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Estudo de Caso Salim

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INTRODUÇÃO
No presente trabalho, de acordo com o que foi apresentado na situação problema, serão tratados aspectos sobre o desenvolvimento infantil e os conflitos familiares que podem influenciar no psicológico da criança. 
Para a Psicologia, situações como a separação dos pais podem causar uma grande transformação no comportamento, influenciando as várias fases da sua vida e transformando seu desenvolvimento psicológico e seu desenvolvimento escolar.
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
2.1 Primeira e Segunda Infância
O desenvolvimento infantil é um processo pelo qual todas as crianças precisam passar para aprender, desenvolver e aprimorar diversas capacidades sensoriais, cognitivas, motoras, emocionais e sociais.
A cada capacidade adquirida, as crianças passam a apresentar determinadas ações e comportamentos que são esperados de acordo com cada fase da infância, como por exemplo, reações aos estímulos de tato e audição, começar a engatinhar, falar a primeira palavra, dar os primeiros passos, e, aos poucos, a criança vai adquirindo independência e autonomia.
O crescimento e mudança são mais lentos na segunda infância do que no período anterior, mas os aspectos de desenvolvimento físico, cognitivos, emocional e social continuam entrelaçados. Essa evolução acontece também nas suas capacidades cognitivas, emocionais e sociais.
Percebe-se o desenvolvimento afetivo desde a Primeira Infância, quando, ainda na fase de bebê, a criança já é capaz de compreender quando recebe amor e carinho e já consegue amar e criar laços afetivos com os pais e com as pessoas com quem mais convive.
Essas relações são fundamentais para o desenvolvimento da inteligência emocional da criança, e para que, no futuro, ela não apresente problemas afetivos. 
O desenvolvimento cognitivo é desenvolvido com o tempo e está relacionado com a aquisição de conhecimento. Envolve fatores como linguagem, percepção, pensamento, memória, raciocínio, capacidade de resolver problemas, etc., e tudo isso também faz parte do desenvolvimento intelectual da criança. Isso permite que a criança seja capaz de interpretar, assimilar e relacionar os estímulos recebidos do ambiente que a cercam.
Nessa fase também, percebe-se o egocentrismo. Jean Piaget (1896 -1980) foi o primeiro a estudar o egocentrismo infantil. Para ele, isso é normal na criança já que ela ainda não é capaz de perceber que as pessoas a sua volta têm interesses e vontades diferentes das suas. Ela acredita que todos percebem, pensam e sentem a mesma coisa que ela, ou seja, ela acredita que o mundo gira em torno dela.
Entre os 3 e 5 anos, os filhos passam a desenvolver uma atração pelo genitor do sexo oposto, no caso dos meninos uma atração pela mãe, e ao mesmo passa a desenvolver uma rivalidade com o pai, que Freud chamou de Complexo de Édipo.
A passagem por este momento do desenvolvimento é essencial para a criança. Ela quer se sentir segura de que é amada, de que é especial, e tem a necessidade de ter a mesma atenção que um dos pais recebe.
2.2 Terceira Infância
Esse período é marcado por diversas mudanças e necessita de cuidados especiais. É uma fase de transição. 
No desenvolvimento físico motor as crianças ganham peso, altura, melhoram suas habilidades físicas e são capazes de participar de atividades que exigem maior coordenação motora, como atividades esportivas. 
Essa também é a fase escolar, onde a criança, além de desenvolver a coordenação motora essencial para a escrita, também começa a interagir em seu meio e fazer novas descobertas. 
A boa alimentação é muito importante, e elas já são capazes de cuidar de sua própria higiene, como lavar as mãos e escovar dentes.
Também nessa fase, acontece o desenvolvimento psicossocial, que está ligado às mudanças nas relações da criança com o outro (família, amigos) e isso irá interferir diretamente na sua autoestima. 
É importante considerar que as mudanças nessa fase podem deixar marcas importantes para o resto da vida.
Como a família ainda é a base e também a maior influencia na vida da criança, é muito importante a participação dos pais no apoio ao desenvolvimento escolar.
