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Atividade Avaliativa AD2 - Direito administrativo AD2 - CEDERJ 2018 2

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1 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS 
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB 
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
Nome da Disciplina: Direito Administrativo 
Polo: Volta Redonda – RJ 
Nome da Atividade: Atividade Avaliativa AD2 
Matricula: 16113110128 
Nome do Aluno: Urania dos Santos Oliveira 
Coordenador da Disciplina: Prof. Marcus Wagner 
 
 
Avaliação à Distância AD2 - Período – 2018.2 
Disciplina: Direito Administrativo 
 
TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1. TERCEIRIZAÇÃO 
A terceirização é um instituto oriundo da Ciência da Administração que visa à redução 
de custos, bem como a especialização das atividades empresariais, na medida em que 
permite a maior concentração da empresa em sua atividade-fim, para o qual foi 
estabelecida, trespassando a outras empresas normalmente as atividades-meio, que não 
constituem o foco principal de sua existência. É certo que pode haver trespasse também 
de algumas atividades-fim. 
Assim, com relação às atividades terceirizadas, a jurisprudência e a doutrina costumam 
diferenciá-las em atividades-meio e atividades-fim. Costuma-se entender por atividades-
fim aquelas relacionadas com objetivo final da empresa e atividades-meio aqueles 
referentes ao suporte ou apoio necessário para o processo produtivo. 
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, “terceirização é a contratação de serviços 
por meio de empresa, intermediária entre o tomador de serviços e a mão de obra”. 
2 
 
O Projeto de Lei, em linhas gerais, busca estender a possibilidade de terceirização de 
atividades – hoje permitida somente em relação às funções de suporte, nos termos da 
Súmula nº 331, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) – também às atividades-fim da 
empresa tomadora dos serviços. A grande problemática existente atinge nível 
constitucional, uma vez que, o concurso público é exigido em todas as fundações e 
empresas ligadas ao governo, de acordo com o art. 37, da Constituição Federal, de 1988. 
1.1. TERCEIRIZAÇÃO NO BRASIL 
 
As empresas privadas, no Brasil, utilizam em larga escala a terceirização, tendo em vista 
a redução de custos ou a transformação de custos fixos em custos variáveis, bem como a 
denominada focalização (concentração das atividades da empresa em sua atividade 
principal, sem dispersão e com maior qualidade).Com efeito, o fenômeno da 
terceirização, como dito, tem dois escopos específicos: a redução do custo da mão de obra 
e a especialização das empresas em atividades que lhes são próprias. 
 
2. SURGIMENTO DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINITRAÇÃO PÚBLICA 
Que as empresas privadas visem à redução de custos, isto é plenamente compreensível, 
pois que, com isto, seu lucro poderá ser maior e este é justamente o objetivo do empresário 
em um sistema capitalista de produção. Nada há de errado nisso. A questão que se coloca 
é saber qual a razão de a Administração Pública utilizar-se deste instituto. 
Prosseguindo com a ideia de descentralização das atividades da alçada da Administração, 
em 1970 foi editada a Lei 5.645, que fixou diretrizes para a classificação de cargos do 
Serviço Civil da União e das autarquias federais, e, em seu art. 3º, parágrafo 
único,3 estabeleceu que “as atividades relacionadas com transporte, conservação, 
custódia, operação de elevadores, limpeza e outras assemelhadas serão, de preferência, 
objeto de execução indireta, mediante contrato, de acôrdo com o artigo 10, § 7º, do 
Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967”. 
Assim, embora houvesse previsão para o trespasse de atividades administrativas para os 
particulares, este movimento não era expressivo. Somente anos depois é que as 
privatizações efetivamente iniciaram. 
 Dos primeiros ensaios privatizantes apareceram no governo do General João Figueiredo 
(1981 – 1984) com a edição do Decreto 86.215, de 15.07.81, que privatizou vinte 
empresas que estavam sob o controle da União (entre elas Riocel, América Fabril, 
Companhia Química Recôncavo). No governo do Presidente José Sarney (1985 - 1989) 
as privatizações recaíram sobre cerca de 18 empresas (entre elas a Companhia Brasileira 
de Cobre, a Caraíba Metais, a Aracruz e a Celulose Bahia). Nesse mesmo período foi 
editado o Decreto nº 95.886, de 29.03.88, que dispunha sobre o programa federal de 
desestatização. 
3 
 
