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Aula 13
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) -
Pós-Edital
Autor:
Michael Procopio
Aula 13
3 de Dezembro de 2020
 
1 
 140 
AULA 13 
CRIMES CONTRA A VIDA 
 
SUMÁRIO 
CRIMES CONTRA A VIDA .......................................................................................... 1 
SUMÁRIO ................................................................................................................. 1 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 3 
2. OS CRIMES CONTRA A VIDA ................................................................................ 3 
3. HOMICÍDIO ........................................................................................................ 4 
3.1 HOMICÍDIO SIMPLES ..................................................................................................... 7 
3.2 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO ........................................................................................... 8 
3.3 HOMICÍDIO QUALIFICADO ............................................................................................ 9 
3.4 HOMICÍDIO QUALIFICADO: FEMINICÍDIO ................................................................... 15 
3.5 HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO ............................................................................... 21 
3.6 HOMICÍDIO CULPOSO ................................................................................................. 22 
4. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXILIO AO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO 26 
5. INFANTICÍDIO .................................................................................................. 33 
6. ABORTO .......................................................................................................... 34 
6.1 AUTOABORTO E ABORTO CONSENTIDO ...................................................................... 34 
6.2 ABORTO SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE ........................................................... 35 
6.3 ABORTO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE .......................................................... 36 
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2 
 140 
6.4 ABORTO MAJORADO .................................................................................................. 36 
6.5 ABORTO LEGAL .......................................................................................................... 38 
7. QUESTÕES ....................................................................................................... 41 
7.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ................................................................... 41 
7.2 GABARITO .................................................................................................................. 60 
7.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS .................................................................. 60 
7.4 QUESTÃO DISSERTATIVA ........................................................................................... 97 
8. DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA ........................................ 98 
9. RESUMO ......................................................................................................... 120 
Crimes contra a pessoa ...................................................................................................... 120 
Homicídio .......................................................................................................................... 120 
Induzimento, Instigação ou Auxílio ao suicídio ................................................................ 131 
Infanticídio ......................................................................................................................... 135 
Aborto ................................................................................................................................ 136 
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 139 
 
 
Michael Procopio
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Nesta aula, iniciaremos o estudo da Parte Especial do Código Penal, que traz os crimes em espécie. Tudo o 
que estudamos até aqui – é importante frisar – é imprescindível para a compreensão de cada uma das 
infrações penais, razão pela qual, se alguma matéria não foi compreendida, recomendo que retorne e 
reforce a sua aprendizagem. 
Para a análise dos crimes em espécie, utilizaremos o conhecimento dos institutos tratados pela Parte Geral 
do Código Penal, além de adotarmos a classificação dos crimes, abordada na última aula. 
A Parte Especial se inicia pelos crimes contra a pessoa, que são numerosos e demandam um estudo mais 
prolongado. Por isso, nesta primeira aula, estudaremos apenas os crimes contra a vida. 
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos: 
 
 
 
Os crimes contra a vida são aqueles que, quando dolosos, são da competência do Tribunal do Júri. Portanto, 
temos mais uma razão didática para seu estudo separado. Veremos os crimes de homicídio; de induzimento, 
instigação ou auxílio ao suicídio ou a automutilação; infanticídio e aborto. 
Espero que a aula seja didática e abrangente. Nosso estudo, como sempre, deve ser aprofundado, para que 
a prova nos pareça leve. Realmente desejo que a modificação do tema, com o início da Parte Especial, renove 
a motivação e o entusiasmo, mesmo porque os crimes em espécie são matérias mais ligadas ao nosso dia a 
dia, inclusive em filmes, seriados e noticiários. 
Vamos aos estudos. 
 
2. OS CRIMES CONTRA A VIDA 
Os crimes contra a vida estão inseridos no Título I, denominado “Dos Crimes Contra a Pessoa”. Dentro de 
referido título, estão tratados mais especificamente no Capítulo I, sendo, portanto, os primeiros crimes 
previstos pelo Código Penal. Para alguns, essa precedência indica a importância da vida no nosso 
ordenamento jurídico, que é o núcleo e o princípio de todo o Direito. 
Os crimes contra 
a vida
Homícidio
Induzimento, 
Instigação ou 
Auxílio ao 
Suicídio ou a 
Automutilação
Infanticído Aborto
Michael Procopio
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A vida tutelada pelos crimes previstos no Capítulo I do Título I do Código Penal é tanto a extrauterina quanto 
a intrauterina. São os crimes contra a vida o homicídio; o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio; o 
aborto e o infanticídio. 
Referidos delitos, se dolosos, são da competência do Tribunal do Júri, nos termos do que dispõe o artigo 5º, 
inciso XXXVIII: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
A Constituição previu, portanto, a competência do Tribunal do Júri para o julgamento dos crimes dolosos 
contra a vida, o que é a competência mínima de referido órgão jurisdicional. A lei pode estender sua 
competência para outras hipóteses, como ocorre no caso dos crimes conexos. 
Vistas essas notas introdutórias, passemos ao estudo de cada um dos delitos contra a vida. 
 
3. HOMICÍDIO 
O crime de homicídio está previsto no artigo 121 do Código Penal, sendo denominado, por Nelson Hungria, 
de “o crime por excelência”. É a morte de um ser humano (vida extrauterina) por outro. 
Referido dispositivo legal prevê as figuras do homicídio doloso simples, do homicídio doloso privilegiado, do 
homicídio doloso qualificado, do feminicídio, do homicídio culposo, do homicídio culposo majorado, do 
homicídio doloso majorado e do feminicídio majorado. Vejamos seu teor: 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente cometeo crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
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IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo 
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor 
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou 
mental; 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I , II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 .” 
Temos algumas características referentes ao crime de homicídio, em suas diferentes modalidades: 
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 Objeto jurídico: vida humana extrauterina. 
 Objeto material: a pessoa contra a qual recai a conduta. 
 Núcleo do tipo (ação nuclear): “matar”. 
 Forma de realização típica: crime de ação livre. 
O crime de homicídio pode ser: 
 Comissivo. É a regra. 
 Omissivo impróprio: quando há, de modo amplo, a posição de garantidor. 
Em relação à vítima, qualquer ser humano (vida extrauterina) pode ser sujeito passivo. Há, entretanto, 
normas especiais em relação à vítima: 
 Se praticado contra Presidente da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
STF pode configurar o crime do art. 29 de Lei 7.170/83. 
 Crime doloso praticado contra menor de 14 anos: incide a causa de aumento de pena do § 4º do art. 
121 do CP. 
 Cometido com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou 
religioso: art. 1º da Lei 2.289/56. 
 contra a mulher, por razões da condição de sexo feminino: configura-se a forma qualificada 
denominada de feminicídio. 
 contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão 
dessa condição: há incidência da forma qualificada, chamada pela doutrina de homicídio funcional. 
O elemento subjetivo, na modalidade dolosa, é a intenção de matar, denominado de animus necandi ou 
occidendi. O dolo é extraído das circunstâncias do fato. Por exemplo, quem dispara vários projéteis de arma 
de fogo em direção à cabeça da vítima, em princípio, queria matá-la, diversamente de quem dá uma facada 
na mão do ofendido. 
É possível a ocorrência da aberratio ictus ou erro sucessivo (dolo geral), situações estudadas na aula sobre 
erro no Direito Penal. 
Sobre a consumação, é necessário o resultado naturalístico consistente na morte da vítima, de modo que o 
delito é classificado como material. A morte pode ser considerada nos seguintes aspectos: 
 Morte clínica: parada cardíaca e respiratória. 
 Morte biológica: destruição molecular. 
 Morte encefálica ou cerebral: paralização cerebral. Este é o critério adotado pela Lei 9.434/97, a Lei 
de Transplante de Órgãos, no caput do seu artigo 3º, o que pode ser utilizado na interpretação 
sistemática para a consumação do homicídio: 
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante 
ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por 
dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de 
critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina 
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A tentativa é possível, pois se trata de crime plurissubsistente. Admite-se tentativa inclusive em caso de 
dolo eventual. A tentativa pode ser perfeita (acabada ou crime falho) ou imperfeita (propriamente dita). 
Pode, ainda, ser branca (incruenta) ou vermelha (cruenta). 
A classificação geral do crime de homicídio é a seguinte: 
 Crime comum. 
 Crime de dano. 
 Crime material. 
 Crime instantâneo de efeitos permanentes. 
 Crime simples (protege apenas um bem jurídico). 
 Crime plurissubsistente. 
 Pode ser doloso ou culposo. 
 Crime de ação penal pública incondicionada. 
 
