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Direito Penal Parte Especial Art 121 a 137

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Sumário
HOMICÍDIO	6
1.	CONCEITO DE HOMICÍDIO	6
2.	TOPOGRAFIA DO HOMICÍDIO	6
2.1.	Observações pontuais	7
3.	HOMICÍDIO (art. 121 do Código Penal)	8
3.1.	Conduta	8
3.2.	Sujeito	9
3.2.1.	Ativo	9
3.2.2.	Passivo	9
3.3.	Tipo Subjetivo	10
3.4.	Consumação	11
3.5.	Classificação doutrinária	11
3.6.	Ação Penal e Competência	11
3.7.	Observações (você não pode deixar de saber):	12
4.	HOMICÍDIO PRIVILEGIADO	12
4.1.	Natureza Jurídica - causa de redução de pena	12
4.2.	Análise das Causas Privilegiadoras	13
4.2.1.	Motivo de Relevante Valor Social	13
4.2.2.	Motivo de Relevante Valor Moral	13
4.2.3.	Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima	14
4.2.4.	Observações pontuais:	16
5.	HOMICÍDIO QUALIFICADO	16
5.1.	Análise das Qualificadoras	18
5.1.1.	Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE (interpretação analógica)	18
5.1.2.	Por motivo fútil	21
5.1.3.	Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.	24
5.1.4.	A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido	27
5.1.5.	Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime	29
5.1.6.	Feminicídio	30
5.1.7.	Homicídio funcional	40
6.	HOMICÍDIO CULPOSO	48
6.1.	Conceito	49
6.1.1.	Imprudência	49
6.1.2.	Negligência	49
6.1.3.	Imperícia	49
6.2.	Homicídio culposo do CP versus Homicídio culposo do CTB	50
6.3.	Causa de aumento	51
6.3.1.	Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (negligência profissional)	51
6.3.2.	Deixar de prestar imediato socorro à vítima (Omissão de Socorro);	52
6.3.3.	Não procura diminuir as consequências do comportamento	53
6.3.4.	Fuga para evitar a prisão em flagrante	53
6.4.	Causa de Aumento no homicídio doloso	55
6.5.	Perdão judicial	55
6.6.	Perdão Judicial versus Perdão do Ofendido	56
6.7.	Natureza Jurídica da sentença concessiva do perdão judicial	56
7.	CAUSA DE AUMENTO DO HOMICÍDIO DOLOSO	57
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO..........................................................................................59
1.	CONDUTA	60
2.	SUJEITOS	61
3.	CONSUMAÇÃO E TENTATIVA	61
4.	CAUSA DE AUMENTO DE PENA	62
4.1.	Se o crime for praticado por motivo egoístico, ou	62
4.2.	Se a vítima for menor ou tiver diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.	62
5.	CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA	62
6.	AÇÃO PENAL	63
INFANTICÍDIO..................................................................................................63
1.	CONDUTA	63
2.	SUJEITOS	64
3.	CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA	65
4.	AÇÃO PENAL	65
5.	COMPETÊNCIA	65
6.	INAPLICABILIDADE DOS INSTITUTOS DESPENALIZADORES	66
ABORTO	66
1.	CONCEITO DE ABORTO	66
2.	ABORTAMENTO X ABORTO	68
3.	ESPÉCIES DE ABORTO	68
3.1.	Aborto natural	68
3.2.	Aborto acidental	68
3.3.	Aborto criminoso	68
3.4.	Aborto legal ou permitido	68
3.5.	Aborto miserável ou econômico-social	69
3.6.	Aborto eugenésico/eugênico	69
3.7.	Aborto "honoris causa"	69
4.	ESTRUTURA DO CRIME	69
5.	ABORTO CRIMINOSO	70
5.1.	Sujeitos	70
5.1.1.	Sujeito Ativo: Gestante.	70
5.1.2.	Sujeito passivo:	71
5.2.	Conduta	71
5.3.	Consumação	72
6.	ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO	73
6.1.	Sujeitos	73
6.2.	Conduta	73
6.3.	Consumação	74
7.	ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE	74
7.1.	Conduta	75
7.2.	Dissenso Presumido	76
7.3.	Questões controversas	76
8.	FORMA QUALIFICADA (Aborto Qualificado)	77
9.	ABORTO PERMITIDO/LEGAL	78
9.1.	Conceito	78
9.2.	Natureza Jurídica do Art. 128, CP	78
9.3.	Aborto Necessário	79
9.3.1.	Requisitos	79
9.4.	Aborto sentimental	79
9.4.1.	Requisitos	79
9.5.	Aborto de Feto Anencefálico	81
9.5.1.	Feto Anencefálico	81
LESÃO CORPORAL	82
1.	CONCEITO DE LESÃO CORPORAL	82
2.	BEM JURÍDICO TUTELADO	85
3.	TOPOGRAFIA DA LESÃO CORPORAL	86
4.	SUJEITOS	86
5.	CONDUTA	87
6.	VOLUNTARIEDADE	89
7.	CONSUMAÇÃO	89
8.	LESÃO CORPORAL E SUAS ESPÉCIES	90
8.1.	Lesão Corporal Dolosa Leve	90
8.2.	Lesão Corporal Grave	90
8.2.1.	Incapacidade para ocupação habitual por mais de 30 dias	91
8.2.2.	Perigo de Vida	93
8.2.3.	Debilidade permanente de membro, sentido ou função	94
8.2.4.	Aceleração do parto	95
8.3.	Lesão Corporal Gravíssima	95
8.3.1.	Incapacidade permanente para o trabalho	96
8.3.2.	Enfermidade incurável	96
8.3.3.	Perda ou inutilização do membro, sentido ou função	97
8.3.4.	Deformidade permanente	99
8.3.5.	Aborto	100
8.4.	Lesão Corporal seguida de Morte	101
8.4.1.	Elementos do Crimes	102
8.4.2.	Causa de Redução de Pena	102
8.5.	Lesão corporal dolosa e substituição da pena	102
8.6.	Lesão corporal culposa	103
8.6.1.	Aumento de Pena	104
8.7.	Perdão Judicial	105
8.7.1.	Lesão no âmbito da violência doméstica e familiar	106
7
HOMICÍDIO
CONCEITO DE HOMICÍDIO 
O homicídio é crime contra a vida.
Nesse sentido, explica o prof. Cleber Masson "a vida constitui-se em direito fundamental do ser humano, consagrado no art. 5° da Constituição Federal. Trata-se de direito formal e materialmente constitucional, com caráter supraestatal. Não obstante, tem natureza relativa: pode sofrer limitações, desde que legítimas e sustentadas por interesses maiores do Estado. Nesse sentido, a admissão da pena de morte em tempo de guerra (CF, art. 5º, XLVII, a), a legítima defesa (CP, art. 25) e o aborto em determinadas situações legalmente previstas (CP, art. 128)".
Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. Conforme proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência.
Homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. Se a vida humana for intrauterina estará caracterizado o delito de aborto. Se já iniciado o trabalho de parto, a morte do feto configura homicídio ou infanticídio (art. 123, CP).
TOPOGRAFIA DO HOMICÍDIO
· Caput: homicídio doloso simples 
· § 1º: Homicídio doloso privilegiado 
· § 2º: Homicídio doloso qualificado 
· § 3º: Homicídio culposo 
· § 4º: Majorantes de pena 
· § 5º: Perdão judicial 
· § 6º: Majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei no 12.720/12) 
· § 7º: Majorante para o feminicídio.
