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TEORIAS DE TEXTO UNID I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Mônica Oliveira Santos
Colaboradores: Profa. Joana Ormundo
Profa. Cielo Griselda Festino
Profa. Tania Sandroni
Teorias do Texto
Professora conteudista: Mônica Oliveira Santos
A professora Mônica Oliveira Santos nasceu em Campina Grande (PB), graduou-se no curso de letras (1997) pela 
Universidade Federal da Paraíba, tendo desenvolvido trabalhos de iniciação científica na área de análise do discurso, 
durante a graduação. É mestre em linguística aplicada (2000), com ênfase na área de ensino de língua materna, pela 
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e é doutora em linguística (2004), com ênfase nas áreas de semântica 
e análise do discurso, também pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professora adjunta II da 
Universidade Paulista (UNIP), ministrando as disciplinas Gramática Aplicada à Língua Portuguesa, Teorias do Texto, 
Semântica e Estilística da Língua Portuguesa, Análise do Discurso, Análise do Discurso/Pragmática e Morfossintaxe 
Aplicada à Língua Portuguesa. É coordenadora do curso de Letras da (UNIP) no Campus de Campinas/Swift e atua 
ainda como líder de disciplinas e conteudista (EaD) de Teorias do Texto, Análise do Discurso e Análise do Disrcurso/
Pragmática. Tem experiência na área de linguística, com ênfase em semântica, texto e discurso, atuando principalmente 
nas abordagens relativas à enunciação coletiva, enunciação proverbial, funcionamento enunciativo-discursivo, 
textualidade-discursividade, relação sentido e sujeito e ensino do português. Dentre outras produções nas áreas de 
estudo do texto e da análise do discurso, Mônica Oliveira Santos é autora do livro Um comprimido que anda de boca 
em boca: os sujeitos e os sentidos no espaço da enunciação proverbial (2007, publicado pela Fapesp e editora Pontes) 
e coautora dos livros Em torno da língua(gem): questões e análises (2007, publicado pelas edições Uesb); Território 
da linguagem (2004, publicado pela editora Bagagem); e Texto, discurso, interpretação: ensino e pesquisa (2001, 
publicado pela editora Ideia). De modo bastante direcionado, o percurso teórico-produtivo de Mônica Oliveira Santos 
focaliza-se nas questões pertinentes às teorias do texto e do discurso, centralizando-se sobremaneira nas abordagens 
do ensino, da enunciação, dos sujeitos e da construção/produção de sentidos. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S237 Santos, Mônica Oliveira
Teorias do Texto. / Mônica Oliveira Santos. - São Paulo: Editora 
Sol. 2011.
108 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos 
e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-017/11, 
ISSN 1517-9230.
1. Interação 2. Produção 3. Recepção I.Título
CDU 800.852
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Tatiane Souza
Sumário
Teorias do Texto
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 O NASCIMENTO DE UMA LINGUÍSTICA DO TEXTO ..............................................................................11
1.2 Da frase ao texto: as três fases de construção da linguística textual ............................ 13
1.3 Aprofundando e delimitando o conceito de texto ................................................................. 18
2 CONSTRUINDO SENTIDOS NO TEXTO: ORGANIZAçãO ESTRUTURAL E
PROCESSAMENTO TEXTUAL ............................................................................................................................ 24
3 AINDA ALGUMAS CONSIDERAçÕES SOBRE A LINGUÍSTICA TEXTUAL ...................................... 33
4 OUTRAS TEORIAS CUJO OBJETO DE ESTUDO TAMBÉM É O TEXTO .............................................. 34
Unidade II
5 A RELAçãO ORALIDADE/ESCRITA E SEUS DIFERENTES NÍVEIS DE FORMALIDADE 
E VARIAçãO: UMA QUESTãO LINGUÍSTICA, SOCIAL E PEDAGÓGICA ............................................ 51
5.1 Diferenças e características da fala e da escrita: interferência mútua entre elas ................... 56
5.2 Mais algumas considerações teóricas sobre o binômio oralidade e escrita ................. 64
5.3 Retomando alguns conceitos na análise do texto ................................................................. 68
6 CONSIDERAçÕES SOBRE A ANÁLISE DA CONVERSAçãO ............................................................... 72
Unidade III
7 LEITURA, ORALIDADE E ESCRITA: PRÁTICAS LINGUÍSTICAS, SOCIAIS E PEDAGÓGICAS ................. 83
8 ESTRATÉGIAS DE LEITURA: COGNITIVAS E METACOGNITIVAS – LEITOR
ANALISADOR E (RE)CONSTRUTOR ................................................................................................................ 90
8.1 Leitor analisador e leitor (re)construtor ...................................................................................... 95
7
APreSenTAçãO
Caro aluno,
A abordagem desta disciplina, Teorias do Texto, abrange o estudo teórico do texto e do contexto a 
partir da perspectiva sociointeracionista e da linguística textual, visando destacar as principais teorias 
de processamento cognitivo do texto.
Sendo assim, este estudo acerca do universo textual será desenvolvido considerando um panorama 
que vai desde o nascimento de uma linguística do texto no contexto das análises transfrásticas, passando 
pela caracterização e diferenciação das modalidades oral e escrita, até as inter-relações que a linguística 
textual faz com as diferentes linhas teóricas de estudo do texto: a sociolinguística, a pragmática, a análise 
da conversação e do discurso, a semiótica discursiva, as teorias enunciativas, bem como, enfaticamente, 
as principais teorias de leitura.
Tal panorama se pautará pelo caráter multi e transdisciplinar dessas teorias – cuja preocupação maior 
é o texto, como processo complexo de interação e construção social de conhecimento e de linguagem que 
envolve ações linguísticas, cognitivas e sociais na sua organização, produção e funcionamento –, que levam 
o aluno a refletir sobre o funcionamento da língua nas diversas situações de interação verbal e social, 
sobre o uso dos recursos que a língua lhe oferece, sobre a adequação dos textos a cada situação, bem 
como sobre o papel da leitura no processamento cognitivo do texto, tendo em vista o leitor analisador 
e o leitor (re)construtor.
Objetivos
•	 Levar	o	aluno	ao	desenvolvimento	e	ao	aperfeiçoamento	da	competência	linguística.
•	 Desenvolver	a	capacidade	de	análise	e	de	identificação	de	diferentes	possibilidades	de	discurso,	
nas modalidades oral e escrita.
•	 Aprofundar	o	conhecimento	e	as	possibilidades	de	textualidade:compreender,	distinguir	e	aplicar	
diferentes teorias do texto.
•	 Levar	 o	 aluno	 a	 refletir	 sobre	 o	 funcionamento	 da	 língua	nas	 diversas	 situações	 de	 interação	
verbal e social, sobre o uso dos recursos que a língua lhes oferece, bem como sobre a adequação 
dos textos a cada situação.
•	 Assegurar	 ao	 aluno/futuro	 professor	 a	 reflexão	 e	 o	 estudo	 de	 questões	 relevantes	 para	 o	
ensino-aprendizagem da língua.
InTrOduçãO
No século XX, o pensamento científico determinava que, para um estudo ser reconhecido como 
científico, deveria estar ancorado nos critérios de cientificidade necessários à época. A ciência tinha de 
ser autônoma (possuir ferramentas suficientes para dar conta completamente de descrever seu objeto 
de investigação sem necessidade de interface com outras áreas/ciências ou elementos alheios ao seu 
8
objeto), objetiva (impessoal, portanto, não subjetiva) e descritiva (método que se sustenta, grosso modo, 
em decompor o objeto analisado em unidades/estruturas mínimas e recompô-lo em sua unidade maior, 
tendo para cada tipo de unidade um nível de análise).
Como se sabe, a linguística estrutural (iniciada por Ferdinand Saussure), embora reconhecidamente 
importante e definitiva para conferir à linguística o estatuto de ciência, por outro lado, limitou o campo 
de abordagens investigativas de seu objeto: separando rigidamente a língua da fala, o linguístico do 
extralinguístico e recortando para análise somente a “parte” da língua, em seu aspecto linguístico, 
apenas, descartando, assim, a fala e os aspectos extralinguísticos a ela vinculados.
Seja por necessidade/imposição do momento histórico em que a linguística se constituiu, obedecendo 
a um padrão de ciência que exigia autonomia (em oposição à complementaridade), objetividade (em 
oposição à subjetividade) e descritivismo como aspectos fundamentais, seja por razões ideológicas que 
marcaram a produção do texto/obra de Saussure (postumamente publicada por seus alunos), o fato é 
que tais “escolhas” deixaram marcas, lacunas, insuficiências, que, ao longo dos estudos da linguagem, 
ficaram cada vez mais evidentes e sujeitas a muitas críticas.
De modo geral, podemos apontar três grandes problemas bastante criticados na linguística 
estrutural:
•	 Toma	como	maior	unidade	de	análise	linguística	a	frase	(e	não	o	texto,	o	discurso,	a	enunciação).
•	 Separa	língua	de	fala	(separação	inaceitável	nos	dias	de	hoje)	e	com	isso	deixa	de	fora	(“descarta”)	
o falante (o sujeito e todos os níveis de subjetividade na linguagem), a situação comunicativa, a 
variação linguística, os fatores pragmáticos do texto/discurso/enunciação, o contexto, as condições 
de produção da linguagem, a interação entre falante/ouvinte, autor/leitor, locutor/alocutário, as 
relações dialógicas entre os sujeitos da linguagem, tanto no nível interpessoal/intersubjetivo como 
no nível intertextual/interdiscursivo.
•	 Aborda	 muito	 superficial	 e	 insuficientemente	 as	 questões	 de	 sentido	 e	 significação	 na	
linguagem.
