Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ECONOMIA, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE Ana Carolina Silveira Nascimento1 Camila Coutinho Da Rosa Reduzino Carmen Salles De Oliveira Martins Cláudia Janaína Rodrigues Da Silva Dennys Leonnan Guimarães De Lima Francisco Alexandre Lopes Pinto Leandro Tavares De Lima Letícia Oliveira De França Maria Aparecida Oliveira Araújo Michelle Da Costa Viana Rodrigo De Souza E Silva Sá Wellington Oliveira Rodrigues RESUMO: Este trabalho objetiva analisar a importância da Consciência Ambiental a partir da escassez dos recursos naturais, reunido ao crescimento desordenado da população mundial e a ambição desmedida dos Estados, levando em conta o impacto ambiental que surge desse conflito. O crescimento econômico do Século XX, que almejava melhores condições de vida, conduziu a humanidade a consumir 20% a mais dos recursos naturais que a própria natureza tem condições de repor. Num retrospecto rápido da história podemos constatar que nas civilizações antigas o declínio e a extinção estão diretamente relacionados com a escassez, seja através da erosão acentuada ou pelos erros na utilização do solo, levando ao encolhimento das colheitas. (BROWN, 2009 p.23). Se a intenção do desenvolvimento econômico é proporcionar melhores condições de vida às pessoas torna-se necessária uma reavaliação urgente nesse sistema, com mudanças drásticas no setor produtivo sob o viés ambiental, sustentabilidade dos negócios, participação governamental através de políticas públicas sérias, eficazes e comprometidas com o bem-estar social, investimentos em fontes alternativas de energia sustentável, participação de instituições privadas envolvidas com a questão ambiental, promovendo uma nova relação entre homem e natureza baseada na sustentabilidade e a manutenção da vida no planeta. Palavras-Chave: Meio Ambiente – Sustentabilidade – Economia. 1 Acadêmicos do 3º período do Curso de Graduação em Direito da Universidade Salgado de Oliveira – Campus São Gonçalo/RJ, orientados pela Professora Doutora Lauriani Porto Albertini. 2 ABSTRACT: This work aims to analyze the importance of Environmental Awareness from the scarcity of natural resources, together with the uncontrolled growth of world population and the excessive ambition of states, taking into account the environmental impact that arises from that conflict. The economic growth in the twentieth century, which aimed to better living conditions, led mankind to consume 20% more natural resources than nature itself is able to reset. In a quick retrospect of history, we can find that ancient civilizations’ decline and extinction are directly related to the shortage, either by erosion or by errors in land use, leading to shrinkage of crops (BROWN, 2009 p.23). If the intent of economic development is to provide better living conditions to people, an urgent revaluation in that system is necessary, with drastic changes in the productive sector under an environmental bias, business sustainability, government participation through serious, effective, and committed public policy with social welfare, alternative sources of sustainable energy investment, participation of private institutions involved with environmental issues, promoting a new relationship between man and nature, based on sustainability and on the maintenance of life on the planet. Keywords: Environment - Sustainability – Economy. INTRODUÇÃO Qualquer impacto, por menor que seja feito pelo homem ao meio ambiente reverte em consequências para o próprio homem, desde a poluição de um pequeno riacho através de dejetos urbanos até a trágica catástrofe de Chernobyl. Eles não causam somente degradação da própria natureza, vão, além disso, provocam prejuízos a toda a sociedade seja através de doenças transmissíveis, consequentemente com custos hospitalares até a ruina de toda a economia das cidades atingidas. As causas das agressões ao meio ambiente são de ordem política, econômica e cultural. A sociedade, de modo geral, ainda não absorveu a importância do meio ambiente para a sua sobrevivência. Todavia, essa ganância tem um custo, já visível nos problemas causados pela poluição do ar e da água e no número de doenças derivadas desses fatores. A sustentabilidade é um fator de extrema importância para assegurar a qualidade de vida para as gerações futuras e para isso é preciso que as empresas o governo e a comunidade contribuam com práticas que podem 3 salvar o planeta. É necessário que a sociedade promova a sustentabilidade e a preservação ambiental, que não se trata somente de cumprir obrigações com órgãos ambientais, mas sim um fator de sobrevivência da organização e também de competitividade, desta forma alcançando o desenvolvimento sustentável. Para atender o crescimento e a demanda o setor econômico preocupa-se com a obtenção do maior resultado possível com o mínimo de custos. O mercado não reconhece os conceitos ecológicos básicos de produção sustentável, não respeita os equilíbrios da natureza, desvalorizando o nosso bem maior, nosso planeta. Iremos citar aqui exemplos de descaso com o meio ambiente ligado ao crescimento econômico, apontaremos os problemas ambientais, apresentaremos soluções disponíveis através de energias alternativas renováveis e medidas adotadas no sentido de conter o impacto visando solucionar este quadro na busca por um desenvolvimento sustentável. A questão ambiental não está em contraponto ao crescimento, ela tem que fazer parte desse crescimento. As mudanças tem que ser num plano global, isto é, a solução está em mudar a rota de desenvolvimento a fim de evitar mais danos irreversíveis ao meio ambiente. Pode-se perceber que está crescendo a preocupação das empresas e das pessoas em relação ao meio ambiente, porém esta preocupação é bastante tímida em nível nacional. Este fator pode ser devido à cultura brasileira que nunca valorizou as riquezas do país onde se acreditava que os recursos naturais eram infinitos. 1 ACIDENTES AMBIENTAIS O desenvolvimento desgovernado da economia tem provocado impactos desastrosos no meio ambiente, ocasionados pelos acidentes ambientais degradando a natureza principalmente no setor petrolífero. Segundo a Resolução CONAMA nº 001/86, art. 1º, "impacto ambiental", é: (…) toda alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, 4 direta ou indiretamente afetam a saúde, o bem estar da população e a qualidade do meio ambiente. Em 2006 foi criada no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Coordenação Geral de Emergências Ambientais2, tendo como atribuições o desenvolvimento de ações preventivas, coordenação e direcionamento de ações de atendimento, proposição de normas, critérios, padrões e procedimentos referentes a acidentes e emergências ambientais, bem como assistência e apoio operacional às instituições públicas e à sociedade. Somente a partir de sua criação é que passou a existir um monitoramento sistemático de acidentes ambientais, mas cabe salientar que o número registrado não corresponde ao total, haja vista o baixo índice de envio de comunicados por instituições públicas. A categoria responsável pelo maior número de acidentes ambientais entre 2006 e 2013, foi o derramamento de líquidos, mais precisamente os “líquidos inflamáveis” (que inclui petróleo e seus derivados), as rodovias são as que mais apresentam registros. Conforme relatório do IBAMA3, a Região Sudeste é a culpadapela maior parte desses desastres, seguida pela Região Sul, Região Nordeste, Região Centro-Oeste e Região Norte, sucessivamente (quadro 1). Quadro 1: Acidentes ambientais no período de 2006 a 2013 por Regiões Fonte: Elaboração própria baseada nos dados do IBAMA 2 Decreto nº 5.718, de 13 de março de 2006. 3 Relatório de Acidentes Ambientais 2013 – IBAMA/Emergência Ambiental ANO TOTAL SUDESTE SUL NORDES TE CENTRO OESTE NORTE 2006 116 65 30 13 4 4 2007 183 105 25 27 13 13 2008 323 149 65 46 45 18 2009 508 269 81 49 74 35 2010 751 443 128 98 52 30 2011 713 477 100 72 43 21 2012 645 430 70 65 61 19 2013 732 446 110 73 59 44 3.971 2.384 609 443 351 184 5 Esses impactos ambientais atingem diretamente a capacidade de reprodução e desenvolvimento das espécies através da asfixia causada pelo recobrimento da flora e fauna, contaminando os recifes de corais e a consequentemente alterando as comunidades biológicas. Dessa forma a economia é diretamente atingida com os impactos de caráter social, como a proibição de banhos de mar, pescaria e navegação, além do impacto direto no turismo e nas atividades comerciais destas áreas, gerando graves prejuízos tanto sociais quanto econômicos4. 