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HIDROLOGIA Do Original do Prof. VINICIOS BARROS, com alterações Professor Moacir Porto Ferreira INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Onde eu aplico a Hidrologia na Engenharia Civil • Construção de sistemas de drenagem, irrigação agrícola e de dragagens. • Comportamento em sistemas de drenagens urbanas • Calculo e dimensionamento de obras de arte corrente (sarjetas e bueiros) e especiais (pontes) • Avaliação da capacidade dos mananciais de atender a demanda de adução (vide Cantareira...) • Dimensionamento de lagos das barragens hidrelétricas • Avaliação da capacidade do modal hidroviário (cheias e vazantes dos rios). • Avaliação dos perfis de estradas (cortes e aterros) • Entre outros. INTRODUÇÃO Definição É a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas e sua relação com o meio ambiente, incluindo sua relação com a vida. � Hidrologia Científica: Arcabouço da hidrologia � Hidrologia Aplicada: Está voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação da bacia hidrográfica. INTRODUÇÃO Hidrologia Científica • Hidrometeorologia: é a parte da hidrologia que trata da água na atmosfera. • Geomorfologia: trata da análise quantitativa das características do relevo de bacias hidrográficas e sua associação com o escoamento. • Escoamento Superficial: trata do escoamento sobre a superfície da bacia. • Interceptação Vegetal: avalia a interceptação pela cobertura vegetal da bacia hidrográfica. • Infiltração e Escoamento em Meio Não-Saturado: observação e previsão da infiltração e escoamento da água no solo. • Escoamento em Rios, Canais e Reservatórios: observação da vazão dos canais e cursos de água, e do nível dos reservatórios. • Evaporação e Evapotranspiração: perda de água pelas superfícies livres de rios, lagos e reservatórios, e da evapotranspiração das culturas. • Produção e Transporte de Sedimentos: quantificação da erosão do solo. • Qualidade da Água e Meio Ambiente: trata da quantificação de parâmetros físicos, químicos e biológicos da água e sua interação com os seus usos na avaliação do meio ambiente aquático. INTRODUÇÃO Hidrologia Aplicada • Planejamento e Gerenciamento da Bacia Hidrográfica: planejamento e controle do uso dos recursos naturais. • Abastecimento de Água: limitação nas regiões áridas e semi-áridas do país. • Drenagem Urbana: cerca de 75% da população vive em área urbana. Enchentes, produção de sedimentos e problemas de qualidade da água. • Aproveitamento Hidrelétrico: a energia hidrelétrica constitui 92% de toda energia produzida no país. Depende da disponibilidade de água, da sua regularização por obras hidráulicas e o impacto das mesmas sobre o meio ambiente. • Uso do Solo Rural: produção de sedimentos e nutrientes, resultando em perda do solo fértil e assoreamento dos rios. • Controle de Erosão: medidas de combate a erosão do solo. • Controle da Poluição e Qualidade da Água: tratamento dos despejos domésticos e industriais e de cargas de pesticidas de uso agrícola. • Irrigação: a produção agrícola em algumas áreas depende essencialmente da disponibilidade de água. • Navegação. • Recreação e Preservação do Meio Ambiente. • Preservação dos Ecossistemas Aquáticos. INTRODUÇÃO Estudo Hidrológico � Baseiam-se em elementos observados e medidos no campo. � Estabelecimento de postos pluviométricos ou fluviométricos e sua manutenção ininterrupta são condições necessárias ao estudo hidrológico. � Projetos de obras futuras são elaboradas com base em elementos do passado. Importância da Água INTRODUÇÃO Importância da Água � Fator limitante para o desenvolvimento de países. Exemplo: Israel, Territórios Palestinos, Jordânia, Líbia, Malta e Tunísia. www.waterfootprint.org. � Problema que afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento. Exemplo: Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Egito, Argélia, Cingapura, Hungria, Bélgica, França, Espanha, México e EUA. �ONU prevê que metade da população não terá acesso à água limpa a partir de 2025. Hoje já afeta 20% da população mundial (aproximadamente 1 bilhão de pessoas). INTRODUÇÃO Importância da Água � América do Sul conta com abundantes recursos hídricos. No entanto, o baixo rendimento de utilização, gerenciamento, contaminação e degradação ambiental, ocasionam graves problemas de água. Exemplo: Argentina, Peru e Chile enfrentam sérios problemas de disponibilidade e contaminação da água por efluentes agro-industriais. � Alerta de organismos internacionais indicam que nos próximos 25 anos, aproximadamente 3 bilhões de pessoas poderão viver em regiões com extrema falta de água, inclusive para o consumo. INTRODUÇÃO Importância da Água � 12% da água doce está no Brasil (país mais rico desse recurso). � E o Brasil? Como estamos? �36% das moradias (aproximadamente 20 milhões de residências), não tem acesso à água. � Enquanto em outros países existem bancos de dados do potencial hídrico subterrâneo, aqui o tema é tratado com meros palpites e avaliações grosseiras. Saímos do 1º lugar para a 23ª posição quando contrastamos a distribuição espacial das reservas com a distribuição espacial da população INTRODUÇÃO Lei 9433/97 – Lei das Águas � Instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH. �Criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos – SNGRH. �Instituiu que a “COLABORAÇÃO” é fundamental para o futuro da disponibilidade hídrica. �Com isso cria um sistema de gestão dotado de: ❑Descentralização; ❑Participação; ❑Integração; ❑Coordenação; ❑Financiamento Compartilhado. INTRODUÇÃO Lei 9433/97 – Lei das Águas ❑Descentralização e Participação: A gestão dos recursos hídricos deixa de ser responsabilidade de um pequeno conjunto de órgãos públicos e passa a ser atribuída à União, aos Estados, aos Municípios, aos Usuários e à Sociedade Civil. ❑Integração: Para que o sistema de gestão dos recursos hídricos proporcione resultados satisfatórios, será necessário estabelecer mecanismos de integração das organizações de recursos hídricos. ❑Coordenação: Adequada gestão dos recursos hídricos depende do estabelecimento de uma instituição central coordenadora. ❑Financiamento Compartilhado: A cobrança pelo uso dos recursos hídricos garantirá a autonomia financeira das entidades gestoras e a sustentabilidade das operações, além de promover o uso racional desse recurso. A cobrança será aplicada segundo a orientação dos planos de bacia e obedecerá ao “Princípio Usuário Poluidor Pagador”. INTRODUÇÃO Lei 9433/97 – Lei das Águas A unidade de planejamento e gestão da água passa a ser a bacia hidrográfica, e o fórum de decisão no âmbito de cada bacia, sendo o comitê. Este sendo constituído por representantes dos usuários de recursos hídricos, da sociedade civil organizada e dos três níveis de governo. � Fundamento da PNRH (Artigo 1º da Lei) I – A água é um bem de domínio público. II – A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. III – Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação dos animais. IV – A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. V – A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da PNRH. VI – A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do poder público, dos usuários e das comunidades. Possível questão de prova... INTRODUÇÃO Lei 9433/97 – Lei das Águas � Instrumentos da PNRH (Artigo 5º da Lei) I – Os planos de recursos hídricos. II – O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água (Lei ambiental criará asclasses). III – A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos. IV – A cobrança pelo uso de recursos hídricos. V – A compensação aos municípios. VI – Sistema de informação sobre recursos hídricos. Possível questão de prova... INTRODUÇÃO Usos Múltiplos da Água Em função de suas qualidades e quantidades, a água propicia vários tipos de uso, isto é, múltiplos usos. O uso dos recursos hídricos por cada setor pode ser classificada como consuntivo e não consuntivo. a) Uso Consuntivo. É quando, durante o uso, é retirado uma determinada quantidade de água dos manaciais e depois de utilizada, uma quantidade menor e/ou com qualidade inferior é devolvida, ou seja, parte da água retirada é consumida durante seu uso. Exemplos: abastecimento, irrigação. b) Uso Não Consuntivo. É aquele uso em que é retirado uma parte de água dos mananciais e depois de utilizada, é devolvida a esses mananciais a mesma quantidade e com a mesma qualidade, ou ainda nos usos em que a água serve apenas como veículo para uma certa atividade, ou seja, a água não é consumida durante seu uso. Exemplos: pesca, navegação. CICLO HIDROLÓGICO CICLO HIDROLÓGICO Ciclo da Água É o fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre. Componentes