Em decorrência disso, a partir da década de 1960, os estudos que se desenvolveram na linguística 
procuraram, cada um a seu modo, preencher os espaços dessas lacunas e insuficiências, buscando 
resgatar outros elementos de interesse dos estudos da linguagem exatamente naquilo que Saussure 
excluiu da linguística, a fala/o falante.
Tais estudos revisaram e retomaram abordagens e posições descartadas pela linguística saussuriana, 
ampliaram seu campo de estudos, deixaram, enfim, o caminho a seguir previamente demarcado, “mas 
mantiveram, com outros nomes e novas definições, a distinção entre o que cabe ao linguista examinar 
e o que é da alçada de outras ciências ou disciplinas” (BARROS, 1999, p. 1), considerando, sobretudo, o 
fato de os linguistas se dedicarem mais seriamente a questões de significação e sentido.
Dentre tais estudos, ganhou relevância a linguística textual, por se preocupar com a organização 
global do texto e examinar as relações entre discurso, enunciação e fatores sócio-históricos. Tal ponto 
9
de partida trouxe mudanças significativas aos estudos da linguagem e do texto, criando um novo objeto 
de investigação na linguagem, o texto, pautado pelas seguintes características:
•	 deixou-se	de	ver	a	língua	como	lugar	de	representação	apenas	de	significados	objetivos	–	ela	é	
um meio convencional de agir no mundo (a pragmática dos atos de linguagem);
•	 passou-se	a	considerar	a	linguagem	como	um	instrumento	de	argumentação	e	de	interação	e	não	
somente de informação;
•	 concebeu-se	 o	 texto	 (discurso)	 como	objeto	 de	 estudos	 e	 não	mais	 a	 frase	 como	unidade	de	
sentido: análise condicionada aos mecanismos de organização textual;
•	 postulou-se	a	intersubjetividade	em	avanço	à	subjetividade:	a	relação	entre	interlocutores	funda	
a linguagem, dá sentido ao texto e constrói os próprios sujeitos produtores do texto.
11
Teorias do TexTo
A lInguíSTIcA TexTuAl e SuAS frOnTeIrAS: PercurSO hISTórIcO, 
ObjeTO de eSTudO, cATegOrIAS TeórIcAS e de AnálISe
1 O nAScIMenTO de uMA lInguíSTIcA dO TexTO
Caro aluno, é de suma importância pensar a estrutura do texto como uma unidade de análise 
linguística. Por mais que pareça óbvio entender o texto dessa maneira, e por mais que se faça evidente a 
necessidade de estudá-lo em sua estrutura e construção, desvendando seu processamento, organização, 
modalidades e gêneros, é bom lembrarmos que isso nem sempre foi um consenso e que tais ideias nem 
sempre foram aceitas.
 lembrete
É importante lembrar que, superficialmente, podemos entender o 
conceito de “linguística” como a ciência da linguagem.
Desse modo, o campo científico denominado linguística textual nasce de um intenso e 
extenso esforço teórico que defende que toda a linguística é, necessariamente, linguística de 
texto (KOCH, 2009; 2007; 2006; DIJK, 1972; MARCUSCHI, 1983). Tal visão e método científicos 
confrontam-se e opõem-se fortemente ao campo teórico da linguística estrutural, movimento 
pioneiro e demarcador dos estudos linguísticos no parâmetro científico, que teve seu período 
de ascensão e reconhecimento do final do século XIX até a metade do XX, aproximadamente, 
e que traz como fundamentos balizares as ideias postuladas pelo linguista suíço Ferdinand de 
Saussure.
Saiba que, em razão de seu crescente avanço, desenvolvimento e sucesso, a linguística estrutural 
acabou chamando a atenção de outros olhares teóricos, também relacionados à linguagem, para além 
do formalismo estruturalista (história, antropologia, sociologia, etnometodologia, psicologia etc.) e, 
assim, cresceu ainda mais a necessidade de ampliar seus domínios, bem como o interesse em sanar 
possíveis lacunas e insuficiências dessa ciência-piloto, afinal uma ciência nunca está fechada, pronta 
e acabada!
Nesse sentido, a partir da década de 1960 surgem lugares de ruptura na fronteira com o 
estruturalismo linguístico e ocorrem dissidências, constituindo (a partir de vários aspectos 
teóricos lacônicos, insuficientes, pouco explorados, marginalizados etc.) novos campos teóricos 
da linguística, a maioria deles em franca ruptura com algumas das ideias do estruturalismo 
linguístico, por exemplo:
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•	 a	sociolinguística;
•	 a	etnolinguística;
•	 a	psicolinguística;
•	 a	neurolinguística;
•	 a	pragmática;
•	 a	análise	da	conversação;
•	 a	análise	do	discurso;
•	 a	semântica;
•	 a	gramática	gerativo-transformacional;
•	 e,	especialmente	aqui,	a	linguística textual, entre outros campos, é claro.
Podemos entender em outras palavras que, ainda que se reconheça a suma importância da linguística 
estrutural, o quadro teórico da linguística atual retrata diferentes linhas teóricas, que se instauraram 
a partir da tentativade superar os equívocos e de preencher as lacunas e insuficiências deixadas pelo 
estruturalismo linguístico.
De modo geral, tais insuficiências/lacunas estão relacionadas a questões cruciais para o 
desenvolvimento dos estudos da linguagem e precisavam ser revistas, superadas, ultrapassadas. Veja a 
seguir os principais problemas/lacunas/insuficiências deixados pela linguística estrutural e que serviram 
de motivação/objetivo para a linguística textual, entre outras áreas de estudo da linguagem, buscar 
resolver:
•	 A	dicotomia	língua	x	fala	(e	desconsideração	da	fala).
•	 A	desconsideração	dos	aspectos	extralinguísticos.
•	 A	autonomia	do	objeto	de	estudo	(língua).
•	 A	desconsideração	do	sujeito	(desconsideração	da	fala,	portanto	do	falante).
•	 A	unidade	de	análise	centralizada	na	frase.
•	 A	separação	do	enunciado	de	sua	enunciação.
•	 O	pouco	caso	 relegado	ao	estudo	da	 significação	e	do	 sentido	entre	outras	questões	de	 igual	
modo importantes.
As diferentes linhas linguístico-teóricas anteriormente citadas romperam com o estruturalismo 
linguístico, cada uma em função de um(ns) ou outro(s) aspecto(s) e a partir disso delimitaram 
13
Teorias do TexTo
seus limites de pesquisa sobre a língua(gem). No caso da linguística textual, todos esses aspectos 
negligenciados pela tradição estruturalista justificaram a delimitação/instauração do campo de 
estudo do texto, alguns mais crucialmente que outros.
Alguns dos aspectos mais importantes que foram criticados na tradição estruturalista e que serviram 
de ponto de partida para a instauração da linguística textual, no sentido de serem obstáculos a serem 
superados foram:
•	 a	delimitação	da	frase	(e	não	do	texto)	como	unidade	máxima	de	análise;
•	 a	desimportância	relegada	ao	texto	e	sua	organização	global;
•	 a	desconsideração	da	fala	(do	texto	falado)	e	seus	aspectos	funcionais	e	organizacionais;
•	 e,	 por	fim,	a	 total	desconsideração	do	 sujeito	 (falante)	 e	da	 situação	comunicativa	na	análise	
linguística.
 Saiba mais
Para entender melhor essa discussão, você pode aprofundar a leitura 
com o artigo Estudos do texto e do discurso no Brasil, de Diana Luz Pessoa de 
Barros, disponível on-line em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0102-44501999000300008>.
É importante salientar mais uma vez que tais aspectos problemáticos, caracterizadores das lacunas 
da tradição linguístico-estrutural, levaram esse “lugar de ruptura teórica”, os estudos do texto, a 
empenhar-se:
•	 em	ir	além	dos	limites	da	frase;
•	 em	reintegrar	o	sujeito	e	a	situação	sociocomunicativa	ao	escopo	de	investigação	teórica;	e
•	 em	desenvolver	e	ampliar	o	estudo	do	texto	em	suas	modalidades	oral	e	escrita,	a	partir	de	sua	
organização estrutural, processamento cognitivo e funcionamento sociointeracional, instaurando 
assim a linguística textual (doravante LT).
1.2 da frase ao texto: as três fases de construção da linguística textual
Agora vamos trilhar um pouco do percurso da linguística textual. Em sua constituição, a LT passou 
por três fases de desenvolvimento. Conforme apontam Bentes (2007), Indursky (2006) e Koch (2009, 
2007, 2006), não houve um desenvolvimento exatamente homogêneo dessas três fases. Os estudos 
acerca do texto desenvolveram-se e ampliaram-se em diferentes países dentro e fora da Europa 
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(destaquem-se a produção norte-americana, germânica e anglo-saxã), mais ou menos à mesma época 
e com preocupações teóricas variadas.
Assim, é importante perceber que não houve precisamente uma sucessão cronológica na transposição 
de uma fase à outra. O que melhor caracteriza a mudança de uma fase para a outra é muito mais a 
ampliação e o aprofundamento gradual dos estudos da LT, marcando cada vez mais fortemente o seu 
afastamento em relação à linguística estrutural. Cada nova fase busca superar os limites e insuficiências 
da fase anterior. Conforme descrevem Bentes (2007), Indursky (2006), Marcuschi (1983) e Koch (2009, 
2007, 2006), entre outros autores clássicos desse campo científico, essas três fases da LT costumam ser 
conhecidas como:
1a fase transfrástica;
2a fase da gramática textual;
3a fase da teoria do texto.
