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Irwin, William. Matrix, Marx e a Vida de uma Bateria.. MATRIX: BEMVINDO AO DESERTO DO REAL. Matrix, Marx e a Vida de Uma Bateria. De acordo com William Irwin, o filme Matrix dramatiza a exploração do trabalhador segundo a visão marxista. O trabalhador é monitorado e controlado pela matriz em todas suas atividades, de forma opressora, pelo capitalismo. No filme, Neo acorda para uma nova realidade da ilusão na qual estava adormecido, até cambaleando para este despertar. Mas o que é a Matriz? Controle! Morpheus segura uma pilha e Switch chama Neo de “bateria de cobre” (coopertop). Segund o Marx os trabalhadores não reconhecem a relação entre o seu trabalho e o capital que produzem porque se tornaram alienados. A alusão à bateria faz referência à triste situação do trabalhador que dá poder às máquinas, enquanto explorado. O trabalhador vive escravizado pelas máquinas a serviço do estado e da classe burguesa. A falta do orgulho no trabalho leva a uma abstração que torna o empregado a ser cada vez mais “cabeça de cobre”, a ponte entre a energia que cede e a máquina que movimenta com ela. Em outras palavras, a alienação individual é um produto do sistema. Morpheus fala a Neo que a matriz é um sistema e esse sistema é o inimigo. Para o sistema as pessoas são apenas commodities, ou seja, matériaprima bruta não beneficiada, necessária apenas para dar poder às máquinas. A força de trabalho é apenas um produto primário. A definição de Morpheus para coopertop é ilustrada como uma relação do trabalhador tão dependente do sistema que não consegue se livrar de suas dimensões exploradoras. As fundações teóricas do pensamento de Marx são derivadas, em parte, de uma leitura das filosofias "dialéticas" do filósofo alemão G.W.F. Hegel. No pensamento marxista, a dialética é uma teoria de evolução ou progresso. O motor que gera movimento e mudança na história humana é a luta das forças opostas. O pensador dialético nunca aceita as coisas sem questionar, porque a vida está sempre evoluindo em cada cena e em torno dela, nada está de fato "parado". Em Matrix o crescimento dialético de Neo é o esforço para superar sua vida de bateria. Neo atingiu um nível de consciência dialética, superando os opostos entre a vida alienada e a nãoalienada. Mas nem todos resistem à luta contra o sistema. No filme Cypher está prestes a desistir, está cansado de sua vida de lutador da resistência. O grande e suculento bife que aprecia representa que a ignorância é a felicidade. O bife é um produto primário, é o fetichismo de commodities, de bens primários. Para Marx, todo produto primário no mundo existe porque alguém empregou sua "força de trabalho" pessoal em sua produção. O problema é que nós, os trabalhadores do mundo, "veneramos" as commodities que compramos. A matriz é um mundo de sonho cujo propósito é nos controlar, é a soma total da "força de trabalho" humana que a produz a todo dia e a toda hora. Por razões misteriosas, essa realidade é venerada ou, como define Cypher, ignorada pela felicidade. Os trabalhadores são incapazes de se unir porque sua experiência global partilhada, como classe, é disfarçada pelos gostos doces e os agradáveis sons e visões proporcionados pelos produtos primários. A mídia de massa, que inclui rádio, televisão e cinema (e agora a Internet), contribui para um novo nível de "fetichismo de commodities" nas sociedades capitalistas. Para Marx o custo das matériasprimas repassado na produção é essencialmente fixo, e a única dimensão que os capitalistas podem explorar sistematicamente é o pagamento do trabalhador, de onde tiram seu lucro. Matrix é um filme inesquecível mas não convence os espectadores a "despertar" e lutar contra os poderes exploradores porque não nos mostra o que a raça humana está perdendo enquanto fica ligada na Matriz. Se a obra tivesse sido filmada em preto e branco, e o mundo "real" no Nabucodonosor em cores, talvez o futuro revolucionário pelo qual lutavam os humanos tivesse parecido tão claro e colorido. Mas, claramente, Matrix é um filme sobre exploração e resistência. Carmen Vital Ferreira do Nascimento 1 Michelle Passos 2 Rejane Melissa Souza Cavalcante 3 Carlos Alberto Marques Tavares 4 Roberto Plácido Teixeira 5 1 Nascimento, C. V. Ferreira do, discente em Licenciatura em Química pelo IFBA Campus Porto Seguro, cursando o 2º semestre de 2016. 2 Passos, Michelle, discente em Licenciatura em Química pelo IFBA Campus Porto Seguro, cursando o 5º semestre de 2016. 3 Cavalcante, R. M. Souza, discente em Licenciatura em Química pelo IFBA Campus Porto Seguro, cursando o 1º semestre de 2016. 4 Tavares, C. A. Marques, discente em Licenciatura em Química pelo IFBA Campus Porto Seguro, cursando o 1º semestre de 2016. 5 Teixeira, R. Plácido, discente em Licenciatura em Química pelo IFBA Campus Porto Seguro, cursando o 1º semestre de 2016.
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