1.1 ACIDENTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1.1.1 Baia da Guanabara Um dos maiores acidentes ambientais do Rio de Janeiro, rompimento de um duto da Petrobrás ocorrido em janeiro de 2000, provocou o vazamento de óleo em grandes proporções que alterou todo o cenário da Baía de Guanabara, contaminando vários ecossistemas. Houve o vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo combustível nas águas da baía. A mancha se espalhou por 40 km², afetando milhares de famílias que viviam da pesca e de atividades ligadas ao pescado. Este episódio entrou para a história como um dos mais graves acidentes ambientais ocorridos no Brasil e América do Sul. O derramamento não causou apenas a poluição do espelho d’água da Baía de Guanabara. Houve contaminação das areias, de costões rochosos, muros de contenção, pedras, lajes e muretas das ilhas do Governador e de Paquetá. Os prejuízos se estenderam à vegetação de mangue existente no entorno da Ilha do Governador e provocaram uma drástica redução das atividades turísticas em toda a Baía, principalmente na visitação à Ilha de Paquetá. Outros municípios também foram afetados. A área de proteção ambiental (APA), na cidade de Guapimirim, foi duramente atingida pelo derramamento de óleo5. 4 ttp://www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg10/anais/T14_0440.pdf> Acesso em: 08/05/2015 5 <http://oglobo.globo.com/rio/pescadores-lutam-ha-quase-15-anos-por-indenizacoes- devido-ao-vazamento-de-oleo-na-baia-14444587> Acesso em: 06/05/2015 6 A maior tragédia ambiental do país já completou 15 anos e os problemas gerados aos pescadores e suas famílias ainda não terminaram. A sentença anunciada pela 25ª Vara Cível do Rio de Janeiro, em abril de 2005 que teve sua decisão confirmada pela 1ª Câmara Cível, cada pescador deveria ganhar R$ 754,11 por mês, ao longo de dez anos, por causa dos danos causados pelo acidente e por terem sido impedidos de jogar suas redes no mar. Após uma série de recursos, a sorte dos pescadores mudou de rumo: a última decisão prevê um único pagamento — do mesmo valor estabelecido anteriormente — porque a Justiça entendeu que a pesca só ficou prejudicada por 45 dias6. Figura 1: Biguá agonizando na baía de Guanabara. <http://lurdinha.org/site/baia-de- guanabara-pescadores-lutam-ha-quase-15-anos-por-indenizacoes/> Acesso em: 06/05/2015 Vale ressaltar que o Rio de Janeiro será palco, em 2016 de uma competição olímpica, tendo se comprometido em despoluir 80% da Baía de Guanabara reunindo ações desde adoção de barreiras de poluição em saídas de rios, embarcações para coletar o lixo, instalação de redes coletoras de esgoto e cinco Unidades de Tratamento de Rio (UTRs). Este Programa de Despoluição da Baía de Guanabara foi lançado em 1994, até agora, mais de 20 anos depois, nada aconteceu. O governo do estado do Rio de Janeiro já contraiu empréstimos de cerca de R$ 10 bilhões para recuperar a baía, sempre com as mesmas promessas: “Nós vamos utilizar esses recursos se possível nos meus 4 anos”, disse Marcelo Alencar em 1995; “Estão dentro do cronograma prevista para serem encerradas em 2003”, prometeu Garotinho em 2002; “Já está atrasada de novo a obra, nós vamos ter que renegociar os 6 <http://lurdinha.org/site/baia-de-guanabara-pescadores-lutam-ha-quase-15-anos-por- indenizacoes/> Acesso em: 06/05/2015 7 prazos e eu quero adiantar e garantir a segunda fase de despoluição”, disse Rosinha em 2003; “Eu não tenho a menor dúvida de que é um programa importantíssimo. Nós temos que convencer os japoneses, os bancos internacionais a continuarem investindo”, destacou Sérgio Cabral em 2006; “Vai melhorar a vida do entorno da Baía de Guanabara e de diversas cidades”, afirmou Luiz Fernando Pezão em 2014 (grifos nosso)7. A Baia da Guanabara era um balneário, ali se tomava banho de mar, mas 50 anos depois nossos governos viram as costas fingindo não verem que o cartão postal de tirar o fôlego, se transformou no depósito de lixo e esgoto mais bonito do mundo, mas tudo isso vai ser mostrado a todo o planeta quando os atletas de todos os lugares do mundo estiverem expostos às mesmas doenças que os habitantes do entorno da Baia estão e os velejadores estiverem se desviando dos botijões de gás, mochilas, tênis que estarão competindo de igual para igual em homenagem e honra a Zeus, o deus dos deuses. 1.1.2 Superbactéria Como se tudo acima não bastasse um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), identificou uma superbactéria resistente aos principais antibióticos, de ambiente hospitalar, na Praia do Flamengo e um segundo estudo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Inea, mostra que a bactéria também está presente nas águas da Praia de Botafogo, praias estas, localizadas próximas à região da Marina da Glória, que receberá provas de vela durante os Jogos Olímpicos de 20168. 1.1.3 Angra dos Reis Em 21 de janeiro de 2015 a Petrobrás comemora: Completamos, no fim de 2014, 225 operações Ship-to-Ship (STS) realizadas na Baía de Ilha Grande, em Angra dos Reis 7<http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/04/falta-de-solução-para-o-lixo-na-baia- de-guanabara-preocupa-atletas.html> Acesso em: 08/05/2015. 8<http://www.ecodebate.com.br/2014/12/18/rj-instituto-estadual-do-ambiente-inea- alerta-para-superbacteria-nas-praias-do-flamengo-e-botafogo/> Acesso em 08/05/2015 8 (RJ), com plena segurança no que se refere às manobras, navegação e proteção ao meio ambiente. Começamos a realizar as operações do STS em Angra dos Reis em 2009. (...) Esta alternativa representa uma solução logística que possibilita flexibilidade operacional, otimização de ativos (navios e terminais), com resultado financeiro elevado, além de apresentar índice de segurança operacional reconhecido pelas autoridades internacionais (grifo do original)9. No entanto, em 16 de março de 2015, menos de 2 meses após a comemoração, acontece o que já era esperado e avisado de longa data: A Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA) divulgou na noite desta segunda-feira (16) a quantidade de óleoque vazou no mar de Angra dos Reis: 560 litros, de acordo com as primeiras estimativas. (...) O acidente aconteceu no fim da madrugada, durante uma operação de transferência de óleo entre duas embarcações atracadas no píer: o Gothenburg, que trazia o óleo de uma plataforma de Macaé, e o Buena Suerte, que levaria o produto para o exterior (grifo nosso)10. Figura 2: Vazamento de óleo da Transpetro em Angra dos Reis (Foto TV Record). Inicialmente a Petrobras Transporte – Transpetro, empresa responsável pelo acidente, fora multada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) em R$ 2,38 milhões em face do derramamento de 560 litros de óleo na Baía de Ilha Grande, em Angra dos Reis, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Tamoios, no entanto esse valor subiu para R$ 50 milhões, quando o órgão chegou à conclusão que a Transpetro omitiu informações, uma vez que o 9 <(http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/atingimos-a-marca-de-225- operacoes- de-transferencia-de-petroleo-entre-navios-na-baia-de-ilha-grande.htm)> Acesso em: 08/05/2015. 10<(http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/03/560-litros-de-oleo- vazaram-no-mar-de-angra-dos-reis-rj-aponta-sea.html)> 10/05/2015 9 vazamento foi de, pelo menos, 800 litros de petróleo e a área atingida não condisse com a verdade11. O Artigo 21, da Lei nº 9.966/2000, estabelece que a reparação do dano ambiental e a indenização às atividades econômicas e ao patrimônio público e privado, que tenham sofrido prejuízo, são obrigatórias em qualquer circunstância de descarga, ainda que autorizada, de óleo, substâncias nocivas ou perigosas ou misturas que os contenham, de água de lastro e de outros resíduos poluentes. Esta lei define o termo descarga da seguinte maneira: XI – descarga: qualquer despejo, escape, derrame, vazamento, esvaziamento, lançamento para fora ou bombeamento de substâncias nocivas ou perigosas, em qualquer quantidade, a partir de um navio, porto organizado, instalação portuária, duto, plataforma ou suas instalações de apoio. Esta reparação está de acordo com a Constituição Federal12 e a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)13, vez que o responsável pelo dano, culpado ou não, é forçado a indenizar e/ou reparar os estragos e prejuízos causados ao meio ambiente e a terceiros. Finalmente, em 8 de abril de 2015, o Conselho Diretor do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) cassou a licença da Petrobras para operações Ship-to-Ship (STS) (navio para navio) na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, ficando estabelecido o prazo de 60 dias para a interrupção de transferências de óleo cru ou derivados do petróleo. Com a revogação definitiva da licença ambiental das operações Ship-to-Ship a situação da Petrobras se agrava, uma vez que essa alternativa de transferência provinha de restrições de berços de atracação de terminais da empresa na região Sudeste. Os projetos de expansão dos dois principais terminais, em Angra dos Reis (RJ) e em São Sebastião (SP) foram vetados por órgãos ambientais e um dos principais projetos logísticos, a construção de um terminal oceânico está atrasada, justamente por falta de licença ambiental. Os especialistas acreditam que parte das operações será transferida para o 11http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/03/sobe-para-r-50-milhoes- multa-por-vazamento-da-transpetro-em-angra.html 09/05/2015 12 Art. 225, inciso VII, § 3º da CRFB 13 Art. 4º, inciso VII da Lei 6.938, de 31 de Agosto de 1981 10 Uruguai, país que já é usado por empresas privadas de petróleo que atuam no Brasil14. 