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Licenciamento ambiental 2/267 Licenciamento ambiental Autora: Luciana do Carmo Zotelli Como citar este documento: ZOTELLI, Luciana do Carmo. Licenciamento Ambiental. Valinhos, 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil 05 Assista a suas aulas 32 Unidade 2: A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental 41 Assista a suas aulas 63 Unidade 3: Legislação aplicável ao licenciamento 74 Assista a suas aulas 100 Unidade 4: Tipos de licenças ambientais 111 Assista a suas aulas 136 Unidade 5: Empreendimentos e atividades que necessitam de licenciamento ambiental 148 Assista a suas aulas 173 2/267 3/2673 Unidade 6: Órgãos e procedimentos do licenciamento ambiental 181 Assista a suas aulas 205 Unidade 7: Monitoramento e Participação Popular no Licenciamento Ambiental 213 Assista a suas aulas 233 Unidade 8: Licenciamento ambiental para fins urbanísticos: estudos, planos e projetos 241 Assista a suas aulas 259 Sumário Licenciamento ambiental Autora: Luciana do Carmo Zotelli Como citar este documento: ZOTELLI, Luciana do Carmo. Licenciamento Ambiental. Valinhos, 2015. 4/267 Apresentação da Disciplina A disciplina apresenta as bases históricas que influenciaram no avanço da consciência global mundial e na criação de legislações relacionadas ao meio ambiente, com destaque a Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu o licenciamento ambiental como um de seus instrumentos. As principais regulamentações sobre o licenciamento ambiental no Brasil estabelecidas pela Resolução CONAMA nº 237/97 e nº 01/86 são detalhadas, permitindo que o aluno possa compreender como ocorre o processo de licenciamento ambiental, os tipos de licenças ambientais exigidas, os procedimentos necessários, as atividades a serem licenciadas, os órgãos ambientais competentes ao licenciamento e a composição de estudos de impacto ambiental exigidos para a avaliação de impacto ambiental. Outros estudos ambientais válidos para o licenciamento ambiental são objeto de estudo da disciplina, assim como outros órgãos associados ao tema, que não os competentes ao licenciamento. Outras inúmeras resoluções e algumas legislações referentes ao tema, como a Lei dos Crimes Ambientais, o Novo Código Florestal, a Lei das Unidades de Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e a Lei da Informação Ambiental são também apresentadas, permitindo ao aluno observar a abrangência associada ao tema de licenciamento ambiental. 5/267 Unidade 1 Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil Objetivos 1. Abordar os acontecimentos históricos mundiais que culminaram com a criação de políticas ambientais no país. 2. Apresentar a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/1981). 3. Apresentar as principais resoluções brasileiras sobre licenciamento ambiental (Resolução CONAMA nº 01/1986 e Resolução CONAMA nº 237/1997). Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil6/267 Introdução A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, é um marco para a questão ambiental brasileira e é resultante de um histórico de acontecimentos mundiais que culminaram no avanço da consciência ambiental global e, consequentemente, na criação de políticas referentes ao tema meio ambiente. A Lei Federal nº 6.938/1981 estabeleceu o licenciamento ambiental como um dos seus instrumentos, com a finalidade de promover o controle prévio à construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, ou, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. O licenciamento ambiental é um dos instrumentos mais importantes da política ambiental pública e tem caráter preventivo, uma vez que sua aplicação é justamente evitar a ocorrência de danos ambientais. Outro instrumento instituído pela Política Nacional de Meio Ambiente, a ser estudado nesta aula, é a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA. O AIA é um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimento capaz de assegurar, desde o início do processo, a realização de um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta e de suas alternativas, devendo os resultados ser apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil7/267 pela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados (BASTOS; ALMEIDA, 2010). O AIA é adotado por muitos países, reconhecido em tratados internacionais como um mecanismo potencialmente eficaz de prevenção do dano ambiental e de promoção do desenvolvimento sustentável, e atualmente apresenta uma difusão e aplicação mundial (SÁNCHEZ, 2006). A incorporação do AIA pela Lei Federal nº 6.938/1981 foi fortalecida com o artigo 225º da Constituição Federal de 1988, que, estabelecendo o direito de todos por um meio ambiente ecologicamente equilibrado, exigiu a apresentação de um estudo prévio de impacto ambiental para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. A Política Nacional de Meio Ambiente, e mais precisamente os dois instrumentos focos de estudo nesta disciplina (licenciamento ambiental e avaliação de impacto ambiental), foram complementados pela Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, que regulamenta a realização dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no processo de licenciamento ambiental das atividades e estabelecimentos impactantes. A partir da publicação da Resolução Conama nº 01/86, começaram efetivamente a ser realizados Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil8/267 estudos de impacto ambiental no Brasil. A Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, estabeleceu a revisão e complementação dos procedimentos e critérios do licenciamento ambiental, definindo tipos, etapas e competência das licenças. Assim, o processo de avaliação de impacto ambiental no Brasil é vinculado ao licenciamento ambiental. Devido à sua regulamentação, o processo de AIA no país passou a ser conduzido, essencialmente, pelos órgãos ambientais de meio ambiente, que foram criados por muitos estados em meados dos anos 1980, uma vez que a maioria não dispunha de estruturas administrativas para analisar os processos para emissão de licenças ambientais nesse período. O processo de licenciamento ambiental vem sendo, desde então, constantemente aprimorado e regulamentado, visando garantir frente sua complexidade, uma melhoria contínua dos procedimentos tanto para o interessado como para o tomador de decisão do órgão ambiental. 1. Fatores Históricos que Influenciaram a Implementação do Licenciamento Ambiental A compreensão tradicional das relações entre a sociedade e a natureza desenvolvidas até o século XIX, vinculadas ao processo de produção capitalista, considerava o homem e a natureza como Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil9/267 polos excludentes, tendo subjacente a concepção de uma natureza objeto, fonte ilimitada de recursos à disposição do homem (BERNARDES; FERREIRA, 2007). Tendo como base essa concepção, práticas foram desenvolvidas por meio de um processo de industrialização, em que a acumulação se realizava com a exploração intensa dos recursos naturais, provocando efeitosperversos para natureza e sociedade (BERNARDES; PEREIRA, 2007). A avaliação e priorização de projetos se encontravam extremamente limitados a uma análise econômica, sem meios de identificar e incorporar as consequências ou efeitos ambientais de um determinado projeto, plano ou programa que acarretassem degradações ao bem-estar social e ao seu entorno (BRASIL, 2009). No final da década de 1960, nos países industrializados e também em alguns países em desenvolvimento, o crescimento da conscientização do público quanto à rápida degradação ambiental e aos problemas sociais decorrentes levou as comunidades a demandar uma melhor qualidade ambiental, crescendo a participação pública que