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RECURSO JEC

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EXECELENTÍSSIMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JEC DA COMARCA DE CANOAS/RS.
Processo n° 2005.0026.2993-5
Ação de Indenização 
CLAUDIO ROGÉRIO PREVIATTI, sociedade empresária sob o nome de fantasia Loja Corpo e Alma, representado por seu patrono, nos autos do processo referenciado em epígrafe, em que é demandada a empresa PORTO CAR VEÍCULOS, em face da sentença de fls. 20/22, vem, pelas razões em anexo, interpor o presente RECURSO INOMINADO para a Egrégia Turma Recursal em que for distribuída.
Nestes termos pede e espera deferimento.
 Canoas, 20 de Abril de 2015.
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Odorico das Flores
(OAB/RS 00.000)
 EGRÉGIA TURMA RECURSAL
Processo n° 00800861955
Ação de indenização 
Razões da Recorrente
Juízo de origem: Canoas/RS.
Colenda Turma,
I - O Autor-recorrido formula pedido de indenização, sob a seguinte causa de pedir: ao adquirir veículo o mesmo apresentou defeito dias após a compra, deixando o recorrido a pé e também tendo que arcar com as custas de manutenção, uma vez que a revendedora do veículo negou-se a consertar o veículo: 
a) tornam certo que a recorrida incorreu em litigância de má-fé, pois alterou a verdade dos fatos e procedeu de modo temerário no acionamento da Ré (CPC, art. 17, II e V).
b) e, por tudo isso, é de concluir que a Ré-recorrida, além de não arcar com as despesas do conserto, propende a mentir para levar vantagem indevida: reparação por dano moral em razão de não arcar
 com o conserto.
II - Se o pedido se apóia na hipótese "II" (ausência de ressarcimento das despesas pela ré.:
impunha-se ao juízo, antes de adentrar o mérito da causa, apreciar de logo (em boa técnica processual, até a fase de saneamento, antes, claro, da instrução e conseqüente exame do mérito), a preliminar de ilegitimidade passiva, suscitada na contestação, para efeito de extinção do processo sem resolução do mérito, à falta de condição da ação 
 fazendo vista grossa das contradições entre os fatos afirmados na inicial e os declarados no depoimento pessoal da ré-recorrida, o julgador: 
 atribui fé a documentos anexados à contestação como prova dos fatos nela afirmados mas desmentidos pela própria ré-recorrida em seu depoimento pessoal, como as xerocópias de fl. 08 e 09 (erroneamente valorados no julgamento: "as provas testemunhais acima especificadas e os depoimentos pessoais guardam perfeita sintonia com as provas documentais de fls. 08 e 09, redundando na prova inequívoca que o conserto foi efetivamente liquidado. 
d) debruçando-se sobre relatos pessoais e testemunhais, relativos a fatos não articulados,
passa a criar as suposições adequadas às ilações desejadas, embora esse proceder ofenda frontalmente os princípios processuais do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa e da estabilização da demanda (CF, art. 5°, LIV e LV; CPC, arts. 346, 416, 407, par. ún., 87, 264 e 294). Introduziram-se, na instrução do processo e no julgamento da causa, fatos não alegados e, assim, retira-se da Ré-recorrente a faculdade de, nos momentos próprios, contrapor-se e fazer contraprova em relação a eles. "Na Doutrina se distinguem o fato jurídico (o fato típico, aquele acontecimento do qual derivam as conseqüências jurídicas) e os fatos que comprovam a existência desse mesmo fato jurídico; são os chamados fatos simples, dos quais não derivam diretamente consequências jurídicas, mas que tornam certa a existência ou inexistência do fato jurídico", ensina Calmon de Passo, que, em seguida, indaga: "Deve a inicial relatar os fatos simples, ou suficiente será a indicação do fato título da demanda?" E remata: "Admitir-se a prova do fato simples não articulado na inicial será legitimar-se a cilada processual e fazer tabula rasa do princípio indeclinável da contraprova, decorrência necessária da bilateralidade do processo" (Comentários ao CPC, Forense, 1ª ed., 1976).
Vê-se, assim, que a causa de pedir não propicia o pedido. Se ela, a causa de pedir, estiver na negativação sem prévia notificação, o pedido haveria de ter sido feito contra o órgão de restrição ao crédito (SPC de Brejo Santo), como orientam, em observância da lei (CDC, art. 42, § 3°), os precedentes do e. STJ. Aí se impunha, e se impõe, o acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva. Se a causa de pedir concernir a negativação após a liquidação da dívida, aí os fatos simples (aqueles que tornam certa a existência ou inexistência do fato jurídico: dever de reparar por causação, culposa ou dolosa, de dano moral a outrem) padecem de falta da veracidade e da certeza indispensáveis ao reconhecimento do fato jurígeno (aliás apontam em direção oposta), eis que uns são contraditórios entre a narração da inicial e o depoimento pessoal da Autora (com confissão dos contrapostos) e outros foram indevidamente introduzidos na instrução da causa. 
III–CONCLUSÃO
Ante o exposto, espera que a egrégia Turma Recursal dê provimento ao presente recurso, para acolher a preliminar de ilegitimidade passiva, extinguindo o processo sem resolução de mérito, ou anular a sentença, determinando a correta instrução do processo em audiência, ou julgar improcedente a demanda, ou, se for o caso, elevar a quantia a quantia para patamar justo. Também impor multa por litigância de má-fé.
Nestes termos pede e espera deferimento.
Canoas, 20 de Abril de 2015
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Odorico Das Flores
OAB/RS 00.000

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