Observações pontuais
· Homicídio Preterdoloso
O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, trata-se de uma espécie qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a título de culpa.
Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, § 3º, do Código Penal, e não sendo crime doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri.
· Homicídio versus Genocídio
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de praticar genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência constitucional para o julgamento de crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio atraído pelo Tribunal do Júri.
Corroborado ao exposto, Cleber Masson:
Genocídio é a destruição total ou parcial de grupo nacional, étnico, racial ou religioso (art. 2° da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto 30.822/1952 c.c. art. 1º, a da Lei 2.889/1956). A competência é do juízo comum, e não do Tribunal do Júri. Trata-se de crime contra a humanidade, e não de crime doloso contra a vida, pois não foi catalogado no Capítulo I do Título I da Parte Especial do Código Penal.
STF, já decidiu que no caso de genocídio com morte, o agente responde por homicídio mais genocídio, em concurso formal impróprio. São bens jurídicos próprios/distintos.
Lei n° 2889/56 - Genocídio
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo,
Será punido:	
Com as penas do art. 121, § 2°, do Código Penal, no caso da letra "a".
· Crimes contra a Segurança Nacional x Homicídio
A tipificação do homicídio pode ser transferida do Código Penal paraleis extravagantes em decorrência das características da vítima. Nesses termos, quem mata dolosamente e com motivação política o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal incide no crime definido pelo art. 29 da Lei 7.170/1983 - Crimes contra a Segurança Nacional
Assim, se a motivação for política contra os agentes mencionados restará afastado o delito de homicídio.
HOMICÍDIO (art. 121 do Código Penal) 
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Conduta
Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no art. 121 do CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. O homicídio pode ser praticado tanto por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado pelo denominado garantidor, isso porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, § 2° do Código Penal).
E em que momento acontece a morte? Se verifica com a cessação da atividade encefálica.
Para a Sociedade Americana de Neurorradiologia, morte encefálica é o estado irreversível de cessação de todo o encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos, apesar da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por avançados sistemas de suporte vital e mecanismos de ventilação".
Corroborando, Cleber Masson (Código Penal comentado):
É o verbo matar. Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou por omissão, desde que presente o dever de agir (hipóteses previstas no art. 13, § 2º, do CP), de forma direta (meio de execução manuseado diretamente pelo agente) ou indireta (meio de execução manipulado indiretamente pelo homicida). Os meios de execução podem ser materiais (os que assolam a integridade física do ofendido) ou morais (a morte é produzida por um trauma psíquico na vítima como, por exemplo, a depressão que acarreta a morte em face do uso excessivo de medicamentos).
Cumpre destacarmos que o meio de execução do delito de homicídio é livre, conforme mencionado acima. Contudo o meio de execução empregado poderá caracterizar uma qualificadora, como se dá no emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum (CP, art. 121, § 2º, III).
Sujeito 
Ativo
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige qualidade especial do agente.
Passivo
Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. É necessário que seja após o nascimento.
O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, 2019) "tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto".
É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do início do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121 do CP, mas pelo crime de aborto, conforme será visto em sequência.
Vejamos:
	ABORTO
	Homicídio (ou infanticídio)
	Protege a VIDA INTRAUTERINA
	VIDA EXTRAUTERINA
Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero, enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina minoritária exige o início do desprendimento das entranhas maternas.
Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente, pelas contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea).
Nesse sentido, o STJ - 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, "iniciado o trabalho de parto, não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente" - Informativo 507, STJ.
Tipo Subjetivo
É o dolo, denominado de animus necandi ou animus occidendi. Não se reclama nenhuma finalidade específica
O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado) quanto culposa (culposo).
Obs.: Cabe suspensão condicional do processo unicamente no homicídio culposo, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo do art. 89 da Lei 9.099/1995,
Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor encontra-se tipificado no art. 302 do CTB. 
Vejamos:
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor
Penas - detenção de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Consumação
Trata-se de crime material, consumando-se com o fim das atividades encefálicas, conforme determinado pela lei de transplante de órgãos. Assim, de acordo com a Lei no 9.434, que trata sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, a morte acontece com a morte encefálica (art. 3º, da Lei nº 9.434).
É crime não transeunte - aquele que deixa vestígios, desafiando exame de corpo de delito, direto ou indireto, nos termos do art. 158 e ss do CPP.
A prova da materialidade realiza-se pelo exame necroscópico, que, além de atestar a morte, indica também suas causas.
Cuida-se de crime instantâneo, pois se consuma em um momento determinado, sem continuidade no tempo. Há quem sustente, porém, ser o homicídio um crime instantâneo de efeitos permanentes, pois, embora a consumação ocorra em um único momento, seus efeitos são imutáveis.
Classificação doutrinária
O homicídio é crime simples (atinge um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), material (o tipo contém conduta e resultado naturalístico, exigindo este último – morte - para a consumação); de dano (reclama a efetiva lesão do bem jurídico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); comissivo (regra) ou omissivo (impróprio, espúrio ou comissivo por omissão, quando presente o dever de agir); instantâneo (consuma-se em momento determinado, sem continuidade no tempo), mas há também quem o considere instantâneo de efeitos permanentes; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (praticado por um só agente, mas admite concurso); em regra plurissubsistente a conduta de matar pode ser fracionada em diversos atos); e progressivo (para alcançar o resultado final o agente passa, necessariamente, pela lesão corporal, crime menos grave rotulado nesse caso de "crime de ação de passagem").
Ação Penal e Competência
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.
A competência é do Tribunal do Júri para as modalidades dolosas e do juiz singular para o homicídio culposo.
Lembre-se: homicídio culposo não é julgado perante o Tribunal do Júri.
Observações (você não pode deixar de saber):
· O homicídio contra o presidente da República, da Câmara, do Senado ou do STF que tem motivação política encontra-se regulamentado ao teor do art. 29 da Lei no 7.170/83. A motivação política nessa conduta é essencial para a caracterização do delito em comento. 
· O crime de homicídio simples só será HEDIONDO quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Para o Bitencourt, grupo de extermínio é aquele que mata generalizadamente indivíduos pertencentes a determinados grupos.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
Caso de diminuição de pena
§ 1° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Natureza Jurídica - causa de redução de pena
Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de diminuição de pena. Assim, segundoensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de diminuição de pena.
Corroborando, Cleber Masson "a denominação homicídio privilegiado é fruto de criação doutrinária e jurisprudencial. Na verdade, não se trata de privilégio, mas de causa de diminuição da pena".
Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai apenas quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação.
· Incomunicabilidade do privilégio
O prof. Cleber Masson explica que as hipóteses legais de privilégio apresentam caráter subjetivo. Relacionam-se ao agente, que atua imbuído por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e não ao fato. Por corolário, a causa de diminuição da pena não se comunica aos demais coautores ou partícipes, em consonância com a regra prevista no art. 30 do Código Penal.
Vejamos um exemplo: "A", ao chegar à sua casa, depara-se com sua filha chorando copiosamente. Pergunta-lhe o motivo da tristeza, vindo a saber que fora ela recentemente estuprada por "B". Pede então a "C", seu amigo, que mate o estuprador, no que é atendido. "A" responde por homicídio privilegiado (relevante valor moral), enquanto a "C" deve ser atribuído o crime de homicídio, simples ou qualificado (dependendo do caso concreto), mas nunca o privilegiado, pois o relevante valor moral a ele não se estende.
