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Metodologia do ensino de geografia APRESENTAÇÃO Você já parou para pensar na importância da metodologia de uma aula?Isso significa pensar nos procedimentos metodológicos que norteiam e subsidiam o fazer pedagógico. Pensar a metodologia de ensino é pensar as etapas, os processos, as ferramentas e as ações didáticas elencadas para um ensino de qualidade. O ensino de Geografia deve ser realizado a partir de ações planejadas, que permitam ao aluno construir os conhecimentos geográficos, no intuito de desenvolver habilidades e competências específicas. Para isso, a metodologia é uma importante aliada para direcionar as ações e as etapas que serão tomadas para atingir os objetivos educacionais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá reconhecer as principais metodologias de ensino- aprendizagem da Geografia, além de aprender a desenvolver aulas temáticas diferenciadas. Por fim, irá verificar o papel da pesquisa na práxis do professor. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as principais metodologias de ensino-aprendizagem de Geografia.• Desenvolver uma aula temática de ensino de Geografia.• Identificar o papel da pesquisa na práxis do professor.• DESAFIO A sociedade tem passado por diversas transformações nas últimas décadas, sejam elas em âmbito científico, tecnológico ou cultural. Essas mudanças também chegaram ao ambiente escolar. Hoje, discutem-se novas possibilidades de ensino para preparação de alunos que farão parte da sociedade que emerge, resultado de rápidas e drásticas mudanças no contexto sociocultural. Imagine a seguinte situação: seus alunos mostram-se desinteressados pelas aulas de Geografia. Para tentar resolver o problema, você planeja uma metodologia diferenciada para ser utilizada em sala. Nesse contexto, você deve: apresentar uma metodologia para trabalhar com o tema globalização e seus resultados econômicos e culturais. Para isso, você deve procurar abordar práticas que primem pelo envolvimento dos alunos e apresentar ações estratégicas que levariam a uma aprendizagem significativa acerca dessa temática. INFOGRÁFICO Inúmeros desafios permeiam a práxis pedagógica. Adotar estratégias e métodos de ensino diferenciados se faz necessário diante das rápidas transformações no ambiente educacional. Nesse contexto, as metodologias representam uma etapa fundamental para o desenvolvimento de aulas dinâmicas e significativas que possam levar a um ensino de qualidade. No Infográfico, você verá o que são metodologias de ensino e como elas representam uma etapa importante para que os diversos conhecimentos geográficos cheguem aos alunos de modo claro e contextualizado. CONTEÚDO DO LIVRO Nas últimas décadas ocorreram várias mudanças na educação no Brasil, tanto em termos de políticas públicas, quanto nos currículos. Essas mudanças impõem ao professor e às escolas novas maneiras e métodos de trabalho. Nesse cenário, as metodologias aparecem com um impasse: adotar novas ferramentas e métodos de ensino ou seguir os padrões tradicionais? No capítulo Metodologia do ensino de Geografia, da obra Metolologia do ensino de Geografia, você vai verificar as principais metodologias da atualidade associadas ao ensino de Geografia e verificar a sua importância na elaboração de aulas criativas. Também verá uma discussão acerca das várias metodologias de ensino existentes e o papel da pesquisa na prática pedagógica do professor. Boa leitura. METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA Jhonatan dos Santos Dantas Metodologia do ensino de geografia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as principais metodologias de ensino e aprendizagem de geografia. Desenvolver uma aula temática de ensino de geografia. Identificar o papel da pesquisa na práxis do professor. Introdução As metodologias são importantes ferramentas pedagógicas. Elas norteiam o conjunto de práticas adotadas no processo de ensino e aprendizagem. Assim, discuti-las e entendê-las são procedimentos fundamentais para se pensar em ações inovadoras e em uma educação de qualidade. Neste capítulo, você vai ver como as metodologias do ensino de geografia se relacionam a questões inerentes à prática pedagógica. Você também vai ver como desenvolver uma aula temática incorpo- rando metodologias inovadoras no processo de ensino. Por fim, você vai verificar a importância da pesquisa na práxis do professor para a realização de um trabalho dinâmico, contextualizado e em diálogo com a contemporaneidade. Metodologias de ensino e aprendizagem de geografia Uma metodologia é um conjunto de procedimentos e métodos adotados para se chegar a determinada fi nalidade. Os procedimentos metodológicos são fundamentais em qualquer contexto de pesquisa e ensino, mas adotá-los requer uma refl exão constante sobre os possíveis caminhos a serem trilhados e os resultados esperados ao fi nal. Com relação ao uso de metodologias na educação, você deve compreender que os procedimentos adotados devem ter sempre um objetivo bem definido para o ensino e a aprendizagem. Assim, a metodologia é o passo a passo de um conjunto de ações adotadas para que o ensino e a aprendizagem alcancem os resultados