGURA 7 – OS PRIMEIROS PASSOS NO PENSAMENTO ESPACIAL E GEOGRÁFICO
FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/bonitinho-crianca-
estudo-filho-576835/>. Acesso em: 20 set. 2019.
Nas figuras 7 e 8, em que observamos primeiro uma criança se localizando 
com uma projeção cartográfica e, na outra, outro jovem literalmente “mergulhando” 
no mundo da leitura, podemos refletir sobre a importância de se decodificar as 
situações geográficas que fazem parte da realidade escolar, cotidiana e proximal 
dos estudantes. Nesse sentido, tanto o letramento quanto a alfabetizaçãopossuem 
papéis centrais nesse processo de utilização dos recursos de interiorização teórica 
da Geografia para o entendimento dos fatos e fenômenos geográficos, lendo-os e 
compreendendo-os.
FIGURA 8 – A LEITURA DO MUNDO E A ESCOLA
FONTE: <http://tudosobreleitura.blogspot.com/2010/06/charge-
mergulhe-de-cabeca-na-leitura.html>. Acesso em: 20 set. 2019.
30
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
Segundo as conceituações propostas pelo geógrafo Ruy 
Moreira, a BNCC para a Geografia no Ensino Fundamental propõe 
a prerrogativa epistemológica para o ensino dessa ciência com 
base em sete princípios formadores do raciocínio geográfico, são 
eles: Analogia, Conexão, Diferenciação, Distribuição, Extensão, 
Localização e Ordem.
Ao pensarmos, portanto, no letramento e alfabetização geográfica, podemos 
trazer para o debate um dos pontos reflexivos destacados na BNCC para ao 
Ensino Fundamental, no que tange ao ensino de Geografia. Na base curricular 
nacional é trazida a ideia de um pensamento espacial, no âmbito da Geografia 
como componente curricular, especificamente, e nas Ciências Humanas em Geral 
e, também, a ideia de pensamento geográfico, no qual o raciocínio geográfico e 
os conceitos e temas da Geografia servem como base para a estruturação do 
ensino e aprendizagem da Geografia Escolar.
Para o Ensino Médio, a proposta paro o ensino e aprendizagem vai na 
direção de outra vertente conceitual e metodológica, focada na ideia de Áreas 
do Conhecimento, sendo a Geografia alocada nas Ciências Humanas e Sociais 
Aplicadas, tanto na Formação Geral Básica como nos Itinerários Formativos da 
nova concepção de Ensino Médio.
O processo de aprendizagem deve levar em conta, de forma 
progressiva, a escola, a comunidade, o Estado e o país. É 
importante também que os alunos percebam as relações com 
o ambiente e a ação dos seres humanos com o mundo que os 
cerca, refletindo sobre os significados dessas relações. Nesse 
período, o desenvolvimento da capacidade de observação e 
de compreensão dos componentes da paisagem contribui para 
a articulação do espaço vivido com o tempo vivido. O vivido 
é aqui considerado como espaço biográfico, que se relaciona 
com as experiências dos alunos em seus lugares de vivência 
(BRASIL, 2018, p. 355).
 Vejamos, desta forma, algumas das principais fundamentações que 
referenciam tanto a ideia de letramento como a de alfabetização geográfica. No 
que diz respeito ao letramento está relacionado ao processo contextualizado 
das fases iniciais de um percurso de aprendizagem, no qual são encontrados 
fundamentos, conceitos, temas e categorias que servirão como base e/ou pré-
requisitos para outras etapas do ensino e aprendizagem. Letrar o estudante é, 
31
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
portanto, fazer uso dos elementos do seu cotidiano e vida proximal em relação aos 
saberes escolares, exigências e prescrições temáticas e de conteúdo presentes 
no currículo e, também, a inter-relação e conexão entre o que é visto e aprendido 
na escola como o que é vivido no seu dia a dia (KLEIMAN, 1995; MARQUES, 
2009).
