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Profa. Celia Braga UNIDADE I Comunicação Empresarial A comunicação é, provavelmente, umas das necessidades humanas mais antigas, quando ainda não era possível a fala. Entretanto, em algum momento, algumas pessoas resolveram trocar uma ideia, e nesse sentido, a comunicação começou a ser desenvolvida. Dessa forma, o desenvolvimento da linguagem foi acontecendo. Com a linguagem, foi possível a perpetuação da história dos homens que passaram de geração a geração os conhecimentos atribuídos em sua época. A invenção da escrita há cerca de 5 mil anos alterou de forma significativa a relação entre os homens e foi graças a ela que estes registraram e transportaram informações, conseguindo mantê-las mesmo após a morte das pessoas. Introdução A seguir temos o histórico do modelo mecanicista, desenvolvido por C. F. Shannon e Weaver em 1949. Este modelo não se ocupa especificamente da comunicação humana, que é mais complexa e depende de fatores sociais, ambientais, pessoais e psicológicos: Elementos do processo de comunicação e ruídos Fonte: TOMASI, C.; MEDEIROS, J. B. Comunicação empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 32. Adaptada. Fonte de informação Mensagem Transmissor Sinal Fonte de ruído Sinal recebido Receptor Mensagem Receptor No modelo adaptado dos elementos do processo de comunicação e ruídos, para se transmitir mensagens um receptor precisa de um código (conjunto organizado de signos) para transformar o que se pretende comunicar em um código, ou seja, codificar a mensagem: Adaptação dos elementos do processo de comunicação e ruídos Fonte: Livro-texto. Emissor Codificação Mensagem Meio Decodificação Receptor Feedback Ruído Resposta Em uma mensagem escrita utiliza-se um suporte para escrever o texto (um papel, uma tela de computador, etc.) com a linguagem escolhida, ou seja, o código é a língua portuguesa no Brasil. Exemplo Fonte: iniciadora do ciclo da comunicação (máquina, pessoa, organização, instituição). Emissor: protagonista do ato da comunicação, codifica e emite uma mensagem para um receptor. Receptor: outro protagonista, para quem a mensagem é dirigida, recebe a informação e a decodifica. Mensagem: objeto da comunicação, é uma estrutura organizada de sinais que servem para comunicar. Os elementos que compõem o processo de comunicação Ruído: sinal indesejado que atrapalha a comunicação e perturba a compreensão da mensagem. Contexto: situação a que a mensagem se refere, chamado também de referente. Canal: meios de comunicação. Código: conjunto de signos, escrita. Signos: combinação de um significado com um significante (ideia mais objeto). Os elementos que compõem o processo de comunicação As linguagens são formadas por conjuntos de sinais Fonte: 300PX-SHOTOKAN_JAPANESE.SVG.PNG. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1f/Shotokan_japan ese.svg/300px-Shotokan_japanese.svg.png>. Acesso em: 26 out. 2018. Há muitas formas de linguagem: − oral, − escrita, − científica, − musical, entre outras. Os meios de combinação dos elementos, bem como as regras e convenções sobre os usos adequados de cada um deles é que determinam que outras pessoas possam entender a linguagem. Signo linguístico e ruído na comunicação A linguagem é um conjunto de signos com regras para serem combinados. O signo é qualquer coisa que faz referência a outra coisa ou ideia e possui significado, ou seja, o signo é a maneira pela qual as pessoas o compreendem. Também faz parte do signo o significante, que é a forma concreta do que ele representa, como a palavra, o gesto, o som, etc. Signos Entre os vários tipos de significados para os signos, podemos citar: ‒ significado gramatical, que depende da relação com os outros signos; ‒ significado contextual, que varia conforme o contexto em que está inserido; O que as flores significam em um casamento, em um velório ou em nosso quintal? ‒ significado referencial, o sentido atribuído às palavras pelo dicionário, ou seja, o conceito referente; ‒ significado denotativo, quando o