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47 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Unidade II 3 TIPOS DE TEXTO Os tipos de texto obedecem a uma estrutura padrão para serem construídos, dividindo-se basicamente em descrição, narração e dissertação. Eles são realizados conforme os objetivos que se tem com eles. 3.1 Descrição Segundo Andrade e Henriques (2010, p. 119), “descrição é a representação verbal de um objeto sensível. Compara-se à fotografia, mas admite interpretação, salvo se se trata de descrição técnica”. As espécies principais de descrições são: • de ser animado ou inanimado (pessoa, animal, objeto); • de interior (ambiente); • de paisagem; • de cena. As descrições podem ser impressionistas, que são de caráter subjetivo, é a impressão da realidade no autor do texto, e expressionistas, que são “objetivas e reproduzem a realidade captada pelos sentidos e analisadas pelo raciocínio” (NADÓLSKIS, 2009, p. 153). Para fazer boas descrições de pessoas, também chamadas de retrato, devem-se destacar traços importantes, que realmente caracterizem a pessoa retratada e transmitam uma visão do todo, passem uma impressão sobre ela. Deve-se ter o cuidado, no entanto, de não acumular detalhes supérfluos. Nadólskis (2013, p. 153) explica que é possível descrever uma pessoa como tipo, e não como personagem. “É apresentada como um modelo que tem as características essenciais de todas as pessoas da mesma espécie – um mendigo, um político falador e vazio, por exemplo”. Sala de estar, uma biblioteca, um quarto de dormir são ambientes passíveis de descrições. Deve-se poder enxergar o ambiente a partir do texto feito em referência aos locais. Quando descrevemos um lugar, devemos apontar se o local é fechado ou aberto. Caso seja um local fechado, nós o denominaremos ambiente; se for um lugar a céu aberto, chamaremos de paisagem. A paisagem, por sua vez, pode ser rural (campestre) ou urbana (vista que se tem de uma cidade). 48 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Uma descrição deve ter a seguinte estrutura: • Apresentação: corresponde à introdução, e usa-se um período típico de narração. • Pormenorização: é a parte central da descrição. Nela vão a enumeração de detalhes característicos, que facilitam a visualização do que está sendo descrito, sem acumular elementos que não concorrem para este fim. • Dinamização: ocorre nas descrições de cena e caracteriza-se pela sucessão de fases ou aspectos relativos ao mesmo fato. • Impressão: característica da descrição psicológica, que envolve a interpretação do autor. São sensações visuais, auditivas, táteis, gustativas, olfativas, traços emocionais ou reflexões externadas pelo escritor. A descrição pode ser literária ou técnica, segundo sua finalidade. A literária quase sempre é mais subjetiva, enquanto a técnica prima pela objetividade. A descrição técnica interessa aos estudantes, pois pode ser usada em momentos específicos de seu trabalho. Por exemplo, quando se tiver que fazer um relatório de algum acontecimento e descrever minuciosamente determinado fato ou local. Ela também é muito usada em manuais técnicos. Nas descrições técnicas, geralmente se usa linguagem científica, precisa. Pode-se com ela descrever aparelhos, peças que compõem aparelhos, funcionamento de experiências, mecanismos. Segundo Garcia (2009a), a descrição técnica destaca não só os itens essenciais do objeto de modo a não confundi-lo com outro, como também suas funções mais importantes. Devem ser usadas palavras que não apresentem dúvidas de interpretação e frases que transmitam de modo inequívoco as informações desejadas. Vamos conhecer alguns exemplos dos tipos de descrição. Descrição física A moça era mesmo muito alta, tão alta quanto as árvores do calipal, vistas de longe, é claro. As canelas eram finas, finas. Seus cabelos eram eriçados e amarelos como os do milho perto de serem colhidos. Descrição psicológica Apesar desses traços esquisitos, Vanina era de uma doçura sem par. Quando ela perdeu a mãe, aos 12 anos, jurou que ninguém ia fazer com ela como a mãe fazia, de ficar tratando mal. E é assim que ela ganhou o apelido de mainha dos meninos que viviam na rua. Descrição de pessoa “Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves”. Era assim que o primeiro presidente brasileiro eleito indiretamente após a ditadura militar, em 1985, 49 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL disse que queria ser lembrado. Se estivesse vivo, Tancredo, avô do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), completaria 100 anos no dia 4 de março de 2010. Quando era senador, na década de 1980, conversando com colegas, Tancredo Neves citou o epitáfio que abre esta matéria. “Tinha morrido um senador. Depois do sepultamento, no cafezinho do Senado, um grupo de senadores discutia qual o epitáfio preferido. Um falava assim: ‘viveu com dignidade, morreu com o amor de Nossa Senhora Aparecida’. O outro dizia que era um ‘bom brasileiro, pai honrado’. Só coisas carregadas de religiosidade. Na vez de Tancredo, ele deu um sorrisinho e disparou”, contou Ronaldo Costa Couto, um dos amigos pessoais do ex-presidente, de quem foi secretário de Planejamento e seria ministro do Interior. Apesar do “desejo” expresso, não é aquela a inscrição na lápide do presidente, no cemitério da igreja de São Francisco de Assis, em São João del Rei (GOULART, 2010, adaptado). Descrição técnica Sabe-se que, ao mudar o meio em que a luz se propaga, alteram-se também o comprimento de onda e a propagação. Tendo como referência as características apresentadas pela luz no vácuo, o parâmetro chamado “índice de refração” mede essas alterações e permite ainda caracterizar a absorção de luz pelo material. No entanto, com a descoberta do laser, tornou-se possível constatar que esse índice não é propriedade invariável dos materiais, pois depende também da intensidade da luz incidente. Recentemente se tornaram conhecidos novos materiais que apresentam uma variação apreciável do índice de refração mesmo para campos luminosos pouco intensos. Essas descobertas apresentam grande variedade de aplicações, seja na amplificação de imagens ópticas, no reconhecimento de formas (usados na robótica) etc. (DAVIDOVICH, 1986, p. 16). Descrição de paisagem Vejamos o exemplo de um texto sobre a Avenida Paulista. Do alto do edifício em que trabalho, avisto, todos os dias, uma das mais importantes avenidas da cidade de São Paulo. Hoje, nesta manhã nublada, a poluição, mais do que nunca, domina o ambiente, e posso ver daqui de cima os grandes edifícios aparentemente cinzentos, mas imponentes e gigantescos, que se estendem por toda a avenida. Do exato lugar em que me encontro, percebo, do outro lado da rua, o contraste criado por um enorme edifício, quase todo de vidro, de arquitetura arrojada, 50 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II e uma casa antiga, do início do século, a qual certamente pertenceu a um “barão do café”. Do lado direito da casa, um outro edifício, um pouco menor, que abriga vários escritórios dos quais entram e saem pessoas a cada instante. Ao contemplar este panorama e a movimentação frenética das pessoas que caminham apressadamente em todas as direções, tem-se o exemplo mais característico do espírito empreendedor desta avenida – retrato autêntico do progresso, movido por todos que contribuem com sua energia positiva (Autor desconhecido). Figura 10 – Como você descreveria essa imagem? Descrição de ambiente Ao entrar na sala daquelecasarão antigo, tem-se, de início, uma desagradável sensação de abandono e de uma certa tristeza. As paredes, já quase sem cor devido à ação do tempo, as duas janelas fechadas, com suas venezianas carcomidas, situadas na parede oposta à porta, também velha, davam a quem lá chegava a impressão de estar adentrando um museu abandonado. O chão já sem brilho e o teto no qual havia um lustre luxuoso, mas empoeirado e com poucas lâmpadas em funcionamento, confirmavam a impressão inicial. Sentia-se também no ar o odor dos tapetes embolorados. Da porta, avistavam-se logo à frente alguns móveis em estilo colonial, muito antigos, mas belíssimos – verdadeiras raridades. No centro da sala, uma mesa de cor marrom sobre um tapete persa de rara beleza. Mais perto da porta, uma poltrona revestida por um tecido amarelo florido e, como os outros móveis, empoeirada. Nas paredes, quadros de paisagens e retratos daqueles que algum dia habitaram o que deveria ter sido uma casa esplendorosa. 