passou a exigir que as questões ambientais fossem expressamente consideradas pelos governos ao aprovarem programas de investimento e projetos de grande e de médios portes (BASTOS; ALMEIDA, 2010). Bernardes e Ferreira (2007) consideram que a tomada da consciência ecológica foi iniciada quando os problemas vivenciados Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil10/267 por pescadores no sul do Japão, na Baía de Minamata, no final da década de 1950, vieram à tona. Na época, o Japão tentava acompanhar o ritmo de industrialização da Europa, e a instalação da indústria Chisso Corporation resultou na contaminação por metal pesado da água da Baía, resultando em consequências terríveis à população, no fenômeno conhecido como “doença de Minamata”. Na reunião do Clube de Roma constituído em 1968, composto por cientistas, industriais e políticos, a problemática ambiental associada ao crescimento econômico e uso crescente dos recursos naturais foi abordada. Os maiores problemas levantados foram a industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis e deterioração do meio ambiente. Um dos documentos mais importantes, em termos de repercussão entre os cientistas e os governantes, foi o Relatório Meadows, publicado em 1972, também conhecido como Os Limites do Crescimento, no qual foram reportados pioneiramente os problemas ambientais (BRASIL, 2009). A primeira manifestação, de maneira institucionalizada, de política relacionada ao tema impacto ao meio ambiente veio com a criação do NEPA – National Environmental Policy Act (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente), em 1969, nos Estados Unidos. A referida lei Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil11/267 institucionalizou, no ano seguinte, o processo associado a essa declaração conhecido como Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, conforme apresentado na Figura 1, que se transformou em modelo para legislações similares em todo o mundo. Identificar e desenvolver métodos e procedimentos que assegurem que os valores ambientais serão considerados nas tomadas de decisões, ao lado de considerações técnicas e econômicas. Uso de abordagem sistemática e interdisciplinar para assegurar o uso integrado das ciências naturais e sociais e das artes de planejamento ambiental nas tomadas de decisão que possam ter um impacto sobre o ambiente. Criação do processo de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA. LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE DOS ESTADOS UNIDOS Figura 1 – Estruturação da Lei Nacional de Política Ambiental dos Estados Unidos – NEPA Fonte: Adaptado de Sánchez, 2006 Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil12/267 Em junho de 1972, três anos após a criação da NEPA, foi realizada a primeira grande conferência para discutir o problema ambiental. A Conferência Mundial de Meio Ambiente, em Estocolmo, como foi intitulada, teve o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns para preservação e melhoria do ambiente, que resultou na Declaração sobre o Ambiente Humano Uma das deliberações desta declaração foi determinar às instituições nacionais competentes, a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos naturais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente (BRASIL, 2009). Segundo Bernardes e Ferreira (2007), o desastre da Baía de Minamata, no Japão, foi uma das causas principais que resultaram na realização dessa reunião sueca, e um dos pontos marcantes do encontro foi a contestação às propostas do Clube de Roma sobre o crescimento zero para os países em desenvolvimento. A Conferência de Estocolmo representou um marco que inseriu as questões ambientais em parte das políticas de desenvolvimento adotadas nos países Para saber mais Avaliação de impacto ambiental: processo que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem-estar humano (MUNN, 1975). Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil13/267 mais avançados e, também, naqueles em processo de desenvolvimento. Dos diversos instrumentos e métodos de avaliação desenvolvidos apresentados com o objetivo de incorporar as questões ambientais ao processo de decisão, a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) tem sido o instrumento mais discutido (BRASIL, 2009). A partir da Conferência de Estocolmo, houve um constante aprimoramento da legislação ambiental e aumento da conscientização da população, implicando em grande avanço no tratamento das questões ambientais (BRASIL, 2009). A Conferência de Estocolmo criou também alguns programas e comissões importantes, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CBRASILD), estabelecendo, assim, o assunto definitivamente na pauta de discussões da ONU (BERNARDES & FERREIRA, 2007). Em 1981, nove anos após a Conferência de Estocolmo e como resultado do avanço da consciência ambiental global, houve, então, o estabelecimento da Política Nacional de Meio Ambiente, representando grande evolução no tratamento da questão ambiental no Brasil. Após a criação da Política Nacional de Meio Ambiente Brasileira, ocorreu em 1992, no Rio de Janeiro, a mais importante reunião, depois de Estocolmo, intitulada Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil14/267 Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida também como a ECO-92 A ECO 92 foiuma grande marca da internacionalização definitiva da proteção ambiental e das questões ligadas ao desenvolvimento, criando elementos importantes como a Agenda 21. Na Agenda 21, os estados signatários reconhecem a avaliação de impacto ambiental como instrumento que deve ser fortalecido para estimular o desenvolvimento sustentável, como trechos do documento transcritos a seguir: “Certificar-se de que as decisões relevantes sejam precedidas por avaliações do impacto ambiental e que, além disso, considerem os custos de eventuais consequências ecológicas” (Capítulo 7, Promoção do Desenvolvimento Sustentável) (ONU, 1992, item 07.41b). “Desenvolver, melhorar e aplicar métodos de avaliação de impacto ambiental com o objetivo de fomentar o desenvolvimento industrial sustentável” (Capítulo 9, Proteção da atmosfera).(ONU, 1992, item 9.12). Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil15/267 2. Legislação E Resoluções Associadas Ao Licenciamento Ambiental 2.1 Política Nacional de Meio Ambiente Dentro desse contexto de preocupação ecológica e implementação de ações na tentativa de proteger o meio ambiente, o governo brasileiro sancionou, em 1981, a Lei Federal nº 6.938, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, em que está traçadatoda a sistemática necessária para a aplicação da política ambiental. O objetivo central da Política Nacional de Meio Ambiente é a preservação, melhoria e recuperação Link A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis. 179 países participantes da Rio-92 acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover o desenvolvimento sustentável. <http://www.mma.gov.br/responsabilidade- socioambiental/agenda-21/agenda-21- global> Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil16/267 da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. A PNMA estabelece dez princípios, sendo que destacamos para esta disciplina o princípio do controle das atividades potencial ou efetivamente poluidoras, que é justamente um dos objetivos do licenciamento ambiental Pelo artigo 6º, a PNMA estabelece que os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, conforme estruturação apresentada na Figura 2. Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil17/267 Figura 2 – Estruturação do SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente Fonte: Adaptado de Brasil (1981). Entre os treze instrumentos da PNMA estabelecidos pelo artigo 9º da Lei Federal nº 6.931/81, apresentados no Quadro 1, estão destacados a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, representando um grande Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil18/267 avanço na questão ambiental brasileira. I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil19/267 VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente [...] XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Quadro 1 – Instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente estabelecidos pela Lei Federal nº 6.938/81 Fonte: Adaptado de Brasil (1981). De modo a reforçar o instrumento do licenciamento ambiental, o art. 10 da Lei Federal nº 6.938/81 define ainda que: “A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil20/267 utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental”. (Art. 10º, Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981). O licenciamento ambiental foi estabelecido visando controlar o uso de recursos naturais no país, e controlar atividades poluidoras que até então se instalavam e operavam sem considerar critérios ambientais significativos. É importante salientar que, embora a lei que estabelece o licenciamento ambiental em nível federal tenha sido instituída em 1981, alguns estados brasileiros já adotavam esse procedimento. A legislação moderna sobre licenciamento ambiental começou no Rio de Janeiro, com o Decreto-Lei nº 134/75, que tornou obrigatória a prévia autorização para operação ou funcionamento de instalação ou atividades real ou potencialmente poluidoras, enquanto que o Decreto nº 1633/77 instituiu o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras, modelo que seria posteriormente retomado pela legislação federal (SÁNCHEZ, 2006). Em São Paulo, a Lei nº 997/76 criou o Sistema de Prevenção e Controle da Poluição do Meio Ambiente , regulamentada pelo Decreto nº 8.468/76, que foi posteriormente modificado pelo Decreto nº 47.397/02. Em sua redação Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil21/267 original, esse decreto estabelecia duas modalidades de licença, denominadas Licença de Instalação e Licença de Funcionamento (SÁNCHEZ, 2006). O licenciamento estadual paulista e o fluminense eram aplicados basicamente às atividades industriais e certos projetos urbanos como aterros de resíduos sólidos e loteamentos. Com a incorporação do AIA à legislação brasileira, esses sistemas preexistentes de licenciamento tiveram de ser adaptados, abrangendo os impactos numa esfera ambiental, social e econômico global, e não considerando apenas o impacto pontual. 2.2 Resoluções CONAMA asso- ciadas ao licenciamento am- biental 2.2.1 Resolução CONAMA nº 001 de 23 de janeiro de 1986 A Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, regulamentou a realização dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no processo de licenciamento ambiental das atividades modificadoras do meio ambiente. Desse modo, o instrumento de avaliação de impacto ambiental instituído pela PNMA é implementado através do EIA-RIMA, Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil22/267 que, por sua vez, está associado ao outro instrumento do licenciamento ambiental. O estudo de impacto ambiental que deve ser desenvolvido no licenciamento de atividades de modificadoras do meio ambiente devem conter no mínimo quatro atividades técnicas referentes: a) ao diagnóstico ambiental da área de influência do projeto; b) à análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas; c) à definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos; e d) à elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento. A Constituição Federal de 1988 representou grande impulso à questão ambiental no Brasil. Em seu art. 225, é estabelecido que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Link Para verificar no artigo 2º da Resolução CONAMA nº 001/86, as atividades consideradas modificadores do meio ambiente, acesse: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/ res86/res0186.html>. Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil23/267 Poder Público e à coletividade o dever dedefendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Art. 225º da Constituição Federal de 1988). Para assegurar a efetividade desse direito, a Constituição Federal definiu que o Poder Público deve exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade, reforçando, assim, o estabelecido pela PNMA, pela Resolução CONAMA 01/86 e o próprio licenciamento ambiental no qual ocorre a avaliação do impacto ambiental. 2.2.2 Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997 A Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, é a principal norma reguladora do licenciamento ambiental no Brasil, e dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados nesse processo, além de regulamentar aspectos do licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente que ainda não haviam sido definidos. A Resolução CONAMA nº 237/1997 estabeleceu que a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil24/267 recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sendo que empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação do meio dependerão de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente. Para saber mais Licenciamento ambiental: “Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras e daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso” (Inciso I, artigo 1º da Resolução Conama nº 237 de 19 de dezembro de 1997). Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil25/267 A Resolução nº 237/97 estabeleceu ainda as competências, procedimentos, custos, prazos de análise e de validade associados ao licenciamento ambiental e as etapas do processo de licenciamento, por meio das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, a serem discutidas nas próximas aulas. Link Para verificar a lista das atividades ou empreendimentos com significativo impacto ambiental sujeitos ao licenciamento ambiental, consulte o Anexo I da Resolução CONAMA nº 237/97, em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. O licenciamento ambiental, portanto, é o instrumento processual através do qual pode se assegurar que impactos potenciais sejam identificados e que os danos sejam mitigados e compensados. Assim, para qualquer projeto que vise ser instalado, é necessária uma análise não somente dos custos e benefícios econômicos envolvidos, mas também a análise da viabilidade ambiental (SÁNCHEZ, 2006). Resumidamente podemos considerar que o processo de licenciamento ambiental tem Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil26/267 como base, as principais normas legais apresentadas na Figura 3. Figura 3 – Avanço das legislações e resoluções relacionadas ao licenciamento ambiental federal. Fonte: Brasil (1981; 1986; 1988; 1997). Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil27/267 Glossário Licença ambiental: “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental” (Inciso II, artigo 1º da Resolução Conama nº 237, de 19 de dezembro de 1997). Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Impacto ambiental: qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II- as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais (artigo 1º, Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986). Questão reflexão ? para 28/267 Conceituando impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, reflita sobre atividades que você exerce que resultam nestas alterações. Repare em empreendimentos no seu entorno que possam causar significativo impacto ambiental. 