signo indica um objeto ou suas qualidades, como quando se conta um sonho; ‒ significado conotativo, quando se enriquece a palavra com outros significados, como os metafóricos, em “nuvens de algodão”, “pérolas da língua portuguesa”. Significados para os signos Você deve estar pensando na relevância da comunicação e na dificuldade de nos comunicarmos com clareza, condição fundamental para que a comunicação seja completa e cause o efeito esperado, ou seja, o resultado (feedback). Dificuldades na comunicação Há muitos tipos de interferência que podem ocorrer quando pronunciamos as palavras. Nesse processo, deve-se prestar atenção ao conteúdo da informação não verbal presente na comunicação. Importa mais o que se faz ou o que se deixa de fazer enquanto falamos do que o conteúdo propriamente dito da mensagem. Após falarmos sobre a Comunicação Verbal, vamos falar sobre a Comunicação Não Verbal porque a leitura do não verbal muitas vezes complementa a compreensão da comunicação verbal. Comunicação verbal e não verbal A leitura do não verbal, muitas vezes, complementa a compreensão da comunicação verbal. Com isso, vemos que o sucesso de nossa comunicação não depende só da habilidade com que usamos as palavras. O ser humano faz uso de muitos signos universais da comunicação. A palavra é essencial, mas apenas um desses signos. Outras formas que expressam a comunicação são os gestos, os movimentos com a cabeça, a expressão dos olhos e da face, a postura, a aparência e outros símbolos, conforme veremos a seguir. Comunicação não verbal ‒ Expressão facial. ‒ Movimento dos olhos. ‒ Movimentos da cabeça. ‒ Postura e movimentos do corpo. ‒ Comportamentos não verbais da voz. ‒ A aparência. Você já deve ter ouvido a expressão “o corpo fala”. Muitas vezes falamos algo, mas nosso corpo comunica outra coisa. Esses sinais não verbais servem para facilitar e encadear as interações sociais e para expressar emoções e atitudes entre os envolvidos. A junção entre a comunicação verbal e a não verbal possibilitará o sucesso da comunicação empresarial. Comunicação não verbal Entre os significados dos signos, é correto o que se afirma em: a) Significado gramatical: varia conforme o contexto em que está inserido. b) Significado contextual: depende da relação com os outros signos. c) Significado referencial: indica um objeto ou suas qualidades, como quando se conta um sonho. d) Significado denotativo: sentido atribuído às palavras pelo dicionário, ou seja, o conceito referente. e) Significado conotativo: quando se enriquece a palavra com outros significados. Interatividade Falar é muito diferente de escrever. Ao falarmos, nós nos permitimos erros e formas gramaticais e de tratamento impensáveis ao escrevermos. Isso se dá porque as duas formas não têm o mesmo vocabulário nem a mesma gramática, a não ser que estejamos falando oralmente um texto escrito. O texto escrito, no entanto, como supera os limites do espaço e do tempo, tem a tendência de ser mais bem elaborado e sempre é feito de maneira formal, conforme os elementos envolvidos e sua finalidade. Linguagem escrita e falada É ideal é que todo falante domine todos os níveis de linguagem para empregá-los de acordo com as exigências do contexto. Veja que a mesma mensagem pode ser transmitida usando-se diferentes níveis de linguagem: ‒ Que odor desagradável! ‒ Que mau cheiro! ‒ Que fedor! ‒ Que catinga! Níveis de linguagem Na línguafalada, a oposição uniformidade/diversidade é percebida por não obedecer a padrões tão rígidos impostos pela norma culta da gramática. Os fatores conhecidos são: ‒ Diferenças regionais: a pronúncia é o primeiro sinal de regionalismo que se nota. O vocabulário e o uso de normas gramaticais também apresentam diferenças. ‒ Diferenças socioculturais: idade, sexo, cultura, profissão, posição social, nível de estudos. ‒ Diferenças contextuais: assunto, tema, lugar, momento, relações entre os interlocutores Níveis de linguagem Na fala das pessoas encontramos o reflexo desses fatores e isso gera o que pode ser classificado em: Nível