1.2 ACIDENTES NO ESTADO DE SÃO PAULO 1.2.1 Santos No Estado de São Paulo a situação não é muito diferente, no dia 02/04/2015 acontece o maior incêndio de São Paulo, na Ultracargo (na área industrial da Alemoa, em Santos), após a explosão de cinco tanques de combustíveis foi constatada uma enorme mortandade de peixes, em face de baixa oxigenação e temperatura elevada da água, no rio Casqueiro que corta o bairro de Alemoa e deságua na baia de Santos, além da grande quantidade de combustível vazado uma intensa fumaça escura, e se caso venha a chover, provocará a chuva ácida ocasionada pela queima de hidrocarbonetos. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) afirma que no entorno, ou seja, num raio de 3 km a qualidade do ar não oferece risco à população e nega que a fumaça causada pelo fogo nos tanques de combustíveis possa ter sido carregada pelo vendo para outros lugares, ou seja, para o mar ou para a Serra do Mar. Segundo o pesquisador Professor Davis Gruber Sansolo da Universidade Estadual Paulista (UNESP) É de uma irresponsabilidade absurda. Eles preferem ter uma postura política de diminuir o problema sem mesmo ter consciência da dimensão. Deviam ter um diálogo sincero com a população e deixar claro que a dimensão do problema ainda não é conhecida. confirmando com estas palavras o que todos já sabem de situações passadas: o descaso e a irresponsabilidade do Estado em relação à saúde e à segurança da população15. 14http://brasileconomico.ig.com.br/brasil/2015-04-14/sem-angra-petrobras-pode-fazer- transferencia-de-petroleo-no-uruguai.html 10/05/2015 15 <http://www.revistaecologica.com/incêndio-em-santos-deixa-rastro-de-danos- ambientais/> Acesso em: 08/05/2015. 11 Figura 3: Incêndio nos tanques de combustível em Santos, no litoral de São Paulo (Foto: Paulo Whitaker/Reuters) 1.2.2 São Sebastião Ainda no estado de São Paulo, na cidade de São Sebastião, o vazamento de combustível de um píer do Terminal Almirante Barroso (TEBAR), em 5 de abril de 2013, trouxe consequências gravíssimas, vários ecossistemas costeiros foram atingidos, sendo classificado como o acidente mais grave nos últimos dez anos. Mesmo a Transpetro não informando sobre a quantidade de combustível que chegou a vazar do píer, a composição muito parecida com a capa asfáltica, com cheiro muito forte e uma dispersão muito rápida alcançou áreas muito grandes em um espaço curto de tempo com o auxílio das correntes marítimas e a ação dos ventos. Nove praias foram atingidas pelo vazamento do combustível. O que surpreende é que a CETESB questiona se haverá algum tipo de penalidade à Petrobras, dependendo de um relatório sobre o que aconteceu existindo a possibilidade de apenas uma advertência16. 1.3 OS 10 PIORES ACIDENTES AMBIENTAIS DA HISTÓRIA EM ORDEM DECRESCENTE 10º) Vazamento químico em Cubatão, São Paulo, Brasil - 25 de fevereiro de 1984 16 <http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/04/prefeito-s-sebastiao- diz-que-impacto-ambiental-requer-avaliacao-profunda.html> Acesso em: 08/05/2015 12 Figura 4: Desastre na Vila Soco http://inspecaoequipto.blogspot.com.br/2013/05/caso- 015-desastre-da-vila-soco.html Disponível em: 10/05/2015 Vazamento de 700 mil litros de gasolina de um duto da Petrobras que atravessa por baixo de palafitas na Vila Socó, em Cubatão–SP provocou o incêndio que matou aproximadamente 500 pessoas, sendo que 60% eram crianças. A maior parte desses mortos jamais foi localizada, partindo-se do princípio que o calor gerado pelo incêndio, ultrapassou aos 1000 ºC, por várias horas17. 9º) Césio-137 - Vazamento radioativo - Goiânia, Goiás, Brasil - 13 de setembro de 1987 Figura 5: Coleta do Césio-137 em Goiânia-GO http://portaldaradiologia.com/?p=1422Foi encontrado numa clínica abandonada, por catadores de um ferro velho do local, em Goiânia-GO, que entenderam tratar-se de sucata, um aparelho de radioterapia, uma cápsula com 19 gramas de cloreto de césio (césio 137). Foram contaminadas aproximadamente 120 pessoas com 4 mortos, porém, a Associação das Vítimas do Césio 137 aponta que até o ano de 2012, quando o acidente completou 25 anos, cerca de 104 pessoas morreram e cerca 1600 tenham sido afetadas diretamente. Esse acidente é 17<http://zonaderisco.blogspot.com.br/2010/01/lembrancas-da-vila-soco-ontem-e- hoje.html> Acesso em: 10/05/2015 13 considerado o maior do Brasil e o maior do mundo, considerando-se que ocorreu fora de usinas nucleares18. 8º) Vazamento radioativo – Kyshtym, Rússia - 29 de setembro de 1957 Figura 6: Usina atômica de Mayak, Rússia http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/os-maiores-acidentes-nucleares-da- historia#2 Após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética estava empenhada em alcançar o poderio nuclear dos Estados Unidos. O governo contratou cientistas renomados para trabalhar em um programa que deu origem a uma dúzia de usinas atômicas pelo país, incluindo a construção da usina de Mayak, próxima à pequena cidade de Kyshtym. Mas a pressa em erguer o projeto foi negligente em relação à segurança. No dia 29 de setembro, uma falha no sistema de refrigeração do compartimento de armazenamento de resíduos nucleares causou uma explosão em um tanque com 80 toneladas de material radioativo. As partículas liberadas contaminaram a região de Mayak e cidades próximas num raio de 800 km Estima-se que pelo menos 200 pessoas morreram de câncer em decorrência da exposição à radiação19. 18 <http://www.brasilescola.com/fisica/o-acidente-radioativo-goiania.htm> Disponível em: 29/05/2015 19<http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1445&evento= 4> Disponível em: 10/05/2015 14 7º) Vazamento de Dioxina – Seveso, Itália – 10 de julho de 1976 Figura 7: Vítimas de Seveso Itália http://inspecaoequipto.blogspot.com.br/2014/06/caso- 074-o-legado-de-seveso-italia-1976.html Disponível em: 10/05/2015 Um vazamento de dioxina causou a contaminação de 320 hectares, atingindo milhares de pessoas e animais. Foi uma das maiores catástrofes ecológicas do mundo. Quarenta e um galões continham uma substância altamente venenosa: o TCDD. Dois milhões e 200 mil toneladas de terra, contaminadas com 200 gramas desse veneno, conhecido como dioxina, tal veneno é mil vezes mais tóxico do que o composto letal cianeto de potássio (cianureto). Ocorreu um superaquecimento no reator de dioxina e o veneno foi liberado no meio ambiente, através de uma válvula defeituosa. Repentinamente, pássaros atingidos pela nuvem tóxica começaram a cair do céu e crianças foram hospitalizadas com diarreia, enjoos e irritação na pele. 75 mil animais morreram ou tiveram de ser abatidos. O acidente ocorreu numa fábrica suíça, Hoffman-La Roche, que produzia na época, o triclorofenol, usado em produtos antibacterianos20. 20<http://www.dw.de/1976-explos%C3%A3o-provoca-vazamento-de-dioxina-em- seveso/a-871315> Disponível em: 10/05/2015 15 6º) Vazamento químico - Mar de Prince William Sound, EUA - 24 de março de 1986 Figura 8: Coleta do óleo - Foto de domínio público encontrada no Google Exxon Valdez, um navio petroleiro, da empresa petrolífera Exxon Mobil, que comercializa seus produtos sob a marca Esso, encalhou na Enseada do Príncipe Guilherme (Prince William Sound) despejando mais de 41 milhões de óleo cru na costa do Alasca. Centenas de milhares de animais morreram nos meses seguintes ao vazamento do óleo. De acordo com as estimativas, morreram 250 000 pássaros marinhos, 2 800 lontras marinhas, 250 águias e 22 orcas, além da perda de bilhões de ovos de salmão. A empresa foi multada em US$ 5 bilhões Foi o segundo maior derramamento de petróleo da história dos Estados Unidos, sendo que 500 milhas de costa foram cobertas pelo petróleo21. 5º) Vazamento químico - Golfo do México, EUA - 20 de abril de 2010 Figura9: Golfo do México - Foto de domínio público encontrada no Google A explosão ocorrida no Golfo do México, na plataforma da Deepwater Horizon, ocasionou o rompimento de dutos no oceano derramando aproximadamente 4,9 milhões de galões, ou cerca de 780 milhões de litros de óleo, entre 20 de abril e 15 de julho de 2010, 11 pessoas morreram e 17 ficaram feridas. Foram quase três meses de derramamento de óleo em águas 21<http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/desastre-do-exxon-valdez-uma/> Disponível em 29/05/2015 16 profundas podendo ter causado mais danos à vida marinha e às áreas ao redor do local do acidente do que o já foi revelado até agora. Estimativas indicam que o acidente causou a morte de aproximadamente 1.1 mil tartarugas (de cinco espécies, todas ameaçadas de extinção), 128 golfinhos, 8200 aves marinhas22. 