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APOSTILA D CIVIL I

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4 - DAS PESSOAS – Pessoa natural 
 
 Pessoa Natural é o ser humano capaz de adquirir direitos e 
contrair obrigações na esfera civil. 
 
CC, Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. 
 
A personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar 
direitos e contrair obrigações (Posição clássica). 
 
Ou seja, a personalidade jurídica é o atributo necessário para 
ser pessoa. 
 
 
4.1 - Quando a pessoa física adquire essa personalidade 
jurídica? 
 
CC, Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
 
 Interpretando literalmente - CC, art. 2º, 1ª parte – A 
personalidade jurídica acontece a partir do nascimento com 
vida, momento em que o recém nascido passa a ser sujeito de 
direito. 
 
 No Brasil, nascimento com vida = funcionamento do aparelho 
cárdio-respiratório – Questões sucessórias* 
 
Direito comparado: Art. 30 CC espanhol – necessidade de 
“forma humana” e sobrevida de pelo menos 24 horas, requisitos não 
exigidos no Brasil por respeito ao princípio da dignidade da pessoa 
humana. 
 
 Art. 2º, 2ª parte – A personalidade civil começa do nascimento 
com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos 
do NASCITURO. Mas o que é nascituro? É pessoa? Tem 
personalidade jurídica? É sujeito de direitos? Tem direitos 
resguardados e não é pessoa? E o art. 1º CC??? 
 
 
Segundo Limongi França, o nascituro é o ente concebido, mas 
ainda não nascido. O ente com vida intra-uterina. *Não confundir 
com embrião e com concepturo. 
 
 
 
Nascituro é pessoa? 
 
Teorias explicativas do nascituro: 
 
- TEORIA NATALISTA: 
 
A personalidade só é adquirida a partir do nascimento com vida, 
assim, o nascituro não é considerado pessoa, tendo mera expectativa 
de direito. 
 
Defendida por Silvio Rodrigues. 
 
*CC, art. 2º??? 
 
- TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL 
 
O nascituro gozaria apenas de direitos da personalidade, muito 
embora para efeitos patrimoniais a sua personalidade somente se 
consolidaria a partir do nascimento com vida. 
 
Nascituro não possui personalidade jurídica, possuiria uma 
personalidade jurídica condicional. 
 
Defendida por Washington de Barros e Fábio Ulhoa Coelho 
 
- TEORIA CONCEPCIONISTA 
 
Afirma que o nascituro é dotado de personalidade, é pessoa, 
porque se é sujeito de direitos, é pessoa. 
 
Os direitos patrimoniais permanecem condicionados ao 
nascimento com vida. 
 
Defendida pela doutrina moderna (Teixeira de Freitas, Pontes 
de Miranda, Flávio Tartuce, Rubens Limongi França, Maria Berenice 
Dias, Silmara Chinelato) e muito usada pelos Tribunais de SP e RS. 
 
Ganhou reforço com a Lei 11.804/2008 – Lei de Alimentos 
Gravídicos (Matéria polêmica). 
 
Não se pode negar personalidade jurídica ao nascituro, pois, 
segundo Silmara Chinelato: 
 
...quem afirma direitos e obrigações, afirma 
personalidade, sendo a capacidade de direito e o status 
atributos da personalidade. 
 
 
 A diferença entre a Teoria Condicionalista e a Teoria 
Concepcionista se funda apenas na qualificação jurídica do nascituro 
– Se possui ou não personalidade jurídica. Explica Cristiano Chaves e 
Nelson Rosenvald: 
 
Enfim, a distinção entre a teoria condicionalista e a teoria 
concepcionista é, tão somente, relativa à qualificação 
jurídica: para os concepcionistas, se o nascituro dispõe de 
direitos da personalidade é porque já tem a própria 
personalidade jurídica, apesar dos direitos patrimoniais 
ficarem condicionados; de outra banda, os 
condicionalistas afirmam que, a pesar de já titularizar os 
direitos da personalidade, se os direitos patrimoniais 
estão condicionados, a personalidade jurídica, como um 
todo, está condicionada. CC/NR 
 
 
Independentemente da teoria adotada, a ordem jurídica 
brasileira protege o nascituro. Vejamos alguns exemplos: 
 
o Possui direitos personalíssimos; 
 
Como direito à vida, à proteção pré-natal… Art. 7º do ECA diz: 
“A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 
mediante a efetivação de políticas públicas que permitam o 
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições 
dignas de existência”. 
 
O STJ possui julgados que admitem indenização por dano moral 
ao nascituro. Se o dano moral consiste no dano proveniente da 
violação a direito da personalidade, tais entendimentos acabam por 
reconhecer direitos da personalidade aos nascituros. 
 