Agora que as fases destacáveis da LT já foram apresentadas rapidamente, é importante 
considerar que a LT atualmente está mais bem representada por essa terceira fase, em que as 
suas questões teórico-metodológicas de investigação apresentam-se melhor desenvolvidas. Dito 
isso, vamos conhecer mais detalhadamente os aspectos e características de cada uma das três 
fases.
 lembrete
É bom lembrar que, apesar de não se poder levar em conta datas precisas 
quanto ao início e fim de cada uma das fases, é possível contextualizar 
aproximadamente (e superficialmente) a fase transfrástica na década de 
1960, a fase da gramática textual na década de 1970 e a fase da teoria do 
texto a partir da década de 1980 até os dias de hoje.
1. Fase transfrástica – a própria designação já aponta o principal interesse dessa fase, a análise 
transfrástica que vai além dos limites da frase. Essa fase volta-se para os fenômenos linguísticos que 
nunca foram bem explicados pelas teorias formalistas limitadas ao nível da frase. Segundo Bentes (2007, 
p. 247),
na análise transfrástica, parte-se da frase para o texto. Exatamente 
por estarem preocupados com as relações que se estabelecem entre as 
frases e os períodos, de forma que construa uma unidade de sentido, os 
estudiosos perceberam a existência de fenômenos que não conseguiam 
ser explicados pelas teorias sintáticas e/ou pelas teorias semânticas: o 
fenômeno da correferenciação, por exemplo, ultrapassa a fronteira da 
frase e só pode ser melhor compreendido no interior do texto.
15
Teorias do TexTo
O fenômeno da correferenciação estuda o múltiplo referenciamento e significa que o referente 
textual, ou seja, aquilo sobre o que o texto fala, encontra-se retomado ao longo do texto de diferentes 
formas, por exemplo:
a. “Ana adora bolo, massas e frituras. A danadinha está passando do peso. Essa menina poderá ter 
problemas, se não fechar a boca.”
b. “Maria foi à feira. Ela se assustou com os preços altos.”
Observe que o referente “Ana” foi retomado pelas formas “a danadinha” e “essa menina”. 
Isso fez fluir e progredir a construção do sentido ao longo das sequências, de modo que cada 
sequência introduzida por um novo correferente veio a acrescentar informações em uma direção 
argumentativa. Se prestarmos atenção, veremos que o referente “Ana” não dá nenhuma pista 
sobre tratar-se de uma criança, contudo quando consideramos os correferentes “a danadinha” e 
“essa menina” somos levados a essa possível leitura sem que nenhuma menção explícita tenha 
sido feita a isso. Em uma análise transfrástica, é possível olhar o pronome pessoal de 3a pessoa 
diferentemente da visão tradicional estruturalista, que vê apenas uma simples substituição no 
nome “Maria” pelo pronome “ela”.
Perceba que o uso do pronome propicia ao ouvinte/leitor instruções de conexão entre 
a predicação que se faz do pronome “se assustou com os preços altos” e o próprio sintagma 
nominal em questão “Maria” (considerado como aquele sobre o qual também já se disse algo). Tal 
mecanismo colabora na construção do perfil do referente “Maria” por parte do ouvinte/leitor.
 Observação
Não é a concordância de gênero e número entre nome e pronome 
(Maria = ela) que garante a equivalência entre esses dois termos, mas 
as relações estabelecidas entre as suas predicações. É por causa dessas 
relações que sabemos que o pronome “ela” se refere ao SN “Maria”.
Entretanto, o mero mecanismo de correferenciação entre sequências não constitui 
obrigatoriamente um texto. Ampliando seus esforços, os estudiosos foram observando,ao lado da 
correferenciação, outros fenômenos que também estabelecem relações entre as orações por meio 
de sequenciação (conectivos), pronominalização (pronomes), definitivização (artigos definidos 
e indefinidos), concordância verbal, relação tópico-comentário entre outros.
Você deve observar, todavia, que a investigação acerca dos elementos conectivo-sequenciadores, 
que estabelecem relações entre as orações, levou os teóricos a questionarem se havia obrigatoriedade 
de relações conectivas presentes entre os enunciados para se constituir um texto. Vejam-se os 
exemplos:
a. Genival não foi ao casamento de sua prima: enviou-lhe flores e um presente.
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b. Genival não foi ao casamento de sua prima: estava adoentado.
c. Genival não foi ao casamento de sua prima: não pode dizer quem estava chorando.
Como você pode constatar, em (a), é a relação adversativa, implicada pelo conector “mas”, que 
se estabelece entre o primeiro e o segundo enunciado. Em (b), é a relação explicativa, implicada pelo 
conector “porque”, que se estabelece entre o primeiro e o segundo enunciado. Em (c), é a relação 
conclusiva, implicada pelo conector “portanto”, que se estabelece entre o primeiro e o segundo enunciado. 
Entretanto, os conectores “mas”, “porque” e “portanto” não estão presentes entre os enunciados, mas 
isso não impede que o ouvinte/leitor reconstrua o sentido da sequência, constituindo mentalmente as 
relações argumentativas próprias entre as orações. Desse modo, considerar
o conhecimento intuitivo do falante acerca das relações a serem estabelecidas 
entre sentenças e o fato de nem todo texto apresentar o fenômeno da 
correferenciação [...] [constituíram] fortes motivos para a construção de 
uma outra linha de pesquisa, que não considerasse o texto apenas uma 
simples soma [...] de frases (BENTES, op. cit., p. 249).
Os estudiosos partem, então, para uma segunda fase de desenvolvimento da LT, considerando 
os múltiplos mecanismos possíveis que garantem a linearidade, progressão textual e construção de 
sentidos.
2. Fase da gramática textual – essa fase apoiou-se no objetivo de criar gramáticas textuais. 
Mesmo considerando-se já um bom desenvolvimento nas investigações da LT, acreditava-se ser 
o texto um sistema uniforme, estável e abstrato, e nesse ponto ainda se aproximavam um pouco 
da forma como o estruturalismo descrevia a língua (sistema uniforme, estável e abstrato). As 
gramáticas textuais refletiam acerca de fenômenos linguísticos não explicáveis por uma gramática 
da frase.
Nesse período, postulava-se o “texto” como uma unidade teórica formalmente 
construída, em oposição ao “discurso”, unidade funcional, comunicativa e 
intersubjetivamente construída (ibidem).
Entenda que, nessa fase, é possível constatar a forte influência teórica da gramática gerativo-
transformacional de Noam Chomsky. O gerativismo é outra corrente linguística que nasce na 
segunda metade do século XX e que também rompe com o estruturalismo linguístico, mas que 
mantém um caráter de pesquisa bastante formal que afirma ser a língua um sistema inato ao 
homem e não um produto de aprendizado social, portanto, desse ponto de vista, as regras da 
língua são uniformes e estáveis e já estão prontas na mente. Seu objeto de estudo será então o 
sistema abstrato de regras linguísticas inatas à mente humana e não o uso que se faz delas no 
plano social.
Assim, o texto é tomado como a maior unidade linguística de análise, que pode ser decomposto 
(e recomposto) em unidades menores classificáveis em uma gramática do texto, buscando assim 
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Teorias do TexTo
descrever que papel cada elemento desempenha textualmente. Assim, como o gerativismo 
considera a competência linguística do falante ideal, que detém o conhecimento internalizado 
de todas as regras da língua (mesmo que não seja levado a usá-las socialmente, ou seja, ele 
tem a competência, mas não necessariamente o desempenho), essa segunda fase considera a 
competência textual:
Todo falante nativo possui um conhecimento acerca do que seja um texto 
[...], sabe reconhecer quando um conjunto de enunciados constitui um texto 
[ou não] [...], é capaz de resumir e/ou parafrasear um texto [...] [e] perceber 
se ele está completo [ou não] (BENTES, op. cit., p. 250).
Nesse sentido, o falante possuiria três capacidades textuais básicas, conforme aponta Charolles 
(1989 apud BENTES, op. cit., p. 250):
1a A capacidade formativa (produzir e compreender).
2a A capacidade transformativa (reformular, parafrasear e resumir).
3a A capacidade qualificativa (reconhecer e tipificar: narração, descrição, argumentação).
Uma gramática do texto teria as seguintes tarefas, conforme apontam Fávero & Koch (1988):
•	 observação	dos	princípios	e	fatores	de	textualidade	responsáveis	pela	coesão	e	coerência	textual	
flagrados na superfície do texto;
•	 observação	de	critérios	para	delimitação	do	texto	em	sua	completude;
•	 diferenciação	dos	vários	tipos	textuais.
Veja que o texto é tomado como um “tecido” com princípios específicos, regras e fatores que formam 
o conjunto homogêneo e uniforme da textualidade. Assim como o gerativismo concebe o falante ideal, 
as gramáticas textuais concebem o texto ideal. O texto seria uma unidade teórica, e considerá-lo em 
funcionamento era considerar o discurso e não o texto.
No entanto, a pretensão das gramáticas textuais não alcançou todos os objetivos da investigação 
acerca do texto, deixando vários fenômenos inexplicáveis ou mal-explicados. Não eram capazes de 
descrever todas as possíveis regras de textualidade, até porque os gêneros textuais são plurais e muito 
produtivos. Todos os dias podem surgir novos gêneros textuais (orais e escritos) com princípios e 
regras particulares (até bem pouco tempo não se tinha o e-mail ou o chat, por exemplo!). Cai, assim, o 
princípio de homogeneidade textual. Esse tratamento das gramáticas textuais começou a ser visto como 
excessivamente formal e iniciou-se um terceiro movimento.
