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111 UNIDADE 3 GESTÃO FINANCEIRA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • entender capital de giro; • calcular os índices de atividade; • elaborar o fluxo de caixa; • calcular o fator de insolvência; • aplicar a alavancagem financeira e operacional. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para a compreensão dos conteúdos explorados. TÓPICO 1 – CAPITAL DE GIRO TÓPICO 2 – ÍNDICES DE ATIVIDADE TÓPICO 3 – FLUXO DE CAIXA TÓPICO 4 – FATOR DE INSOLVÊNCIA TÓPICO 5 – ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL 112 113 TÓPICO 1 CAPITAL DE GIRO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O estudo do capital de giro é fundamental para o administrador financeiro, quando se trata de investimento de recursos e para outras áreas operacionais nas empresas, como, por exemplo: departamento de produção, setor de compras, vendas, explica Silva (2007). Zdanowicz (1998) afirma que um dos requisitos principais que o analista deve ter em mente é o equilíbrio entre os valores do capital de giro, porque existem momentos em que a manutenção de alto volume de recursos em caixa poderá gerar prejuízos para a empresa, caso a economia naquele momento esteja inflacionada. Deixa claro o autor que isto não é regra definitiva, pois bem se conhecem situações em que um bom volume de dinheiro em caixa poderá propiciar vantagens à empresa, como a possibilidade de realizar negócios atrativos. Silva (2007) diz ainda que, para os analistas de empresas, os conceitos relativos à administração do capital de giro servem como facilitadores no entendimento das estruturas básicas de análise. Complementa Zdanowicz (1998) que o montante necessário do capital de giro em qualquer época está vinculado ao prazo para financiar o ciclo de caixa, isto é, o valor deve ser suficiente para gerar os recursos necessários ao pagamento das dívidas no vencimento. 2 TERMINOLOGIA Neste item, busca-se esclarecer as diversas expressões sobre o giro dos negócios, que pode em determinado momento assumir um significado diferente, conforme Silva (2007). 2.1 CAPITAL DE GIRO Segundo Padoveze e Benedicto (2007), a expressão capital de giro vem da visão circular do processo operacional de geração de lucros, ou seja: comprar estoques, produzir, vender e receber, renovar estoques, produzir e vender/receber. UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 114 Do ponto de vista contábil, o capital de giro é representado pelo total do ativo circulante, também denominado capital de giro bruto. Silva (2007) explica que a expressão capital de giro tem aparecido na literatura de administração financeira como sinônima do ativo circulante, compreendendo as disponibilidades, as duplicatas a receber e os estoques. A empresa precisa manter “caixa e equivalentes” para atender às suas transações operacionais, contra pequenos imprevistos e também para poder negociar operações com descontos com seus fornecedores. Quanto às aplicações financeiras de curto prazo, estas são decorrentes de sobras de recursos. Ressalta o autor que o excessivo volume de aplicações financeiras pode representar perda de oportunidade de investimentos lucrativos na atividade operacional da empresa. A gestão de duplicatas a receber deve estar integrada com as metas de negócios da organização. O volume de estoques deve ser o mínimo, suficiente para atender aos pedidos de clientes, uma vez que a empresa não pode perder vendas por falta de estoque, entretanto, é recomendável a manutenção da menor quantidade possível, pois os recursos aplicados no ativo circulante têm custo de manutenção. Complementam Padoveze e Benedicto (2007, p. 247) que “[...] o capital de giro constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma empresa”. Através da análise dos seus elementos patrimoniais são identificados: I) os prazos operacionais; II) o volume de recursos permanentes (longo prazo) que se encontra financiando o giro; III) as necessidades de investimento operacional. É possível observar que o comportamento do capital de giro é dinâmico e exige modelos eficientes e rápidos de avaliação da situação financeira da empresa. (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007, p. 247). Segundo o site Wikipédia: Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). [...] O Capital de Giro é aquele recurso que autofinancia a atividade principal de uma empresa, ou seja, é o capital necessário para continuar a adquirir os bens que serão revendidos no volume que o seu mercado consome, e continuar a obter a sua principal fonte de renda perenemente. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Capital_de_giro>. Acesso em: 2 nov. 2010. 2.2 CAPITAL EM GIRO A expressão capital em giro, segundo o site Wikipédia, significa os bens efetivamente em uso para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO 115 2.3 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO Capital de giro próprio foi conceituado por Silva (2007) como “[...] a parcela do ativo circulante financiada com recursos próprios, isto é, o que sobra do patrimônio líquido após o comprometimento dos recursos próprios com o ativo permanente mais o realizável a longo prazo”. Padoveze e Benedicto (2007) têm outra visão e explicam que, como os estoques podem ser financiados pelos fornecedores através de duplicatas a pagar, os impostos têm prazos a recolher, o salário dos funcionários tem prazo para pagamento até o 5º dia útil do mês subsequente etc. Do ponto de vista financeiro, o volume de dinheiro necessário para o giro dos negócios pode ser menor. Outros elementos que compõem o capital de giro próprio são as disponibilidades, as contas a receber, empréstimos de curto prazo etc. Vale lembrar que cada conta tem características próprias e, portanto, a gestão deve ser adequada para cada atividade. Para calcularmos o capital de giro próprio utilizaremos a fórmula a seguir, proposta por Silva (2007). CGP = PL - ANC CGP = Capital de Giro Próprio PL= Patrimônio Líquido ANC = Ativo Não Circulante Exemplo: Ativo Passivo + Patrimônio Líquido Ativo circulante (AC) Disponibilidades Contas a receber de clientes Estoques Outros circulantes 33.900 2.600 21.800 8.400 1.100 Passivo Circulante (PC) Fornecedores Instituições de crédito Salários e encargos 33.600 10.000 15.000 8.600 Ativo não circulante (ANC) Realizável a longo prazo (RLP) Ativo imobilizado (AI) 24.100 100 24.000 Passivo não circulante (PNC) Exigível a longo prazo Resultado de exerc. futuro (REF) 1.300 1.300 0 Patrimônio Líquido (PL) 23.100 Ativo Total 58.000 Passivo + PL 58.000 FONTE: Silva (2007) QUADRO 29 – BALANÇO DA CIA. MISTERIOSA, ENCERRADO EM 31-12-XX UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 116 CGP = PL - ANC CGP = 23.100 - (24.000 + 100) CGP = - 1.000 Como podemos observar, o capital de giro próprio é negativo (-R$ 1.000,00). Análise: Os recursos próprios (o patrimônio líquido) não foram suficientes para cobrir as aplicações em ativos não circulantes. Como pode ser observado no balanço anterior, o valor do ativo imobilizado já é maior que o patrimônio líquido. 2.4 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO O conceito do capital circulante líquido está baseado na diferença entre os ativos e passivos circulantes, também conhecido por CCL, conforme Silva (2007). É possível dizer que o capital circulante líquido pode ser oriundo de operações realizadas pela empresa, como empréstimo tomado para pagamentoa longo prazo, como também podemos dizer que uma venda à vista de um bem do ativo permanente é de origem de capital circulante líquido. Para muitos estudiosos, quanto maior for o CCL, melhor será a condição de liquidez da empresa, entretanto, ressalta o autor, esta afirmativa dependerá do segmento em que a empresa está inserida. Em muitos supermercados, por exemplo, é possível encontrar o CCL negativo com boa liquidez, porque compram a prazo, vendem à vista, e têm o prazo de pagamento das compras superior ao prazo de rotação dos estoques. O contrário também é verdadeiro, isto é, uma empresa pode ter o CCL positivo e apresentar dificuldade financeira, se os prazos de realização dos ativos circulantes não forem compatíveis, em face dos vencimentos de suas obrigações de curto prazo. Exemplo: analisando o balanço da Cia. Misteriosa, encerrado em 31-12-XX, teremos: CCL = AC - PC CCL = 33.900 - 33.600 CCL = 300 CCL = AC - PC TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO 117 O resultado apurado (R$ 300,00) indica em quanto os ativos de curto prazo superam os passivos de curto prazo. Ressalta Silva (2007) que, se todos os valores realizáveis e todas as obrigações de curto prazo tivessem o mesmo vencimento, o valor do CCL (R$ 300,00) seria uma espécie de folga financeira. Entretanto, não podemos esquecer que as dívidas podem vencer antes que os créditos se realizem e, neste caso, mesmo considerando a sobra de R$ 300,00 a empresa poderá ter dificuldade financeira. Segundo a visão de Padoveze e Benedicto (2007), quando abordam o tema capital de giro próprio (CGP), é o mesmo que dizer CCL, pois pelo entendimento deles é a diferença entre ativo circulante e passivo circulante. 2.5 CAPITAL DE TERCEIROS Segundo Silva (2007, p. 294), é possível dizer que “[...] o capital de terceiros é formado pela soma do passivo circulante com o exigível a longo prazo”. 