Buscar

APOSTILA DE IPT 2015 ALUNOS.doc EUNICE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
IPT – INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Elaboração Professora Mestra Teresinha Minelli Tavares
ALUNO (A).___________________________CURSO_____________
PERÍODO: ( ) MATUTINO ( ) NOTURNO
2015/1
DATAS DAS PROVAS:
	NP1
	NP2
	SUB
	EXAME
	
	
	
	
IMPORTANTE
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
	FELICIDADE CLANDESTINA 
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.   Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". 
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. 
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. 
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. 
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo. 
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. 
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! 
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. 
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. 
Clarice Lispector. In: "Felicidade Clandestina" 
Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998 
	
Ler significa aproximar-se de algo que acaba de ganhar existência. 
Ítalo Calvino 
O ato de ler é soberano. Implica desvendar e conhecer o mundo. É pela leitura que desenvolvemos o processo de atribuir sentido a tudo o que nos rodeia: lemos um olhar, um gesto, um sorriso, um mapa, uma obra de arte, as pegadas na areia, as nuvens carregadas no céu, o sinal de fumaça avistado ao longe e tantos outros sinais. Lemos até mesmo o silêncio! 
Nos dias de hoje, a comunicação, mesmo presencial, está mediada por uma infinidade de signos. Na era da comunicação interplanetária, estabelecemos infinitas conexões com pessoas de todos os cantos do mundo, o que nos obriga a decodificar um universo poderoso de mensagens e a nos adaptar a elas: comunidades virtuais do Orkut, conversas pelo MSN, compras e negócios fechados pela rede e, se essa informação foi dominantemente verbal até então, agora se torna também visual com a chegada do YouTube. 
Sabemos o quanto a força da imagem exerce fascínio e entendemos, definitivamente, que não há mais como sobreviver neste mundo sem que haja, de nossa parte, uma adaptação constante no que se refere ao acesso às diferentes linguagens disponíveis. 
É fundamental reconhecer que o sentido de todas as coisas nos vem, principalmente, por meio do olhar, da compreensão e interpretação desses múltiplos signos1 que enxergamos, desde os mais corriqueiros – nomes de ruas, por exemplo – até os mais complexos – uma poesia repleta de metáforas. O sentido das coisas nos vem, então, por meio da leitura, um ato individual de construção de significado num contexto que se configura mediante a interação autor/texto/leitor. 
A leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor e exige muito mais que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores: o leitor é, necessariamente, levado a mobilizar uma série de estratégias, com a finalidade de preencher as lacunas e participar, de forma ativa, da construçãodo sentido. Dessa forma, autor e leitor devem ser vistos como estrategistas na interação pela linguagem para que se construa o sentido do texto.
Segundo Koch & Elias (2006), 
[...] numa concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto. [...} Nessa perspectiva, o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista a 
essa interação. A leitura é, pois, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo. 
Para esclarecer as ideias até aqui apresentadas, leia a tira a seguir: 
	
	http://tiras-hagar.blogspot.com/ (acesso em 16/02/2007) 
Na tira, Hagar, o viking, revela o papel do leitor que interage com o texto, no caso, da placa, e atribui-lhe o sentido, considerando tanto as informações explícitas, como também o que é sugerido de maneira implícita, subentendida. 
Podemos, então, concluir que. 
a) A leitura de qualquer texto exige do leitor muito mais do que o conhecimento do código linguístico; 
b)  O leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir, entre outros aspectos, de seu conhecimento linguístico, textual e, ainda, de seu conhecimento de mundo. 
Leitura é, assim, uma atividade de produção de sentido. É nesse intercâmbio de leituras que se refinam, se reajustam e redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo e de nós mesmos. 
O exercício pleno da cidadania passa necessariamente pela garantia de acesso aos conhecimentos construídos e acumulados e às informações disponíveis socialmente. E a leitura é a chave dessa conquista. 
1Signos: entidades linguísticas dotadas de duas faces: o significante (imagem acústica) e o significado (conceito). 
(ENADE) 
INDICADORES DE FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL
AULA 02
AS DIFERENTES LINGUAGENS
A linguagem é o instrumento com que o homem pensa e sente forma estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com que influencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da sociedade humana. (L. Hjelmslev)
Linguagem nasce da necessidade humana de comunicação; nela e com ela, o homem interage com o mundo. Para tratarmos das diferentes linguagens de que dispomos verbais e não verbais, precisamos, inicialmente, pensar que elas existem para que possamos estabelecer comunicação. Mas o que é, em si, comunicar? 
Se desdobrarmos a palavra comunicação, teremos: 
	Comunicação: “comum” + “ação”, ou melhor, “ação em comum”. 
De modo geral, todos os significados encontrados para a palavra comunicação revelam a ideia de relação. Observe: 
Comunicação: deriva do latim communicare, cujo significado seria “tornar comum”, “partilhar”, “repartir”, “trocar opiniões”, “estar em relação com”. 
Podemos assim afirmar que, historicamente, comunicação implica em participação, interação entre dois ou mais elementos, um emitindo informações, outro recebendo e reagindo. Para que a comunicação exista, então, é preciso que haja mais de um polo: sem o “outro” não há partilha de sentimentos e ideias ou de comandos e respostas. 
Leia o cartum a seguir e procure reconhecer como o humor se produz na situação apresentada. 
	Para que a comunicação seja eficiente, é necessário que haja um código comum aos interlocutores. 
O que é a linguagem? 
Linguagem é a capacidade humana de articular conhecimentos e compartilhá-los socialmente. Assim, todo e qualquer processo humano capaz de expressar e compartilhar significação constitui linguagens: tirar fotos, pintar quadros, produzir textos e músicas, escrever jornal, dançar, etc. As linguagens fazem parte das diversas formas de expressão representadas pelas artes visuais, pela música, pela expressão corporal e pela escrita.
A linguagem, portanto, nomeia, fixa e concebe objetos, utiliza conceitos e tem por função permitir a comunicação.
 Nós encontramos a língua pronta quando nascemos e aprendemos a utilizá-la com as pessoas mais velhas. É a partir dessa aprendizagem que passamos a reproduzi-la. 
Muitas das expressões artísticas atuais têm origem conhecida: a fotografia surgiu no século XIX; o teatro ocidental surgiu na Grécia e na Idade Média. Já a escrita surgiu há milhares de anos. 
Tomemos, agora, o conceito apresentado por Bechara (1999:28) para fundamentar o conceito de linguagem: 
Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência. 
A linguagem é, então, vista como um espaço em que tanto o sujeito quanto o outro que com ele interage são inteiramente ativos. Por meio dela, o homem pode trocar informações e ideias, compartilhar conhecimentos, expressar ideias e emoções. Desse modo, reconhecemos a linguagem como um instrumento múltiplo e dinâmico, isso porque, considerados os sentidos que devem ser expressos e as condições de que dispomos em dada situação, valemo-nos de códigos diferentes, criados a partir de elementos como o som, a imagem, a cor, a forma, o movimento e tantos outros. 
Vale salientar a ideia de que o processo de significação só acontece verdadeiramente quando, ao apropriarmo-nos de um código, por meio dele nos fazemos entender. 
LINGUAGEM VERBAL – NÃO VERBAL – FORMAL E INFORMAL
Linguagem Verbal
Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a palavra. Tal código está presente, quando falamos com alguém, quando lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas.
· Ela está presente em textos em propagandas;
· Em reportagens (jornais, revistas, etc.);
· Em obras literárias e científicas;
· Na comunicação entre as pessoas;
· Em discursos (Presidente da República, representantes de classe, candidatos a cargos públicos, etc.);
· E em várias outras situações.
Linguagem Não-Verbal
Observe a figura, este sinal demonstra que é proibido fumar em um determinado local.
 A linguagem utilizada é a não-verbal, pois não utiliza do código "língua portuguesa" para transmitir que é proibido fumar.
Na figura, percebemos que o semáforo, nos transmite a idéia de atenção, de acordo com a cor apresentada no semáforo, podemos saber se é permitido seguir em frente (verde), se é para ter atenção (amarelo) ou se é proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante.