formal (culto): são obedecidas as regras prescritas pela gramática normativa, que normalmente são encontradas em: ‒ discursos acadêmicos; ‒ trabalhos científicos; ‒ língua escrita em textos literários e didáticos. Diferentes níveis de fala ou de linguagem: nível formal É oposto ao formal, não segue estritamente a norma gramatical, apresentando gírias e formas contraídas. É a linguagem familiar ou espontânea, usada no dia a dia e que a maioria das pessoas utiliza no cotidiano. Exemplos: ‒ bilhetes; ‒ cartas pessoais; ‒ diários íntimos; ‒ conversas com amigos. Diferentes níveis de fala ou de linguagem: nível informal (coloquial ou popular) Alguns autores ainda fazem outra divisão, criando os níveis: Técnico ou profissional: trata-se do jargão, da linguagem específica de alguns grupos profissionais, como: economistas, advogados, analistas de sistemas, médicos, entre outros. Norma vulgar: fala de quem tem instrução rudimentar. Diferentes níveis de fala ou de linguagem: níveis técnico e vulgar É a introdução do parágrafo e deve ser seguido de desenvolvimento e conclusão. Veja, então, que um parágrafo precisa ser um minitexto completo. Deve ter início, meio e fim. Introdução, desenvolvimento e conclusão. Exemplo: figurando frequentemente na mídia, o tema da sustentabilidade passou a fazer parte da vida das pessoas nos últimos anos. As propagandas dessa e de outras empresas têm disseminado os temas da sustentabilidade e a responsabilidade social, alterando o entendimento e a relação que as pessoas estabelecem com estas temáticas (GARCIA, 2009). Tópico frasal O tópico frasal está na primeira e na segunda linha do texto. E é nesse trecho que se entende do que o texto vai tratar, apresenta-se a ideia central do parágrafo, ou seja, o tópico frasal. A partir dele é que o parágrafo vai se desenvolver. Tópico frasal O parágrafo é um segmento que constitui uma unidade da redação. Nele se desenvolve, por meio de um ou mais períodos, uma ideia principal que pode ser ampliada por ideias secundárias. Iniciar um parágrafo por meio de uma definição faz com que o autor tenha que depois prová-la. A partir daí precisa exemplificar, analisar para completar sua ideia ou, ainda, apontar opiniões pessoais ou de outras pessoas para escrever um bom parágrafo. Parágrafo Pode-se começar um parágrafo também por uma declaração: “Pesquisas atuais indicam que mais de 80% das decisões de compra das famílias brasileiras são feitas por mulheres”. Depois disso, deve-se tentar explicar os contrastes existentes nessa declaração ou colocar ideias secundárias como exemplos e concluir com argumentos. Exemplo: Pesquisas atuais indicam que mais de 80% das decisões de compra das famílias brasileiras são feitas por mulheres. A sociedade atual é caracterizada por um alto consumo de todo tipo de produto por parte das pessoas. Prova disso é que as vendas de automóveis batem recordes todos os meses, as vendas nos supermercados crescem à ordem de 7% todos os meses. Dessa forma, consumir parece ser a tônica da população atual. Declaração O parágrafo apresenta algumas ideias no tópico frasal, que devem ser desenvolvidas seguindo a ordem que tiveram na apresentação. Exemplo: No setor bancário, os projetos primordiais se referem ao atendimento ao cliente, à eliminação das filas e à redução de perdas causadas por golpes. Atendimento ao cliente já é um assunto recorrente no setor desde o início do Código do Consumidor, há mais de vinte anos. Eliminar filas também faz parte desse tópico, mas é tratado de forma diferenciada, pois há legislações que punem os bancos quando as filas se perpetuam. A prevenção de perdas causadas por golpes é estudada por grupos de trabalho em todos os bancos, pois sempre há uma especialização maior dos bandidos em detrimento das soluções apresentadas pelo setor. Parece um problema sem fim. Divisão de conteúdo Pode-se construir tópicos frasais por alusão a uma opinião alheia, um autor, uma referência a um fato histórico ou a uma obra de arte, e geralmente apela para a capacidade de associação de