3. Fase da teoria do texto – conforme sintetizam Bentes (2007) e Indursky (2006), diferentemente 
das gramáticas textuais que tencionavam a competência textual de falantes/ouvintes ideais, nessa fase, 
busca-se:
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investigar a constituição, o funcionamento, a produção e a compreensão 
dos textos em uso (grifo nosso) [...] [adquirindo] particular importância [...] 
[o] seu contexto pragmático [, ou seja,] o conjunto de condições externas da 
produção, recepção e interpretação dos textos (BENTES, op. cit., p. 251).
A língua passa a ser entendida não mais como um sistema abstrato (virtual), mas atual, em 
funcionamento, em uso efetivo. Nessa medida, o texto deixa de ser visto como um produto formal 
pronto e acabado (ideal) e passa a ser entendido como um processo (real) em funcionamento.
Você pode contatar que, nessa perspectiva, a LT torna-se uma disciplina de caráter interdisciplinar, 
relacionando seus interesses com os de outras áreas do conhecimento que envolvem questões de 
linguagem e sociedade. Conforme Marcuschi (1998), a LT pode ser bem compreendida como “uma 
disciplina de caráter multidisciplinar, dinâmica, funcional e processual, considerando a língua como não 
autônoma, nem sob seu aspecto formal” (MARCUSCHI, 1998).
Maiores detalhes sobre essa fase serão aprofundados nos itens que se seguem, em função de essa 
ser hoje a fase referencial (atual) da LT.
 Saiba mais
Para conhecer mais a respeito do percurso teórico da linguística textual, 
você pode ampliar seus horizontes lendo o texto (1)Linguística textual: quo 
vadis, da autora Ingedore Villaça Koch (uma autora de referência nessa 
área) e a entrevista (2)Linguísticatextual: uma entrevista com Ingedor. Esse 
material está disponível on-line nos links: <url20.ca/1Bj>; <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44502001000300002&script=sci_arttext>.
1.3 Aprofundando e delimitando o conceito de texto
Você deve supor que, assim como a LT evoluiu ao longo de suas três fases, o conceito de texto 
também evoluiu. Observem-se as características principais que constituem as concepções de texto 
predominantes em cada fase.
1. Em um primeiro momento (fase transfrástica), o texto é concebido como:
•	 “uma	sequência	pronominal	ininterrupta”	(dada	a	ênfase	na	questão	da	correferenciação);
•	 “uma	sequência	coerente	de	enunciados”;
•	 “forma	de	organização	do	material	linguístico”;
•	 “unidade	linguística	superior	à	frase”.
19
Teorias do TexTo
2. Em um segundo momento (fase da gramática textual), o texto é concebido como:
• “complexo de proposições sintático-semânticas” (apresenta um conjunto de conteúdos);
• “estrutura pronta e acabada” que obedece a uma estrutura formal articulada estritamente a partir 
de sete fatores de textualidade:
– coesão;
– coerência;
– aceitabilidade;
– informatividade;
– situacionalidade;
– intertextualidade;
– intencionalidade.
• “produto de uma competência linguística idealizada” (ênfase no aspecto formal do texto – extensão 
e constituintes);
• “maior unidade linguística com sequência coerente e consistente de signos linguísticos.”
Uma definição de texto que representa bem esses dois primeiros momentos é o de Stammerjohann:
O termo abrange tanto textos orais como textos escritos que tenham como 
extensão mínima dois signos linguísticos, um dos quais, porém, pode ser suprido 
pela situação, no caso de textos de uma só palavra, como “Socorro!”, sendo sua 
extensão máxima indeterminada (1975 apud BENTES, 2007, p. 253).
Entre os conceitos de texto da primeira e segunda fases não há representativas diferenças. Porém, 
vale a pena salientar ainda que as gramáticas textuais assim como definem o texto também definem o 
não texto:
•	 Texto	=	“sequências	linguísticas	coerentes	entre	si”.
•	 Não	texto	=	“sequências	linguísticas	incoerentes	entre	si”.
Essa oposição (texto x não texto) em si já se mostra um tanto desconexa se se considerar estranho ou 
difícil de imaginar uma “sequência” que não seja lógica e coerente. Só é sequência porque possui uma 
lógica, do contrário seria apenas um amontoado aleatório de elementos! Consideravam-se não texto as 
produções que “ferissem” algum(ns) dos sete fatores de textualidade.
1. Em um terceiro momento (fase da teoria do texto), a noção de texto é completamente revista. A 
teoria do texto não considera a possibilidade do “não texto”, primeiramente por ser ilógico conceber uma 
sequência linguística incoerente em si. Se há uma sequência linguística, certamente há uma lógica.
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É possível, por exemplo, encontrar textos precários, incompletos, lacônicos etc., mas que não perdem 
o seu estatuto de texto por isso. Desde que uma “sequência” faça sentido para alguém, já será um texto. 
Por exemplo, se considerarmos um gênero textual bastante informal e corriqueiro, mesmo que escrito, o 
“recado de geladeira”. Imagine que alguém (uma moça) que mora com a mãe, escreva o seguinte recado 
de geladeira:
A.1. “Mãe, deixei o Lucas na creche agorinha. Volto na próxima segunda. Beijo, Luíza.”
É possível que algum purista que analise esse texto o julgue incompleto, lacônico, mal-estruturado 
por falta de referências... Entretanto, considerando o funcionamento social desse gênero, a situação 
comunicativa que o envolve, os possíveis interlocutores/falantes que dele façam uso para estabelecer 
uma comunicação etc., vemos que é um texto absolutamente possível, funcional e suficiente. Não está 
faltando nem sobrando informação. Elas são justas ao que é necessário nessa situação comunicativa, 
cujas interlocutoras são “Luíza”, autora do texto, e sua “mãe”, a interlocutora/leitora. A “mãe”, 
interlocutora/leitora do texto, sabe muito bem que é sua filha, a irmã do “Lucas”, quem escreve, sabe que 
“Lucas” é uma criança pequena e por isso ainda vai à creche, que “agorinha” significa, por exemplo, de 
manhã, horário natural em que se deixam as crianças na creche e sabe ainda quando vai ser a “próxima 
segunda”, dia em que a filha vai voltar para casa. Não é preciso acrescentar nada: imagine como seria 
esquisito e impróprio um “recado de geladeira”, nessa mesma situação comunicativa, que trouxesse 
todas essas informações implícitas (que são totalmente possíveis de inferir) sem a mínima necessidade 
de sua presença:
A.2. “Prezada senhora Marilda Pinheiro, eu, sua filha Luíza Pinheiro, 24 anos, residente nesse mesmo 
domicílio, informo solenemente que entreguei o seu filho Lucas Pinheiro, meu irmão caçula, de três anos 
de idade, aos cuidados da creche Criança Feliz, domiciliada à rua Jatobá, 66, centro, às 7h da manhã 
do dia 10 de Outubro de 2010. Informo ainda que estou viajando a trabalho para Belo Horizonte e 
tenho meu regresso datado para a próxima segunda-feira, dia 18 de Outubro de 2010. Sem mais para o 
momento, firmo-me: Luiza Pinheiro.”
Por outro lado, um texto pode fazer todo sentido para um falante e para outro pode não fazer 
nenhum sentido. Para ilustrar essa possibilidade, vejamos como exemplo o texto a seguir:
A vaguidão específica (Millôr Fernandes)
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vagoespecífica”
(Richard Gehman).
— Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
— Junto com as outras?
— Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer 
fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
— Sim senhora. Olha, o homem está aí.
— Aquele de quando choveu?
— Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
21
Teorias do TexTo
— Que é que você disse a ele?
— Eu disse para ele continuar.
— Ele já começou?
— Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
— É bom?
— Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
— Você trouxe tudo pra cima?
— Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora 
recomendou para deixar até a véspera.
— Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor senão 
atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
— Está bem, vou ver como.
Note-se que o problema de coesão caracterizado pela falta de referências não chega a constituir, 
de forma alguma, falta de coerência no texto, que impossibilite a comunicação entre as interlocutoras 
dele, pois a proposta do autor é a de que a situacionalidade preencha as lacunas referenciais entre 
as interlocutoras. Talvez para outros interlocutores/leitores o texto não faça sentido algum, mas 
definitivamente as informações veiculadas por ele são suficientes para as interlocutoras dessa interação, 
que possuem o conhecimento partilhado necessário à compreensão da sua suposta falta de referência 
em si.
Ou seja, um texto pode fazer sentido para uns e para outros não! Considere-se ainda que, no texto 
em questão, o autor não prioriza as informações do texto em si, cujas referências estão ausentes, mas 
especialmente o tom de humor em referir-se sarcasticamente a certas características apontadas como 
do universo feminino.
Para essa terceira fase, o texto não pode ser entendido como uma estrutura pronta e acabada, um 
produto, mas como um processo com atividades globais de comunicação – planejamento, verbalização 
e construção.
Lembre-se de que considerar o texto como um processo é considerar seu funcionamento com 
atividades de planejamento, verbalização e construção a partir de aspectos:
•	 linguísticos	(sintáticos,	lexicais	etc.);
•	 semânticos	(conteúdo,	coerência,	significação);	
•	 pragmáticos	(seu	uso,	situação	comunicativa,contexto	etc.).
E sem perder de vista a importante relação entre os sujeitos da produção textual: falante/
ouvinte; autor/leitor. Essa relação é crucial para que o texto faça sentido e se organize 
especificamente de uma forma e não de outra; quer essa relação se dê no aspecto interpessoal 
(entre pessoas), ou entre instituições, ou entre uma intituição e uma coletividade, ou entre uma 
mídia e uma coletividade etc.