Já a alfabetização está relacionada ao processo de ensino e aprendizado 
que possui como prerrogativa maior o foco nos temas, conceitos e fundamentos 
que darão base, referência e orientação para as etapas iniciais de assimilação 
de saberes e conhecimentos. Alfabetizar, em sentido amplo, para além da 
área de conhecimento de códigos e linguagens é focar no instrumental teórico, 
metodológico e epistemológicos dos diferentes componentes curriculares e 
áreas de conhecimento na consolidação de seu referencial epistêmico, por essa 
razão, nesse caso, o alfabetizar precede o letrar. A cartografia, por ter um grande 
aparato de fundamentos lógicos, relacionados diretamente a processos cognitivos 
específicos, utiliza mais comumente a noção epistemológica de alfabetização 
cartográfica em seus estudos direcionados à Geografia Escolar (MORTATTI, 
2000; PÉREZ, 2005).
Em ambos os casos, seja na visão do letramento como na da alfabetização, 
o que podemos observar são proposições para uma compreensão dos fatos e 
fenômenos geográficos por parte dos estudantes. Nesse sentido, mesmo que 
haja uma ou outra tendência neste processo, o fim a que deseja chegar, que é a 
leitura do mundo, em sua diversidade e complexidade, é o mesmo, conforme nos 
evidencia Callai (2005, p. 235):
Do ponto de vista da geografia, esta é a perspectiva para se 
estudar o espaço: olhando em volta, percebendo o que existe, 
sabendo analisar as paisagens como o momento instantâneo 
de uma história que vai acontecendo. Essa é a leitura do 
mundo da vida, mas que não se esgota metodologicamente 
nas características de uma geografia viva e atual, assentada 
em categorias de análise que supõem a história em si, o 
movimento dos grupos sociais e a sua interligação por meio da 
ação ou até de interesses envolvidos.
E é nesse sentido da leitura do que está geografado, física e socialmente, no 
mundo, que Pérez (2005) propõe a construção dessa competência pedagógica 
para a Geografia Escolar como objetivo primeiro do raciocínio geográfico, por 
meio de todo o escopo conceitual, temático e prático que o ensino de Geografia 
pode possibilitar e disponibilizar aos estudantes em seu processo de ensino e 
aprendizagem:
Ler o mundo, do ponto de vista geográfico, não significa "ler o 
grande livro aberto da natureza". A leitura do mundo pressupõe 
o domínio e a manipulação de todo um instrumental conceitual 
32
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
que possibilite o desvelar da realidade; a leitura do mundo 
implica a compreensão das diferentes formas de espacialidade 
traduzidas nos diferentes modos de viver em sociedade. No 
que se refere à escolaridade, a função alfabetizadora da 
Geografia nas séries iniciais se traduz na manipulação de 
instrumentos conceituais que auxiliem a criança construir 
a um raciocínio geográfico para saber pensar o espaço. No 
cotidiano, as relações e representações espaciais confundem-
se “caoticamente”, pois, de modo geral, as formas de 
espacialidade com as quais convivemos – uma multiplicidade 
de representações espaciais, que se superpõem umas às 
outras – demandam um saber que possa nos ajudar a pensar o 
espaço em um mundo globalizado pela técnica (PÉREZ, 2005, 
p. 27-28).
Callai (2005) reforça, nesse sentido da busca pela aprendizagem de 
como ler o mundo, geograficamente, que a busca pelo diálogo, dos diferentes 
atores que fazem parte do cotidiano escolar é fundamental. Percebe-se que a 
autora, diferente do que conceitua Pérez (2005), aproxima-se mais da ideia de 
letramento. No entanto, como ponto de encontro entre as duas visões, podemos 
ir na direção de ambos, numa ponte teórica e metodológica que tenha como fim o 
mesmo objetivo, da compreensão e leitura do geográfico ao redor do estudante:
Pedagogicamente, portanto, o que importa é o estabelecimento 
e o exercício contínuo do diálogo – com os outros (professor, 
colegas, pessoal da escola, família, pessoas do convívio); com 
o espaço (que não é apenas o palco, mas também possui 
vida e movimento, uma vez que atrai, possibilita, é acessível 
ao externo); com a natureza e com a sociedade, que se 
interpenetram na produção e geram a configuração do espaço 
(CALLAI, 2005, p. 235).