do ciclo hidrológico CICLO HIDROLÓGICO Evapotranspiração A água que se infiltra no solo é sujeita a evaporação direta para a atmosfera e é absorvida pela vegetação, que através da transpiração, a devolve à atmosfera. Este processo chamado evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja, na zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como água. Movimentação de água no perfil do solo CICLO HIDROLÓGICO Resumo do ciclo hidrológico: a) circulação da água, do oceano, através da atmosfera, para o continente; retorno, após a detenção em vários pontos, para o oceano, através de escoamentos superficiais ou subterrâneos e, em parte pela própria atmosfera; e b) curtos-circuitos que excluem segmentos diversos do ciclo completo, como por exemplo a movimentação da água do solo e da superfície terrestre para a atmosfera, sem passar pelo oceano. CICLO HIDROLÓGICO Equação Hidrológica I – O = ΔS I - (entradas) incluindo todo o escoamento superficial por meio de canais e sobre a superfície do solo, o escoamento subterrâneo, ou seja, a entrada de água através dos limites subterrâneos do volume de controle, devido ao movimento lateral da água do subsolo, e a precipitação sobre a superfície do solo; O - saídas de água do volume de controle, devido ao escoamento superficial, ao escoamento subterrâneo, à evaporação e à transpiração das plantas; e ΔS - variação no armazenamento nas várias formas de retenção, no volume de controle. Possível questão de prova... CICLO HIDROLÓGICO O ciclo hidrológico é um meio conveniente de apresentar os fenômenos hidrológicos, servindo também para dar ênfase às quatro fases básicas de interesse do engenheiro, que são: precipitação (P); escoamento subterrâneo (Esub); evaporação e transpiração (ET); escoamento superficial (ES). I – O = ΔS I = O P + ESub = ET + ES CICLO HIDROLÓGICO Embora possa parecer um mecanismo contínuo, com a água se movendo de uma forma permanente e com uma taxa constante, é na realidade bastante diferente, pois o movimento da água em cada uma das fases do ciclo é feito de um modo bastante aleatório, variando tanto no espaço como no tempo. Em determinadas ocasiões, a natureza parece trabalhar em excesso, quando provoca chuvas torrenciais que ultrapassam a capacidade dos cursos d’água provocando inundações. Em outras ocasiões parece que todo o mecanismo do ciclo parou completamente e com ele a precipitação e o escoamento superficial. E são precisamente estes extremos de enchente e de seca que mais interessam aos engenheiros, pois muitos dos projetos de Engenharia Hidráulica são realizados com a finalidade de proteção contra estes mesmos extremos. CICLO HIDROLÓGICO Antes de fazermos o exercício, vamos nos lembrar de uma tabela de conversão de áreas e volumes... Comprimento Área Volume CICLO HIDROLÓGICO ...e, no caso de volume de chuvas e áreas de atuação, as conversões mais comuns que precisamos saber: 1 mm chuva 1 litro / m² 1 m³ 1000 litros (10³ litros = 10³ dm³) 1 km² 1.000.000 m² CICLO HIDROLÓGICO Exercícios: 1) Uma barragem irá abastecer uma cidade de 100.000 habitantes e uma área irrigada de 5.000 ha. Verificar, através de um balanço hídrico anual, se o local escolhido para a barragem tem condições de atender à demanda, quando esta for construída. Informações disponíveis: - área da bacia (Ab) = 300 km 2; - precipitação média anual (Pm) = 1.300 mm/ano; - evapotranspiração total (ET) para situação com a barragem pronta = 1.000 mm/ano; - demanda da cidade = 150 L/(hab x dia); �demanda da área irrigada = 9.000 m3/(ha x ano). CICLO HIDROLÓGICO Informações disponíveis: - área da bacia (Ab) = 300 km 2; - precipitação média anual (Pm) = 1.300 mm/ano; - evapotranspiração total (ET) para situação com a barragem pronta = 1.000 mm/ano; - demanda da cidade = 150 L/(hab x dia); �demanda da área irrigada = 9.000 m3/(ha x ano). Solução: Volume precipitado: VP = 1.300 x 10 -3 x 300 x 106 = 390 x 106 m3 Volume perdido por evapotranspiração: VET = 1.000 x 10 -3 x 300 x 106 = 300 x 106 m3 Volume escoado: VE = VP – VET = (390 – 300) x 10 6 = 90 x 106 m3 Demanda da cidade: VDC = 100.000 x 150 x 10 -3 x 365 = 5,475 x 106 m3 Demanda da área irrigada: VDI = 5.000 x 9.000 = 45 x 10 6 m3 Demanda total: VDT = (5,475 + 45) x 10 6 = 50,475 x 106m3 VE > VDT ∴ Atende à demanda. Atenção às conversões é