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* ARTHROPODA DE INTERESSE MÉDICO Profa. M.Sc. Mª Cristina Alves Fontes CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA, MG PARASITOLOGIA CLÍNICA * CARACTERÍSTICAS GERAIS Animais invertebrados; Pernas articuladas; Simetrial bilateral; Corpo segmentado; Exoesqueleto de quitina; Cavidade do corpo é uma hemocele aberta; Sistema circulatório aberto; Intestino completo; Crescimento por processo de muda. * * ARTHRÓPODES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Ordem Hemiptera Ordem Diptera Ordem Siphonaptera Ordem Anoplura Classe Insecta Classe Arachnida Subclasse Acari Ordem Ixodida Ordem Gamasida Ordem Astigmata Ordem Actinedida * Características Gerais de insetos Corpo dividido em cabeça, tórax e abdome. Presença de tres pares de patas Pode ou não apresentar asas e antenas * Características gerais dos aracnídeos Corpo dividido em cefalotórax e abdome Quatro pares de patas articuladas * ORDEM ANOPLURA CLASSE INSECTA * ANOPLURA Os piolhos Insetos causadores de dermatites * ASPECTOS GERAIS DOS ANOPLURA Possuem aparelho bucal picador-sugador; Hematofagia obrigatória Paurometábolos: metamorfose incompleta Ectoparasitos permanentes; Produz substância cimentante que permite fixar os ovos no pelo hospedeiro; * CICLO DE VIDA DOS ANOPLURAS * Importância Médica e Parasitológica 1- Como Parasitas: - espoliação do sangue - Irritação da pele, prurido e dermatite - Deficiência de ferro (infestações intensas 2- Como vetores: - Viroses - Riquetsioses (tifo exantemático) - Febre das trincheiras e febre recorrente(Borrelia) * PRINCIPAIS ESPÉCIES ANOPLURA - HOMEM Pediculus humanus Pediculus capitis Pthirus pubis * Pediculus capitis Piolho do homem; Antigamente - Pediculus humanus humanus; Vive na cabeça das pessoas; Ovos são colados na base dos cabelos; Cosmopolita. * Pediculus humanus Piolho do homem; Anteriormente - Pediculus humanus corporis; Vive no corpo das pessoas; Ovos são colados nas fibras das vestes; Principal causador de pediculose no homem; Intimamente relacionado com P. capitis produzindo prole fértil - in vitro; Morfologicamente parecido com P. corporis sendo o último menor. * Pthirus pubis Piolho do homem, conhecido como “chato”; Vive região pubiana; Ovos são colados juntos na base dos pêlos da região pubiana; Cosmopolita; Morfologia: corpo + largo; Placas paratergais terminando em longas cerdas; Pernas anteriores mais curtas e finas que as demais; Fora do hospedeiro não vive mais que 24h. * DOENÇAS TRANSMITIDAS POR PIOLHOS Tifo exantemático Ciclo vital Homem Picada e fezes, ou esmagamento (riquetsias podem ser aspiradas ou penetrar por mucosa ou conjuntiva Lesão em células endoteliais, com extravasamento do plasma e hemoconcetração e choque, além de bacteremia Riguetsias nas células epiteliais do estômago, eliminadas com as fezes * Pediculose do couro cabeludo Transmissão Contato direto entre pessoas infestadas com passagem de ninfas e/ou adultos Através de brincadeiras infantis, transporte escolar, escolas superlotadas, coabitação do mesmo leito Transmissão indireta de ninfas ( 3º estádio e adultos através de fômites. Através de pentes, escovas, gorros, bonés, toucas, fronhas, etc. * Pediculose do couro cabeludo Tratamento Controle Natural (Físico) Catação manual (com destruição do inseto em seguida – com fogo ou imersão em alcool Penteação ou escovação frequente Ar quente Raspagem da cabeça ou corte curto (8 mm do couro cabeludo) Óleos, cremes e vaselina Solução salina (morte de lêndeas por exosmose) * Pediculose do couro cabeludo Tratamento Uso de medicamentos no controle da pediculose: pela intensa vascularização do couro cabeludo deve-se ter cuidado redobrado na orientação e prescrição dos medicamentos, pois são tóxicos. O ato de coçar favorece a formação de feridas que facilitam a absorção do inseticida Controle Químico: Benzoato de benzila (Arcasan, escabiol) Organoclorados (lindane, hexaclorociclohexano) Compostos sulfatados como monossulfiram ou monosulfeto de tetraetiltiuram; Piretróides sintéticos: deltametrina (Deltacid), permetrina (Kwell) e bioletrina (vapio) Usado por via sistêmica: sulfametoxazol e ivermectina. * PEDICULOSE * Pediculose do couro cabeludo Benzoato de benzila: disponível na forma de liquido, sabonete ou pomada. Mecanismo de ação é desconhecido, Organoclorados: Devem ser prescritos com cautela devido a sua neurotoxicidade para o SNC, apoplexia relatada em criança. Não deve ser indicado para mulheres grávidas ou que estejam amamentando. Deve ser usado no couro cabeludo por dez minutos e a nova aplicação somente após 7 a 10 dias. Ação ovicida baixa. Compostos sulfurados: são abortivos Piretróides sintéticos: Age no SN do inseto matando-o por paralisia, baixa toxicidade para humanos. Não tem ação ovicida e está disponível sobre a forma de xampu, sabonete e loção. * Pthirus pubis Localização: é mais freqüente nas regiões do púbis e períneo, mas pode ocorrer nos pêlos axilares, na barba, nos cílios e sobrancelhas; raramente nos cabelos. Transmissão: Passam de uma pessoa a outra na cama ou durante o coito. Raramente através de roupas usadas. Tratamento: Raspagem e aplicação de benzoato de benzila. * SIPHONAPTERA As pulgas e bichos de pé Insetos vetores de bactérias, helmintos e tripanosomas * ASPECTOS GERAIS DOS SIPHONAPTERAS Insetos pequenos; Ausência de asas; Aparelho bucal picador-sugador; Hematófagos obrigatórios; Holometábolos (metamorfose completa); Ectoparasitas de homem e animais domésticos. * Ciclo vital * PRINCIPAIS ESPÉCIES Família Tungidae - Tunga penetrans * Pulex irritans Cosmopolita, originária da Europa; Pulga do homem; Vive no ambiente domiciliar; Só procura o hospedeiro para exercer a hematofagia; Mal vetor da peste; Molesta – alergias e edemas na pele; * Xenopsylla