A autora ainda reitera a questão de como o lugar, a realidade e o contexto são 
fundamentais para a Geografia Escolar e o ensino de Geografia: “Compreender 
o lugar em que se vive encaminha-nos a conhecer a história do lugar e, assim, a 
procurar entender o que ali acontece. Nenhum lugar é neutro, pelo contrário, os 
lugares são repletos de história e situam-se concretamente em um tempo e em 
um espaço fisicamente delimitado” (CALLAI, 2005, p. 236).
Em seu desenvolvimento cognitivo, a criança vai aprendendo a 
situarobjetos de acordo com referenciais. Inconscientemente, ela 
está adquirindo noções do sistema de coordenadas (distâncias 
entre os objetos) e perspectivas (pontos de vista como longe/
perto, em cima/embaixo, direita/esquerda, frente/atrás). Portanto, 
é fundamental que as primeiras noções de cartografia sejam 
levadas à criança, ainda enquanto pequena, para que ela possa 
compreender a geografia que lhe é passada na escola. Afinal, 
ensinar o aluno a visualizar o espaço geográfico sob vários 
ângulos, escalas e interpretações é um grande objetivo da 
Geografia (PISSINATI; ARCHELA, 2007, p. 179).
33
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
Situar o estudante é trazer a sua vivência, experiências e trilhas de 
aprendizagem para o ambiente escolar: “As pessoas que vivem em um lugar 
estão historicamente situadas e contextualizadas no mundo. Assim, o lugar 
não pode ser considerado/entendido isoladamente. O espaço em que vivemos 
é o resultado da história de nossas vidas.” Por fim, a autora faz o apelo para 
a necessidade de o estudante ver-se e ser visto como protagonismo de seu 
processo de aprendizagem: “Ao mesmo tempo em que ele é o palco onde se 
sucedem os fenômenos, ele é também ator/autor, uma vez que oferece condições, 
põe limites, cria possibilidades” (CALLAI, 2005, p. 236). Aprender Geografia, 
nesses termos, é encontrar-se com o movimento e a mudança, no meio natural e 
social, identificando-se de forma central nesse processo.
1) Cite as principais diferenças entre o conceito de alfabetização e 
letramento cartográfico.
3.2 O ENSINO DE GEOGRAFIA 
NAS DIFERENTES ETAPAS E 
MODALIDADES DA EDUCAÇÃO 
BÁSICA
A educação brasileira estrutura-se em etapas e modalidades, as primeiras 
organizando da Educação Infantil ao Ensino Médio, e as modalidades englobando 
a diversidade e multiplicidade de sujeitos e ambientes de aprendizagem possíveis 
e passíveis de serem contemplados pela educação escolar. 
A Geografia, como componente curricular específico e representante da área 
do conhecimento das Ciências Humanas, perpassa, como tal, tanto as etapas 
como as modalidades da Educação Básica, e pensar, refletir e propor estratégias 
pedagógicas no cerne da Geografia Escolar e ensino de Geografia deve perpassar 
por essas diferentes esferas e dimensões da organização educacional.
34
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
FIGURA 9 – A GEOGRAFIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/materiais-em-sala-
de-aula-para-alunos-de-pedagogia-alternativa-montessori_4004228.
htm#page=1&query=pedagogia&position=27>. Acesso em: 25 set. 2019.
A Educação Básica é formada por diferentes etapas e modalidades e é 
regulamentada pelas prescrições legais presentes na Constituição Federal de 
1988, no direito universal à educação e na regulamentação da educação brasileira 
presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996.
Portanto, ao refletirmos sobre a didática na prática do Ensino de Geografia 
e na Geografia Escolar é imprescindível que façamos a correlação entre esse 
componente curricular das humanidades com sua chegada à sala de aula. 