29/267 Considerações Finais » Acontecimentos históricos como o Clube de Roma, caso da Doença de Minamata, Conferência de Estocolmo, implantação da Política de Meio Ambiental dos Estados Unidos são exemplos de acontecimentos que culminaram com a criação da política meio ambiente, e, consequentemente, do licenciamento ambiental no Brasil; » a Política Nacional de Meio Ambiente foi instituída pela Lei Federal nº 6.938/1981 e é o marco da questão ambiental brasileira, tendo instituído como instrumentos, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento ambiental; » a Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, regulamentou a realização dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no processo de licenciamento ambiental das atividades e estabelecimentos impactantes; » a Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, estabeleceu a revisão e complementação dos procedimentos e critérios do licenciamento ambiental, definindo tipos, etapas e competência das licenças. Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil30/267 Referências BASTOS, A. C. S.; ALMEIDA, J. R. Licenciamento ambiental brasileiro no contexto da avaliação de impactos ambientais. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. p. 77- 113. BERNARDES, J. A; FERREIRA, F. P M. Sociedade e Natureza. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T (Orgs.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. p. 17-42. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 2 set. 1981. Seção 1, p. 16509. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 17 fev. 1986. Seção 1. p. 2548-2549. BRASIL. Constituição Federal (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 22 de dezembro de 1997. Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Unidade 1 • Introdução e histórico do licenciamento ambiental no Brasil31/267 Meio Ambiente. DiárioOficial da União, Brasília, Distrito Federal, 22 dez. 1997. Seção 1, p. 30841-30843. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: BRASIL, 2009. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/pnc_caderno_ licenciamento_ambiental_01_76.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015. MUNN, R. E. Enviromental impact assessment: principles and procedures. SCOPE Report 5. Toronto: John Wiley & Sons, 1975. ONU. Agenda 21 Global. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). Rio de Janeiro: Ministério do Meio Ambiente (MMA), Brasil, 1992. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo, Editora Oficina de Textos, 2006. Referências 32/267 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Introdução e Histórico do Licenciamento Ambiental no Brasil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/62bf375b8864f6336e8267d6ac66d90f>. Aula 1 - Tema: Introdução e Histórico do Licenciamento Ambiental no Brasil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b63a9663d54e09006127cbf473a3f408>. 33/267 1. A empresa XY possui como projeto a construção de um estabelecimento que utilizará recursos ambientais capazes de causar degradação ambiental Dessa forma, de acordo com a Lei Federal nº 6.938/81, a referida construção: a) não depende de prévio licenciamento ambiental, pois esse somente é necessário se a atividade for potencialmente poluidora; b) depende de prévio licenciamento ambiental, já que utilizará recursos ambientais capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; c) não depende de prévio licenciamento ambiental, pois trata-se de construção e o licenciamento ambiental somente é necessário quando há a ampliação de estabelecimentos que causar degradação ambiental; d) depende de prévio licenciamento ambiental apenas se a atividade for efetivamente poluidora; e) depende de prévio licenciamento ambiental apenas se o proprietário limitar o uso de toda a sua propriedade para preservar os recursos ambientais. Questão 1 34/267 2. Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente estabelecido pela Lei nº 9.638/81, de importância para a gestão institucional de planos, programas e projetos relacionados ao meio ambiente, em nível federal, estadual e municipal. O texto acima se refere a qual instrumento? a) Estudo de Impacto Ambiental b) Avaliação do Impacto Ambiental c) Relatório de Impacto Ambiental d) Sistema de Gestão Ambiental e) Resumo do Impacto Ambiental Questão 2 35/267 3. A Resolução CONAMA nº 001/86 traz uma série de procedimentos de estudos ambientais para a implantação de empreendimentos, que in- clusive são de acesso público. Assim, identifique a alternativa que incide procedimentos dentro dessa resolução: a) EIA/RIMA, definidos como Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente. b) EIA/RIMA, definidos como Estudo Inicial Ambiental e Relatório Indicador de Meio Ambiente. c) PDA, Potencial de Degradação Ambiental. d) PDA/RIMA, sendo Potencial de Degradação Ambiental e Relatório Indicador de Meio Ambiente. e) PIA/ PDA, como Estudo Inicial Ambiental e Potencial de Degradação Ambiental. Questão 3 36/267 4. O Sistema Tríplice de licenciamento ambiental, que estabelece as figu- ras da Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Opera- ção (LO), foi instituído através da: a) Lei Federal nº 12.651/2012 - Código Florestal. b) Lei Federal nº 6.938/1981 - Política Nacional de Meio Ambiente. c) Resolução CONAMA nº 237/1997. d) Resolução CONAMA nº 001/1986. e) Lei Federal nº 9.605/1998 - Lei de Crimes Ambientais. Questão 4 37/267 5. Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabele- ce as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para locali- zar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizado- ras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente po- luidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Conforme art. 1º da Resolução CONAMA nº 237/97, essa defi- nição refere-se à(ao): a) licenciamento ambiental b) licença ambiental c) estudos ambientais d) impacto ambiental regional e) avaliação de impacto ambiental Questão 5 38/267 Gabarito 1. Resposta: B. Conforme estabelecido no art. 10ª da Lei Federal nº 9.638/81, a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. 2. Resposta: B. Conforme estabelecido no art. 9° da Lei Federal nº 9.638/81, são 13 os instrumentos da Política de Meio Ambiente, entre os quais a avaliação de impactos ambientais. 3. Resposta: A. A Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, regulamentou a realização dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no processo de licenciamento ambiental das atividades e estabelecimentos impactantes. 4. Resposta: C. A Resolução CONAMA nº 237/97 estabelece a revisão e complementação dos procedimentos e critérios do licenciamento ambiental, inclusive definindo as três licenças ambientais associadas a esse procedimento: Licença 39/267 Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta Gabarito das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. 5. Resposta: B. Conforme o art. 1º da Resolução CONAMA nº 237/97, licença ambiental é definida como um ato administrativo, conforme apresentado a seguir: Licença ambiental Ato administrativo Licenciamento ambiental Procedimento administrativo 40/267 Estudos ambientais Estudos que fornecem subsídios para a análise da licença ambiental (estudos como relatório ambiental, plano, projeto de controle ambiental etc.) Impacto ambiental regional É todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais estados Gabarito 41/267 Unidade 2 A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental Objetivos 1. A importância do estabelecimento de padrões de qualidade ambiental no âmbito do licenciamento ambiental. 2. Tipos de padrões de qualidade ambiental. 3. A obrigatoriedade da divulgação da informação ambiental. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental42/267 Introdução Conforme discutido na aula anterior, a incorporação de temas ambientais ao debate público no Brasil ocorreu após o tema ter sido inserido na agenda internacional. O conceitode meio ambiente foi sendo assimilado à ideia de qualidade de vida, de modo que os problemas então denominados ambientais foram assimilados à noção de poluição (SÁNCHEZ, 2006). A década de 1970 viu florescer leis de controle de poluição e surgir entidades governamentais encarregadas da vigilância ambiental e da fiscalização das atividades poluentes. Os EUA modificaram e atualizaram suas leis de controle de poluição durante essa década, enquanto que, no Brasil, os Estados do Rio de Janeiro, em 1975, e São Paulo, em 1976, estabeleceram suas próprias leis de controle de poluição. O Brasil, que avançava em uma forte base de infraestrutura à custa do capital estrangeiro, era pressionado diante das manifestações ambientalistas. A Política Nacional de Meio Ambiente, apresentada na aula anterior, definiu poluição como “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a. prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b. criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c. afetem desfavoravelmente a biota; d. afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental43/267 e. lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.’’ (Lei Federal nº 6.938/1981, art. 3º, inciso III) Segundo Sánchez (2006, p. 26), a definição de poluição é “introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar negativamente o homem ou outros organismos”. De maneira geral, com pequenas mudanças na formulação ou na terminologia, é esse o conceito de poluição que se encontra na literatura técnica internacional. Outro conceito definido pela Política Nacional de Meio Ambiente é o de degradação ambiental, que no caso é considerada como uma “alteração adversa das características do meio ambiente” (Lei Federal nº 6.938/1981, art. 3º, inciso II). Os problemas ambientais, como a contaminação das águas com esgotos domésticos ou efluentes industriais, a contaminação do ar pela exalação de gases em veículos automotores ou emissões de atividades industriais e a degradação ambiental, impactam de forma relevante a qualidade de vida das populações, afetando, entre outros aspectos (BRASIL, 2009): (i) a saúde das pessoas, por exemplo, doenças pulmonares decorrente da qualidade ruim do ar, ou proliferação de doenças de veiculação hídrica; (ii) a economia de sobrevivência, quando, Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental44/267 por exemplo, devido ao efeito da degradação ambiental, a biodiversidade diminui, afetando comunidades que dependem da fonte afetada. É possível visualizar claramente a relação estreita que existe entre a qualidade ambiental e a qualidade de vida das pessoas. Desse modo, é compreensível que o objetivo central da Política Nacional de Meio Ambiente seja a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (artigo 2º da Lei Federal nº 6.935/1981). Nesse sentido, o “estabelecimento de padrões de qualidade ambiental” visa ao fornecimento de referências técnicas que, uma vez atendidas, garantem a qualidade ambiental. Então, temos padrões de qualidade ambiental que devem ser atingidos. Deste modo, a exigência do licenciamento ambiental para determinadas atividades ou empreendimentos busca estabelecer mecanismos de controle ambiental das intervenções setoriais que possam vir a comprometer a qualidade ambiental. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental45/267 1. Estruturação da Política Nacional de Meio Ambiente A Política Nacional de Meio Ambiente, por meio da Lei Federal nº 9.638/1981, instituiu como instrumentos a Avaliação do Impacto Ambiental e o licenciamento ambiental, como verificado na aula passada. A principal razão da exigência do licenciamento ambiental para determinadas atividades ou empreendimentos é buscar estabelecer mecanismos para o controle ambiental das intervenções setoriais que possam vir a comprometer a qualidade ambiental. Considerando a importância da qualidade ambiental para a manutenção da saúde humana, vamos abordar nesta aula um outro instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, que é o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. A Lei Federal n° 6.938/1981 criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão colegiado de caráter deliberativo e consultivo que, entre outras responsabilidades, delibera sobre normas e padrões para um ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. A competência do CONAMA é definida pelo art. 8º da referida lei, com redação complementar dada pela Lei Federal nº 7.804/89 (BRASIL, 1989a) e Lei Federal nº 8.028/1990 (BRASIL, 1990a), qu, e determina como algumas das responsabilidades do CONAMA: Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental46/267 • estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes (inciso VI do artigo 8º da Lei Federal nº 6.938/81); • estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos (inciso VII do artigo 8º da Lei Federal nº 6.938/81). O CONAMA representa um mecanismo formal de participação da sociedade e de cooperação entre governo e sociedade, propiciando o debate de temas ambientais relevantes entre representantes da União, dos estados e municípios, da iniciativa privada e de organizações da sociedade civil (BRASIL, 2009). A regulamentação dos padrões de qualidade ambiental ficou a cargo do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, responsável por estabelecer os padrões federais que, na ausência de padrões estaduais ou municipais mais restritivos, correspondem à legislação aplicável e asseguram a manutenção da qualidade ambiental no país. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental47/267 2. Estabelecimento dos Padrões de Qualidade Ambiental Os padrões de qualidade para a água, ar, solo e ruídos sonoros foram estabelecidos visando estabelecer mecanismos para o controle ambiental das intervenções setoriais que comprometam a qualidade ambiental. Para saber mais Padrão de qualidade ambiental: limite definido por leis, normas ou resoluções para as perturbações ambientais, em particular da concentração de poluentes e resíduos, que determina a degradação máxima admissível do meio ambiente. Esses padrões são derivados de critérios científicos e representam valores máximos de matéria ou energia capaz de assegurar a qualidade ambiental de um recurso ambiental, visando à manutenção da saúde pública. Os limites para esse fim vêm sendo estabelecidos e atualizados com base em organizações de referência mundial, como a Organização Mundial da Saúde – OMS. A seguir, estão apresentados alguns padrões de qualidade ambiental de nível federal, estabelecidos pelo CONAMA e discutidos nos próximos itens. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental48/267 Figura 1 – Padrões de qualidade ambiental de nível federal. Fonte: Brasil (1989b; 1990b, 2005, 2008, 2009) 2.1 Padrões de qualidade da água Os atuaispadrões de qualidade da água superficiais e subterrâneas estão regulamentados pelas Resoluções CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) e nº 396/2008 (BRASIL, 2008), respectivamente. A Resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) estabeleceu os padrões de qualidade como metas finais a serem alcançadas em diferentes enquadramentos das classes de uso de rio (classe especial, 1, 2 ,3 e 4). Para as classes de uso de rio estabelecidas, há requisitos de Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental49/267 qualidade fixados na forma de parâmetros com seus respectivos limites. a ser utilizada no consumo humano, dessedentação de animais, irrigação e recreação, permitindo uma qualidade ambiental para cada tipo de atividade. Link Para entender melhor o enquadramento das diversas classes de rio, acesse: <http:// portalpnqa.ana.gov.br/enquadramento- bases-conceituais.aspx> Link Para verificar os padrões das diferentes classes de uso, acesse: <http://www.mma.gov.br/port/ conama/legislacao/CONAMA_RES_ CONS_2008_396.pdf> <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/ res05/res35705.pdf> A Resolução CONAMA nº 396/2008, também estabeleceu padrões de qualidade, como metas finais a serem alcançadas em diferentes classes de uso (classe especial, classe 1, 2, 3, 4, e 5), além de estabelecer Valores Máximos Permitidos (VMP) para cada água subterrânea Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental50/267 2.2 Padrões de qualidade do ar Após a promulgação da PNMA em 1981, o governo brasileiro criou pela Resolução CONAMA nº 05, de 1989 (BRASIL, 1989b), o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar – PRONAR, que definiu a estratégia de estabelecer, em curto prazo de tempo, os novos padrões brasileiros de qualidade do ar. Essa determinação foi atendida pela Resolução CONAMA nº 003, de 28 de junho de 1990 (BRASIL, 1990b), e foi o primeiro dispositivo legal decorrente do PRONAR. Além disso, estabeleceu os padrões nacionais de qualidade do ar para níveis de partículas em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. Para saber mais O estabelecimento do PRONAR foi resultado da percepção do acelerado crescimento urbano e industrial brasileiro e da frota de veículos automotores; do progressivo aumento da poluição atmosférica principalmente nas regiões metropolitanas; dos seus reflexos negativos sobre a sociedade, a economia e o meio ambiente; das perspectivas de continuidade dessas condições; da necessidade de se estabelecer estratégias para o controle; e da preservação e recuperação da qualidade do ar, válidas para todo o território nacional. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental51/267 2.3 Padrões de qualidade sonora Os padrões brasileiros de qualidade para níveis de sons e ruídos estão estabelecidos na Resolução CONAMA nº 01 de 1990 (BRASIL, 1990c). Essa resolução determina como padrões federais aqueles recomendados pela NBR 10.151 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, originalmente de 1987 e atualmente em vigor após a sua atualização em 2000 (ABNT, 2000; CONAMA, 1990c).Antes dessa normativa, já existiam padrões de qualidade para ruídos sonoros fixados pela Portaria MINTER nº 92/1980, que determinavam como limite aceitável 70 decibéis (dB) durante o dia e 60 dB durante a noite (MINTER,1980). Para saber mais O decibel foi originalmente concebido pela indústria da telefonia para descrever os ganhos e perdas de sinais de áudio nos circuitos de telefones. A unidade original foi denominada bel por Alexandre Graham Bell, o inventor do telefone. Na maioria das atividades da eletrônica, entretanto, o bel provou ser uma unidade grande, logo, o decibel (um décimo de bel) foi adotado como notação padrão. Após a Política Nacional do Meio Ambiente, o CONAMA manteve essas referências como o máximo tolerável tanto para Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental52/267 o dia quanto para a noite, mas adotou critérios mais rigorosos para determinar níveis menores de ruídos para áreas mais sensíveis. 2.4 Padrões de qualidade do solo Os padrões de qualidade do solo foram instituídos pela Resolução CONAMA n° 420 de 2009 (CONAMA, 2009b), sendo estabelecidos Valores Orientadores de Prevenção da Qualidade do Solo, que traduzem os requisitos mínimos para que o solo desempenhe suas funções principais, e Valores de Investigação, menos restritivos, que correspondem a concentrações acima das quais existem riscos potenciais à saúde humana. 3. Padrões de Emissão 3.1 Padrões de lançamento em águas superficiais A Resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) foi complementada e alterada pela Resolução CONAMA nº 430/2011 (BRASIL, 2011), que atualizou condições e padrões de lançamento de efluentes. Assim, a concentração máxima de determinados elementos nos efluentes lançados em um corpo-d’água receptor deve obedecer ao padrão de lançamento Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental53/267 estabelecido pela Resolução CONAMA nº 430/2011 (BRASIL, 2011). Esses padrões de lançamento devem ser considerados no licenciamento ambiental da atividade/ empreendimento que lançam efluentes em cursos-d’água como forma de manter a qualidade ambiental do meio. 3.2 Padrões de emissão A Resolução CONAMA nº 08/1990 estabelece limites máximos de emissão de poluentes do ar para processos de combustão externa em fontes novas fixas de poluição (queima de substâncias combustíveis realizadas em caldeiras, geradores de vapor, centrais para a geração de energia elétrica, fornos, fornalhas, estufas e secadores para a geração e uso de energia térmica, incineradores e gaseificadores) com potências nominais totais até 70 MW. Além da Resolução CONAMA nº 08/1990, a Resolução CONAMA nº 386/2006 também estabelece, entre outros, padrões de emissão para poluentes atmosféricos, provenientes desta vez de processos de geração de calor a partir da combustão externa de óleo combustível, gás natural, bagaço de cana-de-açúcar e derivados da madeira. Assim, no licenciamento de empreendimentos e atividades que impliquem em emissões atmosféricas, o órgão ambiental deve determinar o atendimento aos limites de emissão de Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental54/267 poluentes estabelecidos pelo CONAMA. 4. Qualidade, Informação e Monitoramento Ambiental A qualidade ambiental é o cenário almejado para o desenvolvimento humano, e os padrões de qualidade ambiental estabelecidos em nível federal pelo CONAMA ou em nível estadual ou municipal são fundamentais para nortear a qualidade. A qualidade ambiental, por sua vez, deve ser informada aos gestores e ao público em geral, de modo a permitir que eles possam avaliar, planejar, reparar e prevenir danos futuros. O reconhecimento do direito de todos terem acesso às informações em matéria de meio ambiente foi estabelecido no artigo 5º da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Esse dever da publicidade da qualidade ambiental está legalmente expresso, no artigo 4º da Política Nacional de Meio Ambiente e na Lei da Informação Ambiental estabelecido pela Lei Federal nº 10.650/2003 (BRASIL, 2003). Um exemplo importante de informações para o planejamento e gestão ambiental, no Brasil, é o Programa de Monitoramento da Qualidade da Água, sob a responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA, que visa, entre outros objetivos,disponibilizar um diagnóstico nacional da qualidade da água no país (BRASIL, 2009). Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental55/267 Assim, as informações referentes à qualidade ambiental qualificam o planejamento para a melhor gestão da política ambiental (BRASIL, 2009), inclusive nas decisões associadas ao licenciamento ambiental. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental56/267 Glossário Degradação ambiental: “perda ou deterioração da qualidade ambiental” (SÁNCHEZ, 2006, p. 26). Qualidade ambiental: medida da condição de um ambiente relativa aos requisitos de uma ou mais espécies e/ou de qualquer necessidade ou objetivo humano e deve ser descrita com a ajuda de indicadores objetivos (SACHS, 1974). Emissão: “lançamento na atmosfera de qualquer forma de matéria sólida, líquida ou gasosa” (Inciso I, alínea c, Artigo 3º, da Resolução CONAMA nº 436, de 22 de dezembro de 2011). Questão reflexão ? para 57/267 Considere o rio mais importante na sua cidade ou próxima dela. Pesquise a bacia hidrográfica em que o mesmo está inserido e verifique no plano da bacia qual é a classe de enquadramento do rio e o que essa classificação significa. 