3.1 HOMICÍDIO SIMPLES 
Homicídio, em sua forma simples, está previsto no caput do artigo 121 do Código Penal: 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Como já mencionado, o núcleo do tipo é o verbo “matar”. Como elementar do crime, há ainda o termo 
“alguém”, que pode ser traduzido por pessoa viva. Refere-se à vida extrauterina, não abrangendo o feto, 
cuja vida é tutelada pelo crime de aborto. 
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, a intenção de matar. Exige-se o chamado animus necandi, isto é, a 
vontade livre e consciente do autor de matar outro ser humano que deve estar, por óbvio, vivo. 
A pena prevista no preceito secundário do tipo penal é de reclusão, de seis a vinte anos. O crime de 
homicídio simples é hediondo se praticado em atividade de grupo de extermínio, nos termos da primeira 
parte do inciso I do artigo 11º da Lei 8.072/90: 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);(...) 
 
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3.2 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
O homicídio privilegiado consiste em uma causa de diminuição de pena ou minorante, no caso de o agente 
ter cometido o crime orientado por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
Neste caso, o juiz, na terceira fase da dosimetria, deve proceder à diminuição da pena, utilizando a fração 
de um sexto a um terço. 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
Sobre a escolha da fração, o juiz deve se guiar pela influência que o motivo teve, a própria relevância do 
motivo para o autor ou, ainda, a intensidade da injusta provocação da vítima e o grau de abalo emocional 
causado no réu: 
“(...) CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO PREVISTA NO ART. 121, § 1º DO CP. PRIVILÉGIO. FRAÇÃO DE 
REDUÇÃO. IDONEIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS. 1. A escolha da fração de redução de pena 
deve ser aferida com base nas circunstâncias fáticas que levaram ao reconhecimento do homicídio 
privilegiado, especialmente "o grau emotivo do réu, além da intensidade da injusta provocação 
realizada pela vítima. (REsp 1475451/RS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, 
julgado em 21/03/2017, DJe 29/03/2017) (...)” (AgRg no AREsp 806586/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, 
Quinta Turma, DJe 07/03/2018). 
O motivo de relevante valor social consiste no interesse coletivo, naquela causa que diz respeito a toda a 
comunidade. Um exemplo é o sujeito matar o traidor da pátria. 
O motivo de relevante valor moral, por sua vez, é o interesse individual do agente, como a compaixão. 
Alguns autores entendem que há cabimento desta hipótese de privilégio no caso de eutanásia, de um 
paciente terminal que não quer mais prolongar sua existência e que está sofrendo bastante. Menos 
polêmico é o cabimento do motivo de relevante valor moral no pai que mata o estuprador da própria filha. 
Já o chamado homicídio emocional é aquele cometido sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida 
de injusta provocação da vítima. São seus requisitos1: 
 Domínio de violenta emoção: o agente deve agir dominado por uma forte emoção, não configurando 
a minorante a emoção leve nem a efêmera. 
 Reação imediata: conforme se nota da expressão “logo após”, a reação do agente deve ocorrer em 
seguida à provocação injusta. 
 Injusta provocação da vítima: a provocação da vítima deve ser injusta, podendo ser até indireta, 
voltando-se a terceiros ou a animais. 
Quanto ao chamado homicídio emocional, é importante recordar que a emoção não exclui a culpabilidade, 
nos termos do que dispõe o artigo 28, inciso I, do Código Penal: 
 
1 Não confundir com os requisitos da atenuante do artigo 65, III, b, do CP, que se aplica a qualquer delito: “influência de violenta 
emoção, provocada por ato injusto da vítima”. 
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Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão; (...). 
Portanto, a emoção e a paixão não são excludentes da culpabilidade. Deve-se ressalvar, contudo, a hipótese 
de a situação se tornar patológica, o que pode configurar doença a impedir que o agente compreenda o 
caráter ilícito do que fez ou que ele se comporte conforme tal entendimento. 
Segundo a doutrina majoritária, configurada alguma das hipóteses do homicídio privilegiado, a redução da 
pena é obrigatória. 
As circunstâncias do homicídio privilegiado são subjetivas e, portanto, não se comunicam aos demais 
agentes. Cuida-se de circunstâncias previstas para a configuração da causa de diminuição de pena, de ordem 
subjetiva, razão pela qual não são comunicáveis, conforme a regra do artigo 30 do Código Penal. 
É possível que o homicídio seja privilegiado e qualificado, desde que a qualificadora seja objetiva. Neste 
sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: 
“(...) 3. O reconhecimento da figura privilegiada constante no § 1º do art. 121 do CP, de que o réu 
agiu sob violenta emoção, após injusta provocação da vítima, por ser de natureza subjetiva, é 
compatível com as qualificadoras de ordem objetiva, como na hipótese, do emprego de recurso 
que impossibilitou a defesa do ofendido. Precedentes.(...)”(STJ, AgRg no REsp 950404/RS, Rel. Min. 
Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 21/03/2019). 
Não é outro o entendimento do STF, expresso em precedente que, apesar de antigo, não foi superado por 
posição diversa: 
“(...) . A atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a possibilidade de ocorrência de 
homicídio privilegiado-qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias 
aplicáveis. Ocorrência da hipótese quando a paciente comete o crime sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, mas o pratica disparando os tiros de 
surpresa, nas costas da vítima (CP, art. 121, § 2º, IV) A circunstância subjetiva contida no homicídio 
privilegiado (CP, art. 121, § 1º) convive com a circunstância qualificadora objetiva "mediante recurso 
que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima" (CP, art. 121, § 2º, IV). Precedentes. (...)” (STF, HC 
76196/GO, Rel. Min. Maurício Corrêa, Segunda Turma, Julgamento: 29/09/1998). 
O homicídio qualificado-privilegiado não é considerado hediondo, não se submetendo às disposições da 
Lei 8.072/90. Também é denominado homicídio híbrido. Sua não hediondez é o entendimento consolidado 
no âmbito do STJ: 
“I - Por incompatibilidade axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado 
não integra o rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes).(...)”(STJ, HC 153728/SP, Rel. Min. 
Félix Fischer, 5ª Turma, DJe 31/05/2010). 
 