Encontrar, identificar e compreender a modulação temática, metodológica e 
teórica da Geografia no âmbito da Educação Básica é buscar a compreensão 
de suas diferentes possibilidades e necessidades de adaptação e construção 
didática e pedagógica, em cada uma dessas especificidades do todo completo 
que é a Educação Nacional Brasileira. Na figura a seguir, podemos observar 
a estruturação da Educação Básica no Brasil, em suas diferentes etapas e 
modalidades:
35
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
FIGURA 10 – ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
FONTE: O autor
Vejamos então, a partir desse momento, quais são e como a Geografia 
Escolar encontra-se em cada uma dessas etapas e modalidades da Educação 
Básica.
3.2.1 Etapas
•	 Educação Infantil: a Educação Infantil, se pensarmos na estruturação 
da formação do estudante na primeira infância, e se pensarmos em 
como a Geografia, como saber escolar, pode ser inserida neste contexto, 
é importante que façamos o exercício de identificação da criança com o 
meio que ela habita, significa, faz parte e interage, diariamente. Como 
ocorrerá nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, especialmente a 
partir dos 4 anos de idade, inicia-se o contato com as primeiras ideias 
relacionas à correlação conceitual do que é visto na escola com o mundo 
fora dela, ou seja, é o ponto em que o saber escolar se estabelece como 
fonte de conhecimentos para além do observável, de primeiro momento, 
como uma inserção ao que virá a ser o mundo das ciências naturais, 
humanas, matemáticas e as linguagens nos vindouros anos escolares.
•	 Ensino Fundamental I (Anos Iniciais): nos anos iniciais do Ensino 
Fundamental, a Geografia surge, inicialmente, como complemento 
temático ao ciclo, bloco ou período de alfabetização dos estudantes, 
compreendido, especialmente, nos primeiros dois ou três anos dessa 
etapa da Educação Básica. Já no 4º e 5º anos, a Geografia aparece com 
maior foco, assim como História e outros componentes curriculares dos 
36
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
Anos Finais do Ensino Fundamental. É comum, portanto, encontrarmos 
materiais didáticos específicos de Geografia para essa fase dos anos 
iniciais, bem como conceitos e temas diretamente relacionados ao 
aprendizado do escopo teórico e metodológico da Geografia.
•	 Ensino Fundamental II (Anos Finais): é a continuidade do Ensino 
Fundamental, em seus anos iniciais, sendo ambos uma única etapa, 
mas seccionados por suas especificidades didático-pedagógicas, 
etárias, de formação profissional docente etc. Nos anos finais do Ensino 
Fundamental, a Geografia emerge com maior amadurecimento de 
temas, conceitos teorias e metodologias. Do 6º ao 9º ano, os objetivos de 
aprendizagem e objetos de conhecimento seguem os processos cognitivos 
diretamente relacionados aos ciclos de aprendizagem ou ano das fases 
de assimilação dos conteúdos e saberes. Dessa maneira, é perceptível a 
curva ascendente de complexidade das atividades didático-pedagógicas 
que os professores de Geografia devem trabalhar nessa fase do Ensino 
Fundamental, inicialmente com questões mais próximas de situações de 
aprendizagem voltadas para a realidade cotidiana dos estudantes.
•	 Ensino Médio: na nova perspectiva de organização tanto curricular como 
da arquitetura do Ensino Médio, assistimos a uma orientação desta da 
Educação Básica para o sentido de um núcleo de escolhas e caminhos que 
o estudante poderá trilhar, também conhecidos como projetos de Vida. No 
que se refere à Geografia e sua presença na vida escolar dos estudantes, 
nessa etapa dos estudos ela dialogará, com maior proximidade e vigor, 
com os demais componentes curriculares das Ciências Humanas e 
Sociais e Aplicadas que são a História, Sociologia e Filosofia. Em outros 
termos, temos a interdisciplinaridade e o pensamento complexo como 
prerrogativas de uma nova visão sobre como os estudantes farão e 
trilharão seus caminhos no Ensino Médio.