ideias do leitor. Exemplo: “Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas”, escreveu Machado de Assis, em Quincas Borba. Seria essa a postura esperada de um vencedor num cargo eletivo qualquer. Vencida a etapa de luta e disputa eleitoral, urnas apuradas, a raiva pela derrota aos vencidos, e ao vencedor, o melhor dos tempos possíveis, doravante. Citação Também se pode iniciar um parágrafo por meio de uma pergunta, um questionamento que deverá ser respondido pelo próprio autor no decorrer do texto. Exemplo: O que esperar dessa geração de meninos e meninas que vivem nas ruas? Que tenham algum tipo de assistência do governo ou da sociedade para que não debandem para a violência, para as drogas nem para a bandidagem. Espera-se que tenham o direito a um futuro digno. Interrogação Uma exclamação pode ser o início de um parágrafo. Exemplo: Ora! O que se discute aqui é o que vai ter de sobremesa ou a independência do Brasil? Claro que é uma discussão ampla e que não deve deixar de fora nenhum dos sabores apropriados para a data. Discute-se a independência moral de um povo que sofre. Exclamação O parágrafo tem um início, marcado pelo tópico frasal, um desenvolvimento, e deverá ter um fim. E para encerrar o parágrafo, temos que ter o cuidado de não encerrar o texto se ainda não for este o momento mais adequado. O parágrafo deve ter sua conclusão, encerrando o assunto dele e dando a ideia de que um novo assunto virá na próxima linha. Conclusão de parágrafo Parágrafo narrativo É utilizado para narrar fatos. Parágrafo descritivo Já que a matéria-prima da descrição é a caracterização de um objeto ou pessoa, ou animal, esse parágrafo é atemporal, o autor deverá transmitir a imagem mais próxima da realidade daquilo que foi descrito. Parágrafo dissertativo Como a argumentação é a matéria-prima da dissertação, esse parágrafo deverá apresentar o assunto a ser discutido, seu desenvolvimento, com as ideias secundárias, e a conclusão. Tipos de parágrafos Leia atentamente o texto a seguir. “Pesquisas atuais indicam que mais de 80% das decisões de compra das famílias brasileiras são feitas por mulheres. A sociedade atual é caracterizada por um alto consumo de todo tipo de produto por parte das pessoas. Prova disso é que as vendas de automóveis batem recordes todos os meses, as vendas nos supermercados crescem à ordem de 7% todos os meses. Dessa forma, consumir parece ser a tônica da população atual”. Estamos falando de: a) Divisão de conteúdo. b) Declaração. c) Interrogação. d) Exclamação. e) Citação. Interatividade Do ponto de vista prático, todos podem escrever, apresentar fatos e disseminar conteúdos como bem entenderem, se souberem ou não escrever, isso é apenas um detalhe que quase não é levado em consideração. Entretanto, a comunicação precisa ser adequada ao público, ao ambiente, etodos os elementos que a constituem devem estar em sintonia para que o processo de comunicação se cumpra adequadamente. Nos textos escritos isso é mais importante ainda, pois não temos elementos de contato visual e interpessoal para ajudar. Para escrever melhor Ilustramos algumas ideias bem gerais para a montagem de um texto que, se observadas, ajudam a construir textos corretamente. Sempre inicie um texto na afirmativa. Use os termos técnicos essenciais, ou seja, aquelas estruturas que não podem ser substituídas (significado entre parênteses). Não escreva o que você não diria. Cuidado com expressões de valor absoluto e muito enfático, tais como certos adjetivos, superlativos e verbos. Montagem do texto Deve-se ter uma especial atenção também com os termos coloquiais ou gírias, estes apenas podendo ser usados em casos muito especiais. Cuidado com os gerúndios. Faça o encadeamento dos leads de maneira harmoniosa com os parágrafos seguintes. Quando um parágrafo não está conectado com o seguinte, ele se torna difícil de acompanhar e chato de ler. Após terminar a redação do texto, faça uma leitura silenciosa de todo o conteúdo, corrigindo-o e fazendo as alterações necessárias. Montagem do texto Algumas