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Poder Judiciário - Notas de Aulas

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Poder Judiciário – Nota de Aulas
Prof. Dimas Macedo / Monitor Thúlio Mesquita
A Constituição Federal prevê, no artigo 2º, expressamente três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Independentes entre si, eles têm suas competências precípuas previstas na própria Carta Política e promovem uma regulação institucional recíproca por meio do sistema de freios e contrapesos, ou checks and balances.
O terceiro deles é o Judiciário, cuja função típica não só é resolver os conflitos intersubjetivos que sejam submetidos à sua jurisdição, mas também primar pela preservação da ordem jurídica instituída. Não obstante, há também funções atípicas ou acessórias: função administrativa, com a gestão de seus bens, serviços e pessoal, determinando, por exemplo, nomeações e exonerações; e função legislativa, no caso da edição de normas de caráter geral que irão compor o Regimento Interno do respectivo tribunal, além disto, vale dizer, a edição de provimentos normativos pelos tribunais também se encaixa à atuação atípica. 
O ordenamento brasileiro adotou o sistema inglês de jurisdição, ou sistema de jurisdição una, no qual apenas o Judiciário exerce a jurisdição, ou seja, ele tem a última palavra na solução dos conflitos sociais, somente ele produz coisa julgada. Em contrapartida, há o modelo francês, ou de jurisdição dual. Herança da Revolução Francesa que não via com bons olhos o ofício dos juízes, o modelo francês adota o instituto da coisa julga administrativa, no qual cortes administrativas dão a última palavra em matérias de interesse do Estado. No Brasil, por outro lado, decisões administrativas sempre poderão ser reexaminadas pelo Judiciário, com base no princípio da inafastabilidade da jurisdição previsto no inciso XXXV do artigo 5º.
O Poder Judiciário brasileiro tem seus órgãos previstos no artigo 92 da Constituição Cidadã, quais sejam, Supremo Tribunal Federal (I), Conselho Nacional de Justiça (I-A), Superior Tribunal de Justiça (II), Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (III), Tribunais e Juízes do Trabalho (IV), Tribunais e Juízes Eleitorais (V), Tribunais e Juízes Militares (VI), e Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios (VII). 
Comentando brevemente sobre as competências dos principais órgãos, a cúpula do Judiciário é o Supremo Tribunal Federal, cuja incumbência precípua é ser o guardião da Constituição, seja em sede incidental, seja em sede de Ações Diretas de Inconstitucionalidade; frise-se, contudo, que ele não atua somente como Corte Constitucional, visto que a ele são atribuídas diversas outras competências (vide art. 102, CF/88). Quanto à composição, o STF é formado por onze Ministros, brasileiros natos (art. 12, § 3º, IV, CF/88), escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101, CF/88), e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Suas competências podem ser originárias, em recurso ordinário ou em recurso extraordinário (RE), conforme o artigo 102.
O CNJ, contrastando com os demais órgãos, não exerce jurisdição, atuando apenas em questões administrativas, na competência de promover o controle interno do Judiciário. Criado pela EC 45/2004, compõe-se de 15 membros com mandato de dois anos, admitida uma recondução; seus membros advêm de carreiras diversas, com o intuito de dar pluralidade ao órgão, e respondem a crimes de responsabilidade perante o Senado Federal. O Presidente do Supremo Tribunal Federal é também o Presidente do Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B, inciso I, da CF/88, com a redação dada pela EC nº 61/2009). 
Seguindo, temos do STJ, cuja função primordial é a uniformização de interpretação de lei federal, consubstanciando-se a tutela do princípio da incolumidade do direito objetivo. Compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros, nomeados pelo presidente da República, dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 104, parágrafo único, CF/88). Um terço virá dos TRFs e um terço dentre desembargadores dos TJs, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal. Outro terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, do Estadual e do Distrito Federal, alternadamente, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes, da qual o Tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos 20 dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (arts. 94 e 104). Portando, no STJ não há quinto, mas terço constitucional. Suas competências podem ser originárias, em recurso ordinário ou em recurso especial (REsp), conforme o artigo 105. 
Por fim, vale falar brevemente da competência da Justiça Federal. A sua função primordial é processar e julgar causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Destaque-se que ações relacionadas à sociedade de economia mista sob o controle da União, como Banco do Brasil e Petrobras, não tramitaram na JF. Importante falar da hipótese dos crimes políticos, que serão julgados originariamente pela JF; com a peculiaridade de que caberá ao STF julgar ordinariamente em sede recursal. Também será competência federal executar sentença estrangeira, após a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça.
Por ostentarem a posição de membros do Poder Judiciário, os juízes togados possuem uma série de garantias funcionais previstas pela própria Constituição no artigo 95, quais sejam, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios. A outorga constitucional de tais proteções é de muita valia ao exercício funcional dos juízes, assegurando maior autonomia e independência ao imparcial exercício de suas atribuições. Explicando, a vitaliciedade (inc. I) garante que, após dois anos de efetivo exercício, o matgistrado adquire o direito de permanecer no cargo, salvo em caso de sentença penal condenatória transitada em julgado. A inamovibilidade (inc. II) garante que nenhum juiz poderá ser removido sem seu consentimento, de um local para outro, de uma comarca para outra, ou mesmo sede, cargo, tribunal, câmara, grau de jurisdição. Por fim, a irredutibilidade de subsídios (inc. III) garante que os rendimentos do magistrado não poderão sofrer redução nominal de valor em hipótese alguma.
Corroborando com as garantias aos magistrados, há vedações igualmente atentas a dar imparcialidade à jurisdição: exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (I); receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (II); dedicar-se à atividade político-partidária (III); receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (IV); exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (V).
Ainda preocupada com a independência da atuação jurisdicional, a Constituição prevê garantias institucionais ao Poder Judiciário. O constituinte outorgou importantes garantias, por exemplo, ao definir como crime de responsabilidade do chefe do Executivo atentar contra o livre exercício do Judiciário (art. 85, II, CF/88), assim como ao proibir que tais garantias sejam disciplinadas por medida provisória (art. 62, § 1º, I, CF/88) ou por lei delegada (art. 68, § 1º, I, CF/88). Ademais, é assegurada a autonomia administrativa (art. 96, CF/88) e financeira (art. 99, CF/88) ao Poder Judiciário; por exemplo, os tribunais elaborarão suas próprias propostas orçamentárias, respeitando a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Cumpre destacar,também, que os magistrados possuem foro especial por prerrogativa de função para processar e julgar suas inflações comuns e de responsabilidade. No caso de juízes de 1º grau, a competência será do respectivo tribunal ao qual o juiz se vincula. Se juiz estadual ou do DF, ao TJ ou TJDFT (art. 96, III); se juiz federal, ao TRF (art. 108, I, “a”). Caso o magistrado atue em tribunal de 2º grau, a competência é do STJ (art. 105, I, “a”). Caso seja membro de Tribunal Superior, a incumbência será do STF (art. 102, I, “c”). Caso seja ministro do STF, será processado e julgado pela própria corte somente nos crimes comuns (art. 102, I, “b”); no caso de crime de responsabilidade de ministro do Supremo, o responsável por processar e julgar será o Senado Federal (art. 52, II), numa manifesta expressão dos checks and balances entre os poderes.

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