3.3 HOMICÍDIO QUALIFICADO 
A qualificadora é a forma do tipo penal em que se comina uma diferente pena em abstrato, com novos 
limites mínimo e máximo. O homicídio qualificado está previsto no § 2º do artigo 121: 
Homicídio qualificado 
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§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
As qualificadoras são causas especiais que determinam uma pena maior, mais gravosa. Referem-se aos 
motivos determinantes do crime e aos meios e modos de sua execução. A qualificadora implica em um 
novo limite mínimo e um novo teto para a pena abstratamente prevista, sendo que no caso a pena será de 
reclusão de doze a trinta anos. 
O homicídio qualificado é crime hediondo, tanto em sua forma tentada quanto na consumada, conforme 
determina o artigo 1º, incisoI, da Lei 8.072/90. Vale mencionar que a Lei 13.964/2019 modificou o teor de 
referido dispositivo para incluir expressamente o inciso VIII (homicídio qualificado funcional): 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); 
Vejamos cada uma das hipóteses de homicídio qualificado: 
 
I. Mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe. O artigo 121, § 2º, I, do CP, 
trata do homicídio mercenário ou por mandato remunerado. É o crime cometido mediante paga, 
recompensa ou por outro motivo torpe. 
A paga ou promessa de recompensa, para a maior parte da doutrina, deve ter natureza financeira. A 
discussão, entretanto, não possui relevância prática, já que, se não considerada a vantagem não financeira 
como paga nem como promessa de recompensa, há a fórmula de “outro motivo torpe”. 
O legislador previu a chamada interpretação analógica, ao, após enumerar as hipóteses de paga ou 
promessa de recompensa, mencionar “outro motivo torpe”. Cuida-se de expressão que deve ser 
interpretada com base nas situações anteriores, tomadas como paradigma. 
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Há divergências sobre a paga ou promessa de recompensa ser circunstância que se comunica também ao 
mandante ou se deve ser limitada ao executor do crime. A matéria não está pacificada e há divergência no 
próprio Superior Tribunal de Justiça: 
“(...) 3. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do 
tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do delito. (...)” (STJ, AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. 
Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 15/05/2018). 
“(...) V - No homicídio, a qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de 
recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, ex vi art. 30 do C.P., incomunicável. Recurso 
especial parcialmente provido para restabelecer a qualificadora de motivo fútil na decisão de 
pronúncia. (...)” (STJ, REsp 1415502/MG, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 17/02/2017). 
O motivo torpe é o motivo repugnante, vil, abjeto, desprezível. 
A vingança vem sendo compreendida pelo STJ como um motivo torpe, de modo a ser o entendimento que 
prevalece: 
“(...) 2. No caso, a prisão preventiva está justificada, pois a decisão que a impôs delineou o modus 
operandi empregado na conduta delitiva, revelador da periculosidade do recorrente, consistente na 
prática, em tese, de tentativa de homicídio mediante emprego de arma de fogo, delito qualificado por 
motivo torpe, consubstanciado em vingança em razão de a vítima ter realizado denúncias que 
levaram à prisão do chefe do tráfico da localidade. Tais circunstâncias denotam sua periculosidade e 
a necessidade da segregação como forma de acautelara ordem pública. (...)” (STJ, RHC 90941/PE, Rel. 
Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 04/06/2018). 
Entretanto, o STJ já decidiu que a vingança pode ou não configurar motivo torpe, a depender do caso 
concreto: 
“(...) 2. Para se afastar qualificadoras da pronúncia, é fundamental que sua impropriedade seja 
manifesta. A vingança, per se, pode não ou representar motivo torpe - tudo a depender do caso 
concreto. O debate acerca dos lineamentos do recurso que impossibilitou a defesa também enseja 
profundo mergulho no plano fático-probatória. Desta forma, o exame de tais questões refoge aos 
limites de cognição do habeas corpus. (...)” (STJ, HC 126.730/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, Sexta Turma, Julgado em 10/11/2009). 
O STF, no julgamento da ADO 26 e do MI 473, em junho de 2019, considerou que a discriminação 
homotransfóbica representa, “na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por 
configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”).” 
 
II. Motivo fútil. 
É o motivo que demonstra desproporção em relação ao crime praticado. Caracteriza-se quando o delito 
consubstancie razão frívola, mesquinha, insignificante. Seria como matar alguém por causa de um esbarrão 
acidental em uma festa. 
 E se o crime for praticado com ausência de motivo? O homicídio é qualificado ou simples? 
Existe divergência doutrinária, mas o STJ entende não ser admissível a configuração do crime praticado sem 
motivo, o delito “gratuito”, como qualificado por motivo torpe: 
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“(...) 2. A jurisprudência desta Corte Superior não admite que a ausência de motivo seja considerada 
motivo fútil, sob pena de se realizar indevida analogia em prejuízo do acusado. Precedente. (...)” (STJ, 
HC 369163/SP, Rel. Min. Joel IlanPaciornik, 5ª Turma, DJe 06/03/2017). 
 
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum 
O artigo 121, § 2º, inciso III, traz alguns meios de se praticar o homicídio que qualificam o crime. O homicídio, 
vale lembrar, é crime de forma livre, podendo ser realizado de qualquer modo, pelo agente, que leve ao 
resultado morte, como golpes de faca, envenenamento ou atropelamento. Entretanto, existem alguns 
modos de realizar o crime que o tornam qualificado: 
 Emprego de veneno: uso de substância tóxica ao ser humano. Só haverá a incidência da qualificadora 
se a vítima não souber que ingere o veneno (o veneno, neste caso, é considerado um meio insidioso, 
ou seja, o crime é cometido de modo que o agente não sabe que está sendo assassinado. Se for 
forçada a tomá-lo, ciente do que se trata, pode-se configurar o meio cruel, a depender do caso). 
 Meio insidioso: é o dissimulado, realizado de forma sorrateira. O caso enumerado anteriormente e 
que serve de parâmetro para essa interpretação analógica é o emprego de veneno. O açúcar, por 
exemplo, pode ter efeito de veneno para um diabético com saúde muito debilitada, o que leva a se 
configurar como meio insidioso. 
 Emprego de fogo.: de modo simples, é o uso de fogo, da combustão de material, para a execução do 
homicídio. O fogo, a depender do caso, pode configurar tanto meio cruel (a vítima ser queimada até 
a morte) como um meio de que pode resultar perigo comum (incêndio de um edifício, expondo a 
vida de moradores, vizinhos e transeuntes a risco de morte). 
 Emprego de explosivo: é a execução do homicídio por meio de substância explosiva, como dinamite. 
 Meio de que possa resultar perigo comum: é aquele pode atingir um número indeterminado de 
pessoas. A interpretação deve ser feita, de forma analógica, com atenção nos meios anteriormente 
enumerados de emprego de fogo e de explosivo. 
 Emprego de tortura: é o grande tormento ou suplício causado à vítima. O agente tem a vontade livre 
e consciente de matar a vítima e emprega método de tortura para intensificar o seu sofrimento, 
como por cobrança de dívida de drogas. Não confundir com o delito de tortura com resultado morte, 
em que o agente constrange alguém, com emprego violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental, com alguma finalidade específica, ou quando submete alguém, com 
emprego de tais meios, a um intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo ou 
medida de caráter preventivo (art. 1º, caput e § 3º, da Lei 9.455/97). 
 Meio cruel: é a forma de se praticar o delito que aumenta o sofrimento da vítima sem necessidade. 
O exemplo a ser utilizado como parâmetro é o emprego de tortura. 
 