fundamental para o correto dimensionam ento. Normalmente os problemas são bem simples. Mas as conversões mostram-se preocupantes no momento do cálculo. CICLO HIDROLÓGICO Exercícios: 2) Uma bacia hidrográfica de 25 km2 de área recebe uma precipitação média anual de 1.200 mm. Considerando que as perdas médias anuais por evapotranspiração valem 800 mm, determinar a vazão média de longo período na exutória, em m3/s. Solução: Volume precipitado: VP = 1.200 x 10(-3) x 25 x 10(6) = 30 x 10(6) m3/ano Volume perdido por evapotranspiração: VET = 800 x 10-3 x 25 x 10(6) = 20 x 10(6) m3 Volume escoado: VE = VP – VET = (30 – 20) x 10(6) = 10 x 10(6) m3 Transformando volume escoado em vazão: ∴ Q = 0,317 m3/s BACIA HIDROGRÁFICA BACIA HIDROGRÁFICA Bacia Hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso d’água ou por um sistema conectado de cursos d’água, tal que toda a vazão efluente seja descarregada por uma simples saída. Esquema de bacias hidrográficas Uma bacia hidrográfica compreende toda a área de captação natural da água da chuva que proporciona escoamento superficial para o canal principal e seus tributários. O limite superior de uma bacia hidrográfica é o divisor de águas (divisor topográfico), e a delimitação inferior é a saída da bacia (confluência, exutório). BACIA HIDROGRÁFICA Divisores • Divisor superficial (topográfico) • Divisor freático (subterrâneo) O divisor subterrâneo é mais difícil de ser localizado e varia com o tempo. À medida que o lençol freático (LF) sobe, ele tende ao divisor superficial Corte transversal de bacias hidrográficas BACIA HIDROGRÁFICA A figura apresenta um exemplo de delimitação de uma bacia hidrográfica utilizando o divisor topográfico. Nesta Figura está individualizada a bacia do córrego da Serrinha. Delimitação de uma bacia hidrográfica (linha tracejada) Observação:O divisor subterrâneo só é utilizado em estudos mais complexos de hidrologia subterrânea e estabelece, portanto, os limites dos reservatórios de água subterrânea de onde é derivado o deflúvio básico da bacia. Na prática, assume-se por facilidade que o superficial também é o subterrâneo. BACIA HIDROGRÁFICA ✔ Diferenciar áreas que contribuem para um ponto �Identificando para onde escoa a água sobre o relevo usando como base as curvas de nível. ❑ A água escoa na direção da maior declividade. Assim, as linhas de escoamento são ortogonais às curvas de nível. ❑ Sempre ortogonal às curvas de nível. ❑ Cruza apenas uma vez o curso d’água (no exutório). BACIA HIDROGRÁFICA ✔ Exemplo de Delimitação da Bacia Observação: Bacias hidrográficas são compostas por sub-bacias hidrográficas. Cada sub-bacia é uma bacia hidrográfica que pode ser subdividida em sub-bacias. BACIA HIDROGRÁFICA ✔ Convenções Importantes em Hidrologia BACIA HIDROGRÁFICA 1) Classificação das Bacias No intuito de entender as inter-relações existentes entre os fatores de forma e os processos hidrológicos de uma bacia hidrográfica, torna-se necessário expressar características da bacia em termos quantitativos. As bacias de drenagem podem ser classificadas em: a) Exorreicas: quando o escoamento da água se faz de modo contínuo até o mar, isto é, quando as bacias deságuam diretamente no mar; b) Endorreicas: quando as drenagens são internas e não possuem escoamento até o mar, desembocando em lagos, ou dissipando-se nas areias do deserto; c) Arreicas: quando não há qualquer estruturação em bacias, como nas áreas desérticas; d) Criptorreicas: quando as bacias são subterrâneas. Observação: O comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica é função de suas características morfológicas, ou seja, área, forma, topografia, geologia, solo, cobertura vegetal e etc. BACIA HIDROGRÁFICA ✔Exorreica BACIA HIDROGRÁFICA ✔Endorreica BACIA HIDROGRÁFICA ✔Arreica BACIA HIDROGRÁFICA ✔Criptorreica BACIA HIDROGRÁFICA 2) Classificação dos Cursos D’água Uma maneira utilizada para classificar os cursos d’água é a de tomar como base a constância do escoamento com o que se determinam três tipos: a) Perenes: contém água durante todo o ano ou (pelo menos 90% do ano). O canal é bem definido e o lençol freático mantém uma alimentação contínua e não desce nunca abaixo do leito do curso d’água, mesmo durante as secas mais severas. b) Intermitentes: em geral, escoam durante as estações de chuvas e secam nas de estiagem (50% do