Análise das Causas Privilegiadoras
Motivo de Relevante Valor Social
Por valor social deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos interesses da coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança/ indivíduo que mata o traidor da pátria.
Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os interesses da comunidade. Corroborando, Cleber Masson:
Motivo de relevante valor social é o pertinente a um interesse da coletividade. Não diz respeito ao agente individualmente considerado, mas à sociedade como um todo. Exemplo: matar um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma pacata cidade interiorana.
É imprescindível que o motivo seja relevante!
Motivo de Relevante Valor Moral
O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual. Entende-se que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente relacionados a sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia.
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. A ativa ocorre quando presentes atos positivos com o fim de matar alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de alguém. Por outro lado, a passiva: se dá com a omissão de tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, irreversivelmente comprometida, acelerando a sua morte.
Motivo de relevante valor moral é aquele que se relaciona a um interesse particular do responsável pela prática do homicídio, aprovado pela moralidade prática e considerado nobre e altruísta. Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha ou esposa. E, como observado pelo item 39 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal, é típico exemplo do homicídio privilegiado pelo motivo de relevante valor moral "a compaixão ante o irremediável sofrimento da vítima (caso do homicídio eutanásico)".
Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima
A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da doutrina como homicídio emocional.
Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam:
· Domínio de violenta emoção;
· Reação imediata; 
· Injusta provocação da vítima.
Domínio de violenta emoção: 
Domínio não se confunde com mera influência de violenta emoção. A influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não deve ser leve e passageira ou momentânea.
O Código Penal filiou-se a uma concepção subjetivista. Leva-se em conta o aspecto psicológico do agente que, dominado pela emoção violenta, não se controla. Sua culpabilidade é reduzida, refletindo na diminuição da pena a ser cumprida.
Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): 
Para a configuração do privilégio se exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada imediata, enquanto perdurar o domínio da violenta emoção.
Injusta provocação da vítima: 
Não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer conduta desafiadora, mesmo que atípica.
Exemplo 1: Pai que mata o estuprador da filha.
Exemplo 2: Marido surpreende a esposa com outro ou (outra) na cama.
· Atenuante genérica X Causa de diminuição do homicídio
A causa de diminuição de pena do homicídio não deve ser confundida com a atenuante genérica prevista ao teor do art. 65, III, C, 2ª parte do Código Penal.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei º 7.209, de 11.7.1984)
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Vejamos:
	Atenuante Genérica (art. 65, III, c, 2° parte)
	Causa de Diminuição do Homicídio (art. 121, §1º).
	Sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima.
	Sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
	A intensidade é menor (influência).
	A intensidade é maior (domínio) 
	Dispensa o requisito temporal
	Reação imediata (logo em seguida)
	Aplica-se a qualquer crime
	Aplica-se ao homicídio doloso
O Supremo Tribunal Federal assim se manifestou acerca do assunto:
A causa especial de diminuição de pena do § 1° do art. 121 não se confunde com a atenuante genérica da alínea "a" do inciso III do art. 65 do Código Penal. A incidência da causa especial de diminuição de pena do motivo de relevante valor moral depende da prova de que o agente atuou no calor dos fatos, impulsionado pela motivação relevante. A atenuante incide, residualmente, naqueles casos em que, comprovado o motivo de relevante valor moral, não se pode afirmar que a conduta do agente seja fruto do instante dos acontecimentos.
Observações pontuais:
· A emoção deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. O DOMÍNIO de violenta emoção mencionado no § 1º não se confunde com a mera influência do estado anímico do agente. 
· Não pode haver lapso temporal entre a provocação e o homicídio, a reação é imediata. O dolo necessariamente será de ímpeto. 
· A jurisprudência afirma ser obrigatória a aplicação da causa de diminuição de pena quando incidente uma das privilegiadoras, inobstante o artigo de lei mencione "pode". Atenção para o caso que a questão exigir tão somente a literalidade da lei.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
Com base no tipo fundamental descrito no caput do art. 121 do Código Penal, o legislador a ele agrega circunstâncias que elevam em abstrato a pena do homicídio.
O homicídio qualificado encontra previsão ao teor do art. 121, § 2º, do Código Penal. A pena passará a ser de reclusão de 12 a 30 anos, contemplamos que a pena do homicídio simples (6 - 20 anos) é sensivelmente majorada
O homicídio qualificado diferentemente do simples, em que só será hediondo em uma situação específica, é sempre hediondo. Assim, todo homicídio qualificado é crime hediondo.
O homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora. É o que consta do art. 1º, inciso I, in fine, da Lei 8.072/1990.
Vejamos as circunstâncias que qualificam o homicídio.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagemde outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei n° 13.142, de 2015).
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteradas pelo advento das leis nº 13.104 e 13.142, respectivamente.
Atenção: Diferentemente do homicídio simples, o homicídio qualificado é sempre hediondo, não importando a qualificadora. Nesse sentido, a Lei no 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
Art. 1º - Lei no 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII).
Observação
· O homicídio pode ser qualificado e privilegiado, quando a qualificadora for de natureza objetiva, ou seja, quando diz respeito ao meio através do qual o homicídio é praticado.
Análise das Qualificadoras
O § 2º do art. 121 do Código Penal contém sete incisos e, por corolário, sete qualificadoras. Os incisos I e II relacionam-se aos motivos do crime. Os incisos III e IV dizem respeito aos meios e modos de execução do homicídio. O inciso V refere-se à conexão, caracterizada por uma especial finalidade almejada pelo agente. Por sua vez, o inciso VI (feminicídio) vincula-se ao sexo da vítima, e também ao motivo do crime (“por razões da condição de sexo feminino"). Finalmente, o inc. VII liga-se ao delito cometido contra integrantes dos órgãos de segurança pública ou a pessoas a eles vinculadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco.
Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE (interpretação analógica)
O homicídio realizado mediante paga ou promessa de recompensa é denominado de HOMICÍDIO MERCENÁRIO.
Trata-se de crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes obrigatório), posto que deverá ter, necessariamente, a figura do mandante e do executor.
Nessa modalidade, o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário). Trata-se de delito de concurso necessário (ou bilateral), no qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas (mandante e executor: aquele paga ou promete futura recompensa; este aceita, praticando o combinado), conforme ensina Rogério Sanches.
Na paga o recebimento é prévio. O executor recebe a vantagem e depois pratica o homicídio. Incide a qualificadora se o sujeito recebe somente parte do valor acertado com o mandante. Já na promessa de recompensa o pagamento é convencionado para momento posterior à execução do crime.
· Interpretação Analógica
O legislador fez uso da interpretação analógica. O dispositivo encerra uma fórmula casuística ("mediante paga ou promessa de recompensa") seguida de uma fórmula genérica ("ou por outro motivo torpe"). Deixa nítido que a paga e a promessa de recompensa encaixam-se no conceito de motivo torpe, mas que outras circunstâncias de igual natureza, impossíveis de serem definidas taxativamente pela lei em abstrato, são de provável ocorrência prática.
· Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? 
Para parte da doutrina, a recompensa deve ser de natureza econômica, enquanto que outra parcela defende que esta pode ser de qualquer natureza, até mesmo sexual. Prevalece o entendimento que deve ser necessariamente de natureza econômica.
Entende-se como motivo torpe, o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando ganância).
