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PROCESSO ADMINISTRATIVO E DISCIPLINAR MANHUAÇU 2013 INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Manhuaçu-MG ALUNOS DO 5º PERÍODO PROCESSO ADMINISTRATIVO E DISCIPLINAR Trabalho apresentado ao 5º Período do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Manhuaçu - Doctum, como requisito parcial para obtenção de notas. Área de Concentração: Deôntologia. Orientador: Diogo MANHUAÇU 2013 PROCESSO ADMINISTRATIVO E DISCIPLINAR APRESENTAÇÃO Há, na OAB, duas classes de processos: o processo disciplinar, que objetiva apurar a conduta do advogado e eventualmente puni-lo, além de ter, como objeto, as demais competências dos Tribunais de Ética e o processo administrativo comum, que pode tratar de várias matérias, como inscrição e transferências, eleições, registro de sociedades e outros. O processo foi pensado como uma garantia, fazendo necessário estabelecer procedimentos, ritos, caminhos previamente definidos e conhecidos que garanta a todos a possibilidade de expor adequadamente seus pontos de vista, provar seu argumento, e vê-los examinados e julgados por referencias precisas. Esta garantia deve ser aplicada no plano dos procedimentos administrativo. É fato que administração pública se sente confortável para processar julgar e atribuir sanções às vezes pesadas. Precisa-se mostrar o respeito das garantias constitucionais que orientam o processo seja administrativo ou judicial. Via necessária para constituição de um estado democrático de Direito, como previsto no art. 1º CF. Buscando respeitar tais garantias no âmbito da advocacia o EAOAB (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil) dedicou toda uma parte aos processos que tem curso na OAB. Sanando assim em seu âmbito especifico uma grave deficiência brasileira, de definição de regras para os processos administrativos de toda natureza inclusive disciplinar. Assim como o Processo Disciplinar em curso na OAB segue regras primárias próprias previstas pelo EAOAB, pelo Regimento Geral, pelo Código de Ética Disciplina e pelos Provimentos do Conselho Federal. Em se tratando das medidas de urgência, não é diferente, estão disciplinadas pelo EAOAB, em seu art. 70, §3º. Ao estudarmos esse artigo, precisamos estar atentos à competência do poder punitivo que no caput é conferido ao Conselho Seccional da localidade onde ocorreu a infração. Já no § 3º, detém competente para aplicar a suspensão preventiva, o Tribunal de Ética do Conselho onde o advogado tenha inscrição principal e somente pode fazê-lo em casos de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia. A suspensão preventiva será pelo prazo de 90 dias e é aplicada depois de ouvir o advogado em sessão especial, podendo ele mesmo ou seu defensor, apresentar defesa, produzir prova e fazer sustentação oral, todavia, se o advogado, mesmo sendo notificado, não comparecer nem nomear defensor para fazê-lo, pode o TED aplicar a suspensão desconsiderando a oitiva. Uma vez aplicada a suspensão preventiva, não caberá recurso sem efeito suspensivo ao Conselho Seccional. A suspensão preventiva de advogado, embora não seja uma prática tão divulgada, é muito comum sua ocorrência. Talvez o caso mais divulgado pela mídia tenha sido em novembro de 2010, quando o TED da OAB-MG suspendeu preventivamente, por 90 dias, o advogado Ércio Quaresma. (então advogado do goleiro Bruno) O processo disciplinar foi instaurado depois de ter, Quaresma, declarado publicamente, ser dependente de crack e ter aparecido na televisão consumindo a droga. Também no DF o TED, decidiu pela suspensão preventiva de um advogado que teria recebido verbas trabalhistas e não as repassou aos clientes. É tão comum a aplicação da suspensão que ocorre do TED não concluir o processo no prazo de legal de 90. É o relator do processo disciplinar, quem determina a notificação do interessado para esclarecimentos, ou do representado para oferecer defesa prévia. O prazo é de 15 dias para os 2 (dois) (art. 52 do Código de Ética). Em regra a primeira notificação (que seria a citação do processo administrativo) é feita por servidor da OAB, via correios, com AR, sendo considerado notificado se for recebido pela parte, ou seja, AR entregue a outra pessoa, ainda que da família não é notificação válida. A exceção é no caso de frustradas tentativas da notificação por correio, será feita por edital (§ 2º do art. 137-D). Já as notificações posteriores poderão ser publicadas na impressa oficial, com alguns critérios, a exemplo de processo disciplinar que deverá conter somente as iniciais do nome do representado, e o nome do seu procurador, se o representado advogar em causa própria terá o seu nome também. O Estatuto assegura a ampla defesa ao representado, inclusive com nomeação de defensor dativo, se aquele não for encontrado ou for revel. Após o oferecimento da defesa prévia o relator pode opinar pelo indeferimento liminar da representação, cabendo ao Presidente do Conselho se arquiva o processo. Na defesa prévia devem constar todos os documentos, inclusive o rol de testemunhas (máximo de 5). O interessado e ao representado