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V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br 1 www.veterinariandocs.com.br Epidemiologia Introdução Definição: uma ciência que estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença, e seus fatores condicionantes e determinantes, nas populações (estudo do que afeta a população). Utiliza distribuição, freqüência, saúde e doença, medicina preventiva, população, prevenção e controle, saúde pública. Etimologia: Epi: em cima de, sobre Demós: povo, população Sufixo logos: tratado, palavra, discurso, estudo ‗Estudo do que afeta a população‘ *Taxa de Natalidade = Epidemiologia (não precisa necessariamente ser uma enfermidade) -Epidemiologia Veterinária: É a ciência que estuda a apresentação e evolução do estado de saúde e de enfermidade, assim como sua distribuição nas populações animais, tanto espacial como temporalmente. Também se encarrega do estudo dos determinantes associados a esse estado de saúde e enfermidade. (ORTEGA et al., 1995) -Aplicação da Epidemiologia: -Informações sobre a situação de saúde da população; -Determinação das freqüências; 2 www.veterinariandocs.com.br -Estudo da distribuição dos eventos; -Diagnóstico dos problemas de saúde -Investigação sobre os fatores que influenciam; -Investigação sobre os fatores que influenciam; -Avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação; Nível Coletivo: -Planejamento em saúde Nível individual: -Fundamentar decisões e condutas -Diagnóstico clínico - Prescrições -Objetivos Específicos: -Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à saúde; -Entender a causa dos agravos à saúde; -Definir os modos de transmissão; -Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde; -Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças; -Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; -Estabelecer medidas preventivas; -Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde; -Prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde -Determinar a evolução da enfermidade no tempo e no espaço; -Quantificar a contribuição dos determinantes (fatores associados) da enfermidade na apresentação e disseminação da mesma; -Responder a questões de causalidade de enfermidade e/ou determinar os grupos de animais com alto risco de enfermidade; -Proporcionar os elementos essenciais de atuação aplicáveis, com alternativas para lutar contra a enfermidade e preveni-la através da avaliação epidemiológica e econômica de sua possível efetividade. Áreas Temáticas: 1-Doenças infecciosas e enfermidades carenciais: tem como objetivo estudar a doença, tanto no período epidêmico como nos períodos interpidêmicos. 3 www.veterinariandocs.com.br 2-Doenças crônico-degenerativa e outros danos à saúde: antigamente o campo da epidemiologia era praticamente todo voltado à doenças infecciosas, mas com a diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e carenciais, o envelhecimento progressivo da população e a mudança no perfil de morbidade levaram a que o campo de aplicação da epidemiologia fosse ainda mais ampliado. Ao contrário das doenças infecciosas, não há um agente etiológico conhecido, tornando o diagnóstico ainda mais difícil. 3-Os serviços de saúde: assistência aos doentes e as práticas preventivas representam fatores que intervêm na distribuição e na ocorrência das doenças. Estudam a cobertura populacional e qualidade de atendimento. -Subdivisões da Epidemiologia 1-Grupos de Causas: -Epidemiologia Ambiental: É da natureza da epidemiologia o seu envolvimento interdisciplinar. Esta área de conhecimento utiliza o método científico para atingir seus objetivos no estudo da distribuição e determinantes do estado de saúde- doença, incapacidade, morbidade e mortalidade nas populações. A epidemiologia oferece os instrumentos metodológicos para orientar o processo de vigilância ambiental em saúde. -Epidemiologia Ocupacional -Epidemiologia das Doenças Transmissíveis 2- Grupos de Risco 3-Locais Onde é Praticada: -Comunidade -Hospitais / Clínicas 4- Outros: -Epidemiologia Social: É a contestação da visão clássica de Epidemiologia (reducionista, funcionalista e positivista), estudo da determinação social 4 www.veterinariandocs.com.br da doença. Estuda a situação de saúde da população, em especial em regiões subdesenvolvidas. -Epidemiologia Clínica: estuda os fundamentos epidemiológicos modernos, o diagnóstico clínico e os cuidados com o paciente. Usando a estatística também. -Epidemiologia Nutricional: destaca a importância na utilização de metodologia adequada para avaliar a dieta, com instrumentos validados que possam investigar a associação entre dieta-doença. No contexto mundial os fatores nutricionais desempenham importante papel na morbi-mortalidade das doenças crônicas não- transmissíveis. -Epidemiologia Farmacológica -Epidemiologia Molecular -Epidemiologia Comportamental -Definições de Epidemiologia através do Tempo: ―É o campo da ciência médica preocupado com o inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam a freqüência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade.‖ Maxcy (1951) ―A epidemiologia ocupa-se das circunstâncias em que as doenças ocorrem e nas quais elas tendem ou não a florescer... Estas circunstâncias podem ser microbiológicas ou toxicológicas; podem estar baseadas em fatores genéticos, sociais ou ambientais. Mesmo fatores religiosos ou políticos devem ser considerados, desde que se note que têm algumas influências sobre a prevalência da doença. É uma técnica para explorar a ecologia da doença.‖ Paul (1966) ―É o estudo da distribuição e dos determinantes da freqüência de doenças.‖ MacMahon e Pugh (1970) ―É o estudo da distribuição e dos determinantes da saúde em populações.‖ Susser (1973) 5 www.veterinariandocs.com.br ―É uma maneira de aprender a fazer perguntas e colher respostas que levam a novas perguntas... Empregada no estudo da saúde e doença das populações. É a ciência básica da medicina preventiva e comunitária, sendo aplicada a uma variedade de problemas, tanto de serviços de saúde como de saúde.‖ Morris (1975) ―É o campo da ciência que trata dos vários fatores e condições que determinam a ocorrência e a distribuição de saúde, doença, defeito, incapacidade e morte entre os grupos de indivíduos.‖Leavell e Clark (1976) ―É o estudo da freqüência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde.‖ Last (1995) -Métodos de Investigação: -Lógica Indutiva: inferência, é mais utilizado nos estudos quantitativos. Do particular para o geral. -Tipos de Estudo: 1- Estudos Descritivos e Analíticos -Descritivos: Informam sobre a freqüência e a distribuição de um evento. Referem-se à mortalidade e morbidade e mostram as variações que ocorrem não população, no local e no tempo. -Analíticos: Associação de dois eventos. Estabelece explicações para eventual relação. Fatores intrínsecos ou extrínsecos devem ser neutralizados, para que não ocorra erros ‗fator de confusão‘. Ex.: nível de colesterol com seus efeitos (coronariopatia). 2- Estudos Experimentais e Não Experimentais -Experimentais (estudos de Intervenção): Eficácia de intervenções(condutas médicas, medicamentos, cirurgias, vacinas e exames periódicos. -Não Experimentais (estudos de Observação): Pesquisa de situações que ocorrem naturalmente. Observação de indivíduos ou grupos e comparação. 6 www.veterinariandocs.com.br -Freqüência: Número de eventos, taxas (comparação entre diferentes populações) e risco de doença na população. -Distribuição: Tempo (tendência num período, variação sazonal), Lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano-rural), o indivíduo (sexo, idade, raça, utilização). -Determinantes: Busca das causas e dos fatores que influenciam na ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença e implementação de medidas de prevenção e controle. -Populações Específicas: Preocupação com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que vivem em uma comunidade. -Estados ou eventos relacionados à saúde: Originalmente preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas e atualmente abrangência ampliada a todos os agravos -Aplicação: Oferece subsídios para ações de prevenção e controle e instrumento para outras áreas / disciplinas -Aplicações da Epidemiologia: Objetivo: é o de concorrer para reduzir os problemas de saúde, na população. Um importante passo para isso é o conhecimento da distribuição das doenças, dos fatores que determinam essa distribuição e das possibilidades de êxito das intervenções. 