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Apostila parte 3

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Parte 3 
9 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA OCLUSÃO
Esquemas oclusais
Para realizarmos a escultura, precisamos primeiro definir como vamos esculpir, a que normas obedecer, quais pontos de contato procurar, onde colocar as cúspides de contenção cêntrica. 
Para isso, existem os esquemas de reconstrução da oclusão que serão usados conforme o caso.
O primeiro esquema de oclusão é o chamado de cúspide-fossa-crista-marginal, no qual cada cúspide de contenção cêntrica (cúspide funcional), contata a superfície oclusal antagônica em duas cristas marginais vizinhas ou numa fossa. Também chamada de “oclusão 1 dente versus 2 dentes.” 
É o esquema encontrado, nas dentições naturais e como tal, funciona muito bem, apesar de que em alguns casos onde haja desorganização da oclusão ou problemas periodontais, a dissipação de forças pelo dente e periodonto de sustentação neste esquema fica um pouco prejudicado, pois neste esquema existe um componente lateral de forças, justamente quando as cúspides de contenção cêntrica se dirigem para a região das cristas marginais. Numa oclusão onde haja presença de todos os dentes, e haja contato proximal, estas forças laterais são recebidas pelos dentes pelos dois lados, equilibrando assim um possível resultante de forças de direção não-axial, não trazendo prejuízos ao periodonto. Numa outra situação, temos aquela dentição com o periodonto debilitado, já sem contatos proximais, que já não suporta a carga que lhe é imposta, e devido a esta mobilidade, há mudança de posição de dentes, tornando-os susceptíveis a receber forças laterais, fato que irá agravar ainda mais o problema periodontal. A isso chamamos de periodontite secundária, mais grave, que faz aparecer bolsas mais rapidamente e o ciclo vai seguindo desta maneira, de uma forma destrutiva. Este ciclo destrutivo é um dos motivos mais comuns que provocam disfunções oclusais nos pacientes. A evolução será grandes perdas de dentes, grandes espaços edêntulos, desorganização do esquema oclusal, e às vezes, também uma perda de dimensão vertical. Nestes casos, é aconselhável reconstruir a oclusão do paciente num novo esquema; o esquema artificial, que facilita mais a dissipação de forças para os elementos remanescentes, que é o esquema descrito a seguir.
Fig. 9.1 - Esquema oclusal dente versus dois dentes. Fig. 9.2 - Esquema oclusal dente a dente ou 
 cúspide-fossa
O esquema oclusal de eleição para grandes reconstruções é chamado de relação cúspide-fossa, no qual cada cúspide de contenção cêntrica (cúspide funcional) se aloja numa fossa oclusal do dente oposto. 
Também chamada de “oclusão 1 dente versus 1 dente,” neste esquema, é preconizado o tripodismo, ou seja, cada cúspide de contenção é contida em uma fossa do antagonista em três pontos, localizados logo acima da parte mais profunda da fossa, nas cristas triturantes e nas arestas longitudinais.
O esquema cúspide-fossa permite que a direção das forças seja dirigida no sentido dos longos eixos dos dentes, evitando sobrecarga no sentido lateral. A relação cúspide-fossa permite o travamento vestíbulo-lingual e mésio-distal, que dá estabilidade à oclusão nas direções e que justifica o seu uso em casos extensos de reabilitação da dentição. Lembrar que sempre que se usa este esquema, alguma coisa de grave já ocorreu, e tudo que se faça para aliviar a carga sobre os remanescentes, concorre para o sucesso da reconstrução.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESQUEMAS OCLUSAIS
	Esquema Oclusal
	Cúspide – fossa
	Cúspide – fossa – crista marginal
	Localização do contato oclusal
	Somente nas fossas
	Nas cristas marginais e nas fossas
	Relação com os antagonistas
	Relação dente a dente 
	Relação dente a dois dentes
	Vantagens
	As forças oclusais são dirigidas ao longo eixo do dente.
	È o tipo de oclusão mais natural e encontrado em 95% dos casos.
	Desvantagens
	Como raramente é encontrado este esquema em dentição natural, só se usa para grandes reconstruções
	Se não houver um contato proximal satisfatório entre dentes vizinhos, as cúspides de contenção poderão provocar impacção alimentar nas embrasuras
	Aplicações
	Em casos de reabilitação completa ou extensa
	Na maior parte das restaurações na prática diária
CONTATOS OCLUSAIS DAS CÚSPIDES NO ESQUEMA OCLUSAL CÚSPIDE -FOSSA
	Cúspides vestibulares inferiores
	Local de oclusão contenção nos dentes superiores
	Primeiro pré-molar
	Fossa mesial do primeiro pré-molar
	Segundo pré-molar
	Fossa mesial do segundo pré-molar
	Cúspide mésio-vestibular 1o molar
	Fossa mesial do primeiro molar
	Cúspide mediana 1o molar
	Fossa central do primeiro molar
	Cúspide disto-vestibular 1o molar
	Fossa distal do primeiro molar
	Cúspide mésio-vestibular 2o molar
	Fossa mesial do segundo molar
	Cúspide mediana 2o molar
	Fossa central do segundo molar
	Cúspide disto-vestibular 2o molar
	Habitualmente não funciona
	Cúspides linguais superiores
	Local de contenção nos dentes inferiores
	Primeiro pré-molar
	Fossa distal do primeiro pré-molar
	Segundo pré-molar
	Fossa distal do segundo pré-molar
	Cúspide mésio-lingual do1o molar
	Fossa central do primeiro molar
	Cúspide disto-lingual do1o molar
	Fossa distal do primeiro molar
	Cúspide mésio-lingual do2o molar
	Fossa central do segundo molar
	Cúspide disto-lingual do2o molar
	Fossa distal do segundo molar
Contatos Oclusais das cúspides no esquema oclusal cúspide-fossa-crista marginal
	Cúspides vestibulares inferiores 
	Local de oclusão contenção nos dentes superiores
	Primeiro pré-molar
	 Crista marginal mesial do primeiro pré-molar
	Segundo pré-molar
	 Crista marginal distal do primeiro pré-molar e crista marginal mesial do segundo pré-molar
	Cúspide mésio-vestibular 1o molar
	 Crista marginal distal do segundo pré-molar e crista marginal mesial do primeiro molar
	Cúspide mediana 1o molar
	 Fossa central do primeiro molar
	Cúspide disto-vestibular 1o molar
	 Habitualmente não funciona
	Cúspide mésio-vestibular 2o molar
	 Crista marginal distal do primeiro molar e crista marginal mesial do segundo molar
	Cúspide disto-vestibular 2o molar
	Fossa central do segundo molar
	Cúspides linguais superiores
	Local de contenção nos dentes inferiores
	Primeiro pré-molar
	Fossa distal do primeiro pré-molar
	Segundo pré-molar
	Fossa distal do segundo pré-molar
	Cúspide mésio-lingual do1o molar
	Fossa central do primeiro molar
	Cúspide disto-lingual do1o molar
	Crista marginal distal do 1o molar e crista marginal mesial do 2o molar
	Cúspide mésio-lingual do2o molar
	Fossa central do segundo molar
	Cúspide disto-lingual do2o molar
	Crista marginal distal do 2o molar
Fig. 9.2 - Confira os locais de contenção cêntrica das cúspides no esquema oclusal dente a dois dentes.
Fig. 9.3 - Locais de contenção das cúspides no esquema oclusal dente a dente. 
Bibliografia recomendadada
SHILINGBURG et al: Guia de Enceramento Oclusal, 2 edição, Chicago, Rio de Janeiro, Quintessence Editora, 1988
13- TÉCNICA DE ENCERAMENTO NEGATIVO
Definição
É uma técnica de enceramento na qual, a partir de um troquel cujas faces livres e proximais foram previamente esculpidas, se coloca cera em excesso em todo o plateau oclusal, para em seguida se obter uma impressão dos dentes antagonistas, através da compressão desta cera pelos mesmos.
A partir dos detalhes estampados, que serão justamente, um “negativo” dos detalhes oclusais dos dentes antagonistas (daí a denominação da técnica), esculpe-se, retirando excessos e remodelando a cera remanescente, para que se obtenha os contornos e formas anatômicas oclusais do dente em questão.