51 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Em toda a sala pairava uma atmosfera de desolação, de decadência, de envelhecimento, que causavam em quem a contemplava uma sensação de nostalgia (Autor desconhecido). Descrição de objeto Fabricada atualmente em larga escala, a caneta esferográfica parece ser um objeto simples; no entanto, é constituída por inúmeras partes que se agrupam. Em sua constituição, verificamos a presença dos seguintes elementos: um tubo cilíndrico, fino e comprido, de plástico, dentro do qual é colocada a tinta azul; uma ponta de acrílico em forma de cone que se liga a uma das extremidades do tubo. Na ponta deste cone há uma esfera minúscula através da qual a tinta sai, passando para o papel. Há também um tubo cilíndrico maior, de acrílico, que envolve o tubo de plástico, e duas tampas: uma interna e outra maior e externa em cada umas das extremidades do cilindro de acrílico. Se observarmos a caneta fechada com a tampa, veremos que ela assume a forma de um cilindro de aproximadamente quinze centímetros de comprimento e meio centímetro de diâmetro. Por ser constituída de materiais leves, como plástico e acrílico, seu peso é muito pequeno. O tubo externo é translúcido e as tampas de plástico apresentam a mesma cor da tinta dessa caneta: azul. A tampa externa tem o formato de cone alongado e dela sai uma pequena haste. A caneta esferográfica encontra-se hoje em todos os lugares, entre os quais escolas, firmas, escritórios e consultórios. Estará presente sempre que alguém quiser escrever algo sem sujar as mãos de tinta. (Autor desconhecido). Figura 11 – E este simples objeto? Como poderíamos descrevê-lo? 52 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Descrição x definição Não confundir descrição com definição. A definição é o que vem no dicionário sobre determinada palavra. Já a descrição fala em pormenores sobre um determinado objeto, e não sobre todos os objetos da mesma categoria. Por exemplo, a palavra “mulher” no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e significa indivíduo do sexo feminino, considerado do ponto de vista das características biológicas, do aspecto ou forma corporal, como tipo representativo de determinada região geográfica, época etc. Se tiver que descrever uma mulher, você deverá saber qual é essa mulher. Também poderá fazê-lo a partir de lembranças ou de suposições, da criação de uma mulher para o exercício. Quadro 4 – Exemplos de definições e descrições Definição Descrição Casa Edifício de formatos e tamanhos variados, geralmente de um ou dois andares, quase sempre destinado à habitação. Era a própria encarnação da minha avó. Branquinha e de janelas azuis, era toda paz, como era minha vovó com seus lindos cabelos brancos e sapatinhos pretos. Carro Veículo que se locomove sobre rodas para transporte de passageiros ou de cargas. Aquele era todo amarelo forte, mais forte que cor de canarinho e tinha um ronco de fazer acordar a vizinhança. Menino Criança ou adolescente do sexo masculino; garoto, guri, miúdo. Que coisa mais linda era o menininho de cabelinhos cacheadinhos, todo loiro! Gordinho, comia as mãos quando olhava para as pessoas, como se pedisse comida. Figura 12 – As definições são a forma como encontramos as palavras nos dicionários 3.2 Narração Em um texto narrativo, sempre deve existir um fato vivido por personagens em determinado tempo e espaço, o qual é contado por um narrador presente ou não na história; pode participar da história contada, como narrador-personagem, ou pode contá-la de fora, como narrador-observador. 53 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL • Narrador — Onipresente (narrador-personagem): 1ª pessoa – é uma espécie de testemunha invisível de tudo o que acontece e, com uma linguagem subjetiva, ele tenta transmitir ao leitor o que as personagens estão sentindo e pensando. — Onisciente (narrador-observador): 3ª pessoa, o narrador não participa dos acontecimentos, limitando-se a contar sem se envolver, usando uma linguagem objetiva. • Fato: o acontecimento em si. • Enredo: é a trama, comparada ao esqueleto da narrativa, que dá sustentação à história; geralmente, está centrado em um conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa. • Ambiente: é o espaço onde as personagens atuam e se desenrola o enredo. • Tempo: quando os fatos acontecem. • Personagens: são os seres que atuam, isto é, que vivem o enredo. O enredo normalmente tem como início uma apresentação, em que se estabelece o fato, depois passa por uma complicação, fase de conflitos entre as personagens, chega ao clímax, que é um momento de grande tensão, e termina com o desfecho, parte em que a história tem seu final. O narrador, ao transmitir a fala das personagens, pode fazê-lo por intermédio do discurso direto, do discurso indireto ou do discurso indireto livre. A presença desses elementos é o mínimo para que determinado texto seja considerado uma narração. A qualidade da narrativa, no entanto, fica por conta da articulação desses elementos, feita por meio de uma linguagem adequada. Uma narrativa deve contemplar: • fato (o quê?); • personagens (quem?); • narrador; • tempo (quando?); • ambiente ou cenário (onde?); • enredo (tensão, clímax). 54 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Observação Os principais elementos são o fato e o narrador. Conheça uma narração literária: A galinha Cocoricó estava há dias chocando seu ovo, quando ouviu um barulhinho: — Chegou a hora! Meu filho vai nascer! A casca do ovo foi se partindo e uma frágil criaturinha começou a dar sinal de vida. Cocoricó não cansava de admirar a sua cria, que, toda desengonçada, tentava equilibrar-se sobre suas cambaleantes perninhas. Passadas algumas horas, lá estava o pintinho amarelinho, fofinho, aconchegado sob as penas de Cocoricó. — Você vai se chamar Uto! (Autor desconhecido). Acompanhe o exemplo sobre as partes da narração apontado por Andrade e Henriques (2010, p. 125) no poema Pardalzinho, de Manuel Bandeira (1974, p. 265): O pardalzinho nasceu Livre. Quebraram-lhe a asa Sacha lhe deu uma casa, Água, comida e carinhos, Foram cuidados em vão; A casa era uma prisão, O pardalzinho morreu. O corpo Sacha enterrou No jardim; a alma, essa voou Para o céu dos passarinhos! Pardalzinho O pardalzinho nasceu Livre. Quebraram-lhe a asa Apresentação Sacha lhe deu uma casa, Água, comida e carinhos, Foram cuidadosem vão; Complicação 55 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL A casa era uma prisão, O pardalzinho morreu. Clímax O corpo Sacha enterrou No jardim; a alma, essa voou Para o céu dos passarinhos! Desfecho Veja que a narração não aparece apenas nos contos, romances ou outros tipos de prosa. Ela aparece em letras de música. Há uma música de Gilberto Gil, chamada Domingo no Parque, que é uma narrativa completa. Exposição: identificação das personagens O rei da brincadeira – ê, José O rei da confusão – ê, João Um trabalhava na feira – ê, José Outro na construção – ê, João Desenvolvimento: encadeamento de ações A semana passada, no fim da semana João resolveu não brigar No domingo de tarde saiu apressado E não foi pra Ribeira jogar Capoeira Não foi pra lá pra Ribeira Foi namorar O José como sempre no fim da semana Guardou a barraca e sumiu Foi fazer no domingo um passeio no parque Lá perto da Boca do Rio Foi no parque que ele avistou Juliana Foi que ele viu Juliana na roda com João Uma rosa e um sorvete na mão Juliana, seu sonho, uma ilusão Juliana e o amigo João Complicação: ponto de tensão O espinho da rosa feriu Zé E o sorvete gelou seu coração O sorvete e a rosa – ô, José A rosa e o sorvete – ô, José Oi, dançando no peito – ô, José Do José brincalhão – ô, José O sorvete e a rosa – ô, José 56 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II A rosa e o sorvete – ô, José Oi, girando na mente – ô, José Do José brincalhão – ô, José Juliana girando – oi, girando Oi, na roda gigante – oi, girando Oi, na roda gigante – oi, girando O amigo João – João O sorvete é morango – é vermelho Oi, girando, e a rosa – é vermelha Oi, girando, girando – é vermelha Clímax: ponto de maior tensão Oi, girando, girando – olha a faca! Olha o sangue na mão – ê, José Juliana no chão – ê, José Outro corpo caído – ê, José Seu amigo, João – ê, José Desfecho Amanhã não tem feira – ê, José Não tem mais construção – ê, João Não tem mais brincadeira – ê, José Não tem mais confusão – ê, João Lembrete Elementos da narrativa Enredo (história – conjunto de incidentes), relato de fatos, presença de narrador, presença de personagens, cenário, tempo, apresentação de um conflito. Geralmente é mesclada com descrições e discurso na forma direta e indireta. Linguagem do cinema O cinema e outras linguagens influenciam a literatura e vice-versa. As linguagens da televisão, do cinema, dos quadrinhos e da propaganda, desde o seu surgimento, foram deixando marcas em textos literários e jornalísticos, pois passaram a fazer parte do nosso cotidiano. O processo é recíproco. Há textos em que é quase possível enxergar uma cena de filme. Cada vez mais as narrativas contemporâneas vêm incorporando essa maneira “cinematográfica” de contar uma história. [...] Entrei no apartamento ainda perplexo, chutando sem querer um telegrama sob a porta. Peguei-o, fui para a cama e liguei a TV. Entrevistavam 57 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Castilho, o ministro toureiro que prometia vida melhor aos brasileiros. Tateei o telegrama sem a menor disposição de abri-lo já que, segundo os últimos acontecimentos, nele sim estaria a passagem para uma mudança, para uma (temida?) transformação. Imagens da infância. Lembranças, família, Brasil... Abri o telegrama. “Precisamos muito de você. Volte, por favor. Sandra C.” (PAIVA, 1992, p. 65). Devolvo a chave para o porteiro. Pego um táxi. Levo no bolso o maço de dinheiro que me deram. O outro bolso está pesado de fichas de telefone. Já decidi o hotel para onde vou, um que fica na rua Buarque de Macedo, no Flamengo. Nunca estive lá. No caminho compro uma pequena mala, seis cuecas, seis camisas, uma calça, creme de barbear e gilete (FONSECA, 1994, p. 97-98). A internet permitiu que muitas pessoas passassem a escrever, por meio de histórias criadas por escritores não profissionais que publicam na rede. Já se falam em novos gêneros de textos, como os fanfictions, ou fanfics. Esses autores baseiam-se em outros contextos, como letras de músicas, romances, poemas, produções audiovisuais das mais variadas, revistas em quadrinhos, entre outros, e nasce da vontade de um fã dar continuidade a uma história. 