Buscar

PETIÇÃO DE AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

Prévia do material em texto

AO JUIZO DA _° VARA CIVIL DA COMARCA DE FORTALEZA – CE.
JUNIA SANTOS, casada, administradora, CPF n° desconhecido, endereço eletrônico: desconhecido, residente e domiciliada Fortaleza/CE, por seu advogado que esta subscreve vem, respeitosamente, propor a presente,
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, CUMULADA, COM PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
em face de APICE ENGENHARIA LTDA, CNPJ: desconhecido, com sede em FORTALEZA/CE, neste ato representada por seu diretor/gerente ou por quem o respectivo Estatuto Social designar, pelos argumentos de fato e direito a seguir expostos:
	I – DOS FATOS
	A autora adquiriu o apartamento 201 e uma vaga de garagem no Edifício Belo Lar, situado na capital cearense. A vendedora foi a Ápice Engenharia Ltda, com sede na mesma cidade, que também foi a construtora e incorporadora do empreendimento.
 	As partes assinaram uma escritura pública de compra e venda em 20 de dezembro de 2013, mas as obras do edifício só seriam concluídas em maio de 2014. Deste modo, o apartamento foi entregue à autora em 10 de julho de 2014, mesma data ajustada na escritura pública assinada pelas partes.
	Ao receber o apartamento, a autora notou que o acabamento interno neste inserido estava diferente do que constou no panfleto de propaganda divulgado pela construtora à época em que adquiriu o imóvel. Além disso, a vaga de garagem ao lado da adquirida pela autora foi vendida pela construtora a uma pessoa que não tinha nenhuma outra unidade no prédio, embora a Convenção de Condomínio entregue à autora não contenha nenhuma previsão expressa autorizando a prática deste ato. 
II – DO DIREITO
Inicialmente, observa-se a definição de consumidor e de fornecedor conforme os artigos. 2° e 3° do Código de defesa do consumidor: 
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”
“Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”
	Sendo assim, como a autora adquiriu um imóvel e a ré prometeu a construção, fica claro e evidente que no caso em tela a autora se encaixa perfeitamente como Consumidora e a Ré como fornecedora.
	Veja-se o que o Art.30 do CDC nos trás a respeito da oferta;
   “Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.”
	Portanto em observância ao artigo 30 do CDC, é garantido a autora o direito de que o acabamento interno da obra seja igual ao do panfleto de propaganda divulgado pela construtora, pois este fez parte do contrato celebrado.
	No entanto percebe-se que a realidade é outra no presente caso, pois a construtora entregou o acabamento totalmente diferente daquele prometido no panfleto na hora da venda, sendo que a diferença entre o valor do acabamento inserido no apartamento em relação ao divulgado no panfleto de propaganda é de cerca de R$ 50.000,00. Nessa linha nota-se que a informação sobre o acabamento contida no panfleto é totalmente falsa, fazendo assim uma propagando enganosa o que é proibido pelo nosso Código de defesa do Consumidor em seu Art. 37:
 
“Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
        § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.”
Analisando os argumentos acima citados nota-se que a empresa causou muitas perdas e danos a autora, pois somente ela poderia ter feito executado a obra conforme o contrato assinado entre as partes, não restando assim duvidas a respeito do dever de empresa de indenizar a autora, consoante determina o artigo 247 do Código Civil:
	Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
	Nota-se ainda que a empresa ré, além de construtora é incorporadora do edifício, de forma que a lei de incorporações reforça o dever da parte ré de entregar o bem nos termos ajustados.É o que determina o art 29, da lei n° 4591/1964:
“Art. 29. Considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que embora não efetuando a construção, compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas, (VETADO) em edificações a serem construídas ou em construção sob regime condominial, ou que meramente aceite propostas para efetivação de tais transações, coordenando e levando a termo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições, das obras concluídas.”
	Visto sobre o dever da parte ré em indenizar a autora a respeito de entregar o acabamento em desconformidade com o prometido, passa-se a analisar sobre a responsabilidade da construtora sobre a venda de uma unidade de garagem do prédio a terceiro não condômino .
	Trata-se da relação de condomínio estabelecida entre as partes e as regras estabelecidas na convenção de condomínio, vejamos o que determina o Art.1.331 § 1° do Código Civil, especificamente sobre abrigos para veículos:
“Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos.
§ 1o  As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio. (Redação dada pela Lei nº 12.607, de 2012)”
	Nota-se que a Convenção de Condomínio entregue à autora não contem previsão expressa autorizando a venda, por parte da construtora, de uma unidade de garagem do prédio a terceiro não condômino.
	Portanto, presentes os pressupostos necessários para o desfazimento do negócio realizado pela empresa com terceiro não condômino, sob pena de perdas e danos, forte de determina o Art. 251 do Código Civil:
“Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.”
	III – DOS PEDIDOS
	Ante o exposto, requer:
A condenação da empresa ré ao pagamento de indenização pela entrega de acabamento interno do apartamento 201 diferente dos moldes previstos no panfleto de divulgação do empreendimento, no valor de R$ 50.000,00, tendo em viste este ser o valor da diferença entre o acabamento divulgado e o efetivamente implantado no imóvel.
A responsabilização da construtora pela venda de uma unidade do prédio a terceiro não condomínio para desfazimento do negócio sob pena de perdas e danos.
A citação da ré no endereço declinado no pórtico desta inicial, para, querendo, contestar a presente ação no prazo legal, sob as penas da lei processual civil;
A autora comprova seu direito através das seguintes provas documentais
1 – Cópia da Matricula do apartamento 201 e da vaga de garagem adquirida pela autora, comprovando ser proprietária dos referidos bens;
2 – O panfleto de propaganda em que constava o acabamento interno divulgado pela Ápice Engenharia Ltda na propaganda do edifício.
3– Cópia da Convenção de condomínio do Edifício Belo Lar;
A autora manifesta interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação.
Atribui-se a causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)
Nesses termos,
Pede deferimento.
Fortaleza/CE, XX de XXX de XXXX.
ADVOGADO
OAB/xx N° XXXX

Continue navegando