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 Saiba mais
O texto disponível no link <url20.ca/-Fb> pode ajudar você a refletir de 
forma geral sobre estas questões de coerência e coesão e poderá ilustrar essa 
reflexão com uma imagem bem definidora da articulação entre esses dois 
eixos de construção da textualidade: a coerência que se dá na globalidade 
do todo (a mulher de chapéu) e a articulação coesiva que se dá entre os 
elementos (palavras). O material é do blog Gest ação: leitura e leitores, da 
professora Aparecida Brasileiro.
Figura 1 – A coerência e a coesão na costrução do sentido dos textos
Você deve compreender que o mesmo texto, inclusive, é passível de diferentes leituras em um mesmo 
momento histórico ou se lido em épocas e contextos diferentes. Como exemplo disso, podemos citar bem 
rapidamente as diferentes interpretações dos textos bíblicos que as pessoas fazem de um modo geral ou 
para si próprias. A própria forma linguística da Lei abre “brechas” para distintas interpretações.
Ou, ainda, um texto pode ser considerado moralmente impróprio, ou vulgar, ou acintoso aos valores 
sociais, familiares e religiosos etc. e em outro momento/contexto pode ser considerado revolucionário, à 
frente de seu tempo, verdadeiro etc.: os poemas de Gregório de Matos (o poeta barroco conhecido como 
Boca do Inferno) podem ser um bom exemplo disso.
23
Teorias do TexTo
Ou, por outro lado, um texto que pode ter sido considerado poético, verdadeiro e bonito em dado 
momento histórico pode hoje ser motivo de piada e referência de preconceito e opressão: por exemplo, 
a música Ai, que saudades da Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago, de 1941, sobretudo em sua segunda 
estrofe, que hoje faz-nos considerar “Amélia” um adjetivo pejorativo quanto à caracterização da mulher 
moderna:
Ai, que saudades da Amélia
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: “Meu filho, o que se há de fazer!”
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Fonte: Alves; Lago, 1941.
Voltando à questão da conceituação do texto, na terceira fase da LT, conforme descreve Koch (op. 
cit.), a definição de texto deve considerar que:
Quadro 1
1. A produção textual é uma 
atividade verbal
2. A produção textual é uma 
atividade verbal consciente
3. A produção textual é uma atividade 
verbal, consciente e interacional
O falante/ouvinte pratica ações, 
atos de fala.
O falante/ouvinte tem objetivos e 
intenções – ele sabe o que faz, como 
faz e por que faz.
O texto é o produto da interação entre 
falante/ouvinte, autor/leitor.
Há sempre um objetivo a ser 
atingido.
O sujeito/falante tem um papel ativo 
na produção textual – dizer é fazer.
Os interlocutores estão obrigatoriamente 
envolvidos nos processos de construção e 
compreensão do texto.
Os enunciados são dotados de certa 
força (atos) – saudação, pergunta, 
asserção, solicitação, convite, 
despedida etc.
Há uma consciência no uso do 
conhecimento, elementos linguísticos 
e fatores pragmáticos e interacionais.
Esses atos estão inseridos 
em contextos situacionais, 
sociocognitivos e culturais.
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Veja agora as três definições de texto de diferentes autores, que são exponenciais nesse momento 
mais atual da linguística textual, mas que devem ser tomadas em sua complementaridade entre si, 
uma vez que não deve haver apenas uma definição engessada em si mesma para definir o texto (apud 
BENTES op. cit., p. 255-256):
•	 Bakhtin	 (1929):	 “Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto 
pelo fato de que procede de alguém como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui 
justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um 
em relação ao outro. Através da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise, 
em relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela 
se apoia sobre mim numa extremidade, na outra se apoia sobre o meu interlocutor. A palavra é o 
território comum do locutor e do interlocutor”.
•	 Koch	(1997a): “Poder-se-ia, assim, conceituar o texto como uma manifestação verbal constituída 
de elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos falantes durante a atividade verbal, de 
modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, 
em decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a 
interação (ou atuação) de acordo com práticas socioculturais”.
•	Marcuschi	 (1983):	 “Proponho que se veja a linguística do texto, mesmo que provisória e 
genericamente, como o estudo das operações linguísticas e cognitivas reguladoras e controladoras 
da produção, construção, funcionamento e recepção de textos escritos ou orais. Seu tema 
abrange a coesão superficial ao nível dos constituintes linguísticos, a coerência conceitual ao 
nível semântico e cognitivo e o sistema de pressuposições e implicações ao nível pragmático da 
produção do sentido no plano das ações e intenções. Em suma, a linguística textual trata o texto 
como um ato de comunicação unificado num complexo universo de ações humanas. Por um lado, 
deve preservar a organização linear, que é o tratamento estritamente linguístico, abordado no 
aspecto da coesão e, por outro lado, deve considerar a organização reticulada ou tentacular, não 
linear: portanto, dos níveis do sentido e intenções que realizam a coerência no aspecto semântico 
e funções pragmáticas”.
2 cOnSTruIndO SenTIdOS nO TexTO: OrgAnIZAçãO eSTruTurAl e 
PrOceSSAMenTO TexTuAl
Uma vez que já construímos o panorama teórico da constituição da LT de seu nascimento, 
desenvolvimento até à caracterização de seu objeto de estudo (o texto) no perfil atual e vigente desse 
campo de investigação, agora serão apresentadas algumas das principais categorias teóricas de análise 
relacionadas à organização estrutural, às estratégias de processamento e funcionamento e ao contexto 
interacional.
Essa descrição será topicalizada da seguinte maneira:
I. Processamento textual
II. Organização estrutural
25
Teorias do TexTo
I. Processamento textual: o texto deve sempre ser entendido como um processo. O processamento 
textual acontece mediante sistemas de conhecimento acionados no texto e no contexto de produção 
(KOCH, 2007; 2006). Na produção textual, toda ação (fazer) é necessariamente acompanhada de 
processos de ordem cognitiva, de maneira que o sujeito dispõe de modelos e tipos de operações 
mentais.
Os interlocutores, na comunicação, dispõem de saberes acumulados sobre os diversos tipos de atividades 
da vida social, eles têm conhecimentos na memória que precisam ser ativados para que a atividade seja 
efetivada com sucesso. Tais atividades geram expectativas, e isso compõe um projeto nas atividades de 
compreensão e produção do texto.
Considerando o texto como um processo, Heinemann e Viehweger (1991apud KOCH, 2007) definem 
três grandes sistemas de conhecimento, responsáveis pelo processamento textual global:
•	 Conhecimento	linguístico: diz respeito ao conhecimento do léxico e da gramática, responsável 
pela escolha dos termos e pela organização do material linguístico na superfície textual, inclusive 
dos elementos coesivos.
•	 Conhecimento	 enciclopédico	 ou	 de	 mundo: corresponde às informações armazenadas na 
memória de cada sujeito. O conhecimento do mundo abrange o conhecimento declarativo, 
manifestado por enunciações acerca dos fatos do mundo (“A Ponta do Seixas, na Paraíba, é o 
extremo leste do continente americano”; “São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil”) e o 
conhecimento episódico e intuitivo, adquirido por via da experiência (“Não dá para fritar o ovo 
sem quebrar a casca”).
•	 Conhecimento	 interacional: compreende dimensão interpessoal da linguagem, ou seja, a 
realização de certas ações por meio da linguagem. Divide-se em:
– conhecimento ilocucional: meios diretos e indiretos para atingir um objetivo;
– conhecimento comunicacional: meios adequados para atingir os objetivos desejados;
– conhecimento metacomunicativo: meios de prevenir e evitar distúrbios na comunicação – 
atenuação, paráfrases, parênteses de esclarecimento etc.;
– conhecimento superestrutural: modelos textuais globais, que permitem aos usuários 
reconhecer um texto como pertencente a determinado gênero ou certos esquemas 
cognitivos.
Entenda que tais formas de conhecimento são estruturadas em modelos cognitivos. Nessa medida, 
os conceitos são organizados em blocos, formando uma rede de relações, de forma que um dado conceito 
sempre aciona uma série de entidades. É o caso da eleição, à qual se associam: políticos, eleitores, 
corrupção, CPI, leis, Senado, dinheiro e hoje em dia até cuecas! É por causa dessa estruturação que o 
conhecimento enciclopédico transforma-se em conhecimento procedimental e fornece instruções 
para agir em situações particulares e agir em situações específicas.
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II. Organização estrutural: de modo geral, alguns autores, como por exemplo, Dijk (2000), Koch 
(2007; 2006), Fávero (2009) e Kleiman (2004; 2007), orientam uma organização textual a partir de três 
níveis estruturais (inter-relacionáveis entre si) a serem apresentados e brevemente descritos a seguir: 
superestrutural, macroestrutural e microestrutural.
 lembrete
Superestrutural – ou de nível global, com ênfase nas relações 
esquemático-cognitivas.
Macroestrutural – ou de nível semântico, com ênfase nas relações de 
coerência textual.
Microestrutural – ou de nível de superfície linguística, com ênfase nas 
relações de coesão textual.
Quanto ao nível superestrutural, este se refere tanto às estruturas textuais globais, que 
permitem o reconhecimento dos gêneros ou tipos (ver exemplos a seguir), como também envolve 
o conhecimento sobre estratégias esquemáticas cognitivas relacionadas à significação global 
da base textual. São estratégias facilitadoras na produção/recepção de textos que acionam na 
memória o conhecimento armazenado, por meio de modelos globais, como esquemas, frames, 
scripts e planos.