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido. 
O inciso IV traz formas de execução do crime queo tornam mais gravoso e, por isso, qualificado. 
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 Traição: é o ataque súbito, inesperado e desleal. É o caso do amigo que chama a vítima para 
conversar em seu sítio, dizendo que tem problemas íntimos e privados, e lá se aproveita de sua 
distração para disparar projéteis de arma de fogo e causar sua morte. Esta circunstância pressupõe 
uma relação de confiança entre autor e vítima. 
 Emboscada: é a tocaia, a ocultação do agente para a prática do crime. Como exemplo, podemos 
imaginar o atirador que espera a vítima na beira da estrada, atrás de um arbusto, e atira sem que ela 
possa sequer saber quem a matou. 
 Dissimulação: é o fingimento, é a ocultação do desígnio do autor. É o sujeito que finge, por exemplo, 
precisar de ajuda, deitando-se na porta da casa da vítima e fingindo gemer de dor, e a esfaqueia 
quando ela se aproxima para ajudá-lo. 
 Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: cláusula de interpretação 
analógica, que tem como parâmetros todas as outras circunstâncias acima enumeradas. A doutrina 
dá como exemplo o caso do crime cometido com elemento surpresa. 
 
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. 
 Conexão teleológica: é o crime que é praticado para assegurar a execução de outro crime. Caso do 
sujeito que, durante a execução do crime de estupro, é surpreendido por terceiro e o mata, para que 
ele não impeça sua atividade delitiva. 
 Conexão consequencial: é a infração penal praticada para assegurar a ocultação, vantagem ou 
impunidade de outro crime. O sujeito rouba um grande banco e, meses depois, é reconhecido pelo 
gerente em uma reunião da escola em que os filhos de ambos estudam. Então, comete homicídio 
contra ele, para garantir sua impunidade 
Em qualquer dos casos, o outro crime pode ter sido praticado ou não pelo próprio agente. Ele pode ter a 
intenção, por exemplo, de evitar que sua namorada seja presa ou que seu pai perca a vantagem adquirida 
por meio de um roubo. 
 
VI. contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, 
em razão dessa condição: 
Cuida-se de recente alteração legislativa, levada a efeito pela Lei 13.142, de 2015. Busca-se punir de forma 
mais rígida o crime cometido contra um agente de segurança pública ou um familiar seu, se o móvel do 
delito envolver referida função pública ou a condição pessoal de cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até o terceiro grau. 
O que se protege é a própria função pública, e não a pessoa do agente ou da autoridade. Pode-se denominar 
este crime qualificado de homicídio qualificado funcional. A qualificadora não abrange crimes cometidos 
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contra agentes ou autoridades aposentados, que foram deixados de fora pelo legislador2. sendo que parte 
entende ser possível, desde que o delito seja praticado em decorrência da função3. 
Vale destacar que se o crime for cometido contra um dos agentes citados no inciso VII do parágrafo segundo 
do artigo 121, mas sem qualquer conexão com sua função pública, o crime será simples. Por exemplo, se 
um delegado da polícia federal discute com o vizinho por causa do muro que divide os respectivos imóveis, 
eventual homicídio praticado pelo último não será qualificado pela circunstância em estudo. 
Temos um caso de referência aos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, que tratam, respectivamente, 
das Forças Armadas e da Segurança Pública. Vejamos o que diz o caput do artigo 142 e o caput e § 8º do 
artigo 144: 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, 
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia 
dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
(...) 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
(...) 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços 
e instalações, conforme dispuser a lei. 
(...) 
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas 
e do seu patrimônio nas vias públicas: 
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas 
em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e 
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou 
entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. 
 
2 No mesmo sentido: MASSON, Cleber. Direito Penal: parte especial (arts. 121 a 212). Vol. 2. 12 ed. São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 
45. 
3 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal. Parte Especial (arts. 121 ao 361). 12 ed. Salvador: Editora JusPODIVUM, 
2020, p. 70-71. 
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Além disso, o inciso VII menciona os integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública ou contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau de qualquer dos 
agentes e autoridades descritos. 
Deste modo, o crime será qualificado se for cometido contra as seguintes pessoas: 
 Militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica (Forças Armadas); 
 Agentes e Autoridades da Polícia Federal; 
 Agentes e Autoridades da Polícia Rodoviária Federal; 
 Agentes e Autoridades da Polícia Ferroviária Federal; 
 Agentes e Autoridades das Polícias Civis; 
 Agentes e Autoridades das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares; 
 Agentes e Autoridades das Guardas Municipais; 
 Agentes de trânsito; 
 Cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau de qualquer dos agentes ou 
autoridades acima descritos. 
A qualificadora se configura se o agente ou autoridade for vítima do crime no exercício da função, por 
exemplo em uma missão policial, ou em decorrência da função, como no caso de um sujeito que foi preso 
por operação chefiada por delegado e depois o mata, por vingança. 
Se forem vítimas de um homicídio os familiares dos agentes e autoridades enumerados acima, o delito será 
qualificado se praticado em razão dessa condição, como no caso de pai de policial que é morto em represália 
pela atuação firme do seu filho no combate ao tráfico de entorpecentes na cidade. 
Os familiares abrangidos são o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau. São parentes consanguíneos até terceiro grau: os ascendentes (pais, avós e bisavós), 
os descendentes (filhos, netos e bisnetos) e os colaterais (irmãos, tios e sobrinhos). 
Não estão incluídos no texto legal os parentes por afinidade (sogro, sogra e cunhados) nem 
o parentesco civil (como o filho adotivo). No caso do filho adotivo, temos notável falha 
legislativa. Entretanto, de acordo com o princípio da legalidade e do seu corolário, o da 
reserva legal, não se pode ampliar uma lei penal que torna a situação do réu mais gravosa, razão pela qual 
não se mostra possível a inclusão de tais parentes na norma que se extraido inciso VII ora estudado. De 
todo modo, é preciso acompanhar a jurisprudência que se formará. 
 
3.4 HOMICÍDIO QUALIFICADO: FEMINICÍDIO 
O feminicídio é uma modalidade do crime de homicídio qualificado que possui nomen iuris específico, isto 
é, uma nomenclatura própria trazida pela própria lei. Está previsto no artigo 121, § 2º, VI, do CP: 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
(...) 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
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(...) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Percebam que a qualificadora exige que o crime tenha sido cometido por razões da 
condição de sexo feminino. Por isso, a doutrina aponta que não se trata de femicídio, ou 
seja, de crime específico em que a mulher é a vítima. É imprescindível que haja motivo 
ligado à condição de sexo feminino, o que é tratado pelo § 2º-A do artigo 121: 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Portanto, teremos o crime denominado feminicídio quando for cometido por razões de condição de sexo 
feminino, ou seja, por razão de gênero. Referidas razões estarão presentes nos seguintes casos: 
 