período ou menos). Durante as estações chuvosas, transportam todos os tipos de deflúvio, pois o lençol d’água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial e alimentando o curso d’água, o que não ocorre na época de estiagem, quando o lençol freático se encontra em um nível inferior ao do leito. c) Efêmeros: existem apenas durante ou imediatamente após os períodos de precipitação e só transportam escoamento superficial. A superfície freática se encontra sempre a um nível inferior ao do leito fluvial, não havendo a possibilidade de escoamento de deflúvio subterrâneo. BACIA HIDROGRÁFICA 3) Classificação da Forma da Rede de Drenagem Esta classificação está baseada mais em critérios geométricos do que genéticos e engloba os seguintes tipos: a) Dendrítica: lembra a configuração de uma árvore. É típica de regiões onde predominam rochas de resistência uniforme; b) Treliça: composta por rios principais consequentes correndo paralelamente, recebendo afluentes subsequentes que fluem em direção transversal aos primeiros. O controle estrutural é muito acentuado, devido à desigual resistência das rochas. A extensão e a profundidade dos leitos serão maiores sobre rochas menos resistentes, dando formação a vales ladeados por paredes de rochas mais resistentes. Este tipo é encontrado em regiões de rochas sedimentares estratificadas, assim como em áreas de glaciação; c) Retangular: variação do padrão treliça, caracterizado pelo aspecto ortogonal devido às bruscas alterações retangulares nos curso fluviais. Deve-se à ocorrência de falhas e de juntas na estrutura rochosa; d) Paralela: também chamada “cauda equina”, ocorre em regiões de vertentes com acentuada declividade, ou onde existam controles estruturais que favoreçam a formação de correntes fluviais paralelas; BACIA HIDROGRÁFICA ✔Dendrítica a) Dendrítica: lembra a configuração de uma árvore. É típica de regiões onde predominam rochas de resistência uniforme; BACIA HIDROGRÁFICA ✔Treliça Treliça: composta por rios principais consequentes correndo paralelamente, recebendo afluentes subsequentes que fluem em direção transversal aos primeiros. BACIA HIDROGRÁFICA ✔Dendrítica Retangular: variação do padrão treliça, caracterizado pelo aspecto ortogonal devido às bruscas alterações retangulares nos curso fluviais BACIA HIDROGRÁFICA 3) Classificação da Forma da Rede de Drenagem d) Radial: pode desenvolver-se sobre vários tipos e estruturas rochosas, como por exemplo, em áreas vulcânicas; e) Anelar: a drenagem acomoda-se aos afloramentos das rochas menos resistentes. BACIA HIDROGRÁFICA 3) Classificação da Forma da Rede de Drenagem BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica Para entender o funcionamento de uma bacia, torna-se necessário expressar quantitativamente as manifestações de forma (a área da bacia, sua forma geométrica,etc.),de processos (escoamento superficial,deflúvio,etc.) e suas inter-relações. Vários parâmetros físicos foram desenvolvidos, alguns deles aplicáveis à bacia como um todo, enquanto que outros relativos a apenas algumas características do sistema. O importante é reconhecer que nenhum desses parâmetros deve ser entendido como capaz de simplificar a complexa dinâmica da bacia hidrográfica, a qual inclusive tem magnitude temporal. Estas características são importantes para se transferir dados de uma bacia monitorada para uma outra qualitativamente semelhante onde faltam dados ou não é possível a instalação de postos hidrométricos (fluviométricos e pluviométricos). É particularmente importante nas ciências ambientais, pois no Brasil, a densidade de postos fluviométricos é baixa e a maioria deles encontram-se nos grandes cursos d’água, devido a prioridade do governo para a geração de energia hidroelétrica. BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica Estes parâmetros e suas inter-relações podem ser classificados em: a) Parâmetros físicos: área, fator de forma, compacidade, altitute média, declividade média, densidade de drenagem, número de canais, direção e comprimento do escoamento superficial, comprimento da bacia, hipsometria (relação área- altitude), comprimento dos canais, padrão de drenagem, orientação, rugosidade dos canais, dimensão e forma dos vales, índice de circularidade, Lei do Número de Canais (razão de bifurcação), Lei do Comprimento dos Canais (relação