do planejamento. Nesse contexto, a metodologia no ensino representa uma etapa primordial que influencia diretamente os resultados de uma educação de qualidade. Como você pode imaginar, existem inúmeras metodologias de aprendizagem, que devem ser utilizadas em contextos variados e diversificados. Se você adotar apenas uma metodologia na hora de ensinar, corre o risco de desenvolver os conceitos com superficialidade. Afinal, temas distintos devem ser trabalhados de diversas formas, sob diferentes perspectivas e métodos. Nesse sentido, a adoção de metodologias variadas e diversificadas na hora de ensinar é importante para transmitir de diferentes formas conteúdos, temas e conceitos, bem como para desenvolver conhecimentos nos diferentes perfis de aluno. Com isso em mente, é importante você diferenciar a metodologia da aula da metodologia de ensino. A metodologia da aula é um conjunto de procedi- mentos, etapas, ferramentas e estratégias adotadas para uma aula. Tal conjunto tem como finalidade atingir objetivos específicos. Nesse caso, a metodologia é o modo de operação de uma aula. Ela tem como pano de fundo o objetivo do professor, que pode ser, por exemplo: reconhecer, diagnosticar, avaliar, cons- truir, ensinar ou propor algo relacionado à temática da aula (ALMEIDA, 1991). No caso da metodologia de ensino, o objetivo deve estar pautado em um conjunto de aprendizagens teóricas/conceituais e práticas que primam pelo desenvolvimento de habilidades e competências do aluno. A ideia é garantir uma aprendizagem plena, cidadã e emancipadora de determinados assuntos presentes no currículo. Assim, a metodologia de ensino é o conjunto de pro- cedimentos (teóricos, técnicos, didáticos) adotados para que as aprendizagens ocorram da melhor forma. Em suma, a metodologia representa o percurso que o professor adota como estratégia para alcançar os objetivos de aprendizagem (ALMEIDA, 1991). Almeida (1991, p. 86), ao frisar os procedimentos metodológicos que devem ser adotados no ensino de geografia, aponta o seguinte: Nesse esforço, professor e alunos devem trabalhar juntos, sempre em coopera- ção. O professor, ao invés de expor o conteúdo ou de apresentar uma planilha pronta com as etapas da "pesquisa" que espera que os alunos cumpram, deverá ser o coordenador das atividades a serem realizadas por eles. Nessa função o professor organiza o trabalho, orienta a sua sequência, fornece informações, Metodologia do ensino de geografia2 demonstra técnicas, provê recursos, discute ideias, levanta dúvidas, avalia resultados [...]. Como expõe Almeida (1991), o professor é um agente central no processo de ensino e aprendizagem,pois cabe a ele adotar as estratégias de trabalho e encaminhamento didático e metodológico. Nesse caso, a metodologia do ensino de geografia deve buscar o desenvolvimento de aprendizagens geográficas que levem o aluno aplicar as habilidades inerentes ao conhecimento geográfico, desenvolvendo competências essenciais. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as compe- tências que devem ser desenvolvidas no ensino de geografia são: 1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/ natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas. 2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história. 3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem. 4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográ- ficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas. 5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investi- gação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos científicos da Geografia. 6. Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza. 7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações sobre as questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017, p. 364). Essas competências devem nortear o planejamento pedagógico, didático e metodológico do ensino de geografia. A ideia é que, ao trabalhar os conteúdos 3Metodologia do ensino de geografia estabelecidos no currículo, o aluno desenvolva esse conjunto de competên- cias trazidas pela Base Nacional Comum Curricular. Esse trabalho, porém, deve ser orientado a partir de procedimentos metodológicos estratégicos que reconheçam a diversidade dos alunos, de modo a incluir todos nas práticas adotadas, conforme estabelece a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). A construção dos conhecimentos geográficos em torno do desenvolvimento dessas competências é fundamental. Assim, é necessário adotar práticas que façam o aluno a valorizar seus conhecimentos prévios e construir novos conhe- cimentos a partir da aplicabilidade de teorias e conceitos (ALMEIDA, 1991). Diante disso, o trabalho de determinados conceitos e temas da geografia é importante para um ensino geográfico amplo que contemple o disposto no currículo educacional. Entre tais conceitos e temas, você pode considerar: a natureza e a sua relação com a sociedade, as transformações territoriais, políticas e culturais, os estudos regionais e locais, a abordagem da paisagem e do lugar, além de contextos geográficos globais que podem ser discutidos a partir de temas específicos, como processos migratórios, geopolíticos, mu- danças