Possui direito à imagem (Caso de uso indevido das imagens de 
ultra-sonografia) 
 
o Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do 
imposto de transmissão inter vivos; 
 
o Pode ser beneficiário de legado e herança; 
 
o Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus 
interesses (arts. 877 e 878, CPC); 
 
o O aborto é considerado crime pelo Código Penal; 
 
o Tem direito à realização de teste de DNA para determinação 
de sua paternidade (perfilhação), para resguardar seu direito 
de personalidade – Caso Glória Trevis - Rcl 2.040, D.j. 
27.06.03. 
 
 
Matéria ainda polêmica, mas a jurisprudência vem conferindo 
direito à alimentos, direito à reparação por dano moral, e até 
indenização ao nascituro. Vejamos: 
 
“INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM FAVOR 
DO NASCITURO. POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. 1. Não 
pairando dúvida acerca do envolvimento sexual entretido pela gestante com 
o investigado, nem sobre a exclusividade desse relacionamento, e havendo 
necessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do 
nascituro. 2. Sendo o investigado casado e estando também sua esposa 
grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as 
necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica do 
alimentante, isto é, focalizando tanto os seus ganhos como também os 
encargos que possui. Recurso provido em parte. (AGRAVO DE 
INSTRUMENTO Nº 70006429096, SÉTIMA CAMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO RS, RELATOR: SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS 
CHAVES, JULGADO EM 13/08/2003)”. 
 
“DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO 
FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO 
INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. 
PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. 
DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – Nos termos da orientação da 
Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o 
decurso do tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é 
fato a ser considerado na fixação do quantum. II – O nascituro também tem 
direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-
lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III – 
Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive 
nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando 
inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional. “ (STJ, QUARTA 
TURMA, RESP 399028/SP; RECURSO ESPECIAL 2001/0147319-0, MINISTRO 
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Julg. 26/02/2002, DJ 15.04.2002 P. 
00232) 
 
Notícia do Correio Brasiliense de 09 de fevereiro de 2007: 
 
“Por ter sido considerado torturado durante o regime militar, ainda na 
barriga da mãe, João Carlos de Almeida Grabois, filho da ex-guerrilheira 
Criméia Grabois, pode ser indenizado na próxima terça-feira, no valor 
máximo de R$ 39 mil a ser pago pela Comissão de Ex-Presos Políticos de 
São Paulo. Em 2004, a Comissão já havia reconhecido e feto como preso 
político e vítima dos torturadores. 
 Grávida de 7 meses, quandofoi presa e levada para o DOI-Codi, 
Criméia foi torturada com choques e espancamento. O bebê nasceu com 
afundamento no peito, segundo a família. “Ele foi perseguido antes de 
nascer. Pagou pela trajetória política do avô, da mãe e do pai, que tinham o 
sobrenome Grabois”, disse a tia de João Carlos, Amélia Telles. João Carlos 
recorreu da primeira sentença, que determinava o valor mínimo para este 
tipo de indenização, que é de 22 mil.” 
 
 
 É, portanto, inegável a existência de diversos direitos da 
personalidade concedidos aos nascituros. 
 
Por isso, Maria Helena Diniz determina que o NASCITURO 
POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL, a qual possibilita o 
exercício e a proteção desses direitos personalíssimos. 
 
 
4.2 – Natimorto 
 
 O natimorto é aquele que nasceu morto. Não é nascituro e não 
é pessoa, mas goza de certa tutela como determina o Enunciado nº 
01 da I Jornada de Direito Civil: 
 
“1 – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao 
nascituro alcança o natimorto no que concerne aos 
direitos da personalidade, tais como nome, imagem 
e sepultura.” 
 
 
5 - CAPACIDADE CIVIL 
 
 
Ao estudar a capacidade civil, temos o momento oportuno para 
conhecer a nova teoria da PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
Historicamente, a personalidade jurídica sempre foi conhecida 
como a aptidão genérica para titularizar direitos e deveres, aptidão 
esta conferida às pessoas. 
 
Ocorre que, por um olhar mais acurado, pode-se perceber que 
a personalidade jurídica, conferida somente às pessoas, não pode 
consistir apenas na aptidão genérica para titularizar direitos e 
deveres. Existem outros entes (entes despersonalizados) que são 
aptos a titularizar direitos e deveres e nem por isso possuem 
personalidade jurídica, como o condomínio, a massa falida e a 
sociedade de fato. 
 
Dessa forma, não se pode, efetivamente, atrelar a 
personalidade jurídica, simplesmente, à possibilidade de 
titularizar relações jurídicas. Não se pode, enfim, represar a 
idéia de personalidade jurídica, tão somente, na potencialidade 
de ser sujeito de direitos, afinal é possível sê-lo, 
independentemente dela. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. 
 