Foi, entretanto, com o advento do governo Collor que as privatizações ganharam notável 
impulso. Assim, foi criado o Programa Nacional de Desestatização, por meio da Medida 
Provisória 155/1990, convertida na Lei 8.031/1990, várias vezes modificada, até ser 
revogada e substituída pela Lei 9.491/1997, alterada pelas Leis 9.700/1998, 11.483/2007 
e pela Medida Provisória 2.161-35, de 2001, e regulamentada pelo Decreto 2.594/1998, 
alterado pelo Decreto 7.380/2010, tendo como uma de suas metas reordenar a posição 
estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa privada todas as atividades 
que por ela possam ser bem executadas. 
De qualquer forma, o alto da privatização deu-se nos dois mandatos de Fernando 
Henrique Cardoso, que introduziu reformas para “desafogar” o Estado de atividades que, 
supostamente, poderiam ser realizadas de modo mais eficiente por particulares, adotando, 
desta forma, uma ideologia neoliberal. 
Com efeito, a ideia de enxugamento do Estado foi defendida com grande entusiasmo, 
devendo o Estado estar restrito a atividades mínimas, o que fez com que a terceirização 
ganhasse força e fosse utilizada em larga escala pela Administração Pública. Ademais, 
esta filosofia abriu as portas do País para que o capital privado internacional participasse 
dos processos de privatizações das empresas estatais. A título de exemplo tem-se o 
Sistema Telebrás, que teve suas operadoras vendidas para empresas espanholas, 
portuguesas e italianas. 
Assim, o grande marco da terceirização no Brasil, no que tange à Administração Pública, 
é o Plano de Reforma do Aparelho Estatal, que de forma desmedida passou a retirar da 
alçada da Administração setores de suma importância para a cidadania e segurança do 
país. A proposição adotada foi no sentido de que “menos é mais”, ou seja, quanto menor 
for o Estado, mais eficiente e melhor ele será. 
Entretanto, vê-se que a tentativa de enxugamento estatal a qualquer custo esbarra na 
necessidade de implementação das atividades administrativas e dos serviços públicos 
previstos na Constituição de 1988. De toda a sorte, a terceirização foi utilizada em larga 
escala. Dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão indicam a redução do 
quadro de servidores públicos civis da União. Com efeito, em 1991, os servidores civis 
ativos da União somavam 661.996, ao passo que até o mês de outubro de 2012 constam 
586.887. 
2.1. DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Como não há um conceito legal de terceirização, uma vez que este é oriundo da ciência 
da administração, cada doutrinador apresenta uma definição diferente para este 
fenômeno. 
4 
 
Aliás, terceirização é um neologismo, proveniente da palavra “terceiro”, entendido como 
intermediário, interveniente. Não se refere, pois, ao sentido jurídico de “terceiro”, ou seja, 
aquele que é estranho a uma relação jurídica. Ao contrário, aqui o “terceiro” é parte na 
relação jurídica obrigacional instaurada, na medida em que ele será o prestador do serviço, 
sendo remunerado pelo tomador do serviço, pela atividade realizada. 
 A terceirização é a contratação, por uma dada empresade serviços de terceiros para a 
execução de atividades-meio da empresa tomadora. Este fenômeno pode dar-se nas 
empresas privadas e na Administração Pública. 
Logo, estar-se-ia diante de uma relação trilateral, composta pelo trabalhador, o 
intermediador de mão-de-obra e o tomador de serviços: o trabalhador presta serviços que 
serão aproveitados pelo tomador, mas quem lhe dirige e assalaria é o intermediador de 
mão de obra, com o qual contrata e recebe a remuneração do tomador. 
Deveras, não há negar que a terceirização traz consequências socialmente nefastas, como 
a precarização das relações de trabalho, redução do valor gasto no pagamento de salário, 
fragmentação das relações trabalhistas e utilização abusiva, pois, não raro, o emprego 
deste expediente se dá com o único propósito de reduzir o custo da mão-de-obra. 
Terceirização significa, passar para particulares tarefas que vinham sendo 
desempenhadas pelo Estado. Daí, que este rótulo abriga os mais distintos instrumentos 
jurídicos, já que se pode repassar a particulares atividades públicas por meio de 
concessão, permissão, delegação, contrato administrativo de obras, de prestação de 
serviços etc. Com isto, é bem de ver, falar em terceirização não transmite ao interlocutor 
a mínima ideia sobre aquilo que está de direito a ocorrer. Isto é, não se lhe faculta noção 
alguma sobre a única coisa que interessa a quem trata com o Direito: a identificação de 
um regime jurídico incidente sobre a espécie cogitada. 
2.2. DA TERCEIRIZAÇÃO VERSUS CONCURSOS PÚBLICOS 
 