A princípio, é certo dizer que é uma técnica que possibilita fazer uma escultura rápida, e também que para se usar esta técnica, os conhecimentos de anatomia devem estar bem apurados.Para se obter sucesso no resultado final, certos passos devem ser obedecidos:
1 - Após a montagem dos modelos e preparo dos troquéis (desnudamento), prática que se faz para qualquer técnica (como já foi dito antes, no enceramento progressivo), faz-se a escultura dos dois terços cervicais. Já nesse início, é preciso que o aluno tenha conhecimentos acurados da anatomia desta região, a saber: cuidados com as áreas de maior convexidade: neste terço cervical, na face vestibular, que não deve ficar nem muito proeminente nem pouco. Um excesso de contorno nesta área resulta na falta do massageamento natural feito pelos alimentos, causando um inchaço no periodonto de proteção; um subcontorno causa retração da gengiva.
Fig. 13-1 Desnudamento do troquel e escultura do terço cervical da coroa, já com todas as convexidades próprias de cada face; cuidar para não imprimir sub nem sorecontorno às faces livres. Nas faces proximais, esculpe-se até onde for possível, já que não troquelizaremos os dentes para esculpir. O desenho do troquel é só elucidativo do que seja um.
Na face lingual, observar o contorno igualmente convexo por lingual; mais suave que na vestibular.
Nas proximais (quando for feito troquel), observar que na mesial existe sempre uma tendência a haver uma certa concavidade, ou senão uma superfície quase plana no terço cervical, que vai diminuindo em direção ao ponto de contato, onde já se torna convexa. Este, por sua vez, também tem uma característica que deve ser observada que é o seu tamanho: o contato proximal não deve ser exagerado, mas também não deve ser pontual para cumprir sua missão de proteger o col e também a papila gengival por inteiro, que se localiza abaixo dele. 
Já a concavidade da qual se falava anteriormente, tem a função de fornecer o espaço necessário para a acomodar a papila interdental.
Na face distal, a convexidade predomina, quase não se observa concavidade mesmo no terço cervical e na proximidade do contato, esta convexidade se exacerba.
Numa visão oclusal, as ameias vestibular e lingual são separadas pelo contato e são diferentes, sendo que a ameia lingual sempre mais comprida V-L que a vestibular, exceto entre o primeiro molar superior e seus vizinhos, por causa da inversão da convergência de suas faces proximais. 
Fig. 13-2 Na esquerda, uma vista por oclusal: observe como o ponto de contato é vestibularizado; na direita, uma vista por vestibular para observarmos o espaço da papila que é proporcionado pelas ameias cervicais e como o contato proximal fica no terço oclusal.
Importante: no enceramento negativo, enfatiza-se muito a observação do dente contralateral para registro das características para aplicar no dente que se esculpe.
Porém deve-se observar que toda característica em exagero é prejudicial ao resultado final ou seja: observamos, porém, o que não nos for conveniente não é feito. Um exemplo bom seria o tubérculo de Carabelli: que função teria este tubérculo numa restauração fundida? Seria o caso de o omitirmos então.
Outra coisa que se deve ter em mente, é que em trabalhos que exigem dos operadores muita atenção aos detalhes, é conveniente em certa etapa, que o deixe de lado um pouco para se espairecer, para que, logo que o veja e se concentre novamente, se observe detalhes que antes passaram despercebidos. Este procedimento exercita no operador o senso crítico e o cérebro atentará a cada vez, a mais e mais detalhes, levando-o ao aperfeiçoamento.
2 - Estando as faces livres esculpidas, passa-se à escultura da face oclusal. Antes, é conveniente isolar com vaselina os dentes antagonistas ao que se está esculpindo. Enche-se de cera em excesso todo o platô que resultou da escultura das faces livres por oclusal para que, ao fechar o articulador, os antagonistas façam uma impressão nesta cera. É nesta impressão que vamos nos basear para fazer a escultura da face oclusal. Observe que o fechamento do articulador em cima desta cera deve ser feito com ela ainda plástica, ou melhor, bastante plástica, quase líquida, apenas esperando somente que perca o brilho. O amolecimento desta grande quantidade de cera deve ser feito com a espátula sete. As primeiras porções colocamos com cuidado para não escorrer para fora do plateau. Como a quantidade deve ser maior, colocamos com a espátula sete. E para que estas porções fiquem bem soldadas no plateau, esquentamos mais um pouco a espátula, desta vez sem cera e atravessamos a cera, chegando na cera do plateau, para soldar nela. Novas porções podem ser mais generosas até que percebamos que vai para derramar; ultrapassado o limite oclusal dos vizinhos, podemos esperar perder o brilho para imprimir. Um erro comum de acontecer na primeira vez é o aluno ter medo de colocar muita cera e ir colocando devagar. Assim, ao imprimir, a cera de baixo já estará dura. Deveria portanto, esquentar a espátula sete bastante e penetrar na cera muitas vezes até que volte a plastificá-la pr inteiro antes de imprimir.
Fig. 13-3 Impressão das estruturas oclusais antagonistas no platô. Detalhe: no desenho não está estampado o articulador; mas os modelos estarão montados.
Esta impressão vai ser a base da nossa escultura e a ela se deve também o nome que a técnica leva, pois depois desta impressão, o que teremos é justamente um negativo da face oclusal dos antagonistas. Para que possamos interpretar esta impressão, precisaremos neste momento, de lembrar de todos os detalhes antômicos do dente que iremos fazer, da qual a impressão nos dará dicas: onde houver um sulco nos antagonistas, aparecerá uma crista na impressão (futura vertente), onde houver uma cúspide, aparecerá uma depressão (futura fossa), onde houver uma fossa, aparecerá um ápice (futura cúspide).
No esquema oclusal dente versus dois dentes, vai aparecer também a impressão de duas cristas marginais que deveremos interpretar como lugar de futura cúspide. Há que se educar a vista para poder identificar onde vai localizar cada acidente anatômico de sua futura face oclusal, e isso vai demandar do operador, um conhecimento bem mais acurado de anatomia, pois do mau planejamento nesta fase vai resultar uma escultura defeituosa no final.
Fig. 13-4 Retirada dos excessos grosseiros e decisão de onde serão localizados cada acidente anatômico
3 - A partir dessa impressão, retira-se com uma espátula 7 ligeiramente aquecida, os excessos mais grosseiros por vestibular e por lingual. 
4 - Ato contínuo, com a espátula nesta mesma temperatura, (deve-se testá-la nas costas da mão até se acostumar com a temperatura ideal de se fazer isso), delimita-se o sulco principal mésio-distal, e o vestíbulo-lingual, meio caminho andado já para a divisão das cúspides e de sua conformação geométrica. Este sulco MD, deve ser uma continuação dos vizinhos, para se obter o que se costuma designar como o "corredor oclusal". Na divisão das cúspides, observar então, onde ocorreram “picos” na impressão, para planejá-las nestes locais que, como dito anteriormente, são os negativos das fossas dos antagonistas.
 
Fig. 13-5 Início da conformação dos acidentes anatômicos, planejamento da futura face oclusal.
5 - Cada cúspide então é conformada com sua característica principal, que é a forma de pirâmide de base quadrangular. Têm-se o cuidado de não deslocar cera de outros locais para as futuras vertentes, pois assim criaríamos locais com excesso de cera, provocando pontos prematuros. Atentar também para não retirar demais em áreas de cristas, o que acarretaria uma sub-oclusão no local. Para não acontecer nada disso, deve-se sempre fechar o articulador. Esculpindo com a espátula aquecida, perceba que a cera na qual mexemos deverá estar sempre um pouco plástica e então, o fechar o articulador deve ser uma manobra automática ao mexer em qualquer porção de cera. As cúspides devem ter o seu ápice localizado onde houver um ápice impresso, ou seja, em área de fossa no antagonista, ou então em área de cristas marginais no antagonista.
Fig 13.6 - Após concluir este primeiro esboço grosseiroda face oclusal, teremos o que se costuma chamar de fase geométrica. Nesse passo, têm-se as cúspides marcadas, os sulcos delimitados, faltando fazer ainda as cristas marginais, o que não se tem ainda, posto que se passou a espátula de fora a fora, na delimitação do sulco mésio-distal. Deve-se observar ainda, a correspondência dos acidentes anatômicos, se estão em perfeita harmonia com os antagonistas. Faz-se então, movimentos de lateralidade com o articulador, para verificar se existe alguma interferência. Há que se dizer: as cúspides podem não estar na posição dita ideal anatomicamente falando, mas o que vale mais na reabilitação de um dente é a funcionalidade. Além disso, pode-se observar também, uma cúspide a mais ou a menos, mas prevalece a função à anatomia. 