Quadro 2
Modelos globais
Frames
Certo conjunto convencional de elementos armazenados na memória 
sem uma organização sequencial, que acionamos cognitivamente em 
uma situação de uso. Por exemplo, ao se mencionar o frame “festa 
de aniversário”, acionamos o conjunto “balões, brigadeiros, bolo, vela, 
crianças, salgados, presente etc.” sem uma necessária ordem desses 
elementos. Outros exemplos de frames: natal, carnaval, correios etc.
Esquemas
Certo conjunto convencional de elementos armazenados na memória e 
organizados sequencialmente que acionamos cognitivamente em uma 
situação de uso. Por exemplo, ao se mencionar o esquema “um dia de 
trabalho”, acionamos o conjunto em uma determinada ordem “acordar, 
levantar, urinar, tomar banho, vestir-se, tomar café, sair de casa, chegar 
ao trabalho, trabalhar até meio-dia, sair para o almoço... etc.”.
Planos
Modelos de comportamento manifestados pelas pessoas no sentido 
de alcançarem certo propósito, que são acionados em uma situação 
de uso. Ao deparar-se com uma situação típica produzida pelo falante, 
o ouvinte já interpreta suas intenções. Por exemplo, um adolescente 
que organiza um plano para conseguir dos pais permissão para viajar 
sozinho.
Scripts
São planos mais estabilizados ou estereotipados com rotina bem 
estabelecida e que geralmente especificam papéis e ações dos 
interlocutores. Por exemplo, carta de amor, infância, novela etc.
27
Teorias do TexTo
Quadro 3
Tipos de texto
Técnico e científico
Argumentativo
Dedução Indução
Jurídico Administrativo Publicitário Coloquial-dialetal
Expositivo Narrativo
Dialogado
Descritivo
Opinativo
Informativo
Humanístico Literário Periodístico
Ensaio
Quanto ao nível macroestrutural, este se refere às relações de coerência textual, responsáveis 
por construir a significação global no texto por meio dos processos de produção e compreensão 
textual, analisados em uma leitura top-down (no eixo vertical). A coerência textual é considerada 
fundamental para a textualidade, pois dela depende em grande parte o sentido do texto. A construção 
da coerência textual depende da organização tentacular de fatores de diversas ordens: linguísticos, 
cognitivos, socioculturais, interacionais e pragmáticos. Autores como Costa Val (2006) e Koch (2007, 
1997, 2006) apresentam a coerência como responsável pela diferença entre um texto e um aglomerado 
de frases. É pela coerência que as ideias são conectadas, harmonizadas, não contraditórias, propiciando 
a compreensão semântica global.
Platão e Fiorin (1996, p. 397-400) simplificam essa questão, apresentando os diferentes níveis de 
coerência:
•	 Coerência	narrativa	é	a	que	ocorre	quando	se	respeitam	as	implicações	lógicas	existentes	entre	as	
partes da narrativa [...].
•	 A	 coerência	 argumentativa	 diz	 respeito	 às	 relações	 de	 implicação	 ou	 de	 adequação	 que	 se	
estabelecem entre certos pressupostos ou afirmações explícitas colocadas no texto e as conclusões 
que se tiram deles, as consequências que se fazem deles decorrer [...].
•	 Coerência	figurativa	diz	respeito	à	combinatória	de	figuras	para	manifestar	um	dado	tema	ou	à	
compatibilidade de figuras entre si [...].
•	 Coerência	temporal	é	aquela	que	respeita	as	leis	da	sucessividade	dos	eventos	ou	apresenta	uma	
compatibilidade entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no tempo [...].
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•	 Coerência	 espacial	 diz	 respeito	 à	 compatibilidade	 entre	 os	 enunciados	 do	 ponto	 de	 vista	 da	
localização espacial [...].
•	 Coerência	 no	 nível	 de	 linguagem	 usado	 e	 a	 compatibilidade,	 do	 ponto	 de	 vista	 da	 variante	
linguística escolhida, no nível do léxico e das estruturas sintéticas utilizados no texto [...].
Note que alguns autores como Koch (2007, 2006, 2009), Fávero (2009) e Bentes (2007) defendem 
importantes critérios de textualidade, relativos à coerência textual, entre os quais os mais importantes 
são:
•	 Princípio de interpretabilidade: depende da coparticipação entre produtor e receptor na 
situação de comunicação e da intenção comunicativa. Não há textos incoerentes em si, eles são 
coerentes dentro de um contexto interacional, e o que pode ser incoerente para um pode fazer 
todo sentido para outro.
•	 Situação comunicativa: diz respeito à situacionalidade que envolve a interação e interfere na 
produção/recepção do texto, podendo ser entendida em sentido estrito (contexto imediato) e em 
sentido amplo (contextosociopolítico-cutural).
•	 Conhecimento de mundo e conhecimento partilhado: conhecimento de mundo é toda 
memória de vida (social, histórica e individual) armazenada mentalmente, e o conhecimento 
partilhado é a intersecção de conhecimentos comuns compartilhados por produtor e receptor na 
interação comunicativa.
•	 Polifonia (várias vozes): diz respeito ao jogo de vozes e pontos de vista presentes no texto. Muitas 
vezes a mudança de vozes nem sempre aparece nitidamente marcada no texto.
•	 Inferência: relaciona-se às estratégias cognitivas que, com base no conhecimento de mundo, 
organizam e acionam os modelos globais de estruturas textuais: frames, esquemas, planos, 
scripts.
•	 Intertextualidade: é um fator importante para o processamento cognitivo do texto, na medida 
em que recorre ao conhecimento de outros textos. Todo texto traz em si, em níveis variáveis, um 
grau de intertextualidade, seja ela explícita (quando há indicação da fonte) ou implícita (quando 
não há indicação da fonte).
•	 Intencionalidade: esse critério tem uma forte relação com a argumentatividade e refere-se à 
forma como os sujeitos usam textos a fim de perseguir e realizar suas intenções, de modo que 
seus textos produzam-se adequados à obtenção dos efeitos desejados.
•	 Informatividade: é o grau de previsibilidade informacional presente no texto que também está 
condicionado à intencionalidade, e é regulado pelo contexto situacional mais amplo. O grau de 
informatividade vem imediatamente da relação “dado-novo” referente às informações do texto. 
Um texto pode trazer um nível de informações novas alto, intermediário ou baixo. É importante 
salientar que esse critério também depende da interação emissor/receptor: o texto “a terra é 
redonda” pode ter nível zero de informação para um e ter nível alto de informação para outro 
(uma criança, por exemplo).
29
Teorias do TexTo
 Observação
Outros aspectos que também merecem consideração sobre a questão 
da coerência: a consistência e relevância, a aceitabilidade, os fatores de 
contextualização e os próprios elementos linguísticos, que em si já servem 
de pistas argumentativas.
Quanto ao nível microestrutural, este se refere às relações coesivas lineares, que dizem respeito 
ao modo como os elementos presentes na superfície textual (no eixo horizontal) estão interconectados 
através de recursos linguísticos, constituindo sequências veiculadoras de sentido.
Veja que diferentemente da coerência, a coesão diz respeito à estrutura formal do texto. Trata da 
manifestação linguística da coerência e apresenta-se na forma como conceitos e relações subjacentes 
são expressos no texto. A coesão é construída por meio de elementos gramaticais (pronomes anafóricos, 
catafóricos, artigos, elipse, concordância, correlação entre os tempos verbais, conjunções etc.), que 
definem as relações entre frases e sequências de frases e no interior das mesmas, e elementos lexicais, 
através da reiteração, da substituição e da associação (COSTA VAL, 2006, p. 6).
As várias possibilidades de coesão textual podem ser agrupadas dentro de três grandes tipos (FÁVERO, 
2009):
Quadro 4
1. Coesão referencial 2. Coesão recorrencial 3. Coesão sequencial
Diz respeito aos elementos que têm a 
função de estabelecer referência. Não 
são interpretados pelo seu sentido 
próprio, mas referem-se a alguma 
outra coisa, relacionando o signo a um 
objeto. A coesão referencial é obtida 
por meio da substituição e reiteração 
de termos.
Esta se dá quando, apesar de 
retomadas estruturais, a informação 
progride, o discurso segue adiante. A 
coesão recorrencial é obtida por meio 
da recorrência de termos, paralelismo, 
paráfrase e recursos fonológicos.
Esta tem por função (assim como a 
recorrencial) fazer o texto progredir, 
encaminhar o fluxo informacional, 
porém não pela retomada de itens ou 
estruturas, mas pela sequenciação das 
sentenças por meio de mecanismos 
temporais e conectivos.
Para considerarmos uma apresentação mais pormenorizada do eixo da coesão na organização do 
texto, devemos levar em conta que cada um dos três tipos de coesão (1. Referencial; 2. Recorrencial; e 
3. Sequencial) organiza-se a partir de um conjunto de subtipos. Para estudarmos mais detalhadamente 
esses aspectos, consideraremos as descrições da autora supracitada, Leonor Fávero, que tão bem 
apresenta a coesão textual em suas microrrelações na construção do texto:
I. Coesão referencial: relacionada objetivamente com o estabelecimento da referência, subdivide-se 
em dois tipos: substituição e reiteração.
1. Substituição: dá-se quando um elemento é retomado ou antecedido por uma proforma (elemento 
gramatical de baixa densidade sêmica – o pronome, por exemplo). As proformas podem ser:
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•	 pronominais:	“Esmeralda	comprou	um	vestido.	Ele é vermelho”. A proforma pronominal ele retoma 
o referente um vestido;
•	 verbais:	“Luiz	acorda	cedo	todos	os	dias	no	campo.	Antônia	faz o mesmo”. A proforma verbal faz 
o mesmo retoma o referente acorda cedo;
•	 numerais:	“João	e	Pedro	são	primos.	Ambos trabalham na siderúrgica”. A proforma numeral ambos 
retoma o referente João e Pedro;
•	 adverbiais:	“Pierre	vai	à	Natal	todos	os	anos	em	dezembro.	Lá faz muito calor”.