Como você percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodificadas. Você notou que em nenhuma delas existe a presença da palavra? O que está presente é outro tipo de código. Apesar de haver ausência da palavra, nós temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a partir das imagens.
    O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, denomina-se linguagem não verbal, isto é, usam-se outros códigos (o desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as cores)
LINGUAGEM SINCRÉTICA 
Quando misturamos a linguagem verbal e a linguagem não verbal.
Veja os quadrinhos:
LINGUAGEM FORMAL
A linguagem formal serve para assinalar distanciamento. Chamar alguém de "senhor" ou "senhora", por exemplo, nada tem a ver com a idade da pessoa em questão, muito embora sintamos isso frequentemente. O tratamento formal indica ausência de intimidade, o que é útil em muitas situações da vida social. As relações de respeito mútuo se traduzem por palavras de cortesia e de formalidade. É claro que, se for usado em situações que não o requeiram, o registro formalpode soar como manifestação de frieza e até de antipatia. 
LINGUAGEM INFORMAL:
"Como quem partiu ou morreu..." Não é assim que você se sente, caro leitor, ao constatar que neste Brasilzão de Deus (e do Diabo também) a roda-viva sempre chega e carrega o destino, a roseira, a viola, a saudade e tudo o mais pra lá? 
Mas deixemos a nossa roda-viva pra lá e pensemos na forma verbal que inicia a memorável "Roda Viva", composta por Chico Buarque. Lembro que, no início da década de 70, um famoso crítico musical disse que a canção de Chico só não ganhava um dez pelo "erro" no emprego de "tem"
 (o tal crítico queria "há" no lugar de "tem"). 
Muitos anos antes (em 1928 -40 anos antes de Chico compor "Roda Viva"), Carlos Drummond de Andrade enfrentou problema semelhante, quando publicou o antológico poema "No Meio do Caminho" ("No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho"). A queixa de muitos dos críticos da época era a mesma, ou seja, no lugar de "tinha", Drummond deveria ter empregado a forma "havia". 
Será? 
A questão é a seguinte: é fato mais do que sabido que na linguagem informal do Brasil é mais do que comum o emprego do verbo "ter" com o sentido de "haver" ou "existir". O leitor conhece algum brasileiro que, no dia-a-dia, diga "Há açúcar no café?" (em vez de "Tem açúcar no café?")? 
Por outro lado, parece pouco provável que o leitor já tenha visto, na entrada de uma empresa, por exemplo, algo como "Tem vagas" ou "Não tem vagas". Nesses casos, o que se vê mesmo é "Há vagas" (ou "Não há vagas"). Pronto! Chegamos ao xis da questão (que não é muito diferente do de tantas outras já analisadas neste espaço): a adequação da linguagem, o que, em outras palavras, significa que a escolha da forma está diretamente ligada à situação, ao contexto, à variedade de língua empregada etc.
Coluna publicada no dia 16 de junho de 2005, no jornal "Folha de S. Paulo".
 
AULA 03 
Noções de texto 
Sem dúvida alguma, a palavra texto é familiar a qualquer pessoa ligada à prática escolar. Ela aparece com alta freqüência no linguajar cotidiano tanto no interior da escola quanto fora de seus limites. Não são estranhas a ninguém expressões como as que seguem: “redija um texto”, “texto bem elaborado”, “o texto constitucional não está suficientemente claro”, “os atores da peça são bons mas o texto é ruim”, “o redator produziu um bom texto”, etc. Por causa exatamente dessa alta freqüência de uso, todo estudante tem algumas noções sobre o que significa texto.
Primeira consideração: o texto não é um aglomerado de frases. 
A revista Veja de 1 de junho de 1988, em matéria publicada nas páginas 90 e 91, traz uma reportagem sobre um caso de corrupção que envolvia, como suspeitos, membros ligados à administração do governo do Estado de São Paulo e dois cidadãos portugueses dispostos a lançar um novo tipo de jogo lotérico, designado pelo nome de “Raspadinha”. Entre os suspeitos figurava o nome de Otávio Ceccato, que, no momento, ocupava o cargo de secretário de Indústria e Comércio e que negava sua participação na negociata.
 O fragmento que vem a seguir, extraído da parte final da referida reportagem, relata a resposta de Ceccato aos jornalistas nos seguintes termos:
Na sua posse como secretário de Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso, foi infeliz ao rebater as denúncias. “Como São Pedro, nego”. Nego, nego’. Disse a um grupo de repórteres, referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer Jesus Cristo três vezes na mesma noite. Esqueceu-se de que São Pedro. Naquele episódio, disse talvez a única mentira de sua vida.
Como se pode notar, a defesa do secretário foi infeliz e desastrosa, produzindo efeito contrário ao que ele tinha em mente.
 A citação, no caso, ao invés de inocentá-lo, acabou por comprometê-lo.
Sob o ponto de vista da análise do texto, qual teria sido a razão do equívoco lamentável cometido pelo secretário? Sem dúvida, a resposta é esta: ao citar a passagem bíblica, o acusado esqueceu-se de que ela faz parte de um texto e, em qualquer texto, o significado das frases não é autônomo. 
Desse modo, não se pode isolar frase alguma do texto e tentar conferir-lhe o significado que se deseja. Como bem observou o repórter, no episódio bíblico citado pelo secretário, São Pedro, enquanto Cristo estava preso, foi reconhecido como um de seus companheiros e, ao ser indagado pelo soldado, negou três vezes seguidas conhecer aquele homem. Segundo a mesma Bíblia, posteriormente Pedro arrependeu-se da mentira e chorou copiosamente.
Esse relato serve para demonstrar de maneira simples e clara que uma mesma frase pode ter significados distintos dependendo do contexto dentro do qual está inserida. O grande equívoco do secretário, para sua infelicidade, foi o de desprezar o texto de onde ele extraiu a frase, sem se dar conta de que, no texto, o significado das partes depende das correlações que elas mantêm entre si.
 Isso nos leva à conclusão de que, para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem.
 Em outros termos, é necessário considerar que, para fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto em que está insenda a passagem a ser lida.
 Entende-se por contexto uma unidade lingüística maior onde se encaixa uma unidade lingüística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda.
 Uma observação importante a fazer é que nem sempre o contexto vem explicitado lingüisticamente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor pode vir implícito: os elementos da situação em que se produz o texto podem dispensar maiores esclarecimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa.
 Para exemplificar o que acaba de ser dito, observe-se um minúsculo texto como este:
A nossa cozinheira está sem paladar. 
 
Podem-se imaginar dois significados completamente diferentes para esse texto dependendo da situação concreta em que é produzido. 
Dito durante o jantar, após ter-se experimentado a primeira colher de sopa, esse texto pode significar que a sopa está sem sal; dito para o médico no consultório, pode significar que a empregada pode estar acometida de alguma doença.
 Toda leitura, para não ser equivocada, deve necessariamente levar em conta o contexto que envolve a passagem que está sendo lida, lembrando que esse contexto pode vir manifestado explicitamente por palavras ou pode estar implícito na situação concreta em que é produzido.
 Segunda consideração; todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla.
Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás.
Observe-se, a título de exemplo, a passagem que segue, extraída da revista Veja do dia 1 de junho de 1988, página 54.
CRIME 
TIRO CERTEIRO
 Estado americano limita porte de armas. 
No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckley Jr. entrou numa loja de armas de Dalias, no Texas, preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com um Saturday Night Special — nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma cadeira de rodas. 
Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o risco de vender arma para qualquer pessoa, indiscriminadamente.
 Para comprovaressa constatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia.
O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro que pareça, manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta em debate.
 Ao final desta lição, devem ficar bem plantadas as seguintes conclusões:
 a) Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam.
 b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer.
 
TEXTO COMENTADO
 Meu engraxate
 É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engraxate me deixou.
Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se pensaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês. cara de infeliz, não dá simpatia alguma. 
E tímido o que torra instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”, respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.
ANDRADE. Mário de. Os filhos da Candinha. São 
Paulo. Martins, 1963. p. 167.