4º) Vazamento químico - Minamata, Japão - de 1930 a 1970 Figura 10: Contaminação por mercúrio: vítima de Minamata. (foto: W. Eugene Smith/ Aileen Archive) Foto de domínio público encontrada no Google A partir da década de 1930, uma fábrica de produtos químicos – a Chisso Corporation – resolveu despejar rotineiramente seus rejeitos industriais contendo mercúrio nas águas que banhavam o município de Minamata, no Japão. Somente 20 anos depois, começaram surgir sintomas de contaminação: peixes, moluscos e aves morriam. Em 1956 foi registrado o primeiro caso de contaminação humana - uma criança com danos cerebrais. Moradores da cidade de Minamata, no Japão, começaram a ter convulsões e nascerem com deformações no corpo, muitos casos foram observados depois desta data e a moléstia ficou conhecida como Mal de Minamata. A empresa além de negar envolvimento no caso da poluição, escondeu vários relatórios que provavam a sua culpa e ainda aumentou a produção nos 18 anos seguintes. Estima-se que pelo menos 50 mil pessoas tenham sofrido as consequências da intoxicação por mercúrio naquela cidade. Aproximadamente 2200 pessoas morreram e 22<http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRVVONlYHZFTT1GdXJFb KVVVB1TP> Disponível em 10/05/2015 17 3000 ficaram doentes. Só em 1997 que o processo de descontaminação terminou23. 3º) Vazamento químico - Golfo Pérsico, Kuwait – Janeiro de 1991 Figura 11: Controle do vazamento de petróleo, por bombeiros, no Golfo Pérsico, Kuwait Foto de domínio público encontrada no Google Após perderem a guerra para o Kuwait, os militares iraquianos abriram as válvulas de poços de petróleo e oleodutos e explodiram 700 poços de petróleo do país. O incêndio causado durou 8 meses, até ser controlado por 10 mil bombeiros de 34 países. A fumaça se dispersou por 7 mil km² chegando até a Rússia. Com o volume de 1 milhão e 360 mil toneladas, este pode ser considerado o pior vazamento de petróleo da história, que não foi propriamente acidental, mas deliberado causando enormes danos à vida selvagem no Golfo Pérsico24. 2º) Vazamento químico - Bhopal, Índia - 3 de dezembro de 1984 Figura 12: Vítimas de Bhopal enfileiradas para contagem. Foto de domínio público encontrada no Google23<http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/rastros-do-mercurio/passado-e-tragedia> Disponível em: 10/05/2015 24 <http://meioambiente.culturamix.com/ecologia/maiores-vazamentos-de-petroleo-do- mundo> Disponível em: 10/05/2015 18 No pior desastre químico da história, cerca de 40 toneladas de metil isocianato e outros gases letais vazou da fábrica de agrotóxicos, de origem americana, a Union Carbide Corporation, em Bhopal, Índia. Estima-se que entre 3,5 e 7,5 mil pessoas morreram em decorrência da exposição direta aos gases, algumas fontes citam mais de 22 mil mortes ao decorrer dos anos seguintes, sendo este o maior acidente industrial registrado pela história. A Union Carbide, que possuía a fábrica de agrotóxicos na época do vazamento dos gases, abandonou a área, deixando para trás uma grande quantidade de venenos perigosos e tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre pagando compensações inadequadas ao Governo da Índia. A empresa negou-se a fornecer informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como consequência, os médicos não tiveram condições de tratar adequadamente os indivíduos expostos. Mesmo hoje os sobreviventes do desastre e as agências de saúde da Índia ainda não conseguiram obter da Union Carbide e de seu novo dono, a Dow Química (Dow Chemicals), informações sobre a composição dos gases que vazaram e seus efeitos na saúde. Apesar deste quadro absurdo, a fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica enquanto que resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando solo e águas subterrâneas, dentro e no entorno da antiga fábrica. Hoje se sabe que o composto químico era o isocianato de metila25. 25<http://www.pco.org.br/internacional/30-anos-do-desastre-de-bhopal/abiz,o.html> Disponível em: 29/05/2015 19 1º) Vazamento radioativo - Chernobyl, Ucrânia - 26 de abril de 1986 Figura 13: Usina de Chernobyl, Ucrânia - Foto de domínio público encontrado no Google Considerado o pior acidente radioativo do mundo. A radiação emitida no acidente foi 100x maior que as da bomba de Hiroshima e Nagasaki. Foi ocasionado por uma explosão após uma série de falhas humanas em uma usina de energia. O incêndio foi controlado 9 dias depois, mas já era tarde. Uma nuvem radioativa exigiu a evacuação de 45 mil pessoas e chegou a atingir outros países da Europa. Mesmo o governo russo tentando encobrir tudo, na Suécia, pesquisadores estranharam o aumento nos níveis de radiação em seu território. Na época houve 31 mortes, mas as piores consequências vieram em longo prazo: mais de 300 mil pessoas com doenças graves - doenças essas que surgiram após a explosão - foram remanejadas. Foram gastos 480 milhões de dólares para limpar a região. Até hoje existem evidências desse acidente, além de uma cidade fantasma26. 2 PROBLEMAS AMBIENTAIS A degradação do meio ambiente não tem como único fator os desastres ambientais, mas também por sucessivas deteriorações ao longo do tempo. A discussão a seguir foi retirada do texto elaborado pelo UNEP (United Nations Environment Programme – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) sobre os grandes problemas mundiais da atualidade em relação ao meio ambiente. Foram levantados 12 grandes problemas, são eles: 26<http://veja.abril.com.br/acervodigital/?edicao=922&pg=36> Disponível em: 29/05/2015 20 2.1 CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO RÁPIDO A taxa de crescimento populacional mundial está em declínio, no entanto a expectativa de vida está em ascensão desta forma o número de habitantes no mundo continua aumentando27. 2.2 URBANIZAÇÃO ACELERADA A qualidade de vida de bilhões de pessoas em todo o planeta está caótica em face da poluição do ar e das águas, com a enorme produção de lixo, com a especulação imobiliária, proliferação de favelas em áreas de alto risco e a demanda de maiores recursos, energias e infraestrutura criando problemas complexos de caráter ambiental, econômico e principalmente social28. 2.3 DESMATAMENTO Está ocorrendo o desmatamento em todo o planeta, a China já teve toda a sua cobertura vegetal explorada e os Estados Unidos e a Rússia já destruíram suas florestas. No Brasil existe uma derrubada predatória para fins econômicos, sendo que no caso da Mata Atlântica somente 9% da floresta sobrevive29. 2.4 POLUIÇÃO MARINHA Os poluentes, como esgotos domésticos, industriais e lixo sólido são levados para o mar através dos rios, e juntamente com os vazamentos e as lavagens dos tanques de petróleo e os desastres ecológicos de grande proporção provocam uma poluição extremamente degradante nos oceanos que embora tenham a capacidade de se regenerar torna-se praticamente 27 <http://www.brasilescola.com/geografia/o-crescimento-populacional-no-mundo.htm> Disponível em: 29/05/2015 28<http://www.mundosustentavel.com.br/2006/10/urbanizacao-acelerada/> Disponível em: 29/05/2015 29 <http://www.suapesquisa.com/desmatamento/> Disponível em: 29/05/2015 21 impossível, pois muito dos detritos lançados não são biodegradáveis, fazendo com que haja a perda da biodiversidade30. 2.5 POLUIÇÃO DO AR E DO SOLO Através das indústrias e dos automóveis com o lançamento de diversos tipos de gases, tais como dióxido de carbono, óxidos de enxofre e outros materiais particulados a atmosfera está sendo afetada provocando danos à saúde, especialmente em crianças e idosos. Quanto ao solo, a poluição é ocasionada principalmente pelos lixões, uso de agrotóxicos e defensivos agrícolas e que por sua vez são levados através das águas das chuvas e consequentemente provocando a poluição dos rios31. 2.6 POLUIÇÃO E EUTROFIZAÇÃO DE ÁGUAS INTERIORES – RIOS, LAGOS E REPRESAS O fenômeno da eutrofização é caracterizado pela alta concentração de nutrientes no ambiente aquático resultante da poluição das águas por ejeção de adubos, fertilizantes, detergentes e esgoto doméstico sem tratamento provocando o aumento de minerais criando uma camada espessas de algas na superfície que impossibilita a realização da fotossíntese32. 2.7 PERDA DA DIVERSIDADE GENÉTICA A perda da diversidade genética é uma das ameaças do equilíbrio ambiental do planeta. O desmatamento juntamente com a perda de diversidade genética nos ecossistemas agrícolas e a falta de proteção dos recifes de corais são alguns dos grandes causadores do desaparecimento de várias espécies e 30<http://www.brasilescola.com/geografia/poluicao-marinha.htm> Disponível em: 29/05/2015 31<http://www.infoescola.com/meio-ambiente/tipos-de-poluicao/> Disponível em: 29/05/2015 32<http://www.infoescola.com/ecologia/eutrofizacao/> Disponível em: 29/05/2015 22 perda da variabilidade da flora e da fauna, sendo que a biodiversidade e seus recursos genéticos são fundamentais para o equilíbrio da vida no planeta33. 