definições que o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa confere à palavra coerência são: - ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; - conexão, harmonia de uma coisa com o fim a que se destina. Podemos perceber que a coerência está ligada à organização de todo o texto, além disso, é através da coerência textual que podemos observar se o texto é delimitado adequadamente em suas três partes principais: - o início, o meio e o fim. Além disso, um texto coerente guarda adequação entre a linguagem e o tipo de texto de que se trata. Nos textos informativos a qualidade primeira exigida é a objetividade, a linguagem simples, que facilita a compreensão. A linguagem objetiva é eminentemente denotativa (que tem sentido claro). Coerência textual Alguns tipos de textos que não precisam ser coerentes, ou pelo menos não tão coerentes, são os poéticos, que utilizam a linguagem figurada, livres associações de ideias e palavras conotativas, ou seja, nem sempre o significado das palavras é o real significado. Agora que vimos como deve ser um texto coerente, vamos observar como é um texto que não tem coerência. Que acontece quando não há concatenação, ou seja, as palavras não se juntam numa sequência lógica nem tem argumentação que leve a provas e comprovação do que se está escrevendo. Coerência textual Para ter clareza do que se vai escrever, é preciso refletir sobre o assunto que será tratado. Em geral, consegue-se isso na fase de planejamento do texto. Um texto claro é aquele que evita a ambiguidade, a obscuridade de sentido das palavras ou formas de expressão etc. Também devem ser evitados o pedantismo e o esnobismo, que geralmente são conseguidos com palavras fora de uso corrente ou que ninguém domina ou que apenas uma categoria profissional as conhece. Clareza e ambiguidade A ambiguidade é um fenômeno comum da linguagem verbal. No texto escrito, por alguma razão sintática, semântica, sonora ou ligada ao contexto, pode haver duas ou mais significações. Quando usada com criatividade, enriquece o texto. A publicidade dá muitos exemplos disso. Quando não, pode comprometer a clareza do texto. Observe o exemplo: Fato ocorrido em 2005, anunciado pela marca de cremes dentais Sensodyne: Uma atriz reclama de dentes sensíveis e aparece um dentista que explica que ela deve usar essa marca para resolver o problema. No fim, aparece a atriz dizendo: Hoje, além do dentista, eu uso e recomendo Sensodyne! Ficou bastante duvidoso o que é que ela usa, não acha? Clareza e ambiguidade Para manter a coerência e a clareza, observe as dicas de Andrade e Henriques (2010): A simplicidade deve prevalecer sobre a linguagem rebuscada. Palavras cujo significado não seja familiar devem ser evitadas. ‒ Ana Clara é uma excelente quiropedista (pedicuro). ‒ Participamos de um jantar opíparo (farto, esplêndido). Coerência e clareza Evitar palavras ou expressões vagas, como negócio, coisa, cara, veja bem, até porque etc.: ‒ A vida é um negócio sério. ‒ Tacha é uma coisa pontuda. ‒ “Essa coisa faz uma coisa...” (Clodovil) Coerência e clareza Evitar o uso de palavras ou expressões ambíguas: ‒ A especialidade da loja é vender cama para crianças de ferro. ‒ Despediram-se os empregados. ‒ É proibido dirigir um carro ébrio. Coerência e clareza Evitar pleonasmos (tautologia), repetição da mesma ideia: ‒ Isto acontece com os velhos já idosos. ‒ Família patriarcal em que o pai é o centro. ‒ Parasita que vive às custas dos outros. Coerência e clareza Na língua falada, algumas expressões nunca devem ser usadas, porque repetem as ideias. Conheça uma lista de expressões que devem ser evitadas: infraestrutura básica; machismo masculino; poder aquisitivo de adquirir bens; elo de ligação; certeza absoluta; acabamento final; quantia exata; juntamente com; expressamente proibido; fato real; encarar de frente; multidão de pessoas; amanhecer o dia; criação nova; retornar de novo; empréstimo temporário; sintomas indicativos; há anos atrás; outra alternativa; a razão é porque; anexo junto à carta; de sua livre