No caso da retomada do referente, tem-se uma anáfora, por exemplo:
A.1. “Elizabete é uma moça trabalhadora e esforçada. Ela levanta cedo e dorme tarde, pois, para 
trabalhar, essa moça pega quatro conduções todos os dias”.
Quadro 5
Elizabete
=
referente
Ela
=
proforma pronominal
Essa
=
proforma pronominal
No caso da sucessão do referente, tem-se uma catáfora, por exemplo:
A.2. “Mariana só me disse isto: não quero casar com José”.
Quadro 6
Isto
=
proforma pronominal
Não quero casar com José
=
referente
Podem ainda ser incluídos no tipo de coesão referencial por substituição os subtipos:
•	 Anáfora	esquemática:	“Meu	filho	vai	casar-se.	Ela	é	modelo”.	O	pronome	retoma	a	ideia	de	que	o	
filho vai casar-se com uma mulher.
•	 Definitivização:	“Era	uma	vez	uma	princesa	encantada	que	vivia	presa	em	uma	torre.	A	princesa	
era filha...”. O referente é introduzido indefinidamente e retomado definidamente.
31
Teorias do TexTo
•	 Elipse:	é	a	substituição	por	zero	∅.
_ “O que você fez ontem o dia inteiro?
_ ∅ Nada.
_ Não fez nada durante o dia inteiro?
_ ∅ Não”.
2. Reiteração: dá-se quando há repetição de certas expressões que possuem a mesma referência no 
texto. Os tipos de reiteração são:
•	 Repetição	do	mesmo	 item	 lexical:	 “A	água	acabou	com	a	cidade. A cidade ficou alagada. Da 
cidade não sobrou nada”.
•	 Sinonímia:	“Josué	é	calvo” / “Josué é careca”.
•	 Hiponímia:	“Judite	foi	vendedora	de	imóveis. Os apartamentos eram de primeira linha”.
•	 Hiperonímia:	“Laura	viu	o	carro. O veículo vinha em alta velocidade”.
II. Coesão recorrencial – voltada à recorrência temática para construir o movimento dado-novo 
que retoma as informações dadas e acrescenta informações novas, fazendo fluir o texto.
1. Recorrência de termos: tem função de ênfase, intensificação e possibilita o fluir da informação 
no texto. Por exemplo:
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor [...]
(BANDEIRA apud FÁVERO, op. cit., p. 27).
2. Paralelismo: traz estruturas (lexicais) ou ideias (do mesmo campo semântico) paralelas. Por 
exemplo:
Eia! Eia! Eia!
Eia eletricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia sem fios, simpatia metálica do inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez! [...] 
(PESSOA, apud FÁVERO, op. cit, p. 28).
3. Paráfrase: ato de reformulação pelo qual dizemos a “mesma coisa” com outras palavras, 
relacionando texto-fonte e texto-derivado.
4. Recursos fonológicos: “a forma fonética é uma consequência daestrutura semântica fornecida pela 
sintaxe”, considerando-se nesse aspecto os funcionamentos pragmáticos, estilísticos e psicolinguísticos 
da produção textual (FÁVERO, p. 29). Os recursos fonológicos podem ser de dois tipos:
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•	 Segmentais:	aliteração,	assonância,	cacofonia	etc.
•	 Suprassegmentais:	ritmo,	silêncio,	entonação	etc.
III. Coesão sequencial: também faz o texto progredir como os mecanismos recorrenciais, fazendo 
caminhar o fluxo informacional, mas não há neles a retomada a itens ou expressões anteriores.
1. Temporal: toda sequenciação é temporal, mas essa categoria quer indicar o tempo no “mundo 
real”, conforme explica Fávero (op. cit.). Aqui temos os seguintes subitens:
•	 Ordenação	linear	dos	elementos:	“Levantou	cedo,	tomou	café	e	saiu”.
•	 Expressões	ordenadoras	ou	continuadoras:	“Inicialmente você lava os cabelos. Depois aplica a 
máscara capilar. A seguir você enxágua e escova os cabelos”.
•	 Partículas	temporais:	“Não	deixe	de	escovar	os	dentes	à noite”.
•	 Correlação	dos	tempos	verbais:	“Eu	solicitei que saíssem da minha casa”.
2. Por conexão: subordinação dos enunciados a outros para construir a compreensão por meio de 
sua interdependência, seja de ordem semântica, lógica ou pragmática.
•	 Operadores	do	tipo	lógico:	estabelece	relações	gramaticais	lógicas	de	interdependência.
– Disjunção inclusiva: “Há vagas para moças ou rapazes”.
– Disjunção exclusiva: “Dilma ou Serra será eleito presidente do Brasil”.
– Condicionalidade: “Se chover, não iremos à praia”.
– Causalidade: “Se Sócrates é homem, então ele é mortal”.
– Mediação: “Fugiu para que não o prendessem”.
– Complementação: “Jéssica deu uma flor à professora”.
– Restrição ou delimitação: “Atropelei a moça que faz artesanatos”.
•	 Operadores	do	discurso:	estabelecem	relações	argumentativas,	discursivas.
– Conjunção: “Chove e faz sol”.
– Disjunção: “Estude bastante para as provas. Ou vai querer pegar uma DP?”.
– Contrajunção: “Estudou muito, porém não passou no vestibular” [contudo / todavia / 
entretanto...].
– Explicação ou justificativa: “Deve haver um engano, pois eu estou aqui desde ontem”.
– Conclusão: “Não gosto de você, portanto saia da minha casa”.
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Teorias do TexTo
•	 Pausas:	 restabelecem	 a	 conexão	 entre	 dois	 enunciados,	mesmo	 com	 a	 ausência	 do	 conectivo	
– “Não mexa nesses fios; levará um choque” / “Não fui ao enterro; mandei uma coroa de flores”.
3 AIndA AlguMAS cOnSIderAçÕeS SObre A lInguíSTIcA TexTuAl
Vamos agora aprofundar o nosso olhar crítico!
Feitas todas as minuciosas descrições anteriores acerca da LT, seu nascimento, suas fases, suas 
relações epistemológicas, suas categorias teóricas e de análise textual etc., é importante mencionar 
aqui que esta importante teoria tem algumas fragilidades que seus próprios pesquisadores reconhecem 
e buscam superar e ainda que os teóricos de outras áreas vizinhas da linguagem criticam.
A autora Freda Indursky (2006) sintetiza bem isso pontuando alguns aspectos que ela aponta como 
fragilidades da linguística textual. Vejamos a seguir alguns destes pontos mais frágeis:
Além dos dois critérios de textualidade semântico-formais, coerência e coesão, que são 
enfaticamente trabalhados nas duas primeiras fases da LT, acrescentam-se mais cinco critérios 
de textualidade de ordem pragmática (do uso), que vão ser analisados mais cautelosamente 
na terceira fase da LT: intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, 
intertextualidade, além de outros critérios de natureza também pragmática, mais recentemente 
considerados, como conhecimento de mundo e partilhado, inferências, polifonia, consistência e 
relevância, argumentação, princípio de cooperação/interpretabilidade e ainda outros que também 
procuram contemplar melhor os elementos da exterioridade do texto. Pois bem, conforme a crítica 
feita por Indursky (2006), os dois níveis de critérios de textualidade não são igualmente valorizados. 
Há uma nítida relevância dada aos critérios de natureza semântico-pragmática em detrimento dos 
critérios de natureza pragmática, estes aparecem com importância visivelmente secundária em 
relação aos primeiros, de modo que o que fica a ser entendido subliminarmente é que os critérios 
pragmáticos não seriam tão essenciais para a construção da textualidade, como são os critérios 
semântico-formais (coerência e coesão), pondo em evidência na análise do texto o trabalho com 
os mecanismos linguísticos em seus funcionamentos de tomada, retomada e progressão textual, 
voltados à trama de superfície formal do texto.
I. O primeiro problema está relacionado a outro: a autora menciona que a linguística textual, por se 
constituir bastante heterogênea e interdisciplinar, faz muitas interfaces com outras áreas da linguagem 
e toma emprestado muitos conceitos de outras áreas, adaptando-os em seu arcabouço teórico próprio 
(o que não é necessariamente um aspecto negativo!). Muitos desses conceitos estão localizados 
exatamente no que descrevemos anteriormente como critérios de natureza pragmática. O problema 
é que a LT “importa” esses conceitos de outras áreas para compatibilizá-los na teoria do texto, porém 
eles entram em um lugar periférico, secundários em relação ao que a teoria acaba priorizando como 
central na análise textual (a coerência e a coesão). Além disso, os conceitos “importados” não passam 
por uma apresentação mais profunda, cuidadosa por parte da LT, que os descreve muitas vezes de 
forma simplista e confusa, sem nenhuma teorização. Vejamos a seguir um quadro que relaciona alguns 
conceitos mais comumente empregados pela LT e que são emprestados de outras áreas de estudo do 
texto e da linguagem:
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Quadro	7
Áreas de interface com a LT Conceitos emprestados
Estudos cognitivos
•	Inferências
•	Conhecimento	de	mundo
•	Conhecimento	partilhado
•	Modelos	cognitivos	globais
Estudos enunciativos
•	Polifonia
•	Argumentação
•	Locutor/alocutário
Pragmática
•	Interacionalidade	comunicativa
•	Intencionalidade	e	aceitabilidade
•	Consistência	e	relevância
•	Princípio	de	cooperação
•	Situacionalidade
Análise de discurso
•	Discurso
•	Condições	de	produção
II. Um terceiro problema mencionado por Indursky (op. cit.) é a categoria de sujeito que não sofre 
uma teorização mais cuidadosa e apresenta-se confusa entre categorias subjetivas, que são subjacentes 
a diferentes modos de análise e, portanto, não querem dizer a mesma coisa, a saber: sujeito = locutor/
alocutário; falante/ouvinte; autor/leitor; emissor/receptor etc.
