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Caso Concreto 13 RESPONDIDOPARECER REDAÇÃO JURIDICA

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PARECER
EMENTA
Homicídio qualificado por motivo fútil. Violação do direito à vida. Existência de insanidade mental superveniente. Risco de violação do direito ao contraditório e ampla defesa. Parecer favorável à suspensão do processo enquanto durar o quadro de insanidade.
I – RELATÓRIO
ALFREDINHO PITANGA, após ingerir algumas doses de bebida alcoólica(cachaça) em um botequim, enraivecido com sua concubina Nathalia Maria de Jesus por comprovar que ela não havia lhe preparado o jantar, motivo pelo qual a agrediu com uma faca de cozinha causando-lhe ferimentos profundos na região do tórax.
Após a agressão, Nathalia foi imediatamente socorrida por vizinhos que levaram-na ao hospital onde foi submetida a intervenção cirúrgica. Em razão da gravidade dos ferimentos e de seu estado, ficou internada, vindo a óbito quarenta dias após o ato criminoso.
O réu permaneceu preso depois de ser apanhado em flagrante delito e o Ministério Publico aditou a denúncia para adequar o fato ao tipo definido no art. 121, § 2º, Inciso II do CP, isso porque restou evidenciado que a morte da vítima decorreu dos ferimentos causados por Alfredinho. 
No curso da ação penal, surgiram indícios de insanidade mental de Alfredinho, razão pela qual, o Magistrado determinou a instauração do processo incidente. Os peritos concluíram que Alfredinho era mentalmente são, ao tempo do crime, e que sua incapacidade absoluta de compreender o caráter criminoso do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento era superveniente.
É o relatório.
II – FUNDAMENTAÇÃO
Apesar de a sociedade como um todo ter se desenvolvido de maneira significativa no decorrer dos últimos cinquenta anos, práticas obsoletas tais como a discriminação por gênero e a ideia ultrapassada de que as mulheres são seres inferiores que precisam ser dominadas e domadas persistem em permear as relações humanas.
Para combater tais práticas absurdas e abusivas e proteger a integridade física e mental das mulheres, especialmente no âmbito da convivência doméstica, é que o Estado Brasileiro, pautado no direito à igualdade já estabelecido pela Constituição Federal como cláusula pétrea no art. 5º caput e I, tem promovido diversas ações para desencorajar tal preconceito em que se destacam a existência dos órgãos de proteção dos direitos das mulheres e, mais recentemente, a criação da Lei nº 11.340/06 , a chamada Lei Maria da Penha.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Apesar de tais medidas, ações de desrespeito aos direitos das mulheres são frequentes e até mesmo comuns no dia a dia servindo muitas vezes de circunstâncias para o cometimento de atos criminosos como o caso que ora se apresenta.
É inconteste que Alfredinho Pitanga, valendo-se de sua condição de “marido” da vítima, e acreditando-se senhor desta, já alterado pela ingestão de bebida alcoólica, e movido de furor diante de motivo fútil como o fato de a vítima não ter ainda providenciado o jantar, agiu de maneira exacerbada, sentindo-se como autoridade suficiente para fazer a vítima pagar por sua “negligência” com a vida, vendo-se frustrado em seu intento em virtude de a vítima ter sido socorrida por vizinhos, ao menos durante o lapso temporal de quarenta dias quando do óbito desta.
O código penal, no art. 121, prevê como conduta delitiva o ato de matar alguém e, em seu § 2º, II o qualifica quando o ato é cometido por motivo fútil, justamente o que trata o caso concreto.
Até então o caso seria simples e de breve solução não fora o fato de o Réu apresentar quadro de insanidade mental ocorrido após o fato criminoso, conforme auferido pela perícia solicitada pelo D. Juízo.
Sendo assim, apesar de ser mentalmente são quando cometeu o ato criminoso, a incapacidade mental absoluta superveniente vem atrapalhar o direito do Réu ao contraditório e a ampla defesa, direitos estes também amparados pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, LV que diz “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Não há que se atenuar a gravidade e culpabilidade do Réu, pois o ato cometido é ilícito e antijurídico dotado de qualificadora pela futilidade do motivo do Réu para cometer o crime. Entretanto o mesmo não pode ser privado de seu direito à ampla defesa devendo ser aplicado o disposto no art. 152 e seus §§ do Código de Processo Penal que prevê:
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149.
§ 1º O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
§ 2º O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem prestado depoimento sem a sua presença.
II – CONCLUSÃO
Ex-positis, entende-se que a Ação Penal em face de Alfredinho Pitanga deve ser suspensa até o restabelecimento mental do mesmo nos termos do art. 152, caput e §§ 1º e 2º, CPP e, quando esta se der, o Réu deve então ser julgado e condenado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo fútil conforme prevê o art. 121, II, do CP.
É o parecer.
São Luís, 11 de junho de 2015.
Ruth Geisla do Nascimento Oliveira
Mat. 201401201504
	
Art. 121, § 2º, Inciso II do CP
Art. 121 - Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Homicídio qualificado
§ 2º - Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Se julgar pertinente, recorra às seguintes fontes
Art. 26 do CP: É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender ocaráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Art. 152 do CPP: Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2° do art. 149.
§ 1º O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
§ 2º O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem prestado depoimento sem a sua presença.
Alfredinho Pitanga, agrediu com uma faca de cozinha sua concubina Natalina Maria de Jesus

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