2.6 CAPITAL PRÓPRIO O capital próprio, segundo Reis (2009, p. 347), corresponde ao Patrimônio Líquido. Podemos demonstrar o capital próprio através da seguinte equação: Capital Próprio = Patrimônio Líquido Pelo exposto, observa-se que o capital próprio indica a situação econômica da empresa em termos absolutos. (REIS, 2009). Helfert (2000) conceitua capital próprio como o valor registrado dos direitos residuais de todos os acionistas conforme aparece no balanço patrimonial. 3 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO Segundo Olinquevitch e Santi Filho (1995, p. 26-38), a variável NLCDG (Necessidade Líquida de Capital de Giro) constitui-se na principal determinação da situação financeira das empresas. O seu valor revela o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios. As contas que compõem a Necessidade Líquida de Capital de Giro expressam operações de curto prazo e de efeitos rápidos. UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 118 Modificações na política de estocagem, na política de crédito e na política de compras produzem efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa. Neste sentido, a NLCDG transforma-se em verdadeiro leme da situação financeira das empresas. Para que possamos avaliar corretamente e de forma global a NLCDG, explica o autor, é necessário fazer o seu desdobramento. Assim o critério para a reclassificação das contas do Ativo Circulante que compõem a variável sob a analise é a relação de tais contas com o nível de atividades da empresa, ou seja, com o faturamento. Então, se relacionarmos a NLCDG com as Vendas Brutas, determinaremos um parâmetro que reflete as necessidades de capitais para o giro dos negócios e suas dimensões em relação ao nível de atividades. Daí a definição deste parâmetro com o Ciclo Financeiro: NLCDG × n° de dias do período * Vendas Brutas * Período a que se refere o volume das Vendas Brutas; exemplo: vendas anuais, período de 360 dias; vendas mensais, período de 30 dias etc. Quando nos referimos ao cálculo da necessidade de capital de giro, Marion (2010) complementa as palavras de Olinquevitch e Santi Filho (1995) e ressalta que, para um cálculo mais adequado da NLCDG, não é suficiente comparar o Giro de Estoque que, em outras palavras, é denominado prazo médio de renovação dos estoques (PMRE), e o recebimento das vendas a prazo (PMRV) apenas com o prazo de pagamento médio de pagamento das compras (PMPC). Existem contas cíclicas como matérias-primas, salários a pagar, impostos a recolher etc., que devem ser consideradas, pois elas sempre estão sendo alimentadas na produção e vendas dos estoques. Exemplo: Ativo Circulante Passivo Circulante Quando compra matéria-prima (MP) Gera Fornecedores Quando transforma MP em estoques Gera Salários a pagar Quando vende a prazo os estoques Gera Impostos a recolher FONTE: Marion (2010, p. 115) Marion (2010) apresenta um exemplo em que as contas cíclicas no ano de 20X5 eram: QUADRO 30 – CONTAS CÍCLICAS TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO 119 Ativo Circulante Passivo Circulante Duplicatas a Receber 220.000 Fornecedores 220.000 Estoques 420.000 Salários a Pagar 40.000 Total 640.000 Total 260.000 FONTE: Marion (2010, p. 115) QUADRO 31 – CONTAS CÍCLICAS IMPORTANT E Neste exemplo não seriam inclusos impostos a recolher como ICMS, IPI etc. (MARION, 2010). Ainda conforme Marion, a Necessidade de Capital de Giro (NCG) é calculada a partir da seguinte equação: ACC - PCC, em que ACC = ativo circulante cíclico e PCC = passivo circulante cíclico. Neste caso: NCG = 640.000 - 260.000 NCG = 380.000 Importante: essa Necessidade de Capital de Giro de R$ 380.000,00 representa em montante o Ciclo Financeiro. Neste caso, o administrador financeiro deverá providenciar de alguma forma recursos para cobrir as contas vincendas, porque as vendas e o recebimento delas são lentos. Uma alternativa para alavancar recursos é o desconto de duplicatas, que ajuda a fazer dinheiro, no entanto, o lucro da empresa será afetado porque o custo do dinheiro nos descontos de duplicatas é elevado. Portanto, operações de captação de capital de giro não são recomendáveis. (MARION, 2010). Aí vem a pergunta, caro/a acadêmico/a, o que fazer neste caso? O autor explica que o recomendável seria uma administração de estoque mais eficiente reduzindo o prazo do giro do estoque, isto é, renovando mais vezes os estoques por causa das vendas; reduzir o prazo de recebimento das vendas, implementando uma política de crédito mais adequada, com cobrança mais eficiente etc.; ampliar os prazos de compra e abrir as negociações com novos fornecedores também são atitudes importantes. Quanto aos salários a pagar, impostos etc., é quase impossível negociar novos prazos. Para complementar este tópico, buscou-se o entendimento de Matarazzo (2010), que também concorda com os autores mencionados, de que a NCG é um UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 120 conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, isto é, análise de caixa, e também de estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. Padoveze e Benedicto (2007) citaram um modelo de administração do capital de giro, desenvolvido por Fleuriet et al. (1978), que foi denominado “análise financeira dinâmica”, em que são separados os elementos do giro, e os classifica em dois tipos, em relação ao seu comportamento com o ciclo operacional: a) contas cíclicas – são as contas de natureza operacional;b) contas erráticas – as demais contas do ativo circulante. Padoveze e Benedicto (2007) mencionam que as contas cíclicas são aquelas que se relacionam diretamente com o ritmo operacional, refletindo, em seus saldos, o nível de operações fins da empresa, e as exemplifica muito próximas de Marion (2010) como: duplicatas a receber de clientes, estoques, despesas pagas antecipadamente, no ativo, e duplicatas a pagar de fornecedores, obrigações tributárias incidentes sobre faturamento, obrigações trabalhistas, no passivo. As contas erráticas são aquelas cujos saldos evoluem sem qualquer relação com o ritmo das operações, podendo ser zeradas quando a empresa estiver desempenhando normalmente suas atividades. Exemplo: caixa, bancos, aplicações financeiras, mútuos com controladas e coligadas, entre outras contas correntes no ativo, e financiamentos bancários, títulos descontados, provisões de impostos sobre o lucro, mútuos com controladas e coligadas e outras contas a pagar, no passivo. Considerando as naturezas diferenciadas das contas do giro, há uma reclassificação do capital circulante: as contas cíclicas são classificadas como giro e, consequentemente, o total dos ativos cíclicos menos o total dos passivos cíclicos indica a NLCG – necessidade líquida de capital de giro. (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007). Exemplo: X1 X2 X3 Ativo Circulante Operacional Clientes Estoques (1) SOMA Passivo Circulante Operacional Fornecedores Outras Obrigações (2) SOMA NCG = (1) – (2) 1.045.640 751.206 1.796.846 (708.536) (275.623) (984.159) 812.687 1.122.512 1.039.435 2.161.947 (639.065) (298.698) (928.763) 1.233.184 1.529.061 1.317.514 2.846.575 (688.791) (433.743) (1.122.534) 1.724.041 FONTE: Matarazzo (2010, p. 283-285) QUADRO 32 – RECLASSIFICAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO 121 FONTE: Matarazzo (2010, p. 283-285) Para financiar as Necessidades de Capital de Giro, a empresa pode contar normalmente com três tipos de financiamentos (MATARAZZO, 2010): 1 – Capital Circulante Próprio; 2 – Empréstimos e Financiamentos Bancários de Longo Prazo; 3 – Empréstimos Bancários de Curto Prazo e duplicatas descontadas. 122 Este tópico contemplou o tema capital de giro que consiste num item de fundamental importância para o administrador financeiro, quando se trata de recursos financeiros e em outras áreas no âmbito operacional como compras, produção, vendas etc. Depois de esclarecido o que representa o giro dos negócios, abordou-se a Necessidade de Capital de Giro, cuja variável determina a situação financeira das empresas, mostrando ao gestor o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios. Finalizou-se com a reclassificação do ativo circulante e do passivo circulante, para identificar as contas erráticas, ou seja, aquelas cujos saldos evoluem sem qualquer relação com as operações realizadas, podendo inclusive ser zeradas quando as atividades da empresa ocorrem normalmente; e as contas cíclicas, aquelas que formam a base para apurar a Necessidade de Capital de Giro (NCG). RESUMO DO TÓPICO 1 123 1 O capital de giro próprio indica a parcela do Patrimônio Líquido aplicada no: a) ( ) Passivo Circulante. b) ( ) Passivo Não Circulante. c) ( ) Ativo Permanente. d) ( ) Resultado de Exercícios Futuros. e) ( ) Ativo Circulante. 2 O capital circulante líquido pode se originar de: a) ( ) Empréstimo tomado pagável a curto prazo e venda a prazo de bem do ativo permanente. b) ( ) Empréstimo tomado pagável a longo prazo e venda à vista de bem do ativo permanente. c) ( ) Empréstimo tomado pagável a curto prazo e lucro do exercício. d) ( ) Empréstimo de curto prazo liquidado e venda à vista de bem do ativo permanente. e) ( ) Empréstimo tomado pagável a curto prazo e empréstimo de curto prazo liquidado. 