1- Informar a situação de saúde da População: inclui a determinação de freqüências, distribuição e diagnósticos. 2- Investigar os fatores que influenciam a situação de saúde: estudo dos determinantes do aparecimento e manutenção dos danos à saúde. 3- Avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação encontrada: ações de segurança, programas e serviços de saúde. *A Epidemiologia complementa o conhecimento produzido através de investigações de laboratório ou de pesquisas de natureza puramente clínica. -Três Aspectos da Prática da Epidemiologia: 1-A população para Estudo: esta pode ser composta de qualquer grupo de unidades. População, comunidade e coletividade são considerados sinônimos em Epidemiologia. 7 www.veterinariandocs.com.br 2-A Aferição dos Eventos e a Expressão dos Resultados: a coleta de dados sobre a freqüência da doença, característica da população, recursos geram uma base factual para investigar-se como as características desta população e os fatores de risco nela encontrados estão associados à ocorrência das doenças. 3-O Controle de Variáveis Confundidoras: A epidemiologia é essencialmente a comparação da freqüência de eventos (coeficientes de mortalidade entre duas populações). Para que tais comparações produzam conclusões úteis, as populações devem ser comparáveis (características iguais). O controle de variáveis como essas se faz na fase de planejamento da pesquisa e na análise de dados. -Perspectiva Histórica: -Louis Pasteur: considerado o pai da bacteriologia, foi umas da figuras mais importantes do século XIX. Foi ele quem assentou as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas, influenciando profundamente a história da Epidemiologia. Identificou muitas bactérias além de fazer trabalhos pioneiros com Imunologia. -Van Leeuwenhoek: formulação da teoria dos germes e descoberta do microscópio. -A Segunda Metade do Século XX: Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve um impressionante desenvolvimento da epidemiologia. 1-Ênfase das Pesquisas: a determinação das condições de saúde da população, a busca sistemática de fatores antecedentes ao aparecimento das doenças, a avaliação da utilidade e da segurança de intervenções. 2-Situação Atual: duas tendências, a Epidemiologia Social e a Epidemiologia Clínica. -Pilares da Epidemiologia Atual: 1-Ciências Biológicas: clínica, patologia, microbiologia, parasitologia e imunologia. 2-Ciências Sociais: A sociedade como está organizada atualmente, embora ofereça proteção aos indivíduos, também determina muitos dos riscos de adoecer, bem como o maior ou menor acesso das pessoas às técnicas de prevenção de doenças, da promoção e recuperação da saúde. 8 www.veterinariandocs.com.br 3-Estatística: é a ciência e a arte de coletar, resumir e analisar dados sujeitos à variações. Oferece o instrumental a ser levado em consideração nas investigações de questões complexas, como a aleatoriedade dos eventos e o controle de variáveis que dificultam o estudo. Saúde e Doença -Doença: derivado do latin e significa ‗dor‘. Falta ou perturbação da saúde. -Morbidade: sinônimo de doença. É a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. -Saúde: situação normal; Estado do que é sadio. OMS: ‗saúde é um completo estado de bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças‘ -Produtividade: medida para substituir a saúde (animais de produção – em Med. Veterinária) Classificação das Doenças quanto à Duração e Etiologia: 1-Infecciosas: -Aguda: As doenças agudas são aquelas que têm um curso acelerado, terminando com convalescença ou morte em menos de três meses. O inicio dos sintomas pode ser abrupto ou insidioso, seguindo-se uma fase de deterioração até um máximo de sintomas e danos, fase de plateau, com manutenção dos sintomas e possivelmente novos picos, uma longa recuperação com