7 - Procede-se então ao acabamento de cúspide por cúspide, tomando o cuidado de adotar uma sistemática para se fazer isso, como por exemplo, começar sempre pela mais mesial e vestibular, indo para distal e lingual. Deve-se arredondar, deve-se deixar os contatos oclusais o mais pontuais possível, retirar áreas que possam estar ainda côncavas. Devemos evitar áreas de concavidade, pois essa forma gera pontos de contato oclusais pouco funcionais. Além de não apoiar as cúspides antagonistas, pode gerar deslizes, faltarão áreas de escape de alimentos e além do mais, diminuirá a eficiência mastigatória pela diminuição da pressão (lembrar que pressão = força sobre área). Ao conseguir os contatos, vamos nos esmerar para três em cada cúspide (tripodismo), como já foi dito exaustivamente na descrição da técnica progressiva. Eles são sempre: dois nas arestas longitudinais logo abaixo da ponta da cúspide e o terceiro na crista ou vertente triturante.
 
 
Fig. 13.7 Fases geométrica e arredondamento das vertentes.
Lembretes importantes:
Cada cúspide deve ser contida no antagonista por três pontos, ou dois, se esta for em cristas marginais;
Cada par de cristas marginais ou fossa apoiar uma cúspide de contenção antagonista em dois ou três pontos de contato, respectivamente;
As arestas devem ser arredondadas para não ficarem muito marcadas como linhas retas e cada local tem sua curvatura característica, conforme o conhecimento anatômico da área;
Nas faces livres pode-se alisar passando uma meia fina de senhora, em lugares onde não houverem detalhes e evitando os pontos de contato já nas arestas longitudinais.
Não esquecer de fazer sempre, movimentos de lateralidade com o articulador.
Na oclusal, após tudo esculpido e tendo revisado a oclusão, passar um algodão embebido em álcool e detergente.
Esculpir os sulcos secundários – um de cada lado das cristas triturantes.
Verificar neste momento, o término cervical, adaptando a cera ao término do preparo, para que na fundição, não falte metal nesta região (só em casos de ter feito troquel).
Dar um alisamento geral em todo o padrão de cera. Sempre que estiver entediado e achar que não é um passo necessário, lembre que alguns segundos de alisamento na cera serão alguns minutos a menos no acabamento do metal.
 8 - Havendo disponibilidade de tempo, é sempre bom, passar pela fase de "esquecimento" (ROCHA, R.L.) Última das fases, é sempre de bom alvitre se fazer isso, posto que o nosso cérebro às vezes nos engana, passamos a achar que o nosso trabalho está perfeito ou que pouco poderia ser feito para melhorar, mas para nosso espanto, ao sairmos e espairecermos algum tempo, ou até mesmo de um dia para o outro, os defeitos se tornam evidentes e o nosso senso crítico passa a acusar mais e mais, o que sem dúvida, vai contribuir para nos aperfeiçoarmos aos poucos para que nos próximos trabalhos tais erros não venham a ocorrer, e que vejamos outros defeitos cada vez mais sutis.
Fase de recuperação de contatos e Fase de esquecimento
Fase de recuperação de contatos
Esta fase não foi descrita por Everitt Payne e nem por Thomas, mas achamos necessário mencioná-la, pois do contrário, estaríamos ignorando o que realmente acontece na prática com alunos e também com protéticos experientes, posto que é praticamente impossível fazer uma escultura bonita, correta, executar os sulcos principais, secundários, dar um alisamento geral nas faces, sem que percamos alguns, senão muitos pontos de contato conseguidos ao longo de todo este processo. 
Por este motivo, incluímos esta fase com a finalidade de recuperar os contatos que foram perdidos, ou melhor, “aliviados”, em algum momento do enceramento e escultura. 
Faz-se então uma conferência, colocando pingos minúsculos de cera com a pontinha do pingótomo nos locais que deveriam haver contatos.
Estes pingos são da mesma cor da estrutura à qual estão incorporados e com a qual foram inicialmente conseguidos, ou que seja verde, azul ou vermelho.
 A cada pingo adicionado, fecha-se o articulador e vai-se conferindo ponto a ponto, de preferência com a ajuda do professor que tirará um dia só para isso e seguindo o processo na página composta justamente para esta finalidade.
Em seguida, há um desenho com todos os pontos de contato com setas indicativas, e com a numeração com a qual é descrita no texto. Desta maneira torna-se fácil ir localizando os pontos e aproveitando para ir memorizando novamente todos eles. 
Chamo a tenção neste momento para o fato de que esta pequena quantidade de cera adicionada deve estar bem fundida à escultura já existente. Para isso, deve-se aquecer um pouco mais o pingótomo e neste momento uma nova destreza o aluno deve ter: a de aquecer mais, mas não a ponto de destruir o que foi feito: grande concentração é preciso. Há o perigo de a cera ficar trincada ao se fechar o articulador se não estiver soldada a contento. 
Esta cera de recuperação na maioria das vezes, restará muito fina, necessitando portanto de muito cuidado também no seu arremate para não arrancá-la . 
Verifica-se após a conclusão desta fase, que muitos pontos foram reavivados, ou melhor, estavam perdidos, aliviados, e não seriam pontos de efetivo apoio oclusal depois que a restauração fosse fundida. 
Melhor dizendo: se negligenciarmos esta fase, teremos no final, após tantos cuidados, uma restauração aquém de nossas expectativas, com menor número de pontos de contato e pouco equilíbrio oclusal. 
Esta fase é particularmente simples de ser feita, porque a escultura já está completada e qualquer desvio ou borrão que houver, qualquer porção maior de cera que for adicionada, poderá ser imediatamente arrematada e passa-se para o próximo ponto da conferência. 
Porém, se o aluno não seguir esta recomendação, e ir recuperando a esmo todos os pontos para arrematá-los todos de uma vez, o trabalho virará uma balbúrdia e mais difícil de ser arrematado. 
Precisa-se ter em mente do maior objetivo da fase que é a memorização dos contatos oclusais e deve-se ter paciência para esta conferência.
Outro ponto positivo para fazermos a descrição desta fase, é que nela, têm-se a oportunidade única de conferir ponto a ponto de contato, sem se preocupar muito com a anatomia, que já está definida e assim, o aluno pode aproveitar melhor para memorizá-los ainda mais, compreendendo melhor a dinâmica da oclusão.
Verifique logo abaixo, depois da fase de esquecimento, um desenho com todos os pontos de contato possíveis de se conseguir neste enceramento, juntamente com sua numeração à qual foi referido no texto e aonde cada ponto vai se encontrar no antagonista, para lhe ajudar na sua recuperação de contatos.
Fase de esquecimento
Fase de espairecimento seria uma descrição mais correta, se pensarmos no aspecto semântico, mas conservo o termo esquecimento com o intuito para chamar a atenção para este importante aspecto.
Esta fase, a última da nossa descrição, tem uma função um tanto subjetiva, mas que demonstrou funcionar: ao ficarmos concentrados em uma tarefa, principalmente se a mesma for uma coisa nova que estamos realizando e não temos um costume maior com ela, passamos a achar que o nosso trabalho está perfeito, ou quepouco poderia ser feito para melhorar. 
Isso acontece porque a nossa consciência crítica ainda está sendo aprimorada em relação a esta nova atividade. 
Mas, acredite: ao nos afastarmos desta tarefa e espairecermos um pouco, ou melhor, deixarmos para voltar ao trabalho somente no dia seguinte ou alguns dias após, ao nos depararmos com ele novamente iremos perceber os defeitos que estavam disfarçados à nossa percepção da última vez em que estávamos concentrados realizando-o. 
Este efeito de disfarce se deve, é claro, a uma armadilha da nossa mente, que no intuito de ver a tarefa terminada, “disfarça” ao olhar cansado, defeitos que da próxima vez não passarão desapercebidos. 
Outra maneira de aprimorar nossa capacidade crítica é olhar os trabalhos dos colegas, pois com certeza vamos nos deparar com trabalhos melhores e piores que o nosso. Isso tem dupla função: além de percebermos os nossos erros vendo trabalhos que não têm os mesmos erros, poderemos ajudar o colega, sugerindo com corrigir algo naquilo em que fizemos melhor que ele.
Assim, após algum tempo, os defeitos se tornam evidentes, e o nosso senso crítico passa a acusar sempre mais e mais, o que sem dúvida, vai contribuir para nos aperfeiçoarmos aos poucos, para que nos próximos trabalhos, os erros percebidos não voltem a ocorrer e também para que vejamos outros cada vez mais sutis. 