3 Ao realizarmos a análise financeira de uma empresa, é possível dizer que o capital circulante líquido é determinado pelo/a: a) ( ) Resultado da diminuição do ativo circulante menos passivo circulante, podendo ser positivo ou negativo. b) ( ) Diferença entre o ativo total e o ativo não circulante. c) ( ) Diferença entre o ativo total e o ativo circulante. d) ( ) Diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, mais o lucro líquido. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores. 4 As variações do capital circulante líquido são determinadas: I- Pela aquisição de bem do ativo permanente pagável a longo prazo. II- Pela compra de matérias-primas pagáveis a curto prazo. III- Pela diferença dos recursos que ingressaram no capital circulante, menos as aplicações de recursos em dividendos ou em elementos patrimoniais que não constituem capital circulante. IV- Pelas vendas de bens do ativo permanente recebíveis a longo prazo. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Todas as sentenças estão corretas. b) ( ) Apenas a sentença II está correta. AUTOATIVIDADE 124 c) ( ) As sentenças I e II estão corretas. d) ( ) Apenas a sentença III está correta. e) ( ) Todas as sentenças estão incorretas. 5 Indique nos parênteses de cada uma das contas do balancete da Cia. Misteriosa o número correspondente: 1 Contas cíclicas. 2 Contas erráticas. 3 Nenhuma das contas anteriores. Contas da Cia. Misteriosa: a) ( ) Duplicatas a receber de clientes. b) ( ) Bancos. c) ( ) Estoques. d) ( ) Provisões de impostos sobre o lucro. e) ( ) Obrigações tributárias incidentes sobre faturamento. f) ( ) Capital social. g) ( ) Duplicatas a pagar de fornecedores. h) ( ) Caixa. i) ( ) Títulos descontados. j) ( ) Veículos. k) ( ) Despesas pagas antecipadamente. l) ( ) Obrigações trabalhistas. m) ( ) Financiamentos bancários. a) ( ) 2 - 3 - 3 - 2 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2. b) ( ) 1 - 2 - 1 - 3 - 2 - 2 - 1 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2 - 2. c) ( ) 1 - 2 - 1 - 2 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2. d) ( ) 3 - 1 - 1 - 2 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2. e) ( ) 1 - 2 - 1 - 2 - 3 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2. 125 TÓPICO 2 ÍNDICES DE ATIVIDADE UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Índices de atividade podem ser identificados como índices que representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Em outras palavras, dizemos que são os dias que a empresa demora, em média, para receber suas vendas, para pagar suas compras e para renovar o seu estoque. Para fins de análise, quanto maior foi a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, MELHOR. Por outro lado, quanto maior for o prazo para pagamento das compras, melhor. Os índices de atividade têm por objetivo: • conhecer o ciclo operacional da empresa; • conhecer o período de rotação da empresa, de recebimento de vendas e de pagamento de compras. O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) com o prazo médio de renovação de estoques (PMRE) aproxima-se bastante do ciclo operacional da empresa, pois medimos, em média, quantos dias os estoques levam para serem vendidos, e somamos ao prazo de recebimento das vendas. De acordo com Zdanowicz (1998), é a análise da circulação de bens, dos valores a receber e a pagar, tendo em vista estarem vinculados ao ciclo operacional da empresa. O autor caracteriza estes quocientes como meios de fortalecer a análise financeira no que diz respeito aos aspectos de liquidez e de capital de giro. Sobre o ciclo operacional de uma empresa, ele compreende como todo o processo de produção e vendas, considerando o seu tipo de atividade econômica e também o seu porte. Conforme Matarazzo(2010, p. 260), os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto. 126 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 2 QUOCIENTES DE ATIVIDADE Segundo Marion (2010), neste grupo estudaremos quantos dias, em média, a empresa demora em receber suas vendas, para pagar suas compras e para renovar seu estoque. Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, MELHOR. No que se refere aos pagamentos, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que não seja por atrasos, MELHOR. (MARION, 2010). Estes quocientes estão relacionados ao ciclo operacional porque, através deles, medimos quantos dias os estoques levam para serem vendidos, e somamos ao prazo de recebimento das vendas. O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do PMRE com PMRV fosse igual ou inferior ao PMPC, em outras palavras, que o resultado fosse igual a UM. PMRE + PMRV = ≤ 1 PMPC Exemplo: uma empresa que vende e recebe a mercadoria adquirida para, depois, liquidá-la junto a seu fornecedor, observando os seguintes resultados: PMRE = 30 dias; PMRV = 54 dias; PMPC = 90 dias. Poderíamos dizer que a empresa tem, em média, uma folga de seis dias. Aplicada a fórmula, teremos: PMRE + PMRV = 30 + 54 = 0,93 PMPC 90 Esta é uma posição favorável porque a empresa vende e recebe antes que vença a fatura da compra realizada. Nem sempre obter esta situação é favorável, no entanto a empresa sempre deve perseguir esta meta. 2.1 PMRE Segundo Silva (2007), o prazo médio de rotação dos estoques (Inventory Turnover) indica quantos dias, em média, os produtos permanecem armazenados na empresa antes de ocorrer sua venda. TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE 127 A quantidade de estoques mantida por uma empresa decorre fundamentalmente do seu volume de vendas e também da política de estocagem adotada. O autor continua explicando que existem duas formas principais de interpretar os estoques: na primeira forma o montante de estoques da empresa é visto como algo que representa certa potencialidade de se converter em dinheiro, isto é, a imagem que as empresas tentam passar aos usuários externos quando desejam alavancar empréstimos. Na segunda forma, o estoque é visto como investimento (aplicação de recursos) no ativo circulante. Desta forma, é possível afirmar que o índice de rotação dos estoques é resultante da associação de elementos econômico-patrimoniais. Matarazzo (2010, p. 261) afirma que o volume de investimentos em duplicatas a receber é determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas – PMRV. Assim, podemos dizer que o PMRV não afeta o Fluxo de Caixa, mas apenas o volume de investimentos. Silva (2007) diz que quanto maior for o volume de estoques, maior é o volume de recursos comprometido com os mesmos. Além do custo de aquisição ou de fabricação dos estoques, existe uma série de outros gastos, dentre eles está o custo do capital aplicado, armazenagem e seguros. Esclarece ainda que o mundo moderno está caminhando na direção de uma administração em que os estoques tenham giro rápido. A forma de financiamento dos estoques, quer seja pelo prazo concedido pelo fornecedor, quer seja por recursos próprios aplicados, ou com endividamento bancário, é item fundamental para o profissional que realiza as análises. Exemplo: a) o nível elevado de estoques com financiamento através de recursos próprios trará prejuízo aos seus proprietários; b) a manutenção de estoques elevados à custa de empréstimos bancários, além do custo elevado dos recursos, trará tendência a elevar o risco financeiro da empresa. Para calcular o prazo médio de rotação dos estoques (PMRE), aplica-se a seguinte fórmula (SILVA, 2007, p. 278): PMRE = ESTm x DP CPV ESTm = Estoque médio CPV = Custo do Produto (ou mercadoria) Vendido DP = Dias do Período considerado (360 dias para um ano; 30 dias por mês) 128 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA Exemplo: A Cia. Pneus Fortes apresentou os seguintes valores, nos balanços padronizados encerrados em 20X1, 20X2 e 20X3. ATIVO 20X1 20X2 20X3 Disponibilidades 4.846 5.380 5.495 Aplicações financeiras 174.071 48.325 14.144 Duplicatas a receber 101.846 110.241 100.407 (-) Provisão para devedores duvidosos (5.448) (6.055) (7.495) Duplicatas a receber líquidas 96.398 104.186 92.912 Estoques 55.848 67.087 73.659 Outros valores a receber 3.313 19.260 30.100 Despesas antecipadas 1.200 1.805 3.878 Ativo circulante 335.676 246.043 220.188 Partes relacionadas 0 6.398 1.126 Outros realizáveis a longo prazo 82.303 97.424 117.919 Realizável a longo prazo 82.303 103.822 119.045 Investimento 55.396 139.231 166.151 Imobilizado 155.226 154.094 171.039 Diferido 0 4 1.296 Ativo não circulante 292.925 397.151 457.531 TOTAL DO ATIVO 628.601 643.194 677.719 PASSIVO + PL 20X1 20X2 20X3 Duplicatas descontadas 29.144 29.978 14.190 Instituições financeiras 102.003 54.934 52.783 Outros não cíclicos (*) 16.069 19.881 25.782 Fornecedores 30.776 44.292 53.199 Salários e encargos sociais 31.539 35.141 31.761 Impostos e taxas 14.161 25.933 33.078 Outros cíclicos (*) Passivo circulante 223.692 210.159 210.793 Financiamentos e debêntures Outros exigíveis a longo prazo 77.166 101.106 125.952 Exigível a longo prazo 77.166 101.106 125.952 Passivo não circulante 77.166 101.106 125.952 Capital social integralizado 304.620 304.620 304.620 Reservas 6.725 10.631 19.136 Lucros ou prejuízos acumulados 16.398 17.218 17.218 Patrimônio líquido 327.743 332.469 340.974 TOTAL DO PASSIVO + PL 628.601 643.734 677.719 FONTE: Silva (2007, p. 254) QUADRO 33 – BALANÇO PATRIMONIAL PADRONIZADO – EMPRESA: CIA. PNEUS FORTES (*) Cíclicos são os itens de natureza