Personalidade jurídica, então, é algo a mais. É a principal 
conseqüência do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. 
 
Com esteio em avançada visão civil-constitucional, a 
personalidade jurídica é o atributo reconhecido a uma pessoa 
(natural ou jurídica) para que possa atuar no plano jurídico 
(titularizando as mais diversas relações) e reclamar uma 
proteção jurídica mínima, básica, reconhecida pelos DIREITOS 
DA PERSONALIDADE. 
 
A personalidade jurídica é, assim, muito mais do que, 
simplesmente, poder ser sujeito de direitos. Titularizar a 
personalidade jurídica significa, em concreto, ter uma TUTELA 
JURÍDICA ESPECIAL, consistente em reclamar direitos 
fundamentais, imprescindíveis ao exercício de uma vida digna. 
... 
 
Cuida-se de uma aptidão genericamente reconhecida: toda 
pessoa é dotada de personalidade. É a possibilidade de ser 
titular de relações jurídicas e de reclamar o exercício da 
cidadania, garantida constitucionalmente, que será 
implementada (dentre outras maneiras) através dos 
DIREITOS DA PERSONALIDADE. (Grifo nosso) Cristiano 
Chaves e Nelson Rosenvald. 
 
 
A personalidade jurídica é uma “ossatura destinada a ser 
revestida de direitos” (Grifo nosso) San Tiago Dantas citado 
por CC e NR 
 
 
A personalidade, mais do que qualificação formal, é um valor 
jurídico que se reconhece nos indivíduos e, por extensão, em 
grupos legalmente constituídos, materializando-se na 
capacidade jurídica ou de direito. 
(Grifo nosso) Francisco Amaral. 
 
 
Sabendo agora a posição clássica e moderna sobre a 
personalidade jurídica, podemos seguir ao estudo da capacidade civil: 
 
A capacidade civil se divide em duas: 
 
- Capacidade civil de direito (de gozo) 
- Capacidade civil de fato (de exercício) 
 
A capacidade civil de direito seria a capacidade genérica, 
aquela que surge quando adquirida a personalidade jurídica (toda 
pessoa passa a ser capaz de direitos e deveres). 
 
Como diz Orlando Gomes, seria melhor nem tentar diferenciar 
capacidade civil de direito de personalidade jurídica. São termos que 
se confundem. Se possui personalidade jurídica, possui capacidade 
genérica, e vice-versa, pois uma é atributo de condição da outra. 
 
Ocorre que pela teoria moderna da personalidade jurídica, 
conseguimos encontrar distinção entre personalidade jurídica e 
capacidade jurídica. 
 
 
Personalidade jurídica X Capacidade Jurídica. 
 
 Antigamente, a personalidade jurídica conferia às pessoas a 
aptidão para ser sujeito de direito, o que gerava a capacidade 
jurídica, que quando plena possibilitava a prática pessoal de atos. 
 
 Pontes de Miranda foi o primeiro doutrinador a questionar essa 
estrutura trazendo à discussão os entes despersonalizados. Os entes 
despersonalizados são sujeitos de direito, são capazes de direitos e 
deveres, titularizam relações jurídicas, mas nunca possuíram 
personalidade jurídica. 
 
 Assim, Pontes de Miranda diferenciou personalidade jurídica de 
capacidade civil. 
 
 Personalidade jurídica confere a PROTEÇÃO ELEMENTAR 
DIFERENCIADA (Que pode ser implementada pelos DIREITOS 
DA PERSONALIDADE) – Titulariza relações EXISTENCIAIS e 
PATRIMONIAIS. 
 
 Capacidade Jurídica confere a aptidão para ser sujeito de 
direito – Titulariza relações PATRIMONIAIS. 
 
Os entes despersonalizados não possuem personalidade jurídica, 
mas possuem capacidade jurídica. Não podem reclamar direitos da 
personalidade. Ex: Condômino pode reclamar dano moral, 
condomínio não. 
 
Nesse diapasão, exemplificando, uma criança ou adolescente 
tem personalidade (e, por conseguinte, direito a uma vida 
digna), mas não tem capacidade. Em sendo assim, poderá 
manifestar a sua vontade em relação à sua adoção por um 
terceiro, por exemplo, mas não lhe é reconhecido o direito de 
celebrar um contrato de doação ou de arrendamento. Ou seja, 
relações existenciais podem ser titularizadas por quem tem 
personalidade, mesmo que não tenha plena capacidade. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 
 
Isso se confirma no art. 1º do Código Civil: 
 
CC, Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. 
 
 Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, mas 
nem todo aquele que é capaz de direitos e deveres na ordem civil é 
pessoa. 
 