O legislador contemplou exemplos de torpeza, e encerrou elencando uma abertura, ou por outro motivo torpe, utilizando-se de interpretação analógica (fórmula casuística seguida de uma forma genérica).
Desse modo, contemplamos que o inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramento genérico). Cumpre destacar que não fere o princípio da legalidade, mas novos casos devem guardar similitude com os exemplos dado pelo legislador.
· A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos?
A jurisprudência majoritária entende que a qualificadora é aplicada tanto ao mandante quanto ao executor, corrente minoritária defende que ela só deveria ser aplicada ao executor.
1ª Corrente: entende que a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age com torpeza.
2ª Corrente: a qualificadora se aplica ao executor e ao mandante. É a corrente que prevalece, segundo Sanches. Todavia, o STJ decidiu - Info. 575 que havendo essa comunicação (possibilidade), ela não será automática. Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo.
· INFORMATIVO!
Incidência da qualificadora do motivo torpe em relação ao mandante de homicídio mercenário.
O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2º do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. STJ. 6ª Turma. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 (Info 575).
O que decidiu o STJ?
· "A paga ou a promessa de recompensa" é uma circunstância acidental do delito de homicídio, de caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente aos coautores do homicídio. 
· No entanto, não há proibição de que esta circunstância se comunique entre o mandante e o executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a encomendar a morte tenha sido torpe, desprezível ou repugnante. 
· Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, desde que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo torpe. Ex: encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
· Por outro lado, o mandante, mesmo tendo encomendado a morte, não responderá pela qualificadora caso fique demonstrado que sua motivação não era torpe. Ex: homem que contrata pistoleiro para matar o estuprador de sua filha. Neste caso, o executor responderá por homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I) e o mandante por homicídio simples, podendo até mesmo ser beneficiado com o privilégio do § 1º.
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf
· INFORMATIVO!
Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem.
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625).
· Vingança e ciúme são motivos torpes?
A verificação deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto.
Assim, a vingança pode ou não ser torpe, dependendo do caso concreto, embora seja um ato reprovável. Já se decidiu quem se vinga da morte do filho, matando o assassino, não age por motivo torpe. (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2016). Assim, não há uma prévia tipificação, dependendo valoração da causa.
Pormotivo fútil
O motivo fútil é o motivo desproporcional, insignificante, caso em que o agente executa o crime por mesquinharia. Por exemplo, homicídio em decorrência de briga de trânsito ou discussão por cobrança de pequeno valor. E assim, aquele motivo pequeno demais para causar um homicídio.
Nas lições do prof. Cleber Masson, motivo fútil é o insignificante, de pouca importância, completamente desproporcional à natureza do crime praticado. Exemplo: Age com motivo fútil o cliente que mata o dono do bar pelo fato de este ter lhe servido cerveja quente. Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em razão do egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a atuação do responsável pela infração penal.
· Ausência de motivo e não incidência da qualificadora (motivo fútil)
Prevalece que a ausência de motivo não qualifica o homicídio, por constituir-se em analogia in malam partem, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro.
A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil, pois todo crime tem sua motivação. Na linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
Na hipótese em apreço, a incidência da qualificadora prevista no art. 121, § 2º, inciso II, do Código Penal, é manifestamente descabida, porquanto motivo fútil não se confunde com ausência de motivos, de tal sorte que se o crime for praticado sem nenhuma razão, o agente somente poderá ser denunciado por homicídio simples.
Vejamos:
	Ausência de Motivo equipara-se ao motivo fútil qualificando o homicídio?
	1ª Corrente: a ausência de motivos, equipara-se ao motivo fútil. Para referida corrente, seria um contrassenso qualificar um homicídio quando presente o motivo pequeno, e não qualificar quando ausente qualquer motivo.
	2ª Corrente: A ausência de motivo, por falta de previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Sob os fundamentos de violação ao princípio da legalidade e proibição de analogia in malam partem.
· Homicídio e motivo fútil
Não há motivo fútil se o início da briga entre vítima e autor é fútil, mas ficar provado que o homicídio ocorreu realmente por conta de eventos posteriores que decorreram dessa briga inicial. 
Caso concreto julgado pelo STF:
A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de bilhar. Tal discussão é boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio füril. No entanto, segundo restou demonstrado nos autos, o crime não teria decorrido da discussão sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento agressivo da vítima. Isso porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para resolverem o problema. Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos que ocorreram em seguida.
Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeu que “o evento 'morte' decorreu de postura assumida pela vítima, de ameaça e de enfrentamento". Logo, não houve motivo fútil. Info 716, STF.
	Motivo fútil
	Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Vale ressaltar, no entanto, que a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil. Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto.
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Info 524, STJ.
Cleber Masson fornece um exemplo:
"Depois de discutirem futebol, "A" e "B" passam a proferir diversos palavrões, um contra o outro. Em seguida, "A" cospe na face de "B", que, de imediato, saca um revólver e contra ele atira, matando-o. Nada obstante o início do problema seja fútil (discussão sobre futebol), a razão que levou à prática da conduta homicida não apresenta essa característica." (Direito Penal esquematizado. 3 ed., São Paulo: Método, 2011, p. 31).
Vale ressaltar, no entanto, que "a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil" (AgRg no REsp 1113364/PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 06/08/2013). Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. Info 524, STJ.
· O dolo eventual e motivo fútil é compatível?
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017
· Motivo fútil em homicídio decorrente da prática de racha
Hipótese de inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da prática de "racha"
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" — tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. STJ. 6ª Turma. HC 307617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida no organismo humano. Cumpre destacarmos que determinadas substâncias, inócuas para as pessoas em geral, podem ser tratadas como veneno quando, em particular no organismo da vítima individualmente considerada, sejam aptas a levar à morte, em razão de alguma doença ou como resultado de eventual reação alérgica. Exemplos: injetar glicose em diabético, ou ministrar anestésicos em alérgico de modo a nele provocar choque anafilático.
Segundo Rogério Sanches, o veneno consiste em qualquer substância biológica ou química, animal, mineral ou vegetal capaz de perturbar ou destruir funções vitais do organismo humano. O açúcar, por exemplo, empregado em face de um diabético, pode ser considerado um veneno.
Cumpre observamos que para caracterizar a qualificadora do venefício, é imprescindível que a vítima desconheça nela está sendo ministrada a substância letal. Dessa forma, prevalece o entendimento que o veneno só qualifica quando a vítima não sabe que está ingerindo-o.
Quando empregado de forma sub-reptícia, isto é, sem o conhecimento do ofendido, o veneno representará meio insidioso. Exemplo: colocar veneno no chá da vítima. De outro lado, se for utilizado com violência, proporcionando ao ofendido um sofrimento exagerado, estará caracterizado o meio cruel. Exemplo: amarrar a vítima e injetar o veneno em seu sangue. 
O homicídio praticado por meio da ingestão de veneno é denominado de VENEFÍCIO.
Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. Trata-se, em geral, de meio cruel. Exemplo: queimar a vítima até a morte. Todavia, se do seu emprego um número indeterminado de pessoas puder ser exposto a perigo de dano, o crime será qualificado pelo meio de que possa resultar perigo comum. Exemplo: matar uma pessoa mediante o incêndio de seu imóvel, situado ao lado de diversas outras moradias.
Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante detonação e estrondo.
Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração.