climáticas, biomas, entre outros (CARNEIRO, 1993). A geografia escolar chegou ao Brasil com grande influência do positi- vismo, corrente de pensamento que se desenvolveu no final do século XIX (PEREIRA, 1988). Devido a essa influência, os conteúdos passaram a ser transmitidos de modo seccionado, como se houvesse “caixas” de conheci- mentos geográficos. Esse conjunto de conhecimentos seccionados dá a ideia de que há várias geografias, a urbana, a econômica, a rural, a física e assim por diante (ANDRADE, 2010). O movimento de renovação da geografia que ocorreu por volta de 1970 (MORAES, 1994) chegou à escola aos poucos, mais notoriamente após a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB, Lei nº 9.394). Tal lei trouxe concepções críticas ao ensino e inseriu temáticas como a globalização, a pobreza no terceiro mundo e as desigualdades socio- espaciais, que passaram a compor o currículo. As tendências filosóficas que influenciaram as correntes de pensamento geográfico também chegaram ao ensino e impuseram metodologias diversificadas. Na escola tecnicista, por exemplo, o neopositivismo influenciou um ensino técnico, marcado pela categorização de dados e pela memorização de cidades, capitais, rios, entre outros (MOREIRA, 2011). Metodologia do ensino de geografia4 Por outro lado, as correntes marxistas que deram sustentação teórico- -metodológica para a geografia crítica tornaram o ensino engendrado nas questões sociais, de modo a inserir um profundo debate referente às desigual- dades manifestadas no espaço, sua natureza e sua origem. Assim, as correntes marxistas evidenciam uma longa crítica ao modo como o espaço é apropriado e organizado, inserindo as questões produtivas/econômicas no bojo da relação socioespacial (MOREIRA, 2011). As correntes humanistas também acabaram orientando o ensino de geografia. Elas resgataram o tratamento dos conceitos geográficos (e sua abordagem em sala de aula) e propuseram um ensino que valorizasse os conhecimentos adquiridos pelo aluno, de modo a reconhecer na paisagem e no lugar as identidades sobrepostas. A geografia cultural, inaugurada a partir da corrente humanista, passou a fazer parte do currículo também após a LDB. Além disso, o construtivismo pedagógico, corrente de ensino que tem como principal precursor Jean Piaget, também influenciou o ensino da geografia (CASTELLAR, 1999). A partir da perspectiva do construtivismo, o professor valoriza os conhe- cimentos prévios dos alunos. Ele realiza uma “sondagem” dos conhecimentos dos estudantes por meio de práticas em sala. Só então introduz os conteúdos, buscando aprimorar os conhecimentos do aluno, bem como sistematizá-los cientificamente, em um processo de construção do saber. Afinal, o aluno chega à sala de aula com conhecimentos prévios estabelecidos, pois sua vida ocorre e se manifesta no espaço geográfico. Portanto, todo aluno tem concepções já aprendidas de lugar, paisagem, território e sabe identificar as formas e o uso da natureza. Assim, cabe ao professor sistematizar esse emaranhado de informações dispersas e seccionadas, “cientificando” essa gama de conteúdos e permitindo que o aluno amplie seus conhecimentos e expanda a sua visão de mundo. Ao longo desses processos, o aluno deixa de ser mero receptor de infor- mações e passa a construir o seu conhecimento a partir de inúmeras experi- ências já vivenciadas. Como você deve imaginar, para que isso efetivamente ocorra, é ncessária uma grande transformação nos métodos de ensino. Para que o professor de geografia consiga atingir seus objetivos, é fundamental um planejamento didático e metodológico. Assim, a metodologia representa a forma como o professor leva ao aluno os conhecimentos e conceitos que vão despertar e desenvolver suas habilidades e competências. 5Metodologia do ensino de geografia Você conhece a sala de aula invertida? Essa é uma metodologia de ensino que permite ao aluno ser protagonista no processo de aprendizagem. Assim, os alunos pesquisam um tema e apresentam o que aprenderam para a turma. O trabalho em grupo, as discussões e as apresentações possibilitam uma aprendizagem ativa, de modo que o aluno constrói seus conhecimentos engajado com a coletividade. A noção de habilidades e competências, tendência mais recente da educa- ção, também modifica o fazer didático-pedagógico, pois insere duas questões importantes:por que ensinar? Como aplicar? Nesse sentido, o aluno aprende determinado conteúdo e deve, com isso, desenvolver habilidades específicas que permitam que aquilo que foi aprendido faça sentido em sua vida real, em suas habilidades. Assim, ele vai aplicar esse saber, ou seja, vai desenvolver competências de aprendizagem a partir dos conteúdos transmitidos e dos conhecimentos construídos. Esse modo de ensinar, em voga atualmente, é amplamente apoiado pela atual Base Nacional Comum Curricular. Veja o que a BNCC afirma: Esse processo de aprendizado abre caminhos para práticas de estudo provoca- doras e desafiadoras, em situações que estimulem a curiosidade, a reflexão e o protagonismo. Pautadas na observação, nas experiências diretas, no desen- volvimento de variadas formas de expressão, registro e problematização, essas