 
Já a capacidade civil de fato é a aptidão para se praticar 
ou exercer pessoalmente os atos da vida civil. Nem todos 
possuem. Por exemplo, uma criança de 10 anos tem capacidade de 
direito, mas não tem capacidade de fato. 
 
No momento em que a pessoa atinge os 18 anos, ou se 
emancipa, passa a deter CAPACIDADE PLENA! De direito e de fato. 
 
 
Incapacidade X Ilegitimidade 
 
 Qual a diferença entre incapacidade e ilegitimidade? 
 
Incapacidade é a falta da capacidade de fato. Capacidade de 
direito todos aqueles que nasceram com vida possuem. Essa 
incapacidade pode ser absoluta – CC, art. 3º, ou relativa – CC, art. 
4º. 
A ilegitimidade é o impedimento específico para a prática de 
determinado ato jurídico, por exemplo: CC, art. 1.749, I – tutor não 
pode adquirir bens do tutelado. O tutor é capaz, mas falta a ele 
legitimidade por haver impedimento específico. 
 
Diz Silvio Venosa: 
 
“Não se confunde o conceito de capacidade com o de 
legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma 
pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não 
capacidade para estabelecê-la. A legitimação é uma forma 
específica de capacidade para determinadosatos da vida civil. 
O conceito é emprestado da ciência processual. Está legitimado 
para agir em determinada situação jurídica quem a lei 
determinar. Por exemplo, toda pessoa tem capacidade para 
comprar ou vender. Contudo, o art. 1.132 (art. 496 CC 2002) 
do Código Civil estatui: „os ascendentes não podem vender aos 
descendentes, sem que os outros descendentes expressamente 
consintam‟. Desse modo, o pai, que tem capacidade genérica 
para praticar, em geral, todos os atos da vida civil, se 
pretender vender um bem a um filho, tendo outros filhos, não 
poderá fazê-lo se não conseguir a anuência dos demais filhos. 
Não estará ele, sem tal anuência, „legitimado‟ para tal 
alienação. Num conceito bem aproximado da ciência do 
processo, legitimação é a pertinência subjetiva de um titular de 
um direito com relação a determinada relação jurídica. A 
legitimação é um plus que se agrega à capacidade em 
determinadas situações.” 
 
 
5.1 – ROL DOS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES - 1916 X 2002 
 
O Código Civil de 1916, em seu art. 5º, determinava como 
absolutamente incapazes: 
 
- os menores de 16 anos, 
- os loucos de todo gênero; 
- os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade; 
- os ausentes, declarados tais por ato de juiz. 
 
O Código de 2002, com sua visão mais moderna do Direito 
Civil, determina como absolutamente incapazes: 
 
 
CC, Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem 
o necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
 
 
- Os menores de 16 anos; 
 
Menores impúberes. 
Crianças e adolescentes até 16 anos. 
ECA, art.2º: Criança=Até 12 anos incompletos / 
Adolescente=Entre 12 e 18 anos 
 Pode a vontade dos absolutamente incapazes ser levada em 
consideração? 
 Enunciado 138, III Jornada de Direito Civil: 
 
“Art. 3º: 138 – A vontade dos absolutamente incapazes, na 
hipótese do inc. I do art. 3º, é juridicamente relevante na 
concretização de situações existenciais a eles concernentes, 
desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.” 
- Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática desses 
atos; 
 
 Esquizofrenia, transtorno bipolar grave, epilepsia, qualquer 
doença que prive totalmente o discernimento. 
 
“Loucos de todo gênero” é um expressão que não diz nada. 
 
Essa incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por 
processo de interdição (Arts. 1.177 e 1.186 do CPC), mas a doutrina 
admite uma “incapacidade natural” quando ainda não ocorrido o 
processo de interdição. Nesse caso, se admite a invalidação do ato 
praticado pelo incapaz apenas se demonstrados o prejuízo ao 
incapaz, a má-fé da outra parte e a real incapacidade do agente. 
 
Ocorrendo a declaração judicial de incapacidade (interdição), 
mesmo que esta seja proveniente de enfermidade “cíclica”, não serão 
considerados válidos nem os atos praticados nos momentos de 
lucidez. 
 
- Os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir a sua vontade. 
 
Aqueles que em razão de causa temporária (ou permanente) 
estejam impossibilitados de exprimir sua vontade. Ex: Intoxicação 
fortuita*, coma por acidente de veículo. E o “actio libera in causa” – 
“Ação livre na causa”?? 
 
E o surdo-mudo incapaz de manifestar vontade? E o ausente? 
 
O Código Civil de 2002 retirou de seu texto a referência 
expressa ao surdo-mudo incapaz de manifestar vontade e ao 
ausente. 
 