Consiste na supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. A asfixia mecânica pode ocorrer pelos seguintes meios: estrangulamento, esganadura, sufocação, enforcamento, afogamento, soterramento,imprensamento (mecânica). A tóxica, por sua vez, pode ocorrer por meio de uso de gás asfixiante ou inalação, confinamento.
A tortura é a imposição de sofrimento desnecessário. Nas lições do prof. Cleber Masson, tortura é "qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas, ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza".
No homicídio qualificado pela tortura existe dolo de torturar e de matar, sendo a tortura utilizada como meio de execução. Enquanto que na tortura qualificada pela morte existe preterdolo, ou seja, dolo na tortura e culpa na morte.
O homicídio qualificado pela tortura (CP, art.121. § 2. inc III) caracteriza-se pela morte dolosa. O agente utiliza a tortura (meio cruel) para provocar a morte da vítima, causando-lhe intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental. Depende de dolo (direto ou eventual) no tocante ao resultado morte. Esse crime é de competência do Tribunal do Júri, e apenado com 12 (doze) a 30 (trinta) anos de reclusão,
Já a tortura com resultado morte (Lei 9.455/1997, artº. § 3º) é crime essencialmente preterdoloso. O sujeito tem o dolo de torturar a vítima, e da tortura resulta culposamente sua morte. Há dolo na conduta antecedente e culpa em relação ao resultado agravador. Essa conclusão decorre da pena cominada ao crime:
8 (oito) a 16 (dezesseis) anos de reclusão. Com efeito, não seria adequada uma morte dolosa, advinda do emprego de tortura, com pena máxima inferior ao homicídio simples. Além disso, esse crime é da competência do juízo singular a diferença consiste pois no elemento subjetivo (dolo do agente).
Para melhor compreensão, vejamos o quadro abaixo:
	Homicídio Qualificado pela Tortura (Art. 121, § 2º, III, CP).
	Tortura Qualificada pela Morte (Art. 1º, § 3º, Lei 9.455/97).
	Crime Doloso
	Crime Preterdoloso
	O dolo é de Matar
	O dolo é de Torturar
	Há dolo de matar e a tortura é o meio de execução escolhido para matar.
	Há dolo de torturar e a morte é resultado culposo decorrente da tortura.
	Pena Reclusão, de 12 a 30 anos.
	Pena - Reclusão, de 8 a 16 anos.
	Competência do Tribunal do Júri.
	Competência do Juízo singular.
· MUITA ATENÇÃO AGORA!
	Homicídio qualificado pela tortura
	Tortura com resultado morte
	O agente tem dolo de matar e faz da tortura o meio de execução para obter o resultado desejado.
	O agente tem dolo de torturar e a morte é um resultado advindo a título de culpa (crime preterdoloso).
A qualificadora em estudo, utiliza-se também da técnica da interpretação analógica, é o que podemos atestar da análise da expressão "ou outro meio insidioso...".
Este inciso também emprega a fórmula casuística inicial e, ao final, usa fórmula genérica, permitindo ao seu aplicador encontrar casos outros que denotem insidia, crueldade ou perigo comum advindo da conduta do agente interpretação analógica).
Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos).
Nas lições do prof. Cleber Masson, meio insidioso é o que consiste no uso de estratagema, de perfídia, de uma fraude para cometer um crime sem que a vítima o perceba. Exemplo: retirar o óleo de direção do automóvel para provocar um acidente fatal contra seu proprietário.
Noutra banda, meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar alguém lentamente com inúmeros golpes de faca, com produção inicial dos ferimentos em região não letal do seu corpo.
Cumpre destacarmos que não incide a qualificadora quando o meio cruel é empregado após a morte da vítima, pois a crueldade que caracteriza a qualificadora é somente aquela utilizada para matar. O uso de meio cruel após a morte caracteriza, em regra, o crime de homicídio (simples ou com outra qualificadora, que não a do meio cruel), em concurso com o crime de destruição, total ou parcial, de cadáver (CP, art. 211).
A reiteração de golpes, por sua vez, isoladamente considerada não configura a qualificadora do meio cruel. Depende da produção de intenso e desnecessário sofrimento à vítima.
Por fim, meio de que possa resultar perigo comum é aquele que expõe não somente a vítima, mas também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano.
A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
Na presente hipótese, o homicídio será qualificado pelo modo de execução da prática da conduta delitiva. Não é demais ressaltarmos que mais uma vez o legislador empregou a interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos).
Nessa linha, a Traição, Emboscada e Dissimulação são apenas exemplos de modos que dificultam a defesa do ofendido.
Traição 
É o ataque desleal, por exemplo, atirar na vítima pelas costas. A traição é marcada pela deslealdade. Nessa qualificadora, o agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava para o fim de matá-lo em momento em que ele se encontrava desprevenido e sem vigilância.
O prof. Cleber Masson explica que na traição a relação de confiança preexiste ao crime e o sujeito dela se aproveita para executar o delito. De fato, se o agente, para se aproximar da vítima, faz nascer esse vínculo de confiança, a qualificadora será a da dissimulação.
O homicídio qualificado pela traição é doutrinariamente conhecido como homicidium proditorium.
Emboscada
Pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa.
Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da vítima, para matá-la quando ali passar. A emboscada pode ser praticada tanto em área urbana como em área rural. O homicídio por ela qualificado é também conhecido como homicidium ex-insidiis ("agguato", dos italianos, ou "guet-apens", dos franceses").
Dissimulação
O agente oculta a sua real intenção. Segundo Masson, a dissimulação é a atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente. O agente aproxima-se da vítima para posteriormente matá-la, valendo-se das facilidades proporcionadas pelo seu modo de agir.
Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (interpretação analógica)
É uma fórmula genérica indicativa de meio análogo à traição, à emboscada e à dissimulação.
No tocante a presente qualificadora, importante apontarmos que não se aplica esta qualificadora - recurso que torne impossível a defesa do ofendido - quando a vítima é criança ou pessoa enferma, pois o inciso IV diz respeito ao meio praticado para matar e não a característica inerente da vítima,
· A idade da vítima torna o crime qualificado?
Registramos que a idade da vítima (tenra ou avançada), por si só, não possibilita a aplicação da presente qualificadora, porquanto constitui uma característica da vítima, e não um recurso procurado pelo agente. A idade é uma característica, condição da vítima.
Desse modo, o fato de a vítima ter 80 anos de idade ou 2 anos de idade não induz a aplicação da qualificadora do recurso que impossibilita ou torna dificultosa a defesa do ofendido, pois a idade da vítima não é recurso, mas sim uma condição desta. Então, a idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da qualificadora, pois constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente.
Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime
Trata-se do homicídio qualificado pela conexão, a qual poderá ser teleológica ou consequencial.
Nesse sentido, a doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para assegurar a execução de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime, passado).
Na conexão teleológica o homicídio é praticado paraassegurar a execução de outro crime. O sujeito primeiro mata alguém e depois pratica outro delito. Exemplo: Matar o segurança de um empresário para em seguida sequestrá-lo. Conexão consequencial, por sua vez, é a qualificadora em que o homicídio é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. O sujeito comete um crime e só depois o homicídio.
· Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). Ex. 1: A mata segurança para estuprar o artista "B".
Obs.1: o crime de homicídio será qualificado ainda que o crime futuro não aconteça.
Obs.2: o crime futuro não precisa necessariamente ser praticado pelo homicida.
· Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação ou impunidade ou vantagem de outro crime que já aconteceu. 