O acesso a cargos, empregos e funções públicas deve ser precedido de concurso público 
de provas ou de provas e títulos. É preciso, contudo, traçar algumas notas sobre o alcance 
dessa norma, a fim de verificar em que medida a terceirização pode ser considerada como 
um desrespeito a esse princípio de estatura constitucional do concurso público (CF, art. 
37, II) atua como forte limitação ao uso da terceirização no âmbito da Administração 
Pública. 
Inicialmente, registre-se que a obrigação de realizar concurso abrange tanto órgãos e 
entidades da administração direta, autárquica e fundacional, como também empresas 
públicas e sociedades de economia mista (mesmo que exploradoras de atividade 
econômica). Isso porque o texto normativo se refere a cargos, empregos e funções – logo, 
aplica-se não apenas aos casos de recrutamento de servidores (em sentido estrito), mas 
também de empregados (celetistas). 
5 
 
Em suma: a obrigação de realizar contratação de agentes mediante o instrumento do 
concurso público é aplicável, em qualquer nível federativo: a) administração direta; b) 
autarquias; c) fundações públicas de direito público; d) fundações públicas de direito 
privado;e) empresas públicas (exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de 
serviço público); e f) sociedades de economia mista (exploradoras de atividade 
econômica ou prestadoras de serviço público). 
Dessa forma, o inciso II do art. 37 do texto constitucional atua como limite expresso à 
regra do inciso II do § 1º do art. 173, que estabelece ser aplicável às estatais exploradoras 
de atividade econômica o mesmo regime das empresas privadas, em relação às obrigações 
trabalhistas. O regime dr empresas sendo privado, sofre mitigações de regras do Direito 
Público – entre elas, justamente a obrigação de recrutar mediante concurso. 
Para o exercício das funções temporárias, em caso de excepcional interesse público 
(função a ser ocupada por agentes temporários, chamados por parte da doutrina de 
servidores temporários), a própria CF exclui a obrigatoriedade de concurso público11 
Outro caso – questionável, diga-se de passagem – em que se excepcionou o princípio do 
concurso relaciona-se à seleção de trabalhadores pela Ordem dos Advogados do Brasil 
(OAB). 
Assim, o concurso público é imperativo constitucional para que a Administração Pública 
não apenas ofereça igual oportunidade aos particulares, cumprindo, desta forma, o 
princípio da isonomia, mas também para que seja “obtido” aquele que melhor satisfaz o 
interesse público, dentro do universo de interessados. 
Sabe-se que a situação atual é a de que os concursos públicos se voltaram basicamente 
para cargos ou empregos que exigem nível médio ou superior, não subsistindo mais 
concursos públicos para nível de ensino fundamental, pois estes são preenchidos por 
terceirizados. 
Deve-se esclarecer que o disposto no inciso XXI do art. 37 não pode contrariar a regra 
fixada nos incisos I e II do mesmo artigo. Com efeito, se um ente público pudesse 
contratar qualquer trabalhador para lhe prestar serviços através de uma empresa 
interposta, a consequência disto seria a ineficácia plena dos incisos I e II, pois restaria à 
conveniência do administrador a escolha entre realizar o concurso público ou contratar 
uma empresa para tanto, a qual se incumbiria de eleger, livremente, conforme ditames de 
Direito Privado, as pessoas que executariam tais serviços. 
Para isto torna-se indispensável o processo de licitação: 
“Inicialmente, para a escolha da empresa e obtenção de menor custo, abre-se licitação a 
fim de estudar detalhadamente cada possibilidade. Nesta etapa, verifica-se se os 
funcionários que irão exercer os ofícios delimitados têm todos os direitos trabalhistas 
respeitados. Desse modo, caminha-se para o fechamento de contrato segundo a 
concessão, permissão ou autorização. 
 