No Código de 1916 o surdo-mudo era determinado 
expressamente como absolutamente incapaz. No Código de 2002 não 
há mais essa necessidade, pois este já se encontra implicitamente no 
inciso III do art. 3º, que diz “… mesmo que por causa transitória...”. 
Se a causa transitória de impedimento de expressão gera 
incapacidade absoluta, a causa permanente, de forma óbvia, também 
gerará. 
 
 O ausente, para o Código de 2002, não é mais considerado 
absolutamente incapaz, e sim morto – morte presumida. 
 
 
 
5.2 – ROL DOS RELATIVAMENTE INCAPAZES - 1916 X 2002 
 
O Código Civil de 1916, em seu art. 6º, determinava como 
relativamente incapazes (relativamente a certos atos, ou à maneira 
de os exercer): 
 
- os maiores de 16 e menores de 21 anos, 
- os pródigos, 
- os silvícolas 
 
O Código de 2002, com sua visão mais moderna do Direito 
Civil, determina como relativamente incapazes: 
 
CC, Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à 
maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por 
legislação especial. 
 
 
- Os maiores de 16 e menores de 18 anos; 
 
Menores púberes. CC 2002 reduziu a maioridade civil para 18 
anos. 
Critério objetivo do homem-médio. 
 
 
- Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
 
**Cuidado! A embriaguez, o vício e a deficiência que geram 
incapacidade relativa são as que DIMINUEM, mas não ACABAM com o 
discernimento. Se o aniquilam (caso da embriaguez patológica ou 
dependência química total) geram incapacidade absoluta. 
 
- Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
Síndrome de Down. 
 
- Os pródigos. 
 
Desvio comportamental – Pessoa dilapida desordenadamente 
seu patrimônio, de tal forma que pode chegar à completa miséria. 
 
A motivação da lei é garantir-lhe o mínimo vital, preservando 
assim a dignidade da pessoa humana, e protegê-lo para que não 
venha procurar o Estado, ou a família (base da sociedade) para sanar 
sua pobreza. 
 
A preservação do mínimo vital, da dignidade da pessoa 
humana, é um interesse da sociedade, não só do indivíduo. 
 
Será interditado – CC, Art. 1.782 – a interdição se reduzirá aos 
atos relacionados ao patrimônio. 
 
*A capacidade dos ÍNDIOS* será determinada por lei especial 
(Lei nº 5.371/67 e Lei nº 6.001/73 – Estatuto do Índio). E.I., Art. 8º 
considera, regra geral, o ato do índio como nulo de pleno direito, 
todavia, será considerado válido se o índio revelar consciência e não 
lhe acarretar prejuízo. 
 
 
5.3 – SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE 
 
 A incapacidade deverá ser suprida, seja ela absoluta ou 
relativa. 
 
- Incapacidade absoluta é suprida através da 
representação. 
 
- Incapacidade relativa é suprida através da assistência. 
 
 
5.4 – FIM DA INCAPACIDADE 
 
 
 Finda a incapacidade quando findar a sua causa (seja ela fruto 
de enfermidades ou pela menoridade) e por emancipação. 
 
 Para o novo Código Civil, aos 18 anos completos finda a 
menoridade e inicia-se a maioridade plena, momento em que a 
pessoa obtém capacidade para a prática de todos os atos da 
vida civil. 
 
Segundo Washington de Barros, opinião que prevalece na 
doutrina, a maioridade é atingida no primeiro momento do dia em 
que se completa os 18 anos. E se nasceu no dia 29 de fevereiro?? 1º 
de março. 
 
 A emancipação é uma forma de antecipação da capacidade 
civil de fato de uma pessoa (antecipa os efeitos da maioridade 
civil), atribuindo-lhe plena capacidade jurídica para gerir seus 
negócios e dispor de seus bens. Assim, em casos não relativos 
a enfermidades, há duas formas de obtenção da capacidade 
civil plena: 
 
- Maioridade (atingir os 18anos de idade); 
- Emancipação 
 
6 – EMANCIPAÇÃO 
 
CC, Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da 
vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, 
se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência 
de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor 
com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
 
 A emancipação (CC, art. 5º) pode ocorrer de 3 formas 
distintas: 
 
 A - Emancipação voluntária 
 B - Emancipação judicial 
 C - Emancipação legal 
 
A - Emancipação voluntária 
 
 É a concedida pelos pais por instrumento público 
independentemente de homologação judicial. 
 
É ato dos pais e ato conjunto – Se apenas um dos pais possui a 
guarda, pode emancipar o filho sozinho? Não. É ato proveniente do 
poder de família, o qual não foi perdido quando a guarda passou 
apenas à mãe, ou apenas ao pai. 
 
É ato irrevogável. 
 