3.2.1 Discurso direto e discurso indireto Nas narrativas, sempre há muitos diálogos, conversas, e também alguém dizendo algo que outra pessoa (personagem) falou. Vamos entender então como usar o discurso direto e o discurso indireto. Quando vamos escrever o que foi escrito ou dito por outra pessoa, podemos fazê-lo exatamente como a pessoa disse, repetindo as palavras. Esse é o discurso direto. Exemplo: • O aumento dos combustíveis não poderá ultrapassar o índice anualizado da inflação – disse o ministro da Fazenda. Dessa forma, as palavras do ministro foram reproduzidas da mesma forma como ele as pronunciou. Outra possibilidade seria escrever o que o ministro disse de outra maneira, de forma indireta. Este é o discurso indireto: • O ministro da Fazenda disse que o aumento dos combustíveis não poderá ser maior do que o índice anualizado da inflação. 58 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Discurso direto Exemplos: • Gostaria muito de comprar um carro novo neste ano – ele me disse isso em 2006. • O vício do álcool é altamente prejudicial à saúde – afirmou a dra. Rosane. • Durante todo o verão, continuarei trabalhando aqui – disse ele. • Acredito que meu chefe não volte hoje – disse a secretária. • Foi algo muito agradável – alegrou-se ela. • Eu ia ajudar, mas o dinheiro logo acabou – justificou-se. • Já tinha feito o exercício – disse Carol. Discurso indireto Exemplos: • Em 2006, ele me disse que gostaria muito de comprar um carro novo naquele ano. • A dra. Rosane afirmou que o vício do álcool é altamente prejudicial à saúde. • Ele disse que durante todo o verão continuará trabalhando lá. • A secretária disse que não acredita que o seu chefe volte hoje. • Ela alegrou-se ao dizer que havia sido algo muito agradável. • Justificou-se que ajudaria, mas que o dinheiro havia acabado. • Carol disse que já tinha feito o exercício. Discurso indireto livre O discurso indireto livre também é chamado de semi-indireto. Nele, “a fala da personagem ou parte dela inclui-se no discurso indireto pelo qual o autor apresenta os fatos” (NADÓLSKIS, 2013, p. 168). Além disso, a fala não é diferenciada nem por aspas nem graficamente do discurso indireto do narrador, e não é introduzida por um verbo de declaração (falou, declarou, disse, argumenta etc.). Entregue aos arranjos da casa, regando os craveiros e as panelas de losna, descendo ao bebedouro com o pote vazio e regressando com o pote cheio, deixava os filhos soltos no barreiro, enlameados como porcos. E eles estavam 59 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL perguntadores, insuportáveis. Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha (RAMOS, 1980, p. 10). [...] Contudo, no caso do homem que queria um barco, as coisas não se passaram bem assim. Quando a mulher da limpeza lhe perguntou pela nesga da porta, Que é que tu queres, o homem, em lugar de pedir, como era o costume de todos, um título, uma condecoração, ou simplesmente dinheiro, respondeu, Quero falar ao rei, Já sabes que o rei não pode vir, está na porta dos obséquios, respondeu a mulher,Pois então vai lá dizer-lhe que não saio daqui até que ele venha, pessoalmente, saber o que quero, rematou o homem, e deitou-se ao comprido no limiar, tapando-se com a manta por causa do frio. Entrar e sair, só por cima dele. Ora, isto era um enorme problema, se tivermos em consideração que, de acordo com a pragmática das portas, ali só se podia atender um suplicante de cada vez, donde resultava que, enquanto houvesse alguém à espera de resposta, nenhuma outra pessoa se poderia aproximar a fim de expor as suas necessidades ou as suas ambições. À primeira vista, quem ficava a ganhar com este artigo do regulamento era o rei, dado que, sendo menos numerosa a gente que o vinha incomodar com lamúrias, mais tempo ele passava a ter, e mais descanso, para receber, contemplar e guardar os obséquios [...] (SARAMAGO, 1997, p. 2-3). Esse tipo de discurso é o mais difícil de ser redigido e alguns autores dizem que nele, que não tem nenhum tipo de marcação, o autor capta o pensamento da personagem em um texto em terceira pessoa, sem dar nenhum sinal disso, sem aspas, sem travessão, nada. É muito comum em textos contemporâneos. Figura 13 – Os discursos diretos e indiretos representam as conversas, os diálogos nas narrações 60 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Saiba mais Conheça o livro Todos os Nomes, de José Saramago. Ele escreve esse livro do começo ao fim sem dividir os parágrafos, sem separar os diálogos nem os discursos diretos dos indiretos. A obra trata do Senhor José, um funcionário antigo da Conservatória Geral do Registro Civil já chegado aos 50 anos, sem amigos, sem família e sem grandes ambições. Como diversão, cultiva o hábito de colecionar recortes de jornais e revistas sobre pessoas famosas, artistas, políticos, pessoas comuns, banqueiros, assassinos. SARAMAGO, J. Todos os nomes. São Paulo: Cia das Letras, 1997. 3.3 Dissertação Dissertação é uma forma de redação em que se apresentam considerações a respeito de um tema para expor, explanar, explicar ou interpretar ideias. Caracteriza-se pela reflexão, por vocabulário próprio, proposições e enunciados (ANDRADE; HENRIQUES, 2010). Dissertação expositiva É a apresentação e discussão de uma ideia, de um assunto ou de uma doutrina, de forma ordenada. Nesse tipo de texto não se tem o objetivo de convencer ninguém a fazer algo, não se usando, portanto, de argumentos para isso. Nesse tipo de texto, o autor apenas informa o leitor sobre determinado tema, sem o propósito de convencimento, não é importante obter adesões ao seu ponto de vista. Vejamos um exemplo: O sistema presidencial de governo nasceu nos Estados Unidos com a constituição de 1787, na Convenção de Filadélfia. Sua formação teórica foi precedida de fato histórico; não sendo, pois, obra de nenhum arranjo ou convenção teórica. Sustenta-se que o presidencialismo é o poder monárquico na versão republicana. O presidencialismo, ao contrário do parlamentarismo, é demarcado por uma rígida separação de Poderes, assentada na independência orgânica e na especialização funcional (CARVALHO, 2008, p. 223). 61 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Dissertação argumentativa Nesse tipo de texto, apresentam-se o debate e a discussão de uma ideia, assunto ou doutrina. O objetivo é influenciar e persuadir, conquistar o leitor da mensagem. Possui, por isso, argumentos que levam o leitor a mudar de ideia em relação a algo ou a adotar outra forma de pensamento, e tantas outras possibilidades. A dissertação divide-se em três partes, segundo Andrade e Henriques (2010): • Introdução, apresentação ou prólogo: etapa em que se destaca a ideia, objeto das considerações do autor para situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido. • Desenvolvimento, análise ou explanação: parte que trata do assunto de forma completa com a apresentação dos fatos, ideias, argumentos exigidos. É a fase de reflexão, e apoia-se em testemunhos, exemplos, autoridades, estatísticas e outros dados. • Conclusão ou fecho: é a síntese que encerra o trabalho, com a reafirmação da ideia central, apontada no início. Deve estar apoiada no que foi dito. Para escrever bem uma dissertação é ideal fazer um esquema: Introdução: no primeiro parágrafo você deverá expor o problema e o caminho a ser seguido no texto para expô-lo ou para defender algum ponto de vista a respeito dele. Desenvolvimento: aqui se encontram os argumentos, opiniões, estatísticas, fatos e exemplos. Ao apresentá-los você deve sempre se direcionar para um lado da questão, um ângulo de visão, uma opinião específica. Essa opinião deve ser anteriormente pensada e analisada para que se possa fazer uma boa argumentação ou exposição. Conclusão: aqui você deixa claro o objetivo da sua dissertação, expõe o ponto de vista defendido ou a conclusão da sua exposição de forma que se arremate todos os argumentos utilizados durante a construção do texto (ARAÚJO, [s.d.]). Exemplo de aplicação Imagine que na empresa em que você trabalha surgiu uma vaga para a área de gerência comercial, área com a qual você já teve experiência em seu emprego anterior. Você precisa informar que deseja ocupar a vaga e convencer os responsáveis de que é a pessoa ideal para a atividade. Como fazer uma dissertação assim? 