Nessa fase também é muito importante considerar os traumas e dificuldades que a criança pode passar. Pais divorciados ou brigas dentro de casa podem influenciar todos que fazem parte do contexto familiar, e o processo tende a ser mais delicado quando se tem uma criança envolvida.
Segundo Bee e Boyd (2011), “nos primeiros anos após um divórcio, as crianças tipicamente apresentam declínios no desempenho escolar e mostram comportamento mais agressivo, desafiador, negativo ou deprimido” (p.378 - 379)
Nesse caso, o segredo para um desenvolvimento saudável não está na estrutura familiar, mas sim na atmosfera que a família proporciona à criança, mostrando que, apesar dos problemas no relacionamento, o apoio dos pais a criança continuará sendo o mesmo.
Dos 7 aos 12 anos é a fase onde as crianças começam a ver o mundo com mais realismo. Conseguem lidar com conceitos como os números e relações. 
Segundo Piaget, é nesse estágio que se reorganiza verdadeiramente o pensamento, deixando de confundir o real com a fantasia, o que ele chama de operações concretas. É nesta fase que a criança adquire a capacidade de realizar operações. O egocentrismo começa a diminuir, elas apresentam maior concentração, conseguem entender que o ponto de vista do outro é diferente do seu, são capazes de ordenar itens ou agrupar objetos utilizando como critério mais de uma característica.
A criança já é capaz de realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas como na fase sensório-motor.
ESTUDO DE CASO
 Situação Problema
Salomão e Romana vão à sua procura para tentar resolver um problema prático com seu filho Salim que tem atualmente 8 anos. O casal resolveu se separar e busca uma orientação sobre o filho, pois têm dúvidas se ele conseguirá aceitar esse momento.
Para poder orientá-los, você necessita saber algumas informações sobre como foi o desenvolvimento da criança até aquele momento, para conhecê-lo melhor.
Os pais contam que aos três anos Salim, sempre que possível buscava dormir na cama com eles. Para isso ele insistia muito, com suplícios e soluços. Após 3 ou 4 noites, os pais cediam, pois acabavam com pena da criança. Quando não cediam, ele dormia no próprio quarto, mas ao longo da madrugada, Salim mudava-se para a cama dos pais, entre os dois e os mesmos, muito sonolentos, nada faziam.
Aos 5 anos ele começou a frequentar a escola. Todos os dias selecionava quem ia busca-lo: ora a mãe, ora o pai. E se caso os pais trocavam na hora de pega-lo, ele armava uma gritaria na porta da escola e não queria ir embora para casa enquanto a pessoa desejada não chegasse. As professoras e a direção da escola achavam tudo muito estranho, pois no dia-a-dia das atividades ele se saia muito bem.
O casal sempre deu todos os presentes que o filho solicitava. Agora com a separação sabem que o padrão econômico de vida de ambos irá ser reduzido pela metade e com isso estão preocupados em não poder atender todas as necessidades do filho. E há uma grande probabilidade de Salomão ser transferido de cidade, sendo essa uma das principais razões da separação, pois Romana não quer abandonar os pais a quem dedica boa parte do seu tempo, mesmo estes não tendo nenhum problema.
Atualmente, Salim está no 3º ano do ensino fundamental, mas a coordenação da escola já comunicou que se ele não se dedicar mais, provavelmente será retido, já que no ano anterior foi aprovado pelo conselho de classe que considerou as dificuldades dos pais na sua educação. Vem apresentando problemas em matemática (não consegue compreender multiplicação e divisão) e em português troca letras e na escrita troca “p com q” e “b com d”. Quando vai ler algo em sala, gagueja e troca também algumas letras.
Possui alguns amigos, mas nas brincadeiras é ele quem sempre determina as regras. Quando alguma criança
propõe algo diferente, ele afirma que essa não é a forma correta, que deve ser outro jogo e ele não quer.
O DESENVOLVIMENTO DE SALIM
Como se observa no texto da situação problema, Salim é um menino que vinha se desenvolvendo bem na primeira infância, mas que a partir dos 3 anos começa a apresentar alguns problemas de comportamento, que já se percebe quando ele começa a pedir para dormir na cama dos pais e não aceita uma resposta negativa. Os pais, com pena, acabam sempre cedendo aos pedidos do menino.