Para mostrar que, num texto, o significado de uma parte depende de sua relação com outras partes, vamos tentar fazer uma interpretação isolada do primeiro parágrafo (linhas 1 e 2). Tomada isolada- mente, essa parte pode sugerir a interpretação de que o narrador está desolado por ter perdido contato com um garoto ao qual se ligava por fortes laços afetivos. Essa interpretação é inatacável se não confrontarmos essa passagem com outras do texto. Fazendo o confronto, no entanto, essa leitura não tem validade dentro desse texto.
 As frases “pronto! Estava sem engraxate!” (linha 11) definem a razão da perplexidade penosíssima (linhas 10 e 11), da desolação (linhas 1 e 2) e da inquietude do narrador (linhas 3 e 4): perdera os serviços do engraxate e não um amigo. As observações que faz sobre o menino que lhe dá informações sobre o seu engraxate (“retalho de hungarês”, “cara de infeliz”, “não dá simpatia nenhuma”, “tímido”, “propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença”) revelam que nenhum sentimento positivo o impele na direção de uma relação amigável com o menino. As frases “tinha que continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom” (linhas 13-15) mostram que o que define as relações interpessoais são os interesses: o narrador estava preocupado com recuperar o serviço que lhe era prestado e não a pessoa que lhe prestava o serviço. A atitude dos dois engraxates corrobora a interpretação de que a relação entre eles e o narrador era determinada pelo ínteresse e não pela amizade: um abandonara o trabalho de engraxate para vender bilhete de loteria (linhas 9 e 10), certamente um trabalho mais rentável; os olhos do outro “chispeavam ávidos” (linhas 11 e 12), ao ver que o narrador procurava um engraxate, porque ele era dos que ficavam fregueses e davam gorjeta (linhas 12 e 13).
 Como se pode notar, o texto é um tecido, uma estrutura construída de tal modo que as frases não têm significado autônomo: num texto, o sentido de uma frase é dado pela correlação que ela mantém com as demais.
Desse texto, não se pode inferir, apesar da primeira impressão, que as relações interpessoais sejam pautadas pela amizade ou pelo bem-querer.
 Além disso, é preciso ressaltar que, por trás dessa história inventada, existe um pronunciamento de quem produziu o texto: ao relatar a relação interesseira entre as pessoas, sem dúvida, está desmascarando a hipocrisia e pondo à mostra o egoísmo que se esconde nos sentimentos que umas pessoas dizem ter por outras. O que determina as relações sociais são os interesses recíprocos e a troca de favores.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
 
Como se viu, num texto, todas as partes são solidárias, isto é, o significado de uma interfere no das outras. Se isso é verdade, quando um texto é bem construído, não se podem trocar suas partes sem que se altere o texto todo.
Suponha então a hipótese de que o texto de Clarice Lispector, no primeiro parágrafo (linhas de 1 a 3), começasse assim:
 Antes de vir para a nossa escola, ele era campeão mundial de judô. Aos 28 anos, no auge da fama, abandonou as competições e veio prazerosamente ensinar no curso secundário: e não era apenas isso o que sabíamos dele.
 Conforme você pode notar, não é mais possível manter o texto como está: da linha 4 até a linha 19, é preciso haver várias alterações para que o resto do texto acompanhe a modificação que se fez no primeiro parágrafo.
 Continue a história do modo como você quiser, respeitando uma única regra: que a sua história não entre em contradição com os dados colocados no novo parágrafo.
 Para você ter uma idéia do que deve fazer, note que não tem mais sentido dizer que o professor era gordo e de ombros contraídos nem que precisava controlar sua impaciência, a não ser que algum novo dado venha a ocorrer após o que se disse no primeiro parágrafo.
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
AULA 04
Textos escritos / texto oral
1.1. O Texto Escrito
A luta que os alunos enfrentam com relação à produção de textos escritos é muito especial. Em geral, eles não apresentam dificuldades em se expressar através da fala coloquial. Os problemas começam a surgir quando este aluno tem necessidade de se expressar formalmente e se agravam no momento de produzir um texto escrito. Nesta última situação ele deve ter claro que há diferenças marcantes entre falar e escrever.
Na linguagem oral o falante tem claro com quem fala e em que contexto. O conhecimento da situação facilita a produção oral. Nela o interlocutor, presente fisicamente, é ativo, tendo possibilidade de intervir, de pedir esclarecimentos, ou até de mudar o curso da conversação. O falante pode ainda recorrer a recursos que não são propriamente linguísticos, como gestos ou expressões faciais. 
Na linguagem escrita à falta desses elementos extra textuais precisa ser suprimida pelo texto, que se deve organizar de forma a garantir a sua inteligibilidade.
Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produtortenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita.
A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia - que, evidentemente, não é marcada na fala, de pontuação, de concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, também, saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e seu receptor; além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto foi produzido.
Para que esse discurso seja bem-sucedido deve constituir um todo significativo e não fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação umas com as outras.
FORMAS DE EXPRESSÃO ESCRITA
Formas de expressão da escrita são aquelas em que o objetivo da expressão não é apenas o de expressar ideias, mas fazê-lo de forma artística, pois o redigir, na maior parte das vezes, implica não somente a técnica como a arte.
Podemos distinguir, dentro de um critério de possibilidades dos estilos literários, duas formas de expressão da escrita:
- as formas diretas: inclui a crônica, o discurso, as memórias, o diálogo e a carta;
- as formas indiretas: são as formas de ficção (como o conto, a novela e o romance), as formas poéticas ou as dramáticas
Dentro dessas duas formas, encontramos estruturas que servem de modelo para uma ou outra. Assim, tanto num romance como em uma carta, pode-se ter descrições; tanto num conto como num trecho de memórias, pode-se ter narrações. 
Exigências do texto escrito 
      Nunca é demais ressaltar a importância do rigor, da precisão e da objetividade em um texto escrito. Enquanto oralmente podemos nos valer de gestos, de expressões faciais, da entonação e do timbre da voz para transmitir o que sentimos, pensamos e julgamos, na escrita dependemos apenas das palavras. 
      Daí a necessidade de uma preocupação com a escolha das palavras e com a maneira de organizá-las na frase. Afinal, o destinatário, não estando presente no momento da elaboração da mensagem, não pode pedir esclarecimentos nem manifestar suas dúvidas. Assim não nos é dado escolher novas formas para expressar o que tínhamos em mente, como o faríamos se notássemos na expressão do interlocutor um ar de incompreensão ou de discordância. 
      Por isso, não se admite, num texto escrito, ambiguidade, trechos confusos, escolha inadequada do vocabulário, termos desconexos, falta de nexo entre orações e parágrafos, incoerência na exposição de ideias. Afinal, um texto escrito pode ser relido, refeito, repensado, corrigido. E essa vantagem deve ser explorada ao máximo. 
      Leia com atenção o texto a seguir, que aborda de maneira rápida e sucinta alguns aspectos importantes a serem observados quando escrevemos. 
      A lógica pode fugir do texto Cuidado !
      Escrever apressadamente, sem raciocinar, torna incompreensível o que se quer dizer. 
      Texto bom e legível é aquele na qual as palavras estão adequadamente dispostas na frase, se possível com elegância e precisão, mas sempre com clareza e objetividade. Uma segunda condição exige que as ideias não deixem margem a dúvidas. Ou seja, atendam aos princípios elementares da lógica. 
      Embora óbvios estes requisitos muitas vezes deixam de ser respeitados, os conceitos se confundem na cabeça das pessoas e o raciocínio nem sempre flui com clareza. Em recente mesa-redonda de televisão, por exemplo, um comentarista pontificava: O jogador precisa aperfeiçoar seu defeito de chutar mal em gol. Isto é, chutar ainda pior? Para ficar no campo de futebol, há pouco tempo, durante o julgamento do jogador Neto, um dos seus defensores proclamou: Hei de gritar com todos os meus pulmões... Só faltou explicar com quantos. 
      O rádio, especialmente, favorece o aparecimento de construções que não se podem considerar um primor de lógica. Afinal, falta tempo para pensar. Por isso, um apresentador razoavelmente articulado repetiu, há dias: Os aposentados que têm o final 7. Evidentemente ele cogitava dos carnês. 
