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Aula 10 – Reservação e distribuição 145 10. Reservação (QUERIDO, J.G., et al.; GANDUR, D.N.) 10.1 - Introdução As finalidades dos reservatórios de distribuição são: a) Atender às variações de consumo. b) Atender às demandas para extinção de incêndios. c) Atender ao consumo em situações de emergências que produzem interrupção no abastecimento. d) Melhoria das condições de pressão: pressão estável, em picos. 10.2 - Tipos de reservatórios a) Quanto a sua posição relativa na rede: - Reservatório de montante: são aqueles pelos quais passa, antes de atingir a rede, toda água destinada ao consumo. Para tanto possuem uma tubulação de entrada de água e outra de saída. Como geralmente precedem a rede, levam o nome de reservatório de montante. Figura 10.2 (a). - Reservatório de jusante: somente recebem água nos períodos em que a vazão de alimentação da rede supera a de consumo. Neles uma só tubulação, que parte do fundo serve de entrada e saída da água. Por ficarem além do ponto em que a adutora se conecta à rede e, até mesmo, no extremo oposto, levam o nome de reservatórios de jusante. Figura 10.2 (b). - Reservatórios intermediários. Figura 10.2 (a) – Reservatório à montante Figura 10. 2(b) – Reservatório à jusante b) Quanto a sua posição relativa ao terreno: - Reservatórios enterrados. - Reservatórios semi-enterrados. - Reservatórios “Stand-pipes” - Reservatórios elevados. Os enterrados podem ser paralelepipedais ou troncopiramidais invertidos, conforme indica a Figura 10.2 (c ). Os semi-enterrados obedecem às mesmas especificações dos enterrados. Nos reservatórios elevados, o fundo situa-se acima do terreno, mercê de uma estrutura de sustentação, Figura 10.2 (d). Os stand-pipes são geralmente de aço, concreto ou madeira, se apóiam no solo, como indica a Figura 10.2 (d). Constituem uma alternativa do reservatório elevado, em sua Aula 10 – Reservação e distribuição 146 funcionalidade, embora tenham o aspecto de reservatório apoiado de grande altura. Os mais econômicos obedecem à relação D = 2h. Os elevados são geralmente estruturas suspensas construídas com aço ou concreto armado, de várias formas, principalmente cilíndrico. Figura 10.2 (c) – Dimensões econômicas Figura 10.2 (d) – Reservatório elevado (1) e stand-pipe (2) c) Quanto ao material de construção - Reservatório de alvenaria. - Reservatório de concreto: armado, protendido. - Reservatório de aço. - Reservatório de madeira. - Reservatório de fibras sintéticas. - Reservatório em terra com paredes revestidas. d) Quanto a sua forma - Reservatório de secção retangular. - Reservatório de secção circular. 2 1 Aula 10 – Reservação e distribuição 147 10.3 - Capacidades dos reservatórios 10.3.1 - Volume mínimo Método analítico: a) Método do engenheiro Toledo Malta, da curva de consumo de água assimilada a uma senóide. C = xVk 12 ..................................para adução contínua b) Método do engenheiro Yassuda. C = xVV 100 100 1 ...............................para adução intermitente Onde: C = capacidade do reservatório. K2 = coeficiente da hora de maior consumo. V1 = volume consumido na cidade durante as T horas em que funciona a adução, em % de V. Q1 = vazão média horária no dia de maior consumo. V = 24Q1 = volume de água consumido no dia de máximo consumo. T = intervalo de tempo de funcionamento da adução em horas. T Q T V 124 = vazão horária de adução. 