desaparecimento gradual dos sintomas, e a convalescência, em que já não há sintomas específicos da doença mas o indivíduo ainda não recuperou totalmente as suas forças. -Crônica: é uma doença que não é resolvida num tempo curto, definido usualmente em três meses. As doenças crônicas são doenças que não põem em risco a vida da pessoa num prazo curto, logo não são emergências médicas. No entanto, elas podem ser extremamente sérias. -Contagiosa -Não Contagiosa -Período de Incubação / Transmissibilidade 2-Não Infecciosas: -Agudas -Crônicas: 9 www.veterinariandocs.com.br -Período Pré-Clinico longo, alterações irreversíveis, não há contágio Sinais / Sintomas: -Sinal: é o que o clínico observa, seja por exame ou anamnese. -Sintoma: é o que o animal sente. *Manifestação Clínica ou Quadro Clínico: sinal + sintoma Infecção: não é sinônimo de enfermidade. É a colonização de um organismo hospedeiro por uma espécie estranha. Em uma infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patógeno, interfere na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas conseqüências. A resposta do hospedeiro é a inflamação. Enfermidade: é a doença com o quadro clínico. Afecção particular que atinge de maneira crônica alguma parte do corpo. Leve indisposição corporal. Debilidade, doença ou outra causa que produza fraqueza. -Transtorno: termo usado em lugar de doença ou de outro vocabulário similar, a fim de causar impacto psicológico menor no doente, ou em quem o acompanha. Medidas de Saúde e Doenças -Necessidade: é a ferramenta central da epidemiologia (comparação entre taxas); -Normalidade: comum, o que é freqüente dentro de uma variação. A definição é baseada em: sinais, sintomas e resultados de testes. -Taxa de Incidência: variação de um fenômeno por unidade de tempo. Ex.: o número de nascimentos ou óbitos por ano, quantidade de glicose (mg) por unidade de sangue circulante. -Incidência Acumulada (taxa de ataque): é a proporção que representa uma estimativa do risco de desenvolvimento deuma doença em uma população, durante um intervalo de tempo determinado. É a expressão do risco médio de adoecimento, referido a um grupo de indivíduos. 10 www.veterinariandocs.com.br -Sobrevida: é a medida complementar à incidência acumulada. É uma estimativa da probabilidade de um indivíduo não morrer, ou, não desenvolver uma doença. -Medidas de Mortalidade: pode ser medida através de taxas ou proporções. Expressa a freqüência de óbitos por uma doença ou problema de saúde. -Prevalência: é definida como a freqüência de casos existentes de uma determinada doença, em uma determinada população e em um dado momento. Os doentes que vierem a falecer antes do período de observação, não são considerados no cômputo da prevalência. A prevalência de uma doença é determinada pela sua incidência e duração, assim como pelos movimentos migratórios. Quanto mais elevada a incidência e/ou a duração de uma doença, mais tender a ser sua prevalência. Aumenta a Prevalência -Doenças Crônicas -Doentes sem Cura -Melhoria de Diagnóstico Diminui a Prevalência: -Doenças Agudas -Casos Fatais -Melhoria na Taxa de Cura *A incidência necessita da prevalência 1-Prevalência Instantânea: mede a proporção de uma população que em um determinado instante apresenta a doença 2-Prevalência Periódica: mede a proporção de uma população que apresentou a doença num espaço de tempo definido. Prevalência Pontual + Casos Novos. PREVALÊNCIA (P) = INCIDÊNCIA (I) X DURAÇÃO DA DOENÇA (D) -Letalidade: dos que eram enfermos, morreram. Tipos de Coeficientes: 1-Geral ou Global: não há especificação, além do tempo e espaço. Ex.: coeficiente geral de mortalidade 2-Específico: no numerador ou denominador apresenta outras especificações além da área e do tempo (gênero, espécies...) Índices: não indica probabilidade de risco Nº de óbitos (causa determinada) x 100 Nº de óbitos por todas as causas 11 www.veterinariandocs.com.br Modelos Explicativos da Biomedicina: Modelo: Representação simplificada e abstrata de fenômeno ou situação concreta, e que serve de referência para a observação, estudo ou análise. Baseado em uma descrição formal de objetos, relações e processos, e que permite, variando parâmetros, simular os efeitos de mudanças de fenômeno que representa. 