      Muitas vezes a impropriedade se transforma claramente em erro. Como, por exemplo: O relâmpago atingiu o fio do ônibus. O que atingiu foi o raio. Da mesma forma, nunca escreva: Evite ainda a forma: a geada caiu. A geada se forma, não cai (é o resultado do congelamento das gotas de orvalho). 
      Há casos em que se tenta estabelecer uma oposição que não existe, como na frase seguinte: O empresário não conseguiu vender sua televisão, mas, em compensação, também não conseguiu rolar até agora a sua dívida com o Banco do Brasil. A expressão em compensação estaria correta se ele tivesse conseguido rolar sua dívida. 
      Enfim, nada que um pouco de raciocínio e bom senso não resolvam. (Eduardo Martins - O Estado de S. Paulo, 28/11/91) 
 TEXTO ORAL
Na modalidade oral, há entre falante e ouvinte um intercâmbio direto, o que não ocorre com a língua escrita, na qual a comunicação se faz geralmente na ausência de um dos participantes. Esta particularidade da língua oral faz com que o falante se apoie nos elementos extralinguísticos da situação imediata, durante o ato de interação. Por isso, as frases nem sempre explicitam todos os componentes da mensagem. Por exemplo, frases como "Fecha!”, "Está frio!" (referindo-se a uma janela) são corriqueiras e eficientes na língua oral, pois a situação presente serve de suporte ao ato de comunicação. 
Para a produção do texto falado, emissor e receptor devem, em princípio, se situar no mesmo tempo e espaço, enquanto que, para a produção do texto escrito, isto não importa. Geralmente, o autor nem sabe quem será o seu leitor ele constrói sozinho o seu texto. Por isso costuma-se falar do isolamento de quem escreve. Como consequência, o leitor só poderá dispor das informações que o texto oferece não há retorno, a não ser a longo prazo. O texto escrito tem de suprir, portanto, a ausência da situação, fornecendo o maior número possível de pistas para esclarecer o seu sentido, a sua intenção. Entretanto, essas condições não pressupõem que aquele que escreve deve ignorar seu interlocutor critérios de adequação continuam a existir: em uma carta pessoal, quando o interlocutor é conhecido na linguagem jornalística, em que o interlocutor não é um indivíduo, mas um público relativamente determinado quanto a grau de escolaridade, classe econômica ou ideologia política, dependendo da linha editorial do jornal ou da revista. 
São inúmeras as tentativas de reproduzir as características da oralidade, tanto na literatura como nos meios de comunicação de massa, com o objetivo de garantir mais veracidade aos personagens criados em romances, poemas, filmes e novelas. Na mídia televisiva e radiofônica, não encontramos esse tipo de oralidade que depende, exclusivamente, da situação. Na verdade, são textos escritos realizados oralmente, sem apresentar as características típicas do texto oral. 
ESTILOS E GÊNEROS DISCURSIVOS:
Você conhece essa piada? 
	Desconfiado de que sua festa estava cheia de penetras, o anfitrião grita: 
- Convidados da noiva, para o lado direito! 
Metade se aloja do lado direito dele. 
- Agora, convidados do noivo, do meu lado esquerdo! 
Um monte de gente se junta do lado esquerdo. 
- E, agora, caiam fora vocês! Isto aqui é uma festa de aniversário!
Todos os dias, deparamo-nos com diferentes textos durante as mais diversas situações comunicativas das quais participamos socialmente: anúncios, relatórios, notícias, palestras, piadas, receitas etc. Veja, por exemplo, o que podemos fazer quando queremos: 
· Escolher um filmepara assistir no cinema.
Podemos consultar a seção cultural de um dos jornais da cidade ou uma revista especializada, ler num outdoor sobre o lançamento de um filme que lhe agrada ou, ainda, pedir a opinião de um amigo. 
· Saber como chegar a um local desconhecido por nós. 
Podemos consultar um guia de ruas da cidade ou, ainda, perguntar a alguém que conheça o trajeto. Quem sabe até pedir que essa pessoa lhe desenhe o caminho? 
· Convidar um amigo para sua festa de aniversário. 
Podemos mandar um e-mail, um convite pelo correio, telefonar ao colega, enviar um “torpedo” pelo celular. 
· Entreter uma criança. 
Aqui as possibilidades são várias! Podemos ler histórias de fadas, lançar adivinhas, lembrar antigas canções, recitar quadrinhas, propor jogos diversos, assistir a um desenho etc. 
Em todas as situações descritas acima, utilizamos textos em diferentes gêneros, isto é, para situações e/ou finalidades diversas, lançamos mão de um repertório diverso de gêneros textuais que circulam socialmente e se adaptam às diferentes situações de comunicação. Cada um desses gêneros exige, para sua compreensão ou produção, diferentes conhecimentos e capacidades. 
De modo geral, todos os gêneros textuais têm em comum, basicamente, três características:
· O assunto: o que pode ser dito através daquele gênero; 
· O estilo: as palavras, expressões, frases selecionadas e o modo de organizá-las; 
· O formato: a estrutura em que cada agrupamento textual é apresentado.
Os gêneros surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. O conjunto dos gêneros é potencialmente infinito e mutável, materializado tanto na oralidade quanto na escrita. Eles são vinculados à vida cultural e social e contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do seu dia-a-dia. Assim, são exemplos de gêneros textuais: 
· Telefonema
· Carta
· Romance
· Bilhete
· Reportagem
· Lista de compras
· Piadas
· Receita culinária,
· Contos de fadas etc.
Veremos agora alguns estilos de textos:
TEXTO JORNALÍSTICO
O produto da atividade jornalística é geralmente materializado em textos, que recebem diferentes nomenclaturas de acordo com sua natureza e objetivos. Uma matéria é o nome genérico de textos informativos resultantes de apuração, incluindo notícias, reportagens e entrevistas. Um artigo é um texto dissertativo ou opinativo, não necessariamente sobre notícias, e nem necessariamente escrito por um jornalista.
Redatores geralmente seguem uma técnica para hierarquizar as informações, apresentando-as no texto em ordem decrescente de importância. Esta técnica tem o nome de pirâmide invertida, pois a "base" (lado mais largo, mais importante) fica para cima (início do texto) e o "vértice" (lado mais fino, menos relevante) fica para baixo (fim do texto). O primeiro parágrafo, que deve conter as principais informações da matéria, chama-se "lide" (do inglês lead, ou "principal"). 
Tipos de textos jornalísticos
· Notícia - de carácter objetivo, composto pelo 'lead' e o corpo da notícia: 
· No 'lead' tenta-se responder a cinco perguntas (os cinco W's): quem (who), o quê (what), onde (where), quando (when), porquê (why), a ausência destas pode dever-se a dados não apurados; 
· No corpo da notícia desenvolve-se gradualmente a informação em cada parágrafo, por isso a informação é cada vez mais elaborada, detalhada. 
· Matéria - todo texto jornalístico de descrição ou narrativa fatual. Dividem-se em matérias "quentes" (sobre um fato do dia, ou em andamento) e matérias "frias" (temas relevantes, mas não necessariamente novos ou urgentes). Existem ainda os seguintes subtipos de matérias;
· Matéria leve ou feature - texto com informações pitorescas ou inusitadas, que não prejudicam ou colocam ninguém em risco; muitas vezes este tipo de matéria beira o entretenimento;
· Suíte - é uma matéria que dá seqüência ou continuidade a uma notícia, seja por desdobramento do fato, por conter novos detalhes ou por acompanhar um personagem;
· Perfil - texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade, um grupo; muitas vezes é apresentado em formato testemunhal;
· Entrevista - é o texto baseado fundamentalmente nas declarações de um indivíduo a um repórter; quando a edição do texto explicita as perguntas e as respostas, seqüenciadas, chama-se de ping-pong ;
· Opinião ou editorial - reflete a opinião apócrifa do veículo de imprensa (não deve ser assinado por nenhum profissional individualmente);
· Artigo - texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por colaboradores ou personalidades convidadadas (não jornalistas) ;
· Crônica - texto que registra uma observação ou impressão sobre fatos cotidianos; pode narrar fatos reais em formato de ficção ;
· Nota - texto curto sobre algum fato que seja de relevância noticiosa;
· Chamada - texto muito curto na primeira página ou capa que remete à íntegra da matéria nas páginas interiores ;
· Texto-legenda - texto curtíssimo que acompanha uma foto, descrevendo-a e adicionando a ela alguma informação, mas sem matéria à qual faça referência; tem valor de uma matéria independente.