10.3.2 - Volume acrescido a) Volume acrescido para atender a demanda de emergência, como por exemplo, durante uma interrupção no sistema captação-adução-tratamento, é determinada pela expressão: Ca = QT Onde: Ca= volume a ser acrescido. Q = vazão média de consumo normal (vazão de adução). T = intervalo de tempo correspondente ao período de interrupção. b) Volume acrescido devido a consumo da população flutuante. Deve-se estudar os acréscimos populacionais sofridos periodicamente e prever baseados neles. Aula 10 – Reservação e distribuição 148 c) Volume acrescido devido ao consumo especial. Consumo de água para irrigação de jardins, grandes parques públicos, e outros equipamentos de resfriamento ou de condicionamento de ar. d) Volume acrescido devido ao consumo para demanda de incêndio. CI = (Q1i – Q2) t Onde: CI = capacidade disponível para combate a incêndios. Q1i = vazão necessária para combate ao incêndio crítico. Q2 = vazão auxiliar de emergência durante o incêndio, obtida de uma origem diferente da que fornece água para a rede de distribuição. Quando são utilizados exclusivamente os recursos da rede de distribuição, a vazão Q2 é nula. t = duração do incêndio crítico. Q1i para edifícios: - pequenos 10 L/s - médios 20/30 L/s - grandes 40/50/ L/s t = 6 horas (em São Paulo). 10.4 - Dimensões econômicas Fixado o tipo, a forma e a capacidade do reservatório é possível estudar dimensões que o tornem de mínimo custo, particularmente para os reservatórios de concreto armado. Um reservatório enterrado para o qual foram fixados a capacidade e a altura terá o menor comprimento das paredes em planta, inclusive a parede divisória, se for de seção horizontal circular. Um reservatório retangular em planta terá o menor comprimento de paredes se as suas dimensões, Figura 10.4 (a), estiverem na relação: 4 3 y x Figura 10.4 (a) – Dimensões econômicas x y 2x Aula 10 – Reservação e distribuição 149 Um reservatório elevado será mais econômico se sua seção horizontal for circular. As torres com forma cilíndrica têm dimensões econômicas quando a relação entre altura do reservatório propriamente dito e o seu diâmetro estiveram na relação 1.2. Com relação a este item cabem diversas observações: a) O custo dos reservatórios pode depender de: - tipo de solo local. - forma do reservatório. - tipo de estrutura adotada, etc. b) Em reservatório enterrado quanto menor a altura, maior a área de terreno necessária. A dificuldade de construção poderá aumentar quando se tem reservatório de maior altura. c) O custo da construção poderá aumentar quando se adotam reservatório em que se pretende tirar partido estético da obra realizando um empreendimento que contribua para embelezar a cidade. 10.5 – Redes de distribuição de água 10.5.1 - Definição A distribuição de água é efetuada por intermédio de um conjunto de canalizações destinadas a conduzir a água para os pontos de consumo particular e público. Esse conjunto de condutor constitui a rede de distribuição. 10.5.2 - Tipos de condutos (canalizações) - Canalizações principais (troncos ou mestres): são as canalizações de maior diâmetro, responsáveis pela alimentação dos condutos secundários, ou seja, pela alimentação da rede. - Canalizações secundárias: de menor diâmetro, são responsáveis pelo abastecimento direto. 10.5.3 - Considerações para o traçado das canalizações principais: Dar preferências : - Ruas sem pavimentação. - Ruas com pavimentação menos onerosa. - Ruas de menor intensidade de grandes consumidores. - Proximidades de grandes consumidores. - Proximidades das áreas e de edifícios que devem ser protegidos contra incêndios. Aula 10 – Reservação e distribuição 150 10.5-4 –Tipos de redes conforme a disposição dos seus condutos principais: a) Rede em “espinha de peixe”, em que os condutos principais são traçados a partir de um conduto central, com uma disposição ramificada. Nas tubulações das redes ramificadas, a água desloca-se invariavelmente em um único sentido, isto é, da tubulação- tronco para a extremidade morta. Figura 10.5 (a) – Rede ramificada b) Redes “malhadas”: os condutos principais formam “circuitos”ou anéis lembrando a disposição de malhas, possibilitando uma melhor circulação da água, na eventualidade de interrupção de um trecho. Neste tipo de rede a água se desloca ora num sentido, ora em outro, em função das solicitações de consumo. Essa reversibilidade de movimento é vantajosa, permitindo inclusive que uma tubulação seja reparada