3.2.2 Modalidades
•	 Educação Profissional: a Educação Profissional, como modalidade da 
Educação Básica, tem como um dos seus pilares a integração curricular 
entre a formação propedêutica e as possibilidades de formação para o 
mundo do trabalho, seja como cursos de formação inicial e continuada 
(FIC) ou cursos técnicos, a depender do tipo de integração almejado pela 
unidade escolar, gestão, rede de ensino ou particularidades econômicas 
do contexto que os estudantes estiverem inseridos. Para o ensino de 
Geografia cabe a interlocuçãoentre o potencial econômico local e 
regional com o direcionamento da formação integrada com a Educação 
Profissional, seja, por exemplo, nos anos finais do Ensino Fundamental 
(com vínculos de menor aprendiz) ou na etapa do Ensino Médio.
37
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
•	 Educação de Jovens e Adultos: para a Educação de Jovens e Adultos 
espera-se da Geografia a visão de criação e manutenção de pontes 
de diálogo entre os conceitos, temas e conteúdos geográficos com os 
demais componentes curriculares e áreas do conhecimento, devido ao 
seu caráter de adaptação e flexibilidade com as etapas que corresponde 
(1º Segmento/Ensino Fundamental Anos Iniciais; 2º Segmento/Ensino 
Fundamental Anos Finais e 3º Segmento/Ensino Médio). Nesse sentido, 
por meio do direcionamento da Geografia Escolar para a diversidade 
do público atendido pela EJA, formada por jovens, adultos e idosos, 
possibilitará ao professor de Geografia ter como ambiente de trabalho 
diferentes metodologias e necessidades de individualização e orientação 
dos estudos geográficos, com vistas a atender às especificidades de cada 
segmento da EJA.
•	 Educação a Distância: a EaD vem ganhando espaço e protagonismo 
na Educação Básica, seja como formação geral, propedêutica, seja 
como formação para o mundo do trabalho. A inserção da EaD adquirirá 
especial notoriedade na nova arquitetura do Ensino Médio (e também 
na EJA), devido às possibilidades de complementação de carga horária 
a distância na composição da formação presencial obrigatória. Ao 
colocarmos tais questões no âmbito da Geografia Escolar encontraremos 
uma gama de autores e questões envolvendo o ciberespaço e os pontos 
de caracterização da sociedade contemporânea, cada vez mais voltada 
para um mundo conectado e pautado pelo uso dos meios de comunicação 
e tecnologia nas esferas política, social, cultural, econômica etc.
•	 Educação Especial e Inclusiva: a Educação Inclusiva, como esfera 
atual de desenvolvimento do atendimento educacional especializado se 
mostra, mais do que um desafio, uma realidade para as redes de ensino 
espalhadas pelo país. A formação inicial e continuada dos professores e 
sua inserção nas principais questões referentes aos temas pertinentes 
à inclusão como ponto de chegada na Educação Básica devem ser 
enfrentados com urgência. À Geografia cabe a posição de possibilidade 
de aproximação a esses desafios, por sua riqueza temática que dialoga 
com questões mais concretas ou abstratas dos estudantes que possuam 
algum tipo de deficiência ou necessidade especial.
•	 Educação Escolar Indígena e Educação Escolar Quilombola: nessa 
modalidade da Educação Básica encontramos, talvez, um dos maiores 
pontos de inflexão para a mobilidade curricular do Ensino de Geografia e 
Geografia Escolar. Pelo fato de trazerem consigo a riqueza e diversidade 
cultural e territorial do Brasil, tanto a Educação Escolar Quilombola 
como a Indígena possuem a seu favor a possibilidade de entremear-se 
com outros assuntos, temas, conteúdos e objetos de conhecimento já 
presentes na estruturação curricular da Geografia.