TRAZER PARA AULA UM JORNAL
TEXTOS LITERÁRIO – NÃO LITERÁRIO-CIENTÍFICO-TÉCNICO
 TEXTO LITERÁRIO tem uma dimensão estética, plurissignificativa e de intenso dinamismo, que possibilita a criação de novas relações de sentido, com predomínio da função poética da linguagem. É, portanto, um espaço relevante de reflexão sobre a realidade, envolvendo um processo de recriação lúdica dessa realidade. O texto literário é ficção aos passos que os outros relatam a realidade efetivamente existente. Os autores que assim pensam negam que o texto literário interprete aspectos da realidade efetiva, mas que o faz de maneira indireta. Recriando o real num plano imaginário.
TEXTO NÃO -LITERÁRIO, as relações são mais restritas, tendo em vista a necessidade de uma informação mais objetiva e direta no processo de documentação da realidade, com predomínio da função referencial da linguagem, e na interação entre os indivíduos, com predomínio de outras funções. Texto jornalístico é um texto não literário.
Os dois textos que seguem têm o mesmo tema - o açúcar: no primeiro, a função poética é predominante. É uma das razões para ser considerado um texto literário. Já no segundo, puramente informativo, há o predomínio da função referencial. 
O açúcar – Texto literário
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital
Nem escola,
Homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras,
Homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
"O AÇÚCAR" (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) 
A CANA-DE-AÇÚCAR - NÃO LITERÁRIO
Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A região que durante séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos de massapé, além da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de álcool,importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível. 
"A cana-de-açúcar" (Vesentini, J.W. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo, Ática, 1992, p.106)
COMENTÁRIOS SOBRE OS TEXTOS: "O AÇÚCAR" E "A CANA-DE-AÇÚCAR" 
O texto "O açúcar" parte de uma palavra do domínio comum - açúcar - e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar - branco, doce, puro - e a vida do trabalhador que o produz - dura, amarga, triste. 
No texto "A cana-de-açúcar", de expressão não-literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc. 
TEXTO CIENTÍFICO
Antes de tudo devemos lembrar-nos que o texto científico funciona como um outro texto qualquer é necessário que ele tenha começo, meio e fim, seja agradável de ler, gramaticalmente correto, compreensível, coerente e mantenha conexões lógicas entre as ideias nele contidas.
    Uma característica comum a praticamente todos os textos científicos é a organização nas seguintes partes: Introdução, Objetivos, Materiais e Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões.
     Também são encontrados nos textos científicos: o Título, a Autoria, Figuras ,Tabelas, Agradecimentos e Referências Bibliográficas.
     Geralmente os textos científicos vêm acompanhados de um resumo.
TEXTO TÉCNICO
 Cintra, Fonseca e Marquesi, definem a linguagem técnica como o de "... um uso específico que se circunscreve uma dada área sócio profissional e que nem sempre tem uma função prática, visa obter assentimento das pessoas, dar reforço para atitudes desejadas, provocar mudanças de opinião ou de comportamento, dar orientação para novas ações, bem como subsidiar decisões".
Para eles, no texto técnico, o engenheiro não pensa em palavras, mas em símbolos, números e gráficos.
NOTA: A linguagem técnica também é como aquela dos textos referentes ao funcionamento de maquinismos, descrição de equipamentos, peças, deixando a expressão pode-se diferenciar textos técnicos de textos científicos. Genouvrier e Peytard (1973, p. 288) diferenciam o saber técnico do saber científico. "Deve-se distinguir terminologia técnica de metalinguística científica: a primeira exerce um papel de denominação dos ramos ou objetos próprios de uma técnica e estabelece uma classificação entre os resultados obtidos pela técnica enquanto atividade: a segunda reúne as palavras por meio das quais se designam os conceitos operatórios de uma pesquisa ou de uma reflexão científica".
Perguntas importantes para o texto técnico:
· O que um texto deve conter 
· Como atrair o leitor – resumo, introdução e conclusões. 
· Quem é o leitor? USUÁRIO 
· Professor, aluno, leigo, etc 
· Qual o contexto? (vocabulário, definições) 
· Qual o objetivo do texto? 
· Explicar problema/solução, estado da arte 
· Qual o principal problema abordado? 
· Qual a contribuição? 
EXEMPLO: Cordas de Escalada  
Quando se fala em escalada, não há como deixar de pensar em corda. Mais do que uma rede de segurança para o guia e o participante, ela representa o companheirismo, a união e a interdependência entre os parceiros de escalada.  
Todo equipamento de montanhismo tem suas limitações e a corda não é uma exceção. Apesar de ser projetada para aguentar a maior força de impacto possível de uma queda, são incrivelmente frágeis e sensíveis à ação de agentes químicos e físicos e ao mau uso, que podem diminuir consideravelmente sua vida útil e até inutilizá-la. A correta utilização, manutenção e conservação da corda pode evitar acidentes e economizar a compra (salgada) de uma nova.  
TEXTO PUBLICITÁRIO
Algumas dicas para um bom texto publicitário
Por Zeca Martins
Texto curto ou texto longo?
Muita gente por achar que as novas gerações de consumidores representam o que não se poderia chamar exatamente de letradas, por seus níveis insuficientes de leitura e crescente apego à imagem acredita que textos publicitários devam ser curtos ou, até, inexistentes. 
O que é indispensável é conhecer bastante bem o público–alvo para falar com ele de modo a mais facilmente persuadi–lo para as virtudes do produto anunciado. Em outras palavras, faça seu texto publicitário do tamanho que você achar que deve fazer e em função do que o seu feeling disser. 
Use palavras simples
Nada desse negócio de querer ganhar o Prêmio Nobel de literatura com um anúncio. Embora devamos respeitar a inteligência do Sr. Target, temos a obrigação de lembrar sempre que a simplicidade, no caso, é a mãe dos resultados. Anúncios, embora valham–se de texto e arte, não são obras artísticas a priori; são peças construídas em função de uma expectativa de vendas! Daí, a necessidade da simplicidade, o que não nos desobriga do bom gosto e dos argumentos inteligentes.
O Sr. Target não é uma pessoa só, são milhões de pessoas com bagagens culturais e vocabulários necessariamente diferentes, então não podemos nos arriscar com o uso de termos estranhos àquilo que consideramos o conhecimento do homem médio.
Coloquial é bom
Propaganda é, por definição, um ato de persuasão. E ninguém melhor para nos persuadir do que um amigo próximo, certo? A linguagem coloquial representa exatamente alguém próximo, em quem podemos confiar. O produto passa a ser esse alguém em quem podemos confiar!
Claro que não se trata, principalmente no caso da mídia eletrônica, daquele locutor com voz de travesseiro sussurrando no ouvido do Sr. Target. O coloquial, aqui, tem o sentido de proximidade, mas – atenção! – tenha sempre muito cuidado na escolha das ideias, e das palavras que as expressarão, pois, por falarmos com grupos, não iremos nos arriscar a ofender as suscetibilidades individuais de quem quer que seja, por mínima que possa parecer esta ofensa. 
Informativo
É evidente que tudo depende das circunstâncias, do briefing específico, mas não poderemos jamais relegar para segundo plano o caráter informativo que o anúncio deve ter sobre características e virtudes do produto.
Se o produto tem algum ingrediente inédito, por exemplo, explique o que é e para que serve. Se houver espaço e oportunidade, mostre como este ingrediente age.
Se o produto ou serviço incorpora alguma nova tecnologia, estude–a o suficiente para estar seguro de que seu texto é realmente esclarecedor.