6 
 
2.3.DO DISCRÍMEN COSNTITUCIONALMENTE ASSEGURADO 
 
Existe um fator de discrímen claramente inserido na Constituição de 1988 e este não 
consiste na relação entre atividade-fim e atividade-meio. Assim, há um fator 
constitucional que aparta as atividades administrativas, a saber, existem atividades 
permanentes e atividades temporárias.O art. 37, IX da Constituição admite a existência 
de contratação temporária, o que demonstra que as atividades administrativas podem ser 
realizadas em caráter permanente ou em temporário, eventual, episódico. 
Desta forma, há um critério discriminador constitucional, qual seja, atividades 
permanentes e atividades temporárias.Ou seja, a própria Constituição definiu um norte 
(inicial) para a distinção entre atividades terceirizáveis e atividades não-terceirizáveis. 
Repise-se que, em momento algum, a Constituição de 1988 estabelece, ainda que 
indiretamente, a distinção entre atividade-fim e atividade-meio, mas, claramente, 
reconhece a diferença entre atividade temporária e atividade permanente. 
Este critério que diferencia as atividades permanentes das atividades temporárias, 
entretanto, isoladamente considerado, é insuficiente para apartarmos as atividades 
terceirizáveis das não terceirizáveis. Isto é, não se pode afirmar que todas as atividades 
permanentes administrativas não sejam terceirizáveis, embora se possa afirmar que todas 
as atividades temporárias o são. 
Para que haja um vetor seguro na distinção entre atividades terceirizáveis e atividades 
não-terceirizáveis, é necessário, ainda, se conjugar outro critério, também 
constitucionalmente assegurado, a saber, o critério de a atividade ser interna ou ser uma 
atividade externa. De fato, todos sabem que existem atividades prestadas de forma 
intestina (para si próprio) e existem atividades desempenhadas de modo exterior (para 
fora). 
Assim, temos quatro combinações possíveis de atividades administrativas “recrutadoras” 
de pessoal, de acordo com os critérios constitucionais acima expostos. São elas: (a) 
atividade interna e permanente; (b) atividade externa e permanente; (c)atividade interna 
e temporária; e(d) atividade externa e temporária. 
Os critérios acima descendem diretamente da Constituição e, a nosso ver, são os únicos 
que podem, validamente, apartar o que é terceirizáveldo que não é terceirizável.No que 
vibra ao aparato humano a Constituição estabeleceu os regimes para que possa haver 
recrutamento de pessoal. 
7 
 
A Constituição não instituiu os regimes estatutário, celetista e especial para que estes 
possam ser livremente substituídos pela terceirização por meio de uma empresa privada. 
Discricionariedade alguma pode ser tão ampla a ponto de aniquilar o mandamento 
constitucional. 
2. DAS ATIVIDADES (NÃO) TERCEIRIZÁVEIS 
 
Nossa proposição para apartar as atividades terceirizáveis das não-terceirizáveis parte das 
quatro possibilidades estabelecidas pela Constituição de 1988, no que tange às atividades 
administrativas que envolvam recursos humanos, quais sejam:(a)atividade interna e 
permanente; (b) atividade externa e permanente; (c) atividade interna e temporária; e (d) 
atividade externa e temporária. 
Esclareça-se que estamos a tratar das atividades administrativas que diretamente 
envolvam recursos humanos (instrumentalização da Administração através de recursos 
humanos), pois, quanto às demais atividades administrativas (poder de polícia, serviços 
públicos, fomento e atividade notarial e registral), seu regime é diverso e não cabe ser 
tratado neste verbete. 
O art. 37, XXI, da Constituição da República estabelece expressamente a possibilidade 
de se contratar obras, serviços, compras e alienações mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes. 
A Administração Pública, para sua adequada sobrevivência e correta observância do 
interesse público, necessita de pessoal permanente para o melhor desenvolvimento de 
suas atividades. O princípio do concurso público não visa a atender interesse secundário 
da Administração Pública, mas o próprio interesse público primário, sendo a sociedade a 
grande beneficiária da melhor contratação por parte da Administração. 
De fato, os trabalhadores terceirizados possuem relação de dependência com a empresa 
contratada pela Administração (e não com a Administração). Desta forma, dentro da 
estrutura hierárquica da Administração Pública, os terceirizados são completos 
alienígenas, já que se submetem aos comandos da empresa privada empregadora e não à 
autoridade dos agentes públicos. 
Ademais, a terceirização de serviços implica a possibilidade de se “trocar” o prestador de 
serviços todos os dias, ao longo de todo o contrato. Assim, é possível que a cada dia da 
semana um trabalhador diferente ingresse na repartição pública para o exercício de 
alguma atividade. Dentro do aparato administrativo, a hierarquia, como princípio 
estrutural, deve ser mantida em todas as hipóteses. Logo, admitir a terceirização para 
atividades permanentes e internas é acolher uma subversão ao princípio hierárquico. 
8 
 