58/267 Considerações Finais » A promulgação da Política Nacional do Meio Ambiente ensejou a atualização dos padrões de qualidade ambiental do país, visando assegurar a conciliação entre o desenvolvimento econômico, os interesses de segurança nacional e a sadia qualidade de vida; » o estabelecimento desses padrões ficou a cargo do CONAMA, órgão representativo de cinco setores da sociedade – órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil –, criado pela própria Política Nacional de Meio Ambiente; » estão vigentes padrões federais de qualidade da água, do ar, de ruídos sonoros e do solo, os quais contribuem para a avaliação da qualidade ambiental no país. Há ainda padrões de lançamento e de emissão, que devem ser atendidos pelas atividades/ empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental; » a publicidade da informação ambiental (como qualidade ambiental ou resultado de estudos de avaliação de impacto ambiental) é garantida na lei e permite que gestores e público em geral possam avaliar, planejar, reparar e prevenir danos futuros. Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental59/267 Referências BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 2 set. 1981. Seção 1, p. 16509. BRASIL. Constituição Federal (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 17 fev. 1986. Seção 1. p. 2548-2549. BRASIL. Lei Federal nº 7.804, de 18 de julho de 1989. Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 19 jul. 1989a. Seção 1. p. 12026. BRASIL. Resolução CONAMA nº 005, de 15 de junho de 1989. Institui o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar (PRONAR Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal,, 30 ago. 1989b. Seção 1, p. 14713-14714. BRASIL. Lei Federal nº 8.028, de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental60/267 Distrito Federal, 12 abr. 1990a. Seção 1, p. 7906. BRASIL. Resolução CONAMA nº 03, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 22 ago. 1990b. Seção 1, p. 15937-15939. BRASIL. RESOLUÇÃO CONAMA nº 1, de 8 de março de 1990. Dispõe sobre critérios de padrões de emissão de ruídos decorrentes de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política. . Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 02 abr 1990c. Seção 1, p. 6408. BRASIL. Lei Federal nº 10.650, de 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 16 abr. 2003. Seção 1,p.1. BRASIL. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 18 mar. 2005.Seção 1, p.89. BRASIL. Resolução CONAMA nº 396, de 03 de abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e Referências Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental61/267 diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal 7 abr. 2008.Seção 1, p. 64-68. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/ultimo_ caderno_pnc_licenciamento_caderno_de_licenciamento_ambiental_46.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015. BRASIL. Resolução CONAMA nº 420 de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 30 dez. 2009. p. 81-84, BRASIL. Resolução CONAMA nº 430, de 13 maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, Distrito Federal, 16 mai 2011. p. 89 SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo, Editora Oficina de Textos, 2006. Referências Unidade 2 • A qualidade ambiental como uma razão para se fazer o licenciamento ambiental62/267 SANTIAGO, T. M. O., REZENDE J. L. P.; SANTOS, A. A.; FONSECA, R. A.; SELVATTI, T. S. A eficácia do estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. Espaço & Geografia, Brasília, v. 17, n. 2, p. 467-500, 2014. Referências 63/267 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: A Qualidade Ambiental como uma Razão para se Fazer o Licenciamento - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e73899418527a6f91c0035414832ed5c>. Aula 2 - A Qualidade Ambiental como uma Razão para se Fazer o Licenciamento - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a718428b79b72a8602fe52c38992de33>. 64/267 1. Qual das alternativas abaixo é instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente? a) Zoneamento urbano. b) Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. c) Licenciamento de toda e qualquer atividade. d) Instrumento social da concessão florestal. e) Sistema de informações sobre o meio ambiente exclusivo para órgãos governamentais. Questão1 65/267 2. Considerando a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente é incorreto afirmar que: a) a degradação da qualidade ambiental é toda alteração adversa das características do meio ambiente; b) o meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; c) a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente, por exemplo, afetem desfavoravelmente a biota; d) a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; e) o poluidor é somente a pessoa física responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Questão 2 66/267 3. Em relação ao que estabelece a Resolução CONAMA n° 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, é correto afirmar: a) As águas doces de Classe 3 podem ser destinadas à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto, e para aquicultura e atividade de pesca. b) As águas doces de Classe 2 podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, entre outros. c) As águas doces de Classe 4 somente podem ser utilizadas para o abastecimento para consumo humano após tratamento avançado. d) As águas doces de Classe 1 destinam-se exclusivamente ao abastecimento para consumo humano. e) As águas doces de Classe Especial destinam-se ao abastecimento para consumo humano sem quaisquer restrições. Questão 3 67/267 4. De acordo com a Lei Federal nº 6938/1981, do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o órgão federal que tem a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governa- mentais para o meio ambiente e os recursos naturais, deliberar no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões com o meio ambiente ecolo- gicamente equilibrado e essencial à qualidade sadia de vida, é: a) o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA); b) o Conselho Superior de Meio Ambiente; c) o Conselho Seccional; d) o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA); e) a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República; Questão 4 68/267 5. De acordo com a Lei nº 10.650/2003, que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama, selecione a opção incorreta: a) Os órgãos e entidades da administração pública, direta, indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico da qualidade do meio ambiente. b) Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao público, listagens e relações contendo os dados referentes aos pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão. c) Os órgãos ambientais competentes integrantes do Sisnama deverão elaborar e divulgar relatórios anuais relativos à qualidade do ar e da água e, na forma da regulamentação, outros elementos ambientais. d) Em caso de pedido de vista de processo administrativo, a consulta será feita, no horário de expediente, no próprio órgão ou entidade e na presença do servidor público responsável pela guarda dos autos. Questão 5 69/267 Questão 5 e) Não é assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo às comunicações internas dos órgãos e entidades governamentais. 70/267 Gabarito 1. Resposta: B. Conforme estudamos na Lei Federal nº 6.938/1981 que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, os instrumentos por ela instituídos são, entre outros: • o zoneamento ambiental (e não especificamente urbano); • estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (discutidos e apresentados nesta disciplina); • o licenciamento ambiental de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (e não de toda e qualquer atividade); • instrumento econômico de concessão florestal (e não instrumento social); • sistema de informações sobre o meio ambiente (não é exclusivo para órgãos governamentais). 