sem prejudicar o abastecimento de maior número de prédios. Ao invés de possuir uma única tubulação-tronco, como só acontecem com as redes ramificadas, as redes malhadas geralmente constituem-se de vários condutos principais, formando um ou vários anéis, Fig. 10.5 (c ), a depender da conformação e sobretudo do tamanho da cidade. Fig. 10.5 (b) – Rede malhada Fig. 10.5 (c) – Rede malhada c/ um anel. 10.5.5 - Dimensionamento de rede malhada através do método de Hardy-Cross 10.5.5.1 – Fundamentos hidráulicos do método. O método de Hardy Cross simplifica, sobremaneira, o cálculo das redes malhadas. a) Em um nó qualquer da rede a soma algébrica das vazões é nula (considerando-se (+) as vazões afluentes e (-) as efluentes. Aula 10 – Reservação e distribuição 151 No nó P na Figura 10.5 (d): Q = + Q1 + Q4 – Q2 - Q3 - Qd = 0 Sendo Qd a vazão de distribuição Fig. 10.5 (d) – distribuição de vazão em um nó b) Em um circuito fechado (ou anel) qualquer da rede, a soma algébrica das perdas de carga é nula. Para um sentido pré-fixado, perdas de carga coincidentes (+), perda de carga contrária (-). Figura 10.5 (e) – Distribuição das vazões em anéis Sentido de encaminhamento prefixado = sentido horário Anel I: 04321 hhhhh Anel II: 07652 hhhhh Aula 10 – Reservação e distribuição 152 c) Para uma dada rede com diâmetros conhecidos (pré-fixados), as condições necessárias e suficientes são: 0Q em cada nó 0h em cada circuito para que a distribuição de vazões (e, assim, das perdas de carga) prevista no cálculo coincida com a distribuição de vazão (e, assim, das perdas de carga) que realmente se verificará quando a mesma for posta em funcionamento. e) A perda de carga total, ao longo de um trecho de comprimento L e diâmetro D, por uma vazão uniforme Q, pode ser determinada, usando a fórmula de Hazen e Williams: - Definem-se os diâmetros dos diversos trechos com base nos limites de velocidade ou na limitação das cargas disponíveis. - Levando-se em conta a extensão, vazão, diâmetro e material da canalização, calcula- se a perda de carga fh para cada trecho, considerando-a com o mesmo sinal de vazão. A perda de carga total, ao longo de um trecho de comprimento L e diâmetro D, por uma vazão uniforme Q, pode ser expressa pela fórmula geral: nrxQh h = Perda de carga no trecho. r = Constante obtida para o trecho, em função do seu diâmetro, da sua extensão e da fórmula adotada. Q = Vazão no trecho. n = Potência que depende da fórmula usada. Para a fórmula de Hazen-Williams, por exemplo, temos: r = 87,485,1)2785,0( 1 D Lx xC Onde: n = 1,85 L = comprimento do trecho C = valor tabelado h= 85,187,485,1)2785,0( 1 xQ D Lx xC A determinação das perdas de carga é obtida facilmente através de ábacos. Aula 10 – Reservação e distribuição 153 f) Somam-se as perdas de carga calculadas para todos os trechos do anel: nrxQh Se a distribuição inicial de vazões no anel, por mera coincidência, corresponder à definitiva, a somatória das perdas de carga seria nula, indicando a dispensa de qualquer correção. Então, teríamos: 0h A verdade é que na primeira tentativa, a somatória geralmente difere de zero: 0h Vê-se, pois que deve ser introduzida uma correção nos valores preestabelecidos para as vazões, a fim de ser obtida a somatória nula. Se chamamos de essa correção, podemos escrever de acordo com as expressões, nrxQh e 0h : 0noQr Onde oQ é a vazão inicialmente adotada. Desenvolvendo o binômio, vem: .....) 21 1 221 xQ x nnxnQQrQr no n o n o n o Como o valor de é pequeno, comparado a Qo, todos os termos que contenham , elevados a uma potência igual ou superior à 2, podem ser desprezados. Então: 01nonon nQQrrQ e conseqüentemente: 1n o n o nxrxQ rxQ Aula 10 – Reservação e distribuição 154 Mas norxQh 1n orxQn h g) Recalculam-se as perdas de carga em cada circuito, determina-se a nova correção para as vazões. h) Repete-se o processo até que seja obtida a precisão desejada.
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