operacional, relacionados ao ciclo da empresa. TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE 129 FONTE: Silva (2007, p. 254) Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3 Receita operacional bruta 870.414 967.716 974.655 (-) Devoluções e abatimentos 0 0 0 (-) Impostos sobre vendas (221.223) (231.912) (230.567) (=) Receita operacional líquida 649.191 735.804 744.088 (-) CPV (- depreciações) (469.960) (509.419) (489.680) (-) Depreciações (34.620) (32.563) (30.680) (=) Lucro bruto 144.611 193.822 223.728 (-) Despesas comerciais (58.824) (75.820) (83.880) (-) Despesas administrativas (38.650) (46.644) (43.674) (-) Outras despesas operacionais (1.043) (607) (1.440) + Receitas financeiras 28.901 9.845 (-) Despesas financeiras (2.133) (3.557) + Resultado de equivalência patrimonial 2.352 17.460 27.381 (=) Lucro operacional 77.347 95.923 118.558 (+/-) Resultado não operacional (962) 309 (282) (=) Lucro líquido antes do imposto de renda 76.385 96.232 118.276 (-) Provisão IR e CS (10.450) (18.106) (16.127) (=) Lucro Líquido 65.935 78.126 102.149 FONTE: Silva (2007, p. 255) QUADRO 34 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PADRONIZADA – EMPRESA: CIA. PNEUS FORTES A partir do Quadro 33 e do Quadro 34, vamos calcular o PMRE para a Cia. Pneus Fortes nos três exercícios 20X1, 20X2 e 20X3. Fórmula Anos Cálculos Índices PMRE = ESTxo + ESTx1 2 x 360 CPV 20X1 (a) 53.693 + 55.848 PMRE = 2 x 360 504.580 39 dias 20X2 55.848 + 67.087 PMRE = 2 x 360 541.982 41 dias 20X3 (b) 67.087 + 73.659 PMRE = 2 x 360 520.360 49 dias FONTE: Silva (2007, p. 278) QUADRO 35 – PMRE PARA A CIA. PNEUS FORTES IMPORTANT E Conforme Silva (2007): a) o estoque final em 20X0 era de $ 53.693; b) ESTX2= estoque final no ano; ESTX3 = estoque final no ano anterior (ESTX2 + ESTX3)/2 = estoque médio 67.087 + 73.659/2 = 70.373 estoque médio. 130 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 2.2 PMRV O prazo médio de recebimento das vendas (Days Sales Outstanding – DSO), de acordo com Silva (2007), indica em quantos dias, em média, a empresa recebe suas vendas. O volume de duplicatas a receber é decorrência de dois fatores básicos: a) o montante de vendas a prazo; b) prazo concedido aos clientes para pagamento. Quando se fala em vendas, são abordados (SILVA, 2007): • os prazos concedidos aos clientes: • os descontos concedidos para pagamento à vista; • os instrumentos de formalização da venda a prazo. As vendas a prazo seguem uma política de crédito adotada pela empresa, que deve ser adequada ao seu tipo de atividade e, por este motivo, deve estar de acordo com seus objetivos estratégicos de negócios. Existem diferenças fundamentais nos padrões para concessão de créditos utilizados por empresas diferentes e que atuam em ramos de atividades diferentes. Nas empresas com atividades semelhantes, os padrões de crédito tendem a ser parecidos, salvo nos casos de empresas que detenham grande parcela do mercado, tenham produtos com qualidade diferenciada, que possibilite maior rigor nos critérios de apreciação do crédito. (SILVA, 2007). Para calcularmos o PMRV, utiliza-se a seguinte fórmula (SILVA, 2007, p. 280): PMRV = DRm x DP VL + IMP DRm = Duplicatas a Receber (média do período) VL = Vendas Líquidas IMP = Impostos sobre vendas DP = Dias do Período (360 dias para um ano, 30 dias por mês) A partir do Quadro 33 e do Quadro 34, vamos calcular o PMRV para a Cia. Pneus Fortes nos três exercícios 20X1, 20X2 e 20X3. TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE 131 Fórmula Anos Cálculos Índices PMRV = DRxo + DRX1 2 x 360 VL + IMP 20X1 (a) PMRV = 102.534 + 101.846 2 x 360 870.414 42 dias 20X2 PMRV = 101.846 + 110.241 2 x 360 967.716 39 dias 20X3 (b) PMRV = 110.241 + 100.407 2 x 360 974.655 39 dias FONTE: Silva (2007, p. 280) QUADRO 36 – PMRV PARA A CIA. PNEUS FORTES NOTA Conforme Silva (2007): a) as duplicatas a receber no final de 20X0 eram de $ 102.534; b) DRx2 = duplicatas a receber no final do ano; DRx3 duplicatas a receber no final do ano; (DRx2 + DRx3)/2 = média de duplicatas a receber. PMPC = FORNm x DP C 2.3 PMPC O prazo médio de pagamento das compras (Days’ Purchases in Accounts Payable) indica quantos dias, em média, a empresa demora em pagar seus fornecedores. (SILVA, 2007, p. 280-281). Segundo o autor, para apurar este resultado aplica-se a seguinte fórmula: FORNm = Fornecedores (média no período) C = Compras DP = Dias do Período considerado (360 dias para um ano, 30 dias por mês) Segundo Silva (2007), os valores relativos à conta de fornecedores são extraídos das demonstrações contábeis. O saldo inicial para o primeiro período de atividade deve ser solicitado à empresa. O valor das compras deve ser calculado. Para realizar este cálculo, o autor apresenta as fórmulas que devem ser aplicadas tanto para as empresas comerciais quanto para as empresas industriais. 132 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA Empresas Comerciais: Para as empresas comerciais, o cálculo das compras é desenvolvido a partir da fórmula de cálculo do custo da mercadoria vendida (CMV = EI + C - EF), que segue (SILVA, 2007, p. 281): C = CMV + EF - EI CMV = Custo da Mercadoria Vendida EI = Estoque Inicial C = Compras EF = Estoque Final Infere-se que, nas empresas comerciais, as compras correspondem ao custo da mercadoria vendida, mais o valor da variação dos estoques (EF - EI). Empresas industriais: O cálculo do volume das compras realizado nas empresas industriais é mais complexo para o analista externo, explica Silva (2007). A empresa industrial adquire matérias-primas, materiais secundários, componentes e embalagens, adiciona mão de obra direta e outros custos indiretos de fabricação, para produzir um novo produto. Observa-se que tanto o custo de produtos vendidos (CPV) quanto os estoques das empresas industriais são formados por diversos componentes de custos, e muitos deles não são oriundos da conta de fornecedores, o que inviabiliza o uso da fórmula tradicional, explica o autor. Silva (2007) realizou um estudo e apurou o resultado da ordem de 62% para os custos relacionados à matéria-prima, componentes, materiais secundários e embalagens, e 38% para os itens que não se relacionam com fornecedores como, por exemplo, depreciação, luz, água etc. O autor complementa que pode haver outras formas de estimativa estabelecidas a partir de outras relações que o analista julgue adequadas. Existem empresas que usam como padrão 10% do total das vendas para estimar os itens não relacionados com a conta de fornecedores, o que pode resultar em valores distorcidos. Neste nosso estudo, conforme Silva (2007, p. 282-283), utilizaremos a seguinte fórmula: C = (CPV + EF – EI) X 0,62 TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE 133 C = Compras CPV = Custo do Produto Vendido EI = Estoque Inicial EF = Estoque Final O autor afirma que o PMPC é um índice do tipo “quanto maior, melhor”, mantidos constantes os demais fatores, porém desde que o seu volume de fornecedores não seja alto por atraso nos pagamentos. Existem limitações das fórmulas utilizadas nos cálculos do PMPC, que Silva (2007) apresenta da seguinte forma: • aspectos de sazonalidades; • épocas de encerramento das demonstrações contábeis; • eventuais fornecedores com créditos não registrados; • atrasos nos pagamentos aos fornecedores. Silva (2007) destaca a seguinte nota: Considerando que a Cia. Pneus Fortes é uma empresa industrial, inicialmente será demonstrado o cálculo do valor das compras para os três anos, conforme segue: (a) Ano (b) CPV (c) Estoque Final (d) Estoque Inicial (e) e = b +c -d (f) Redutor (g) g = e x f compras 20X1 504.580 55.848 53.693 506.735 0,62 314.176 20X2 541.982 67.087 55.848 553.221 0,62 342.997 20X3 520.360 73.659 67.087 526.932 0,62 326.698 FONTE: Silva (2007, p. 283) A partir dos quadros 33, 34 e 37, vamos calcular o PMRV para a Cia. Pneus Fortes nos três exercícios 20X1, 20X2 e 20X3. QUADRO 37 – CÁLCULO DO VALOR DAS COMPRAS Fórmula Anos Cálculos Índices PMPC = FORNxo + FORNx1 2 x 360 Compras 20X1 (a) PMPC = 23.722 + 30.776 2 x 360 314.176 31 dias 20X2 PMPC = 30.776 + 44.292 2 x 360 342.997 39 dias 20X3 (b) PMPC = 44.292 + 53.199 2 x 360 326.698 54 dias FONTE: Silva (2007, p. 283) QUADRO 38 – PMRV PARA A CIA. PNEUS FORTES 134 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA Importante (SILVA, 2007): a) FORN no final de 20X0 era de $ 23.722; b) FORN no final de 20X0; FORN no final de 20X3; (FORNxo + FORNx1)/2 = média de fornecedores (23.722 + 30.776)/2 = 27.249. 135 Este tópico contemplou os índices de atividade que identificamos como índices que representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Exemplo: o PMRE indica a renovação dos estoques por causa das vendas; o PMRV representa quantos dias, em média, a empresa demora em receber suas vendas; e, por último, o PMPC, que representa quantos dias em média a empresa demora em pagar seus fornecedores. Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque,MELHOR. Estes quocientes são caracterizados como meios de fortalecer a análise financeira no que diz respeito aos aspectos de liquidez e de capital de giro. Os índices de atividade têm por objetivo: a) conhecer o ciclo operacional da empresa; b) conhecer o período de rotação da empresa, de recebimento de vendas e de pagamento de compras. Todo o processo de cálculo destes índices foi exemplificado, de maneira a deixar claro como é feita a apuração dos dados necessários para a realização da análise. O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) com o prazo médio de renovação de estoques (PMRE) aproxima-se bastante do ciclo operacional da empresa, pois medimos, em média, quantos dias os estoques levam para serem vendidos e somamos ao prazo de recebimento das vendas. O ciclo operacional de uma empresa compreende todo o processo de produção e vendas, considerando o seu tipo de atividade econômica e também o seu porte. RESUMO DO TÓPICO 2 136 AUTOATIVIDADE 1 Uma empresa com PMRE igual a 20 dias e PMRV igual a 45 dias terá um ciclo operacional igual a: a) ( ) 25 dias. b) ( ) 65 dias. c) ( ) 35 dias. d) ( ) 15 dias. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores. FONTE: Marion (2010) 2 A Cia. Misteriosa possui ciclo operacional igual a 88 dias e o PMPC igual a 90 dias. Nesse caso: a) ( ) O ciclo financeiro dessa empresa será de 178 dias. b) ( ) A empresa terá que se financiar em 2 dias. c) ( ) A Cia. tem uma folga financeira de 2 dias. d) ( ) Impossível calcular. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores. FONTE: Marion (2010) 3 O índice de rotação de estoques é resultante da associação de elementos: a) ( ) Econômicos. b) ( ) Financeiros. c) ( ) Patrimoniais. d) ( ) Econômico-financeiros e) ( ) Econômico-patrimoniais. FONTE: Zdanowicz (1998) 4 O prazo médio de recebimento de vendas PMRV é dado pela fórmula: a) ( ) Vendas ÷ Estoques. b) ( ) Vendas ÷ 360. c) ( ) (Duplicatas a receber média ÷ vendas brutas) x 360. d) ( ) (Vendas ÷ duplicatas a receber) x 360. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores. 5 O PMRE é dado pela fórmula: a) ( ) CVM ÷ Estoques do período. b) ( ) Vendas ÷ Estoques do período. c) ( ) Estoques média ÷ receitas operacionais. d) ( ) (Estoques média ÷ CPV) x DP. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores. 137 6 O PMPC é dado pela fórmula: a) ( ) Fornecedores média ÷ compras x DP. b) ( ) Compras a prazo ÷ estoques. c) ( ) Compras ÷ fornecedores. d) ( ) Fornecedores ÷ estoques. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores. 138 139 TÓPICO 3 FLUXO DE CAIXA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Fluxo de caixa, também conhecido por cash flow, é considerado por muitos analistas um dos principais instrumentos para a realização de análise, propiciando identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação de caixa e equivalentes, segundo Silva (2007). Com a modernidade, as transações das empresas não envolvem o caixa propriamente dito, haja vista que a maioria dos pagamentos é feita via internet home bank, ou através de cheques, e os recebimentos podem ocorrer via transferência eletrônica de crédito, ou então depositados diretamente nos bancos sem que transitem pelo caixa no sentido contábil desta conta. A expressão fluxo de caixa deve ter uma amplitude maior, envolvendo os pagamentos e os recebimentos de modo em geral, enquanto a análise do fluxo de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro que transitou pela empresa. Corroboram Assaf Neto e Silva (2007) na conceituação do fluxo de caixa e explicam que é um instrumento que relaciona os ingressos e os desembolsos, isto é, as saídas de recursos monetários de determinada empresa em determinado intervalo de tempo. Afirmam que a partir da elaboração do fluxo de caixa é possível observar eventuais excedentes ou escassez de caixa e determinar medidas a serem tomadas para sanar os problemas. Marion (2010), quando menciona fluxo de caixa, explica que a demonstração do fluxo de caixa (DFC) é um dos principais relatórios contábeis utilizados para fins gerenciais. Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a demonstração do fluxo de caixa tornou-se obrigatória para as companhias abertas e as companhias de grande porte, assim entendidas as grandes empresas “Ltda.” Ressalta que as companhias fechadas com o patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a dois milhões de reais, não serão obrigadas a elaborar e publicar a Demonstração do Fluxo de Caixa. Segundo Marion (2010, p. 54), a demonstração dos Fluxos de Caixa evidencia as modificações ocorridas no saldo de disponibilidades (caixa e equivalentes de caixa) da companhia em determinado período, por meio de fluxos de recebimentos e pagamentos. Essa demonstração será obtida de duas formas: a) forma direta, a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa; b) forma indireta, com base no Lucro/Prejuízo do Exercício. 140 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA Marion (2010, p. 55) apresenta como as práticas internacionais classificam a demonstração do fluxo de caixa, a qual é segregada em três tipos, e cita: I) fluxos das atividades operacionais; II) fluxos das atividades de financiamento; e III) atividades de investimentos. Ferrari (2012, p. 837) também evidencia os três fluxos na elaboração da DFC e cita que a Deliberação da CVM nº 547/2008 determina o seguinte: a) Os fluxos de caixa excluem movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalentes de caixa porque esses componentes são parte da gestão financeira da entidade e não parte de suas atividades operacionais, de investimentos ou de financiamentos. A gestão de caixa inclui o investimento do excesso de caixa em equivalentes de caixa, porém ressalta que, se uma empresa, por exemplo, aplica parte do seu dinheiro numa caderneta de poupança, isto não é considerado entrada ou saída de fluxos de caixa. b) Uma única transação pode incluir fluxos de caixa classificados em mais de uma atividade. Exemplo: quando o desembolso de caixa para pagamento de um empréstimo inclui tanto os juros como o principal, a parte dos juros pode ser classificada como atividade operacional, mas a parte do principal deve ser classificada como atividade de financiamento. NOTA 1: o autor (2012) explica a diferença entre “pode ser” (pagamento dos juros) e “deve ser” (pagamento do principal) mencionados no item “b”. O que o autor quer dizer é: classificar o pagamento de juros como fluxo de atividade operacional é facultativo, no entanto, a classificação do pagamento do principal como atividade de financiamento é obrigatória. NOTA 2: com relação aos itens componentes dos três fluxos, como, por exemplo: juros e dividendos, tanto os pagos quanto os recebidos, sua classificação é flexível, isto é, não há consenso sobre a exata classificação desses fluxos de caixa nas entidades que não sejam instituições financeiras, haja vista que nestas instituições “os juros pagos e recebidos” e os “dividendos e juros sobre capital próprio recebidos” são sempre classificados como fluxos de caixa operacionais. NOTA 3: a deliberação CVM nº 547/2008, por exemplo, determina as seguintes regras para as entidades que não sejam instituições financeiras: - os juros pagos e recebidos podem ser classificados como fluxos de caixa operacionais, tendo em vista que entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente os “juros pagos” podem ser classificados como fluxos de caixa de financiamento, porque são custos de obtenção de recursos TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 141 financeiros. Os “juros recebidos” podem ser classificados como fluxos de caixa de investimento, porque estão relacionadosao retorno sobre investimentos; - os juros sobre capital próprio, recebidos, podem ser classificados como fluxos de caixa operacionais, pois entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente, podem ser classificados como fluxos de caixa de investimentos, pois estão relacionados ao retorno sobre investimentos; - os juros sobre capital próprio, pagos, podem ser classificados como fluxo de caixa de financiamento, porque são custos da obtenção de recursos financeiros. Alternativamente, podem ser classificados como fluxos de caixa das atividades operacionais, a fim de auxiliar os usuários a determinar a capacidade de a entidade pagar esses juros utilizando os fluxos de caixa operacionais; - os dividendos recebidos podem ser classificados como fluxos de caixa operacionais, pois entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente, podem ser classificados como fluxos de caixa de investimento, pois estão relacionados ao retorno sobre investimentos; - os dividendos pagos podem ser classificados como fluxo de caixa de financiamento, pois são custos da obtenção de recursos financeiros. Alternativamente, podem ser classificados como componentes dos fluxos de caixa das atividades operacionais. A regra geral ditada pela CVM, através da Deliberação nº 547/2008, para classificação é a seguinte: - juros recebidos ou pagos – classificados, preferencialmente, como integrantes do Fluxo das Atividades Operacionais; - dividendos recebidos e juros sobre capital próprio, recebidos – classificados, preferencialmente, como integrantes do Fluxo das Atividades Operacionais; - dividendos pagos e juros sobre capital próprio, pagos – classificados, preferencialmente, como integrantes do Fluxo das Atividades de Financiamento. NOTA: de acordo com o disposto na referida deliberação, se a regra geral acima não for observada, a entidade DEVE EM NOTA EVIDENCIAR O FATO. Marion (2010, p. 193-194), para demonstrar a relevância do tema, usa um texto interessante que vale a pena conhecer. 