6 modelos: -Cadeia de Eventos -Modelos Ecológicos -História Natural -Modelos Causais -Etiologia social -Visão sistêmica População (P) Infectados (I) Doentes (D) Doentes Graves (G) Óbitos (O) 12 www.veterinariandocs.com.br 1-Modelo de Cadeia de Eventos: Representação em forma de seqüência de acontecimentos relacionados à saúde e doença. Centrada na figura do agente. Modelo linear. Reservatório Vetor Indivíduo susceptível Ex.: ciclos parasitológicos -Tendência à individualizar as doenças -Acredita-se que descobrindo o ‗causador‘, estará tudo resolvido – Teoria Unicasual -Utilidades do modelo: -Compreende a forma de transmissão (relação entre agente e hospedeiro) -Noção de prevenção (rompimento de um dos elos da cadeia) -Identificação dos pontos fracos -Origem histórica: Descartes (organismo como uma máquina, tendência de individualizar a doença) O método de raciocínio proposto por Descartes no Discurso compõe-se de quatro passos ou preceitos: 1. Receber escrupulosamente as informações, examinando sua racionalidade e sua justificação. Verificar a verdade, a boa procedência daquilo que se investiga – aceitar o que seja indubitável, apenas. 2. Análise, ou divisão do assunto em tantas partes quanto possível e necessário. 3. Síntese, ou elaboração progressiva de conclusões abrangentes e ordenadas a partir de objetos mais simples e fáceis até os mais complexos e difíceis. 4. Enumerar e revisar minuciosamente as conclusões, garantindo que nada seja omitido e que a coerência geral exista. 13 www.veterinariandocs.com.br Teoria Miasmática: teoria miasmática, os ambientes onde predominavam a sujeira e a concentração populacional favoreciam o surgimento de males e epidemias. Para combater as doenças miasmáticas, os médicos higienistas propunham a expulsão dos equipamentos insalubres, um novo recorte do espaço urbano, a reorganização do espaço doméstico e medidas de saneamento — higiene total, limpeza profunda do meio físico e social. Fontes de Infecção: • Enfermos – Típicos: sintomas característicos – Atípicos: os sintomas não são característicos por causa da severidade ou benignidade da doença – Prodrômicos: o animal está doente, mas os sintomas não são claros. Ex. bovinos na fase inicial da febre aftosa pode manifestar apenas febre ou diminuição apetite ou dificuldade na apreensão de alimento. • Portadores – Em incubação: é um indivíduo que não teve a doença, não tem mas, que manifestará uma vez superado o período de incubação da doença – Convalescente: é um indivíduo que teve a doença, não tem mais, mas, elimina o agente da doença. Ex. helmintoses, babesiose, anaplasmose – Sadio: É um indivíduo que não teve a doença, não tem e não terá em decorrência de imunidade. Ex: Bovino vacinado contra febre aftosa e que tenha sido exposto ao vírus da febre aftosa que causa infecção apenas. – Subclínico • Reservatórios – Ecológico – vetores – Epidemiológico – silvestres – Adicional – solo Portas de entrada • Vias de eliminação 1. Secreção oro – nasal. Ex. agentes de doenças respiratórias ou da mucosa oral 2.Fezes 3.Sangue 4.Urina 14 www.veterinariandocs.com.br 5.Leite 6. Descargas purulentas 7. Descamações cutâneas • Vias de transmissão a. Contagio direto: agentes pouco ou nada resistentes às condições do meio ambiente. b. Contagio indireto: há a interposição de um veículo inanimado. Este contágio se processa por: fômites, ar, poeiras, entre outras partículas suspensas no ar. c. Vetores: São usualmente representados por artrópodes. Podem ser Mecânico e Biológico. São os tipos de vetores: Mecânico (ex. Musca domestica) e Biológico. d. Hospedeiro intercalado: realização de uma fase do ciclo biológico do parasito no interior de seu organismo. Ex. caramujo para os agentes de Fasciolose e Schistosomose. e. Alimentos. f. Água: dentre os alimentos é a água que está mais sujeita à contaminação. g.Solo h. Produtos biológicos: podem carrear agentes de doenças principalmente se forem produzidos em animais acidentalmente