Pressupõe um mínimo de 16 anos de idade. 
O menor deve participar do ato, deve querer a emancipação, 
mesmo sendo esta um ato decorrente do poder familiar, pois atingirá 
toda a vida do menor. 
 
Para Carlos Roberto Gonçalves e para o STF, com o objetivo de 
evitar prejuízo à vítima, na emancipação voluntária os pais 
permanecem responsáveis pelos atos do filho até que complete 18 
anos de idade. 
 
B - Emancipação judicial 
 
A emancipação será requerida ao juiz, que analisará a 
conveniência do deferimento para o bem do menor e, assim 
decidindo, a concederá por sentença. 
 
É aplicada especialmente aos menores órfãos. 
 
Na emancipação judicial, desde que o menor tenha 16 anos 
completos, o juiz poderá emancipá-lo ouvindo o tutor. 
 
O JUIZ ouve o tutor e emancipa o menor, nunca é o tutor que 
emancipa o menor!! Evita-se assim as emancipações destinadas 
apenas a eximir o tutor do exercício da tutela. 
 
Tanto a emancipação judicial quanto a voluntária só produzirão 
efeitos após o registro no cartório de registro civil e no assento de 
nascimento. Na emancipação judicial deverá o juiz comunicar de 
ofício ao cartório de registro civil. 
 
C - Emancipação Legal 
 
Opera-se por força de lei. CC, art. 5º, parágrafo único, incisos 
II a IV: 
 
C.1 – Se dá por meio do casamento. 
 
 Casamento exige idade mínima de 16 anos – se emancipará em 
virtude do casamento. 
 
 *A pessoa que se emancipou pelo casamento, se vier a se 
separar* (EC 66/2010) ou divorciar, voltará ao estado de 
incapacidade? Não. A separação e o divórcio produzem efeitos para o 
futuro. A pessoa permanece emancipada. 
 
 *E se o casamento houver sido anulado? Polêmica! Para Pontes 
de Miranda e Pablo Stolze, a anulação gera efeitos ex tunc, 
retroativos, gera efeitos para o passado, assim, a emancipação cairia 
por terra. Ex: Pessoa que casou sob coação – emancipação deixará 
de existir. Casamento nulo não produz efeitos – Exceção: casamento 
putativo (CC, art. 1.561 – A boa-fé “limpará” os defeitos do 
casamento para quem assim o contraiu). 
 
C.2 – Por meio de exercício de emprego público efetivo. 
 
 *Muito raro. A maioria dos concursos tem como requisito a 
idade mínima de 18 anos. Na carreira militar, por exemplo, há cargos 
que podem ser ocupados com 17 anos – será emancipado. 
 
C.3 – Por colação de grau em curso de ensino superior. 
 
Por COLAÇÃO DE GRAU em curso de ensino superior! Não por 
aprovação em vestibular de curso de ensino superior – questão de 
concurso. 
 
C.4 – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que em função deles 
o menor com 16 anos completos já possua economia própria. 
 
 MENOR --------------- 16 anos completos + economia própria. 
 
Economia própria em um conceito aberto = estabelecimento 
civil, estabelecimento comercial, relação de emprego. 
 
 Conceito aberto = Juiz, pelo princípio da operabilidade, 
preencherá esse conceito de acordo com o caso concreto. 
 
 Estabelecimento comercial = Ex.: Estabelecimento 
empresarial. 
 
 Estabelecimento civil = Ex.: Prestação de serviços. 
 Relação de emprego = Ex.: Empregado. 
 
Tendo a idade mínima de 16 anos, se empregado, o jovem 
estará emancipado. Não carece de anotação na CTPS (Contrato de 
trabalho é “contrato realidade”). Se o menor é demitido antes de 
completar a maioridade não volta à condição de incapaz – situação de 
instabilidade jurídica e já comprovação da maturidade. 
 
 
7 – OBSERVAÇÕES QUANTO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE 
CIVIL 
 
 
 A redução da maioridade civil não prejudica benefícios penais – 
princípio da individualização da pena. *Crimes cometidos por 
menores de 21 anos possuem atenuante de menor idade. 
 Campo previdenciário: Enunciado nº 3 da 1ª Jornada de Direito 
Civil e nota nº 42 de 2003 da Casa Civil do Governo Federal: 
Determinam que a redução da maioridade civil não atinge a 
legislação previdenciária que é legislação especial, assim o 
beneficiado continua, por exemplo, recebendo auxílio por morte 
até os 21 anos de idade. 
 
 E.C.A. – STJ determinou no julgado HC 28332/RJ que a redução 
da maioridade civil não alterou o limite máximo etário de 21 
anos para a medida de internamento. 
 
 STJ entende que a redução da maioridade civil não implica no 
cancelamento automático da pensão alimentícia. A obrigação de 
pagar alimentos engloba o tempo de conclusão dos estudos, o 
que gira em torno dos 21 anos. 
 