É a sutileza que nos torna diferenciados, é um pequeno detalhe que nem achamos nos livros e que passamos a perceber, é que nos diferencia da maioria e nos faz crescer e tomar gosto pelo que fazemos. 
Portanto, havendo disponibilidade de tempo, é sempre bom passar pela fase de esquecimento, que seria de uma outra maneira de ver as coisas, uma fase de “conferência” de resultados. 
 Este desenho facilitará a compreensão espacial dos pontos de contato oclusais. 
 
Fig. 12.13 - Desenho espacial dos contatos oclusais no esquema dente a dois dentes. 
 
14 - ESCULTURA EM AMÁLGAMA
Considerações iniciais
Para que se obtenha sucesso numa restauração de amálgama, em primeiro lugar, além da indicação adequada do material, devemos atentar para os cuidados com o preparo cavitário; este deve ser confeccionado de acordo com as normas que dita a Dentística Restauradora, para obtermos sucesso e durabilidade na restauração.
A escultura é um dos passos finais, ou melhor, depois da escultura, existem mais dois passos somente: a brunidura, que podemos considerar como uma adequação da superfície esculpida à cavidade bucal, tornando-a lisa e também como uma preparação para o passo final, que é o acabamento e polimento.
De uma boa escultura vai resultar uma restauração que não retenha alimentos; que desempenhe a função massageadora gengival corretamente; uma restauração que desempenhe a função mastigatória satisfatoriamente sem interferências oclusais; e que restaure, na medida do aconselhável, a anatomia original do dente, do que dependerá para desempenhar todas estas funções acima (justifico meu grifo: a anatomia original do dente não é a ideal para se obter no amálgama: sulcos profundos não devem ser o nosso objetivo: a superfície de amálgama deve ter um relevo suave). 
Para uma boa escultura concorrem vários fatores: 
Treinamento do operador - para que possa fazer uma escultura rápida, precisa e na oclusão correta sem pontos prematuros;
Conhecimentos de anatomia devem estar bastante acurados para que o operador não precise ficar pensando muito para se lembrar de detalhes, em meio à escultura (que é rápida);
Segurança - muito treino e habilidade deve ter o operador para que o corte seja parcimonioso, porém preciso, suficiente e feito sem titubeios, antes que a massa de amálgama comece a se cristalizar sem ter acabado a escultura. 
Conhecimentos de oclusão - de vital importância é a conscientização de que o amálgama não é uma liga que suporta as forças oclusais tanto quanto as ligas para restaurações fundidas e assim, ao esculpir, devemos evitar que ocorram bordas finas e sulcos profundos, o que acarretaria pouca espessura de material no cavo superficial ou no fundo, respectivamente.
Um fato que facilita a nossa vida nesse ponto é que todo preparo com indicação para amálgama deve ser estreito e restrito à largura da lesão cariosa, pois hoje em dia aceita-se melhor as preparações ultraconservadoras, o que confina a cavidade quase que ao fundo de sulco, facilitando também assim, a escultura que seria apenas a escultura de sulcos, em se tratando de face oclusal. 
Quanto à anatomia, temos uma ressalva: o amálgama não aceita uma escultura como se faz num padrão de cera para fundição, com detalhes menores - no amálgama faz-se basicamente a fase geométrica da face oclusal, tendo o cuidado de arredondar arestas e sulcos vivos após a escultura, quando então, vamos fazer a brunidura com instrumentos rombos, nas formas adequadas.
Uma restauração de amálgama pode falhar por causa da escultura, se fizermos por exemplo: 
Bordas finas no ângulo cavo-superficial - vai induzir a fraturas das bordas, facilitando o acúmulo de alimentos e placas, e consequentemente uma recidiva de cárie;
Corpo da restauração fino causado por uma escultura profunda, acentuando muito os sulcos, o que poderia levar também a fraturas;
É considerado erro grave uma má adaptação da matriz em cavidades de classe II. Isto implica em excessos ou falta de material nas proximais, advindo disto conseqüências diversas principalmente em relação ao periodonto;
Sub ou sobrecontorno nas faces livres, com conseqüências indesejáveis ao periodonto e posteriormente recidiva de cáries;
Falta de conhecimento de oclusão, deixando pontos prematuros na restauração, com suas previsíveis conseqüências ao periodonto de sustentação e também à própria ATM;
Existem muitos outros fatores que podem levar ao insucesso de uma restauração de amálgama, mas a maioria tem uma estreita relação com o preparo cavitário e com os outros passos anteriores à escultura que não seria próprio tratar neste texto e sim na Dentística.
Instrumental para escultura em amálgama
Diversidade é a palavra para definir o instrumental usado para esculpir amálgama. Diversos autores idealizaram seus próprios instrumentos com variadas finalidades, como aumentar a rapidez, facilitar os contornos, diminuir o número de instrumentos, etc. Vamos citar alguns exemplos:
Esculpidor de Hollembach: sem dúvida, no nosso meio, o mais famoso, porém existe o perigo da fama: se formos atrás do que dizem todos, como se realmente a voz do povo fosse a voz de Deus, poderemos ter algumas decepções. Na nossa opinião, o esculpidor de Hollembach é ótimo para esculpir cera, pois permite esculpir detalhes e com a sua forma de lança, nos permite obter formas planas, curvas, côncavas e convexas. Mas para escultura em amálgama, não é o ideal, pois a ponta do hollembach fica arranhando o fundo além de temos de flexionar e rotacionar o pulso para direcionar o corte e além disso, esculpe-se um lado de cada vez, ou seja, uma vertente triturante de cada vez.
 
Fig. 14-1 Esculpidor de Hollembach: figura de cima é o 3ss, menor; o de baixo, o 3s, com formas iguais.
 
Fig 14.2 - Esculpidores de Frahm: este autor idealizou um conjunto de três instrumentos que permitem esculpir os sulcos dos dois lados simultaneamente e nas mais variadas direções, que seja: de trás para frente ou de frente para trás, da esquerda para a direita e vice versa. Dificuldade principal: ficar procurando entre eles qual seria o que se deseja no momento, perdendo valiosos segundos na fase de escultura.
 
Fig 14.3 - Instrumental para escultura de terço cervical – foi idealizado para melhor conformar uma convexidade, melhor dizendo, a convexidade cervical – bom instrumento, mas de uso limitado a estes casos.
Fig. 14.4 - Instrumental “POLISCULP”: versátil, ergonômico e polivalente.
O instrumental “POLISCULP” (Rocha, R.L.) foi idealizado por nós paraque se possa calcar, esculpir, e brunir sem trocar de instrumental Isso poupa tempo, que é crítico em se tratando de escultura em amálgama. 
O POLISCULP é um instrumental que permite fazer todos os tipos de movimento e cortes em todas as direções nas mais variadas posições na face oclusal sem necessitar maiores movimentos de pulso do operador. 
Além da escultura, as duas pontas adaptadas para calcar, permitem a condensação do amálgama em grandes e em pequenas porções e também nos mais diversos locais da cavidade como nas áreas proximais, no encontro do ângulo cavo-superficial com a matriz e nas caixas proximais e oclusais.
Com as mesmas pontas ativas que permitiram a condensação, pode-se fazer a brunidura da massa do amálgama simplesmente mudando o tipo de movimento; de condensação para arrasto, alisamento, pois estas pontas têm as pontas rombas, próprias também para brunir.
Na outra extremidade, ficam as duas pontas usadas para esculpir, que são de extremidade retangular, cortante, permitindo a escultura dos sulcos. Apoiando cada uma das faces do instrumento num das bordas da cavidade, pode-se assim, fazer a escultura das duas vertentes e do sulco num só movimento, como acontece com o instrumental de Frahm, com a diferença de que o POLISCULP corta para trás e para frente, e uma lâmina, tem uma disposição transversal à outra, o que vai permitir que se faça cortes para frente, para trás, para um lado e para o outro, além de cortar as duas vertentes oclusais ao mesmo tempo. Isto facilita e acelera sobremaneira a escultura do amálgama para o operador. O autor ainda está em fase de descrição deste instrumental, que já foi apresentado em 2002 na Semana tecnológico-científica da FAFEID.
 
Fig 14.5 – Técnica de escultura em amálgama com o POLISCULP
Técnica de escultura em amálgama
Em cavidades de classe V, as faces livres do amálgama são esculpidos seguindo-se a curvatura das bordas da cavidade e dispensa maiores comentários. O instrumental ideal é aquele descrito anteriormente, próprio para esta região, e faz-se depois uma brunidura muito bem feita, quanto mais se a cavidade for subgengival.