2.8 EFEITOS DE GRANDES OBRAS CIVIS O surgimento de indústrias e aglomerações urbanas provocou uma queda no nível do ambiente, com a morte de rios e desaparecimento de grandes áreas verdes. Esses reflexos são de caráter ambiental, social e econômico, uma vez que provocam danos como a impermeabilização do solo, impacto visual, geração de resíduos da construção entre outros34.2.9 ALTERAÇÃO GLOBAL DO CLIMA Nas últimas décadas ocorreu um expressivo aumento da temperatura global. As mudanças climáticas são ocasionadas principalmente pela ação dos seres humanos, com a geração da poluição do ar o que tem provocado o derretimento de gelo das calotas polares, e consequentemente o aumento no nível de água nos oceanos e também o processo de desertificação35. 2.10 AUMENTO PROGRESSIVO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS Com a crescente necessidade vem o maior consumo de combustíveis fosseis e a necessidade de construção de novas usinas geradoras de energia, que por si só causam impactos ambientais associados a sua construção e operação36. 33<http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/perda-biodiversidade-genetica- risco-extincao-especies/> Disponível em: 29/05/2015 34<http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/viewFile/745/pdf_232> Disponível em: 29/05/2015 35<http://www.suapesquisa.com/clima/mudancas_climaticas.htm> Disponível em: 29/05/2015 36<http://www.uel.br/projetos/ternopar/pages/arquivos/tcc%20Matheus%20Santos.pdf> Disponível 30/05/2015 23 2.11 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E AGRICULTURA A produção crescente de alimentos é o principal fator de pressão sobre os recursos da terra. Para atender a demanda lança-se mão, de forma desenfreada, de todos os recursos legais e ilegais. Os pesticidas e fertilizantes são usados de forma indiscriminada e descartados com negligência contribuindo para a degradação do solo e a poluição das águas, os sistemas de irrigação mal planejados provocam alagamentos, salinização e alcalinização do solo e juntamente com o desmatamento em face da expansão das fronteiras agrícolas acabam provocando a perda de biodiversidade37. 2.12 FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO A Organização Mundial de Saúde estabelece que saneamento seja o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem e podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. No Brasil considera-se saneamento básico38 o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem e manejo das águas pluviais. Partindo desse princípio é a falta de saneamento básico que se reflete diretamente nas altas taxas de mortalidade infantil através da contaminação por consumo de água não tratada (hepatite A, febre tifoide, malária, cólera, etc.) principalmente em países subdesenvolvidos39. Todos os problemas acima mencionados causam sérios impactos no meio ambiente, ameaçando gravemente o ecossistema, tudo isso gerado pelo abuso capitalista da ciência e da tecnologia, mas caso fossem usadas corretamente significaria a emancipação do homem. A preocupação em relação a esses problemas motivou diversas nações, a partir da década de 70 a criarem várias 37 <http://www.wwiuma.org.br/geo_mundial_arquivos/cap2_%20terra.pdf> Disponível em: 30/05/2015 38 Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007 – Art. 3º - Inciso I, a, b, c e d 39<http://www.mundoeducacao.com/geografia/saneamento.htm> Disponível em: 30/05/2015 24 organizações internacionais com o objetivo de discutir os problemas ambientais de maneira global40. 3 FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA Há uma interferência direta da questão energética em todos os seguimentos da sociedade, sejam eles econômicos ou sociais e independem do meio de atuação, é um assunto estratégico geopolítico global, uma vez que o desenvolvimento de todo o planeta depende dela. Essa questão, no entanto, está atrelada à questão ambiental, pois o uso inadequado desses recursos pode levar a completa destruição da natureza, por este motivo torna-se urgente a implantação de novas fontes alternativas de energia41. As chamadas “fontes alternativas de energia” são aquelas que apresentam alternativas às fontes tradicionais (petróleo, gás natural, hídrica e carvão mineral) e provem de recursos naturais que são renováveis, pouco ou não poluentes e com baixos índices de agressão ambiental, são naturalmente reabastecidos, algumas já estão sendo bastante difundidas. Essa questão ganha um espaço cada vez maior à medida que cresce a consciência e os movimentos ecológicos. É importante salientar que nem todo recurso natural é renovável, por exemplo, o urânio, carvão e petróleo são retirados da natureza, porém existem em quantidade limitada e são os maiores vilões da própria natureza42. 3.1 ENERGIA SOLAR A energia solar se refere aquela proveniente do sol, tanto térmica quanto luminosa. Esta energia é captada por diferentes tecnologias e transformada em energia elétrica ou mecânica43. 40<http://www.uel.br/projetos/ternopar/pages/arquivos/tcc%20Matheus%20Santos.pdf> Disponível em: 30/05/2015 41 <http://www.brasilescola.com/geografia/fontes-energia.htm> Disponível em: 14/05/2015 42<http://www.suapesquisa.com/energia/fontes_alternativas.htm> Disponível em 30/05/2015 43<http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_solar.htm> Disponível em: 30/05/2015 25 3.1.1 Energia Solar Fotovoltáica Figura 14: Módulo fotovoltaico - foto de domínio público encontrado no Google. Energia fotovoltáica é a energia elétrica obtida a partir de luz solar, e pode ser produzida mesmo em dias nublados, a partir de painéis solares fotovoltáicos compostos por células solares captadoras de luz solar, convertendo a energia solar em energia elétrica. Todavia, quanto maior a intensidade de insolação, maior será a eletricidade produzida. O processo de conversão da energia solar utiliza células solares que são constituídas de elementos semicondutores, por exemplo, de silício44. 3.1.2 Energia heliotérmica ou energia solar térmica concentrada Figura 15: Calha de coletores cilindro-parabólicos - foto de domínio público encontrado no Google. Energia heliotérmica é uma tecnologia de geração de energia elétrica renovável. É um processo de geração indireta de eletricidade a partir dos raios solares. Indireta porque, antes de virar energia elétrica, o calor do Sol é 44<http://www.ebes.com.br/Energia-Fotovoltaica/Default.aspx> Disponível em: 13/05/2015 26 captado e armazenado para, depois, ser transformado em energia mecânica e, por fim, em eletricidade45. Acredita-se que o uso de energia solar em grande porte mais antigo foi feito por Arquimedes (282 a 212 a.C.), ele teria queimado a frota romana na Baía de Syracuse (hoje pertencente a Itália) concentrando raios solares em um foco ao ponto de aquecê-los até pegarem fogo. O fato foi referenciado por diversos autores entre 100 a.C. e 1.100 d.C. e no livro Optics Vitelio, do matemático polonês Vitelio. Já no século XVIII, na Europa e Oriente Médio, começou a serem desenvolvidas fornalhas solares, cuja aplicação era a fundição de metais, principalmente ferro e cobre46. Uma usina de solar térmica concentrada consiste de duas partes: o coletor térmico que tem a função de concentrar os raios solares e o aquecimento do fluido do trabalho que circula em um receptor, quanto maior a taxa de concentração, mais altas são as temperaturas e o ciclo de potência onde acontece a expansão de fluido em uma turbina. O vapor pode ser usado diretamente em processosindustriais. Espelhos de configurações diferentes servem para concentrar os raios solares e é nesses espelhos que circulam um fluido de trabalho que é aquecido. O Brasil tem trabalhado, em parceria com a Alemanha, que possui o domínio da tecnologia nessa área, na região semiárida do nordeste, ao longo do Rio São Francisco, onde se encontra o maior potencial para usinas solares, na construção da primeira usina heliotérmica experimental, na cidade de Petrolina (PE). Esta usina permitirá abastecer até mil residências e a previsão é que seja entregue até o final de 201647. 45 <http://energiaheliotermica.gov.br/pt-br/energia-heliotermica/o-que-e-energia- heliotermica> Disponível em: 30/05/2015 46<http://www.cresesb.cepel.br/download/tutorial/tutorial_heliotermica_2012.pdf> Disponível em: 13/05/2015 47 <http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/01/brasil-e-alemanha-discutem- projeto-de-energia-heliotermica> Disponível em 13/05/2015. 