entre comprimento médio dos canais e ordem), Lei das Áreas (relação entre área e ordem),etc.. b) Parâmetros geológicos: tipos de rochas, tipos de solos, tipos de sedimentos fluviais, etc.; c) Parâmetros de vegetação: tipos de cobertura vegetal, espécies, densidade, índice de área foliar, biomassa, etc.; BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica a) Parâmetros Físicos • Área de Drenagem É a área plana (projeção horizontal) inclusa entre os seus divisores topográficos. A área de uma bacia é o elemento básico para o cálculo das outras características físicas. É normalmente obtida por planimetria . São muito usados os mapas do IBGE (escala 1:50.000 e 1:100.000). • Declividade O relevo de uma bacia hidrográfica tem grandeinfluência sobre os fatores meteorológicos e hidrológicos, pois a velocidade do escoamento superficial é determinada pela declividade do terreno, enquanto que a temperatura, a precipitação e a evaporação estão também em função da altitude da bacia. Quanto maior a declividade de um terreno, maior a velocidade de escoamento, menor Tc e maior as perspectivas de picos de enchentes. A magnitude desses picos de enchente e a infiltração da água, trazendo como conseqüência, maior ou menor grau de erosão, dependem da declividade média da bacia (determina a maior ou menor velocidade do escoamento superficial), associada à cobertura vegetal, tipo de solo e tipo de uso da terra. BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica • Declividade Ponto mais baixo 20 m Ponto mais alto 480 m Comprimento drenagem = 7km Declividade = 0,066 m/m BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica • Declividade Diferença de altitude entre o início e o fim da drenagem dividida pelo comprimento da drenagem. Tem relação com a velocidade com a qual ocorre o escoamento. Existem alguns procedimentos para se determinar a declividade média do curso d’ água: 1o) Declividade baseada nos extremos (S1): obtida dividindo-se a diferença total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso d’água entre esses dois pontos. Este valor superestima a declividade média do curso d’água e, consequentemente, o pico de cheia. Essa superestimativa será tanto maior quanto maior o número de quedas do rio. 2o) Declividade ponderada (S2): um valor mais representativo que o primeiro consiste em traçar no gráfico uma linha, tal que a área, compreendida entre ela e a abcissa, seja igual à compreendida entre a curva do perfil e a abcissa. 3o) Declividade 15 – 85 (S3): obtida de acordo com o método da declividade baseada nos extremos, porém descartando-se 15% dos trechos inicial e final do curso d’água. Isto se deve, pois a maioria dos cursos d’água têm alta declividade próximo da nascente e torna-se praticamente plano próximo de sua barra. BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica • Forma da Bacia É uma das características da bacia mais difíceis de serem expressas em termos quantitativos. Ela tem efeito sobre o comportamento hidrológico da bacia, como por exemplo, no tempo de concentração (Tc). ❖Tempo de concentração: é definido como sendo o tempo necessário para que a água precipitada no ponto mais distante da bacia escoe até o ponto de controle, exutório ou local de medição. BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica • Forma da Bacia ❖ Coeficiente de compacidade (Kc): é a relação entre o perímetro da bacia e o perímetro de um círculo de mesma área que a bacia. O Kc é sempre um valor > 1 (se fosse 1 a bacia seria um círculo perfeito). Quanto menor o Kc (mais próximo da unidade), mais circular é a bacia, menor o Tc e maior a tendência de haver picos de enchente. ❖ Fator de forma (Kf): é a razão entre a largura média da bacia ( ) e o comprimento do eixo da bacia (L) (da foz ao ponto mais longínquo da área) Quanto menor o Kf, mais comprida é a bacia e portanto, menos sujeita a picos de enchente, pois o Tc é maior e, além disso, fica difícil uma mesma chuva intensa abranger toda a bacia. BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica • Sistema de Drenagem O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários; o estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante, pois ele indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. O padrão de drenagem de uma bacia depende da estrutura geológica do local, tipo