I. violência doméstica e familiar 
A interpretação de “violência doméstica e familiar” deve ser feita de forma sistemática, considerando todo 
o sistema normativo de proteção da mulher, especialmente a Lei Maria da Penha. 
A Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que, nos termos do seu preâmbulo, 
cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 
8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas 
de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a 
Lei de Execução Penal; dentre outras providências. 
Visa a combater a violência praticada contra a mulher, devido a sua maior fragilidade, decorrente de anos 
de tratamento desigual e de sua própria condição físico-biológica, que muitas vezes a deixa em situação de 
vulnerabilidade na sociedade. Prova disso é o número de mulheres assassinadas ou agredidas em seus 
próprios lares, local que deveria ser seu refúgio e local de paz. 
Dentre as hipóteses de configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher, há a prática de 
conduta, omissiva ou comissiva, baseada no gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual 
ou psicológico e dano moral ou patrimonial, desde que ocorra no âmbito da unidade doméstica, no âmbito 
da família ou envolva qualquer relação íntima de afeto. 
A Lei 11.340/2006, em seu artigo 5º, traz as circunstâncias que caracterizam a denominada violência 
doméstica e familiar contra a mulher, o que atrai a incidência de seus regramentos: 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer 
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou 
psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, 
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
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III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
II. menosprezo ou discriminação à condição de mulher 
Essa hipótese de homicídio praticado por razões de condição do gênero feminino se liga ao menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher. 
Menosprezo é o sentimento de repulsa ou de desprezo. Menosprezar alguém por sua condição de mulher 
é buscar diminuir o seu valor enquanto ser humano em virtude de tal qualidade, é depreciar tal condição. 
Discriminação contra a mulher é “toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por 
objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, 
independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos 
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer 
outro campo”. É o que prescreve o artigo 1º da Convenção para Eliminação de todas as Formas de 
Discriminação Contra a Mulher, CEDAW, 1979, ratificada pelo Brasil em 1984. 
Trata-se do caso de alguém que mata uma mulher por menosprezar a sua condição, considerando que ela, 
por exercer o mandato de deputada, está em uma posição que deve ser ocupada apenas por homens. É um 
típico exemplo de menosprezo, desdém ou desvalorização acerca da condição de mulher. 
Também há crime praticado por razões de condições de sexo feminino se o indivíduo buscar discriminar 
uma mulher, por sua condição. Ou seja, é dar um tratamento diferenciado para a mulher sem que essa 
diferenciação possua uma adequada razão para o discrímen45. Imaginem que um professor universitário não 
aceita orientar alunas, mas devido à insistência de uma delas e um comando da reitoria, seja obrigado a 
aceitar uma estudante como sua orientada. Inconformado, mata-a por sua discriminação, por entender que 
seu tratamento deve ser diferenciado apenas por ela ser mulher, não podendo fazer parte dos seus 
orientados. 
 
A qualificadora do feminicídio apenas se refere à violência contra a mulher, o que exclui os crimes 
cometidos contra transexuais. Apesar de ser evidente que tais pessoas são vítimas frequentes de crimes 
cometidos em razão de sua condição e que necessitam também de proteção, é vedada a analogia em norma 
penal incriminadora. Deste modo, por consequência do princípio da legalidade, bem como da decorrente 
necessidade de reserva legal, não há como se estender o termo usado pela lei, “mulher”, a outras pessoas 
que não sejam as que possuam a condição genética de sexo feminino, mesmo que possuam identificação 
com o gênero feminino. 
A violência, portanto, deve se referir ao gênero feminino. Ademais, a vítima deve ser do sexo feminino, 
sendo que a doutrina já aponta a necessidade de que o sexo seja feminino do ponto de vista genético, como 
 
4 Entende que é possível a incidência do crime no caso de aposentados: CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal. Parte 
Especial (arts. 121 ao 361). 12 ed. Salvador: Editora JusPODIVUM, 2020, p. 71. 
5 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3 ed. São Paulo: Malheiros, 2017. 
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já explicitado. Rogério Sanches Cunha defende posição diversa, entendendo que incide a lei penal para a 
transexual identificada civilmente como mulher6. 
Uma das hipóteses de feminicídio é o caso de um uxoricídio cometido por violência doméstica. Uxoricídio é 
o assassinato da esposa pelo próprio marido. 
Apesar de vários doutrinadores entenderem que o feminicídio tem natureza de qualificadora de caráter 
subjetivo, o Superior Tribunal de Justiça considera a violência doméstica uma circunstância de natureza 
objetiva, razão pela qual entende possível a sua cumulação com a circunstância do motivo torpe: 
“(...) 2. O Tribunal a quo decidiu em conformidade como entendimento desta Corte superior, 
porquanto, tratando-se o motivo torpe (vingança contra ex-namorada) de qualificadora de natureza 
subjetiva, e o fato de a vítima e o acusado terem mantido relacionamento afetivo por anos, sendo 
certo, que o crime se deu com violência contra a mulher na forma da Lei n° 11.340/2006, ser uma 
agravante de cunho objetivo, não se pode falar em bis in idem no reconhecimento de ambas, de modo 
que não se vislumbra ilegalidade no ponto. (...)” (STJ, AgRg no REsp 1741418/SP, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 15/06/2018) 
“(...) 2. A jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual o feminicídio 
possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu 
gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar 
propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise (...)” 
(STJ, AgRg no REsp 1454781/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 19/12/2019) 
A configuração da qualificadora do feminicídio afasta a agravante genérica do art. 61, II, f, CP, sob pena de 
bis in idem. Referido texto legal prevê o seguinte: 
Circunstâncias agravantes 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o 
crime: 
(...) 
II - ter o agente cometido o crime: 
(...) 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (...) 
Deste modo, o feminicídio não é compatível com o reconhecimento de referida agravante. 
Há causas de aumento de pena específicas para o feminicídio, as quais estão previstas no parágrafo sétimo 
do artigo 121. São as hipóteses, portanto, de feminicídio majorado: 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 
6 CUNHA, Rogério Sanches. Ob. Cit., p. 66-67. 
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II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou 
mental; 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
As alterações realizadas pela Lei 13.771, de 19 de dezembro de 2018, foram destacadas. Há, portanto, as 
seguintes majorantes: 
 Feminicídio praticado durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto: há maior 
vulnerabilidade da mulher em razão de sua condição de grávida ou de recuperação pós-parto, 
tornando maior o desvalor da conduta. 
No caso, não há jurisprudência consolidada ou uma posição firmada na doutrina de forma sólida 
sobre a questão da gestação. Entendo que pode haver só a majorante, se o aborto não acontece e 
não há desígnio autônomo. Se o feto ou embrião morre, entendo haver concurso formal entre aborto 
sem consentimento da gestante e o feminicídio majorado. Se o feto/embrião morre e o agente 
também queria a interrupção da gravidez, o concurso formal é impróprio. Não entendo haver bis in 
idem, pois aqui se protege a vulnerabilidade maior da mulher na tutela da sua vida extrauterina 
(vulnerabilidade que acontece tanto na gestação quanto nos meses iniciais após o parto, incluído o 
chamado “período de resguardo”), enquanto no aborto se protege a vida intrauterina. 
 Vítima menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou que seja portadora de doenças 
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental: são 
exemplos de sujeito passivo com maior dificuldade de resistência, o que, tal como no caso de vítima 
gestante, torna pior o desvalor da conduta típica. Em se tratando de vítima portadora de doenças 
degenerativas, o plural parece indicar que o sujeito passivo deve ter mais de uma enfermidade, o 
que não deve prevalecer. A interpretação deve ser de que a vítima possui uma doença degenerativa 
ou mais, desde que apresente a limitação ou a vulnerabilidade em decorrência do seu estado de 
saúde. 
 Na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima: matar a vítima na presença 
de seus pais, filhos ou outros ascendentes ou descendentes torna o desvalor da conduta muito 
maior. A norma teve sua redação alterada para incluir expressamente a incidência da majorante no 
caso de “presença virtual”. Deste modo, se os filhos da vítima presenciarem o crime por meio de 
uma chamada de vídeo (por exemplo, por Skype), incidirá a majorante. 
 em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006: as medidas protetivas previstas na chamada Lei 
Maria da Penha e mencionadas no artigo são: 
“I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos 
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 
distância entre estes e o agressor; 
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b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da 
ofendida; (...)” 
Logo, se tiver sido imposta uma dessas medidas acima mencionadas e o agente a descumprir, 
cometendo o delito de feminicídio, incidirá a majorante. Atenção: não são todas as medidas 
protetivas que, se violadas, ensejam o aumento de pena do crime. 
 