são incumbidos do comparecimento de suas testemunhas, na data e hora marcada. É, ainda, facultado ao relator determinar a realização de diligências que julgar necessárias. Quando o mérito do processo se tratar de representação de advogado contra advogado, envolvendo questões de ética profissional, o Tribunal de Ética buscará a conciliação entre as partes, e, só prosseguirá com o feito se essa não for possível. Concluída a instrução, será aberto prazo de 15 para as partes apresentarem razões finais. Decorrido o prazo, o relator emitirá parecer a ser submetido ao Tribunal. O presidente do Tribunal recebe o processo já instruído e nomeia relator para proferir voto. Depois de 20 dias do recebimento, o processo será inserido na primeira sessão de julgamento, salvo se o relator determinar diligências, O Tribunal intimará o representado, com 15 dias de antecedência, para defesa oral de 15, a ser apresentada, por ele ou por seu defensor, depois do voto do relator. Nesse momento o processo está pronto para o julgamento 1 - PODER DISCIPLINAR O Processo disciplinar em curso na OAB segue as regras estipuladas pelo Estatuto, tanto quanto as regras dispostas no Regulamento Geral, no Código de ética e Disciplina e em Provimentos do Conselho Nacional Federal. Todos os prazos necessários a manifestação nos processos em geral da OAB, foram uniformizados em 15 dias, inclusive para interposição de recursos. Nos casos de comunicação por oficio ou de notificação pessoal o prazo conta a partir do dia útil imediato ao dia da notificação do recebimento e nos casos de publicação na imprensa oficial ou da decisão o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte. Os prazos no âmbito dos processos tem curso na Ordem são contínuos não se interrompem nem se suspendem nos dias não úteis. Durante o período do recesso do Conselho, os prazos são suspensos e reiniciam-se no primeiro dia útil de reinicio de suas atividades. O poder disciplinar da ordem dos advogados do Brasil é a possibilidade da OAB punir disciplinarmente seus inscritos, mas o fato de ser punido disciplinarmente na OAB, não exclui a possibilidade de ser punido na justiça comum, então, se o advogado regularmente inscrito na OAB comete um crime ou uma infração penal ele será punido disciplinarmente na OAB e essa se responsabiliza em informar às autoridades competentes. De acordo com o art. 70do Estatuto, o poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete ao conselho seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, cabendo ao seu tribunal de Ética e Disciplina julgar os processos disciplinares, sendo instruídos pelas subseções ou por relatores do próprio conselho. Quando a infração ocorrer perante o Conselho Federal, será o próprio conselho que terá a competência de para julgamento. Nos casos em que o advogado que cometeu a infração em um determinado lugar e tem sua inscrição principal junto a outro conselho seccional, a decisão condenatória irrecorrível deve ser informada imediatamente ao conselho seccional que o advogado pertence. Sobre a competência do Tribunal de Ética e Disciplina, o código de ética e disciplina, em seu art. 49 diz que ao tribunal compete orientar e aconselhar sobre ética profissional, respondendo às consultas em tese, e julgar os processos disciplinares, mas também poderá instaurar de ofício processo competente sobre questões ou fatos que sejam passiveis de configurar infrações disciplinares, e também é responsável em organizar palestras, cursos, seminários e discussões a respeito da ética profissional, o tribunal também deverá expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos previstos nos regulamentos e costumes do foro e por ultimo mediar e conciliar nas questões que envolvam dúvidas e pendências entre os advogados. 2 - PROCEDIMENTO DISCIPLINAR O procedimento disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada e não pode ocorrer mediante denúncia anônima. O procedimento disciplinar tramita com sigilo, só tendo acesso a suas informações as partes, seus defensores e a autoridade competente. Após, recebida a representação o Presidente do conselho seccional ou da subseção designa relator um de seus integrantes para presidir a fase instrutória. Compete ao relator a instrução do processo e o oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao tribunal de Ética e Disciplina. Ao relator cabe a possibilidade de ouvir testemunhas, requisitar documentos, determinar diligências e propor arquivamento ou outra providência ao presidente. Para condensação do advogado não bastam simples presunções, assim, é direito do advogado a ampla defesa e o contraditório. Assim que concluída a instrução o relator emite parecer prévio que, se homologado pelo Conselho da Subseção, é submetido a julgamento. Em representação contra membros do Conselho Federal e Presidente dos Conselhos Seccionais, estas deverão ser processados e julgados pelo Conselho Federal. 