142 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA AS RAZÕES DA MORTALIDADE DAS PEQUENAS EMPRESAS Pesquisa aponta motivos que pesam no encerramento das atividades Pesquisa realizada pelo Sebrae revelou que a mortalidade prematura de novas empresas está fortemente ligada a fatores conjunturais, administrativos e financeiros. A pesquisa foi realizada em meados de 1999 abrangendo 3 mil empresas abertas nos anos de 95, 96 e 97, além de entrevistas qualitativas com 509 empresários. O objetivo maior do trabalho foi procurar o ‘porquê’ do insucesso das pequenas organizações. Pela ordem, pesaram mais: falta de demanda e de experiência, escassez de crédito, inadimplência de clientes, impostos e encargos. Outra consideração interessante é que o índice de mortalidade aumenta na mesma proporção que o empresário se ausenta do negócio. Ficou patente que a dedicação exclusiva é fundamental para a preservação da empresa nos primeiros anos de vida. Sessenta por cento dos empreendedores entrevistados, que se dedicaram à sua atividade, permaneciam com as portas abertas. Das empresas que deixaram de existir, 43% contavam com a dedicação integral de seus dirigentes, o que revela que a presença pode ser condição necessária, mas não suficiente para garantir o êxito do empreendimento. Outros fatores detectados pela pesquisa e relacionados às causas do insucesso foram: falta de experiência prévia no ramo pretendido, falta de qualquer tipo de planejamento operacional e falta de cuidados no estabelecimento do fluxo de caixa. O porte do estabelecimento também exerce influência no índice de mortalidade. Por razões aparentemente óbvias, quanto maior o empreendimento, melhores são as chances de êxito, o que não elimina a possibilidade de sucesso de um pequeno negócio, desde que observadas regras mínimas de administração. Outro erro geralmente cometido pelo empreendedor novato é o de delegar ao contador ações que seriam de sua competência. Por deficiência gerencial ou desconhecimento do mercado, essas delegações redundam em fracasso, mesmo porque a atividade do contador é mais de retaguarda que de linha de frente. Pecado maior é de pretender iniciar a atividade ancorada em capital de terceiros. Hoje em dia, a empresa deve nascer profissionalizada, o que vale dizer que empirismo e espírito aventureiro são coisas do passado. Uma boa dose de sorte ajuda, mas um velho ditado diz que ‘a sorte só ajuda a mente bem preparada’. Na totalidade dos entrevistados, ficou explícito que boa parte dos novos empresários saiu da condição de empregado para patrão, ou seja, a ‘escola’ ficou restrita ao ambiente anterior de trabalho, o que mostra a necessidade da ampliação de cursos voltados à formação do empreendedor; conhecidos também como ‘empreendedorismo’. O fato, por exemplo, de uma pessoa ter trabalhado num supermercado não lhe assegura necessariamente êxito empresarial ao abrir uma mercearia, muito embora o conhecimento da atividade seja importante. TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 143 Nessa hora é que pesam outras variáveis como o conhecimento do mercado onde irá atuar, nível de renda do consumidor pretendido, fornecedores, capital, localização etc. O levantamento realizado pelo Sebrae mostrou também que não é verdadeira a ideia de que 80% dos novos empreendimentos morrem no primeiro ano de vida. O índice detectado foi de 35%. Em síntese, o trabalho revela que, cada vez mais, o espírito empreendedor deve estar conjugado com o conhecimento técnico, sem o que capital e trabalho acabam naufragando no redemoinho de uma economia cada vez mais sofisticada e implacável. (grifos realizados por MARION, 2010). FONTE: LANA, Marcio. As razões da mortalidade das pequenas empresas. Gazeta Mercantil, São Paulo, 18 fev. 2000. Reis (2009, p. 158) menciona que “[...] a demonstração dos ‘fluxos de caixa’ indica a origem de todos os recursos monetários que entraram no Caixa, bem como onde foram aplicados os recursos monetários que saíram do caixa em determinado período”. O objetivo básico deste demonstrativo é disponibilizar informações sobre as entradas e as saídas de numerário em determinado período. O entendimento do autor está de acordo com Lana (apud MARION, 2010) e explica que o demonstrativo dos fluxos de caixa propicia ao administrador financeiro a elaboração de um planejamento mais adequado às necessidades reais da empresa, evitando recursos monetários inativos, como também evitar que, em determinadas circunstâncias, a empresa esteja desprovida de recursos necessários aos seus compromissos ou às suas despesas correntes. Assaf Neto e Silva (2007) também entendem que o fluxo de caixa não deve ser uma preocupação exclusiva da área financeira: todos os setores da empresa devem estar envolvidos com os resultados líquidos. Para melhor compreensão de quem está inserido no processo e o grau de envolvimento, os autores mencionam: (a) área de produção – ao promover alterações nos prazos de fabricação dos produtos, esta decisão afeta o fluxo de caixa determinando novas alterações nas necessidades de caixa; os custos de produção também têm importante reflexo sobre o caixa; (b) decisões de compras – devem estar ajustadas com os saldos disponíveis existentes em caixa. Em outras palavras, os autores (2007) afirmam que deve haver preocupação com o sincronismo entre os prazos concedidos para o pagamento das compras, com os prazos estabelecidos para recebimento das vendas, ou seja, podemos dizer que deve haver preocupação com o fluxo de financiamento; (c) políticas de cobranças– mais ágeis e eficientes constituem-se em importante reforço de caixa; (d) área de vendas – simultaneamente com a meta de crescimento da atividade comercial, deve acontecer um controle sobre os prazos concedidos e hábitos de pagamentos 144 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA dos clientes, para não pressionar negativamente o fluxo de caixa; (e) a área financeira – deve analisar cuidadosamente o perfil de seu endividamento, para que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de caixa da empresa. 2 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA A demonstração dos fluxos de caixa, conforme mencionado no item anterior, será obtida de duas formas: a) forma direta, a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa; b) forma indireta, com base no Lucro/Prejuízo do Exercício. De acordo com o NPC 20 – Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON nº 20, de 30/04/1999, na preparação da demonstração dos fluxos de caixa poderá ser utilizado o método direto ou indireto. O método direto caracteriza-se por apresentar os componentes dos fluxos por seus valores brutos, ao menos para os itens mais significativos dos recebimentos e dos pagamentos. Neste método, devem ser apresentados, no mínimo, os seguintes tipos de recebimentos e pagamentos relacionados às operações: I) recebimento de clientes; II) juros, lucros e dividendos recebidos; III) pagamentos a fornecedores e empregados; IV) juros pagos; V) imposto de renda pago; VI) outros recebimentos e pagamentos. Para você entender, caro/a acadêmico/a, apresentamos um exemplo elaborado por Marion (2010, p. 57): TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 145 MODELO DIRETO Saldo inicial em 31-12-X4 Entradas Receita Operacional Recebida Receitas Financeiras Recebimentos de Coligadas Vendas Investimentos Novos Financiamentos Aumento de capital em R$ Saídas Compras Pagas Despesas de Vendas Pagas Despesas Administrativas Despesas Financeiras Imposto de Renda Dividendos Pagos 730.000 10.000 10.000 10.000 50.000 40.000 (660.000) (30.000) (50.000) (30.000) (60.000) (50.000) 40.000 850.000 (880.000) Saldo final em 31-12-X5 10.000 FONTE: Marion (2010, p. 57) O método indireto caracteriza-se por apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo da: a) movimentação líquida das contas que influenciam na determinação dos fluxos de caixa das atividades operacionais, tais como estoques, contas a receber e contas a pagar; b) movimentação líquida das contas que influenciam na determinação dos fluxos de caixa das atividades de investimentos e de financiamentos, a partir das disponibilidades geradas pelas atividades operacionais, ajustadas pelas movimentações dos itens que não geram caixa, tais como: depreciação, amortização, baixas de itens do ativo permanente etc. Para maior compreensão, apresentamos mais um exemplo (MARION, 2010, p. 55): QUADRO 39 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Casa das Lingeries Ltda. – Exercício 2005 146 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA MODELO INDIRETO a) Atividades Operacionais Lucro líquido (+) Despesas Econômicas (não afetam o caixa): Depreciação Ajuste por mudança no Capital de Giro (aumento ou redução durante o ano) Ativo Circulante Duplicatas a Receber – aumento (reduz o caixa) Estoque de Lingeries – aumento (reduz o caixa) Passivo Circulante Fornecedores – aumento (melhora o caixa) Salários a Pagar – aumento (melhora o caixa) Impostos a Recolher – redução (piora o caixa) Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais b) Atividades de Investimento Não houve variação do imobilizado Vendas de Ações Coligadas Recebimentos de Empresas Coligadas c) Atividades de Financiamentos Novos Financiamentos Aumento de Capital em Dinheiro Dividendos Redução de Caixa no