62 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II O excerto a seguir acentua um exemplo de dissertação argumentativa: Proposta tímida A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo vem de ingressar no debate acerca da reforma tributária, propondo – nas mesmas linhas de sugestão feita pelo tributarista Ives Gandra da Silva Martins há cerca de um ano – uma estrutura fiscal de apenas cinco impostos: sobre renda, patrimônio imobiliário, circulação de mercadorias, propriedade imobiliária urbana e sobre terra. Essa sugestão, sem dúvida, caminha no sentido correto do enxugamento da colcha de retalhos em que se transformou o sistema fiscal no Brasil. Porém, ao reduzir de cerca de 15 para cinco o número de impostos no país – vale lembrar que a relação de mais de 50 tributos inclui taxas, contribuições e outros impostos que pouco representam do ponto de vista substantivo –, a proposta da Fiesp mostra-se ainda excessivamente tímida diante dos enormes desvios que cabe corrigir. Com efeito, ao conservar os impostos de renda e sobre circulação, preserva-se a maior parte da estrutura atual. A manutenção desses dois gravames exigirá dos contribuintes praticamente a mesma máquina burocrática de escrituração tributária. Terá que permanecer, ademais, todo o aparato de fiscalização do governo, e sobreviverão, com o mesmo ímpeto, os incentivos à sonegação. Portanto, a proposta não constitui, a rigor, uma inovação, mas apenas um corte no número de impostos; mantém a mesma filosofia tributária e os mesmos métodos de apuração que existem hoje. É preciso, nesse sentido, uma proposta mais abrangente e ousada, capaz não apenas de reduzir custos e aumentar a eficiência da arrecadação, mas, principalmente, de maximizar o universo de contribuintes e, assim, minimizar as alíquotas. Os cinco impostos da sugestão da Fiesp, contudo, permitem a sobrevivência de quase todos os custos, desvios e distorções atuais – exatamente aquilo que se pretende superar com a discussão de novos rumos para a sistemática tributária brasileira. Fonte: Proposta... (1991). Esse é um texto argumentativo, pois o jornal está sendo contrário a pontos da reforma e sugere alterações. O assunto apresenta-se no primeiro parágrafo, e a discordância se caracteriza a partir do segundo, com a palavra “porém”. Nosparágrafos subsequentes estão os argumentos. A conclusão aparece no quinto parágrafo, de “é preciso” até “alíquotas”. Sem dúvida, uma reportagem antiga, mas que se aplica perfeitamente ao cenário atual! 63 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Observe as principais diferenças entre os três tipos de texto: Quadro 5 Descrição Narração Dissertação Conteúdo específico Retrato verbal – imagem: aspectos que caracterizam, singularizam o ser ou objeto descrito. Fatos – pessoas e ações que geram o fato e as circunstâncias em que este ocorre: tempo, lugar, causa, consequência etc. Ideias – exposição, debate, interpretação, avaliação. Explicar, discutir, interpretar, avaliar ideias. Faculdade humana • Observação. • Percepção. • Relativismo desta percepção. • Imaginação (casos fictícios). • Pesquisa. • Observação (casos reais). Predomínio da razão, reflexão, raciocínio, argumentação. Trabalho de composição • Coleta de dados. • Seleção de imagens, aspectos — os mais singularizantes. • Classificação – enumeração das imagens e/ou aspectos selecionados. • Levantamento (criação ou pesquisa) dos fatos. • Organização dos elementos narrativos (fatos, personagens, ambiente, tempo e outras circunstâncias). • Classificação – sucessão. • Levantamento das ideias. • Definição do ponto de vista dissertativo: exposição, discussão, interpretação. Formas Descrição subjetiva: criação, estrutura mais livre. Descrição objetiva: precisão, descrição e modo científico. Narração artística: subjetividade, criação, fatos fictícios. Narração objetiva: fatos, fidelidade. Dissertação científica: objetividade, coerência, solidez na argumentação, ausência de intervenções pessoais, emocionais, análise de ideias. Dissertação literária: criatividade e argumentação. Adaptado de: Portal Educação ([s.d.]). 3.4 Resumo Fazer resumos é tarefa corrente na vida estudantil, e também na profissional. A capacidade de síntese é importante para bons textos. A língua possibilita substituirmos afirmações, locuções, formas compostas, como “tinha sido” por “fora”, por exemplo, “na nossa língua vernácula” por “em português”, e tantas outras “delongas”, digamos. Tudo isso torna o texto mais longo e dificulta a busca por maior clareza, expressividade e melhor compreensão do leitor. Esses pormenores, geralmente, nada acrescentam à essência do conteúdo, mas aumentam o texto. Precisamos de um texto breve, que proporcione uma comunicação rápida. Se pensarmos em tempos de redes sociais então, quantas palavras temos paciência e vontade para ler? Quantas linhas, no máximo, você consegue ler, sem parar? Isso quando estamos nos comunicando e escrevendo rapidamente. Também há momentos de estudo e de aprofundamento de temas que precisamos, gostamos ou queremos conhecer, mas precisamos desenvolver nossa capacidade de síntese, seja falando, seja escrevendo. Assim, podemos escrever de forma mais breve e com menos pormenores. Para isso, podemos resumir os materiais. Qual tipo? Livros, capítulos de livros, monografias e teses, relatórios específicos e tantos outros disponíveis por aí. 64 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Para os resumos de trabalhos acadêmicos, existe uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) específica para isso, a NBR 6028, acentuando que o resumo é a apresentação concisa de pontos relevantes de um documento e sempre é acompanhado de palavras-chave, quando se trata de artigos acadêmicos e científicos. As palavras-chave devem ser representativas do conteúdo do documento e devem ser evitadas as que já figuram no título (ABNT, 2003). Vejamos os tipos de resumo: • crítico: faz análise interpretativa de um texto, geralmente feita por especialistas. É também denominado resenha ou recensão (quando analisa apenas uma edição entre várias). • indicativo: resume apenas os pontos principais. Usual em prospectos e catálogos e não dispensa a consulta ao original, pois não apresenta dados quanti e qualitativos. • informativo: ressalta, de modo conciso, finalidades, metodologia, resultados e conclusões. Evidencia ao leitor se ele deve ler o texto todo ou não. Para fazer um bom resumo, leia o texto uma, duas, três vezes. Comece pesquisando as palavras desconhecidas, veja se são necessários conhecimentos anteriores que você não tem e pesquise, até compreendê-lo convenientemente. Para fazer um bom resumo, deve-se compreender adequadamente o texto. Não há como fazê-lo sem atender essa condição. Inicie buscando a ideia principal, o mote central que move o texto, que o levou ao resultado. A ideia principal do autor deve aparecer logo no início, e é imprescindível usar a terceira pessoa do singular, de preferência em frases afirmativas. Encontrada a ideia principal, deve-se eliminar tudo o que não é essencial para a compreensão dela, como excesso de exemplos, afirmações repetidas do autor, dados que se desviem do tema central do texto. Quando conseguir determinar o que realmente é importante, escreva o resumo com palavras com as quais está mais acostumado a usar; faça o resumo após a leitura, para não ficar influenciado pelas palavras do autor. Use vocabulário próprio, com sua forma de escrever. Utilize frases curtas e linguagem clara e breve, na ordem direta. Revise seu texto, comparando-o com o texto original. Se o trabalho referir-se apenas a um trecho, faça o resumo parágrafo por parágrafo. Tire as ideias centrais de cada um deles, que devem estar no início ou no fim, mas também podem estar diluídas no texto. Para resumir textos maiores, capítulos ou um livro inteiro, procure observar o plano do autor para escrever. Técnica de sublinhar A técnica de sublinhar ajuda bastante quem não tem prática em fazer resumos. Basicamente, trata-se de marcar as frases mais importantes, a ideia central. Pode-se até escrever uma palavra ao 65 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL lado que determine o significado daquele parágrafo. Pode-se usar canetas coloridas, uma cor para marcar a ideia central, outra para ideias secundárias e outra, ainda, para exemplos significativos, e assim por diante. Após sublinhar, parte-se então para reescrever o texto, a partir das anotações. As recomendações anteriores também servem para a técnica de sublinhar. Deve-se ler o texto e verificar se está em conformidade com o original. Escreva com suas palavras. Esquema ou quadro sinóptico Para fazer um esquema, as dicas anteriores devem ser seguidas e a compreensão total do texto é imprescindível. Siga os seguintes passos: • enumerar os elementos importantes; • elencar as ideias centrais do texto; • fazer representação gráfica do que se leu. • usar chaves e números, se preciso; • ter uma compreensão das partes do texto, pois sem isso não é possível esquematizar; • observar a fidelidade ao original; • cuidar da estrutura lógica do trabalho; • criar flexibilidade e funcionalidade (para que rapidamente se tenha uma ideia do conteúdo). O exemplo a seguir destaca bem o que estudamos. Texto em destaque [...] Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou. Quando nós, professores, nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por assim dizer, lhes “fertilizarmos”a mente, o resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir ideias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas. Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras, quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam ideias; estas, se 66 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II existem, é que, forçosamente, acabam corporificando-se naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-las, fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer, porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente satisfatória. Fonte: Garcia (2009a, p. 275). Aplicando a técnica de sublinhar Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou. Quando nós, professores, nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por assim dizer, lhes “fertilizarmos” a mente, o resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir ideias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas. Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras, quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam ideias; estas, se existem, é que, forçosamente, acabam corporificando-se naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-las, fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer, porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente satisfatória. Aplicando a técnica de esquematizar: Aprender a escrever – aprender a pensar. Nao se transmite o que nao se criou ou guardou. Temas sem roteiros – mau resultado. Nao bastam palavras e conhecimentos gramaticais. Se pensar com clareza, a expressão é satisfatória. Redigindo o resumo com as próprias palavras: Aprender a escrever é aprender a pensar, encontrar ideias e concatená-las. Só se pode transmitir o que a mente criou ou aprovisionou. 67 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Se o professor dá o tema e não sugere roteiros, o resultado é desanimador, mesmo que o aluno tenha as palavras e conhecimentos gramaticais. Se pensar com clareza, a expressão será satisfatória. Algumas indicações, que vêm do mundo acadêmico, podem ser úteis para escrever nossos resumos, entenda: • Resumo é a condensação do texto, sintetizado nas ideias centrais. • Levantar o esquema e preparar as anotações de leitura. • Use frases breves, objetivas, sempre acrescentando as referências bibliográficas e observações de caráter pessoal, se necessário. • Ler e reler o texto. • Procurar a ideia-chave de cada parágrafo. • Colocar em ordem e relacionar as ideias dos parágrafos. • Escrever a síntese, formando frases com todas as ideias principais. • Confrontar a síntese com o original para que nada de importante falte no resumo. • Redigir com as próprias palavras. Saiba mais Para mais informações, leia: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). Resumos. Recomendações Gerais. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, [s.d.]. Disponível em: <http://www.biblioteca.fsp.usp.br/~biblioteca/guia/a_cap_05.htm>. Acesso em: 31 out. 2018. Observação O resumo dos trabalhos acadêmicos deve ser redigido em um único parágrafo, com frases simples, coerentes e com continuidade (começo, meio e fim). A ABNT (2003) recomenda os seguintes tamanhos para os resumos: 68 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II • para notas e comunicações breves, até 100 palavras; • para monografias e artigos, até 250 palavras; • para relatórios e teses, até 500 palavras. Figura 14 – Marcar o texto de alguma maneira ajuda para elaborar o resumo Figura 15 – Você pode desenvolver sua própria maneira de marcar os textos para facilitar o seu trabalho 3.5 Resenha crítica e os textos acadêmicos Aqui entramos na parte geralmente mais difícil, do ponto de vista dos estudantes, que são convidados a refletir sobre temas e assuntos que não estão acostumados e devem escrever as suas próprias resenhas. Uma resenha não é um resumo. As resenhas partem de um material anterior, um texto, um filme, um livro, e o autor faz uma crítica pessoal a respeito, mas não escreve isso em primeira pessoa, o texto é sempre em terceira pessoa. Uma resenha, também chamada de resenha crítica, é uma síntese geral informativa e avaliativa que pressupõe crítica, opinião. 69 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Podemos comparar as resenhas que fazemos em nossas atividades para as disciplinas, com os textos acadêmicos, para os quais as resenhas compõem-se como [...] artigos de divulgação científica em que se verifica uma ideia sobre o conteúdo de uma obra por meio de um resumo de seu conteúdo e, também, se exerce análise crítica, observando a expressão linguística, os métodos, os conceitos, os seus valores de açor com os objetivos do texto resenhado. Para maior validade da análise crítica, apoia-se, com citações bibliográfica, nas opiniões de outros estudiosos de reconhecida autoridade no assunto (NADÓLSKIS, 2013, p. 223). A resenha deve ser composta de uma rápida introdução sobre o tema, com as referências bibliográficas e dados sobre o autor; um breve resumo do conteúdo; análise com julgamentos de valores dos pontos mais importantes (em obras literárias, estuda-se a construção das personagens, psicológica e sociais); apreciação da obra quanto ao seu valor científico ou estético em visão crítica objetiva, imparcial, sem digressões, que mais ressaltam as ideias do resenhador do que do resenhado; avalia-se a relevância da obra dentro da área de atuação; apresenta-se ainda uma conclusão que abranja o valor do conjunto todo da obra. Lembrete Uma resenha crítica não é apenas um resumo benfeito da obra. Ela precisa ter um conteúdo crítico, que exponha a opinião do autor da resenha, sempre redigido em terceira pessoa. O excerto a seguir acentua um exemplo de resenha crítica: Entenda Macunaíma, seus mitos e lendas Lançada em 1928, Macunaíma, a obra-prima de Mário de Andrade, conta a vida do herói sem nenhum caráter, personagem síntese do homem brasileiro e ainda se mantém como um dos livros mais atuais da literatura brasileira. Uma viagem pelo universo do personagem e do próprio livro estão na obra Macunaíma, da professora da língua e literatura Noemi Jaffe. A obra comenta em detalhes cada capítulo do livro, analisando todos os mitos e lendas que Mário de Andrade adaptou do folclore indígena, africano e europeu, além de discutir os desdobramentos da produção literária na cultura brasileira. O esforço de Jaffe está em estimular a leitura de Macunaíma – ao contrário de muitos trabalhos de introdução às grandes obras, em especial aqueles voltados para vestibulandos, que não escondem a proposta de dispensar a leitura dos textos que apresentam. Como o nome indica, a série “Folha Explica” ambiciona explicar os assuntos tratadose fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que 70 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país. Macunaíma é um dos livros mais importantes da literatura brasileira, por várias razões: as rupturas narrativas de tempo, espaço e composição de personagem; a ruptura linguística, que mistura o culto e o popular, o urbano e o regional, o escrito e o oral, contribuindo para o estabelecimento de uma “fala brasileira”; a importância da narrativa como personagem propriamente, já que o texto se assume como um relato e o narrador como seu relator; a personagem, herói sem nenhum caráter, que se situa além do bem e do mal; o significado geral da obra, que sintetiza uma reflexão crítica sobre a personalidade do homem brasileiro. E poderíamos citar muitos outros motivos. O fato é que Macunaíma se inscreveu como parte de nossa cultura, incitando polêmicas e desdobramentos em todas as gerações subsequentes, mas sobretudo muita surpresa e prazer. Assim como Macunaíma, seu autor, Mário de Andrade (1893-1945), também é fundamental para a compreensão da singularidade do modernismo brasileiro e das manifestações que viriam sucedê-lo. Mário foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, criador de várias obras importantes, como Amar, Verbo Intransitivo, Lira Paulistana, Contos Novos e Clã do Jabuti; um garimpeiro da cultura popular e do folclore; músico e professor; autor de uma correspondência criativa e crítica sobre a literatura, a música e a cultura brasileiras; crítico da própria obra e do modernismo em geral. Com tantas grandezas envolvidas, tanto da obra como do autor, seria mesmo difícil compreendê-los inteiramente num espaço pequeno como o deste livro, que deve ser visto como uma iniciação à leitura de Macunaíma, ou um auxílio para sua compreensão e interpretação. Por tratar-se de uma obra com muitas referências externas, é importante contar com um suporte para a jornada de nosso herói sem caráter. Mas não é o caso, de forma alguma, de substituir a fantástica viagem macunaímica por algum outro texto. O dinamismo, o humor, as contradições, o aprendizado só pode acontecer a partir da rapsódia - tudo mais é paralelo. Aliás, é assim com qualquer obra ou autor. Por mais que se faça uma paráfrase detalhada, com análises e interpretações, como acontece neste livro, a intenção é estimular a leitura e a discussão da obra, especialmente de uma obra tão polêmica quanto Macunaíma. As obras literárias não servem a nada nem a ninguém. A melhor maneira de lê-las, fruí-las e entendê-las é com um sentido íntimo de liberdade, mesmo que tenham sido recomendadas por professores, que sejam necessárias para o trabalho de pesquisa ou para outros fins. Uma obra da dimensão de Macunaíma, mesmo quando sua leitura é obrigatória, só poderá ser conhecida se, durante a leitura, o leitor desobrigar-se de algum objetivo final. Cuidemos disso posteriormente, depois da leitura concluída. Fonte: Folha Online (15 fev. 2009). 