práticas envolvem, especialmente, o trabalho de campo (BRASIL, 2017, p. 367). Nesse contexto, diversas metodologias podem ser adotadas, desde metodo- logias consideradas tradicionais até metodologias modernas, as metodologias ativas. Nestas, o aluno passa a ser protagonista na construção do conhecimento. O professor media o aprendizado e orienta o aluno no desenvolvimento de habilidades específicas. Por outro lado, as metodologias tradicionais consistem em um aluno passivo e um professor transmissor. Nesse modelo, o professor dotado do conhecimento transmite o conteúdo e o aluno (receptor) interpreta os esquemas e as informações transmitidas. As metodologias ativas tornam o aluno envolvido e engajado no seu pro- cesso de construção do conhecimento. Essas metodologias de ensino visam a estimular uma aprendizagem baseada na participação e no trabalho em grupo. Também buscam incentivar a coletividade e a aplicação de conceitos e temas Metodologia do ensino de geografia6 em contextos reais. Além disso, elas propõem a cooperação e a resolução de problemas, tornando o aluno um cidadão engajado e comprometido com demandas sociais (MORAES; CASTELLAR, 2018). As metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos e a aprendizagem baseada em problemas, têm sido utilizadas em inúmeras instituições educacionais no Brasil e no exterior. Tais metodologias apresentam resultados satisfatórios devido ao engajamento por parte dos alunos, que propõem ações para a melhoria efetiva da realidade. A proposta desse tipo de metodologia é fazer o aluno desenvolver a cooperação, trabalhar em grupos, pensar na resolução de problemas reais e aplicar os conceitos, temas e teorias que ele viu em sala. Além disso, as metodologias ativas estimulam a participação e o interesse pela disciplina. Essas metodologias podem ser aplicadas de inúmeras formas, mas basicamente são uma proposta que rompe com o ensino tradicional e coloca o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem (MORAES; CASTELLAR, 2018). Na disciplina de geografia, é importante levar o aluno a refletir sobre os problemas reais, do seu bairro, do seu município e da sua região. Assim, ele pode conhecer melhor o seu espaço de vivência e propor ações para melhorar o seu entorno. Isso contribui para o exercício da cidadania e es- timula aprendizagens reflexivas, ativas e engajadas com a sociedade. Para tal, é necessário uma utilização dos conceitos geográficos que permita uma leitura ampla e científica de mundo, correlacionando os processos ao seu espaço de inserção. Nesse contexto, é necessário o trabalho de campo como prática metodo- lógica “laboratorial”. O campo permite evidenciar os inúmeros processos geográficos in loco. Isso possibilita a aplicação dos conceitos e teorias na interpretação da formação e da constituição de processos e dinâmicas presentes no espaço geográfico. Tomita (1999, p. 14), ao abordar o trabalho de campo, afirma que ele tem se revelado um bom instrumento: “É uma atividade que contribui para estreitar a relação dos alunos entre si e com os professores, conduzindo-os a praticar atitudes necessárias [...]”. Por meio dele, os estudantes podem “[...] assimilar e compreender melhor os conteúdos específicos [...]”. Isso interfere “[...] na 7Metodologia do ensino de geografia modificação de atitude e formação da personalidade, que mais tarde poderá servir para a vida social e profissional [...]”. O uso das tecnologias também representa um grande avanço e um grande desafio no ensino de geografia. Além das tecnologias usuais no ensino, como recursos audiovisuais e demais aparelhos tecnológicos, hoje ferramentas e softwares desenvolvem sistemas de mapeamento e representação cartográfica. Esses instrumentos devem ser trabalhados no ensino, pois permitem uma leitura e uma análise sistemáticas e atualizadas do espaço geográfico. Além disso, inserem o aluno em um sistema de aprendizagem moderno e atualizado, muitas vezes desconhecido até mesmo pelos docentes (MAIO; SETZER, 2011). As metodologias do ensino de geografia, nesse contexto, devem primar pelo desenvolvimento de aprendizagens específicas e utilizar ferramentas e materiais didáticos para tais fins. As práticas em sala de aula devem ser sempre pensadas e planejadas a partir de objetivos definidos que se relacionem com as tendências pedagógicas atuais, levando em consideração os conceitos basilares da geografia para a elaboração de aulas diferenciadas. Aulas temáticas no ensino de geografia Toda construção de aula deve partir de um ou vários objetivos (um central e outros secundários). Atualmente, além de defi nir os objetivos de aprendizagem de uma aula, você deve responder: quais são as habilidades que eu irei trabalhar? E quais são as competências que eu irei desenvolver no aluno? Essa noção de ensino foi introduzida pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,2017). A partir daí, você pode pensar nas estratégias que vai adotar para atingir seus objetivos. Entre as estratégias, estão: escolha dos materiais e recursos, seleção de metodologia e, posteriormente, avaliação da aprendizagem. Assim, a escolha da metodologia é fundamental. A partir da metodologia é que se definem os