 
PENSÃO ALIMENTÍCIA. MAIORIDADE. FILHO. Trata-se de remessa pela 
Terceira Turma de recurso em ação revisional de alimentos em que a 
controvérsia cinge-se em saber se, atingida a maioridade, cessa 
automaticamente ou não o dever de alimentar do pai em relação ao filho. 
Prosseguindo o julgamento, a Seção, por maioria, proveu o recurso, 
entendendo que, com a maioridade do filho, a pensão alimentícia não pode 
cessar automaticamente. O pai terá de fazer o procedimento judicial para 
exonerar-se ou não da obrigação de dar pensão ao filho. Explicitou-se que 
completar a maioridade de 18 anos não significa que o filho não irá 
depender do pai. Precedentes citados: REsp 347.010/SP, DJ 10.02.2003 e 
REsp 306.791/SP, DJ 26/08/2002. REsp 442. 502/SP, Rel. Originário Min. 
Castro Filho, Rel. Para acórdão Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado em 
06.12.2004. 
 
ALIMENTOS. MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA 
DA PENSÃO. INADMISSIBILIDADE. Com a maioridade, extingue-se o poder 
familiar, mas não cessa, desde logo o dever de prestar alimentos, fundado a 
partir de então no parentesco. É vedada a exoneração automática do 
alimentante, sem possibilitar ao alimentado a oportunidade de manifestar-
se e comprovar, se for o caso, a impossibilidade de prover a própria 
subsistência. Precedentes do STJ. Recurso especial não conhecido. (REsp 
739.004/DF, Rel. Ministro Barros Monteiro, Quarta Turma, julgado em 
15.09.2005, DJ 24.10.2005). 
 
HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIMENTOS. A jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que a maioridade dos filhos 
não acarreta a exoneração automática da obrigação de prestar alimentos. 
Ordem denegada. (HC 55.065/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, Terceira Turma, 
julgado em 10.10.2006, DJ 27.11.2006) 
 
HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS.PRECEDENTES DA CORTE. 1. O habeas corpus, na linha da jurisprudência 
da Corte, não constitui via adequada para o exame aprofundado de provas 
indispensáveis à verificação da capacidade financeira do paciente para 
pagar os alimentos no montante fixado. 2. A maioridade do credor dos 
alimentos não exonera, por si só, a obrigação do devedor. 3. A propositura 
da ação revisional de alimentos não impede a prisão civil do devedor de 
alimentos. 4. “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante 
é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da 
execução e as que se vencerem no curso do processo” (Súmula nº 309 STJ 
– atual redação aprovada em 22.03.2007 pela Segunda Seção). 
5. Ordem concedida em parte. (HC 55.606/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto 
Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 05.09.2006, DJ 13.11.2006). 
 
RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. 
MAIORIDADE DO ALIMENTANDO. MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE 
PARA RECORRER. O Ministério Público não detém legitimidade para recorrer 
contra decisão em que se discute alimentos quando o alimentando houver 
alcançado a maioridade. Recurso Especial não conhecido. (REsp 
712.175/DF; Rel. Ministro César Asfor Rocha, Quarta Turma, julgado em 
18.10.2005, DJ 08.05.2006). 
 
HABEAS CORPUS. ECA. INTERNAÇÃO. LIBERAÇÃO COMPULSÓRIA. IDADE 
LIMITE, 21 ANOS. NOVO CÓDIGO CIVIL. REDUÇÃO DA IDADE DA 
CAPACIDADE CIVIL. DESINFLUÊNCIA NA MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RESTRIÇÃO. ATIVIDADES EXTERNAS. 
INOCORRÊNCIA. 1. O Novo Código Civil, ao reduzir a idade da capacidade 
civil, não revogou o artigo 121, parágrafo 5º, do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que fixa a idade de 21 anos para a liberação compulsória do 
infrator. 2. Ajustada a execução da medida sócio-afetiva de internação ao 
artigo 121, parágrafo 5º, da Lei nº 8.069/90, não há falar em 
constrangimento ilegal (Precedentes da Corte). 3. Conquanto o artigo 120 
da Lei 8.069/90 dispense autorização do juiz para a realização de atividades 
externas pelo menor sujeito à medida sócio-educativa de semiliberdade, tal 
não implica a exoneração do magistrado do seu dever legal de presidir o 
bom cumprimento do comando da sentença, adequando a medida sócio 
educativa às peculiaridades do menor e ao próprio ato infracional por ele 
perpetrado (Precedentes da Corte). 4. Writ denegado. (HC 28.332/RJ, Rel. 
Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, julgado em 28.09.2004, DJ 
01.02.2005) 
 
 
8 - EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL 
 
 Finda a existência da pessoa natural com a morte – CC, 
art. 6º. 
 