de solo, topografia e clima. ❖ Ordem dos cursos d’água. 1) os cursos primários recebem o numero 1; 2) a união de 2 de mesma ordem dá origem a um curso de ordem superior; e 3) a união de 2 de ordem diferente faz com que prevaleça a ordem do maior. ❖ Razão de bifurcação (Rb). Onde: Nu - é o número de segmentos de determinada ordem Nu+1 – é o número de segmentos da ordem imediatamente superior Observação: Quanto maior Rb média, maior o grau de ramificação da rede de drenagem de uma bacia e maior a tendência para o pico de cheia.0 BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica ❖ Densidade de Drenagem (Dd): é uma boa indicação do grau de desenvolvimento de um sistema de drenagem. Expressa a relação entre o comprimento total dos cursos d’água (sejam eles efêmeros, intermitentes ou perenes) de uma bacia e a sua área total. Bacias com drenagem pobre → Dd < 0,5 km/km2 Bacias com drenagem regular → 0,5 ≤ Dd < 1,5 km/km2 Bacias com drenagem boa → 1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km2 Bacias com drenagem muito boa → 2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km2 Bacias excepcionalmente bem drenadas → Dd ≥ 3,5 km/km2 BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica b) Parâmetros Geológicos da Bacia Tem relação direta com a infiltração, armazenamento da água no solo e com a suscetibilidade de erosão dos solos. Tipos de Solo BACIA HIDROGRÁFICA 4) Parâmetros Físicos de uma Bacia Hidrográfica c) Parâmetros Agro-climáticos da Bacia: São caracterizadas principalmente pelo tipo de precipitação e pela cobertura vegetal. BACIA HIDROGRÁFICA ✔ O principal interesse em estudar a bacia hidrográfica é de que suas características constituem um sistema natural de transformação de chuva em vazão. Entrada (Chuva) Sistema (Bacia) Resultado (Exutória) Freqüência de Totais Precipitados O conhecimento das características das precipitações apresenta grande interesse de ordem técnica por sua freqüente aplicação nos projetos hidráulicos. Nos projetos de obras hidráulicas, as dimensões são determinadas em função de considerações de ordem econômica, portanto, corre-se o risco de que a estrutura venha a falhar durante a sua vida útil. É necessário, então, se conhecer este risco. Para isso analisam-se estatisticamente as observações realizadas nos postos hidrométricos, verificando-se com que freqüência elas assumiram cada magnitude. Em seguida, pode-se avaliar as probabilidades teóricas. O objetivo deste estudo é, portanto, associar a magnitude do evento com a sua freqüência de ocorrência. Isto é básico para o dimensionamento de estruturas hidráulicas em função da segurança que as mesmas devam ter. Freqüência de Totais Precipitados A freqüência é uma estimativa da probabilidade e, de um modo geral, será mais utilizada quanto maior for o número de ocorrência. Para se estimar a freqüência para os valores máximos, os dados observados devem ser classificados em ordem decrescente e a cada um atribui-se o seu número de ordem. Para valores mínimos, fazer o inverso. A freqüência com que foi igualado ou superado um evento de ordem m é: Freqüência de Totais Precipitados Inversamente, a probabilidade de NÃO ser igualado ou de não ocorrer é P’ = 1 - P, isso porque as únicas possibilidades são de que ele ocorra ou não dentro de um ano qualquer e assim: no ordem (m) valor F (%) T (anos) 1 90 9 11,1 2 80 18 5,5 3 70 27 3,7 4 65 36 2,8 5 60 45 2,2 6 50 54 1,8 7 45 63 1,6 8 35 72 1,4 9 25 81 1,2 10 20 90 1,1 Freqüência de Totais Precipitados A distribuição geral que associa a freqüência a um valor (magnitude) é atribuída a Ven te Chow: em que: PT = valor da variável (precipitação) associado à freqüência T; = média aritmética da amostra; S = desvio padrão da amostra; e KT = coeficiente de freqüência. É função de dois fatores: T e da distribuição de probabilidade. Em se tratando de séries de totais anuais, é comum se utilizar a distribuição de Gauss (normal), e para séries de valores extremosanuais, a distribuição de Gumbel fornece melhores resultados e é de uso generalizado em hidrologia. Freqüência de Totais Precipitados Distribuição Normal ou de Gauss É uma distribuição simétrica, sendo empregada para condições aleatórias como as precipitações totais anuais. Ao contrário, as precipitações máximas e mínimas seguem distribuições assimétricas. Algumas