38
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
O ensinar e aprender Geografia, portanto, perpassa as etapas e modalidades 
da Educação Básica. Partir desse pressuposto para orientação do trabalho 
didático-pedagógico se mostra o melhor caminho para ampliarmos o espectro 
de significação e alcance da importância da Geografia Escolar e do Ensino de 
Geografia, como nos exemplificam e orientam Pontusckha, Paganelli e Cacete 
(2007, p. 177-178) sobre essa temática do ensinar a ciência geográfica:
•	 consolidação de um método de ensino interdisciplinar 
denominado estudo do meio, no qual interagem a pesquisa e 
o ensino;
•	verificação de testemunhos de tempos e espaços diferentes: 
transformações e permanências;
•	 levantamento dos sujeitos sociais a serem contatados para 
as entrevistas;
•	observações a serem feitas nos diferentes lugares arrolados 
para a produção de fontes e documentos: anotações escritas, 
desenhos, fotografias e filmes;
•	 compartilhamento dos diferentes olhares presentes no 
trabalho de campo mediante as visões diferenciadas dos 
sujeitos sociais envolvidos no projeto;
•	 coleta de dados e informações específicas do lugar, de 
seus frequentadores e das relações que mantêm com outros 
espaços;
•	 emersão de conteúdos curriculares disciplinares e 
interdisciplinares a serem contemplados na programação;
•	 produção de instrumentos de avaliação em um trabalho 
participativo;
•	criação de recursos didáticos baseados nos registros;
•	divulgação dos processos e do resultado.
E, em acordo com essas colocações da autora, conforme podemos observar 
na Base Nacional Comum Curricular, o estudo de Geografia se coloca como uma 
compreensão da diversidade dos elementos que compõem o espaço geográfico e 
seus conceitos como lugar, paisagem, território e região, e de como o ser humano 
os transforma e significa, e as diferentes formas que podemos encontrar de 
transpor essa riqueza conceitual e epistemológica à Geografia Escolar:
Estudar Geografia é uma oportunidade para compreender o 
mundo em que se vive, na medida em que esse componente 
curricular aborda as ações humanas construídas nas distintas 
sociedades existentes nas diversas regiões do planeta. 
Ao mesmo tempo, a educação geográfica contribui para a 
formação do conceito de identidade, expresso de diferentes 
formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha 
significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência 
dos indivíduos e da coletividade; nas relações com os lugares 
vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social; 
na identidade cultural; e na consciência de que somos sujeitos 
da história, distintos uns dos outros e, por isso, convictos das 
nossas diferenças (BRASIL, 2018, p. 359).
39
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
A Geografia Escolar e o Ensino de Geografia, como componente 
curricular específico das grades curriculares da Educação Básica, se 
inicia no 6º Ano do Ensino Fundamental – Anos Finais, no entanto, 
a partir do 4º Ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, muitos 
conceitos e saberes geográficos já são incorporados nas matrizes 
curriculares e referenciais didático-pedagógicos de materiais 
didáticos, por exemplo, como estrutura da Terra, fundamentos 
cartográficos etc.
O filme O nome da Rosa, de 1986, adaptado do romance 
homônimo de Umberto Eco (publicado em 1980), se passa no 
período do Renascimento da Idade Média e retrata como a 
questão da produção, acesso e circulação do conhecimento até 
o período anterior ao Esclarecimento, a partir do século XVIII, era 
restrito e delegado a representantes específicos da sociedade, 
no caso da história, os clérigos do alto poder. A disseminação de 
teorias e correntes pedagógicas iniciou-se ainda nesse período, 
no século XVI e XVII especialmente como a obra Didática Magna 
de Comênio (publicada em 1631), que tinha como objetivo propor 
uma padronização e organização das metodologias de ensino dos 
grandes temas estudados no período como botânica, anatomia, 
astronomia, matemática etc.