materiais e recursos didáticos, a forma de avaliar, os níveis de interação e a participação dos alunos na aula, entre outros aspectos. A escolha da metodologia é sempre importante e exige uma ampla reflexão, pois ela é o caminho até os objetivos desejados. Os conceitos geográficos norteiam as propostas pedagógicas do ensino de geografia. Assim, todo processo de construção de aula temática deve ser pensado a partir do conceito que será tratado. Os conceitos basilares da geo- grafia são: espaço geográfico, território, região, paisagem e lugar (SPOSITO, 2004). Mas outros conceitos podem ser trabalhados também. Por exemplo: natureza, globalização, redes, entre outros. Metodologia do ensino de geografia8 O espaço geográfico é todo o espaço influenciado pelo homem. Sua organização e sua hierarquia compõem o território. Ou seja, o território é a organização do espaço geográfico. A partir dos processos hierárquicos, políticos, simbólicos e econômicos, é formada a dimensão territorial. Por sua vez, a materialização dos processos humanos e físicos forma a paisagem, numa simbiose de relações integradas. Já a região é um recorte no espaço geográfico cujas dinâmicas internas apresentam similaridades, enquanto o lugar é um espaço único, um ponto no globo terrestre, ou mesmo um espaço singular construído pela relação do indivíduo com dado local. As aulas temáticas representam uma oportunidade de romper com modelos tradicionais de ensino, nos quais os conhecimentos são expostos de maneira seccionada e fragmentária. Dessa maneira, o objetivo de aulas temáticas consiste em permitir uma leitura de mundo ampla e integrada (MAGOGA; SCHNEIDER; MUENCHEN, 2013). O trabalho do conceito de território, por exemplo, pode levar o aluno a refletir sobre seu bairro, seu município, seu país e seu estado, identificando as diversas formas de uso e ocupação do solo de modo amplo. De certa forma, é possível incluir todos osconceitos na elaboração de uma aula bem planejada. Afinal, os conceitos são uma forma de análise do espaço geográfico e de seus conteúdos adjacentes, formas e rugosidades. Eles englobam vários temas da geografia, indicando o caráter unitário e complexo dessa ciência. Exemplos de aulas temáticas O trabalho com a paisagem pode envolver a construção de diversos conhe- cimentos geográfi cos. O conceito de paisagem sofreu uma série de transfor- mações devido às diversas correntes paradigmáticas da geografi a. Os estudos da paisagem ganharam maior substância a partir da teoria dos geossistemas, estabelecida por Bertrand em 1970 (BRITTO; FERREIRA, 2011). Assim, esse conceito pode ser trabalhado de diversas maneiras no contexto pedagógico. A aplicação de uma aula temática sobre a paisagem deve valorizar as experiências e vivências do aluno (TUAN, 2013). A ideia é que ele reconheça na paisagem elementos sociais, culturais, naturais e outros. Portanto, para trabalhar com paisagem, é necessário investigar os conhecimentos do aluno no intuito de averiguar as possibilidades e desafios da proposta. Após a “son- 9Metodologia do ensino de geografia dagem” dos conhecimentos prévios, os alunos podem realizar um desenho de um lugar que tenha um significado particular para eles. É necessária uma descrição dos elementos presentes na paisagem. Os alunos podem trabalhar em grupos e discutir os diferentes formatos das paisagens e da descrição dos lugares. Por sua vez, o professor pode pedir para os alunos confeccionarem mapas que levem à representação cartográfica do desenho que fizeram, inserindo símbolos e rotas (RICHTER, 2013). Essa prática per- mite trabalhar os conceitos de lugar, paisagem e elementos da cartografia. Além disso, permite trabalhar com maior profundidade a alteração do espaço geográfico a partir dos desenhos e dos elementos culturais presentes na mo- dificação da paisagem. Outro exemplo é referente aos estudos urbanos. O professor pode trabalhar utilizando várias metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em problemas. Nesse caso, o professor deve partir de questões reais (concretas) que ocorrem no ambiente urbano (de preferência no espaço de inserção do aluno). A partir dessas problemáticas, os alunos precisam discutir as possibilidades existentes para a resolução dos problemas e propor soluções. Esse tipo de prática incentiva o desenvolvimento de leituras complexas sobre as áreas urbanas e possibilita uma interpretação sistemática sobre as desigualdades existentes nesses espaços (SCHAFFER, 1992). Os alunos podem realizar pesquisas e apresentar seminários a partir de escolhas de propostas discutidas. É sempre relevante, na organização de uma aula temática, que você se questione o seguinte: qual é o objetivo da aula? E quais são os caminhos que irei percorrer para que o meu aluno construa os conhecimentos desejados? Para isso, é importante sempre recorrer à pesquisa na práxis docente, como você vai ver a seguir. Papel da pesquisa na práxis docente Para obter resultados efetivos na educação, o professor deve se manter em constante formação. Isso é necessário para ele entender as especifi cidades de sua área de atuação e também para compreender questões pedagógicas relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem. Vários