III. E por fim um último problema que seria a confusão generalizada entre os conceitos de texto e 
discurso, que, via de regra, aparece na LT como sendo a mesma coisa. Veja-se que a noção de discurso 
é bastante múltipla e tem diferentes significados em diferentes teorias, de modo que não pode ser 
simplificada a ponto de ser confundida com o conceito de texto.
4 OuTrAS TeOrIAS cujO ObjeTO de eSTudO TAMbÉM É O TexTO
Como é sabido, além da linguística textual, também houve outros lugares de ruptura com o 
estruturalismo linguístico, o que culminou na gênese de novos campos de investigação. Assim, como a 
LT, muitos desses campos também apresentam o texto (e não a frase) como objeto de estudo. Conforme 
foi advertido anteriormente, a LT mantém certa interdisciplinaridade com vários desses outros campos 
de investigação, cuja preocupação maior é o estudo do texto. Nesse sentido, serão apresentados aqueles 
campos mais representativos, para que se possa melhor conhecê-los (ainda que superficialmente) e 
estabelecer as possíveis relações com a LT.
I. SociolinguísticaEssa área investiga a relação entre linguagem e sociedade, por meio dos textos, e postula o princípio 
da diversidade linguística. Nesse sentido, já é fácil notar o seu perfil interdisciplinar. Ela inscreve-se na 
corrente das orientações teóricas contextuais e funcionais sobre o fenômeno linguístico não apenas sob 
35
Teorias do TexTo
o ângulo das regras de linguagem, mas também sob a perspectiva das relações de poder manifestadas 
na e pela linguagem.
Seu interesse está em relacionar as variações linguísticas observáveis em uma comunidade às 
diferenciações existentes na estrutura social dessa mesma sociedade, pois o objeto da sociolinguística é 
a diversidade linguística.
Nesse sentido, é possível identificar certos fatores socialmente definidos, relacionados à diversidade 
linguística, como:
•	 identidade	social	do	emissor	ou	falante;
•	 identidade	social	do	receptor	ou	ouvinte;
•	 o	contexto	social	(estilos	formal	e	informal);
•	 o	julgamento	linguístico-social	distinto	que	os	falantes	fazem	de	si	e	dos	outros.
É importante salientar ainda que a sociolinguística diz respeito prioritariamente ao estudo da língua 
falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu 
ponto de partida é a comunidade linguística. Ela se interessa pelas pesquisas voltadas, por exemplo, para 
as minorias linguísticas e para a questão do insucesso escolar de crianças oriundas de grupos sociais 
desfavorecidos.
Para a sociolinguística, a língua é um fato social, um sistema convencional adquirido pelos indivíduos 
no convívio social, de onde se podem abstrair as múltiplas variações observáveis da fala. Conforme os 
estudos sociolinguísticos, as línguas variam de diversas formas:
•	 Uma	língua	varia	em	relação	à	outra	ou	a	outras	línguas,	ou	seja,	as	línguas	variam	entre	si.
•	 Uma	mesma	língua	falada	em	países	diferentes	varia	de	um	país	para	outro	em	que	seja	falada.
•	 A	língua	falada	em	um	país	varia	de	região	para	região	nesse	mesmo	país.
•	 A	língua	falada	em	um	país	varia	de	comunidade	de	fala	para	comunidade	de	fala	no	mesmo	país.
•	 A	língua	falada	em	um	país	varia	em	diversos	aspectos:	étnico,	etário,	social,	sexual,	econômico,	
profissional, cultural etc.
•	 A	língua	varia	até	em	um	mesmo	indivíduo	em	relação	aos	seus	diferentes	níveis	de	formalidade	
e situações linguísticas.
•	 A	língua	pode	variar	em	diferentes	níveis	(lexical,	morfológico,	sintático,	fonético	e	semântico).
II. Pragmática
Observe que a pragmática analisa, de um lado, o uso concreto da linguagem, tendo em vista 
seus usuários, na prática linguística e, de outro lado, estuda as condições que governam essa 
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prática. Ela pode ser apontada como a ciência do uso linguístico, cuja preocupação é antes com 
a linguagem que com a língua. Nesse sentido, também se afasta dos pressupostos estruturalistas 
(de Saussure).
A pragmática defende a não centralidade da língua em relação à fala. Essa área aposta nos estudos 
da linguagem, considerando a fala e não observa a língua isolada de sua produção social. Os estudos 
pragmáticos pretendem definir o que é linguagem e analisá-la (por meio de textos) trazendo para a 
definição os conceitos de “sociedade” e de “comunicação”, descartados pela linguística saussuriana na 
subtração da fala (e do falante).
Há um forte interesse pelos fenômenos linguísticos que não são puramente convencionais, mas 
sim compostos também por elementos criativos, inovadores, que se alteram e interagem durante 
o processo de uso da linguagem. O recorte de análise da pragmática não está reduzido a fatos 
delimitados e convencionais da língua como sistema (inato), mas sim trabalha a partir de indícios 
de funcionamento da linguagem, mesmo que isso implique visualizar erro, exceção, licença 
poética!
Observe agora as seguintes correntes pragmaticistas que podem ser apontadas como as principais:
Quadro	8
O 
pragmatismo 
americano 
Foi desenvolvido por W. James & Morris sob forte influência dos estudos 
semiológicos de Charles Peirce, enfatiza a inclusão do sujeito na construção do 
sentido e desconstrói a noção clássica de Verdade.
Os estudos 
dos atos de 
fala 
São influenciados pela filosofia da linguagem (Wittgenstein) e alavancados 
por Jonh L. Austin, enfatizam a performatividade da linguagem, cuja definição 
estaria diretamente relacionada à ação e interação. É grande a ênfase nas 
categorias de enunciados constativos e performativos; nos atos loucionais, 
ilocucionais e perlocucionais; e nas regras conversacionais que regem o 
princípio da cooperação na linguagem.
Os estudos da 
comunicação 
Integram ambos os interesses teóricos anteriores, mas acrescentam ainda 
o interesse pelas questões sociais e históricas em que priorizam as relações 
sociais, de classe, de gênero, de raça e de cultura.
Vamos entender melhor: das três vertentes supracitadas, a que tem maior repercussão historicamente 
é a teoria dos atos de fala. Então, aprofundando os estudos dos atos de fala, é importante destacar 
alguns tópicos, conforme sintetiza Pinto (2007):
1. A discussão sobre a “teoria dos atos de fala” foi aberta para debater como as construções gramaticais 
podem levar a confusões lógicas entre filósofos. Nesse contexto, J. Austin foi quem melhor se destacou 
na exposição dos problemas, discutindo a materialidade e historicidade das palavras.
Seus estudos procuraram refletir sobre a possibilidade de uma teoria 
que explicasse questões, exclamações e sentenças que expressam 
comandos, desejos e concessões. A Teoria dos Atos de Fala, que tem por 
base conferências de Austin publicadas postumamente em 1962 sob o 
37
Teorias do TexTo
título How to do things with Word (Austin, 1990), concebe a linguagem 
como uma atividade construída pelos/as interlocutores/as, ou seja, é 
impossível discutir linguagem sem considerar o ato de estar falando em 
si – a linguagem não é assim descrição do mundo, mas ação (PINTO, op. 
cit., p. 57).
2. Inicialmente, na teoria dos atos de fala, um dos pares conceituais mais importantes é a distinção 
entre os enunciados:
•	 Performativos – que realizam ações porque são ditos: “Eu vos declaro marido e mulher em nome 
do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
•	 Constativos – que realizam apenas uma afirmação, constatação: “A mosca caiu na sopa”.
A análise dos contrastes entre esses tipos de enunciados, o performativo e o constativo, levou 
Austin a prosseguir no raciocínio e a aventar a separação de níveis de ação linguística por meio de 
enunciados (PINTO, op. cit, p. 58). Esses níveis de ação agem simultaneamente no enunciado, e Austin 
os denomina:
•	 Atos	locucionários – os que dizem alguma coisa: “Eu vou estar em casa hoje”. Tem a ver com o 
conjunto de sons que se organizam para efetivar um significado referencial e predicativo, pois 
efetiva uma sentença sobre o eu.
•	 Atos	ilocucionários	– os que refletem a posição do locutor em relação ao que ele diz: “Eu vou 
estar em casa hoje”. É a força que o enunciado produz que se tipifica em pergunta, afirmação, 
promessa, ameaça, ordem, pedido etc.
•	 Atos	perlocucionários – os que produzem certos efeitos e consequências sobre o interlocutor, 
sobre o próprio locutor ou sobre outras pessoas: “Eu vou estar em casa hoje”. É o efeito produzido 
na pessoa que ouve o enunciado, por exemplo, sendo efeito de agrado, de medo, de ameaça, 
transformando-se em ação.
3. Os atos de fala podem trazer ambiguidades em suas interpretações, pois um enunciado pode tanto 
ser entendido como uma ordem, como uma ameaça ou como um pedido: “A porta está aberta”. Assim, 
é importante considerar sempre o contexto, a situação de fala entre os falantes em questão, e mesmo 
assim os limites da análise linguística

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