Ex.2: "A" mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito.
Cumpre destacarmos que o crime passado não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio.
· Se o agente pratica o homicídio para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de CONTRAVENÇÃO PENAL, o homicídio será qualificado?
Nesse ponto, importante salientar que não incide a qualificadora da conexão quando, por exemplo, o crime é praticado para ocultar, assegurar a impunidade ou a vantagem de uma contravenção penal. Pois o legislador se restringiu à expressão "outro crime", sendo, assim, impossível aplicação da analogia in malam partem.
Não se aplica esta qualificadora quando a outra infração for contravenção penal. Assim, matar para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal não qualifica o homicídio pelo inciso V (mas pode caracterizar os demais incisos).
Corroborando, Cleber Masson não tem cabimento a qualificadora quando o homicida desejava assegurar a execução de uma contravenção penal, pois o dispositivo legal fala apenas em crime (princípio da taxatividade e vedação da analogia in malam partem).
Feminicídio
Obs.: Recentemente tivemos alteração legislativa sobre o tema, em específico, novas majorantes ao tipo penal foram inseridas. Dessa forma, chamo a atenção para o conteúdo a seguir exposto.
O feminicídio foi incluído no art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal pela Lei 13.104/2015. Cuida-se de figura qualificada do homicídio doloso, de competência do Tribunal do Júri e expressamente rotulado como crime hediondo, a teor da regra contida no art. 1º, inciso I, da Lei 8.072/1990.
Nessa esteira, a Lei nº.13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminicídio, entendido como a morte de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo.
A presente lei e respectiva circunstância qualificadora entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Dessa forma, em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra uma nova hipótese qualificadora, não pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data.
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, discriminação, desprezo pela condição de mulher).
O feminicídio não pode ser confundido com o femicídio. E qual a diferença entre eles? O prof. Cleber Masson explica que ambos caracterizam homicídio, mas, enquanto aquele se baseia em razões da condição de sexo feminino, este consiste em qualquer homicídio contra a mulher. Exemplificativamente, se uma mulher matar outra mulher no contexto de uma briga de trânsito, estará configurado o feminicídio, mas não o feminicídio.
Vejamos:
· Feminicídio X Femicidio
	Feminicídio
	Femicídio
	Praticar homicídio contra mulher por "razões de condição de sexo feminino" (por razões de gênero).
	Praticar homicídio contra mulher (matar mulher). 
Nesse sentido, o art. 121, § 2°, VI, do CP, trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente aquele que mata mulher por "razões da condição de sexo feminino" (por razões de gênero). Não basta a vítima ser mulher.
E o que são "razões da condição de sexo feminino? O § 2º - A do art. 121 do Código Penal contém uma norma penal explicativa, assim redigida:
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar,
Il-menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Sujeito passivo
Para a invocação do crime de feminicídio, há três correntes discutindo o termo mulher.
Nesse sentido, para uma primeira corrente, mulher para fins de aplicação da qualificadora deve ser empregado em seu conceito jurídico, ou seja, aquela definida no registro civil (é a corrente que prevalece).
Segundo Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2019) a mulher que trata a qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual, que formalmente obtém o direito de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência da lei penal porque, para todos os efeitos, esta pessoa será considerada mulher.
· Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual?
No tocante a presente discussão, temos duas correntes opostas dissertando sobre a questão.
Para uma primeira corrente, conservadora, entende que a transexual, geneticamente não é mulher. Apenas, no caso de cirurgia, passa a ter órgão genital de conformidade feminina. Portanto, fica descartada, para a hipótese a incidência da qualificadora. Considera-se aqui apenas o aspecto biológico: a mulher é assim identificada pela constituição genética e suas implicações físicas evidentes. Assim, deve ser observado o conceito biológico de mulher, sob o argumento de que a lei penal demanda aplicação restritiva. Não se inclui, portanto, os transexuais mesmo que a mudança de registro tenha sido efetuada.
A segunda corrente, mais moderna, leciona ser possível a transexual figurar como vítima de feminicídio, desde que transmute suas características sexuais por cirurgia e de modo irreversível, retificando ainda, seu registro civil.
· Razões de condição de sexo feminino
O mero homicídio da mulher é denominado de femicídio. Haverá feminicídio quando estiverem presentes as razões do sexo feminino como causa do delito.
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Para parte da doutrina a violência doméstica deve ter sempre uma motivação de gênero, ou seja, é necessário o dolo de explorar situação de vulnerabilidade da vítima mulher.
Violência doméstica
A violência doméstica e familiar contra a mulher, indiscutivelmente uma violação dos direitos humanos, encontra se definida no art. 5º da Lei 11.340/2006:
Art. 5° Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar no 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas:
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa:
 III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
O prof. Cleber Masson explica que o inciso I do § 2 - A deve ser interpretado em sintonia com o inciso VI do § 2º, ambos do art. 121 do Código Penal. Em outras palavras, o feminicídio reclama que a motivação do homicídio tenha sido as "razões da condição do sexo feminino".
Menosprezo ou discriminação à condição de mulher
Aqui não se exige a violência doméstica ou familiar. As "razões de condição do sexo feminino" se contentam com o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. A pessoa que mata a mulher nela enxerga um ser inferior, com menos direitos. Exemplo: o alunode uma prestigiada universidade mata a colega de sala que está prestes a concluir o curso com as melhores notas da turma, por não aceitar ser superado por uma mulher.
Por fim, cumpre ressaltarmos que o crime de feminicídio poderá ser praticado, inclusive, por outra mulher. Nesse sentido, expõe Rogério Sanches "a incidência da qualificadora reclama situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticado por homem ou por mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade".
· Causas de Aumento de Pena
As causas de aumento da pena aplicáveis exclusivamente ao feminicídio estão previstas no art. 121, § 7º, do Código Penal. Nesse ponto, merece especial atenção o estudo da Lei 13.771/2018, a qual alterou três majorantes do feminicídio.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015);
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018);
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima: (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018):
IV. em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos III e III do caput do art. 22 da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei 13.771, de 2018)
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (UM TERÇO) ATÉ A METADE se o crime for praticado:
I. Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
A pena será aumentada no feminicídio quando praticado contra gestante ou nos três meses posteriores ao parto. Cumpre destacar que, o agente deve conhecer desta condição, sob pena de caracterizar responsabilidade objetiva, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro.
Segundo leciona Rogério Sanches, aplica-se a majorante desde o momento em que gerado o feto até três meses após o nascimento. O aumento da pena se justifica inclusive nas situações em que demonstrada a inviabilidade do feto, pois o objeto da proteção especial é a mulher em fase de gestação, não exatamente e de forma exclusiva o feto.
Qual será a responsabilização penal do agente nessa situação? Por qual (quais) crime (s) responde? Nesse caso, e partindo da premissa de que o indivíduo conhece a gravidez, a ele serão imputados dois crimes: feminicídio circunstanciado (CP, art. 121, § 2º, inc. VI, e 7º, inc. I) e aborto sem o consentimento da gestante (CP, art. 125), com dolo direto ou eventual, em concurso formal impróprio ou imperfeito (CP, art. 70, caput, parte final), pois a pluralidade de resultados emana de desígnios autônomos. Todavia, se a gestação era ignorada pelo agente, não poderão ser reconhecidos nem o crime de aborto nem a majorante, em respeito à inadmissibilidade da responsabilidade penal objetiva.