CC, Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em 
que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 Antes : morte = parada cárdio respiratória. 
 Hoje : morte = morte encefálica - irreversibilidade (Resolução 
1480/97 do Conselho Federal de Medicina e Lei 9.434/97 – Lei dos 
Transplantes). 
 
 Quem declara o óbito é um profissional da medicina, um 
médico, todavia, nos locais em que não houver médico, a morte pode 
ser aferida por duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou 
verificado a morte (Lei 6.015/73 - Lei de Registros Públicos, art. 77) 
 
 Doutrinariamente pode-se falar em 4 espécies de morte: 
 
 Morte real 
 Morte simultânea ou comoriência 
 Morte civil** (não mais existente em nosso 
ordenamento jurídico) 
 Morte presumida 
 
8.1 – Morte Real 
 
 Aquela prevista no CC, art. 6º. Gera, dentre outros: 
 
 . Fim do poder familiar 
 . Dissolução do vínculo matrimonial 
 . Extinção de contratos personalíssimos 
 . Extinção da obrigação de pagar alimentos 
 
 
8.2 - Morte Simultânea ou COMORIÊNCIA 
 
 Aquela prevista no artigo 8º do Código Civil. 
CC, Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma 
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes 
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 Situação jurídica especial em que duas ou mais pessoas 
morrem na mesma ocasião sem que haja possibilidade de 
indicação do momento de suas mortes. 
 
 Prova: laudo médico / testemunhas (CPC, art. 131 – “Juiz 
apreciará livremente a prova”). 
 
 A morte não precisa ocorrer no mesmo local. 
 
 Critérios distintos em outros países. 
 
 Não há transferência de bens entre comorientes. 
 Não existindo conclusão sobre a ordem cronológica dos óbitos, 
aplica-se o princípio da comoriência admitindo-se a simultaneidade 
das mortes. 
 
 *Questão sucessória (Exe: Maria e José morrem em acidente de 
avião). 
 
 Na realidade o que ocorre é que nenhum dos comorientes herda 
do outro. 
 
Serão abertas cadeias sucessórias autônomas e distintas. 
 
 
8.3 – Morte Civil 
 
 Não mais existente no sistema civil brasileiro. 
 
 Encontra certo ponto comparativo no Código Civil no art. 1.816 
– Herdeiro declarado indigno será afastado da herança como se 
morto fosse antes da abertura da sucessão. É considerado 
morto apenas para a questão sucessória vinculada à 
indignidade, mantendo a personalidade para todos os demais 
efeitos. 
 
CC, Art. 1.816, caput. São pessoais os efeitos da exclusão; os 
descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele 
morto fosse antes da abertura da sucessão. 
 
 Legislação militar: Indigno do oficialato perde o posto e a 
patente – família pode receber pensão como se ele morto fosse. 
 
 
8.4 - Morte Presumida 
 
 Ocorre em duas situações: 
 
 - Decorrente da ausência – CC, art. 22 ao 39; 
 - Decorrente da previsão do CC, art. 7º 
 
 Ausência é um procedimento, um rito (sucessão provisória – 
sucessão definitiva). 
 
Uma vez reconhecida a ausência de um dos cônjuges pode o 
outro se casar? 
 
 O CC, em seu art. 1.571 admite que o casamento válido seja 
dissolvido por força da ausência, quando aberta a sucessão definitiva 
do ausente. 
 
 No momento em que o juiz declara aberta a sucessão definitiva, 
o ausente é declarado PRESUMIDAMENTE MORTO, portanto, seu 
cônjuge já é considerado viúvo. 
 
A declaração de ausência não é registrada como óbito, mas 
como “declaração de ausência” e em livro próprio. 
 
 Além da ausência, temos a morte presumida nos casos do art. 
7º do CC. 
 
CC, Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem 
decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em 
perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, 
não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses 
casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as 
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento. 
 
 
As hipóteses de morte presumida do art. 7º não se confundem 
com a ausência, tanto que quando é declarada o registro é feito no 
livro de óbito. 
 
Art. 7º, I – Exemplos: Ulysses Guimarães, Acidente da TAM. 
*Se os corpos não fossem encontrados, as famílias conseguiriam uma 
declaração de óbito fundada nesse inciso do art. 7º. 
 
 E se após todo o procedimento o morto voltar?? 
 
 Entrará com ação judicial pedindo a declaração de inexistência 
do fato alegado (morte presumida), o que gerará seus efeitos como 
retorno da validade do RG, CPF…, mas e no caso do cônjuge que se 
casou novamente?? Posição técnica X Posição prática. Tecnicamente 
o segundo casamento é inválido.

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