infectados ou cultivos celulares. Ex. vacinas, medicamentos. i. Produtos de reprodução: sêmen e embriões j. Transmissão transplacentária ou intrauterina: o feto é capaz de proteger-se contra infecções, mas é menos capaz que o adulto, porque embora não seja totalmente indefeso, seu sistema imune não estão com sua total capacidade de funcionamento e conseqüentemente vários processos que são inaparentes ou brandos para a mãe podem ser severos ou letais no feto. Ex. brucelose bovina, leptospirose bovina. Limitações do Modelo Cadeia de Eventos: • Insuficiente para representar toda realidade do processo saúde-doença • Não cogita a participação de outros fatores – Ligados às características do hospedeiro • Suscetibilidade e grau de exposição • Unicausalidade • Engloba apenas dimensão individual • Não trata a doença do ponto de vista social 15 www.veterinariandocs.com.br • Não nota inter-relações entre saúde e condições de vida 2-ModelosEcológicos: -Dupla Ecológica: Hospedeiro e Ambiente • Análise do processo saúde-doença • Localização racional das intervenções -Tríade Ecológica: Agente, Hospedeiro e Ambiente • Referencial clássico da biomedicina • Explicativo para patogênese de doenças infecciosas e parasitárias • Componentes ecológicos das enfermidades Características do Agente: • Morfologia • Dose do agente • Imunogenicidade (capacidade de induzir resposta) • Infectividade (capacidade de penetração, multiplicação) • Patogenicidade (lesões, manifestações clínicas) • Virulência (severidade lesões, intensidade das manifestações clínicas) • Variabilidade (adaptação a condições diversas) • Viabilidade (resistência ao meio) • Persistência (permanência na população) Características do Hospedeiro: • Características Próprias – Espécie – Raça – Sexo – Idade – Suscetibilidade – Imunidade • Ativa – Natural – Artificial • Passiva – Natural – Artificial Características variáveis: 16 www.veterinariandocs.com.br – Estado fisiológico – Utilização – Densidade Características do Ambiente: • Componentes físicos: – Clima (temperatura, umidade, radiação, chuvas/secas, corrente de ar) – Hidrografia – Topografia – Solo • Componentes biológicos; – Flora – Fauna – Componentes sócio-culturais e econômicos: – Hábitos e costumes – Estrutura da produção – Comercialização – Consciência da comunidade – Vias de comunicação – Manejo – Higiene ambiental – Grau de utilização da tecnologia Críticas ao modelo: • Igualdade de importância aos elementos da tríade – Raramente corresponde à realidade • Problemas quando não se conhece um agente específico –Doenças crônico-degenerativas –Explicados por complexo de fatores associados, em que nenhum é considerado indispensável 3-Modelos Causais: 17 www.veterinariandocs.com.br Multicausalidade: • Doença multifatorial • Causa suficiente – Compreende conjunto de componentes causais • Causa necessária – Causa componente que aparece em todas as causas suficientes Critérios de Interpretação de uma relação causal: Postulados de Koch (1882) 1. O agente deve estar presente em cada doença, determinado por isolamento em cultura. 2. O agente não deve ser encontrado em casos de outra doença. 3. Uma vez isolado, o agente deve ser capaz de reproduzir a doença, experimentalmente em animais. 4. O agente deve ser recuperado na doença induzida experimentalmente. Causalidade • Postulados de Koch (final séc. XIX) – Microorganismos como causas únicas das enfermidades • Postulados de Evans (1976) – Associação entre fator causal hipotético e a exposição Associação • Associação não causal • Associação causal – Associação direta – Associação indireta 18 www.veterinariandocs.com.br Rede de Causalidade: • Rede, emaranhado, teia, trama • Fatores associados – Proximais – Intermediários – Distais • Seqüência lógica • Doença não é produto de um único fator ou exposição, mas conseqüência de numerosos eventos ou cadeias de acontecimentos • A eliminação ou controle de um fator antecedente causal tende a reduzir a incidência da doença. Fatores na Causação: 1- Fatores predisponentes: criam estado de suscetibilidade Ex.: Idade, sexo, doença prévia 2- Fatores facilitadores: favorecem o desenvolvimento da doença Ex.: Baixa renda, má nutrição,habitação deficiente, cuidados, médicos inadequados 19 www.veterinariandocs.com.br 3- Fatores precipitantes: princípio de doença Ex.: Exposição a um agente específico de doença 4- Fatores agravantes: agrava ou estabelece a doença Ex.: Exposição repetida Critérios de Causalidade (Hill): -Seqüência cronológica: A exposição ao fator de risco deve anteceder o aparecimento da doença -Força da associação: A incidência da doença deve ser significativamente mais elevada nos indivíduos expostos do que nos não expostos (risco) -Relação dose-resposta: Relação entre intensidade (ou duração) da exposição e a ocorrência (ou gravidade) da doença -Consistência: Os resultados devem ser confirmados por diferentes pesquisadores, usando diferentes métodos, em diferentes populações -Plausibilidade: Os fatos novos enquadram-se, coerentemente, no conhecimento já existente -Analogia / Coerência: Presença de antecedentes na literatura que permitam estabelecer a causalidade em outras situações similares -Especificidade: Uma causa leva a um único efeito e não a múltiplos efeitos. A remoção da causa reduz o risco -Evidência experimental: Possibilidade da relação causal de ser testada mediante modelo experimental bem conduzido 4- Modelo Processual (História Natural da Doença): História Natural da Doença: • Crítica à teoria monocausal – Útil para estudar evolução clínica de agravo – Enfermidades infecciosas e não infecciosas – Incorpora • Princípios de ecologia • Idéia de multicausalidade • Cenário de aparecimento do modelo processual – EUA década de 1940 • Alto custo pela especialização e tecnologia da prática médica (Relatório Flexner - 1910) 20 www.veterinariandocs.com.br • Crise econômica • Abertura departamentos de Medicina Preventiva • Ênfase na prevenção • Saúde e doença como metáfora gradualista • Níveis de intervenção Pressupostos conceituais: – A doença é um processo dinâmico – O tempo é uma variável imanente ao processo – O vocábulo natural tem a conotação de progresso sem intervenção Fases ou Períodos da História Natural das Doenças: • Pré-patogênico: Há condições para o desenvolvimento do agravo e ainda não há a doença propriamente dita • Agentes físicos e químicos • Biopatógenos • Agentes nutricionais • Agentes genéticos • Determinantes econômicos • Determinantes culturais 21 www.veterinariandocs.com.br • Determinantes ecológicos • Determinantes biológicos • Determinantes psicossociais • Patogênico: -Fase patológica pré-clínica: – Ausência de quadro clínico – Alterações patológicas -Fase clínica: – Manifestações clínicas – Doença em estágio adiantado -Fase de incapacidade residual – Seqüelas: • Interação agente-sujeito • Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas – Horizonte clínico – Período de incubação ou latência • Quadro clínico • Desfecho – Cura – Cronicidade – Invalidez permanente – Morte Principais críticas ao modelo processual: • Foco principal na causa imediata – Não permite compreensão da complexidade com inter-relações e interdependências dos elementos – Ênfase nos aspectos estritamente biológicos da doença • Não aprofunda a análise das condições sociais e estruturais da sociedade • Problemas de aplicação do esquema a situações reais – Dificuldade de distinção entre as fases • Não leva em consideração os avanços das pesquisas epidemiológicas relacionadas aos fatores de risco 5-Modelo da Etiologia Social: 1. Relação entre agravos à saúde e processos sociais, econômicos e políticos 22 www.veterinariandocs.com.br – Forte componente sócio-político – Doença como conseqüência da estrutura social 2. Influência dos fatores comportamentais na etiologia – Fatores de risco – Responsabilidade individual • Categorias dacausação social: – Causas sociais básicas • Elementos sócio-estruturais da sociedade • Classe, raça, sexo, educação – Causas sociais próximas • Vizinhança, migração, ambiente de trabalho – Causas sociais mediadoras • Apoio social, rede social, estado civil • Níveis de manifestação do processo: – Individual ou singular: •Variações entre pessoas e