O prof. Cleber Masson explica que nos três meses após o parto o recém-nascido é extremamente dependente dos cuidados maternos: amamentação, segurança, afeto e conforto, entre tantos outros fatores. Depois de tanto tempo no ventre da mulher, a criança depende de tempo-cientificamente apontam-se os três primeiros meses - para adaptar-se ao ambiente externo. Com a morte da mãe, o normal desenvolvimento da criança torna-se muito mais complexo. Pelo exposto, resta justificado a incidência da majoração da pena quando acontece três meses posterior ao parto.
II. Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
É possível ainda aplicar a majorante, quando a vítima é menor de 14, maior de 60 ou portadora de deficiência (tanto a deficiência física quanto mental, pode levar a incidência da causa de aumento). É imprescindível que o agente conheça essa característica, caso contrário, não haverá a aplicação da majorante.
· MENOR de 14 anos; 
· MAIOR de 60 anos.
O legislador ao se referir à idade da vítima (menor de catorze ou maior de sessenta anos) o dispositivo repete o § 4º do art. 121. Ressalta-se, porém, que, nesta majorante, diferentemente daquela do § 4º, em que o aumento é fixo em um terço, o aumento é variável de um terço à metade.
Outra figura da causa de aumento contempla a vítima com deficiência (física ou mental).
Nessa linha, o conceito de pessoa portadora de deficiência é trazido pelo art. 2° da Lei no 13.146, de 06 de julho de 2015. E, com a alteração promovida pela Lei 13.771/18, majora-se também a pena se a vítima tem alguma doença degenerativa que provoque limitação ou vulnerabilidade física ou mental, como esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, Alzheimer, osteoporose, arteriosclerose, diabetes e alguns tipos de câncer.
III. Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
Expressa o texto legal que o comportamento criminoso ocorra na presença do ascendente ou do descendente da vítima. No tocante a presença, questiona-se: deve ser física ou pode ser também virtual?
Com as alterações oriundas da Lei n° 13.771 de 2018, a divergência até então existente perde o sentido tendo em vista que a própria legislação passou a reconhecer que a presença poderá ser tanto FÍSICA quanto VIRTUAL.
A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença (física ou virtual) de descendente ou de ascendente da vítima. Aqui a razão do aumento está no intenso sofrimento que o autor provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves transtornos psicológicos.
Diante do atual estágio de interação humana, em que ambientes de presença virtual são capazes de tornar a comunicação por meio de áudio e vídeo muito próxima da realidade, já sustentávamos, quando o § 7º foi incluído pela Lei 13.104/15, a possibilidade de interpretação extensiva do vocábulo presença para nele abarcar outras formas de interação que não a física, como chamadas com vídeo pela internet (Skype, por exemplo).
Nessa linha, com a modificação promovida pela Lei 13.771/18, a majoração pela presença virtual é expressa.
IV. Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Por meio da Lei 13.771/18, inseriu-se nova majorante para as situações em que o homicida comete o crime apesar da existência de medidas protetivas contra si decretadas nos termos da Lei Maria da Penha. O inciso I do art. 22 estabelece a medida de suspensão da posse ou restrição do porte de armas, o inciso II consiste no afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; e no inciso III temos a proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida.
Desde a entrada em vigor da Lei 13.641, em abril de 2018, o descumprimento de medidas protetivas é crime punido com detenção de três meses a dois anos, mas, se ocorre no mesmo contexto da prática do homicídio, incide apenas a causa de aumento, afastando-se a figura criminosa autônoma diante do bis in idem provocado pela imputação simultânea.
· Vamos entender melhor este inciso com um exemplo:
Carla decidiu se separar de Pedro. Este, contudo, continuou a procurá-la insistentemente e a fazer ameaças caso ela não reatasse o relacionamento. Diante disso, Carla procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas providências
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao juiz com o pedido de Carla para que Pedro não se aproximassemais dela (art. 12, III, da Lei no 11.340/2006). O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de urgência, que Pedro mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio de comunicação, conforme autoriza o art. 22, III, "a" e "b", da Lei nº 11.340/2006:
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de quaisquer das medidas impostas, seria aplicada ao requerido multa diária de R$ 100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei no 11.340/2006,
· Quais as consequências caso o indivíduo descumpra as medidas protetivas de urgência?
· É possível a execução da multa imposta;
· É possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP); 
· O agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha:
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Continuando em nosso exemplo:
Pedro foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou Carla em sua casa pedindo para que ela retomasse o relacionamento. Como ela não aceitou, Pedro a matou com uma faca.
Neste caso, Pedro responderá por feminicídio e incidirá a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 7º, IV, do CP.
Pergunta: responderá também pelo art. 24-A do CP?
NÃO. Isso porque o delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática do art. 121, § 7º, IV, do CP.
Fazer incidir o art. 24-A da Lei no 11.340/2006 e também pelo inciso IV do § 7º do art. 121 do CP representaria punir duas vezes o agente pelo mesmo fato (bis in idem), o que é vedado.
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.htmL
A Lei no 13.771/2018 alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do Código Penal). Para melhor compreensão do tema, vejamos as hipóteses anteriores ao advento da lei e o cenário atual.
Vejamos:
	Antes da Lei 13.771/2018
	ATUALMENTE
	Art. 121 (...)
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
	Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
	I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
	Não foi alterado. Continua a mesma redação.
	II - contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
	II - contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
	III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
	III - na presença física ou virtual de ascendente ou descendente da vítima;
	Não havia inciso IV.
	IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006.
· É possível que o agente seja condenado pelas qualificadoras do motivo torpe e também pelo feminicídio? É possível a incidência das duas qualificadoras em um caso concreto?
SIM. Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625).
Isso se dá porque segundo o entendimento do STJ, o feminicídio é uma qualificadora de ordem objetiva - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito.
Homicídio funcional
O presente inciso foi incluído no Código Penal pela Lei 13.142/2015, com a finalidade de tornar mais severa a pena do homicídio, consumado ou tentado, praticado contra integrantes dos órgãos de segurança pública ou pessoas a estes ligadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco.
O homicídio contra integrantes dos órgãos de segurança pública é uma qualificadora do homicídio doloso, de competência do Tribunal do Júri, razão pela qual deve ser submetida à votação pelos jurados. Além disso, esse delito tem natureza hedionda, a teor da regra contida no art. 1º, inc. I, da Lei 8.072/1990.
O fundamento da qualificadora repousa na maior gravidade da conduta criminosa, atentatória da estrutura do Estado Democrático de Direito e causadora de temor acentuado às pessoas em geral. De fato, o homicídio cometido contra funcionários públicos que atuam na linha de frente do combate à criminalidade provoca pânico na sociedade e nítida sensação de insegurança pública.
A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2º, do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora (VII), assim redigida. Vejamos:
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3° grau, em razão dessa condição.
A Lei alterou, ainda, o art. 129 do Código Penal, acrescentando ao tipo um novo parágrafo (§ 12), majorando a pena da lesão corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte de um a dois terços quando praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3° grau, em razão dessa condição
Por fim, foi alterada a Lei 8.072/90. De modo que, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte, quando praticados contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º, grau, em razão dessa condição passam a ser etiquetados como hediondos (inc. I-A).