27 3.2 ENERGIA EÓLICA Figura 16: Parque eólico de Osório em Rio Grande do Sul – foto de domínio público encontrado no Google A energia eólica é produzida a partir da força dos ventos sendo abundante, renovável, limpa e disponível em muitos lugares. Essa energia é gerada por meio de aero gerador, nas quais a força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. A quantidade de energia transferida é função da densidade do ar, da área coberta pela rotação das pás (hélices) e da velocidade do vento48. Os Fenícios, Gregos, Romanos, e mais tarde os portugueses utilizaram a energia eólica para mover, total ou parcialmente, os seus barcos. O seu aproveitamento para encher as velas dos barcos coincide com o começo das grandes civilizações que visavam o comércio, conquistas de novos domínios ou exploração de mares desconhecidos49. Sendo uma das principais apostas no campo das fontes de energia renováveis, a energia eólica é totalmente renovável e limpa, não produz qualquer poluente. Na década de 70, com a ocorrência da crise do petróleo, teve início sua exploração comercial, e por este motivo sua utilização é maior, em relação aos outros tipos de energias renováveis. A energia eólica traz vantagens tanto para a sociedade em geral: é inesgotável; não emite gases poluentes; não gera resíduo; diminui a emissão de gases de efeito estufa, quanto para as comunidades onde se inserem os Parques Eólicos: são compatíveis com o uso e utilização do terreno como a agricultura e a criação de gado; criação de empregos; geração de 48 <http://www.mma.gov.br/clima/energia/energias-renovaveis/energia-eolica> Disponível em 30/05/2015 49<http://www.portal-energia.com/vantagens-desvantagens-da-energia-eolica/> Disponível em: 13/05/2015 28 investimentos em zonas desfavorecidas; benefícios financeiros. Em relação ao Estado as vantagens são: reduz a elevada dependência energética do exterior, combustíveis fósseis: poupança devido à menor aquisição de direitos de emissão de CO2 por cumprir o protocolo de Quioto; possível contribuição de cota de GEE para outros setores de atividade econômica; fonte mais barata de energia podendo competir em termos de rentabilidade com outras fontes de energia tradicionais e em relação aos seus promotores: os aero geradores não necessitam de abastecimento de combustível; requerem escassa manutenção e em seis meses o investimento será recuperado. No entanto existem algumas desvantagens: nem sempre o vento sopra quando a eletricidade é necessária; pode ser ultrapassado com as pilhas de combustível (H2) ou com a técnica de bombagem hidroelétrica; provoca impacto visual considerável, gera uma grande modificação na paisagem; impacto sobre as aves, principalmente pelo choque destas nas pás; impacto sonoro, ruído constante de (43 dB(A)), sendo que as habitações mais próximas deverão estar, no mínimo, a 200 m de distância50. 3.3 ENERGIA GEOTÉRMICA Figura 17: Usina Geotérmica - Foto de domínio publico encontrado no Google. A energia geotérmica é obtida através do calor proveniente da Terra, é a energia calorífera gerada a menos de 64 quilômetros da superfície terrestre, em uma camada de rochas, chamada magma, que chega a atingir até 6.000°C. Geo significa terra e térmica corresponde a calor, portanto, geotérmica é a 50 <http://www.portal-energia.com/vantagens-desvantagens-da-energia-eolica/> Disponível em: 13/05/2015. 29 energia calorífica oriunda da terra sendo utilizada para a geração de energia elétrica. Através de perfurações no solo, onde há grande quantidade de vapor e água quente, estes são drenados até a superfície por meio de tubulações, o vapor é transportado para a central elétrica geotérmica onde irá girar as lâminas de uma turbina e a energia ali obtida através da movimentação das lâminas (energia mecânica) é transformada em energia elétrica através de gerador. Entre os aspectos positivos da energia geotérmica estão: praticamente nula a emissão de gases poluentes (CO2 e SO2); pequena área para instalação da usina; pode abastecer comunidades isoladas. Entre os aspectos negativos temos: energia muito cara e pouco rentável com altos investimentos e baixa eficiência; possibilidade de esgotamento do campo geotérmico; aumento da temperatura ambiente pela perda de calor; emissão de ácido sulfídrico (H2S), extremamente corrosivo e nocivo à saúde. A energia geotérmica é bastante discutida por conta de possíveis riscos de terremotos que podem ser provocados pela rachadura das pedras51. 3.4 ENERGIAS HIDRÁULICAS Energia Hidráulica, também conhecida como energia hídrica ou hidrelétrica, é a energia obtida através do aproveitamento da energia potencial das correntes de água em rios, mares ou quedas d’água e convertida em energia cinética sendo considerada uma fonte de energia renovável e limpa52. 51<http://www.brasilescola.com/geografia/energia-geotermica-1.htm> Disponível em 30/05/2015 52 <http://www.suapesquisa.com/energia/energia_hidraulica.htm> Disponível em 30/05/2015 30 3.4.1 Energia Maremotriz Figura 18: Usina Maremotriz – Foto de domínio publico encontrado no Google. Energia maremotriz, também conhecida como energia das marés é o modo geração de energia por meio do movimento e do desnível das marés. Para que essa energia seja convertida em energia elétrica é necessária a construção de barragens eclusas e unidades geradoras de energia. É considerada uma boa alternativa de energia, visto que é uma fonte limpa e renovável53. A primeira usina maremotriz do mundo foi construída em 1966 na cidade de La Rance (França). Atualmente, os países que mais utilizam este sistema de geração de energia são: Japão, França, Coreia do Sul, Inglaterra e Estados Unidos (principalmente instaladas no Havaí). Na década de 1960 foi instalada no Maranhão uma usina Maremotriz, no entanto foi abandonada e não concluída. Este será o ponto de partida do Laboratório de Tecnologia Submarina da COPPE/UFRJ, para a retomada dessa tecnologia. A usina, instalada na Barragem do Bacanga, em São Luís é utilizada atualmente, somente como ponte para passagem de carros, o projeto da COPPE prevê a instalação de turbinas para aproveitar o movimento das marés, entre estuário e reservatório, que chega atingir uma variação de mais de 6 metros54.53 <http://www.brasilescola.com/geografia/energia-das-mares.htm> Disponível em: 30/05/2015. 54 <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_251581.shtml> Disponível em 14/05/2015 31 3.4.2 Energia Hidrocinética Figura 19: Usina hidrocinética de Pecém (CE) https://cienciasetecnologia.com/eletricidade-energia-ondas-mar/ A energia Hidrocinética é a geração de energia elétrica através da energia oriunda do movimento das ondas ou das diferenças de pressão abaixo delas. As usinas de captação da energia das ondas são construídas na costa ou no mar próximo a ela, sendo uma fonte de energia limpa e renovável e inesgotável, pois a água constitui três quartos do nosso planeta, proporcionando potencial para alimentar todo o planeta. . O primeiro parque de ondas do mundo foi o parque de Ondas Aguaçadora em Portugal. Funcionando de forma experimental desde novembro de 2012, a Usina de Pecém (CE), a primeira da América Latina movida pela força das ondas do mar, conta com tecnologia brasileira. É feita por flutuadores na base de braços mecânicos instalados no quebra-mar do Porto de Pecém. O idealizador e líder do projeto é o professor Segen Estefen, Coordenador do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ55. 55 https://cienciasetecnologia.com/eletricidade-energia-ondas-mar/ Disponível em: 14/05/2015 32 3.5 BIOMASSA Figura 20: Biomassa - http://www.gruposalmeron.com.br/biomassa-grupo-salmeron.html Biomassa é a matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, que pode ser utilizada na produção de energia considerada renovável. Nem toda a produção primária do planeta passa a incrementar a biomassa vegetal, pois parte dessa energia acumulada é empregada pelo ecossistema na sua própria manutenção56. Essa fonte energética é renovável, pois a sua decomposição libera CO2 na atmosfera, que, durante seu ciclo, é transformado em hidratos de carbono, através da fotossíntese realizada pelas plantas. Nesse sentido, a utilização da biomassa, desde que controlada, não agride o meio ambiente, visto que a composição da atmosfera não é alterada de forma significativa. Entre as principais vantagens da biomassa estão: Baixo custo de operação; facilidade de armazenamento e transporte; proporciona o reaproveitamento dos resíduos; alta eficiência energética; fonte energética renovável e limpa; menos gases poluentes, no entanto, a falta de planejamento pode ocasionar grandes áreas desmatadas, perda de nutrientes do solo, erosões e emissão excessiva de gases57. O Brasil, por possuir condições naturais e geográficas favoráveis à produção de biomassa, pode assumir posição de destaque no cenário mundial na produção e no uso como recurso energético. Por sua situação geográfica, o país recebe intensa radiação solar ao longo do ano que é a fonte de energia fundamental para a produção de biomassa, quer seja para alimentação quer seja para fins agroindustriais. Outro aspecto importante é que possuímos 56 <http://www.lippel.com.br/br/sustentabilidade/o-que-e-biomassa#.VWpHpZN-7Wk> Disponível em: 30/05/2015. 