cheopis Distribuição geográfica – regiões tropicais e áreas temperadas (EUA); Pulga de ratos e camundongos; Principal vetor da peste bubônica; Vive no ambiente domiciliar; * Ctenocephalides sp. Alimenta-se intermitentemente do hospedeiro; C. canis - pulga do cão; C. felis - pulga do gato; Distribuição geográfica: - C. canis: Norte e Nordeste do Brasil - C. felis: Sudeste do Brasil Vive no ambiente domiciliar; Alta infecção por Dipylidium caninum (tênia); Picadas severas; * Tunga penetrans Distribuição geográfica – toda América tropical se propagando até a África; “bicho-de-pé”; Alimenta-se permanentemente do hospedeiro; Machos e fêmeas vivem em solo arenoso; Fêmeas depois de fecundadas parasitam pele de homem e porco; Infecção das feridas provoca a entrada de bacilos do tétano e gangrena; * IMPORTÂNCIA MÉDICA Parasitos Irritação na pele: homem - prurido, dermatites e reações alérgicas animal - irritação e lesões cutâneas Veiculadores de agentes oportunistas: tétano, gangrena e esporos de fungos Agentes espoliadores * IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA Vetores Viroses: Mixoma mollitor - mixomatose Doenças bacteriana: Yersinia pestis - peste bubônica Rickettsia mooseri - tifo murino, Francisella tularensis – tularemia, Salmonella enteritidis e S. typhimurium - salmonelas * Peste bubônica Etiologia e patologia O agente etiológico é um cocobacilo, a Yersinia pestis (=Pasteurela pestis), cuja pa-togenicidade esta relacionada com o antígeno capsular F1, o antígeno V/W e a toxina pestosa. Yersinia pestis pode sobreviver infectante, nas fezes dessecadas da pulga, durante 16 meses. Injetadas pela picada das pulgas, os cocobacilus são levados pelos linfáticos aos linfonodos regionais que infla-mam formando os bubões. Além da linfadenite dolorosa e que tendea supurar, os bacilos que ultrapassam os linfonodos vão produzir lesões parenquimatosas de tipo hemorrágico e necroses, no fíga- do, baço, pulmões e meninges. A forma pulmonar transmite- se diretamente de uma pessoa a outra por perdigotos. Yersinia pestis em punção de lifonodo. * Peste bubônica Normalmente o período de incubação é de 2 a 6 dias, dependendo do inóculo injetado pela pulga. Os sintomas aparecem subitamente, com mal-estar, febre, taquicardia, dores pelo corpo e nas extremidades. Os bubões localizam-se em geral na região inguinal em 66% dos casos; nas axilas, em 20% e na região cervical em 10% deles. Na forma septicêmica, logo sobrevêm prostração, delírio e choque, com morte em 3-5 dias. A forma pneumônica mata 100% dos pacientes em 3 dias. Diagnóstico e tratamento É feito pela pesquisa dos bacilos em punção ganglionar, nas secreções brônquicas ou em hemocultura. O tratamento, que deve ser precoce e prolongado, é feito com estreptomicina intramuscular ou intravenosa. Também com gentamicina, doxiciclina ou cloranfenicol, intravenosamente. Nas formas graves, fazer o tratamento presuntivo, sem esperar a confirmação do diagnóstico. * Peste bubônica * Epidemiologia da peste urbana ou pneumônica Todos os ratos são originários da Ásia e se tornaram cosmopolitas a partir do século XVIII, viajando a bordo dos navios. Rattus norvegicus é encontrado, até hoje, de preferência em cidades portuárias. Todos têm os mesmos hábitos predatórios, onívoros, e a mesma fecundidade. As fêmeas parem 4 a 5 vezes por ano ninhadas com 5 a 10 filhotes. Estes, 6 meses depois, já estão aptos para a reprodução. A gestação dura cerca de 20 dias. As pulgas infectam-se ao sugarem um animal em fase septicêmica. X. cheopis é o vetor mais eficiente porque a passagem do seu proventrículo para o estômago é muito estreita. A reprodução das bactérias a esse nível logo bloqueia a passagem e impede a pulga de se alimentar. Ela então tenta sugar repetidas vezes, no mesmo ou em outros hospedeiros – eventualmente nas pessoas. A cada vez, depois de violentos esforços de sucção, os músculos esofágicos relaxam e o sangue aspirado é reinjetado na circulação do novo hospedeiro. Agora, misturado com a Yersinia pestis. Proventrículo bloqueado (h) por colônias de bactérias. * EPIDEMIOLOGIA DA PESTE BUBÔNICA * Peste urbana * DISTRIBUIÇÃO DA PESTE * CICLO DA PESTE * PESTE SILVESTRE Pulga: Polygenis bohlsi jordani - Nordeste Polygenis tripus – Sudeste Agente etiológico: Yersinia pestis * Epidemiologia da peste silvestre Depois que a peste urbana chegou às zonas rurais, passou a contaminar roedores silvestres, a partir do perido-micílio, onde a mortalidade de ratos pela doença era alta. Quase uma vintena de animais passou a ser incluída no ecossistema que mantém a circulação de Yersinia pestis, destacando-se, entre eles, o mocó, o preá e os ratos pixuna e punaré. Mocó (Kerodon rupestris) A transmissão da zoonose silvestre passou a ser feita pelas pulgas desses animais e sobretudo pelas do gênero Polygenis. Polygenis bohlsi é a mais comum no Nordeste, ao passo que Polygenis jordani o é no Sudeste do Brasil. Os hospedeiros silvestres também morrem da infecção, mas suas tocas e ninhos permanecerão mais de um ano contaminados com Yersinia pestis, que infectará outros mamíferos que vierem a ocupar o lugar. * Controle da peste A vigilância epidemiológica é essencial e se baseia em: - Inquéritos periódicos sobre as populações de animais hospedeiros (ratos etc.) e suas pulgas. - Exame bacteriológico dos animais capturados, para detectar eventual epizootia. - Notificação obrigatória às autoridades sanitárias dos casos ocorridos ou de casos suspeitos. - Avaliação da eficácia das medidas de controle em uso. Em caso de epidemia, os pacientes devem ser isolados, tratados imediatamente, e suas roupas desinsetizadas. Todos os contatos receberão tratamento profilático e permanecerão sob vigilância epidemiológica. * Controle da peste Nas áreas urbanas, as medidas