As faces proximais não são esculpidas, e sim preparadas anteriormente com a tira-matriz para que, ao retirá-la, a superfície se encontre ideal para a região. Veja a figura a seguir:
 
Fig 14.6 – Colocação da matriz em cavidades de classe I I
Observe na figura acima que a cunha é de vital importância para a correta acomodação da tira-matriz nas proximais e que por tabela, o amálgama toma a forma da matriz, que deve ser sempre nova, lisa e muito bem adaptada.
Vale dizer também que a condensação do amálgama deve ser iniciada nas regiões mais estreitas da cavidade, como as proximais, já que no início, a massa está com a plasticidade ideal, mais macia e além disso, usaremos instrumentos com pontas mais finas com o objetivo de fazermos mais pressão com uma mesma força, deixando estes locais com uma massa de amálgama bem calcados, sem nenhuma porosidade. Nunca esquecer: regiões proximais são regiões de difícil higienização; se fizermos uma condensação pobre nas caixas proximais, deixando porosidades nas bordas, é certo a recidiva de cárie. E o mais grave: o paciente não verá isso pois estará escondido; a cárie se alastrará por baixo da caixa proximal e só seremos alertado quando o amálgama se quebrar por falta de apoio e aí o dente já era.
Conclusão: a escultura das faces proximais se faz na fixação correta da matriz com cunha e numa ótima condensação. Isso dificilmente será corrigido posteriormente, se houver um erro. Um exame minucioso deverá ser feito então, na retirada da matriz para se verificar como ficou a parede proximal: havendo falha, devemos retirar imediatamente toda a massa de amálgama que ainda estará macia, com o auxílio do hollembach mesmo. Colocar matriz de novo e calcar novamente.
Na face oclusal, a técnica de escultura é nada mais nada menos é do que um corte preciso, porém parcimonioso da massa de amálgama após a brunidura até que fique conformada a anatomia do dente.
O instrumental deve ficar o tempo todo apoiado em dente, ou seja, no ângulo cavo-superficial, para evitar a chamada superescultura, que é deixar dentina descoberta pela retirada do material além da borda da cavidade.
A subescultura pode também acontecer, e muito comum nas primeiras vezes, que é justamente não retirar amálgama que estiver por fora da borda da cavidade. Por isso repito que o instrumental deve ficar o tempo todo apoiada no ângulo cavo-superfical e com firmeza. 
Vale lembrar entretanto, que a escultura já começa bem antes, ainda na condensação, quando se coloca os últimos incrementos e se vai calcando de encontro às vertentes cuspídicas, num movimento feito do centro para as bordas, fazendo com que a massa se adapte bem a elas e já começando a definir cada vertente, já dando forma na restauração. 
Este movimento de encontro às bordas é um misto de condensação e de brunimento, pois ao mesmo tempo está se apertando a massa de amálgama e também fazendo a sua adaptação ás bordas tomando o formato de cada vertente. Quando não se faz a manipulação mecânica, fato pouco comum nos dias atuais, esta brunidura pré escultura tem outra função importante, pois nestes casos, temos uma massa de amálgama rica em mercúrio e esta brunidura o fará aflorar para ser retirado nos primeiros cortes da escultura. 
É bom lembrar que o tempo de escultura é curto e crítico, após o qual o amálgama começa a se cristalizar. Uma escultura após o “grito” do amálgama não é indicada porque acarretaria então, falhas e trincas superficiais na massa. O “grito” acontece quando, ao passar o instrumental, ouve-se um rangido sui generis da lãmina na massa. Neste momento, deve-se parar de esculpir e deixar algum detalhe para o acabamento.
Após a escultura, fazemos o brunimento final que nada mais é que repassar cada detalhe do que foi esculpido com um instrumental rombo para alisar a superfície do amálgama, permitindo-nos dispensar o paciente com uma restauração relativamente lisa. Para cada tipo de detalhe, como facetas ou sulcos, temos pontas de brunidores próprios para passar e dar a forma correta. Atentar para a qualidade dos brunidores, pois atualmente, fabricantes incautos lançam no mercado pontas não devidamente polidas que arranhariam a massa ao invés de alisar. Na próxima sessão, sete dias após, faz-se o acabamento e polimento de acordo com as normas e critérios da Dentística.
Fig. 14.6 - Numa cavidade para amálgama de classe II, podemos iniciar a escultura passando a sonda número 5 rente à matriz para que já fique conformada a ameia e já fique esculpida a parede externa da crista marginal;
Fig. 14.7 - Num segundo momento, apoia-se o instrumento eleito no remanescente dentário, e vai-se criando novas vertentes, as que foram englobadas na cavidade, tendo o cuidado de sempre apoiar o instrumento em dente, pois senão, a massa de amálgama poderá ser escavada, fazendo então o que se chama de superescultura. 
Há também a hipoescultura, que acontece quando se deixa amálgama nas margens sem raspar. Futuramente, esbas bordas irão fraturar e se tornar áreas de acúmulo de alimentos.
Fig. 14-8 Observar a diferença e a facilidade técnica que o POLISCULP nos oferece, em relação ao hollembach.
Repito neste ponto o que disse no início deste capítulo: a escultura de amálgama é tanto mais fácil quanto mais estreita for a cavidade. 
Em cavidade de classe II, ao retirarmos a matriz, vamos verificar se as faces proximais estão bem conformadas, sem porosidades e podemos fazer inclusive um brunimento das faces proximais em direção às face V e L, na região de ameias, com o intuito de alisá-las e adaptá-las mais ainda
O teste da oclusão é feito delicadamente, fazendo com que o paciente oclua sob o controle de suas mãos, não o deixando fechar pela ação da musculatura, e sim sob o seu controle. Fazemos então com que a mandíbuladê leves batidas em oclusão. Havendo pontos prematuros, ele irá aparecer em destaque na massa de amálgama que ainda está fosca. As marcas ficam lisas e devemos ir aliviando com parcimônia. Geralmente o paciente nos informa se está “alto”. Mas se pedirmos para ele mesmo verificar, é preciso que ele entenda que a força deve ser a mínima. Em crianças, deve-se retirar ligeiramente em excesso. Uma ligeira suboclusão não será prejudicial posto que retornará à oclusão, mas deixar ponto “alto” provavelmente causará fratura. Estando a anatomia verificada e tudo o.k., faz-se novamente outra brunidura onde foi ajustado. 
 
Pout-pourri com várias cenas de Diamantina, envolvendo o Fórum, Catedral, Escola Normal e Prefeitura
SEGUNDA PARTE – Roteiros de assuntos teóricos
17 – Articuladores
1 - Definição: 
É um aparelho que nos permite transportar para o laboratório, os modelos dos nossos pacientes articulados e na mesma posição espacial em que encontram na pessoa, em relação à ATM, para que possamos realizar os nossos trabalhos sem a presença do paciente. Esse transporte pode se dar com vários níveis de precisão, em relação às guias, ângulos, distâncias, etc, conforme os recursos que os diversos tipos de articuladores nos fornecem. 
Em outras palavras, articulador é um aparelho mecânico com a função de nos fornecer a reprodução dos movimentos mandibulares, a posição dos dentes em relação ao crânio, e consequentemente em relação à ATM, suas angulações e trajetos para que, ao montarmos os nossos modelos nos seus ramos, possamos reproduzir em laboratório, todos aqueles movimentos que aconteceriam na boca sem a presença física do paciente.
2 – Funções:
- Montar modelos de estudos;
- Fazer enceramentos diagnósticos;
- Para demonstrar ao paciente o tratamento planejado;
- Fazer análise oclusal e/ou ajuste oclusal;
- Encerar nossos troquéis dos trabalhos protéticos;
- Remontar nossos trabalhos protéticos para ajuste;
- Montar nossas próteses totais; 
- E para tudo aquilo em que necessitamos de um modelo articulado, para uma fase em laboratório e que não desejamos o paciente, ou que iria demandar muito tempo, o articulador nos serve. 
3 – Histórico / Evolução dos articuladores através do tempo:
1756 - Phillip Pfaff (Berlim) - Primeiros modelos de gesso e descrição de como tomar relações de mordida.
1805 - Gariot ( França) Descreve um método para articular modelos, com o próprio gesso e outro atribuído a ele, o oclusor em eixo de bisagra simples, simples dobradiça.