Esse apego excessivo demonstrado por Salim pode ser comum nessa fase do desenvolvimento, mas precisa ser controlado pelos pais, pois também demonstra insegurança caracterizada pelo controle que ele tenta exercer.
De acordo com Papalia, em seu livro sobre o Desenvolvimento Infantil, é normal que a criança desenvolva um laço de dependência com os pais, quando esses cedem espaço ao filho por muito tempo. 
Um exemplo seria a mãe de Salim, que ainda na fase adulta, apresenta certa dependência dos pais, ao não querer mudar de cidade para não deixa-los, mesmo eles não necessitando de nenhum tipo de ajuda. Isso pode revelar que ela não desenvolveu total confiança na sua fase de desenvolvimento psicossocial, e agora isso pode estar se refletindo na forma de educar Salim.
Essa falta de autoridade dos pais prejudica no desenvolvimento cognitivo da criança, que pode não reconhecer o seu papel dentro da estrutura familiar (complexo de édipo não superado).
Salim iniciou a escola no momento certo, aos 5 anos. Segundo as professoras, ele se saia muito bem nas atividades da sala, mas causava problemas na hora de ir embora, selecionando qual dos pais iria busca-lo, e se não fosse atendido, fazia gritaria até seu desejo ser realizado, o que continuava a mostrar a falta de autoridade dos pais, excesso de liberdade e uma postura controladora por parte de Salim, que não tem seus limites determinados pela figura dos pais.
Salim demonstra um egocentrismo, que nessa fase já deveria ter sido controlado, e isso pode atrapalhar no seu desenvolvimento escolar e no relacionamento com os colegas, pois da mesma forma ele tenta exercer controle durante as brincadeiras em grupo.
Atualmente Salim apresenta dificuldades de aprendizagem que já vinha demonstrando no ano anterior. Nota-se aqui, a falta de presença dos pais no apoio ao desenvolvimento escolar, o que vem trazendo consequências para Salim, que pode ficar retido pelo seu mau desempenho, e ter seu desenvolvimento futuro prejudicado.
Papalia, em seu livro sobre o Desenvolvimento Infantil, diz que por volta dos 6 aos 7 anos, temos uma facilidade notável para tais processos, entretanto, há a necessidade por parte dos pais que o estímulo seja constante.
Segundo Piaget, essa é a fase onde as crianças começam a ver o mundo com mais realismo. Nessa fase também, o egocentrismo começa a diminuir, mas não é isso que percebe-se no caso de Salim, que parece ainda, querer se sentir o centro das atenções. 
Sabe-se que os pais de Salim estão em processo de divórcio e também de um possível distanciamento devido a mudança de cidade pelo pai. Estes, não estão sabendo como lidar com isso em relação ao filho. Eles tentam compensar essas dificuldades com presentes, e também atendendo a todos os caprichos da criança. 
Como nessa fase a família ainda é a base e também a maior influencia na vida da criança, é importante a participação e o acompanhamento dos pais no desenvolvimento de Salim, tanto durante como após o divórcio.
Percebe-se que Salim está tendo dificuldades de se desapegar dos pais e continuar seguindo para as próximas fases do seu desenvolvimento. O divórcio tende a deixar a criança ainda mais insegurança, pois o medo de ter os pais separados pode levá-lo a pensar que não poderá mais contar com a figura deles no seu dia a dia e nem na sua vida, e com isso acabará se sentindo abandonado.
Essa insegurança se reflete no desenvolvimento escolar, fazendo com que crianças apresentem baixos rendimentos e demostrem comportamento agressivo, e muitas vezes desafiador, negativo e deprimido.
REFERENCIAS
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
PAPALIA, Diane E., OLDS, Sally W., FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 8 ª Ed. Artmed, 2006.
BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
TOURRETTE, C. Introdução à psicologia do desenvolvimento: do nascimento à adolescência. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
SÓFOCLES. Édipo rei. Trad. Domingos Paschoal Cegalla. Rio de Janeiro: DIFEL, 2001.

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