ano (70.000) (30.000) (100.000) 20.000 10.000 (54.000) (24.000) - 10.000 10.000 20.000 50.000 40.000 (50.000) 40.000 24.000 10.000 34.000 (124.000) (90.000) 60.000 (30.000) Saldo Inicial de Caixa 40.000 Saldo Final de Caixa 10.000 10.000 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Casa das Lingeries Ltda. – Exercício 2005 FONTE: Marion (2010, p. 57) A conciliação do resultado com o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais deve ser demonstrada tanto pelo método direto como pelo método indireto. Todos os ajustes de conciliação entre o resultado e o caixa gerado pelas atividades operacionais devem ser claramente identificados como itens de conciliação. (NPC 20 – Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON nº 20, de 30/04/1999). As práticas internacionais dispõem que essa demonstração seja segregada em três tipos de fluxos de caixa: I) fluxo das atividades operacionais; II) das atividades de financiamento; III) e das atividades de investimentos. (MARION, 2010). Para melhor expor o tema, Marion (2010, p. 58) elaborou um modelo internacional, destacando os fluxos das operações dos financiamentos e dos investimentos. QUADRO 40 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, MODELO INDIRETO TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 147 QUADRO 40 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, MODELO INDIRETO DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Casa das Lingeries Ltda. – Exercício 20X5 MODELO INTERNACIONAL a) Operações Receita recebida (-) Caixa despendido nas compras (-) Despesas Operacionais Pagas Vendas Administrativas Despesas Antecipadas Caixa Gerado no Negócio b) Outras Receitas e Despesas (+) Receitas Financeiras Recebidas (-) Despesas Financeiras Pagas Caixa Líquido Após as Operações Financeiras (-) Imposto de Renda Pago Caixa Líquido Após o Imposto de Renda c) Atividades de Investimento Não houve variação do imobilizado Vendas de Ações Coligadas Recebimentos de Ações Coligadas d) Atividades de Financiamentos (+) Novos Financiamentos (+) Aumento de Capital em Dinheiro (-) Dividendos Redução do Caixa no ano 730.000 (660.000) (30.000) (50.000) - 10.000 (30.000) 10.000 10.000 50.000 40.000 (50.000) 70.000 (80.000) (10.000) (20.000) (30.000) (60.000) (90.000) 20.000 40.000 (30.000) Saldo Inicial do Caixa 40.000 Saldo Final do Caixa 10.000 FONTE: Marion (2010, p. 57) QUADRO 41 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, MODELO INTERNACIONAL Matarazzo (2010, p. 242) comenta que existe um número muito grande de situações que caberá ao analista avaliar. A análise do fluxo de caixa pode ser feita de muitas formas, entretanto, o autor apresenta uma sequência de ideias, assim identificadas: a) A geração bruta de caixa é pequena em decorrência do baixo lucro e é insuficiente para cobrir o crescimento da NCG [necessidade de capital de giro], apesar de esta ser pouco expressiva. b) A geração bruta de caixa é boa, mas insuficiente para cobrir o crescimento da NCG, em virtude da expansão da empresa. c) A geração de caixa é elevada, mas insuficiente para cobrir o crescimento da NCG, em virtude das alterações desfavoráveis de ciclo operacional e ciclo financeiro. Se a geração bruta de caixa é inferior ao crescimento da NCG, significa dizer que a empresa não tem geração operacional de caixa e, consequentemente, não 148 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA consegue: 1) pagar as dívidas bancárias de curto prazo; 2) realizar investimentos; 3) amortizar financiamentos de longo prazo. Complementa Matarazzo (2010) que, nessas três situações, a empresa não tem geração operacional de caixa, porém a avaliação da gestão de caixa é diferente em função das diferenças entre os fatores que determinaram o crescimento da NCG. Na introdução mencionamos os três fluxosque compõem a estrutura da demonstração do fluxo de caixa. A partir de agora trataremos de cada um com mais detalhe para que, você, acadêmico/a, amplie o seu conhecimento sobre o tema. 3 FLUXO DE ATIVIDADES OPERACIONAIS - FAO São os fluxos que normalmente se referem às atividades principais da entidade, segundo Ferrari (2012), que exemplifica: numa empresa comercial estes fluxos são as atividades ligadas à compra e revenda de mercadorias, incluindo os gastos com despesas comerciais e administrativas. Sua identificação se dá pelas entradas (recebimentos) e pelas saídas (pagamentos), da seguinte forma: São consideradas entradas: - os recebimentos de clientes, tanto das vendas à vista, quanto das duplicatas referentes às vendas a prazo; - os recebimentos de dividendos de participações no capital de outras sociedades; - os recebimentos de juros de empréstimos concedidos; - os recebimentos diversos, os quais, por regra geral, não podem ser classificados juntamente com os fluxos de financiamento ou investimento, tais como os recebimentos de aluguéis de imóveis, os recebimentos de seguradoras referentes a sinistros em estoques, recebimentos referentes a ganhos de causa em sentenças judiciais etc. São consideradas saídas: - os pagamentos a fornecedores, tanto os referentes às compras à vista, quanto os referentes ao pagamento de duplicatas das compras a prazo; - os pagamentos de salários a funcionários; - os pagamentos de tributos e multas; - o pagamento de juros de empréstimos obtidos etc. TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 149 Em relação às normas gerais que regem o Fluxo das Atividades Operacionais, o Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2) – Demonstração dos Fluxos de Caixa – determina o seguinte: O montante dos fluxos de caixa advindos das atividades operacionais é um indicador chave da extensão pela qual as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de financiamento. Complementa dizendo que os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais são basicamente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade e resultam de transações e de outros eventos que compõem a apuração do lucro líquido ou prejuízo, exemplificando: (I) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; (II) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; (III) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; (IV) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura, entre outros. Transações, como a venda de bens do imobilizado, podem resultar em ganho ou perda, que é incluída na apuração do lucro líquido ou prejuízo. Neste caso, os fluxos de caixa relativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de atividades de investimento. Nota: os ativos imobilizados são fluxos de caixa advindos das atividades operacionais, e os recebimentos de aluguéis e de vendas subsequentes de tais ativos são também fluxos de caixa das atividades operacionais. Continuando o tema sobre fluxo de caixa, neste caderno será tratado o modelo direto e o modelo indireto. 4 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL Fluxo de caixa operacional (operating cash flow) é o NOPAT mais a depreciação, explica Silva (2007), que inicialmente esclarece: NOPAT (net operating proft after taxes) é um conceito relativamente simples, que considera somente o lucro líquido operacional após a dedução do imposto de renda. Ainda para efeito do NOPAT, as despesas financeiras são consideradas como decorrentes da estrutura de capitais não sendo tratadas como despesas operacionais. 150 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA NOPAT = EBIT x (1 – Alíquota de IR) EBIT (Earnings Before Interest and Taxes), ou seja, Lucro Antes dos juros e Imposto de Renda (LAIR) Exemplo: Demonstração de Resultado 20XX Vendas 80.430,00 CPV (40.215,00) Lucro Bruto 40.215,00 Despesas de salários e encargos (13.719,00) Despesas gerais (4.875,00) Despesa de provisão para devedores duvidosos (583,56) Depreciações (1.693,20) Despesas financeiras (2.295,00) Lucro operacional 17.049,24 Provisão para IR (2.557,38) Lucro Líquido 14.491,86 FONTE: Silva (2007) Baseados na demonstração dos resultados acima, é possível observar que o lucro operacional foi de R$ 17.049,24 (dezessete mil, quarenta e nove reais e vinte e quatro centavos). Para apurarmos o EBIT, deveremos somar o lucro antes do imposto de renda que é de R$ 17.049,24 (dezessete mil, quarenta e nove reais e vinte e quatro centavos), mais as despesas financeiras de R$ 2.295,00 (dois mil, duzentos e noventa e cinco reais), que neste caso totaliza R$ 19.344,24 (dezenove mil trezentos e quarenta e quatro reais e vinte e quatro centavos). Calculando o NOPAT: R$ 19.344,24 x (1 - 0,15) R$ 19.344,24 x 0,85 NOPAT: R$ 16.442,60 QUADRO 42 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA CIA. MISTERIOSA IMPORTANT E Para este exemplo considerou-se uma alíquota hipotética de 15%, apenas para fins didáticos, explica o autor (SILVA, 2007). TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 151 FCO = NOPAT + Depreciação FCO = Fluxo de Caixa Operacional Utilizando-se os dados apurados, teremos: FCO = 16.442,60 + 1.693,20 FCO = 18.135,80 Assaf Neto e Silva (2007, p. 52), ao abordarem o tema fluxo de caixa operacional, explicam que é também conhecido como fluxo de caixa das atividades operacionais. Ele representa basicamente os resultados financeiros no sentido estrito de caixa, isto é, produzidos pelos ativos identificados diretamente na atividade da empresa. Em outras palavras, é possível dizer que é uma medida dos recursos financeiros decorrentes das atividades estritamente operacionais cujos valores são disponíveis em termos de caixa. Neste sentido, apresentam a seguinte fórmula para cálculo: FCO = Lucro operacional - IR sobre Lucro Operacional ± despesas e receitas operacionais que não envolvem recursos Um dos itens gerenciais mais importantes, quando se trata do fluxo de caixa operacional, é o estabelecimento de valores máximos suportáveis pela geração interna de caixa da empresa, de amortização de dívidas. Prosseguem explicando que o cuidado com relação à geração operacional de caixa é indispensável ao equilíbrio financeiro. Outras necessidades de uso do fluxo de caixa operacional como: investimentos para expansão, reposição de ativos, pagamentos de dividendos etc. podem ocorrer e isto altera o volume máximo de captação que poderá ser realizado. (ASSAF NETO; SILVA, 2007, p. 54). 