3 - JULGAMENTO Todo Expediente submetido ao TED (Tribunal de Ética e Disciplina) é autuado pela Secretaria, registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou Turmas Julgadoras. A pauta de julgamento deve ser publicada com 07 (sete) dias de antecedência em órgão oficial e no quadro de avisos gerais. O relator e o revisor tem prazo de dez dias, cada um, para a elaboração de seus pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para julgamento. Durante o julgamento, qualquer dos membros pode pedir vista do processo pelo prazo de uma sessão e desde que a matéria não urgente. Durante o julgamento para dirimir quaisquer dúvidas, o relator e o revisor tem preferência têm preferência nas manifestações. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a frequentar, sobre Ética Profissional do Advogado realizada por entidade de notória idoneidade. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao Conselho Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus julgamentos. É permitido a revisão no processo disciplinar, por erro de julgamento ou por condenação baseada em falsa prova. Competem ao TED Julgar processos de primeira instância (processo disciplinar comum); realizar a mediação e a conciliação entre advogados, em questões como partilha de honorários, dissolução de sociedades e outras; responder a consultas em tese, expedindo resoluções, que servirão como normas orientativas para os julgamentos proferidos no processo disciplinar comum. Já os Conselhos Seccionais julgam processos disciplinares em segunda instância (recursos interpostos contra as decisões dos Tribunais de Ética e Disciplina); ou em instância originária, nos termos de sua competência (ex: aplicação da pena de exclusão, que lhe compete originária e privativamente, exigindo-se voto de 2/3 de seus membros para que a sanção possa ser consumada). Interpretação restritiva do art. 58, caput e inciso III, do Estatuto. O Conselho Federal julga, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, como derradeira instância. 3.1 - EMBARGOS DECLARATÓRIOS Cabe “Embargo Declaratório” contra decisões dos órgãos da OAB, que deve ser dirigido para o relator da decisão. O Embargo de Declaração nos processos que tramitam na OAB, em regra, sofrem analogia com o CPC. O embargo de declaração nada mais é do que um pedido que se faz ao juiz ou tribunal que emitiu a decisão, com a finalidade de sanar certas obscuridades ou omissões contidas nesta, para que assim a parte possa recorrer adequadamente. A parte interessada pode pedir o aclaramento (se obscura ou contraditória a decisão) ou pode pedir a complementação (no caso de decisão omissa), sendo que o objeto do Embargo Declaratório não pode dizer respeito aos fundamentos da decisão, com a finalidade de modifica-los. Muitos autores consideram o Embargo de Declaração como não sendo recurso, pois possui a finalidade apenas de “aclarar” ou “completar” a decisão que foi embargada e não seria, assim, a forma mais adequada para se buscar reforma na decisão. Embora haja este posicionamento doutrinário a respeito da natureza jurídica do ED, considera-se sim ele um recurso, pois nada impede que o tribunal ou juiz que emitiu a decisão venha, ao aclarar ou completar o ED, reformar sua decisão. A decisão decorrente do Embargo de Declaração se adere à decisão que foi embargada: DECISÃO •decisão obscura ou omissa; Embargo de Declaração; Juiz ou Tribunal decisão decorrente do Embargo; •esta decisão se adere à decisão embargada. Como a decisão decorrente do Embargo de Declaração adere à decisão embargada, não poderia a parte recorrer utilizando-se de outro recurso, pois a parte não saberia sobre o que deveria recorrer (se a decisão é obscura, logo, não se sabe sobre o que recorrer). Sendo assim, os embargos de declaração tem, nos processos que tramitam na OAB, capacidade de modificar os prazos recursais: o embargo de declaração suspende os prazos recursais (diferente do Embargo de Declaração do CPC, que interrompe os prazos), como prevê o art. 77 da EAOAB: “Art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tratarem de eleições (arts. 63 e seguintes), de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de cancelamento da inscrição obtida com falsa prova.” O juiz ou tribunal pode recusar o ED, fundamentando sua negação, ou pode aceitá- lo, julgando-o novamente e emitindo nova decisão decorrente do embargo. 4 - RECURSOS Aos Processos Administrativos Disciplinares, cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões proferidas pelo Conselho Seccional, unânimes ou não, contrariando o Estatuto, decisão do Conselho Federal, Seccional ou o Regulamento Geral, CED, e os provimentos. Além dos interessados, o Presidente do Conselho Seccional também é legitimado para interpor recurso, e nessa mesma linha cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas por seu presidente, pelo Tribunal de ética e Disciplinaou pela diretoria da subseção. Os recursos (em regra) tem efeito suspensivo, salvo quando se tratarem de eleições, ou de cancelamento da inscrição obtida com falsa prova; o prazo para qualquer recurso é de 15 dias e serão sempre dirigidos ao órgão julgador superior competente, com exceção dos embargos de declaração que são dirigidos ao relator da decisão.
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