paradigmas orientaram a formação docente ao longo do tempo. Contudo, as teorias e paradigmas em torno da educação sofrem constantes mudanças e inovações. Isso exige do docente aperfeiçoamentos, reflexão e vigilância constante sobre o fazer pedagógico e didático (COSTA; MO- REIRA, 2016). Metodologia do ensino de geografia10 Costa e Moreira (2016) fazem um amplo esforço para compreender o perfil do professor na atualidade e os paradigmas que orientam a sua formação. Assim, as autoras afirmam que ocorre: [...] a preocupação de formar o professor a partir de um novo paradigma, pautado em abordagens centradas na concepção de formação como processo permanente, com respeito à capacidade reflexiva, crítica e criativa [...] O novo modelo de formação parte do reconhecimento da especificidade da formação e da revisão de saberes essenciais da docência, na expectativa da emancipação do profissional. Contudo, o momento atual é de transição assinalada pela crise do modelo anterior e pela incerteza quanto aos novos paradigmas de formação docente. Não basta criar teorias sobre a formação de professores, mas criar condições de produzir referenciais concretos que possam efetivar em sua prática (COSTA; MOREIRA, 2016, p. 30). Como você pode notar, há uma preocupação genuína com o processo de formação docente devido às incertezas existentes no campo da educação. Além disso, a produção teórica/científica é insuficiente para resolver a pro- blemática apresentada, diante da realidade de condições concretas para que a formação docente constante ocorra. Desse modo, é preciso repensar os papéis e significados da carreira. As autoras ainda complementam: A docência, se entendida como atividade intelectual e prática, exige do pro- fessor proximidade com o processo investigativo, uma prática pedagógica reflexiva, crítica, criativa e baseada em metodologias de ensino diversificadas. O professor da escola básica deve ter atitude investigativa através da pesquisa e assim obter domínio e habilidade de produzir pesquisa. Essa capacidade de investigar pelo exercício da pesquisa provoca mudança perante o conhe- cimento, superando a prática pedagógica de reprodução do conhecimento pronto e acabado. Pela pesquisa, a construção do conhecimento se faz pelo processo de produção e apropriação como produto social e na determinação do contexto histórico (COSTA; MOREIRA, 2016, p. 31). Nesse sentido, na prática pedagógica do professor de geografia, é impor- tante o desenvolvimento de projetos institucionais, ligados à pesquisa de áreas temáticas que incluam os alunos. A precariedade dos instrumentos muitas vezes traz a urgência de se pensar em formas inovadoras de agregar conhecimentos e experiências, a partir de ferramentas que vão além da sala de aula (MELLO, 2018). Assim, projetos que buscam coletar dados, sejam eles empíricos, de campo ou laboratório, são interessantes para que o aluno identifique as apli- 11Metodologia do ensino de geografia cabilidades teórico-conceituais, bem como para que desenvolva ativamente a construção do saber geográfico engajado com projetos (MELLO, 2018). Ao mesmo tempo, é necessário que o professor de geografia desenvolva pesquisas tanto de áreas específicas quanto relacionadas aos processos de ensino. Assim, o docente terá o suporte necessário para levar ao ambiente educacional uma geografia participativa, científica e cidadã. Leia o artigo “Educação, Geografia e o desafio de novas tecnologias”, de Angelica Carvalho Di Maio e Alberto W. Setzer, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/95Nr Apontamentos Como você viu, a metodologia representa uma importante etapa no processo de ensino. A partir dela é que se defi nem as formas, processos e caminhos para um ensino de qualidade. Assim, ao defi nir um conjunto de metodologias, você deve apontar o percurso que será trilhado até o objetivo planejado. No decorrer da história, diversas formas de ensinar pautaram o fazer pedagógico, a exemplo do ensino tradicional, do ensino tecnicista, do en- sino crítico, do ensino construtivista e, atualmente, do ensino baseado no desenvolvimento de habilidades e competências (COSTA; MOREIRA, 2016; PEREIRA, 1988; PORTELA, 2018). De todo modo, os fragmentos dessas correntes permanecem ativos e os modelos didáticos e metodológicos são debatidos por inúmeros pesquisadores que desejam encontrar fórmulas e teorias mais eficazes que respondam aos anseios da sociedade atual. Como você deve imaginar, o desafio é grande. Os conteúdos da geografia, que envolve as dimensões ambientais, culturais, socioeconômicas e políticas, devem ser contemplados em cada etapa de ensino, de modo que o trabalho com osconteúdos do currículo abarque as dimensões necessárias e possibilite o desenvolvimento de habilidades específicas em Metodologia do ensino de geografia12 torno de vários temas (CALLAI, 2011). Além disso, também são relevantes o trabalho conjunto dos conteúdos transversais e a interdisciplinaridade como prática metodológica no ensino. A complementaridade e a contextualização dos assuntos permite uma aprendizagem mais integrada e efetiva (COSTA; MOREIRA, 2016). Diante do contexto em que tecnologias chegam ao ambiente