Cumpre, então, sistematizar a natureza das qualificadoras, conforme o entendimento 
jurisprudencial. A relevância reside, por exemplo, na compatibilidade ou não com o privilégio, 
que possui natureza subjetiva e só incide no caso de a qualificadora ter natureza objetiva. 
Vejamos: 
 
 
Qualificadora Natureza 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe; 
Subjetiva 
II - por motivo fútil; Subjetiva 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
Objetiva 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido; 
Objetiva 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime: 
Subjetiva 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino 
Objetiva 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 
terceiro grau, em razão dessa condição 
Divergência: 
 Objetiva7 
 Subjetiva8 
 Mista9 (objetiva quando o agente 
estiver na função, subjetiva 
 
7 Sustentamos ser subjetiva anteriormente e, com a definição do STJ sobre feminicídio, entendemos haver uma tendência a se 
considerar objetiva. 
8 Considerando ser subjetiva a natureza: MASSON, Cleber. Direito Penal: parte especial (arts. 121 a 212). Vol. 2. 12 ed. São Paulo: 
MÉTODO, 2019, p. 47. 
9 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal. Parte Especial (arts. 121 ao 361). 12ª ed. Salvador: Editora JusPODIVUM, 
2020, p. 71-72. 
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quando decorrer de sua função 
ou envolver familiares) 
 
3.5 HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO 
Há causas de aumento de pena, ou majorantes, referentes aos crimes de homicídio doloso. Estão previstas 
na parte final do parágrafo quarto e no parágrafo sexto do artigo 121 do Código Penal: 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo 
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
(...) 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
São duas, portanto, as majorantes do crime de homicídio doloso: 
 Homicídio praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de sessenta anos 
Há a causa de aumento de pena quando se trata de homicídio doloso e a vítima for menor de 14 anos ou 
maior de 60 anos de idade. Como estudamos quanto ao tempo do crime, o crime se considera praticado ao 
tempo da ação ou da omissão típica, em razão de o Código Penal ter adotado a teoria da atividade. Deste 
modo, é este o paradigma para se verificar a idade da vítima, ou seja, devemos considerar quantos anos ela 
possui ao tempo da conduta delitiva. 
Em decorrência do princípio da culpabilidade, nosso Direito Penal não aceita a responsabilidade objetiva. 
Por isso, o agente deve ter conhecimento sobre a idade da vítima, também ao tempo de sua conduta, para 
que referida majorante possa incidir. 
A pena, presente essa majorante, deve ser aumentada de 1/3 (um terço) na terceira fase da dosimetria. 
 
 Homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou 
por grupo de extermínio 
Temos também homicídio doloso majorado quando é praticado por milícia privada, atuando sob o pretexto 
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
Milícia privada é a reunião de pessoas, sejam civis ou militares, que buscam atuar com violência ou grave 
ameaça e pretexto de devolver a paz pública, mormente em comunidades carentes. A milícia pratica 
ingerência na área de segurança pública, utilizando-se da força, que é monopólio do Estado. 
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Grupo de extermínio é a reunião de pessoas que praticam assassinatos, tendo como vítimas as pessoas 
marginalizadas ou consideradas indesejadas pela sociedade. Consideram-se justiceiros, podendo também 
ser civis ou militares. 
Configurada tal majorante, o juiz deve aumentar a pena, na terceira fase da dosimetria, pela fração de um 
terço até metade. 
A doutrina diverge quanto ao número de agentes necessários para configuração da milícia 
privada ou do grupo de extermínio. Há o entendimento de que se deve adotar o número 
de três ou mais pessoas, a exemplo do delito de associação criminosa. Há, ainda, a posição 
de que o parâmetro deve ser o crime de organização criminosa, com a exigência de quatro 
ou mais pessoas. Ainda não há posicionamento do Superior Tribunal de Justiça a respeito. 
O STJ, nos casos já apreciados, tem entendido que a atividade de milícia privada ou grupo 
de extermínio demonstra maior gravidade, sendo justificativa aceitável para a segregação cautelar dos réus: 
“(...) 3. A decisão que decretou a prisão preventiva do paciente e o acórdão que a ratificou 
apontaram a existência de prova da materialidade do delito e fortes indícios de autoria, e 
demonstraram satisfatoriamente a necessidade da medida extrema, em razão da gravidade 
concreta e do modus operandi das condutas criminosas, praticadas no contexto de organização 
criminosa formada por policiais e agentes de segurança privada, com características de grupo de 
extermínio, o que reforça a periculosidade do paciente e respalda a custódia antecipada para garantia 
da ordem pública. (...)” (STJ, HC 365092/MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 
08/11/2016). 
 
3.6 HOMICÍDIO CULPOSO 
O homicídio também é punível se praticado a título de culpa, isto é, imprudência, negligência ou imperícia. 
Em virtude de a culpa em sentido amplo integrar o tipo, que não pode esgotar todas as formas de se praticar 
o homicídio culposamente, considera-se, de forma majoritária, que o tipo penal é aberto. Entretanto, dada 
a definição mínima da conduta, a doutrina e a jurisprudência aceitam referido modelo de tipo culposo. 
O homicídio culposo está previsto no parágrafo terceiro do artigo 121 do Código Penal, podendo ser 
praticado por meio de conduta comissiva ou por meio de omissão imprópria: 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Há hipóteses de homicídio culposo majorado, ou seja, com causa de aumento de pena. Estão previstas na 
primeira parte do parágrafo quarto do artigo 121 do CP: 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo 
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doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor 
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
As causas de aumento de pena, incidentes no caso de homicídio culposo, são as seguintes: 
 
 Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício 
O homicídio culposo é majorado quando há inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. É a 
hipótese denominada de culpa profissional. 
No caso da majorante, o agente possui o conhecimento da técnica, mas a ignora de forma deliberada. 
Portanto, só incide em caso de o agente ser habilitado para a profissão, conforme entende a doutrina 
majoritária. 
 Existe bis in idem em relação ao elemento subjetivo (imperícia) e à majorante (inobservância de 
regra técnica de profissão, arte ou ofício? 
O STJ vem apontando ser possível delinear diferença entre a culpa, como elemento subjetivo, e a 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, como circunstância majorante: 
“(...) 3. A causa especial de aumento, prevista no art. 121, § 4º do Código Penal 
(inobservância de regra técnica de profissão) figura no campo da culpabilidade e, pois, 
para incidir, deve estar fundada em outra nuance ou fato diferente do que compõem o 
próprio tipo culposo, rendendo ensejo a maior reprovabilidade na conduta do profissional 
que atua de modo displicente no exercício de seu mister, dando causa ao evento morte. 
Precedentes desta Corte e do STF (RHC n. 26.414/RJ, Ministra Maria Thereza de Assis Moura, 
Sexta Turma, Dje 26/11/2012).(...)” (STJ, HC 167.804/RJ, Rel. Min. Sebastião Júnior, 6ª 
Turma, DJe 23/08/2013). 
“(...) 1. O homicídio culposo se caracteriza com a imprudência, negligência ou imperícia do agente, 
modalidades da culpa que não se confundem com a inobservância de regra técnica da profissão, que 
é causa especial de aumento de pena que se situa no campo da culpabilidade, por conta do grau de 
reprovabilidade da conduta concretamente praticada.2. Não há bis in idem pelo aumento 
implementado com base no § 4.º do art. 121 do Código Penal, em razão de constatar-se 
circunstâncias distintas, uma para configurar a majorante,outra para o reconhecimento do próprio 
tipo culposo.(...)” (STJ, HC 231.241/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, DJe 04/09/2014). 
“(...) 2. O homicídio culposo por erro médico restou reconhecido pela negligência do tratamento 
adequado, incidindo sem bis in idem a majorante da inobservância de regra técnica, não apenas 
pela falta ao atendimento exigível para a situação, mas também pela realização de procedimento 
cirúrgico de grande porte em clínica que se sabia não possuir estrutura adequada.(...)” (STJ, AgRg 
nos EDcl no REsp 1661283/PA, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/03/2019). 
O STF também possui precedente no sentido de que não há bis in idem no caso de homicídio culposo 
majorado por inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: 
“Tratando-se de profissional da área de saúde (médico), a inobservância, por ele, de regra técnica de 
profissão legitima a exasperação da pena imponível pela prática do delito de homicídio culposo, eis 
que a causa especial de aumento da sanção penal prevista no art. 121, § 4º, do CP, além de não 
constituir “bis in idem”, justifica-se em razão do descumprimento, pelo médico, do dever de cuidado 
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e/ou da falta de diligência ou cautela que as circunstâncias do caso dele exigiam. Ocorrência, na 
espécie, de imperícia profissional justificadora da incidência da causa especial de aumento de pena 
referida no § 4º do art. 121 do CP.” (STF, RHC 129946 AgR/SP, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, 
Julgamento: 08/03/2016). 
 
 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima 
Há aumento de pena no homicídio culposo se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. Para 
configuração da majorante, a doutrina aponta a necessidade de o agente poder prestar o socorro sem que 
isso implique em risco pessoal a ele. 
Obviamente, só haverá crime de homicídio culposo majorado pelo fato de o agente deixar de 
prestar imediato socorro à vítima, se ele tiver provocado a morte por imprudência, 
negligência ou imperícia. Se não há culpa do agente quanto à morte, o crime será de omissão 
de socorro. Não incide a majorante em caso de morte instantânea da vítima ou de socorro 
instantâneo por outrem. Por exemplo, se a vítima é atingida pela demolição de um edifício, 
por culpa do operário, e os bombeiros militares, no prédio ao lado, prestam imediato socorro, 
a majorante restará afastada. 
Entretanto, não cabe ao agente efetuar a avaliação sobre a utilidade ou não da prestação de socorro. Se 
possível prestar socorro sem risco pessoal, o agente deve fazê-lo, sob pena de responder pelo crime com a 
causa de aumento de pena. Neste sentido, o seguinte precedente do STF: 
“2. Homicídio culposo agravado pela omissão de socorro. 3. Pedido de desconsideração da causa de 
aumento de pena prevista no art. 121, § 4o, do Código Penal, para que se opere a extinção da 
punibilidade, em face da consequente prescrição da pretensão punitiva, contada pela pena concreta. 
4. Alegação de que, diante da morte imediata da vítima, não seria cabível a incidência da causa de 
aumento da pena, em razão de o agente não ter prestado socorro. Alegação improcedente. 5. Ao 
paciente não cabe proceder à avaliação quanto à eventual ausência de utilidade de socorro.” (STF, 
HC 84380/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, Julgamento: 05/04/2005). 
 
 se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante 
O homicídio culposo será majorado se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato. Para 
alguns penalistas, o dispositivo trata exatamente da hipótese de omissão de socorro, apenas com utilização 
de outras palavras. 
 
 se o agente foge para evitar prisão em flagrante 
Por fim, haverá a causa de aumento de pena se o agente, após a prática de homicídio culposo, foge para 
evitar a prisão em flagrante. 
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Alguns doutrinadores entendem que a fuga para evitar a prisão seria inconstitucional, já que o réu não 
poderia ser penalizado por não ter permanecido no local aguardando sua própria prisão10. 
Vale mencionar, entretanto, que no julgado do recurso extraordinário 971.959 (paradigma), o STF fixou a 
seguinte tese: “A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97) é 
constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e 
ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade.” (DJe de 31/07/2020). Deste modo, 
não considera a incriminação da fuga como inconstitucional, já que o art. 305 do CTB tipifica o crime de fuga 
do local do acidente. 
 
 Perdão Judicial 
O artigo 121, § 5º, do Código Penal prevê a possibilidade de concessão de perdão judicial no crime culposo. 
Como visto, o perdão judicial é causa de extinção da punibilidade, vinculada ao princípio da desnecessidade 
da pena: 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
O STJ tem interpretado a norma de modo a exigir vínculo afetivo entre a vítima e o agente, de modo a se 
demonstrar o sofrimento que atingiu o agente: 
A col. 6ª Turma do STJ, ao examinar a possibilidade de aplicação do perdão judicial (§ 5º do art. 121 
do CP) ao homicídio culposo no trânsito, assentou que "[A] melhor doutrina, quando a avaliação está 
voltada para o sofrimento psicológico do agente, enxerga no § 5º a exigência de um vínculo, de um 
laço prévio de conhecimento entre os envolvidos, para que seja "tão grave" a consequência do 
crime ao agente. A interpretação dada, na maior parte das vezes, é no sentido de que só sofre 
intensamente o réu que, de forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha laços 
afetivos.(STJ, AgRg no AREsp 1349597/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 21/09/2018). 
“(...) Tratando-se o perdão judicial de uma causa de extinção da punibilidade de índole excepcional, 
somente pode ser concedido quando presentes os seus requisitos, devendo-se analisar cada delito 
de per si, e não de forma generalizada, como quando ocorre a pluralidade de delitos decorrentes 
do concurso formal de crimes. (...)” (STJ, REsp 1444699/RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, 
DJe 09/06/2017). 
De acordo com o precedente, não se estende o perdão judicial a uma vítima sem vínculo com o agente, 
ainda que no mesmo contexto em que tenha sido atingida uma vítima que tinha relação de afeto com ele. 
De todo modo, há o entendimento de que basta o vínculo com uma das vítimas, podendo o perdão judicial 
se estender a outra vítima, desde que atingida no mesmo contexto, pela mesma conduta culposa do agente. 
Isto porque o perdão judicial atinge a conduta como um todo, sendo que, no caso de concurso formal, todos 
os resultados estariam abrangidos. Este entendimento não tem sido adotado pelo STJ. 
Ademais, admite-se analogia in bonam partem para estender a causa extintiva de punibilidade para o 
homicídio culposo do Código de Trânsito Brasileiro. 
 
