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Resumo cap 6. a economia brasileira de Werner Baer

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Capítulo 6: Dos ajustes aos choques externos à crise provocada pela dívida 1973-1985
 Com o choque do petróleo em novembro de 1973, o Brasil entrou em uma nova fase de desenvolvimento, o governo então optou por uma política de crescimento que resultou em importantes mudanças estruturais na economia, como o ressurgimento da inflação e a rápida expansão da dívida externa.
 Em março de 1974, com a revolução nos preços, o presidente Emílio Médici deixa o poder, quem assume o governo é o presidente Ernesto Geisel, que estabelece metas consideradas por ele como obrigatórias, estabelece que, irá pagar as altas contas do petróleo com crescimento. 
 Embora nos primeiros meses da administração Geisel tenha instituídas políticas monetárias e fiscais restritivas para manter a crise sob controle, a verdadeira reação política ocorreu em 1975, quando se decidiu dar início ao segundo plano de desenvolvimento econômico, cuja meta era a de investir em setores cruciais da economia brasileira como indústria de básicos, bens de capital e rápida expansão da atividade econômica, a opção pelo crescimento implicou em um excepcional aumento da dívida externa do país. Sem os empréstimos no exterior seria impossível ao Brasil conta do petróleo, mais elevada e continuar a importar os insumos necessários à produção desses bens industriais, principalmente aqueles que deveriam acompanhar os maiores planos de investimento do PND II. 
 O crescimento significativo da dívida externa e a limitada absorção de recursos reais provenientes do exterior eram devidos ao fato de que até 1973 o crescimento da dívida estava associado ao contínuo aumento das reservas internacionais. De 1968 a 1973, mais de dois terços do aumento da dívida externa eram ocasionados pelo crescimento das reservas cambiais. 
 As exigências financeiras externas do Brasil para manter sua opção de crescimento manifestaram-se em um momento propício. Imediatamente após o primeiro choque do petróleo, os mercados financeiros internacionais apresentavam extrema liquidez; os bancos internacionais, bem providos de petrodólares, estavam ansiosos para fazer empréstimos e, como taxa de juros eram baixas na época, era possível justificar facilmente o aumento de empréstimos estrangeiros realizados pelo Brasil naqueles anos. 
 O último presidente militar, o general Figueiredo assumiu em março de 1979. Seu programa político consistia em devolver o Brasil a um regime totalmente democrático e em entregar o governo a um civil. Esses objetivos políticos foram severamente testados por contínuas crises econômicas. O governo Figueiredo confrontou-se imediatamente com o dilema de como tratar metas conflitantes de controlar a taxa de inflação crescente, como lidar com uma dívida externa cujo serviço (juros mais amortização) já absorvia dois terços dos ganhos com exportações e como evitar a estagnação da taxa de crescimento do PIB. 
 Para complicar os fatos, o ano de 1979 testemunhou o segundo choque do petróleo, o que contribuiu para um violento declínio nas relações de troca, que vinham caindo desde 1978, devido à fragilidade dos preços de outros bens primários exportados. Além disso, houve um grande aumento nas taxas de juros mundiais em reação às rígidas políticas monetárias dos Estados Unidos. Como a maior parte da dívida brasileira tinha, até então, sido contraída em uma base de taxa de juros flexível, uma elevação nas taxas de juros mundiais automaticamente aumentou o custo não só dos novos empréstimos, mas também do serviço da dívida não liquidada.
 Considerando- se as pressões existentes sobre as políticas restritivas e o fato de que o crescimento mais lento era visto como fator que dificultava a abertura política, essas políticas foram radicalmente modificadas em agosto de 1979, quando o ministro do Planejamento, Simonsen renunciou e Delfim Netto, que havia conduzido a economia durante ‘’os anos do milagre’’ ocupou o seu lugar. Quando ele assumiu, alegou-se que as elevadas taxas de crescimento poderiam levar à estabilização da oferta- um maior número de bens produzido pela agricultura e indústria (que tinha excesso de capacidade) atenderia ao excesso de demanda agregada em relação à oferta. 