escolha; todos foram unânimes; conviver junto; escolha opcional; planejar antecipadamente; a seu critério pessoal. Coerência e clareza Coesão: um texto coeso é o que está bem concatenado em suas partes. Um texto coerente é o que se apresenta adequado e verossímil em suas informações. Toda redação deve primar pela clareza, objetividade, coerência e coesão. Concisão: a concisão diz respeito a escrever mais com menos palavras, transmitir muito dizendo o mínimo. O famoso “enrolar” não cabe nos bons textos. Os que estão escritos de forma correta não precisam de elementos para encher linhas apenas. Devem estar cravados de conteúdo correto e interessante, sem partes que não sejam estritamente necessárias. A concisão dispensa clichês, lugares-comuns e chavões. Coesão versus concisão A correção que se busca num texto diz respeito ao uso correto das normas gramaticais, ortografia e pontuação adequadas para atingirmos um texto bem escrito e sem erros. É importante observar alguns pontos: ‒ evitar gírias, termos estrangeiros, chavões e outros vícios de linguagem; ‒ evitar abreviaturas; ‒ grafar números por extenso; ‒ pontuação adequada – cuidado com os parênteses; ‒ ordem direta da frase – sujeito + predicado + complementos; ‒ frases curtas, uma ideia de cada vez; ‒ evitar períodos longos; ‒ evitar repetição de ideias; ‒ muito cuidado com gerúndio, principalmente no início dos períodos; ‒ separar. Correção de um texto Leia o texto abaixo: Fato ocorrido em 2005, anunciado pela marca de cremes dentais Sensodyne: “Uma atriz reclama de dentes sensíveis e aparece um dentista que explica que ela deve usar essa marca para resolver o problema. No fim, aparece a atriz dizendo: Hoje, além do dentista, eu uso e recomendo Sensodyne”! Esse texto faz referência à: a) Clareza. b) Coesão. c) Ambiguidade. d) Concisão. e) Declaração. Interatividade Para ser criativo ao escrever, deve-se tentar ser diferente de tudo o que as outras pessoas escrevem, evitando-se o clichê (frase frequentemente rebuscada que se banaliza por ser muito repetida, transformando-se em unidade linguística estereotipada). Vamos ver algumas dicas de Andrade e Henriques (2010): Evitar o uso de chavões, lugares-comuns, como: ‒ Desde os temposmais remotos... ‒ Hoje em dia esse assunto é muito debatido. ‒ A cada dia que passa. ‒ Eu não tenho palavras. ‒ Fazer das tripas coração. ‒ A nível de (nunca usar, esta construção é errada). Criatividade ‒ Encerrar com chave de ouro. ‒ Colocar os pingos nos is. ‒ Subir os degraus da glória. ‒ Sair com as mãos abanando. ‒ Com a voz embargada pela emoção. ‒ Da melhor maneira possível. ‒ Em todos os cantos do mundo. ‒ Dos males o menor. ‒ Encher os bolsos, etc. Criatividade “Frase frequentemente rebuscada que se banaliza por ser muito repetida, transformando-se em unidade linguística estereotipada, de fácil emprego pelo emissor e fácil compreensão pelo receptor; lugar-comum, chavão” (HOUAISS, 2009). Quem utiliza esses chavões demonstra falta de criatividade. Evitar os “clichês estilísticos”: ‒ Era uma cena dantesca. ‒ Nesta radiante manhã de sol. ‒ Neste momento solene. ‒ O acontecimento memorável. Clichês Exemplos de clichês, lugar comum e chavões Fonte: Livro-texto (adaptado) Temos o prazer de informar a todo os trabalhadores desta empresa que, em virtude das sucessivas defasagens salariais causadas por oscilações inflacionárias e por mudanças constantes nos rumos da economia nacional, a presidência oferece um substancial aumento salarial de 8% nos quadros de todo o funcionalismo, que entrará em vigor a partir do próximo mês. Eu cheguei no local, aí, quando a moça me viu, me chamou, aí eu olhei pra ela, aí eu respondi, mas ela não me entendeu bem, aí eu pedi desculpas e repeti, aí foi quando ela me explicou tudo. O diabo foge da cruz. Dar a volta por cima. Em alto e bom tom. Deixou a desejar. Substituir os possessivos pelos pronomes pessoais correspondentes é elegante: ‒ O frio percorreu sua espinha. O frio percorreu-lhe a espinha. ‒ Enchia minha alma aquela maravilha da criação. Enchia-me