Algum benefício ou alguma promessa muito facilmente identificáveis devem estar claramente estampados lá no anúncio. Nada de rodeios, e nada de presumir que o Sr. Target vai entender suas intenções geniais, porém ocultas. Clareza e conteúdo na informação é metade do sucesso garantido! 
E nada de preguiça!
O publicitário, particularmente aquele que trabalha em Criação, é sobretudo um artesão. Por isso, fazer um bom texto publicitário também é buscar a perfeição. Tá bom, raras vezes isso é possível, porque o Atendimento e o cliente não saem mesmo do pé, ficam enchendo o saco, querem tudo para ontem, etc. Mas, quando dá, é seu dever como redator brincar com o texto até a beira da exaustão. Pesquise, vá à biblioteca mais próxima, vá à internet, procure literatura e referências sobre o tema. Escreva e reescreva o anúncio mil vezes, troque palavras, experimente sonoridades, mude as abordagens, tente o humor, tente o sentimentalismo, tente o apelo à razão, tente ideias antagônicas, tente o escambau… pois sabe–se lá qual poderá ser o resultado. Tire a primeira frase, se não fizer diferença, é porque ela estava a mais; continue fazendo o mesmo com as demais frases. 
Faça isso também com algumas palavras, e preste muita atenção aos vícios de linguagem, coisas como “vai estar fazendo” em lugar de um simples “fará”, ou “temos a certeza” em vez de “temos certeza”.
E para matar a pau, enxugue ao máximo textos e ideias, porque a síntese na sua comunicação é o pulo do gato da Propaganda eficaz.
Invente!
O bom texto publicitário deve, enfim, ser trabalhado como se trabalha na confecção de um mosaico,unindo peças (as palavras) as mais variadas para obter um resultado surpreendente. Eis mais uma razão para se esforçar continuamente no desenvolvimento de um bom vocabulário, coisa que se obtém, nunca é demais lembrar, pelo exercício constante da leitura de todos os gêneros literários e de tudo que possa estar ao seu alcance.
Uma coisa eu garanto: o texto que nascer depois de muita transpiração do redator será, certamente, um ótimo texto publicitário.
Cuidado com redundâncias
As redundâncias de texto/imagem ocorrem, mais frequentemente, no filmes publicitários, e são um desperdício de recursos. Exemplo: a imagem mostra uma maçã. E o texto diz: maçã.
Agora vejamos de outra forma. A imagem mostra uma maçã e o texto diz: a tentação do sabor. Faz muita diferença, não?
Evitar a redundância significa ganho de tempo e de espaço que poderá ser utilizado para o desenvolvimento de algo mais, como um novo argumento, uma ideia acessória, etc. Se, num filme de trinta segundos, por exemplo, tivermos redundância texto/imagem, teremos aí os mesmíssimos trinta segundos de informação. Mas se o texto ocupar trinta segundos com a informação X, e a imagem ocupar trinta segundos com a informação complementar Y, o filme continuará com trinta segundos de tempo, mas com sessenta segundos de informação. Pura malandragem para fazer o anúncio crescer; é fermento de publicitário! 
Um outro cuidado a se tomar é evitar o reaproveitamento do mesmo texto para diferentes mídias (muita gente apela para este recurso). Isto, porque diante de cada mídia o comportamento do Sr. Target poderá alterar–se, e um texto que eventualmente funcione bem na TV talvez não repita o mesmo desempenho no rádio. Finalmente, se for o caso, radicalize no combate à redundância: elimine o texto e veja se a imagem fala melhor sozinha! Não é incomum que isto aconteça.
Faça o Sr. Target sonhar!
Ninguém compra produtos, compram–se promessas, compram–se benefícios. Compram–se, enfim, idealizações, projeções, sonhos. Faça, portanto, o Sr. Target sonhar.
Charles Revson, fundador da indústria de cosméticos Revlon, dizia: “na indústria fabricamos cosméticos, na loja vendemos esperança”. Ou, como dizem alguns publicitários “ninguém compra uma broca, compra buracos na parede!” 
Em suma, o que o consumidor quer e paga por isso é a obtenção de resultados (para entender melhor a extensão do significado de “o que o consumidor quer” ? Pesquise! E Pergunte a você mesmo : Seu anúncio promete resultados? Nada mais a dizer. 
Fonte:Webinsider
Estrutura do Texto Publicitário
Primeiro parágrafo   
Apresentação do assunto a ser tratado na argumentação   
Segundo parágrafo  
Descrição convincente dos aspectos relevantes para elaborar a argumentação  
Terceiro parágrafo  
Citar o que já se faz para concretizar uma mudança de comportamento social. Dar exemplos da mídia. 
Quarto parágrafo  
Conclamar o leitor a mudar também seu comportamento diante de uma problemática social premente. 
EXEMPLO DE TEXTO PUBLICITÁRIO 
( temática proposta: escrever para o público jovem –acadêmico- a fim de alertá-lo sobre a influência do Quarto Poder na vida dos cidadãos ) 
      Por meio da difundida tela mágica, verdadeira janela aberta para o mundo, e de outros variados meios de divulgação, temos acesso a informações e dados tão preciosos, que fariam inveja a qualquer sábio da Grécia antiga. Pelo monitor, principalmente, o nosso olhar alcança desde o profundo dos oceanos até o interior da célula que viaja pela nossa corrente sanguínea. Torna-se impossível não se deixar envolver com o deslumbramento e curiosidade que nos são oferecidos, não é mesmo, caro leitor?
      Porém devemos ficar atentos, pois a posse de um estoque tão variado de informações é, inegavelmente, uma condição necessária para a construção do saber, mas não suficiente. A quantidade e a variedade de conhecimentos pode criar em nós uma ilusão de onisciência (de tudo saber). O verdadeiro saber (a sabedoria) na realidade pressupõe algo mais do que o mero estoque de conhecimentos superpostos. Você há de concordar comigo que não podemos ser meros repetidores do que vemos e ouvimos.
      Lembre-se de que o verdadeiro sábio é aquele que se mostra capaz de organizar as informações e dados dentro de um sistema, de encaixá-los numa estrutura onde eles se correlacionam e adquirem sentido, de hierarquizá-los, de distinguir os que se implicam dos que se excluem. É preciso filtrá-los para inseri-los na rotina da vida individual e coletiva. A estratégia da TV,  e da mídia em geral, de se mostrar inquestionável é extremamente eficaz – para ela-  resulta numa falsa opinião pública, que ,na verdade, acaba expressando um desejo, não mais da sociedade, mas sim do poder concentrado da mídia.
      Ora, a massa perdeu o hábito de pensar e principalmente o de se auto-avaliar. A ignorância e a miséria de conteúdos  são negociadas pela mídia. Basta olhar para os programas de maior sucesso da TV. Trata-se aqui  da intenção  da mídia que cuida para que sociedade continue assim: ignorante e burra. Sufocado e tolhido pelo materialismo exacerbado e pelo brilho das aparências, o intelecto coletivo apodrece. Sendo assim, caro leitor, a condição indispensável para tirar proveito da consulta a todo e qualquer comunicado que nos chega pelos modernos meios sem que nos deixemos violentar é desenvolver a criticidade diante de qualquer assunto que nos seja apresentado. Não se curve rapidamente às informações,  leia matérias confrontantes,  ouça opiniões as mais variadas e depois, trace você mesmo a sua visão sobre a problemática discutida. 
Interpretação de Textos
(IBGE) Texto para as questões 1 a 5:
      1º - Uma diferença de 3.000 quilômetros e 32 anos de vida separa as margens do abismo entre o Brasil que vive muito, e bem, e o Brasil que vive pouco, e mal. Esses números, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, e pela Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco, referem-se a duas cidades situadas em polos opostos do quadro social brasileiro. Num dos extremos está à cidade de Veranópolis, encravada na Serra Gaúcha. As pessoas que nascem ali têm grandes possibilidades de viver até os 70 anos de idade. Na outra ponta fica Juripiranga, uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Lá, chegar à velhice é privilégio de poucos. Segundo o IBGE, quem nasce em Juripiranga tem a menor esperança de vida do país: apenas 38 anos. 