E se não faz parte do aparato administrativo, não pode existir servidor ou empregado 
público destacado para o exercício de um serviço episódico, fora de suas atribuições 
legais. Esse tipo de serviço (interno e temporário) não exige um posto de trabalho 
residente, pois se a Administração necessitar de um técnico residente para a realização 
destes serviços, a Constituição obriga-a à realização de concurso público, já que estar-se-
ia diante de uma atividade permanente, regular e interna da Administração. 
No que tange às atividades externas e permanentes, estas, igualmente, são caracterizadas 
como serviços, já que alheias à esfera da vida cotidiana da Administração Pública. Os 
serviços externos e permanentes são aqueles voltados para a sociedade em geral. Não 
estamos aqui a tratar dos serviços públicos em sentido estrito, pois estes, como averbamos 
anteriormente, têm regime próprio, sendo assegurada sua terceirização nos moldes 
garantidos pela Constituição de 1988. 
Os serviços externos e permanentes são os necessários para a manutenção das vias 
públicas, dos parques, das praças, das praias, da localidade em que se vive. São, em 
verdade, serviços públicos uti universi. Assim, são exemplos de serviços externos: a 
limpeza pública, a manutenção de semáforos, a limpeza das bocas de lobo, o cultivo da 
jardinagem das praças, a inserção de radares para fiscalização da velocidade etc. 
3. A QUESTÃO ESPECÍFICA DA TERCEIRIZAÇÃO NAS ATIVIDADES 
MEIO 
 
À luz da legislação atual, é ilícita a terceirização, quando haja, nos quadros de pessoal do 
órgão ou entidade, cargo ou emprego que possa desempenhar a atribuição objeto da 
contratação. Isso se dá não apenas com base na legislação infraconstitucional, mas por 
conta da incidência de princípios constitucionais. Isto é: a lógica desse entendimento não 
é, nem pode ser alterada por mera modificação em nível infraconstitucional. 
Não se pode, em suma, ler o inciso II do art. 37 da CF à luz da Lei; deve-se, ao revés, 
analisar a Lei (resultante da possível aprovação do PL) à luz do princípio do concurso 
público. Assim, não basta que a atividade objeto de terceirização corresponda a uma 
atividade-meio; é preciso que, além disso, também não haja previsão de função 
equivalente no plano de cargos, empregos e funções do órgão ou entidade. 
A vedação à terceirização, quando exista subordinação, pessoalidade ou habitualidade da 
prestação dos serviços é justificada por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem essa 
referência “é importante para distinguir a terceirização lícita (sob a forma de prestação de 
serviço) da ilícita (sob a forma de fornecimento de mão de obra)”. Acrescenta a autora, 
inclusive, que “[s]e estiverem presentes esses requisitos, surge o vínculo de emprego, por 
estar caracterizada a contratação de trabalhador por interposta pessoa em resumo, 
portanto, a terceirização só é admitida na Administração Pública, sem violar o núcleo 
essencial do princípio do concurso público, quando cumpridas cumulativamente as 
seguintes condições: a) tratar-se de atividade-meio; b) não constante do quadro de cargos, 
9 
 
empregos e funções do órgão ou entidade; e c) inexistentes a pessoalidade, a habitualidade 
e a subordinação direta. 
 