preventivas são: Combate aos roedores Privar esses animais de acesso aos alimentos, cuidando para que os depósitos, armazens e casas os tenham protegidos por telagem, conteiners, armários e recipientes bem fechados. Usar rodenticidas, que se mostram muito eficazes. Eles podem ser de ação rápida; isto é, iscas com misturas de substâncias tóxicas, que matam logo, se ingeridas em quantidade suficiente. Mas, se a dose ingerida for pequena, os animais se sentirão mal e passarão a evitar as iscas. A outra opção consiste em utilizar os rodenticidas anti-coagulantes, que vão se acumulando no organismo do roedor e provocam hemorragias fatais ao atingirem certa concentração no sangue. A quantidade de anticoagulante nas iscas é baixa, só produzindo seu efeito hemorrágico após o animal ter-se alimentado várias vezes com elas. * Controle da peste O uso de ratoeiras só é útil quando o número de roedores for pequeno ou para eliminar os últimos sobreviventes de um programa de controle. Controle das pulgas A longo termo, é o desapa-recimento de suas fontes de alimentação - os roedores - que asseguram sua eliminação. O controle com inseticidas é considerado emergencial, para prevenir ou controlar um surto epidêmico. Ou para reduzir a quantidade dessas pragas no domicílio. Em certas ocasiões pode ser o único meio rápido para proteger uma comunidade do risco de infecção pela peste. Os inseticidas devem ser aplicados nas casas e nos depósitos de alimentos, no pêlo dos animais domésticos e nos locais freqüentados pelos roedores. * Controle da peste Medicação preventiva, Pessoas que estiverem em contato com doentes ou com material infectante devem tomar antibióticos: estreptomicina ou sulfas de ação prolongada. Educação sanitária * Controle da peste * OUTRAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR PULGAS Tifo murino É doença infecciosa aguda causada pela Rickettsia tiphi. Constitui uma zoonose própria de ratos, sendo transmitida entre esses animais pela Xenopsylla cheopis, ou mais raramente por outras pulgas do rato. A transmissão se dá pelas fezes da pulga e não pela picada. Os homens infectam-se es-poradicamente ao trabalhar em ambientes onde ratos e pulgas são abundantes. Depois de contraída a virose, a propagação da infecção pode ser feita de um indivíduo a outro pelos piolhos do corpo – Pediculus humanus. O quadro clínico aproxima-se do das outras rickettsioses e as medidas de controle são as mesmas que para a peste. Helmintíases As pulgas são hospedeiros intermediários de Dypilidium caninum e de Hymenolepis diminuta. Participam do ciclo vital as pulgas do rato, as do cão e, por vezes, a do homem. * CICLO DO BICHO-DO-PÉ O bicho-de-pé é a fêmea da pulga T. penetrans. Ela entra na pele do hospedeiro quando fecundada (A) e ficam ali até pôr os ovos, o que leva seu abdome a aumentar de tamanho (B). As lesões que surgem no pé do hospedeiro (C) são, na verdade, parte do abdome do inseto, repleto de ovos, que fica fora da pele, conhecida como tungíase. * Tunga penetrans e tungíase Cada lesão assemelha-se a um furúnculo e o número delas varia de uma única a centenas ocorrendo ao mesmo tempo. Nos casos mais favoráveis os sintomas se reduzem a um prurido tolerável. Mas a reação inflamatória pode tornar o local tumefeito e dificultar ou impedir a marcha, se o número de parasitos for grande. O perigo é que essas feridas abertas e em contato com o solo, em pacientes que andam descalços, podem contaminar-se com o bacilo do tétano (Clostridium tetani). Também podem infectar-se com Clostridium perfringes ou outras espécies responsáveis pela gangrena gasosa. Outro risco é a blastomicose devida a Paracoccidioides brasiliensis. O tratamento é feito com aplicação de inseticidas na pele. A prevenção requer o uso constante de calçado e aspersão de inseticidas nos lugares suspeitos. * HEMIPTERAOs barbeiros Insetos vetores de tripanosomas * CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA ORDEM HEMIPTERA Família Reduviidae Sufamília Triatominae Família Cimicidae * ASPECTOS GERAIS DOS TRIATOMINAE Vetores do agente etiológico da doença de Chagas, o Trypanosoma cruzi; Conhecido popularmente como barbeiro, chupão, procotó ; Aparelho bucal picador-sugador; Presentes em habitats domésticos, peridomésticos e silvestres; Todos os estágios de desenvolvimento são hematófagos, machos e fêmeas; São hemimetábolos * PRINCIPAIS GÊNEROS EM TRIATOMINAE Triatoma Rhodnius Panstrongylus Cabeça curta e larga Tubérculo antenal próximo ao olho Cabeça longa Tubérculo antenal entre o olho e a extremidade da cabeça Cabeça mais longa que o tórax Tubérculo antenal no ápice da cabeça * VETORES * Triatoma infestans Principal vetor na América do Sul; Distribuição geográfica: - Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Equador, Chile e Peru - Brasil: NE, Centro Oeste, SU e Sul; Espécie domiciliada com raros focos silvestre; Resistência ao jejum 3 meses; Suportam extremos de temperatura; * Triatoma vitticeps Espécie silvestre, adultos vem invadindo domicílio ; Brasil: RJ, MG e ES; Colonização não é significativa; * Rhodnius prolixus Espécie silvestre, peridomiciliar e domiciliar; Principal vetor na Venezuela e Colômbia; Distribuição geográfica: - México até região Norte do Brasil - Brasil: Amazonas, Goiás e Pará Resistência ao jejum 5 meses; Suportam extremo de temperatura e umidade; * Panstrongylus megistus Espécie silvestre, peridomiciliar e domiciliar; Distribuição geográfica: - Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai. - Brasil: N, NE, Centro Oeste, SU e Sul; 2º vetor de maior importância; Colonizou o domicilio na ausência de T. infestans; Não suportam extremo de temperatura; * DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA * CICLOS EPIDEMIOLÓGICOS * Ninho de aves HÁBITATS SILVESTRES * Buracos em árvores * Entre cascas de árvores * Em frestas de árvores * Palmeiras * Ninho de animais no solo Fenda em rocha * Galinheiro HÁBITATS PERIDOMICILIARES * Chiqueiro * Curral * Amontoado de tijolos * Amontoado de telhas * Amontoado de madeira * HÁBITATS DOMICILIARES * * * RESERVATÓRIOS DOMICILIARES E PERIDOMICILIARES * Gambá Roedor Tatu RESERVATÓRIOS SILVESTRES * CIMICIDAE Cimex lectularius Cimex hemipterus * CARACTERISTICAS GERAIS Há 2 espécies cosmopolitas: Cimex lectularius e Cimex hemipterus, a segunda predominando nos trópicos. Escondem-se de dia em fendas e orifícios da parede, solo, móveis etc. e picam durante a noite. A picada, além de molesta, pode produzir alergias. São controláveis com inseticidas. * Adultos, ninfas e ovos de Cimex lectularius sobre forro de um colchão * CONTROLE * Controle da qualidade do sangue transfundido; Combate do vetor: inseticidas de ação residual; Evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior e arredores da casa; Melhorar habitação, através de reboco e tamponamento de rachaduras e frestas; Construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro, depósito afastados das casas e mantê-los limpos; Campanha Educacional; Retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas; Encaminhar os insetos suspeitos de serem "barbeiros", para o serviço de saúde mais próximo. MEDIDAS DE CONTROLE * DIPTERA Insetos vetores de virus, filárias e tripanosomas * CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA Subordem Brachycera Família Tabanidae * CARACTERISTICAS GERAIS Holometábolos (ovo – larva – pupa – adulto) Cabeça, tórax e abdome bem diferenciados Aparelho bucal do tipo picador-sugador ou somente sugador Possuem em único par de asas * Importância parasitológica dos Dípteros Como vetores: + de 10.000 espécies hematófagas Vírus: febre amarela e dengue; Protozoários: malária, leishmaniose e doença do sono; Helmintos: filariose linfática e oncocercos Microorganismos: miíases (berne) * Importância parasitológica dos Dípteros Famílias Gêneros Culicidae Culex, Anopheles, Aedes Psychodidae Phlebotomus, Lutzomyia Simullidae Simulium Ceratopogonidae Culicoides Glossinidae Glossina * Importância parasitológica dos Dípteros Como veiculadores de patógenos: Moscas sinantrópicas Contaminação de alimentos com microorganismos e parasitos transportados pelas patas. Contaminação de alimentos pelo regurgitamento de microorganismos e parasitos. (bactérias, vírus, cistos de protozoários e ovos de helmintos) Famílias Gêneros Muscidae Musca Calliphoridae Chrysomyia * Importância parasitológica dos Dípteros Como causadores de miíases Larvas que parasitam tecidos vivos. Famílias Gêneros Oestridae Dermatobia Calliphoridae Cochliomyia * PSYCHODIDAE Subfamília Phlebotominae Os flebótomos * CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DOS PSYCHODIDAE * Ordem Díptera Família Psychodidae Insetos pequenos (no máximo 0,5 cm) Corpo coberto com cerdas, inclusive na superfície da asa Antenas usualmente com 16 segmentos Em virtude da presença das cerdas, as asas não se sobrepõem permanecendo abertas apresentando diferentes ângulos em relação ao corpo Tórax arqueado dando ao inseto uma aparência corcunda Atividade crepuscular ou noturna Vôo silencioso * ASPECTOS GERAIS DA SUB-FAMÍLIA PHLEBOTOMINAE Lutzomyia sp. 2 a 4 mm de comprimento corpo densamente coberto de pêlos finos cabeça formando um ângulo de 90º com o corpo quando em repouso, as asas são mantidas divergentes ♀ extremidade posterior do abdome pontuda ♂ extremidade posterior do abdome bifurcada antenas longas apenas as fêmeas se alimentam de sangue Lutzomia sp * Flebótomos adultos em posições de repouso (apud Mangabeira, 1942). Note a cobertura hirsuta do corpo, a posição da cabeça com relação ao restante do corpo, a postura das asas e o comprimento das pernas. A) macho: observe a terminália abdominal bifurcada; B) fêmea: note a extremidade arredondada do abdome. * PRINCIPAIS ESPÉCIES Novo Mundo - 3 gêneros - Lutzomyia - maioria das sp., quase todas picam o homem. Vetores de leishmanioses nas Américas - Brumptomyia - não atacam o homem - Warileya – 2 espécies atacam o homem Velho Mundo - 2 gêneros - Phlebotomus - Vetores de leishmanioses na África, Europa e Ásia. - Sergentomyia - não tem importância médica * VETORES * Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis Espécie transmissora da Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral; Espécie antropofílica e zoofílica; Fêmea desova em solo úmido; Distribuição geográfica, desde México até Argentina. - Brasil: AL, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MT, MS, PA, PB, PE, PI, RJ, RN, RR, SE, SP e TO. Invade domicílio á noite, Lu. cruzi - incriminada como vetora de L. chagasi no Mato Grosso do Sul. Lu. cruzi/ Lu. longipalpis - fêmeas indistinguíveis, separação feita através do macho. * CULICIDAE Os mosquitos * Família Culicidae Família na qual encontramos o maior número e os mais importantes insetos hematófagos entre os Arthropoda. Apenas a fêmea realiza a hematofagia. Grande dispersão no globo (desde regiões árticas até equatoriais). Antenas plumosas no macho e pilosas na fêmea Fêmeas com aparelho picador-sugador e machos com aparelho sugador Palpos nítidos Corpo e asas recobertas por escamas (escamas de tonalidades uniformes). * PRINCIPAIS ESPÉCIES Subfamília Anophelinae Subfamília Culicinae Subfamília Toxorhynchitinae - Culex quinquefasciatus * IMPORTÂNCIA MÉDICA ∙ Febre amarela: - Atinge macacos silvestres,mosquitos silvestres de alimentam e transmitem para o homem. - Causada pelo arbovírus Flavivírus - Américas: ciclo silvestre macaco – mosquito Haemagogus ciclo urbano homem – mosquito Aedes aegypti ∙ Dengue: - Atualmente a arbovirose mais importante do homem. - Grave problema de saúde pública - Causada pelo arbovírus Flavivírus, nas formas clássica e hemorrágica. - Aedes aegypti principal vetor. Arboviroses: - Uma vez infectado, o inseto permanece por toda vida * IMPORTÂNCIA MÉDICA Protozooses: ∙ Malária: - Homem é o único hospedeiro reservatório. - Causada pelos protozoários Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. - Somente fêmeas de Anopheles participam da transmissão. - No Brasil são Anopheles darlingi, A. aquasalis, A. albitarsis, A. cruzii e A. bellator. ∙ Filarioses: - Filariose linfática atinge somente o homem – Wuchereria bancrofti. - Filariose não linfática atinge o cão – Dirofilaria aimmitis. - Principal vetor: Culex quinquefasciatus * VETORES * Anopheles darlingi Mais importante vetor da malária no Brasil; Distribuição geográfica, desde México até Argentina. - Brasil: em todos os Estados, exceto regiões secas do NE, RS e SC; Acentuada antropofilia, domesticidade e suscetibilidade ao plasmódio; Criadouros preferenciais: grandes coleções de água. * Culex quinquefasciatus Principal vetor de filariose humana; Espécie doméstica e antropofílica; Hábito noturno; fêmeas colocam ovos em recipientes com água; Trópico-cosmopolita: Ásia, África, Américas e Oceania; - Brasil, ocorre em cidades litorâneas, principalmente Belém e Recife; Criadouros depósitos artificiais no solo com água rica em matéria orgânica. * Aedes aegypti Principal vetor da febre amarela e dengue em todo mundo; Espécie doméstica e antropofílica; Hábito diurno; fêmeas colocam ovos em paredes do recipientes com água limpa, pobre em matéria orgânica e sais; Criadouros preferenciais - recipientes artificiais a céu aberto; * MEDIDAS DE CONTROLE Combate à larva: ∙ Controle químico: - Larvicidas organifosforados, carbamatos, piretróides. - Temephos baixa toxicidade. ∙ Controle físico: - Modificar ou remover criadouros de larvas. - Grandes coleções de água parada – obras de engenharia sanitária. ∙ Controle integrado: - Campanhas, orientação da população. - Aplicação de inseticidas em todo criadouro fora do alcance da população. * HABITATS DOMICILIARES E PERIDOMICILIARES * HABITATS SILVESTRES Grandes coleções de água Bromélia Buracos em árvores * CONTROLE * Controle biológico: ∙ - Predadores: planárias Dugesia dorotocephala microcustáceos Mesocyclops larvas de mosquitos Toxorhynchites, Sabethes peixes Tilápia - Helmintos: nematódios Romanomermis culicivorax - Protozoários: microsporídeos Hedhzardia aedis - Fungos: Metharhysium anisopliae, Lagenidium giganteum - Bactérias: Bacillus thuringiensis, Bacillus sphericus * Combate ao adulto: ∙ Proteção pessoal: - Uso de telas nas janelas. - Filó para dormir. - Repelentes. ∙ Inseticida: - Residual, fumacê e ultrabaixo volume. ∙ Controle comportamental: - Atração e captura de insetos em armadilhas. * SUBORDEM CYCLORRAPHA ORDEM DIPTERA * CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA Subordem Brachycera Família Tabanidae * CYCLORRAPHA As moscas Insetos vetores de bacilos, helmintos, protozoários e causadores de miíases. * ASPECTOS GERAIS DOS CYCLORRAPHAS Aparelho bucal picador-sugador, lambedor-sugador ou atrofiado; Abdômen com 4 a 5 segmentos visíveis e os segmentos genitais retraídos; Desenvolvimento embrionário: ovíparos, ovovivíparos ou vivíparos; Dispersão de vôo de 8-10Km; Nas espécies hematófagas, ambos sexo sugam sangue; Importantes do ponto de vista biológico, médico e veterinário. * CICLO BIOLÓGICO Holometábolos Fonte: www.google.com.br/imagens * IMPORTÂNCIA MÉDICA Transmissores de vírus e protozoários; Causadoras de miíases; Vetores mecânicos de fungos, bacilos e ovos de helmintos; Importunadoras de homens e animais. * VETORES * Musca dometica Cosmopolita; Medem entre 6-7mm; Vive cerca de 30 dias (verão) e 60 (inverno); Fêmea põe cerca de 500-800 ovos; Aparelho bucal lambedor-sugador; Vetor mecânico de fungos, bacilos e ovos de helmintos. * Dermatobia hominis “Mosca do berne”; Distribuição geográfica: Região Neotropical - México, Costa do Golfo até Argentina; - Brasil – todos os Estados, exceto áreas secas (NE); Aparelho bucal atrofiado; Fêmea põem ovos sobre outros insetos; Lesão causada pela larva causa prurido, facilita entrada de outros organismos; * Chrysomya spp. Robustas de cor metálica; Distribuição geográfica - regiões tropicais e sub-tropicais do Velho Mundo. - Encontradas em Campinas e Santos (SP) – (1976) Alimenta-se de fezes humanas e de outros animais; Vetores de patógenos intestinais; Características morfológicas. * Sarcophagidae Numerosas espécies importantes; Medem entre 6-16mm; Adultos alimentam-se de fezes, carne de animais mortos e sucos de frutas; Fêmeas vivíparas; Ocorrem no Brasil: Oxysarcodexia, Ravinia, Paraphrissopoda e Pattonela; Espécies determinadas pela genitália masculina; * Glossinidae “Mosca tsé-tsé”; Exclusiva da África; Transmissoras de tripanosomas causadores da doença do sono (Trypanosoma gambiense e T. rhodesiense); Principais sp.: Glossina palpalis, G. morsitans e G. palidipes; Ambos sexos hematófagos; Fêmeas vivíparas. * AS MIÍASES Miíases específicas, obrigatórias ou primárias: Causada pelas larvas biontófagas, que invadem os tecidos normais e iniciam o processo patológico. Afecções causadas pela presença de larvas e moscas, em órgãos e tecidos do homem e outros animais, onde elas evoluem se nutrindo como parasitas. Miíases semi-específicas, facultativas ou secundárias: Causada pelas larvas necrobiontófagas, que invadem lesões em tecidos pré-existentes. Pseudomiiases ou Miíases acidentais: Causada por larvas raramente encontradas em humanos, ocorrem em tubo digestivo, bexiga, uretra, vulva etc. * Dermatobia hominis Mosca do berne Distribuição geográfica: Região Neotropical - México, Costa do Golfo até Argentina; - Brasil – todos os Estados, exceto áreas secas (NE); Fêmea põem ovos