pequenos grupos que diferenciam por atributos individuais (idade, sexo, religião, escolaridade,...) – Do grupo social: •Variações entre classes sociais (perfis de mortalidade e morbidade) – Da estrutura social: •Perfis de morbi-mortalidade peculiares de uma sociedade em relação a outras Origens históricas da determinação social: • Século XVIII, Europa Ocidental – Medicina de Estado • Alemanha – começo século XVIII – Medicina urbana • França – fins do século XVIII – Medicina da força de trabalho • Inglaterra – século XIX Cenário de surgimento da determinação social: • Crise econômica e política década de1960 • Diminuição do gasto social do Estado capitalista 23 www.veterinariandocs.com.br • Medicina curativa – Altos custos – Baixa eficácia – Limitações nas explicações entre diferentes grupos sociais Limitações da Determinação Social: • As causas dos fenômenos relacionados à saúde e doença se reduzem à explicação social. 6-Modelo da Visão Sistêmica: Abordagem Sistêmica de Saúde: • Conjunto de elementos conectados entre si por uma relação coerente – estrutura organizada • Cada sistema apresenta um nível de organização Visão Sistêmica: • Teoria Geral dos Sistemas (TGS) • Bertalanffy (1975) • Reorientação do pensamento científico a uma larga escala • Compreensão das coisas: – Interação dinâmica das partes na formação da totalidade em uma complexidade organizada • Biologia – organismo como uma totalidade ou sistema – descoberta de princípios de organização em seus vários níveis • Teoria surge em reação ao mecanicismo e reducionismo • Pensamento mecanicista (isolamento das partes) ® insuficiente para atender – Problemas teóricos das ciências bio-sociais – Problemas práticos que surgem com tecnologia • Visão reducionista – Estudo de algo complexo deve ser realizado por intermédio do exame de suas partes constitutivas é denominada de reducionista • Propriedade emergente – ―o todo é mais que a soma das partes‖ – o comportamento de um elemento difere quando considerado fazendo parte do todo e quando é estudado isoladamente 24 www.veterinariandocs.com.br • Um sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação e comporta-se como um todo, no qual as variações de qualquer elemento exercem influências sobre os outros • Inter-relação entre as partes Características do Modelo Sistêmico: • Substrato ecológico com perspectiva sistêmica • Engloba modelos anteriores • Assinala que as causas das doenças podem estar em diferentes níveis de causalidade • Desloca preocupações dos aspectos orgânicos individuais para outros aspectos • Desafio: diálogo ciências da vida X ciências humanas • Integração entre as ciências sob dimensão não usual • Interdisciplinaridade • Sistema aberto – interação com o meio • Amplitude – permite analisar situação-problema 25 www.veterinariandocs.com.br • Limitação dos modelos explicativos tradicionais de não serem suficientes para atender a esta abordagem Limitações do Modelo Sistêmico: • Alta complexidade • Muitos fatores envolvidos para a compreensão no estudo das relações externas de um sistema • Se não for bem compreendido, analisado e interpretado pode tornar-se reducionista Comparação entre os Modelos: • Cadeia de eventos – Ordenamento de partes, sem interconexões – Disposição linear e fechada • Modelos ecológicos – Enfoca características de cada componente • História Natural – Idéia de sucessão de estados em direção a transformação – evolução clínica • Modelos causais – Enfatizam o fator de risco • Etiologia Social – Causalidade Social – Desloca eixo de causalidade em direção às desigualdades sociais • Matriz Sistêmica – Conjunto de elementos coordenados entre si – Relação (síntese X fragmentação) Conclusões: • Diversas leituras sobre a saúde e doença • Representação esquemática • Ordena raciocínio para sistematização dos fatos conhecidos e para acomodação de novos conhecimentos • Dimensões – Dimensão estrutural (ponto de vista macro) – Dimensão simbólica (perspectiva do indivíduo) • Doença: experiência individual com caráter social. 26 www.veterinariandocs.com.br
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