escolar, metodo- logias tradicionais são repensadas e alguns métodos de ensino são contestados (MAIO; SETZER, 2011). Novas demandas emergem na educação, enquanto novos alunos e sujeitos aprendentes protagonizam a transformação de correntes pedagógicas e metodológicas. Nesse cenário de transformações e incertezas, qual será o papel do ensino da geografia? É possível pensar a práxis em sala de aula de modo a garantir processos inovadores na gestão da aprendizagem? Dentro da sala de aula, a geografia deve promover uma interpretação sistemática do espaço. Contudo, fora da sala de aula, deve conceber um aluno que compreenda as mutações e dinâmicas existentes no espaço geográfico, de modo que a leitura do território e dos poderes institucionalizados e hie- rarquizados seja respondida por uma interpretação crítica e consistente. O aluno deve ter plena condição de visualizar as mudanças nas paisagens e reconhecer as identidades e marcas históricas expressas nos lugares e na sua materialização. Ao mesmo tempo, deve vislumbrar possibilidades de melho- rias ambientais, pensando práticas de sustentabilidade e de melhoria na vida urbana e na vida rural. Como você sabe, a escola é o espaço da difusão do saber. Contudo, os conhecimentos devem sair dos muros da escola e servir para a interpretação clínica das inúmeras relações que modificam o espaço geográfico, as regiões e os territórios. A leitura do mundo globalizado e das desigualdades existentes deve servir para que o aluno repense o seu papel de cidadão e construa uma consciência universal de respeito à diversidade planetária (FERREIRA, 2017). As indagações que pairam sobre os ambientes educacionais devem ser respondidas com práticas contextualizadas, inovadoras e planejadas. Além disso, devem entrar em cena metodologias eficazes para que o aluno tenha condições de realizar uma ampla leitura de mundo, estabelecendo as relações necessárias entre a sociedade e a natureza. Ele ainda precisa desenvolver outras habilidades inerentes à ciência geográfica de modo crítico, reflexivo e ativo, operando a construção do conhecimento a partir de novos métodos de aprendizagem. 13Metodologia do ensino de geografia ALMEIDA, R. D. A propósito da questão teórico-metodológica sobre o ensino de geografia. Revista Terra Livre, São Paulo, n. 8, p. 83-90, 1991. Disponível em: http:// www.agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/article/viewFile/92/91. Acesso em: 7 abr. 2019. ANDRADE, Manoel Correiade. Geografia rural: questões teórico-metodológicas e técnicas. Campo-Território: Revista de Geografia Agrária, Uberlândia, v. 5, n. 9, p. 5-16, fev. 2010. BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394. htm. Acesso em: 7 abr. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 07 abr. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de- -educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192. 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Metodologia do ensino de geografia16 DICA DO PROFESSOR A utilização de metodologias variadas no contexto escolar é fundamental na atualidade, principalmente em virtude dos avanços tecnológicos e das demandas que emergem na sociedade, impondo aos professores a adoção de novas práticas pedagógicas. O problem based learning (PBL), ou aprendizagem baseada em projetos, é uma metodologia de ensino ativa e inovadora, que pode ser utilizada no desenvolvimento de temas geográficos. Na Dica do Professor, você irá conhecer as etapas da aprendizagem baseada em projetos, além de ter acesso a sugestões de como utilizar essa metodologia no ensino de Geografia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A metodologia de ensino é um conjunto de procedimentos e etapas que irá garantir o desenvolvimento pleno das aprendizagens e irá nortear as estratégias didáticas e as ações pedagógicas. Sobre a metodologia de ensino e as discussões atuais referentes a essas questões é correto afirmar que: A) a metodologia é uma das ferramentas mais importantes no processo de ensino- aprendizagem, pois ela irá nortear um conjunto de ações adotadas na práxis pedagógica. B) de acordo com a nova Base Nacional Comum Curricular, a metodologia de ensino na Geografia deve adotar um único padrão que deve ser seguido e implementado em todas as escolas da federação. C) após os debates que emergiram em torno das metodologias de ensino nas últimas décadas, houve um abandono das metodologias tradicionais. após o fracasso com as metodologias inovadoras que surgiram no ambiente escolar e D) acadêmico, as metodologias tradicionais voltaram a ser predominantes no processo de ensino-aprendizagem. E) o debate acerca das metodologias de ensino não está mais em voga como na década de 1990, devido ao alcance de uma educação de qualidade nas escolas brasileiras. 2) As correntes pedagógicas foram alteradas e deram origem a novas perspectivas e métodos de ensino. A Geografia, nesse contexto, passou a ser ensinada com a utilização de novas metodologias e novas ferramentas didáticas que foram incorporadas na práxis docente. Com base no enunciado, é correto afirmar, sobre os paradigmas da educação, que: A) as correntes tecnicistas prevalecem até a atualidade. B) o positivismo pedagógico ainda está em voga mesmo com surgimento de metodologias variadas. C) o construtivismo ganha cada vez mais importância, principalmente com o debate acerca das metodologias ativas. D) foi durante o período da escola nova que as metodologias ativas surgiram com maior ênfase. E) as metodologias ativas substituíram todas as metodologias devido ao resultado satisfatório no ensino. 