sobre o abdome de outros insetos (pernilongos ou moscas) que se alimentam de sangue ou outros líquidos copóreos, estes insetos são chamados de foréticos; Durante o pouso no hospedeiro, os ovos eclodem e as lavas de Dermatobia penetra a pele sã (biontófaga) e evolui dntro da lesão, até o estádio de larva 2. Após 6-12 semanas a larva 3 emerge do hospedeiro e cai no solo onde se transforma em pupa. * * Dermatobia hominis (mosca berneira) Larva Adulto Mosca com ovos de Dermatobia hominis Larvas eclodindo * Stomoxys (inseto forético) com ovos de Dermatobia hominis (mosca berneira) * Miíase em pacientes causada por larva de Dermatobia hominis (mosca berneira) O local da infecção é suscetível a entrada de oportunistas: bactérias A infecção normalmente é benigna (inflamação localizada). *TRATAMENTO Remoção das larvas com esparadrapo ou cirurgicamente Eventualmente, aplicação de antibiótico. * Cochliomyia hominivorax (mosca varejeira) DOENÇA: BICHEIRA Larvas Biontófagas * Presente do sul dos EUA até a Argentina, em regiões tropicais (o ano inteiro) e temperadas (primavera-verão); Fêmeas de C. hominovorax depositam de 200-300 ovos por dia durante 3 ou 4 dias ao redor de um ferimento recente (biontófoga , ovoposição somente em seres vivos); 12-24 h os ovos eclodem e as larvas se fixam nos tecidos, durante 6-7 dias ocorrem duas ecdises (L1-L3). Abandonam o hospedeiro e pupam no solo (6-8 dias) de onde emergem os adultos. * Miíase em pé de paciente causada por larva de Cochliomyia hominivorax (mosca varejeira) * Cochliomyia macellaria Ausente em muitas regiões do Brasil; Semelhante á C. hominivorax, Larvas podem se instalar nas miíases necrosadas abandonadas por C. hominivorax. - Larvas necrobiontófagas - alimentam-se de tecidos necrosados, C. hominivorax somente em tecido vivo * PATOGENIA Larvas secretam enzimas proteolíticas Ferimento aumenta de tamanho Decomposição do material no ferimento ATRAEM MAIS MOSCAS Míiases secundárias Míiases por necrobiontófagas * TRATAMENTO Limpar ferimento (com anestesia local) Remoção individual dos vermes Aconselhável aplicação de antibiótico de longo espectro Em caso de miíase cavitária (ingestão de ovos/larvas de uma variedade de moscas: antihelminticos (ivermectina) Controle: Zoonose: tratamento dos animais Tratamento do gado com ivermectina/doramectina para diminuir a densidade populacional das moscas. * MIÍASES – AÇÃO TERAPÊUTICA Tratamento pode ser vantajoso no caso de resistência a antibióticos; Utilização de larvas necrobiontófagas Ulcéras crônicas: pé diabético,estase venose (forma de terapia milenar. Espécies: Lucilia sericata, L. ilustris, Phomia regina. * Remoção de tecidos necróticos Secreção de proteases Ingestão do tecido liquefeito Atividade antimicrobiana S. aureus, Streptococcus sp. * CLASSE ARACHNIDA * CLASSE ARACHNIDA Subclasse Acari Ordem Escorpiones Ordem Araneae CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA Ordem Ixodida Ordem Gamasida Ordem Astigmata Ordem Actinedida * CARACTERÍSTICAS GERAIS Classe Insecta Subclasse Acari * IXODIDA Os Carrapatos * ASPECTOS GERAIS DOS IXODIDAS Cosmopolitas, distribuição por todo Brasil; Ectoparasitos hematófagos de vertebrados; Ausência de antenas; Idiossoma - abdomen fundido aos demais segmentos; Gnatossoma - conjunto das peças bucais; 3 pares de pernas na fase ninfal e 4 pares na vida adulta; Prole pode adquirir patógenos por transmissão transovariana. * ASPECTOS MORFOLÓGICOS Morfologia externa - visão dorsal (a) capítulo; (b) olho; (c) escudo dorsal; (d) dorso do corpo separado dos festões marginais (e) pelo sulco marginal. fêmea macho Fonte: Rey, L. Parasitologia. 2008 * Hemimetábolos CICLO BIOLÓGICO * * IMPORTÂNCIA MÉDICA Doenças produzidas: Dermatite: a secreção salivar provoca lesão traumática, forte ação irritativa local e resposta inflamatória. Paralisia: a resposta alérgica á secreção salivar pode desenvolver uma paralisia motora, atingindo a deglutição e respiração. Doenças transmitidas: febre maculosa: provocada pela Rickettsia, pode levar á óbito; Babésia: provocada pela Babesia bovis, agente da “tristeza bovina”. * VETORES * Amblyomma cajennense Carrapato-estrela; Distribuição geográfica dos EUA até Argentina; Espécie mais importante; Parasita animais domésticos, silvestres e homem; Principal transmissor da Rickettisia rickettsii, agente etiológico da febre maculosa; Abandona espontaneamente sua vítima ao fim de cada fase de desenvolvimento. * FEBRE MACULOSA BRASILEIRA DESCRIÇÃO A febre maculosa é uma doença infecciosa aguda, causada por bactérias de gênero Rickettisia e transmitida através da saliva de carrapatos infectados. Não é transmitido de pessoa a pessoa e os humanos são hospedeiros acidentais dentro da cadeia epidemiológica. A evolução da doença pode se dar de forma assintomática, com sintomatologia discreta até formas graves com elevada taxa de letalidade. * CICLO E TRANSMISSÃO Agente etiológico Bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória, denominada Rickettisia rickettsii. Vetor No Brasil, o principal vetor é o carrapato Amblyomma cajennense. Outras espécies devem ser consideradas como potenciais transmissoras da doença. Células de hemolinfa infectadas com R. rickettsii, coloração Gimenez Macho de Amblyomma cajennense Fêmea de Amblyomma cajennense * VETOR A e B - fêmea ingurgitada de Amblyomma cajennense. C - macho e fêmea de Amblyomma cajennense. Fonte: Marcelo Campos Pereira * CICLO BIOLÓGICO DO A. cajenensis RESERVATÓRIOS: CAPIVARAS, CAVALOS E O PRÓPRIO CARRAPATO * CICLO DA R. ricketssii Os carrapatos Amblyomma cajennense são os grandes responsáveis pela manutenção da R. rickettsii na natureza, pois ocorre transmissão transovariana (transmissão para ovos e larvas) e transestadial (transmissão do patógeno, a partir das larvas, para ninfas e