1.1 O CASO ESPECÍFICO DAS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES 
DE ECONOMIA MISTA 
 
Em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, o substitutivo aprovado 
pela Câmara dos Deputados ao PL nº 4.330, de 2004 (numerado como PL nº 4.330-A, de 
2004), estabelece-se um tratamento distinto, de acordo com a entidade administrativa 
tomadora dos serviços terceirizados. Em relação aos órgãos da administração direta, às 
autarquias e fundações públicas, a terceirização aplica-se “no que couber” (o que quer 
que isso signifique). 
Já em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, a Lei teria aplicação 
integral (art. 1º, § 2º, I e II, do PL nº 4.330-A, de 2004). Quanto às últimas, aliás, sequer 
se distingue entre as estatais prestadoras de serviço público e as exploradoras de 
atividades econômicas. Essa previsão só se mostra compatível com a Constituição caso 
seja lida no seguinte sentido: a Lei não se aplica à administração direta, autárquica e 
fundacional apenas excepcionalmente (ou, na versão do primeiro substitutivo, aplica-se 
“no que couber”); e às estatais aplica-se nas regras de procedimento e garantias 
(“integralmente”) – mas apenas em relação às atividades-meio não previstas no quadro. 
de pessoal da entidade e que não pressuponham a habitualidade, pessoalidade ou 
subordinação hierárquica do prestador do serviço. Seria possível tentar ampliar a 
terceirização nas estatais exploradoras de atividade econômica, com fundamento no 
inciso II do § 1º do art. 173 da CF, segundo o qual a tais empresas se aplica “a sujeição 
ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e 
obrigações civis, comerciais, trabalhistase tributários”. Porém, o STF possui pacífica 
jurisprudência no sentido de que essa previsão deve ser mitigada pelo inciso II do art. 37, 
que exige o concurso público mesmo para o provimento de empregos públicos. 
À luz dessas observações, é possível sustentar que às estatais exploradoras de atividades 
econômicas aplica-se um regime jurídico trabalhista de pessoal, mas mitigado por 
algumas regras de Direito Público (entre elas, justamente, o concurso público) Não se 
pode negar, entretanto, que a natureza empresarial dessas entidades e o objeto social de 
exploração de atividade econômica (em competição com agentes privados) dá suporte à 
defesa de que a aplicação da terceirização seja, aqui, mais justificada que na 
administração direta. É preciso, em outras palavras, compatibilizar o princípio do 
concurso com a livre iniciativa que é parcialmente aplicável a essas empresas. 
Consideramos, assim, que a terceirização deva ser considerada absolutamente 
excepcional, no âmbito da administração direta, autárquica e fundacional, abrangendo 
apenas os serviços comuns. Mas, em relação às estatais exploradoras de atividade 
econômica, pode-se sustentar – sempre numa leitura constitucional do tema – a– a 
admissão da terceirização de atividades-meio. E, ainda assim, desde que não haja 
subordinação hierárquica, habitualidade ou pessoalidade na prestação do serviço 
terceirizado. 
É preciso, assim, utilizar a técnica hermenêutica da interpretação conforme a Constituição 
Isso, claro, só é possível se se considerar viável a leitura que aqui propomos. Com efeito, 
10 
 
a técnica da interpretação conforme só é possível quando a norma for polissêmica (isto é, 
possuir mais de um significado possível) e pelo menos uma dessas para sustentar que as 
disposições do PL nº 4.330, de 2004 (e, mais ainda, as do substitutivo PL nº 4.330-A, de 
2004) sejam lidas à luz da CF. Só assim, cremos, será possível evitar a declaração de 
inconstitucionalidade pura e simples da norma gerada com a possível aprovação da 
proposta. 
Não obstante, embora a terceirização não possa vir a ferir preceitos da Declaração 
Universal dos Direitos dos Homens nem Constituição, constata-se nesse universo práticas 
contrárias, que tratam o terceirizado como ser “anormal”, portanto, tendo direitos ou 
tratamentos não normais, por exemplo, da remuneração diferenciada, na maioria das 
vezes menor, daqueles que fazem parte do quadro da entidade. Para tanto, não podemos 
deixar de salientar a avaliação da necessidade de terceirização, já que ainda este envolve 
recursos públicos capitado pelas premissas de tributação, a terceirização está longe de 
atingir somente aqueles envolvidos diretamente. 
CONCLUSÃO 
Conclui-se que o PL nº 4.330, de 2004, deve ser lido à luz da Constituição, para se afastar 
qualquer interpretação que permita a terceirização de atividades-fim, ou de funções 
constantes de quadro de pessoal dos órgãos e entidades administrativas, ou, ainda, que 
importem relação de pessoalidade, habitualidade ou subordinação hierárquica. 
 Defendemos, assim, a interpretação do texto do PL à luz da Constituição, para se 
compatibilizar as instalações legais com o princípio do concurso público (CF, art. 37, II). 
Porém, como a interpretação conforme a Constituição pode ser controversa – por ser 
possível defender a inconstitucionalidade pura e simples da atual. 
 
FONTES DE CONSULTA 
Disponível em: < https://www.sollicita.com.br/Noticia/?p_idNoticia=10853&n=a-lei-
13.429/17-e-aterceiriza%C3%A7%C3%A3o-na-administra%C3%A7%C3%A3o-
p%C3%BAblica> Acesso em 6 out. de 2018 
Disponível em: < https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/5/edicao-1/terceirizacao-
na-administracao-publica> Acesso em 6 out. de 2018 
Disponível em: < http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2054228.PDF>. Acesso 
em 6 out. de 2018 
Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-
de-estudos/textos-para-discussao/td173>. Acesso em 6 out. de 2018

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