57 <http:www.brasilescola.com/geografia/biomassa.htm> Disponível em: 14/05/2015 33 grande quantidade de terra agricultável, com boas características de solo e condições climáticas favoráveis. Fontes de biomassa: Cultivos agrícolas: bagaço e palha de cana, casca de arroz, castanha, coco da bahia, coco de babaçu, coco de dendê , cascas de laranja, etc. Origem vegetal: resíduo de madeiras desperdiçadas nas serrarias58. A utilização da energia da biomassa é de fundamental importância no desenvolvimento de novas alternativas energéticas. Sua matéria-prima já é empregada na fabricação de vários biocombustíveis, como, por exemplo: 3.5.1 Biogás É um biocombustível, ou seja, uma mistura de vários gases sendo constituído principalmente de gás metano. Se forma a partir da decomposição da matéria orgânica em aterros sanitários, pode se utilizado na geração de energia elétrica, combustível para veículos e gás de uso doméstico59. 3.5.2 Biodiesel Éter metílico, o biodiesel pode ser fabricado a partir da soja, algodão, mamona, girassol, etc. É utilizado como combustível para motores a diesel, liberando baixos índices de gases poluentes no ar60. 3.5.3 Álcool Pode ser produzido a partir da cana-de-açúcar, beterraba, milho e eucalipto. A utilização do álcool, como fonte de energia é mais frequente em motores de veículos. Como combustível de veículos o álcool, apresenta grande vantagem de ser menos poluente que a gasolina61. 58 <http://www.mma.gov.br/clima/energia/energias-renovaveis/biomassa> Disponível em 14/05/2015 59 http://www.brasilescola.com/geografia/biomassa.htm Disponível em 30/05/2015 60 http://www.brasilescola.com/geografia/biomassa.htm Disponível em 30/05/2015 61 http://www.brasilescola.com/geografia/biomassa.htm Disponível em 30/05/2015 34 3.5.4 Bio-óleo Sua fabricação consiste numa série de transformações físico-químicas, que originam um líquido de coloração negra e bastante viscoso, podendo ser empregado na geração de energia elétrica, aquecimento doméstico, fertilizantes orgânicos, aditivos para combustíveis e como combustíveis (após ser refinado)62. 4 CONTEXTO GLOBAL SOBRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE A preocupação com o meio ambiente foi despertada durante a década de 1950 quando peças, supostamente desconexas de um quebra cabeças global começaram a se encaixar e através de uma série de catástrofes tais como: a talidomida, medicamento desenvolvido na Alemanha que causa a má-formação congênita em recém-nascidos, gerando milhares de casos de Focomelia, o derramamento de petróleo pelo navio Torrey Canyon, na costa do Reino Unido e a mortandade de peixes e outros organismos nos lagos da Suécia eram resultado da poluição atmosférica proveniente da Europa Ocidental. Com a publicação de livros, como The Tragedy of the Commons (“A Tragédia dos Bens Comuns”) quebra paradigmas motivando a comunidade em geral a agir. A tragédia dos bens comuns como fonte de alimentos pode ser evitada pela propriedade privada, ou algo que se assemelhe formalmente a isso. Mas o ar e as águas a nossa volta não podem ser cercados de forma fácil, e assim, a tragédia do uso dos bens comuns como fossa sanitária deve ser evitada por outros meios, por leis coercitivas ou impostos que façam com que seja menos dispendioso para o poluidor tratar seus agentes poluentes do que despejá-los sem tratamento no meio ambiente. (Hardin, 1968 p.1243- 48) Tal preocupação era quase que exclusivamente do mundo ocidental. Enquanto os países comunistas destruíam implacavelmente o meio ambiente em nome da industrialização para os países em desenvolvimento a preocupação com o meio ambiente era considerada um luxo do Ocidente. Para a primeira ministra da Índia, Indira Gandhi, que desempenhou um papel essencial no direcionamento da agenda da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, “A pobreza 62 http://www.brasilescola.com/geografia/biomassa.htm Disponível em 30/05/2015 35 é a pior forma de poluição” (Perspectivas do Meio Ambiente Mundial-2002 GEO-3 - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – 2004, p.2). Ainda, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,na década de 70 (e de certa forma até hoje) havia duas grandes escolas de pensamento sobre as causas da degradação do meio ambiente: uma culpava a ganância e a busca implacável pelo crescimento econômico e a outra responsabilizava o crescimento populacional. A partir dessa ideia, o Clube de Roma, um grupo de cerca de 50 pessoas, autodenominados “sábios”, através de um modelo computadorizado sobre o futuro global analisou cinco variáveis: tecnologia, população, nutrição, recursos naturais e o meio ambiente. A principal conclusão do estudo foi: se as tendências da época continuassem, o sistema global se sobrecarregaria e entraria em colapso até o ano 2000. O mundo nesse início de década era extremamente polarizado, sendo surpresa que a ideia de uma conferência internacional sobre o meio ambiente tenha sido até mesmo cogitada (pela Suécia, em1968) e, mais ainda, que ela efetivamente tenha sido realizada (em Estocolmo, em 1972) unindo países desenvolvidos e em desenvolvimento em busca de um bem comum. 4.1 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, realizada em Estocolmo, sendo esta a primeira grande atitude mundial no sentido de organizar as relações entre o Homem e o Meio Ambiente, colocando o meio ambiente em uma questão de relevância internacional, reunindo países desenvolvidos e em desenvolvimento, no entanto a União Soviética e seus aliados não compareceram. Conferência produziu uma Declaração de 26 princípios e um Plano de Ação com 109 recomendações e instituiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente como “a consciência ambiental do sistema da Organização das Nações Unidas” (Perspectivas do Meio Ambiente Mundial-2002 GEO-3 - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 2004, p.4). Vinte anos depois, em 1992, no Rio de Janeiro, outro grande evento é organizado para debater o assunto, trata-se da 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecido como ECO-92 36 ou Rio-92, que reúne um número sem precedentes de representantes de Estado, da sociedade civil e do setor econômico – mais de 100 chefes de Estado, cerca de 10 mil delegados, 1.400 organizações não governamentais e aproximadamente 9 mil jornalistas, tendo produzido ao menos sete grandes resultados: a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Agenda 21, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável, um acordo para negociar uma convenção mundial sobre a desertificação e a declaração de Princípios para o Manejo Sustentável das Florestas (Perspectivas do Meio Ambiente Mundial-2002 GEO- 3 - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 2004, p.16)63. . 4.1.1 Convenção sobre Diversidade Biológica A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é o primeiro tratado mundial sobre a utilização sustentável, conservação e repartição equitativa dos benefícios derivados da biodiversidade, e se refere à biodiversidade em três níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos. Neste tratado destaca-se o "Protocolo de Biossegurança", que permite que países deixem de importar produtos que contenham organismos geneticamente modificados sendo assinado por 156 países. A ratificação da convenção pelo Congresso Nacional Brasileiro ocorreu dois anos depois, em 199464. 4.1.2 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima foi o compromisso firmado entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento onde se comprometem a modificar o seu modelo de produção para reduzir os impactos ambientais e abrandar as mudanças climáticas. O Brasil promulga a 63 http://www.wwiuma.org.br/estado_do_mundo.html Disponível em: 30/05/2015 64 <http://www.infoescola.com/biologia/convencao-sobre-diversidade-biologica-cdb/> Disponível em: 10/05/2015 37 Convenção em Julho de 199865. Tal empenho se explicita no Protocolo de Quioto de 1997. 4.1.2.1 Protocolo de Quioto O Protocolo de Quioto sucede à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, foi elaborado com o objetivo de regulamentar o acordo firmado e, assim, determinar metas específicas de redução de emissões de seis dos principais gases causadores do efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), hidrofluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs), a serem alcançadas pelos países desenvolvidos que o ratificassem, no entanto, a ratificação do Protocolo de Quioto pelos países do mundo, esbarrou na necessidade de mudanças na sua matriz energética, sendo que os elevados custos recairiam, principalmente, sobre os países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos que declararam que não iriam submeter o avanço da economia norte-americana aos sacrifícios necessários a prática das medidas propostas, motivo pelo qual não ratificou o protocolo. O Protocolo somente entrou em vigor em 2005 com a ratificação pela Rússia e sem a adesão dos Estados Unidos e da Austrália66. 