71 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Resenhas de filmes Três Anúncios para um Crime Após o assassinato de seu filho, uma mãe jura vingança e justiça para quem cometeu o crime. Cercando o trabalho da polícia local, ela não se conforma com a falta de evidências de que o crime será solucionado. Ela toma, então, uma decisão radical: contratar uma gangue de pistoleiros para que encontrem e deem cabo das pessoas que mataram sua herdeira (TRÊS..., [s.d.]). Veja que nas resenhas sobre filmes, exposições, teatro, normalmente são expostas apenas as informações sobre a obra, em linguagem referencial. As críticas, essas sim, apresentam as opiniões dos autores, tornando-se uma resenha crítica. Figura 16 – As resenhas críticas de arte trazem a opinião de quem as escreve O que são citações? Os estudantes sempre questionam qual a finalidade de se colocar citações nos trabalhos acadêmicos. Vamos conhecer um pouco a respeito. Observe o exemplo de Garcia (2010, p. 8): Muitas empresas têm adotado o tema da sustentabilidade e da responsabilidade social em suas campanhas de comunicação, com altos investimentos nas mídias eletrônicas e impressas, por meio de propaganda ou outras ferramentas, como o merchandising em novelas, por exemplo. Por outro lado, os ambientalistas chamam essa propaganda de greenwash, tradução livre como “pegada verde”, e se refere às comunicações corporativas que tentam mascarar um fraco desempenho ambiental das empresas, que passam a enganar o consumidor com anúncios mentirosos (DOMINGOS, 2008). O que podemos notar nesse trecho? Que foi escrito baseado no pensamento de outra pessoa, de outro autor, no caso Domingos (2008). Nesse caso, não se trata de um autor acadêmico, mas de uma matéria de revista. Observe que é uma citação indireta, e foi escrito com as próprias palavras de Garcia (2010), sem utilizar os comentários ipsis literi do autor. 72 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Destaquemos outro exemplo: Texto em destaque [...] Pioneira no uso de refil para os produtos, a empresa de cosméticos Natura explora conceito não tão novo. Fora da indústria da beleza, os fabricantes de bebidas utilizam refis desde muito tempo, quando as garrafas eram entregues para se comprar um novo produto no armazém ou em qualquer lugar. Hoje, a reciclagem de vidros faz parte desse papel. Quem compra um produto pela primeira vez tem embalagem de melhor qualidade, em que, posteriormente, poderão ser depositadas novas doses de produtos adquiridas sob a forma de refil, com preço mais baixo. Para Bauman, o lixo é o principal e, comprovadamente, mais abundante produto da sociedade líquido-moderna de consumo. Entre as indústrias da sociedade de consumo, a de produção de lixo é a mais sólida e imune a crises. Isso faz da remoção do lixo um dos dois principais desafios que a vida líquida precisa enfrentar e resolver. O outro é a ameaça de ser jogado no lixo (BAUMAN, 2007, p. 17). Fonte: Garcia (2010, p. 48). Aqui temos uma citação direta. Garcia (2010) destaca uma fala do autor Bauman (2007) para justificar, corroborar o seu pensamento a respeito. É por essa razão que precisamos usar citações em nossos trabalhos acadêmicos. Utilizamo-nos das ideias de quem domina o assunto e já o estudou longamente para nos amparar em nossos comentários. Citações diretas e indiretas são as principais. Existe ainda a citação de citação, o famoso apud, quando um autor se refere a outro. Você deve evitar esse tipo de citação, pois indica que você não foi buscar a fonte original, e isso não é bem-visto no meio acadêmico. Agora que você conhece a razão de usarmos citações, saiba que elas possuem regras e formas para serem aplicadas nos trabalhos acadêmicos. Da mesma maneira, para formatar seu trabalho existem diversas normas a serem seguidas. Quando fizer seus trabalhos finais, consulte o Manual de normalização da UNIP (2018). 3.6 Fichamento Os fichamentos são necessários quando se está fazendo uma pesquisa mais ampla para não correr o risco de perder informações. Um fichamento deve ter minimamente as informações sobre o que trata o texto, sua ligação com sua pesquisa e as referências corretas para não se perder. Pode-se também encontrar citações importantes para deixar no fichamento, o que evita ter de voltar ao livro para buscá- las quando tiver que fazer a redação final do trabalho. 73 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am ação : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL O nome fichamento vem de fichas, que eram usadas para elaborar esse trabalho. É possível pensar em um fichamento nesse sentido, basta pensar no computador e suas diversas pastas. O fichamento não precisa ser pensado apenas para a elaboração de trabalhos, mas como uma forma de estudar e assimilar criticamente os melhores textos e temas de sua formação acadêmico-profissional. Segundo Huhne (2000, p. 64 e 65), um fichamento completo deve destacar os seguintes dados: • Indicação bibliográfica: mostrar a fonte da leitura (conforme normas da ABNT). • Resumo: sintetizar o conteúdo da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na introdução pode-se fazer uma pequena apresentação histórica ou ilustrativa). • Citações: apresentar as transcrições significativas da obra. • Comentários: expressar a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e outras obras. • Ideação: colocar em destaque as novas ideias que surgiram durante a leitura reflexiva. Quadro 6 – Modelo Biblioteca Central da Universidade Paulista. Guia de normalização para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade Paulista : ABNT / Biblioteca Central da Universidade Paulista UNIP ; revisado e atualizado pelos Bibliotecários Alice Horiuchi e Rodrigo da C. Aglinskas. – 2018. 52 p. : il. color. 1. Normalização. 2. Trabalhos acadêmicos. 3. ABNT. I. Biblioteca Universidade Paulista. Fonte: UNIP (2018, p. 2). 3.7 Referências Qualquer uma das possibilidades que se use para fazer fichamentos, em trabalhos que se esteja desenvolvendo, é sempre vital colocar as referências completas para facilitar a localização da informação. Trabalhos sem referências indicam que não foram feitos com o devido cuidado e que os dados não são passíveis de serem checados. 74 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Saiba mais Observe algumas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para referências. O manual da UNIP possui todas as formas corretas para as referências nos trabalhos acadêmicos. Leia: UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP). Guia de normalização para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade Paulista: ABNT. Biblioteca Central da UNIP, 2018. Disponível em: <https://www.unip. br/presencial/servicos/biblioteca/download/manual_de_normalizacao_ abnt_2018.pdf>. Acesso em: 31 out. 2018. O exemplo a seguir foi adaptado do Guia da UNIP (2018, p. 28): Monografia no todo (livro, manual enciclopédia, dicionário, tese, dissertação, trabalho acadêmico etc.). Exemplos: Um autor GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Dois autores DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de direito jurídico. São Paulo: Atlas, 1995. Três autores PASSOS, L. M. M.; FONSECA, A.; CHAVES, M. Alegria de saber: matemática, segunda série, 2, primeiro grau: livro do professor. São Paulo: Scipione, 1995. Mais de três autores Indica-se apenas o primeiro, acrescentando-se a expressão et al. URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Brasília: Ipea, 1994. São muitas as normas da ABNT para referências: citações de teses, artigos publicados em periódicos científicos, em revistas e jornais, em materiais encontrados na internet. Faça a sua lista de referências sempre com o manual ao lado para conferir se está fazendo corretamente. 