O ensino da cultura afro-brasileira e indígena está garantido por meio das 
modalidades de Educação Escolar Quilombola, Educação Escolar Indígena, bem 
como pela Resolução 3/99 do Conselho Nacional da Educação, que preveem o 
trabalho escolar dessas modalidades da Educação no âmbito escolar. No caso 
da Geografia, trazer o debate de tais temáticas se torna ainda mais proximal por 
suas questões envolvendo, especialmente, a situação da identidade territorial e 
da inserção dessas culturas no mundo globalizado contemporâneo.40
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
No que se refere ao aprendizado de Geografia, a reflexão posta é o da 
possibilidade de pensar e agir no mundo que habitamos e nos envolve e integra 
como sujeitos. Nesta perspectiva, trazendo os autores que trabalham com a 
vertente didático-pedagógica da Geografia, junto às concepções vigentes no atual 
documento norteador da ciência geográfica nas escolas, a BNCC, lançada em 
2018 pelo Ministério da Educação, temos a intersecção entre o espaço biográfico 
(presente especialmente no âmbito do Ensino Fundamental - Anos Iniciais) e 
da situação geográfica (que dialoga com os princípios do raciocínio geográfico 
presente em todas as etapas da Educação Básica).
 
Marques (2009) faz importantes considerações sobre o ensino de Geografia, 
que podemos colocar em relevo na constituição do entendimento do que deve ser 
a composição epistemológica e teórica da Geografia Escolar. Segundo a autora:
O ensino de Geografia deve desenvolver as competências, 
habilidades – como a noção de espaço para que desenvolvam 
capacidades intelectuais – e autonomia. A que partir daí, terá 
dado sua contribuição para a formação de pessoas capazes de 
exercer a cidadania plena e não um discurso vazio fruto de um 
modismo inconsequente que mais atrapalha a prática docente 
do que contribui (MARQUES, 2009, p. 80).
 Percebe-se a utilização das terminologias presentes na BNCC, como 
as habilidades e competências, apesar do tom mais incisivo da autora no que 
diz respeito ao ensino de Geografia. No entanto, ressalta-se a formação integral 
do estudante, de forma a viabilizar a compreensão dos fenômenos e situações 
geográficas em sua totalidade, do que adviria a sua formação crítica, neste olhar 
também como cidadão consciente da realidade que o cerca.
FIGURA 11 – AS DIFERENTES FORMAS DE SE APRENDER GEOGRAFIA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-gratis/composicao-de-livros-e-globo_5301975.
htm#page=3&query=geografia&position=48>. Acesso em: 20 set. 2019.
41
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
A aprendizagem da Geografia Escolar, como observável na figura anterior, 
possui diferentes rotas, possibilidades, caminhos, encontros e desafios. E este 
é o ponto colocado por Pérez (2005) no que diz respeito ao objetivo central da 
Geografia, ou seja, que em sua presença na composição da Educação escolar, 
deve possibilitar aos estudantes uma reflexão sobre as escalas e camadas de 
complexidade dos fatos, fenômenos que compõem o espaço geográfico em suas 
interfaces socioculturais, ambientais, econômicas e políticas:
Saber pensar o espaço para nele se organizar. Este deve ser 
o objetivo central de um ensino de Geografia comprometido 
com uma educação voltada para o exercício da liberdade e da 
emancipação. A aprendizagem da Geografia deve possibilitar a 
reflexão crítica sobre o espaço: uma reflexão que incorpore as 
diferentes leituras de um mesmo objeto e que, fundamentada 
no confronto de ideias, interesses, valores socioculturais, 
estéticos e econômicos, evidencie as diferentes interpretações 
e intencionalidades que marcam a história da construção de 
um espaço; uma reflexão que possibilite a elaboração de 
questionamentos sobre o espaço, a vida, o mundo (PÉREZ, 
2005, p. 27).