10 Luiz Régis Prado justifica a majorante por razão de política criminal, em nome da eficiência da administração da justiça (Curso 
de direito penal brasileiro. 18 ed. Rio de Janeiro, Forense, 2020, p. 406). Defendem “duvidosa constitucionalidade”: MASSON, 
Cleber. Ob. cit., p. 57; CUNHA, Rogério Sanches. Ob. cit. p. 80. 
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Portanto, se o agente sofre as consequências da sua conduta culposa de forma tão gravosa que a sanção se 
torne desnecessária, o juiz pode deixarde aplicar a pena. A hipótese é denominada de bagatela imprópria. 
Sua natureza é de direito público subjetivo do réu. Isto é, presentes os requisitos previstos na lei, o juiz deve 
conceder o perdão judicial, por se tratar de direito subjetivo do réu, apesar de a norma dizer que o 
magistrado “pode” deixar de aplicar a pena. 
Com relação a eventual efeito condenatório, o STJ já sumulou o entendimento sobre 
a sua impossibilidade, nos termos do seu enunciado de número 18: 
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da 
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
 
Assim, a sentença concessiva de perdão judicial não pode servir de fundamento para reconhecimento, no 
caso da prática posterior de outra infração penal, da reincidência do agente, por exemplo. 
 
4. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXILIO AO SUICÍDIO OU A 
AUTOMUTILAÇÃO 
O crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio era a denominação do delito previsto no artigo 
122 do Código Penal, que possuía, até 26 de dezembro de 2019, o seguinte teor: 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Estudaremos a redação antiga, já que a novatio legis in pejus só alcança os fatos cometidos após o início 
de sua vigência. Não se pune a tentativa de se matar, mas a norma penal tutela a vida alheia, não aceitando 
que o agente dê a ideia, reforce o projeto ou forneça algum auxílio material para que um terceiro se mate. 
O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Entretanto, o sujeito passivo deve ser pessoa capaz de 
compreensão, sob pena de se configurar o homicídio. Caso o agente induza, por exemplo, uma criança de 
8 anos de idade a beber veneno, deverá responder pela prática de homicídio, já que a vítima não possuía 
capacidade de compreender o que estava fazendo. 
A conduta deve se dirigir a pessoa determinada ou a pessoas determinadas. Se a conduta se voltar a pessoas 
indeterminadas, a conduta passa a ser considerada atípica, segundo a doutrina dominante. 
Os núcleos do tipo possuem os seguintes significados: 
 Induzimento: o agente cria na vítima a ideia. 
 Instigação: o agente reforça uma ideia preexistente. 
 Auxilio: o agente presta assistência material à vítima. 
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O auxílio material deve ser acessório, pois, se o agente praticar atos executórios, pode-se configurar o crime 
de homicídio. Por exemplo, se o agente fornece a corda para que o sujeito se enforque, temos auxílio ao 
suicídio. Se ele empurra o sujeito para que a corda o enforque, o crime é o de homicídio. 
O delito de instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio é crime de ação múltipla, isto é, possui mais de um 
núcleo do tipo, sendo que basta que a conduta do agente se subsuma a um dos verbos nucleares para sua 
configuração. Ainda como consequência de ser crime de tipo misto alternativo, caso ele pratique mais de 
uma das ações nucleares no mesmo contexto, responderá por crime único. 
Pode ser comissivo ou omissivo impróprio, neste último caso quando o sujeito tiver o dever de garantidor. 
Há divergência se, no caso de colaboração moral, é cabível a conduta omissiva. Seria o caso da mãe que se 
cala quando a filha, de 17 anos de idade, diz que pretende se matar por ter visto uma série sobre isso e 
entender que é a solução para o caso. Para alguns, a mãe deveria agir, por seu dever de garante (a vítima é 
sua filha menor de idade), razão pela qual sua omissão configuraria o crime em estudo. 
O elemento subjetivo é o dolo. Não há previsão de punição de modalidade culposa. 
Se a vítima nem tenta se matar ou apenas sofre lesão leve, não havia crime, para a doutrina majoritária. 
Só há relevância penal se a vítima sofrer lesão corporal de natureza grave ou se ela efetivamente consegue 
se matar. Seguindo este entendimento, a tentativa não é juridicamente possível. 
Nelson Hungria, entretanto, defendia o entendimento de que o crime se consumaria com 
a própria instigação, induzimento ou o auxílio. Deste modo, a morte ou a lesão corporal 
de natureza grave consistiriam em condição objetiva de procedibilidade. 
 
 Forma majorada 
O crime possuía duas causas de aumento de pena, previstas no parágrafo único do artigo 122: 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
São as seguintes hipóteses: 
 
Crime praticado por motivo egoístico 
O motivo egoístico consiste no interesse pessoal do agente. Seria o caso de quem induz o sujeito, com 
classificação superior em lista de espera de concorrido concurso, a se matar. Também há a majorante no 
caso de indivíduo que instiga um amigo a praticar suicídio, sabendo ser um grande beneficiário do seu 
testamento. 
 
Vítima menor de idade ou com capacidade de resistência diminuída por qualquer causa 
Quanto à vítima menor de idade, como vimos, não pode se tratar de pessoa sem capacidade de 
compreender aquilo que faz, como uma criança. A doutrina, então, aponta algumas sugestões, como a faixa 
etária de 14 a 18 anos, que era mencionada no revogado artigo 224, “a”, do Código penal, atualmente 
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adotada no crime de estupro de vulnerável. Outra possibilidade é analisar caso a caso se a vítima possuía 
maturidade suficiente, de acordo com a idade, para não ser facilmente influenciada em relação à eliminação 
da sua própria vida. 
Vale relembrar que, se a vítima não tinha capacidade alguma de entendimento da situação, o crime seria 
outro, o de homicídio. 
A vítima com capacidade de resistência diminuída é toda aquela que, por determinada causa, tem sua 
capacidade de compreensão e de não ser influenciada reduzida. É o caso da vítima enferma, alcoolizada, 
muito idosa etc. 
 
Alteração legislativa: Lei 13.968/2019 
Com a Lei 13.968/2019, o artigo 122 passou a ter a seguinte redação: 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio 
material para que o faça: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
A principal modificação operada, no preceito primário, foi a inclusão da participação em automutilação. Isto 
é, também passa a ser típica a conduta de instigar, induzir ou auxiliar alguém a praticar a automutilação. 
Automutilação é a conduta de causar lesões em si próprio. Vale recordar, até mesmo pelo princípio da 
transcendentalidade ou da alteridade, que veda a punição de condutas que não ultrapassem o âmbito de 
disponibilidade do agente, a autolesão, por si só, não é punida. Assim como o suicídio não é punido, o que 
o legislador veda é o induzimento, a instigação ou o auxílio material a que alguém suicide ou que se mutile. 
O crime de instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio é de competência do Tribunal do Júri. É discutível 
se a nova figura, de induzimento, instigação ou auxílio a automutilação também é crime de competência do 
Júri, apesar de sua localização no Capítulo I, Título I, da Parte Especial do Código Penal. A conduta não se 
volta diretamente contra a vida, mas sim contra a integridade física, a integridade corporal e a saúde de 
outrem. 
Quanto à instigação, o induzimento e o auxílio material ao suicídio, os comentários acima, sobre a conduta 
típica, continuam se aplicando. Os núcleos do tipo – induzir, instigar e prestar (auxílio material) – já foram 
estudados acima. 
Ademais, também foi alterado o preceito secundário, trazendo a sanção de 6 meses a 2 anos de reclusão. 
A maior

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