A justificativa apresentada pelo Congresso para aprovar a novel Lei pode assim ser resumida: tentar prevenir ou diminuir crimes contra pessoas que atuam na área de segurança pública, pessoas que atuam no "front" no combate à criminalidade. A mudança, de acordo com a Casa de Leis, é crucial para fortalecer o Estado Democrático de Direito e as instituições legalmente constituídas para combater o crime, em especial o organizado, o qual planeja criar pânico e o descontrole social, quando um ator do combate à criminalidade é vítima de homicídio.
Além dos motivos expostos, a regulamentação do denominado homicídio funcional é resultado da valorização do funcionário público que trabalha com a segurança pública.
Vejamos as circunstâncias que justificam a punição mais severa.
Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal
Trata-se de uma norma penal em branco de fundo constitucional, pois a descrição típica do art. 121, § 2°, VII será complementado pela Constituição Federal.
O art. 142 da CF/88 abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República,e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Já o art. 144 disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares.
· Abrange os guardas civis (municipais ou metropolitanos)?
Segundo o professor Rogério Sanches, entende-se que estariam englobados os guardas civis. (Art. 144, § 8°, da Constituição Federal). Além disso, o Estatuto das guardas municipais enquadra os guardas civis como colaboradores dos órgãos de segurança pública.
A guarda municipal encontra-se previsto ao teor do art. 144, § 8º da CF, logo, o homicídio praticado em face deste por razões de sua função, será, igualmente, qualificado.
Corroborando, Cleber Masson:
Se o homicídio for cometido contra um guarda municipal, no exercício da função ou em decorrência dela, deverá incidir a qualificadora em análise. Com efeito, as guardas municipais têm assento no art. 144, § 8º, da Constituição Federal. O inc. VII do § 2º do art. 121 do Código Penal refere-se ao art. 144 da Lei Suprema, abrangendo todo o seu corpo, sendo apenas seu caput.
Integrantes do sistema prisional
Nessa categoria ingressam todos aqueles que atuam na esfera administrativa da execução da pena privativa de liberdade e da medida de segurança detentiva, ou seja, na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à sua falta, em estabelecimento adequado. Como exemplos podem ser apontados os diretores de penitenciárias, os agentes penitenciários e os carcereiros, entre outros.
Dessa forma, contemplamos que abrange não apenas os agentes presentes no dia-a-dia da execução penal (Diretor de Presídio, agentes penitenciários, etc), mas também aqueles que atuam em etapas determinadas, por exemplo, membros do Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame Criminológico,
Nós integrantes do sistema prisional englobam-se, conforme entendimento da doutrina majoritária, tanto os agentes que atuam diretamente na execução (agentes penitenciários, diretor) quanto indiretamente no sistema prisional (membros do Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame Criminológico).
Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública;
A Força Nacional de Segurança Pública foi criada em 2004, com o propósito de atender às necessidades emergenciais dos Estados, em questões nas quais se fizer necessária a maior interferência do Poder Público, ou então quando for detectada a urgência de reforço na área de segurança. Ela é formada por policiais e bombeiros dos grupos de elite dos Estados, que se submetem a treinamento especial na Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília.
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), criado em 2004, com sede em Brasília/DF, é um programa de cooperação de segurança pública brasileiro, coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Min. da Justiça.
- Polícia da União
Nas situações propostas, a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido cometido contra agente no exercício da função ou em razão dela.
· Policial Aposentado: o policial aposentado também pode ser vítima do homicídio funcional?
Segundo Rogério Greco, e compartilhando desse mesmo entendimento o professor Rogério Sanches, o policial aposentado também pode ser sujeito passivo do homicídio funcional, desde que a conduta que motivou o homicídio seja praticada quando este ainda se encontrava no exercício de suas funções. In casu, o homicídio terá sua aplicação em virtude da segunda modalidade possível de ser praticado do homicídio, qual seja, "em razão da função”.
Exemplo: Policial realizou a prisão de determinado sujeito no último dia de seu exercício. Dois anos depois, após ser solto aquele procura o policial, e em virtude da prisão realizada a época, realiza o homicídio do policial. No exemplo, fica nítido que o homicídio foi em decorrência da função, ainda que praticado só mais adiante quando o sujeito livrou-se solto.
Para uma segunda corrente, minoritária não compartilha desse entendimento, argumentando que o policial aposentado não é mais considerado autoridade, assim, não poderia ser vítima do homicídio funcional. Compartilha desse último entendimento o prof. Cleber Masson.
Contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau.
Os crimes de homicídio e lesão serão punidos mais severamente, de acordo com a Lei 13.142/15, quando cometidos contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas líneas anteriores.
O tipo penal também protege o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, da autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, dos integrantes do sistema prisional da Força Nacional de Segurança Pública.
A palavra "cônjuge" pressupõe o casamento entre a vítima e a pessoa ocupante da função pública. O termo "companheiro", por sua vez, envolve as relações tanto entre indivíduos de sexos diversos (heteroafetivas) quanto do mesmo sexo (homoafetivas).
A expressão "parente consanguíneo até terceiro grau" engloba as relações em linha reta (ascendentes: pais, avós e bisavós, descendentes: filhos, netos e bisnetos) ou colateral (irmãos, tios e sobrinhos).
É indispensável que o crime tenha sido praticado em razão daquela condição, por exemplo, matou para atingir indiretamente a figura da autoridade.
· Filho Adotivo
O filho adotivo está abrangido na proteção conferida por este inciso VII? Se um filho adotivo do policial é morto como retaliação por sua atuação funcional haverá homicídio qualificado com base no art. 121, § 2º, VII, do CP?
Segundo o prof. Rogério Sanches os filhos adotivos não foram abrangidos pela referida lei, estando assim excluídos. Sobre o tema, o prof. Cleber Masson dispõe:
O legislador não foi feliz ao utilizar a fórmula "parente consanguíneo". Em verdade, ao limitar a qualificadora ao parentesco natural, decorrente do vínculo biológico (pessoas do mesmo sangue), o Código Penal excluiu da especial proteção as relações oriundas do parentesco civil, notadamente os filhos adotivos. Deveria ter falado somente em "parente até terceiro grau", em respeito à regra contida no art. 227, § 6º, da Constituição Federal: "Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação". Nada obstante o vacilo do legislador, essa falha não pode ser suprida pelo operador do Direito no plano prático. Em outras palavras, é vedada a aplicação da qualificadora quando o homicídio for cometido contra filho adotivo da autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, dos integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, pois o Direito Penal não admite a analogia in malam partem.
A presente qualificadora foi acrescentada pela Lei 13.142/15. E tem como Sujeitos passivos: 
· Membros das Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica); 
· Polícia Federal; 
· Polícia Rodoviária Federal; 
· Polícia Ferroviária Federal; 
· Polícia Civil; 
· Polícia Militar e corpo de bombeiros militares, 
· Integrantes do sistema prisional; 
· Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
· Cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3o grau das autoridades ou agentes listados. Também podem ser vítimas os guardas municipais e os agentes de segurança viária, pois foram mencionados no art. 144 da CF/88 (§ 8º e 10).
Cumpre destacarmos que em qualquer caso, é imprescindível o nexo (no exercício da função ou em decorrência dela), razão pela qual devem ser excluídos os aposentados. Parentes por afinidades também são excluídos por ausência de previsão legal.
· Homicídio híbrido (qualificado-privilegiado) 
É possível que um homicídio seja qualificado-privilegiado se a circunstância qualificadora for de natureza objetiva, lembrando que o privilégio tem sempre

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