1840 - Daniel T. Evans e Cameron ( Philadelphia) Primeiro articulador com mov. laterais. 
1889 W. G. A. Bonwill Inventou o primeiro articulador anatômico e verificou que a distância intercondilar e entre côndilos e incisivos formam um triângulo equilátero.
1889 - Richmond S. Hayes - Construiu um articulador que reproduzia o mov. para baixo e para diante do côndilo.
1894 - C. E. Bikby – inventou um dispositivo para relacionar os modelos em relação às fossas articulares, precursor do arco facial.
1895 - W. E. Walker – Estudou as guias condilares e construiu um articulador apropriado a este registro.
1899 - A. D. Gritman (Pensilvânia) Melhorou a forma do articulador e colocou guias condilares fixas em 15’.
1899 - George B. Snow - Introduziu o arco facial a ser acoplado ao articulador de Gritman, o que hoje conhecemos como o arco facial cinemático.
1900 - Paul Schwarse (Leipzig) Construiu um articulador similar ao de Bonwwill com guias ajustáveis.
1901 - Thomas & Delamares (Inglaterra) Registraram a trajetória sagital dos côndilos – precursores do tomógrafo.
1902 – Carl Christensen (Copenhague) Introduziu o registro da protrusão para fazer o ajuste do articulador e outras técnicas de reproduzir curvas de compensação.
1906 – George B. Snow – Aprimorou o articulador de Gritman, tornando as guias condilares ajustáveis.
1910 - Alfred Gysi – Inventou um articulador e nele colocou um mecanismo precursor do que hoje é a mesa incisal regulável
1910 - Alfred Gysi Inventou um articulador de valores fixos
1910 - Alfred Gysi Inventou o articulador de três pontos, tipo um atual que usa a TGF e não tem regulagem
1918 – George S Monson cria a teoria esférica, na qual a curva de Spee teria 10 cm de raio cujo centro seria a glabela.
1921 - Rudolph Hanau Criou o articulador Hanau modelo “H” e depois o modelo “H2” .
1922 - Rudolph Hanau Criou mais uma série de aparelhos, com cada vez mais recursos e se baseava no plano de Camper.
1921 – Mc Collum Estuda em profundidade o eixo terminal de rotação e sua importância.
1924 – Norman G. Bennett descreve o movimento de lateralidade da MD e o ângulo que mais tarde recebeu o seu nome.
1924 – Wadsworth inventou um articulador no qual era possível determinar a curva de compensação através de compassos.
1926 – Sociedade Gnatológica da Califórnia – fundada por Mc Collum, Stuart e Stallard, se propunha a estudar a fisiologia da ATM, e acreditavam ser ela que determinava os mov. mandibulares.
1926 – Alfred Gysi introduz o articulador Trubyte e nele a mesa incisal regulável.
1932 – Stansbery introduz um articulador com três pés, totalmente ajustáveis aos modelos.
1932 – Schroder – Trebitsh – Criaram um articulador ajustável aos registros obtidos na boca.
1936 – Bradrup – Wongnsen introduziram um articulador com características de vários outros anteriores, com vantagens, e bastante ajustável.
1939 – McCollum – lança o seu gnatoscópio, com arco facial cinemático e ainda um pantógrafo.
1944 – Beyron – Lança o articulador Dentatus, baseado no H2 de Hanau.
1950 – Bergstron – introduz o conceito de articulador ARCON – ARticulador CONdilar, com guias condilares curvas
1950 – Gerber inventou o Condylator.
1951 – Transógrafo – espécie de arco facial cinemático, capaz de ser transformado em articulador. Vários adeptos criaram a teoria TRANSOGRÁFICA.
1953 – Miller modifica o articulador de Hanau.
1955 – Granger cria o Gnatholator, com guias curvas
1955 – Stuart – cria o seu articulador totalmente ajustável com arco facial cinemático e pantógrafo, capaz de reproduzir todos os movimentos do paciente.
1955 – Stuart em seguida cria o Wip Mix, que é o que usamos hoje, bastante prático e bem mais simples.
1956 – Niles Guichet – cria o articulador Denar, totalmente ajustável, ainda mais avançado que o de Stuart.
1965 - Articuladores TJM as guias eram individualizadas por estojos de moldagem em resina
1978 - Introduzido o sistema de articulador Panadent, de fossa curvilínea regulável
1983 - Novos modelos Panadent 
4 - Classificação:
Podemos classificar os articuladores em quatro categorias segundo Weinberg: 
- Oclusores são as charneiras, nas quais fixamos os modelos para apenas abrir e fechar, e ainda num eixo irreal. São também chamados articuladores em Bisagra, pois usam somente este eixo. Não nos dão outros atributos. Às vezes servem para esculpir restaurações unitárias, mas que deverão passar por um ajuste na boca após a escultura e mesmo assim, em pacientes que não tenham problemas oclusais Ex.: oclusores de Kile e de Irish
- Articuladores fixos ou arbitrários - nestes, alguns ângulos vêm fixos, como os da guia condilar e do ângulo de Bennett, que nos dão mov de lateralidade e de protrusiva mas não os podemos regular. Fixa também é a distância intercondilar. Também não possuem arco facial. Geralmente, o ramo superior vem preso ao inferior, não nos permitindo separá-los para trabalhar em separado. São muito usados para montagens de próteses totais, porque são leves e de fácil manuseio. Ex.: Articulador de Monson, New simplex, DCL.
- Semi ajustáveis ou parcialmente ajustáveis - são os que iremos usar para as nossas práticas de escultura e de Oclusão - Permitem que se ajuste os ângulos de Bennett, o ângulo da guia condilar e ainda que se transporte os modelos para o articulador, em posição tal que é similar à posição que ocupam no paciente em relação ao seu crânio, através do arco facial.
No rol dos semi-ajustáveis, podemos encontrartambém articuladores com guias curvas, que imitam mais um pouco as curvas das cavidades articulares, porém, apenas em parte. Ressalto neste momento, que a maioria dos articuladores semi ajustáveis de comum uso nosso, possuem guias retas, e isso é uma fator que nos acarreta aumento no tempo de ajuste adicional na boca do paciente de nossas esculturas. Mas existem outros que têm mais recursos. Ex.: Bio-art, Wip-Mix, 8500 (Wip Mix 2000 tem guias curvilíneas). O Denan Mark II tem guias retas, mas possui ajuste para o deslocamento lateral imediato, o que já é uma vantagem.
	Os articuladores podem ter também uma classificação em paralelo:
		Tipo arcon - são aqueles que possuem a similar da fossa mandibular no ramo superior e o similar do côndilo no ramo inferior; O bio-art, dent-flex, wip-mix, gnatus são exemplos deste tipo. Os: os arbitrários e a maioria dos outros também são tipo arcon. Um estudo prova que os tipo não arcon dão uma diferença de 8o na montagem dos nossos modelos entre o ângulo da guia condilar e o ângulo do plano oclusal
		Tipo não arcon – São aqueles que possuem a similar da fossa mandibular no ramo inferior. Às vezes confundem aqueles que estão ainda aprendendo por estarem trocadas as posições, mas funcionam da mesma maneira. O Dentatus é exemplo. O Hanau também.
Totalmente ajustáveis - Indevidamente chamados assim, posto que nunca vamos duplicar exatamente os movimentos da ATM, são semi-ajustáveis com mais ajustes que nos permitem transportar todos os trajetos dos côndilos do paciente em registros tridimensionais para os modelos. Através do pantógrafo, um tipo sofisticado de arco facial, registramos todos os movimentos mandibulares em sua integridade; a partir disso, esses registros nos permitem registrar os e reproduzir os movimentos neste articulador. Existem ainda aqueles fabricados sob medida para cada paciente, computadorizados. Dos TTA, temos vários modelos: 
Os com ajustes mecânicos: eles já vêm com os parafusos e ajustamos, podem ter guias retilíneas ou curvas.
Os de fossa pré-formada o local da fossa já vem no articulador, mas colocamos dispositivos que nos darão fossas mais ou menos curvas e/ou anguladas.
Computadorizado: O computador gnatológico de Stuart seleciona, conforme os registros, as guias adequadas para cada paciente, cada curva, etc.
Vale ressaltar, que, o articulador não nos dá mais precisão do que aquela para a qual foi projetado e ainda assim, para que usufruamos desta precisão, deveremos ter um total controle de seu manuseio; por isto, não se justifica o uso de articuladores totalmente ajustáveis a não ser em pesquisas e para profissionais altamente treinados para tirarem o máximo proveito deles e concluo que, fazendo um bom uso dos semi ajustáveis, a margem de erro será pequena. Após a escultura, será feito um ajuste final na boca e um refinamento de novo em laboratório, o que nos proporcionará restaurações satisfatórias.