75 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Uma dica é destacar o máximo de informações possíveis sobre a referência e dispor a lista em ordem alfabética geral. Também deve ser verificado se todos os autores citados no texto estão na lista e vice-versa. Não pode sobrar nem faltar! Figura 17 – Pesquisas extensas exigem mais consultas e exigem o recurso do fichamento e as anotações das referências bibliográficas 3.7.1 Considerações sobre conteúdo da internet Você já observou como há uma abundância de materiais distribuídos gratuitamente na internet? Estamos na era do conteúdo, todo mundo produz e distribui material sem cobrar nada. Muitos materiais excelentes, com assinatura de quem escreveu e indicações bibliográficas. Outros, no entanto, realmente duvidosos. O marketing de conteúdo ganhou a internet já há algum tempo. O que acontece? Qualquer texto, para se tornar relevante para o Google, deve ser clicado (acessado) e quem busca precisa entrar no site. Quando isso ocorre, o Google considera relevante e coloca o site no topo das buscas caso muitas pessoas acessem esse conteúdo. O que as empresas fizeram? Investiram em marketing de conteúdo para aumentar a chance de visitantes, o que eleva o número de topos, expandindo a relevância. Aparentemente, é um ciclo infinito. O que acontece com nossas pesquisas para trabalhos escolares? Muitas vezes vemos conteúdos excelentes, porém eles não têm dono nem assinatura, pois fazem parte dessa avalanche de materiais criados para serem encontrados pelos buscadores e clicados por quem faz a pesquisa e, assim, serem considerados relevantes. 76 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Desse modo, é preciso atenção ao usar conteúdos em seus trabalhos realizados, evitando indicar sites que apenas replicam qualquer material, sem nenhuma verificação. 4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM APLICADAS À COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Como foi visto no processo de comunicação, o receptor precisa entender o que o emissor quer dizer para dar uma resposta esperada, o feedback. Conforme o objetivo que se tem com a comunicação, a linguagem desempenha uma função, seja de informar, seja de persuadir, sempre com o fito de ser mais bem compreendida pelo receptor. Quando falamos, temos que nos adequar ao ambiente, e quando escrevemos isso também deve prevalecer. 4.1 Como escrever bem textos empresariais Escrever bem hoje é como falar bem em público. Há a necessidade de desenvolver essa habilidade, pois é uma exigência do mercado de trabalho. Não serve só para isso, mas também para sua vida pessoal. A comunicação escrita se desenvolve em vários níveis dentro de uma empresa, e seus principais objetivos giram em torno de: • obter e fornecer informação; • promover uma ação específica; • promover, manter ou encerrar relacionamentos comerciais. E tantas outras possibilidades. O que é importante saber para escrever um bom texto empresarial? Primeiro, é preciso dominar fatores que atrapalham a compreensão do texto, como as regras gramaticais, evitando erros de pontuação, de ortografia, entre outros. Deve-se também escrever com a maior clareza possível, evitando palavras rebuscadas, frases obscuras ou que tenham duplo sentido, conforme estudamos anteriormente. Blikstein (2004) apresenta a comunicação escrita como eficaz quando possui: • clareza e objetividade para que a mensagem tenha uma resposta; • precisão para que o outro compreenda o que se está pensando; • persuasão para obter a colaboração e a resposta esperada. O autor ainda aponta fatores que dificultam a comunicação escrita, por exemplo: • interferência física: dificuldade visual, má grafia das palavras, cansaço, falta de iluminação; • interferência cultural: palavras ou frases complicadas ou ambíguas, diferenças de nível social; • interferência psicológica: mensagens que contenham agressividade, aspereza, antipatia. 77 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL O autor ainda diz o seguinte: na comunicação escrita, o emissor do processo de comunicaçãopassa a chamar-se remetente e o receptor, destinatário. A mensagem será compreendida quando: • O remetente transformar suas ideias em mensagem, associando-as a estímulos físicos (letras) ou significantes, formando signos. • O remetente enviar a mensagem constituída de signos ao destinatário. • O destinatário receber os signos, captando os significantes e entendendo os significados ou ideias a eles associados. Quando o destinatário entender o significado, estará apto a produzir uma resposta. Segundo Machado (2003, p. 6), “a comunicação organizacional escrita ainda é praticada com inúmeras deficiências, tanto operacionais quanto de qualidade”. O autor lista as principais delas: • Excesso de detalhes. • Períodos longos demais. • Uso de jargões que não pertencem ao ambiente profissional – mas que se acredita serem símbolos. • De intelectualidade e de conhecimento superior. • Falta de lógica. • Combinação do que é importante com o que não tem relevância. • Falta de cuidado na revisão. • Gentilezas desnecessárias. • Tratamento inadequado. • Palavras impróprias para significar o que o comunicador deseja. • Afirmações sem suporte de informação pertinente. • Informações imprecisas, malformuladas ou não expressas em medidas que permitam avaliar seu significado real. • Redundâncias em excesso. • Uso excessivo de modismos. 78 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Antes de escrever, é essencial pensar um pouco a respeito do assunto. Deve-se definir qual será seu objetivo, o que você pretende com seu texto. Deseja fazer alguém comprar seu produto, persuadir o leitor? Quer fazer uma cotação de preços? Desculpar-se de algum acontecimento que causou prejuízo a alguém? Simplesmente responder a um questionamento de cliente, ou apenas agradecer pela parceria? Outro fator vital é o seu destinatário, para quem está mandando a mensagem, quais são as características dele. O destinatário também define a escolha do veículo que deverá ser utilizado. Para agilizar o processo, muna-se de informações sobre o assunto, relatórios, e-mails trocados, documentos pertinentes, tudo que possa ajudar e facilitar o processo, além de evitar repetições desnecessárias sobre o tema em questão. Na comunicação empresarial, deve-se cuidar da qualidade: os textos devem ser claros, corretos gramaticalmente, objetivos e concisos. Prioriza-se a norma culta ou o nível formal. Podemos dizer que a linguagem possui diversas funções no texto e que cada uma delas serve a uma finalidade. Vejamos quais são essas funções da linguagem. Quadro 7 Referencial ou denotativa Conativa ou apelativa Fática Emotiva ou expressiva Poética Metalinguística Estudemos agora cada uma delas. 4.2 Função referencial ou denotativa Na função referencial, não há a intenção de persuadir o leitor, apenas se transmite a informação. O referente ou contexto é que fica em evidência. Os textos geralmente comunicam de modo bem objetivo, sem adjetivações e sempre prevalece a terceira pessoa do singular ou do plural, pois transmite impessoalidade. Não há possibilidade de outra interpretação além da que está exposta, por isso é chamada denotativa. Veja alguns exemplos: “Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia em que o marido suspeita estar sofrendo de câncer”. “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. 79 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Cia. Teatrodança Ivaldo Bertazzo Em 2002, o coreógrafo paulistano de 61 anos iniciou um trabalho com jovens carentes. Os meninos cresceram e compõem o elenco da companhia de Bertazzo, que estreou o espetáculo Corpo Vivo – Carrossel das Espécies. Dezessete bailarinos, além do ator Rubens Caribé e da cantora lírica Regina Elena Mesquita, participam da peça sobre a evolução do movimento do ser humano. São passos de estilos indiano, grego e street. (90 minutos). Livre. Sesc Pinheiros – Teatro Paulo Autran (1010 lugares). Rua Paes Leme, 195, Pinheiros. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 18h. R$ 30,00. (GIOVANELLI, [s.d.], adaptada). A maioria dos textos da comunicação empresarial é escrita nessa função, pois eles precisam apresentar a maior clareza possível, como nas cartas comerciais, editais, ofícios e relatórios, entre outros, exceto os que tratam de propaganda ou ferramentas de comunicação com a nítida finalidade de persuasão. A função referencial ou denotativa é aplicada também em textos jornalísticos, redações técnicas, manuais de instruções, bulas de remédios, resenhas, resumos, informes e descrições. Exemplos: “Prezado senhor, Informamos que seu pedido nº 327 já foi encaminhado para a transportadora e deve chegar no prazo combinado, em dois dias úteis, a partir desta data”. “Caros funcionários, As férias coletivas desse ano se iniciarão em 23 de dezembro e prosseguirão até 2 de janeiro do próximo ano. No dia 3, impreterivelmente, todos regressam ao trabalho. Departamento Pessoal”. Na propaganda, essa função aparece também quando o objetivo é informar o consumidor sobre produtos e serviços, locais onde encontrá-los etc. Exemplos: • Numa cesta de vime, temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pera. • Museu de Arte Contemporânea – aberto das 9h às 18h. Rua do Ouvidor, nº 507, Rio de Janeiro. • Soft – a espuma de banho com hidratante, umectante e vitamina E. 80 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Na literatura, a função referencial também aparece. No livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, cujo objetivo era narrar a campanha militar contra Antonio Conselheiro, em Canudos, o autor opta, antes de descrever o homem e narrar a guerra, por localizar a ação descrevendo a terra. Essa descrição geográfica de caráter informativo mostra muitos dados objetivos expressos em linguagem técnica e está escrita em função referencial. Conheça um trecho do texto. O sertão de Canudos é um índice sumariando a fisiografia dos sertões do Norte. Resume-os, enfeixa os seus aspectos predominantes numa escala reduzida. É-lhes de algum modo uma zona central comum. De fato, a inflexão peninsular, estremada pelo cabo de São Roque, faz que para ele convirjam as lindes interiores de seis estados – Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí – que o tocam ou demoram distantes poucas léguas (CUNHA, 1968, p. 31). 4.3 Função conativa ou apelativa Na função conativa, a linguagem da propaganda por excelência, o emissor se dirige diretamente ao receptor, por isso nela há muitos pronomes, você e tu, nome das pessoas, vocativos e imperativos. A ideia é convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem, por isso os verbos costumam estar no imperativo – Compre! Faça! Ligue agora! –, ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa – Você não pode perder!, Ele vai melhorar o desempenho do seu carro. Esse tipo de texto é muito comum nos discursos políticos e em sermões. Veja alguns exemplos: • Antes de escolher seu carro novo, vá a uma concessionária Ford. • Beba Coca-Cola. • Vote em “X”, a escolha do eleitor inteligente. • Ah! Finalmente um novo banco. • Sente-se. • Saia. • Aguarde na fila. • Não fume. • Compre Baton, compre Baton, compre Baton. 81 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL YOUR AD HERE Figura 18 – Veja como a função conativa ou apelativa é direta e imperativa: “Seu anúncio aqui”. 4.4 Função fática O objetivo da funçãofática é estabelecer contato com o emissor para averiguar se a mensagem está sendo transmitida. O canal fica em evidência, e a ideia é prolongar ou não o contato, além de testar se houve compreensão. Em um diálogo, essa função é expressa quando o outro diz: “está entendendo?”, “você compreendeu?”. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares. Nos programas jornalísticos e no rádio, as músicas que ficam entre uma notícia e outra, como um som de fundo, realizam uma função fática. Exemplos: • Alô? Está me ouvindo? • Rádio TudoX, a sua melhor companhia! • Alô, Houston! A missão foi cumprida, ok? Devo voltar à nave? Alguém me ouve? Alô! (filme Apolo 13). • Alô! Você está me ouvindo? Um momento, por favor. • Psiu! É com você que eu estou falando. • Hei! Hei! Vocês se lembram da minha voz? • “Olá, como vai? Eu vou indo, e você, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro. E você? Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe? Quanto tempo [...] (VIOLA)” 82 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II 4.5 Função emotiva ou expressiva Na função emotiva, o emissor fica em destaque, e seu objetivo é transmitir suas emoções e seus anseios. A linguagem e a mensagem são subjetivas, por isso prevalece a primeira pessoa do singular, as interjeições, as exclamações, interrogações e reticências, que marcam a subjetividade da mensagem e reforçam a entonação emotiva. A preocupação é com o emitente da mensagem. Essa função aparece nas narrativas de teor dramático ou romântico, memórias, biografias, poesias líricas, bilhetes e cartas de amor. Atualmente, é a linguagem dos blogs e de tantas ferramentas das redes sociais na internet, como Twitter, Orkut, Facebook, Instagram e outros. Geralmente, a personagem principal narra sua história em primeira pessoa, e, no texto, sentimentos e pensamentos se misturam. Vamos a um exemplo: Poema de sete faces [...] Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode (ANDRADE, 1930, p. 11). [...] Natal na barca Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E que me sentia bem naquela solidão. Na embarcação desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz vacilante: um velho, uma mulher com uma criança e eu (TELLES, 2009, p. 80). [...] Cidades mortas Ah! Perdi a tramontana! Agarrei a garrafa que estava na minha frente e abri a cabeça da santa criatura com uma pancada horrível! De nada mais me lembro. Ouvi um berro, um clamor. Senti o pânico em redor de mim e corri para a rua como um ébrio. Foi quando... (LOBATO, 1948, p. 91). [...] 83 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL John McEnroe amadurece para amar as artes Eu me lembro de um Monet em um museu de Paris, que eu não tinha entendido nada. [...] Acho que aquilo foi a minha introdução ao mundo das artes. Eu despertei para a pintura. Ainda não entendia nada. Mas, obviamente, comecei a pegar o jeito à medida que pensava mais naquilo. Depois, descobri que essa coisa de impressionista é boa! (ESTEROW, 1996, p. 46). 4.6 Função poética Na função poética o destaque fica para a mensagem, que é valorizada pelos recursos estilísticos, jogos de sons, grafismos, trocadilhos, disposição das palavras no papel, figuras de linguagem, entre outros. O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos por meio das palavras, da sonoridade e do ritmo, além da combinação diferenciada dos signos linguísticos. Aparece na linguagem figurada de obras literárias (prosa e verso), letras de música, algumas propagandas, fala das crianças. Exemplos: Poesia negócio/ego/ócio/cio/0 Na poesia citada, Epitáfio para um banqueiro, José de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com o poeta. Anúncio publicitário (propaganda do sabão em pó Omo, 1957) “Chegou o milagre azul para lavar! Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo! Onde Omo cai, a sujeira sai!” Poema Poema em linha reta [...] Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda...(PESSOA, 1972, p. 341). 84 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 Unidade II Slogan Tomou Doril, a dor sumiu! Poética Poética O que é poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados Que é um poeta? um homem que trabalha um poema com o suor do seu rosto um homem que tem fome como qualquer outro homem (RICARDO, 1968, p. 11). 4.7 Função metalinguística Essa função refere-se à metalinguagem, ou seja, quando um emissor explica um código usando o próprio código. Entre os elementos de comunicação, fica em destaque o código. É o uso da linguagem para explicar ela própria. Por exemplo, filmes que falam de cinema, livros que tratam de livros, poemas que se referem à poética. A peça teatral de Luigi Pirandello Seis personagens a procura de autor fala o tempo todo sobre uma peça de teatro, evidenciando a linguagem metalinguística. Ela aparece em dicionários, livros de gramática, textos explicativos e didáticos, linguagem científica, comentários ou descritivos de fotografia (imagem) e análises em geral. A audiodescrição também se enquadra aqui. O primeiro dos exemplos a seguir acentua um poema que fala da própria ação de se fazer um poema: Texto em destaque Para fazer um poema dadaísta (Tristan Tzara) Pegue um jornal Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. 85 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 9/ 11 /1 8 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público (TELES, 1976). “Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as ideias para o papel, sinto-me realizada…”. Você, em Portugal, diz ele [Jô Soares], é um tratamento respeitoso, de cerimônia. Na França é completamente diferente: você chama o motorista de vous (que corresponde ao senhor; em português). O tu (que seria você) é dado somente para as pessoas com quem você tem intimidade, não tem nada a ver com classe social. [...] No Brasil é diferente. O tratamento você é aplicado como se fosse uma forma de respeito, mas na realidade estabelece diferenças sociais. A gente chama o motorista de você, mas o médico é tratado de senhor, então fica preconceituoso [...] (CEFET, 2008, p. 14). “ – Que quer dizer pitosga? — Pitosga significa míope. — E o que é míope? — Míope é o que vê pouco.” No Brasil não é perigoso chamar alguém por “você”. Pode ser considerado falta de educação caso não se tenha intimidade com a pessoa (especialmente ao se falar com pessoas mais velhas), sendo preferível usar as formas de tratamento “senhor”, “senhora” e “senhorita” (apesar deste último eu não escutar muito ultimamente).
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