4.1.3 Agenda 21 O Desenvolvimento Sustentável do Planeta é o compromisso assumido por mais de 170 países na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada durante a Rio-92, no Rio de Janeiro. Nesta Conferência, a implantação da Agenda 21, foi o mais importante compromisso firmado entre os países, onde mais de 2.500 recomendações práticas foram estabelecidas tendo como objetivo preparar o mundo para os desafios do século XXI. A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento sociedades sustentáveis em diferentes bases geograficas que 65 Decreto 2.652, de 1º de julho de 1998 66<http://www.ipam.org.br/saiba-mais/abc/mudancaspergunta/O-que-e-o-Protocolo-de- Quioto-/20/10> Disponível em: 10/05/2015 38 conciliam métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência economica. Ela se constitui num poderoso instrumento de reconversão da sociedade industrial exigindo uma reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio entre o todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento. Ela é também o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazo. No fórum são também definidos os meios de implementação, as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações. Para atingir tal objetivo, as cidades têm a responsabilidade de programar as Agendas 21 Locais, através de um processo participativo e multissetorial, visando à elaboração de um plano de ação para o desenvolvimento sustentável do Município ou de quaisquer outros arranjos territoriais como bacias hidrográficas, regiões metropolitanas e consórcios intermunicipais67. 5 CONSCIÊNCIA AMBIENTAL A discussão a seguir tem inspiração no filme “Uma Verdade Inconveniente” – Al Gore. Estudos científicos apontam que a emissão de dióxido de carbono e outros gases na atmosfera é a grande responsável pelas mudanças climáticas que oplaneta vem sofrendo. Sabe-se que com a 1ª revolução industrial foi divisor de águas do crescimento da economia capitalista, tendo sido este o ponto de partida do processo de poluição em massa. Com a 2ª revolução industrial, no início do século XX nos Estados Unidos, o desenvolvimento científico-tecnológico mudou o paradigma na forma de 67 <www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda21> Disponível em: 17/05/2015 39 produção mundial com a produção em larga escala, e as indústrias passaram a produzir gases poluentes como dióxido de carbono (CO2) cuja produção aumenta no outono e inverno e diminui na primavera e verão, gás metano, óxido nitroso, hidrocarbonetos fluorados, perfluorados e hexafluoreto de enxofre, sendo que os três últimos são eliminados principalmente pelas indústrias, na mesma proporção. Essa busca constante do desenvolvimento está comprometendo os fatores naturais e o ecossistema da Terra. A fina camada da atmosfera terrestre está se contaminando com tanta poluição. Ela é a parte mais vulnerável da terra e por ser fina o bastante, favorece a sua modificação (composição). A radiação solar vem na forma luz que aquece a terra e aí parte dessa radiação é devolvida ao espaço na forma de radiação infravermelha sendo que parte desta radiação fica presa dentro da própria atmosfera ocasionando o aquecimento global. Além das indústrias, o desmatamento e as queimadas das florestas também contribuem para a emissão de gás carbônico, com cerca de 30%. Essa emissão descontrolada causa desequilíbrio no planeta, uma vez que as florestas que são as responsáveis pelo armazenamento do gás carbônico, importantes para a realização da fotossíntese estão desaparecendo para serem transformadas, na grande maioria das vezes, em pastos em busca de uma economia cada vez maior. As geleiras estão diminuindo a cada ano. 40% das pessoas do mundo recebem sua água potável dos sistemas de rios e fontes que são alimentados por mais da metade das águas que vem do derretimento das geleiras e dentro dos próximos 50 anos esses 40% de pessoas da terra vão enfrentar uma escassez muito grave devido à diminuição das geleiras. Essas pessoas encontram-se no Alaska, Himalaia, Nepal, Alpes Australianos (Suíça), Peru, Argentina, Patagônia (extremo da América do Sul) e isso demonstra que este fenômeno é mundial. Quando há mais dióxido de carbono, a temperatura atmosférica aumenta porque ele retém mais calor do sol. Em 2005 essa temperatura foi a mais alta dos últimos 14 anos. Em menos de 50 anos tornar-se-á insuportável. Na Europa, Índia observou-se alteração que atingiu 50ºC e no Oeste Americano 40 38ºC. Infelizmente está haverá um retrocesso e os lideres políticos nada fazem para impedir. Os aumentos de temperatura estão acontecendo no mundo todo, inclusive nos oceanos e os cientistas especializados em aquecimento global já previram há muito tempo este aumento. O aquecimento dos oceanos gera tempestades cada vez mais fortes provocando vários furacões (Flórida), tornados (EUA) e tufões (Japão/2004), inclusive no Brasil, ocorrendo o primeiro tufão no Atlântico Sul e as consequências são demonstradas através dos estragos causados nas indústrias petrolíferas, gerando mortes, doenças, desabrigo e inclusive prejuízos financeiros sem contar com a destruição de ecossistemas ocasionando a extinção de animais, tanto terrestres quanto marítimos e o desaparecimento de muitos corais. O aquecimento global causa não somente enchentes, mas também secas. Tragédias não param de ocorrer principalmente na África, próximo ao Saara e a Nigéria cujos fatores como a falta de chuvas vem contribuindo para a forte seca existente. Todos os problemas já estão ai, instalados e em pleno desenvolvimento, juntamente com o desenvolvimento econômico, a cada dia levando mais e mais à destruição de nosso planeta e nós somos os maiores responsáveis, uma vez que temos o conhecimento de que os estragos provocados são irreversíveis e consciência do mal que estamos infringindo ao nosso bem maior, a Natureza. As soluções estão em nossas mãos, basta tomarmos as atitudes corretas e fazermos as escolhas certas, seja através da escolha de nossos representantes quanto na mudança de nossos hábitos, seja nas compras, no uso da eletricidade e da água, no tipo de condução que usamos para nos locomover, nas escolhas que trazem à emissão de gás carbônico a zero. Vamos usar os 3Rs da sustentabilidade: Reduzir, Reutilizar e Reciclar que são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica com o meio ambiente, pois esse problema é um problema moral. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como ficou demonstrada ao longo deste estudo, a ganância dos homens através da exploração desenfreada dos recursos naturais levou o planeta a sofrer catástrofes de proporções monstruosas, fazendo esses mesmos homens experimentarem uma crise ambiental sem precedentes na história da humanidade. A busca constante do desenvolvimento está comprometendo os fatores naturais e o ecossistema da terra, a necessidade de crescimento tem gerado uma grande problemática: a exilação do meio ambiente. Tais atitudes acarretaram ao longo dos anos problemas que levaremos, talvez, outros tantos para serem resolvidos, e quem sabe nem sejam solucionados uma vez que jamais poderemos reverter à extinção de uma espécie e nem trazer de volta vidas humanas que foram perdidas. No entanto o homem já domina as chamadas “fontes alternativas de energia” e estão ganhando um espaço cada vez maior, essas fontes além de não prejudicarem o planeta são renováveis e é a grande chance, para não dizer a única, de salvarmos o planeta. O enfrentamento deste enorme problema requer senso de urgência na tomada de decisões, eventualmente duras para alguns países que deverão arcar mais fortemente com custos de uma nova economia, para os estudiosos, simplesmente não temos opção. Mas apesar de tudo isso tem uma boa notícia: dispomos de suficiente conhecimento e tecnologia para mudarmos o curso da História na direção que interessa, só não sabemos se essa notícia é desejada por todos. Mesmo com um maior número de leis de proteção ao meio ambiente, grandes investimentos em pesquisas de tecnologias, criação de organismos de proteção e uma grande participação da sociedade em prol da sustentabilidade, esses avanços não são suficientes para salvar o planeta, pois esbarram na falta de vontade política, onde governante ainda consegue dizer que fonte alternativa renovável é “fantasia”, inclusive dando incentivos a um dos grandes vilões da degradação do meio ambiente: o carvão vegetal. 42 REFERÊNCIAS Livros: BROWN, L. Eco-Economy. EPI-Earth Policy Institute /UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica, 2009 p.23. HARDIN, G. (1968). The Tragedy of the Commons. Science. 162, 1243-48 Sites: http://brasileconomico.ig.com.br/brasil/2015-04-14/sem-angra-petrobras-pode- fazer-transferencia-de-petroleo-no-uruguai.html Disponível em:10/05/2015 http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/rastros-do-mercurio/passado-e-tragedia Disponível em: 10/05/2015 https://cienciasetecnologia.com/eletricidade-energia-ondas-mar/ Disponível em: 14/05/2015 http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/viewFile/745/pdf_232 Disponível em: 29/05/2015 http://energiaheliotermica.gov.br/pt-br/energia-heliotermica/o-que-e-energia- heliotermica Disponível em: 30/05/2015 http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/03/560-litros-de-oleo- vazaram-no-mar-de-angra-dos-reis-rj-aponta-sea.html
Compartilhar