Baseado neste principio, estão os VERTICULADORES, que são na verdade, prensas. Pois o objetivo destes é apenas transportar os registros obtidos em cera na boca onde se fazem todos os movimentos possíveis, ( TGV - trajetória gerada funcionalmente ) molda-se este registro com gesso e esculpe-se o troquel articulado com este registro no verticulador. É um tipo diferente de conduta, que muitos profissionais estão empregando atualmente. Também está se usando os verticuladores como simples oclusores, quando então se monta os dois modelos, o preparado e o antagonista, numa conduta que não tem nenhuma vantagem sobre as demais, aliás, só tem a perder para os articuladores. 
Repito porém; a técnica dominada é o que vai nos dar margem maior de sucesso. E para os nossos trabalhos, o articulador semi-ajustável do tipo Wip mix (o Bio art e o Dent-flex são similares nacionais), é o que nos basta.
5 - Partes componentes de um articulador semi-ajustável:
Ramo superior É a parte móvel do articulador, uma base de alumínio, na qual se prendem parafusos com as guias condilar e de Bennett que representam a cavidade articular. Estas guias são reguláveis em ângulos. Estas “cavidades articulares” mecânicas se afastam ou se aproximam, conforme a distância intercondilar seja maior ou menor, conforme o registrado no paciente.
Pino incisal – se localiza num orifício na parte anterior do ramo superior, que o apoia na mesa incisal. Este pino tem uma borda arredondada e outra pontiaguda. A arredondada serve para para imprimir os movimentos de um dado modelo numa personalização da mesa incisal; a borda pontiaguda serve para movimentar o pino na mesa incisal de metal regulável. Este pino tem uma graduação que nos permite que façamos alterações na dimensão vertical de oclusão dos modelos montados e tem também uma marca contínua que chamamos de “ponto zero” e que nos indica que o ramo superior está paralelo ao ramo inferior. Nas montagens de modelos, devemos obedecer a esta marcação para que os ângulos marcados na guia condilar sejam efetivos, pois do contrário, resultarão maiores ou menores do que o que realmente marcamos.
Parafusos de ajuste das guias condilar e de Bennett – servem para ajustar estas guias em certos ângulos que queiramos.
Placa de montagem com seu parafuso fixador – localizada no centro da base, serve para reter o modelo quando da sua montagem. 
Anéis metálicos para ajuste da distância intercondilar – em certos modelos, a D.I. é regulada através destes anéis afastadores, em outros modelos, existe uma rosca-sem-fim inserida no ramo superior que faz esta função.
Ramo inferior – É a parte fixa do articulador. Composto de uma base e de duas hastes que sustentam os “côndilos”, pinos com pequenas bolas nas pontas que vão ser articulados nas “fossas articulares” do ramo superior. Na parte posterior da base tem também dois pés que formarão com o parafuso fixador da mesa incisal, um tripé, para que o articulador fique estável numa superfície. 
Mesa incisal – situada na parte anterior da base inferior, na qual existe uma fenda para encaixar esta mesa incisal. É feita de acrílico, justamente para que possamos colar a personalização nela. Existe a mesa incisal metálica regulável, que se ajusta no mesmo lugar que está de acrílico e que dispensa o procedimento de personalização, pois permite que seja regulada conforme cada modelo montado. É um recurso muito útil quando se pratica ativamente a prótese ou oclusão.
Placa de montagem – também é fixada no centro da base inferior, com a mesma função da placa superior.
Arco facial 
Arco facial é um acessório dos articuladores semi-ajustáveis que vai nos permitir transportar para o nosso articulador os nossos modelos superiores na mesma posição em relação à fossa mandibular, que aquela que ocupam no paciente, com as mesmas distâncias e mesmas assimetrias peculiares de cada um. Este correto posicionamento dos modelos em relação à ATM é muito importante na determinação de uma boa escultura e de muitos outros procedimentos. O arco facial registra em 3 tamanhos médios, a distância intercondilar, importante na localização dos sulcos na anatomia oclusal. Também registra a posição espacial do plano oclusal em relação à ATM para ser transportado ao articulador. Enfim, o arco facial aprimora a nossa montagem de modelos. Usando o arco facial estaremos minimizando os erros que porventura iríamos cometer numa montagem arbitrária. 
Tipos de arco facial:
Existe o arco facial de transferência que por sinal é o que nos é fornecido com estes modelos de articulador comumente usados por nós; o Bio-art, Gnatus e Dent-flex. O arco facial de transferência transfere para o articulador a D.I. em três magnitudes: pequena, média ou larga, não nos permitindo varias além destas três. Além disso, o eixo de rotação não é determinado; e sim, coloca-se as olivas do arco nos meatos acústicos externos e este eixo fica assim arbitrado. 
Quando o arco facial é o cinemático, ele nos permite registrar variações individuais da D.I. e do eixo de rotação, porém é um pouco mais demorado para ser usado.
Existe ainda o arcofacial pantográfico, que é conhecido como pantógrafo, que nos permite registrar e transportar para um articulador apropriado, o registro total do movimento mandibular em seus três eixos ortogonais, para que possamos reproduzir com a máxima exatidão os movimentos mandibulares em laboratório.
Descrevendo o arco facial de transferência que vem acompanhando o nosso ASA:
Partes componentes: 
Arco propriamente dito - nele se registra a medida da distância intercondilar, para transportar para o articulador. Tem 3 parafusos que nos permitem estabilizá-lo no rosto. As olivas são extremidades arredondadas que se adaptam nos meatos acústicos externos, com a ajuda do próprio paciente. Na parte anterior do arco fica preso um suporte horizontal que sustenta o mecanismo de registro da posição da maxila e também o relator násion.
Relator násion é um dispositivo que é aparafusado neste suporte anterior no arco, que serve para estabilizar o conjunto do arco, apoiando-o em mais um ponto: o násion. Assim, o arco facial fica apoiado em três pontos: Nos dois meatos acústicos externos e no násion e fica assim estabilizado para podermos registrar a posição da maxila com o garfo.
Dispositivo localizador para registro da posição da maxila: Fixado também neste suporte anterior do arco, este dispositivo tem dois parafusos que sustentam o garfo que, por sua vez, serve para ser suporte das endentações e vai dentro da boca do paciente, registrar a posição da maxila. O garfo é fixado pelos parafusos do dispositivo localizador e mantém a posição em que foi fixado mesmo após retirado da boca. O garfo servirá como suporte do modelo superior para este ser montado no ramo superior do articulador.
Limitações dos ASA e como podemos agir para minimizar tais fatos.
Guias Bennett e condílica retas ao invés de curvas como nas pessoas
Movimento de Bennett sempre progressivo – não nos permite registrar um mov de Bennett imediato, se houver no paciente.
Dist. Intercondilares médias – só pequena, média ou larga
Eixo terminal arbitrado – ao colocar as olivas no ouvido, não quer dizer que os côndilos estejam naquela mesma direção, e além do mais, o arco pode mudar ligeiramente de posição na transferência, já que apertar muito o relator násion para estabilizá-lo melhor, gera muito desconforto ao paciente.
Compensações que podemos usar para minimizar as limitações dos ASA.
Usar sempre o arco facial para evitar montagens arbitrárias
Personalizar a mesa incisal, reembasando com Duralay logo após, o que vai nos permitir registrar as guias dentárias do paciente, dando maior precisão à guia anterior na nossa montagem já que a guia condilar é limitada;
Esculpir sempre cúspides um pouco menos anguladas que o permitido vai nos possibilitar obter restaurações com menor poder de interferência na oclusão e consequentemente na ATM.
Bibliografia recomendada:
SHILLINGBURG/ HOBO/ WHITSET - fundamentos de prótese fixa - L Ed. Santos - Quintessence books - 1a edição - 1986
TAMAKI, T.. A.T. M. - Noções de interesse protético. 1ª ed. São Paulo, Editora Sarvier, 1971.
HENRIQUES, Sérgio Eduardo Feitosa , Reabilitação Oral – Filosofia, Planejamento e Oclusão 1 ed, São Paulo, Livraria Editora Santos, 2003
DAWSON, Peter E.: Oclusão Funcional – Da ATM ao Desenho do Sorriso – 1 ed, São Paulo, Livraria editora Santos, 2008
21 - GLOSSÁRIO DE TERMOS
Com o objetivo de nos fazermos entender, concluímos este manual com este pequeno glossário, no qual incluímos os termos usados constantemente em aulas teóricas e práticas. 