      §2ºA estatística revela o tamanho do abismo entre a cidade serrana e a sertaneja. Na cidade gaúcha, 95% das pessoas são alfabetizadas, todas usam água tratada e comem, em média, 2.800 calorias por dia. Os moradores de Juripiranga não têm a mesma sorte. Só a metade deles recebe água tratada, os analfabetos são 40% da população e, no item alimentação, o consumo médio de calorias por dia não passa de 650. 
      §3ºO Brasil está no meio do trajeto que liga a dramática situação de Juripiranga à vida tranquila dos veranenses. A média que aparece nas estatísticas internacionais dá conta de que o brasileiro tem uma expectativa de vida de 66 anos. 
      §4ºVeranópolis, como é comum na Serra Gaúcha, é formada por pequenas propriedades rurais em que se planta uva para a fabricação de vinhos. Tem um cenário verdejante. Seus moradores - na maioria descendentes de imigrantes europeus - plantam e criam animais para o consumo da família. Na cidade paraibana, é óbvio, a realidade é bem diferente. Os sertanejos vivem em cenário árido. Juripiranga não tem calçamento e o esgoto corre entre as casas, a céu aberto. Não há hospitais. A economia gira em torno da cana-de-açúcar. Em época de entressafra, a maioria das pessoas fica sem trabalho. 
      §5ºNo censo de 1980, os entrevistadores do IBGE perguntaram às mulheres de Juripiranga quantos de seus filhos nascidos vivos ainda sobreviviam. O índice geral de sobreviventes foi de 55%. Na cidade gaúcha, o resultado foi bem diferente: a sobrevivência é de 93%. 
      §6ºContrastes como esses são comuns no país. A estrada entre o país rico e o miserável está sedimentadapor séculos de tradições e culturas econômicas diferentes. Cobrir esse fosso custará muito tempo e trabalho. 
    (Revista Veja - 11/05/94 - pp. 86-7 - com adaptações) 
COERÊNCIA – INCOERÊNCIA 
Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção, O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital, Assim, salvou-lhe a vida.
 Esse texto, uma redação escolar, apresenta uma incoerência: Qual? 
 Se o menino era tão fraco que quase não podia carregar a cesta de amendoins, como conseguiu carregar um homem corpulento até o carro?
 Quando se fala em redação, sempre se aponta a coerência das ideias como uma qualidade indispensável para qualquer tipo de texto. Mas nem todos explicitam de maneira clara em que consiste essa coerência, sobre a qual tanto se insiste, e como se pode consegui-la. 
Coerência deve ser entendida como unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. No texto coerente, não há nenhuma parte que não se solidarize com as demais.
 Todos os elementos do texto devem ser coerentes. Vamos mostrar apenas três dos níveis em que a coerência deve ser observada:
1) Coerência narrativa;
2) Coerência figurativa;
3) Coerência argumentativa.
 
Vamos partir de exemplos de incoerências, mais simples de perceber, para mostrar o que é coerência. 
1) Coerência narrativa
 É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem freios, que pára imediatamente, depois de ser brecado, quando uma criança lhe corta a frente. 
Manipulação é a fase em que alguém é induzido a querer ou dever realizar uma ação; competência, a fase em que esse alguém adquire um poder ou um saber para realizar aquilo que ele quer ou deve; performance, a fase em que de fato se realiza a ação; sanção, a fase em que se recebe a recompensa ou o castigo por aquilo que se realizou.
 Essas quatro fases se pressupõem, isto é, a posterior depende da anterior. Assim, por exemplo, um sujeito só pode fazer alguma coisa (performance) se souber ou puder fazê-la (competência). Constitui, portanto, uma incoerência narrativa relatar uma ação realizada por um sujeito que não tinha competência para realizá-la.
 A título de exemplo, vamos citar um desses equívocos cometidos em redação, relatado pela Prof.ª Diana Luz Pessoa de Barros num livro sobre redação no vestibular:
 Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa.
 Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc
 Nesse caso, o sujeito não podia ver e viu, O texto tornar-se-ia coerente se o narrador dissesse que ficara encostado à parede imaginando as pessoas que estavam por detrás da cortina de fumaça.
 Outros casos de incoerência narrativa podem ocorrer. Se, por exemplo, um personagem adquire um objeto de outro, é claro que esse outro deixou de possuí-lo. Assim, é incoerente relatar, numa certa altura da narrativa, que roubaram de uma senhora um valiosíssimo colar de pérolas e, numa passagem posterior, sem dizer que ela o tenha recuperado referir-se ao mesmo colar envolvendo o pescoço da mesma senhora numa recepção de gala.
 Um Outro tipo de incoerência narrativa pode ocorrer em relação à caracterização dos personagens e às ações atribuídas a eles.
 No percurso da narrativa, os personagens são descritos como possuidores de certas qualidades (alto, baixo, frágil, forte), atribuem-se a eles certos estados de alma (colérico, corajoso, tímido, introvertido, apático, combativo). 
Essas qualidades e estados de alma podem combinar— se ou repelir— se, alguns comportamentos dos personagens são compatíveis ou incompatíveis com determinados traços de sua personalidade. 
A preocupação com a coerência e a unidade do texto pressupõe que se conjuguem apropriadamente esses elementos. 
Se na narrativa aparecem indicadores de que um personagem é tímido, frágil e introvertido, seria incoerente atribuir a esse mesmo personagem o papel de líder e agitador dos foliões por ocasião de uma festa pública. Obviamente, a incoerência deixaria de existir se algum dado novo justificasse a transformação do referido personagem. Uma bebedeira, por exemplo, poderia desencadear essa mudança. 
Muitos outros casos de incoerência desse tipo podem ser apontados.
Dizer por exemplo, que um personagem foi a uma partida de futebol, sem nenhum entusiasmo, pois já esperava ver um mau jogo, e, posteriormente, afirmar que esse mesmo personagem saiu do estádio decepcionado com o mau futebol apresentado é incoerente. Quem não espera nada não pode decepcionar-se. 
É incoerente ainda dizer que alguém é totalmente indiferente em relação a uma pessoa e caiu em prantos quando soube que ela casou-se e viajou para o exterior.
As incoerências podem ser utilizadas para mostrar a dupla face de um mesmo personagem, mas esse expediente precisa ficar esclarecido de algum modo no decorrer do texto.
 2) Coerência figurativa 
Suponhamos que se deseje figurativizar o tema “despreocupação”. Podem-se usar figuras como “pessoas deitadas à beira de uma piscina”, “drinques gelados”, “passeios pelos shoppings” Não caberia, no entanto, na figurativização desse tema, a utilização de figuras como ‘‘pessoas indo apressadas para o trabalho’’, “fábricas funcionando a pleno vapor”. 
Por coerência figurativa entende— se a articulação harmônica das figuras do texto, com base na relação de significado que mantêm entre si. As várias figuras que ocorrem num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir um único bloco temático. A ruptura dessa coerência pode produzir efeitos desconcertantes. Todas as figuras que pertencem ao mesmo tema devem pertencer ao mesmo universo de significado. 
Suponhamos, a título de exemplo, que se pretenda figurativizar o tema do requinte e da sofisticação para caracterizar um certo personagem. Para ser coerente, é necessário que todas as figuras encaminhem para o tema do requinte. Pode-se citar, ao descrever sua casa: a lareira, o tapete persa, os cristais da Boêmia, a porcelana de Sévres, o doberman ressonando no tapete, um quadro de Portinari e outras figuras do mesmo campo de significado. Constituiria incoerência figurativa gritante incluir nesse conjunto de elementos Agnaldo Timóteo cantando na vitrola um bolero sentimentalóide. Essa ruptura se justificaria se a intenção fosse o humor, a piada, a ridicularização, ou mostrar o paradoxo de que o requinte é apenas exterior.
 Sem essas intenções definidas de denunciar o paradoxo ou de ridicularizar, as figuras pertencentes a um mesmo tema devemarticular-se harmoniosamente. 
