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habeas corpus trafico de drogas

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
GUIZELA DE JESUS OLIVEIRA, brasileira, advogada, em união estável, inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº. 64.516, com endereço profissional na Rua Arthur Belache, 118, Santa Felicidade, onde recebe intimações e notificações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, impetrar ordem de
HABEAS CORPUS
em favor de
(...), brasileiro, portador do RG/CI nº (...) devidamente inscrito no CPF/MF sob o nº (...), residente e domiciliado na (...), contra ato do Meritíssimo Juiz de Direito da 1ª (...), pelos fatos e fundamentos a seguir descritos:
I – DOS FATOS
O paciente encontra-se preso desde 15 de setembro de 2018, junto a Casa de Custódia desta capital, em razão da sua prisão em flagrante convertida em provisória por ordem do Excelentíssimo Juiz de Direito a 1ª Vara Criminal da Comarca da Lapa, sob o argumento que:
No caso em tela, os delitos supostamente praticados pelo acusado, qual seja, tráfico e associação para o tráfico de drogas, caracterizam-se como crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 04 (quatro) anos, sendo plenamente cabível a prisão preventiva, nos termos do artigo 313, I, do Código de Processo Penal. Também é certo que a segregação provisória do agente se justifica, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal, quando houver prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, aliados à presença de um dos seguintes motivos: a) garantia da ordem pública; b) garantia da ordem econômica; c) conveniência da instrução criminal; e d) garantia de aplicação da lei penal.
A defesa por seu turno, ingressou com pedido de revogação da prisão preventiva, instado a se manifestar o Douto representante do Ministério Público pugnou pela manutenção da prisão, contudo, no caso em tela restam ausentes os requisitos autorizadores da prisão.
Desta feita, manter a prisão preventiva é medida extrema e de grande prejuízo ao paciente, razão pela qual deve a mesma ser revogada.
II – DO DIREITO
II.1 - DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO
A manutenção da prisão preventiva só é legítima quando preenchidos os pressupostos do artigo 313 do Código de Processo Penal, vejamos:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Há que se observar ainda que tais critérios devem ser analisados ainda sob os critérios da necessidade e adequação conforme determina o artigo 282 do Código de Processo Penal, vejamos:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
No que tange a necessidade, pode-se afirmar que não há nenhum elemento, no caso em concreto, que indique que se o paciente for solto irá atrapalhar a conveniência da instrução penal.
Repise-se no caso em comento, não há elemento concreto que indique que a instrução processual será comprometida com a concessão de liberdade provisória. Também não há dados que demonstrem que o paciente, “se solto, frustrará os fins de aplicação da lei penal. Presumir que solta fugirá ou voltará ao tráfico de drogas é fundamentar a prisão preventiva em previsões futuristas sem apego à realidade dos fatos.”
Já no que se refere-se a adequação é cediço que tal adequação refere-se ao resultado final da ação penal, ou seja, a adequação guarda ligação com a pena, isto é, a prisão preventiva não pode ser decretada caso haja possibilidade de regime aberto ou pena restritiva de direito.
Insta salientar que além do paciente ter condições pessoais favoráveis, no caso em tela é possível visualizar claramente a possibilidade de regime aberto e inclusive de pena restritiva de direitos, em caso de eventual condenação. Assim, não há sentido de manter uma prisão cautelar que seria mais grave que o próprio resultado do processo.
Daí deriva que se for possível vislumbrar o resultado final do processo como pena privativa de regime aberto, ou até mesmo com penas restritivas de direito, não se tem como adequada a prisão cautelar, como manda o princípio da proporcionalidade.
Outro dado que merece destaque é o fato da decisão, proferida pelo Douto Magistrado, encontrar-se em total dissonância com a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, vez que, já restou pacificado o entendimento acerca da revogação da prisão, vejamos:
HABEAS CORPUS – ATO INDIVIDUAL – ADEQUAÇÃO. Surge adequado o habeas corpus em se tratando de impugnação a ato individual ou de Colegiado, sendo suficiente que se tenha articulação de ilegalidade a alcançar a liberdade de ir e vir do cidadão e haja órgão competente para julgá-lo. PRISÃO PREVENTIVA – IMPUTAÇÃO. A gravidade da imputação, considerado o princípio da não culpabilidade, é insuficiente, por si só, a levar à prisão provisória. PRISÃO PREVENTIVA – PRIMARIEDADE E BONS ANTECEDENTES. Ao apreciar representação visando a prisão preventiva de acusado, cumpre ao órgão judicante considerar a primariedade e os bons antecedentes. (HC 138425, Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 24/10/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 24-04-2018 PUBLIC 25-04-2018).
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” - PRISÃO EM FLAGRANTE MANTIDA COM FUNDAMENTO NO RESGUARDO DA ORDEM PÚBLICA, NA PERICULOSIDADE DO RÉU, NA GRAVIDADE OBJETIVA DO DELITO E NA VEDAÇÃO LEGAL ABSOLUTA, IMPOSTA EM CARÁTER APRIORÍSTICO, INIBITÓRIA DA CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA NOS CRIMES TIPIFICADOS NO ART. 33, “CAPUT” E § 1º, E NOS ARTS. 34 A 37, TODOS DA LEI DE DROGAS - POSSÍVEL INCONSTITUCIONALIDADE DA REGRA LEGAL VEDATÓRIA (ART. 44) - OFENSA AOS POSTULADOS CONSTITUCIONAIS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, DO “DUE PROCESS OF LAW”, DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DA PROPORCIONALIDADE - O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE, VISTO SOB A PERSPECTIVA DA “PROIBIÇÃO DO EXCESSO”: FATOR DE CONTENÇÃO E CONFORMAÇÃO DA PRÓPRIA ATIVIDADE NORMATIVA DO ESTADO - PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: ADI 3.112/DF (ESTATUTO DO DESARMAMENTO, ART. 21)- CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL - NÃO SE DECRETA PRISÃO CAUTELAR, SEM QUE HAJA REAL NECESSIDADE DE SUA EFETIVAÇÃO, SOB PENA DE OFENSA AO “STATUS LIBERTATIS” DAQUELE QUE A SOFRE - PRECEDENTES - “HABEAS CORPUS” DEFERIDO. (HC 104312, Relator (a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 21/09/2010, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2013 PUBLIC 01-08-2013).
Há que se observar portanto,que a prisão preventiva é a exceção absoluta da regra e sua manutenção, no caso em concreto, trará prejuízos ao paciente, vez que, tal prisão pode ser mais gravosa que eventual sentença condenatória.
Ademais uma privação de liberdade em razão de uma suspeita não comprovada, tanto no que se refere ao fato punível cometido, como ao fato punível que se espera é problemática e vai contra ao Estado Democrático de Direito que a consagrada Constituição de 1988 nos assegura.
É de se ver ainda que o clamor público não pode erigir-se em fator subordinante da decretação ou da preservação da prisão cautelar de qualquer réu.
Assim, considerando as condições pessoais do paciente, bem como, analisando a ausência de necessidade da manutenção da prisão e a sua eventual inadequação, considerando eventual sentença condenatória, a medida que se impõe é a revogação da prisão preventiva.
IV – DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, em face da verdadeira coação ilegal, de que é vítima o paciente, vem requerer que, após solicitadas as informações à autoridade coatora, seja concedida a ordem impetrada, conforme artigos 647 e 648, inciso I do Código de Processo Penal, revogando a prisão preventiva decretada contra o paciente.
Nestes termos
Pede Deferimento
Curitiba, 13 de novembro de 2018.
Guizela de Jesus Oliveira
OAB/PR 64.516

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