a alma aquela maravilha da criação. Substituição de possessivos por pronomes pessoais ‒ Tinha um comportamento que tendia à depressão. Tinha um comportamento tendente à depressão. Troca de palavra por oração reduzida Escrever com propriedade é utilizar palavras e expressões adequadas ao assunto, evitando a impropriedade vocabular: ‒ “A cachorra também é um ser humano.” (A.R. Magri). ‒ O paralítico andava sobre a cadeira de rodas. ‒ A exuberante alta dos preços. ‒ O ser humano nasce cru. ‒ Vamos ordenhar os nossos pensamentos. ‒ O prazo dado para Saddam evacuar a área... Propriedade Uma redação comporta três partes: 1. Introdução: serve para situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido, não apresentando fatos ou razões, pois sua finalidade é predispor o espírito do leitor para o que vier a seguir. 2. Desenvolvimento: é o corpo do trabalho propriamente dito. Nele são apresentados os fatos, as ideias e as razões exigidos pelo que foi anunciado na introdução. 3. Conclusão (ou fecho): é o conjunto que encerra a redação, de tal modo que seja desnecessário aduzir-se algo mais. Componentes de um texto Ao escrevermos textos, a grande dificuldade consiste em sabermos o que e como destacar qualquer assunto nele. Para resolver isso, é preciso ter um plano que remete à organização de seu trabalho. Vejamos perguntas fundamentais a serem respondidas: ‒ O que eu vou tratar? ‒ Sob qual ponto de vista? ‒ Tenho informações a respeito? ‒ Para quem é esse texto? Quem é meu leitor? Planejamento No caso da organização, isso diz respeito a que o texto tenha uma introdução ao assunto, o desenvolvimento de suas ideias e um desfecho ou a conclusão. É importante também que seja claro, direto, objetivo e conciso. A princípio, anote as ideias que forem aparecendo e depois faça uma seleção das que serão aproveitadas. Organização Agora você pode fazer um pequeno esquema dizendo o que será tratado em cada um dos parágrafos da sua redação. Como exemplo, vamos focar nas questões de saúde, nos riscos para a mulher que pratica aborto em clínicas clandestinas e nas dificuldades em conseguir esse serviço. 1) Início: defender a ideia (a favor ou contra o aborto). 2) Desenvolvimento: questões de saúde, dados, números, informações a respeito de clínicas, número de abortos, número de mortes etc. 3) Desenvolvimento: argumentar sobre seu posicionamento. 4) Desenvolvimento: dificuldades para criar um filho (argumentar sobre seu posicionamento). 5) Conclusão: finalizar o texto, retomando a ideia inicial, a defesa da ideia. Esquema de uma redação A estrutura de um texto é observada quando tem unidade, organicidade e forma. O texto dever ter: ‒ Unidade: tratar de um só assunto, ordenando-se seguindo um só núcleo temático. ‒ Organicidade: as partes (começo, meio e fim) devem ser dispostas como um todo coerente e lógico. ‒ Forma: é como se apresenta o conteúdo – descrição, narração ou dissertação. Estrutura, conteúdo e expressão Um bom conteúdo requer coerência textual e clareza. As ideias vitais devem ser pertinentes ao tema proposto. A clareza é consequência da coerência. Abordagem superficial e falta de contato com o tema levam a um conteúdo diluído e frágil. Frases mal-estruturadas comprometem a clareza e podem incorrer em ambiguidade, o que dificulta a compreensão e muda o sentido do que se quer expressar. Conteúdo As formas de expressão utilizadas nos textos geralmente se enquadram em descrição, narração e dissertação. Expressão Referente ao planejamento, quando escrevemos textos, temos dificuldade de saber o que e como destacar qualquer assunto nele. Para resolver isso, é preciso ter um plano de trabalho, e para tal, nós fazemos algumas perguntas fundamentais que necessitam ser respondidas. Qual destas perguntas não se encaixa na perguntas padrões? a) O que eu vou tratar? b) Qual é o parâmetro do texto? c) Sob qual ponto de vista? d) Tenho informações a respeito? e) Para quem é esse texto? Quem é meu leitor? Interatividade ATÉ A PRÓXIMA!
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