ÂNGULO DE BENNETT: É o ângulo formado pelo registro dos percursos do côndilo de balanceio nos movimentos de protrusão e lateralidade, no plano horizontal. 
ARCO FACIAL: Dispositivo semelhante a um compasso, empregado para registrar a posição espacial da maxila em relação com o crânio e transferir para o articulador esta relação.
ÁREA DE “COL”: Depressão gengival, vestíbulo-lingual, em forma de sela, situada no espaço interproximal, logo abaixo da superfície de contato de dois dentes contíguos. 
ARTICULAÇÃO DENTÁRIA: Relação de contato dos dentes superiores com os inferiores.
ARTICULADOR: Aparelho mecânico que representa as articulações temporomandibulares, a maxila e a mandíbula, provido de dois ramos, superior e inferior, onde podem ser adaptados modelos das arcadas dentárias dos pacientes. 
ARTICULADOR SEMI-AJUSTÁVEl - A.S.A.: Aquele cujos ajustes são graduados de acordo com os registros individuais de cada paciente, sendo capaz de reproduzir parcialmente os movimentos mandibulares. 
AUTÓCLISE: É a auto-limpeza que os alimentos duros e fibrosos fazem, ao mastigarmos. O contorno do dente influencia e muito para que esta ação seja ou não eficiente, e ao mesmo tempo, seja ou não benéfica aos dentes e ao periodonto.
BOSSA: É a denominação da maior convexidade que existe na face vestibular dos dentes, geralmente fica localizada mais para cervical, donde ser também chamada de “bossa cervical”. Da correta escultura dessa “bossa”, de uma correta convexidade, vai resultar numa correta função de autóclise por parte deste elemento dental no seu periodonto.
CURVA DE SPEE: Curvatura anatômica do alinhamento oclusal dos dentes partindo do ângulo incisal do canino inferior, passando pelas cúspides vestibulares dos pré-molares e molares naturais, continuando em direção da mandíbula como foi descrita por Von Spee 
CURVA DE WILSON: Curvatura no plano frontal, de sentido vestíbulo lingual, passando pelas cúspides V e L dos dentes posteriores de ambos os lados. 
CÚSPIDE DE CONTEÇÃO CÊNTRICA: São as cúspides que ocluem em fossas ou embrasuras: vestibulares inferiores e linguais superiores.
CÚSPIDES DE NÃO CONTENÇÃO OU DE CORTE: São as cúspides que não ocluem com os dentes antagonistas: linguais inferiores e vestibulares superiores. 
DESOCLUSÃO DOS DENTES POSTERIORES: Pelo canino - separação dos dentes posteriores no movimento lateral ou látero-protusivo da mandíbula. Pelos anteriores: separação dos dentes posteriores no movimento látero-protusivo e protusivo da mandíbula.
DIMENSÃO VERTICAL: Medida vertical da face entre dois pontos quaisquer, selecionados arbitrariamente e convenientemente localizados, um acima e outro abaixo da boca, usualmente, na linha mediana – pode ser em repouso ou em oclusão – DVR ou DVO.
EMBRASURA: Espaço com forma de “V” entre as faces proximais de dois dentes adjacentes em contato, localizado acima do ponto de contato; o mesmo que nicho ou ameia.
ESPAÇO INTERDENTAL, INTERSTÍCIO OU ESPAÇO DA PAPILA - Espaço compreendido entre dois dentes adjacentes em contato, que abriga a papila interdental. 
ESQUEMA OCLUSAL CÚSPIDE-FOSSA; (relações dente a dente): Relação oclusal em que as cúspides de contenção cêntrica se localizam sempre nas fossas dos dentes antagonistas de mesmo nome. Desenvolvida por Peter K. Thomas e usada em grandes reconstruções oclusais.
 ESQUEMA OCLUSAL CÚSPIDE-FOSSA-EMBRASURA: (relações de 1 dente contra 2 dentes) – Relação oclusal em as cúspides de contenção cêntrica se localizam em fossas e embrasuras dos dentes antagonistas. É o esquema oclusal natural e usado na maioria das restaurações. 
GUIA CONDILAR: Condílica ou condiliana - É um dispositivo mecânico do articulador que tem a finalidade de reproduzir no instrumento as trajetórias dos côndilos nas cavidades articulares.
LADO DE BALANCEIO: É o lado oposto ao de trabalho, em que as cúspides e nomes diferentes adotam uma relação de alinhamento. 
LADO DE TRABALHO: É o lado para o qual a mandíbula se desloca, em que as cúspides de mesmo nome adotam uma relação de alinhamento 
MÁXIMA INTERCUSPIDAÇÃO HABITUAL: (MIH) posição maxilo-mandibular em que existe o maior número de contatos entre os dentes, mas não é coincidente com a RC. 
MESA OCLUSAL OU SUPERFÍCIE OCLUSAL PROPRIAMENTE DITA: Nos dentes posteriores, a superfície compreendida entre as arestas longitudinais das cúspides vestibulares e linguais, de direção mésio-distal, e as cristas marginais mesiais e distais, de direção vestíbulo-lingual. 
MODELO: É o positivo, ou melhor, umacópia do original, que no nosso caso, seria dos dentes, das arcadas dentárias, em um material que nos permite trabalhar em laboratório, e nesse caso, usamos o gesso, que é o ideal para os trabalhos
MOLDE: É o negativo, é feito com uma material elástico, com o qual se faz uma cópia do original, e no interior do qual se coloca (o termo usado é “vazar”) o gesso fluido, para que ao tomar presa, tome a forma do interior do molde, ou seja, o positivo do original.
MOVIMENTO DE BENNETT: É o movimento de translação lateral dos côndilos, de balanceio nas excursões laterais da mandíbula.
MOVIMENTOS LATERAIS: Movimentos da mandíbula para um e/ou para outro lado, direito ou esquerdo. 
MOVIMENTOS LATERO-PROTUSIVOS: Movimentos da mandíbula em direção póstero-látero-anterior.
MOVIMENTOS PROTUSIVOS: Movimentos de mandíbula em direção póstero-anterior.
OCLUSÃO: Relação entre as superfícies oclusais dos dentes superiores com os inferiores, quando em máximo contato MID – máxima intercuspidação dentária.
OCLUSÃO CÊNTRICA: (OC): posição maxilo-mandibular em que a relação cêntrica é coincidente com a máxima intercuspidação dentária (MID).
OCLUSÃO ÓTIMA-IDEAL OU FUNCIONAL NORMAL: tipo de oclusão que apresenta, dentre outras, estas características: 
Distribuição adequada das forças nas diferentes posições mandibulares
Axialidade das forças
Presença de todos os dentes
Contatos proximais entre dentes adjacentes (ausência de diastemas)
Fáceis movimentos de excursão sem bloqueio
Espaço livre inter-oclusal adequado, de 2 a 5mm, mantendo a dimensão vertical
Cúspides de cortes afilados
Sulcos de escape adequados 
Alinhamento dental satisfatório
Ótima função e ausência de doença é a principal característica de uma boa oclusão.
REGISTRO: Registro das relações maxilo-mandibulares desejadas a fim de que sejam transferidas para um articulador. 
RELAÇÃO CÊNTRICA: É a relação da mandíbula com a maxila, quando o conjunto côndilo disco adequadamente alinhado está na posição mais superior, anterior e mediana contra a eminência articular. (Peter Dawson). Posição fisiológica do côndilo com seu disco bicôncavo apoiado contra a eminência articular em uma direção ântero superior. (Frank Celenza).
TÉRMINO CERVICAL: Ou limite cervical ou linha de término. É a linha que delimita o “preparo” que se fez no dente. É o contorno do prepara que se fez no dente, e que no nosso “troquel” fica evidenciado, para que possamos fazer a nossa escultura seguindo-o.
TRIPODISMO: Relação que se estabelece entre uma cúspide e uma fossa, em que apenas suas vertentes se tocam em 3 pontos, sem que a ponta de cúspide alcance o fundo da fossa.
TROQUEL: É uma porção do modelo, ou melhor, cada dente preparado que separamos do modelo, para trabalharmos nele em separado, para atentarmos melhor a cada detalhe dele, e termos melhor acesso ao “término cervical” .
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