2. Resposta: E. A Lei Federal nº 6.938/61 estabelece que poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora degradação ambiental. As demais afirmações apresentadas na questão foram abordadas nesta aula. 3. Resposta: A. Em relação à Resolução CONAMA n° 71/267 Gabarito 357/2005, as águas doces de Classe 3 podem ser destinadas à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e para aquicultura e atividade de pesca. b) As águas doces de Classe 2 não podem ser destinadas à proteção das comunidades aquáticas; este uso é permitido apenas à classe especial. c) As águas doces de Classe 4 não podem ser utilizadas para o abastecimento para consumo humano mesmo após tratamento avançado. d) As águas doces de Classe 1 destinam-se a inúmeros outros usos além do abastecimento para consumo humano. e) As águas doces de Classe Especial destinam-se ao abastecimento para consumo humano após desinfecção. 4. Resposta: D. A Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/1981) estabeleceu como órgãos que constituirão o SISNAMA: I. órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais 72/267 para o meio ambiente e os recursos ambientais; II. órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; III. órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV. órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as 73/267 respectivas competências; V. Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI. Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. 5. Resposta: B. É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo às comunicações internas dosórgãos e entidades governamentais. 74/267 Unidade 3 Legislação aplicável ao licenciamento Objetivos 1. Competências administrativas e legislativas associadas ao licenciamento ambiental. 2. Legislações associadas ao licenciamento ambiental (Lei Federal nº 12.651/2012 e Lei Federal nº 9.985/2000). 3. Lei dos Crimes Ambientais. Unidade 3 • Legislação aplicável ao licenciamento75/267 Introdução O licenciamento ambiental é um dos mais importantes mecanismos de controle, pois é através dele que o Poder Público estabelece condições e limites ao exercício de determinada atividade (BRASIL, 2009). O licenciamento ambiental no Brasil instituído pela Lei Federal nº 6.938/81 antecede a própria Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Contudo, a Constituição Federal recepciona essa Lei e inova ao estabelecer a competência ambiental comum dos entes federativos. A Constituição Federal repartiu as competências, em matéria de meio ambiente, entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios em razão da autonomia de cada ente federado. A competência administrativa é competência comum à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios e é estabelecida pelo artigo 23 da Constituição Federal, que define entre outras competências dos entes federados, as seguintes: Para saber mais Competência: é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade ou a um órgão ou agente público para emitir decisões. A competência legislativa permite que se legisle sobre questões específicas à um tema,.e a competência administrativa é aquela referente à prática de atos administrativos. Unidade 3 • Legislação aplicável ao licenciamento76/267 III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora. A União deve estabelecer normas gerais, ou seja, fixar parâmetros mínimos de proteção ao meio ambiente que deverão ser observados pelos demais entes federativos. Aos estados e ao Distrito Federal incumbe legislar suplementarmente, adaptando as normas jurídicas às peculiaridades regionais (BRASIL, 2009). O artigo 24 da Constituição Federal exclui dos municípios a competência legislativa em matéria ambiental. Porém, da interpretação do art. 30 da Constituição Federal depreende-se que cabe aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e estadual no que couber. Dessa forma, mesmo em matéria de meio ambiente, caberá aos municípios legislar sobre temas de interesse local (BRASIL, 2009). Assim, a competência legislativa em matéria ambiental é concorrente entre a União, os Estados, o Distrito Federal, e também os municípios. Todos os entes federativos poderão legislar sobre meio ambiente, porém os estados, o Distrito Federal e os municípios não poderão legislar de modo a oferecer menor proteção Unidade 3 • Legislação aplicável ao licenciamento77/267 ao meio ambiente do que aquela prevista nas normas federais. Assim, os municípios brasileiros têm competência administrativa e legislativa em matéria de meio ambiente, bem como o dever de protegê-lo. A Lei Federal nº 6.938/81 prevê, em seu artigo 10, a competência para o licenciamento (BRASIL, 1981). O Decreto Federal nº 99.274, de 6 de junho de 1990, que regulamentou a referida lei, é uma das principais normas legais sobre licenciamento ambiental e estabelece em seu artigo 17 critérios gerais a serem adotados no licenciamento de atividades utilizadoras de recursos ambientais e potencialmente poluidoras, sendo que tais critérios podem ser modificados pelos estados, desde que os padrões estaduais impliquem em maior proteção ao meio ambiente (BRASIL, 1990). A Lei Federal nº 6.938/81 e o Decreto nº 99.274/90 atribuem ao Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA a competência para estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, conforme discutimos na aula anterior. No exercício das competências que lhe foram atribuídas, o CONAMA instituiu uma série de Resoluções que tratam do licenciamento ambiental, sendo as mais importantes a Resolução nº 01, de 23 de janeiro de 1986 e a Resolução Unidade 3 • Legislação aplicável ao licenciamento78/267 nº 237, de 19 de dezembro de 1997, apresentadas brevemente em nossa primeira aula (BRASIL, 1986; BRASIL, 1997). Além dessas resoluções e as referentes aos padrões de qualidade ambiental verificadas em nossa aula passada, no processo de licenciamento ambiental devem ser consideradas outras diversas leis, decretos, resoluções e portarias relacionados ao tema. Destacamos nesta aula os espaços territoriais especialmente protegidos, estabelecidos pela Lei Federal n° 9.985/2000, referente à compensação ambiental, e a Lei Federal n° 12.651/2012, que instituiu o Novo Código Florestal (BRASIL, 2000; BRASIL, 2012). Outra lei a ser abordada é a Lei dos Crimes Ambientais, instituída pela Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. 1. Legislação Associada ao Licenciamento Ambiental 1.1 Sistema Nacional de Unida- des de Conservação da Nature- za (SNUC) A Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. O art. 2º da Lei define as Unidades de Conservação como espaços territoriais e seus recursos ambientais, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção Unidade 3 • Legislação aplicável ao licenciamento79/267 (BRASIL, 2000). As Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. Para saber mais Unidades de Proteção Integral são destinadas à manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais, sendo das seguintes categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. Unidades de Uso Sustentável: onde são admitidas a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável, das seguintes categorias: Tipos: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Particular do Patrimônio Natural. Unidade 3 • Legislação aplicável ao licenciamento80/267 A Lei do SNUC estabelece alguns pontos relacionados ao licenciamento ambiental, como a compensação ambiental. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, o Link Para informações sobre as definições de cada tipo de grupo do SNUC, acesse: <http://www. mma.gov.br/areas-protegidas/unidades-de- conservacao/categorias> empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica, o licenciamento ambiental só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção
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