propriedades importantes da distribuição normal: ✔Apresenta simetria em relação à média; ✔Em se tratando de séries de totais anuais, é comum se utilizar a distribuição de Gauss (normal), e para séries de valores extremos anuais, a distribuição de Gumbel fornece melhores resultados e é de uso generalizado em hidrologia; ✔A função probabilidade é tabelada para associar a variável reduzida e freqüência. ✔O cálculo de T se faz por 1/P=1/F para F<0,5 (mínimo) e por 1/(1-P) = 1/(1-F) para F >= 0,5 (máximo). Freqüência de Totais Precipitados Distribuição de Gumbel ✔ Também conhecida como distribuição de eventos extremos ou de Ficher-Tippett e é aplicada a eventos extremos, em séries anuais; ✔ Quando for de interesse estudar os valores máximos prováveis de um fenômeno, a série anual deve conter os valores máximos observados em cada ano, ordenados no sentido decrescente, que é o caso das precipitações e vazões máximas; ✔Quando for de interesse estudar os valores mínimos prováveis de um fenômeno, a série deverá conter os valores mínimos de cada ano, ordenados de forma crescente; este é o caso das vazões mínimas. Esta distribuição assume que os valores de X são limitados apenas no sentido positivo; a parte superior da distribuição X, ou seja, a parte que trata dos valores máximos menos freqüentes é do tipo exponencial, a função tem a seguinte forma: Freqüência de Totais Precipitados Entende-se por P’, a probabilidade de que o valor extremo seja igual ou superior a um certo valor XT. Então, (1 – P’), será a probabilidade de que o valor extremo seja inferior a XT. O período de retorno do valor XT, ou seja, o número de anos necessários para que o valor máximo iguale ou supere XT é obtido por: (P ≥ PT) sendo PT a precipitação de freqüência conhecida. Substituindo a equação anterior na função de probabilidade, o período de retorno (T) pode ser estimado da seguinte forma: A variável γ é a variável reduzida e o seu valor é deduzido tomando duas vezes o logaritmo neperiano na função de probabilidade. O resultado final desta operação é: Freqüência de Totais Precipitados Empregando-se esta distribuição, as freqüências teóricas podem ser calculadas a partir da média e o desvio padrão da série de valores máximos. Desta forma: em que X = é o valor extremo com período de retorno T; = é a média dos valores extremos; Sx = desvio padrão dos valores extremos; n = número de valores extremos da série; γ = variável reduzida; = média da variável reduzida com n valores extremos; e Sn= desvio padrão da variável γ. Freqüência de Totais Precipitados Risco Dentro deste estudo, uma outra possibilidade a considerar é a de que um certo fenômeno se repita ou não com certa intensidade pelo menos uma vez, porém dentro de N anos. Esse tipo de estudo é particularmente importante quando se analisam eventos (chuvas máximas, enchentes, etc.) para dimensionamento de estruturas hidráulicas de proteção. Neste caso, o valor de T (período de retorno) corresponde a um valor extremo da série anual. Nesses projetos são também considerados fatores econômicos e a ociosidade da estrutura se for superdimensionada. Por isso, um critério para a escolha de T é baseado no chamado risco permissível ou o risco que se quer correr para o caso de ruptura ou falha da estrutura. A probabilidade de que uma precipitação extrema de certa intensidade seja igualada ou superada uma vez dentro de um ano é: Freqüência de Totais Precipitados Risco A probabilidade de não ser superada é: A probabilidade de não ocorrer um valor igual ou maior (ou de não ser superada) dentro de N quaisquer anos é: Por outro lado, a probabilidade de ser superada pelo menos uma vez dentro de N anos é: e portanto: em que: J é denominado o índice de risco. Em outras palavras (J) é a probabilidade de ocorrência de um valor extremo durante N anos de vida útil da estrutura. Exercícios 1) Uma precipitação elevada tem um tempo de recorrência de 5 anos. a) Qual a sua probabilidade de ocorrência no próximo ano? b) Qual a sua probabilidade de ocorrência nos próximos três anos? 2) No projeto de uma estrutura de proteção contra enchentes deseja-se correr um risco de ruptura de 22% para uma vida útil de 50 anos. Qual o período de retorno para o valor de enchente em média esperado? P = 1/T = 1/5 = 0,20 ou 20% n = 3;
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