 Em dezembro de 1979, porém, o governo reconheceu a necessidade de tomar algumas medidas enérgicas para lidar com as pressões descritas acima e ‘’um pacote econômico’’, cujos fundamentos enumerados a seguir, foi introduzido:
Maxidesvalorização do cruzeiro em 30%;
Eliminação dos subsídios à exportação;
Eliminação do depósito antecipado de um ano de 100% em cruzeiros para as importações, que afeta 30% delas; 
Eliminação de muitos outros incentivos fiscais;
Aumentos significativos dos preços dos serviços públicos;
Tributação temporária sobre lucros inesperados nas exportações agrícolas; (subsequentemente abolida), cuja receita foi usada para amortecer as perdas com o cruzeiro de empresas que tinham débitos em dólar;
Extinção da Lei dos Similares que oferecia ampla proteção às importações, porém com exceções especiais; e. 
Extinção das exigências de depósitos sobre aportes de capital e redução da alíquota do imposto de renda devido sobre a remessa de juros, de 12,5% para 1,5%, a fim de estimular empréstimos externos ao país. 
 Durante, o segundo trimestre de 1980, o governo decidiu manter a expansão de 45% durante todo o ano. Visto que deveria manter a disponibilidade total de recursos para o setor agrícola. 
 A taxa de crescimento da economia brasileira em 1980 foi surpreendentemente alta. O Produto Interno Bruto cresceu 7,2% e seus principais componentes também apresentaram elevadas taxas de crescimento- indústria, agricultura, comércio, transporte e comunicações. A inflação, entretanto, atingiu uma alta anual de 110%.
 Como se tornava cada vez mais difícil financiar o déficit externo, o governo brasileiro se viu obrigado a mudar radicalmente sua política macroeconômica na segunda metade de 1980, controlando as importações pela redução da absorção interna. As autoridades também esperavam que as novas políticas resultassem na queda da utilização de capacidade para atividades internas e, consequentemente, tornassem as atividades de exportação mais atraentes. A política monetária tornou-se progressivamente restritiva e introduziram-se várias outras medidas ortodoxas: tentativas de prefixar mudanças nas taxas de crescimento monetário e do câmbio foram abandonadas; foram impostos limites ao crescimento de empréstimos de intermediários financeiros; as tarifas dos serviços públicos foram reajustadas (reduzindo, dessa forma, os subsídios); os preços dos anteriormente controlados setores industriais foram liberados e os investimentos de empresas estatais foram drasticamente reduzidos. Tentou-se exercer também, um controle maior sobre essas últimas com a criação da Secretaria para o controle das empresas Estatais, que era um órgão subsidiário do Ministério do Planejamento.
 O Brasil experimentou outro choque externo- a moratória da dívida mexicana- em agosto de 1982, que ocasionou o virtual fechamento dos mercados internacionais para o financiamento da dívida latino-americana. O Brasil enfrentava, portanto, uma oferta totalmente inelástica de empréstimos de bancos estrangeiros. 
 Além disso, depois de 1980, os fluxos financeiros internacionais e os grandes déficits de conta corrente nada tinham a ver com o excesso de demanda interna em relação ao PIB. O investimento e o consumo agregado ficaram menores do que o PIB por uma margem crescente e a transferência de recursos para o exterior.
 A economia se recuperou em 1984, quando o PIB cresceu 4,5% e continuou a se a expandir em 1985 a uma taxa de 8,3%. Essa recuperação estava ligada a um aumento exemplar das exportações. O significativo desempenho de crescimento de em 1985, por sua vez, está associado à pronunciada expansão das vendas internas, que foram resultado de uma política salarialincentivadora adotada pelo governo civil do presidente Sarney, iniciado em março de 1985. 
 Houve um aumento de 3% no emprego no setor de empresas públicas no período de 1980-1985, enquanto aumentos de produção física incluíram 21% em mineração, 40% em siderurgia, 57% em telecomunicações e 147% na produção interna de petróleo, o que indica um aumento significativo na produção por funcionário de empresa estatal. 
 As despesas financeiras continuaram a progredir rapidamente devido à grande dívida dessas empresas e as consequências das desvalorizações cambiais reais que aumentaram de 6,8% do total das despesas correntes em 1980 para 19,1% em 1985. Ao mesmo tempo, as receitas operacionais foram negativamente afetadas pelo uso contínuo das estatais por parte do governo como instrumentos de estabilização. 
 Esse ajuste através do setor público significou que um crescimento superior ao justificado pelo balanço de pagamentos era financiado por empréstimos externos por parte do setor público.

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