Em retorno ao já trabalhado anteriormente, no que diz respeito às inclinações 
da aprendizagem geográfica nas dimensões do letramento e alfabetização, Pérez 
(2005) coloca a situação geográfica em seus recortes paisagísticos, regionais, 
territoriais e dos lugares, com o sujeito inserido e contextualizado em tais recortes, 
como o centro dos estudos geográficos. Além desse ponto de vista, a autora 
reforça o ponto relacionado à Geografia Escolar em que a escola, o cotidiano, o 
contexto e as vivências devem fazer parte das aprendizagens dos estudantes:
A aprendizagem de qualquer fenômeno, portanto, está 
intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do raciocínio e ao 
meio social no qual a criança está inserida. Ou melhor, conforme 
Piaget nos ensina, a aprendizagem no sentido lato é o próprio 
desenvolvimento. Por conseguinte, em Geografia, como em 
qualquer outra disciplina, a questão da aprendizagem pode 
ser encarada pelo educador partindo da seguinte indagação 
fundamental: qual o tipo de raciocínio que as crianças de uma 
determinada série de estudo são capazes de alcançar? Que 
operações geográficas elas são capazes de realizar? Ora, 
assim como a criança deve aprender a ler, a escrever, a contar, 
a calcular, isto é, a adquirir formas de se comunicar com os 
outros, assim também a educação geográfica deve ser vista 
como uma parte integral do processo de educação. Deve tornar 
o aluno capaz de entender a vida sobre a Terra, evidenciando 
relações que se configuram no espaço e a organização que 
nele se processa feita pelo homem (CRUZ, 1986, p. 46).
Linguagem e comunicação, contato e apropriação conceitual e metodológica, 
intervenção e aproveitamento dos aprendizados da sala de aula para a vida 
42
 Didática e Prática do Ensino de Geografia
1) Defina, de maneira sintetizada, o conceito de didática, 
relacionando-o com a Geografia Escolar.
2) Como os princípios do raciocínio geográfico, previstos na BNCC 
para a Geografia no Ensino Fundamental, podem servir como 
base e fundamento para a situação geográfica na aprendizagem 
dos estudantes da Educação Básica?
além dos muros escolares. O papel do ensino de Geografia e da Geografia 
Escolar, como colocado por Cruz (1986), abrange do raciocínio geográfico a uma 
formação integral dos estudantes, permeada pela formação contínua dessas 
crianças e jovens, no desenvolvimento das diferentes e interconectadas trilhas de 
aprendizagens que os ambientes escolares ofertam e podem promover, ao longo 
de suas vidas e passagem pela Educação Básica.
Se considerarmos as orientações teóricas de Espaço Biográfico e Situação 
Geográfica presentes na BNCC para o componente curricular Geografia, no 
Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais, podemos inferir que o letramento 
geográfico dialoga, mais proximamente, com tais concepções, tendo em vista 
que considera o contexto e realidade cotidiana do estudante em seu processo 
de ensino e aprendizagem, assimilando, compreendendo e utilizando os saberes, 
práticas e conhecimentos adquiridos no ambiente escolar.
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, estudamos como as correntes pedagógicas e a organização 
e estrutura da Educação Básica estão próximas e precisam dialogar com os 
componentes curriculares de saberes específicos, como é o caso da Geografia, 
a partir da conceituação sobre as principais correntes pedagógicas e do sentido 
epistemológico da didática como campo de maior proficuidade e fundamentação 
dos estudos pedagógicos.
Na primeira parte deste primeiro capítulo, portanto, houve o exercício 
de correlacionar, com maior apuro para os pontos de tangenciamento entre a 
Geografia Escolar, o ensino de Geografia, a didática e as estratégias didático-
pedagógicas que podem e são essenciais para o trabalho docente. Explorar 
43
Correntes e Tendências Didáticas Correntes e Tendências Didáticas 
e o Processo de Ensino e Aprendizagem e o Processo de Ensino e Aprendizagem 
da Geografia Escolarda Geografia Escolar
 Capítulo 1 
as imensuráveis possibilidades de diálogo, formação, debate, aperfeiçoamento 
e atualização dos profissionais da educação, de modo que todo o trabalho 
educacional, interior ao processo de ensino e aprendizagem, acompanhe as 
tendências e incorporações das principais teorias e metodologias pedagógicas.
É deste modo, na busca pela constante melhoria de todos elementos, 
aspectos e atores que fazem parte da Geografia Escolar que se avança, no terço 
final deste capítulo em duas direções: no debate envolvendo a diferenciação 
conceitual entre letramento

Outros materiais