3) No Brasil, as políticas educacionais e as legislações sofreram grandes mudanças após a década de 1990. Atualmente, foi implementada uma nova Base Nacional Comum Curricular, que objetiva integrar o currículo entre os entes federativos e adotar a mesma linguagem nos objetivos educacionais. A atual Base Nacional Comum Curricular, ao tratar das metodologias de aprendizagem, incentiva: A) o uso de metodologias tradicionais. B) o uso exclusivo de metodologias modernas e tecnológicas. C) o uso diversificado de metodologias e diferentes estratégias de ensino. D) o abandono das metodologias tradicionais. E) o uso intensivo de projetos comunitários e metodologias engajadas com a comunidade local. 4) O processo de ensino deve ocorrer de modo planejado para que os objetivos sejam trabalhados da melhor forma possível e os caminhos e procedimentos adotados levem ao aluno uma compreensão profunda acerca dos temas e dos objetivos. Sobre o processo de planejamento de aula, podemos ressaltar que: A) o planejamento das aulas deve ocorrer sempre no início do ano letivo para orientar o trabalho docente no decorrer do ano. B) o planejamento das aulas deve ser constante e buscar pelo desenvolvimento de habilidades e competências inerentes ao conhecimento geográfico. C) o planejamento das aulas deve ocorrer para conteúdos fora do currículo. Para os conteúdos curriculares, o planejamento deve ser feito pelo aluno em sala de aula. D) o planejamento de aulas, que inclui a metodologia e os materiais que serão utilizados, é realizado pelo aluno antes do início das aulas. É o aluno que decide quais atividades serão realizadas por ele no decorrer do ano letivo. quando há utilização de metodologias ativas, o planejamento de aulas é dispensado devido à construção da aula ser realizada pelo aluno, que passa ser ativo na construção dos E) conhecimentos. 5) A aprendizagem baseada em problemas é uma metodologia ativa que se tornou bastante discutida nos últimos anos devido ao seu caráter funcional e dinâmico em sala de aula. Nesse contexto, a adoção de metodologias como essa tem acontecido cada vez mais, por docentes do Brasil todo. Sobre essa metodologia é correto afirmar que: A) só pode ser trabalhada com problemas globais, o que dificulta esse tipo de metodologia em algumas escolas e colégios que têm dificuldade de acesso a informações atualizadas. B) geralmente, é trabalhada com conteúdos específicos, o que impede a interdisciplinaridade no ambiente escolar, já que se centraliza em aspectos teóricos tradicionais de cada disciplina. C) dificulta os trabalhos em grupo devido ao caráter funcional, prático e individual dessa metodologia, que exige plena concentração de conhecimento, diminuindo a cooperação entre os alunos. D) substitui as metodologias tradicionais largamente incentivadas em sala de aula e atualmente é trabalhada em praticamente todas as unidades de ensino de país. E) vem ganhando amplo espaço no ambiente escolar por permitir o trabalho em grupos engajados com problemas reais, tornando o aluno protagonista na construção do conhecimento. NA PRÁTICA Práticas inovadoras no processo de ensino têm sido discutidas por inúmeros pesquisadores e equipes pedagógicas no Brasil e no mundo. Na atualidade, a metologia de sala de aula invertida tem sido debatida e apresentada como uma opção importante para trabalhar práticas pedagógicas nas quais o aluno é autônomo e protagonista na construção de seus conhecimentos. Neste Na Prática, você vai conhecer a metologia de sala de aula invertida, além de perceber como trabalhar contextos geográficos utilizando essaprática. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Aprendizagem baseada em projetos – uma nova estratégia de ensino para o desenvolvimento de projetos O trabalho analisa a teoria da aprendizagem baseada em projetos, demonstrando as etapas e o debate em torno das metodologias ativas e da inovação nas metodologias educacionais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sala de aula invertida: uma abordagem para combinar metodologias ativas e engajar alunos no processo de ensino-aprendizagem O artigo demonstra como o trabalho com sala de aula invertida pode promover melhorias no processo de ensino-aprendizagem, motivando e engajando os alunos em torno das temáticas, resultando em melhorias significativas no contexto educacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! As dificuldades no ensino-aprendizagem da disciplina Geografia na unidade escolar Godofredo Freire (PI) Neste artigo, você verá as as principais dificuldades de se trabalhar com conteúdos geográficos, além de ter acesso a opções e soluções que foram desenvolvidas e diagnosticadas no caso em questão. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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