destas para os adultos). Esta característica biológica permite ao carrapato permanecer infectado durante toda a sua vida e também por muitas gerações após uma infecção primária. O homem adquire a bactéria após ter sido picado pelo carrapato, ou seja, quando acidentalmente passa a integrar o ciclo endêmico riquétsia-carrapato-reservatório silvestre. Vale ressaltar que, para que haja a transmissão da febre maculosa através da picada por carrapatos, estes devem permanecer fixados a pele do hospedeiro por um período de 4-6 horas, tempo necessário para uma possível reativação da R. rickettsii na glândula salivar do carrapato. * PATOGENIA A bactéria ataca as células que revestem os vasos sanguíneos, ocasionando graves distúrbios circulatórios no organismo. As lesões vasculares disseminadas constituem a base fisiopatológica do quadro clínico: acúmulo anormal de líquido (edema), aumento do volume extracelular com conseqüentes baixa pressão sanguínea (hipotensão), morte tecidual (necrose) local, e distúrbios da coagulação (coagulação intravascular disseminada). Ocorrem obstruções(infartos) de vasos sanguíneas, com subseqüente suspensão da irrigação sangüinea (isquemia) no cérebro, principalmente no mesencéfalo e nas regiões dos núcleos, e, menos freqüentemente, no coração. No fígado, pode haver lesão ao redor dos vasos (perivascular), com degeneração gordurosa das células do fígado (hepatócitos). As alterações renais consistem de lesões vasculares intersticiais focais, acometendo poucos néfrons. * SINAIS CLÍNICOS No homem o período de incubação varia de 2 a 14 dias. Inicia com febre, dor de cabeça (cefaléia), dores musculares(mialgia), náuseas e vômitos. Entre o 3º e 4º dia surgem as manifestações cutâneas como manchas(máculas) papulares róseo avermelhadas, predominando nos membros irradiando para palmas, solas e tronco. Nos casos graves, com o desenvolvimento da doença, as pápulas vão se transformando em hemorrágicas. Alguns casos evoluem gravemente, ocorrendo a morte dos tecidos nas áreas de sufusões hemorrágicas (extravasamento de sangue), em decorrência da inflamação generalizada dos vasos sanguíneos * SINAIS CLÍNICOS Se não tratado, o paciente evolui para um estágio de mal-estar caracterizado pela diminuição da sensibilidade (torpor), confusão mental, freqüentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo. Icterícia leve e convulsões podem ocorrer na fase terminal. * DIAGNÓSTICO Diagnóstico diferencial Febre amarela, febre tifóide, dengue, enteroviroses, caxumba, rubéola, sarampo, hepatites, leptospirose, malária, meningites e meningoencefalites tanto virais como bacterianas, meningococcemia, Doença de Lyme etc. Diagnóstico específicoDados clínicos e epidemiológicos associados a achados laboratoriais reforçam o diagnóstico da doença. A cultura com isolamento da Rickettsia é o método diagnóstico ideal. A reação so-rológica de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando antígenos específicos para R. rickettsii, é o mais utilizada. Deve ser considerado como confirmatório um aumento de 4 vezes no título em uma segunda amostra colhida, pelo menos, 2 semanas após a primeira. Outros métodos utilizados são a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a imunohistoquímica. * Tratamento A indicação do tratamento deve ser baseada principalmente na suspeita clínica e no histórico de acesso a áreas com infestação de carrapatos A letalidade diminui drasticamente se o tratamento for feito em tempo hábil. Cerca de 80% dos indivíduos, com forma grave, se não diagnosticados e tratados a tempo evoluem para óbito. Nos casos suspeitos, o início imediato e precoce da antibioticoterapia, antes mesmo da confirmação laboratorial, tem assegurado maior recuperação dos pacientes. Em adultos, Cloranfenicol, 50mg/kg/dia, via oral, dividida em 4 tomadas, ou Doxiciclina, 100mg, de 12/12 horas, via oral. Manter o esquema até 3 dias após o término da febre. Nos casos graves, a droga de escolha é o Clorafenicol, 500mg, EV, de 6/6 horas. Em crianças, usar Clorafenicol, não ultrapassando 1g/dia, durante o mesmo período. A Doxiciclina pode ser usada em crianças acima dos 8 anos, na dose de 2 a 4mg/kg/dia, máximo de 200mg/dia, em 2 tomadas, de 12/12 horas. * EPIDEMIOLOGIA A doença se apresenta sob a forma de casos esporádicos em áreas rurais e urbanas, relacionados com contato com carrapatos, quer em atividades de trabalho ou lazer. No Brasil, são notificados casos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. * VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivos - A vigilância da Febre Maculosa Brasileira compreende a vigilância epidemiológica e ambiental (vetores, reservatórios e hospedeiros) e tem como objetivos: detectar e tratar precocemente os casos suspeitos visando a redução da letalidade; investigar e controlar surtos, mediante a adoção de medidas de controle; conhecer a distribuição da doença por lugar, tempo e pessoa; identificar e investigar os locais prováveis de infecção (LPI) e recomendar e adotar medidas de controle e prevenção. * GAMASIDA, ACTINEDIDA E ASTIGMATA Os Ácaros * ASPECTOS GERAIS DOS ÁCAROS Pequenos artrópodes (0.1-0.4mm); Ectoparasitos, predadores, comensais ou de vida livre; Vivem junto de seus hospedeiros; Gnatossoma bem desenvolvido; Quelíceras fortes e robustas ou estiletiformes; Responsáveis pela transmissão de patógenos, causadores de dermatites e processos alérgicos. * CICLO BIOLÓGICO Ácaros de vida livre e ectoparasitas * VETORES * Dermatophagoides farinae Ácaros de vida livre; Associados a alergias respiratórias, rinites e asma; Idiossoma estriado, com escudo na região anterior; Vive na poeira, colchão, roupas de cama e pisos; * ASPECTPOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLOGIA * ESCABIOSE Parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração deixa lesões em forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos quais ele deposita seus ovos. As áreas preferenciais da pele para se visualizar essas lesões são: regiões interdigitais, punhos (face anterior), axilas (pregas anteriores), região periumbilical, sulco interglúteo e órgãos genitais externos (nos homens). Em crianças e idosos, podem também ocorrer no couro cabeludo, nas palmas e plantas. O prurido é causado por reação alérgica a produtos metabólicos do ácaro, caracteristicamente é intensificado durante a noite, por ser o período de reprodução e deposição de ovos. * * ESCABIOSE Sinonímia - Sarna, pereba, curuba, pira Agente etiológico - Sarcoptes scabiei variedade hominis Reservatório - O homem. Modo de transmissão - Contato direto com doentes, relações sexuais e por meio de fômites contaminados (roupas de cama, toalhas de banho, vestimentas. Período de incubação - 4 a 5 semanas após a inoculação do ácaro em indivíduos não infectados anteriormente; 24 horas nos casos de reinfestação. Período de transmissibilidade - Todo o período da doença. São necessários, geralmente, dois ciclos de tratamento, com intervalo de uma semana * Sarcoptes scabiei Ácaros muito pequenos; Parasita da pele de mamíferos; Agente da sarna; Transmissão é feita de pessoa para pessoa, através das roupas de cama e vestimentas. * Agente da sarna * * CICLO DA SARNA * Quadro clínico Prurido: é de intensidade variável; geralmente mais intenso à noite ou ao amanhecer. Presença de lesões eritemato - pápulo - escoriadas nas seguintes localizações: espaços interdigitais, punhos, cotovelos, axilas, abdômen, nádegas, coxas, genitais, aréolas mamárias. Presença do sulco acariano em pequena proporção de casos; diminuta elevação linear com até 1 cm de tamanho; em sua porção terminal encontra-se uma vesícula esbranquiçada (eminência acariana) que contem o ácaro. Escabiose nodular: localiza-se, principalmente, nas regiões genitais e perigenitais; caracteriza-se por lesões pápulo-nodulares eritemato-violáceas, intensamente pruriginosas, persistentes, às vezes, mesmo após o tratamento específico. Nas lesões não se encontram o ácaro ou seus ovos. * QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Complicações - Infecções secundárias pela “coçadura”, que, quando causada pelo estreptococo ß hemolítico, pode levar à glomerulonefrite. Em pacientes imunocomprometidos, há risco de se estender como uma dermatite generalizada, com intensa descamação. Essa forma também pode ocorrer em idosos, nos quais o prurido é menor ou não existe. A forma intensamente generalizada é denominada de sarna norueguesa. Diagnóstico - Clínico e/ou com visualização do ácaro, à microscopia pelo raspado ou biópsia de pele. * TRATAMENTO Monossulfiram a 25%: deve ser diluído em água (para crianças em 3 vezes o volume em água, para adultos em 2 vezes); não ingerir bebida alcoólica durante seu uso; pode ser usado mesmo se houver infecção secundária; o medicamento deve ser aplicado à noite, após o banho prévio do pescoço aos pés, incluindo no homem a região genital; permanecer por 12 horas, repetir após 24 horas, num total de 3 aplicações. Gamabenzeno hexaclorado a 1%: pode ser usado em loção ou creme, 1 única aplicação. Deve ser evitado em gestantes e lactentes (absorção sistêmica). Evitar o banho prévio. Retirar com o banho em 8 a 12 horas. * TRATAMENTO Benzoato de benzila a 25% o medicamento deve ser aplicado à noite, após banho prévio, do pescoço aos pés, incluindo no homem a região genital; permanecer por 12 horas, repetir após 24 horas, num total de 3 aplicações. Enxofre precipitado a 5 - 10%: preparado em creme ou vaselina, é pouco irritante; aplicar à noite durante 10 dias. Mais indicado para crianças até 5 anos e gestantes. Deltametrina (derivado das piretrinas) o medicamento deve ser aplicado à noite, após banho prévio do pescoço aos pés, incluindo, no homem, a região genital; permanecer por 12 horas, repetir após 24 horas num total de 3 aplicações. * TRATAMENTO Recomendações Repetir o esquema 7 dias após. As roupas de cama e de uso pessoal devem ser bem lavadas, expostas ao sol e passadas com ferro. Não há necessidade de serem fervidas. Todas as pessoas que convivem no mesmo ambiente devem ser igualmente tratadas. Se houver infecção secundária e/ou eczematização, estas devem ser previamente tratadas. Gravidez Enxofre precipitado - 5-10% - aplicação tópica à noite, por 10 dias. Benzoato de benzila - 25% - aplicação tópica à noite, por 03 dias. * EPIDEMIOLOGIA Características epidemiológicas - Ocorre em qualquer lugar do mundo e está vinculada a hábitos de higiene. É freqüente em guerras e em aglomeradospopulacionais. Geralmente, ocorre sob a forma de surtos em comunidades fechadas ou grupos familiares. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivo - Manter a doença sob controle, evitando surtos. Notificação - Não é doença de notificação compulsória. * MEDIDAS DE CONTROLE Tratamento do doente: lavar com água quente todos os fômites dos pacientes com sarna norueguesa, as roupas devem ficar livres do contato com o hospedeiro e contactantes por 7 dias. É fundamental atentar para a necessidade de maior higiene pessoal e limpeza do ambiente. Buscar casos na família ou nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve possível. Isolamento - Deve-se afastar o indivíduo da escola ou trabalho até 24 horas após o término do tratamento. Em caso de paciente hospitalizado, recomenda-se o isolamento, a fim de evitar surtos em enfermarias, tanto para outros doentes quanto para os profissionais de saúde, especialmente no caso da sarna norueguesa. O isolamento deve perdurar por 24/48 horas após o início do tratamento. * OBRIGADA!
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