4.1 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL LÍQUIDO Silva (2007), ao se reportar a fluxo de caixa, analisa o conceito de fluxo de caixa operacional líquido também conhecido por net operating cash flow (OCF) e de fluxo livre de caixa ou free cash flow, e ressalta que esses conceitos diferem dos conceitos utilizados na demonstração do fluxo de caixa (DFC), uma vez que consideram ocorrências que, em termos de caixa, transcendem o exercício social. A base conceitual do fluxo de caixa é preservada, porém, para atender aos objetivos dos conceitos apresentados, são feitos alguns ajustes. 152 UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA 4.2 EBITDA Cavalcante e Associados, em seu boletim nº 226, explicam o que significa EBITDA em inglês e em português. Em inglês quer dizer earnings before interest, taxes, depreciation and amortization.Em português, EBITDA é o lucro antes de juros, imposto de renda, amortização e depreciação, o que quer dizer LAJIDA, ou seja, lucro antes dos juros, imposto de renda, depreciação e amortização. No mesmo boletim (226), os autores conceituam EBITDA como a geração operacional de caixa da Cia., isto é, quanto a empresa gera de recursos apenas em sua atividade, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. É um importante indicador para avaliar a qualidade operacional da empresa. LEITURA COMPLEMENTAR EBITDA – O “CASH-FLOW” DOS PREGUIÇOSOS? No âmbito da análise das demonstrações financeiras das empresas, uma das variáveis que costumam ser postas em destaque pelas notícias que sintetizam os “números” apresentados pelas empresas é o EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), algo que, em português, se deve designar por Resultado Antes de Impostos, Encargos Financeiros e Amortizações. Tratando-se de uma medida popular entre alguns (muitos?) analistas e investidores, importa refletir um pouco sobre o que ela representa de fato, ou como deve ser interpretada. A circunstância de uma empresa apresentar um EBITDA mais elevado do que outra, ou mais alto do que no ano anterior, significa, forçosamente, um melhor desempenho e, consequentemente, um bom sinal para o mercado? Provavelmente, não... Vejamos por quê. Há quem encare o EBITDA como indicador da capacidade de uma empresa gerar “dinheiro”, antes de reembolsar o capital alheio (“pagar juros”) e de pagar impostos. Se estiver de acordo com esta definição, reflita conosco nas seguintes deficiências do EBITDA: • ignora os investimentos (em equipamentos, na aquisição de outras empresas etc.) efetuados pela empresa. Estes investimentos podem corresponder a desembolsos incomparavelmente superiores ao propalado montante do EBITDA para um determinado ano; • não vem em conta a capacidade de a empresa cobrar as suas dívidas (isto é, para o seu cálculo não interessa saber se os clientes pagam à empresa – não constituirá grande novidade dizer que “vender é fácil; já receber é mais difícil”); TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA 153 • não considera os níveis de estoques existentes na empresa (quanto mais estoques existirem, maior o capital “empatado”, o que pode ser sintoma de dificuldades comerciais e, mais tarde ou mais cedo, de tesouraria); • em sentido inverso, esquece que as empresas podem gerar fundos pela simples negociação de melhores condições de pagamento com os seus fornecedores (este ponto é especialmente importante no caso dos “hipermercados” que, como se sabe, tendem a receber a pronto e a pagar a prazo). No cenário descrito, uma empresa pode apresentar um EBITDA verdadeiramente “astronômico” e nem sequer ter dinheiro para pagar os salários (basta que tenha vendido a clientes que não pagam ou que tenham efetuado avultados investimentos). A tristemente célebre Worldcom é um bom exemplo disso: um investidor que se tenha deixado “guiar” pelo EBITDA, foi enganado pelas “manipulações contabilísticas” efetuadas; um investidor que utilizasse o verdadeiro conceito de “free-cash-flow” (“dinheiro” gerado pela empresa) estaria a salvo dessas habilidades. Deixemos a exploração do “verdadeiro conceito de free-cash-flow” para outra “conversa”. Para hoje, o que é importante reter é que na Análise Fundamental de uma empresa não há um “indicador milagroso” fácil e rápido de calcular. Para efetuar julgamentos corretos sobre o real desempenho de uma empresa, devem ser utilizados vários indicadores, efetuar comparações no tempo (evolução da empresa) e no espaço (com outras empresas) e nunca esquecer que uma empresa vale pela sua capacidade de gerar dinheiro (e não resultados) para os acionistas. FONTE: Adaptado de: <http://pt.portaldebolsa.com/pt/stocks/homos.asp?id=144>. Acesso em: 24 nov. 2010. 154 Este tópico contempla o fluxo de caixa, assunto relevante para o processo de gestão. Este tema é bastante antigo, porém nunca foi tão evidenciado como na atualidade, principalmente após o advento da Lei nº 11.638/07, que obrigou a publicação anual pelas Cias. Abertas e Grandes Empresas, assim entendidas aquelas com personalidade jurídica Ltda. Este demonstrativo substituiu a demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR). Inicialmente, abordaram-se os conceitos, formas, tipos, setores envolvidos, entre outros. No que diz respeito às formas, abordou-se o seguinte: formas diretas, formas indiretas e internacional. Apresentou-se o modelo de fluxo de caixa pela forma direta, forma indireta e internacional (conforme MARION, 2010). O Tópico 3 contempla ainda: o fluxo de caixa operacional; fluxo de caixa operacional líquido e EBITDA, compostos de conceitos, fórmulas e exemplos. RESUMO DO TÓPICO 3 155 AUTOATIVIDADE 1 O fluxo de caixa pode ser elaborado diretamente a partir da conta: a) ( ) Empréstimos. b) ( ) Fornecedores. c) ( ) Patrimônio líquido. d) ( ) Disponibilidades. e) ( ) Capital social. FONTE: Zdanowicz (1998) 2 Segundo Zdanowicz (1998), toda vez que o passivo circulante diminuir, por substituição ou por pagamento, tal fato: a) ( ) Provoca alteração no capital de giro. b) ( ) Aumenta o capital circulante próprio da empresa. c) ( ) Diminui o capital circulante líquido de terceiros. d) ( ) Não provoca alteração no capital circulante líquido. e) ( ) Reduz o capital circulante próprio da empresa. 3 O instrumento que representa o movimento de numerário diário da empresa denomina-se: a) ( ) Balancete de verificação. b) ( ) Ponto de equilíbrio. c) ( ) Grau de alavancagem. d) ( ) Balanço matricial. e) ( ) Fluxo de caixa. FONTE: Zdanowicz (1998) 4 Há uma redução no capital circulante líquido quando ocorre um/a: a) ( ) Redução do patrimônio líquido. b) ( ) Aumento do patrimônio líquido. c) ( ) Aumento dos resultados de exercícios futuros. d) ( ) Aumento do passivo exigível a longo prazo. e) ( ) Redução do ativo permanente. FONTE: Zdanowicz (1998) 5 Zdanowicz (1998) explica que se verifica um aumento do disponível da empresa quando ocorre um/a: a) ( ) Aumento do ativo circulante (exceto caixa). b) ( ) Redução do passivo circulante. c) ( ) Aumento do ativo realizável a longo prazo. 156 d) ( ) Diminuição do passivo exigível a longo prazo. e) ( ) Redução do ativo circulante (exceto caixa). 6 Qual é dos itens a seguir que corresponde a uma origem de recursos para a empresa? a) ( ) Utilização das reservas previamente aprovisionadas pela empresa. b) ( ) Argumento do dimensionamento dos estoques. c) ( ) Integralização de capital social, em dinheiro, pelos sócios. d) ( ) Amortização parcial de financiamentos de longo prazo. e) ( ) Encerramento do exercício social com prejuízo. FONTE: Zdanowicz (1998) 157 TÓPICO 4 FATOR DE INSOLVÊNCIA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico/a, fator de insolvência não é um termo muito comum no nosso vocabulário, até porque sempre desejamos tratar de assuntos positivos, e o fator de insolvência pode nos levar a analisar situações desagradáveis sobre a situação em que a empresa está inserida. No entanto, você precisa conhecer muito bem esse processo porque o/a auxiliará no exercício de sua profissão como contador/a na área gerencial ou até mesmo como consultor/a de empresas, analista bancário/a, entre outras. O objetivo maior do fator de insolvência é avaliar a saúde da empresa como um todo, bem como conhecer o risco de falência da empresa. Com esta análise, torna-se possível avaliar o grau de solvência de qualquer empresa, possibilitando, com um razoável grau de segurança, detectar