Um último exemplo. Suponhamos que se queira mostrar a vida no Pólo Norte. Podem-se para isso usar figuras como “neve”, “pessoas vestidas com roupas de pele”, “renas”, “trenós’’. Não se podem, porém, utilizar figuras como “palmeiras”, “cactos”, “camelos”, “estradas poeirentas’’.
 3) Coerência argumentativa 
Quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e a amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso é melhor viver isolado.
 Num esquema de argumentação, joga-se com certos pressupostos ou certos dados e deles se fazem inferências ou se tiram conclusões que estejam verdadeiramente implicados nos elementos lançados como base do raciocínio que se quer montar. Se os pressupostosou os dados de base não permitem tirar as conclusões que foram tiradas, comete-se a incoerência de nível argumentativo. 
Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se defender posteriormente o privilégio de algumas categorias profissionais não estarem obrigadas a pagar imposto de renda.
 O argumentador pode até defender essas regalias, mas não pode partir da premissa de que todos são iguais perante a lei. 
Assim também é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma ação violenta. 
CLAREZA/CONCISÃO
A clareza e a concisão compreendem duas qualidades primordiais de um texto bem elaborado. A primeira diz respeito à organização coerente das ideias, de modo a não deixar dúvidas sobre o que foi proposto pelo texto, desde seu início até sua conclusão, enquanto a segunda está associada a não-prolixidade do texto, ou seja, uma está ligada à outra. 
Do ponto de vista da produção, de acordo com a intenção, deve-se selecionar a estrutura que sustentará o texto, levando-se em consideração características peculiares a cada uma delas (narrativa, descritiva ou dissertativo-argumentativa), as quais serão apresentadas mais à frente. O fundamental é garantir que haja uma hierarquia de ideias e fatos na relação intratextual, a fim de se organizar um todo coeso e coerente. 
Nesse sentido, a organização dos parágrafos no interior do texto é de suma importância e constitui uma das dificuldades que deve ser vencida pelo produtor, pois quando não se tem domínio dessa habilidade, há duas tendências na construção dos parágrafos: ou o texto é um bloco único de informações ou confundem-se período e parágrafo.
Para melhor compreensão, passemos a verificar essas duas etapas: da organização discursivo-textual e da elaboração dos parágrafos. 
Organização discursivo-textual 
Do ponto de vista de quem produz o texto, é preciso que haja conhecimento das condições de produção, ou seja, é preciso saber para quê, para quem e por que o texto será produzido. Além dessas, o tipo de texto também é uma condição de produção, visto que o gênero determina as características de cada texto, o que pressupõe o conhecimento delas para a organização discursivo-textual adequada. 
Uma primeira preocupação deve ser com a pessoa do discurso, na cena enunciativa, tendo em vista que o uso da 3ª ou da 1ª pessoa produz efeito de objetividade ou subjetividade. Dizemos efeito porque este é resultado da intenção do locutor (para com o interlocutor) de “afastar-se” ou “aproximar-se” da enunciação quando faz a escolha.
A partir desse primeiro posicionamento, o sujeito assume “a voz” que seja mais conveniente à produção do texto-discurso. Trata-se da relação entre enunciação e enunciado, ou ainda, “o que se diz” e “o que se quer dizer”.
É dessa escolha enunciativa que se pode avaliar se o texto-discurso é objetivo ou subjetivo, se o sujeito aproxima-se ou distancia-se do ponto de vista que há no texto. Enfim, o modo de dizer, o que se pretende dizer depende dessas escolhas prévias. Após essa primeira seleção, torna-se necessário saber que tipo de texto pretende-se produzir, isto é, se o texto é:
· Descritivo
· Narrativo 
· Ou argumentativo. 
Vejamos a definição de cada um!
	TEXTO TIPO 
	FUNÇÃO DE BASE
	DESCRITIVO
	O texto descritivo por excelência consiste em uma percepção sensorial, representada pelos cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) no intuito de relatar as impressões capturadas com base em uma pessoa, objeto, animal, lugar ou mesmo um determinado acontecimento do cotidiano.
	NARRATIVO
	O principal objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E o segundo principal objetivo é que esse fato sirva como informação, aprendizado ou entretenimento. Se o texto narrativo não consegue atingir seus objetivos perde todo o seu valor.
	ARGUMENTATIVO
	O texto em que defendemos uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
Convencer é apresentar provas e, por isso, os argumentos “demonstram”, ou seja, comprovam o que está sendo dito. Persuadir é “levar o outro a acreditar”, por isso é um ato retórico, ou seja, o sujeito-enunciador deve construir os argumentos para persuadir “o outro”. 
Como escrever o necessário em poucas palavras? 
Há autores que apresentam uma característica expressiva em seus textos: gastam muitas palavras para comunicar suas ideias. São detalhistas, preferem explorar as ideias em várias facetas. Outros têm características opostas: expressam suas ideias em poucas palavras; comunicam o essencial; vão direto ao raciocínio. Se há o exagero expressivo, comete-se o erro chamado prolixidade. Se há muita economia de ideias, caímos no erro do hermetismo. Entre esses dois extremos, há os textos mais fluentes e cheios de palavras ou os mais densos e contidos. Assim, começamos a falar em concisão e precisão da linguagem. 
1. Concisão e precisão 
Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer. 
	Podemos considerar a concisão e a precisão como qualidades que caminham juntas, têm afinidades. Mas a concisão verifica-se na frase e a precisão, no vocábulo. 
1. Texto conciso e texto preciso
Um texto conciso é aquele em que as ideias se condensam em frases e períodos que expressam o essencial do que se quer comunicar. Em um texto preciso, todas as palavras traduzem exatamente as ideias do autor e não entram em choque com conceitos estabelecidos. 
2. Quando a redundância é necessária 
A redundância é uma das falhas mais comuns na falta de concisão. Ser redundante significa dizer a mesma coisa mais de uma vez. Geralmente a redundância prejudica um texto. Mas há situações em que ela é justificável e necessária, como em um texto didático em que o autor repete de propósito conceitos ou os redige em outras palavras, usando a repetição como um recurso para acentuar pontos importantes do assunto. 
	
	
	A concisão, portanto, não é linguagem de telegrama, é uma forma particular de buscar a linguagem mais econômica, com o único intuito de conseguir uma comunicação mais eficiente. 
 Quando dominamos bem o nosso vocabulário, conseguimos ser mais precisos; ou seja, a precisão depende mais do domínio do vocabulário que temos do que do conhecimento de um grande número de palavras. 
	Berlim tem dois rostos. Durante o dia inteiro, o que se vê pelas ruas são os velhos. A partir de oito da noite, os velhos desaparecem e surgem os jovens, tomando conta de tudo. A cidade se recicla a cada dia. Até mesmo nos cafés kneipes e restaurantes, muda-se a forma de atendimento. À tarde, é comum os garçons serem pessoas de meia-idade. À noite, o serviço geralmente é feito por universitários. Aliás, é bem maior o número de mulheres nesses serviços, que de homens."
Ignácio de Loyola Brandão, trecho extraído do livro O Verde Violentou o Muro.
Em O Verde Violentou o Muro, Ignácio de Loyola Brandão dá um bom exemplo de texto conciso.
Glossário 
Hermetismo: qualidade de hermético. Aqui tem o significado de obscuro, de difícil compreensão. 
Prolixidade: qualidade de prolixo. Significa muito longo ou difuso; excessivo; demasiado; enfadonho. 
Pra escrever bem náo é preciso muitas palavras. Só saber como combiná-las. Pense no xadrez. 
Millor Fernandes
Coesão expressa à relação entre as unidades línguisticas, como a relação entre as palavras em um enunciado.
OS RECURSOS COESIVOS
A produção de um texto consiste não apenas num agrupamento aleatório idéias, mas principalmente em ligações que resultem numa unidade textual.
Existem diversos recürsos lingüísticos que podem servir para conectar as partes do texto: são os recursos coesivos. 
Observe alguns desses recursos: 
a) e, além de, além disso, ademais, ainda, bem como, também — servem para acrescentar idéias, argumentos. 
 b) embora,

Outros materiais