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Aula 6 - O Poder

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O PODER
1. Noção e objetivos do poder
- Conceito: energia básica que anima a existência de uma comunidade humana num determinado território, conservando-a unida, coesa e solidária; a faculdade de tomar decisões em nome da coletividade.
Pressupõe força e a competência (legitimidade oriunda do consentimento). 
- Poder de fato: baseado unicamente na força. O primeiro aspecto que este poder exerce sobra a Sociedade é o aspecto coercitivo (dominação e emprego frequente de meios violentos para impor a obediência). Não importa sua solidez ou estabilidade, será sempre um poder de fato.
- Poder de direito: baseado competência e no consentimento dos governados. O Estado moderno resume basicamente na passagem de um poder de pessoa a um poder de instituições, de poder imposto pela força a um poder fundado na aprovação do grupo, de um poder de fato a um poder de direito.
2. Auto-organização estatal
- Conceito: é a capacidade do Estado em se organizar jurídica, política e socialmente.
Para que exista Estado, é necessário que o poder social esteja em condições de elaborar ou modificar por direito próprio e originário uma ordem constitucional.
Existindo instrumento autônomo de poder financeiro, policial e militar com capacidade organizadora e regulativa, aí existirá o Estado.
3. Unidade e/ou indivisibilidade do poder
- Conceito: somente pode haver um único titular desse poder, que será sempre o Estado como pessoa jurídica. O poder do Estado na pessoa de seu titular é indivisível: a divisão só se faz quanto ao exercício do poder, quanto às formas básicas de atividade estatal.
Obs: três poderes.
4. Noção de soberania
- Conceito: é o mais alto poder do Estado, a qualidade de poder supremo (suprema potestas), apresenta duas faces distintas: a interna e a externa.
Soberania interna: Imperium que o Estado tem sobre o território e a população e a superioridade do poder político frente aos demais poderes sociais, que lhe ficam sujeitos, de forma mediata ou imediata.
Soberania externa: manifestação independente do poder do Estado perante outros Estados.
5. Soberania nacional e soberania popular
- Conceito: para as correntes de fundo democrático, a soberania provém da vontade do povo (teoria da soberania popular) ou da nação propriamente dita (teoria da soberania nacional). 
Teoria da soberania nacional: cresceu a partir de ideias político-filosóficas que fomentaram o liberalismo e inspiraram a Revolução Francesa. Rousseau como o mais destacado expoente. Sustentaram que a nação é a fonte única do poder de soberania. O órgão governamental só o exerce legitimamente mediante o consentimento nacional. Assim, a soberania é originária da nação, no sentido estrito de população nacional (ou povo nacional), não do povo em sentido amplo. Exercem os direitos de soberania apenas os nacionais ou nacionalizados, no gozo dos direitos de cidadania, na forma da lei. Não há que confundir a "teoria da soberania popular", que amplia o exercício do poder soberano aos alienígenas residentes no país.
A soberania, na Escola Clássica, é UNA, INDIVISÍVEL, INALIENÁVEL e IMPRESCRITÍVEL.
UNA porque não pode existir mais de uma autoridade soberana em um mesmo território.
INDIVISÍVEL, seguindo a mesma linha de raciocínio que justifica a sua unidade.
INALIENÁVEL, por sua própria natureza. A vontade é personalíssima: não se aliena, não se transfere a outrem.
IMPRESCRITÍVEL, no sentido de que não pode sofrer limitação no tempo. Uma nação, ao se organizar em Estado soberano, o faz em caráter definitivo e eterno. Não se concede soberania temporária, ou seja, por tempo determinado.
Teoria da soberania popular: Teve como precursores Altuzio, Marsilio de Padua, Francisco de Vitoria, Soto, Molina, Mariana, Suarez e outros teólogos e canonistas da chamada Escola Espanhola, a partir da doutrina do direito divino sobrenatural, firmaram que o poder público vem de Deus e se infunde a inclusão social do homem e a consequente necessidade de governo na ordem temporal. 
O poder civil corresponde com a vontade de Deus, mas promana da vontade popular.
6. Legalidade e legitimidade do Poder Político
- Conceito: a legalidade e legitimidade são condições essenciais do poder do Estado tanto quanto da capacidade constitucional e da indivisibilidade desse mesmo poder. 
7. Princípio da legalidade:
- Conceito: de maneira simplificada, trata-se da observância das leis, isto é, o procedimento da autoridade de acordo com o direito estabelecido. Ou ainda a noção de que todo poder estatal deverá atuar sempre de conformidade com as regras jurídicas vigentes. 
8. Princípio da legitimidade:
- Conceito: A legitimidade é a legalidade acrescida de sua valoração.
A legitimidade do Estado Democrático será sempre o poder contido na constituição, exercido de conformidade com as crenças, os valores e os princípios da ideologia dominante, no caso a ideologia democrática.
9. Autoridade e liberdade
- Autoridade como o poder Exercido pelo Estado e liberdade como o bem maior do cidadão.
10. A sociedade como titular e destinatária do poder
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
11. A finalidade do Estado
Pode ser objetiva ou subjetiva.
- Conceito de finalidade objetiva: aquela buscada pelo Estado condicionada a determinado período histórico e cultural.
Cada Estado possui fins específicos e particulares, dependendo do interesse e das peculiaridades de cada um.
 
 
 - Conceito de finalidade subjetiva: leva em conta a vontade dos integrantes do Estado, pois a partir do momento que a vontade humana resolveu formar o Estado, este ente não poderá ter outra finalidade, se não àquela buscada pelos seus integrantes.
 A finalidade do Estado, portanto, seria a identidade entre os interesses do próprio Estado com os interesses particulares.
 
São três finalidades entre Estado e indivíduos: expansiva, limitada e relativa.
- Expansiva: o Estado buscaria se expandir, de forma que fosse alcançado o máximo desenvolvimento material, concedendo às pessoas condições de bem estar, e de outro lado, o Estado deveria se expandir de forma ética, para se criar um Estado moral.
 
 Obs:
- Pontos desfavoráveis: o indivíduo poderia ser tolhido de sua liberdade individual, e da mesma forma, ao se buscar um Estado moral, corre-se o risco do Estado se tornar um ditador de regras e costumes, induzindo as pessoas a obedecerem, anulando, pois, cada indivíduo.
 
- Limitada: o Estado atuaria da forma menos intervencionista possível, de forma que os próprios indivíduos possam, utilizando a sua liberdade alcançar o bem estar e o desenvolvimento. Função de vigilância do Estado, mantendo a segurança e a ordem. Estado-polícia, que vai interferir na liberdade dos indivíduos na medida em que houver perturbações à segurança e à ordem.
 
 - Relativa: o Estado deve conservar, ordenar e ajudar a sociedade, pois os indivíduos, no relacionamento com seus semelhantes, evoluem cada vez mais as relações de solidariedade, não precisando que o Estado interfira além do que as três funções principais.
A Sociedade possibilita os meios de formação da cultura e da convivência dos indivíduos, e não no Estado. A este último caberá só vai interferir para garantir que as atividades dos indivíduos se deem de acordo com esse direcionamento.
Estado assegurando aos indivíduos a igualdade, não somente a jurídica, que implica igualdade perante a lei, mas também a igualdade de condições iniciais, para que todos os indivíduos possuam uma mesma oportunidade.

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