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NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Impetrante: XXXXXXXXXXXX Pacientes: Sandro Marques do Amaral e Thiago Augusto dos Santos Autoridade Coatora: Magistrada da 3ª Vara da Comarca da Capital Processo dependente: XXXXXXXXXXXXXXX Processo nº. XXXXXXXXXXXX – Ação Penal XXXXX, advogada, inscrita na OAB/XX sob nº, adiante denominada de Impetrante, comparece, com o respeito que lhes sói, à ilustre presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII da Constituição Federal, nos arts. 647 e segs. do Código de Processo Penal, impetrar ordem de: HABEAS CORPUS Em favor do Pacientes Sandro Marques do Amaral, brasileiro, solteiro, motoboy, portador da cédula de identidade nº 6521479, inscrito no CPF sob o nº 665.092.741-09, residente e domiciliado na Av. Dom Helder Câmara nº 6.355, Bl. 02, aptº 301, Del Castilho/RJ, CEP: 21.350-050 e Thiago Augusto dos Santos, brasileiro, solteiro, balconista, portador da cédula de identidade nº 0994276, inscrito no CPF sob o nº 145.227.908-32, também residente e domiciliado na Av. Dom Helder Câmara nº 6.355, Bl. 02, aptº 301, Del Castilho/RJ, CEP: 21.350-050, atualmente PRESOS E RECOLHIDOS NO PRESÍDO DE ÁGUA SANTA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, em face de ato que considera ilegal, emanado do Exma. Srª. Juíza de Direito da 3ª Vara da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, doravante apontada como autoridade coatora, que houve por decretar a Prisão Preventiva, nos autos da ação penal nº XXXXXXXXX, sem que estejam presentes os requisitos autorizadores da constrição cautelar corporal provisória, o que se faz com fundamento nos argumentos de fato e de direito a seguir delineados: 1. DA CONJUNTURA FÁTICA-PROCESSUAL Os Pacientes foram cerceados de sua liberdade em 08/08/2021 ao serem surpreendidos em suas residências por uma guarnição da Polícia Militar, que se encontrava de posse dos respectivos Mandados de Prisões Preventivas, oriundos da lavra da MM. Juíza da 3ª Vara da Comarca da Capital, por suposta prática do injusto delito previsto no art.121, §2º do Código Penal, encontrando-se atualmente no presídio de Água Santa. Cabe ainda destacar a ausência de supressão de instância, uma ves que nos termos do Art. 654, §2º do CPP, “Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.” file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 Trata-se de nítida violência e coação em sua liberdade, por ilegalidade e abuso de poder praticado pela MM. Juíza da 3ª Vara da Comarca da Capital, motivando o presente pedido. 2. DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO PACIENTESS Excelência, destaque-se que os Pacientesss são PRIMÁRIOS, NÃO OSTENTAM ANTECEDENTES CRIMINAIS, nem demonstram possibilidade alguma de reiteração das supostas condutas tidas como criminosas. Importa destacar que os Réus POSSUEM PROFISSÃO LÍCITA, sendo motoboy e balconista, respectivamente, tratando-se de pessoas íntegras, de bons antecedentes e que jamais responderam a qualquer processo criminal conforme certidão negativa que junta em anexo. Os Réus são RESIDENTES EM ENDEREÇO CERTO, na Av. Dom Helder Câmara nº 6.355, Bl. 02, aptº 301, Del Castilho/RJ, CEP: 21.350-050, onde residem conjuntamente, conforme comprovantes em anexo. Apresentam BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO, SEGUEM ATESTADO DE PERMANÊNCIA CARCERÁRIA E CONDUTA CARCERÁRIA, TUDO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE EM ANEXO. Ademais, acrescentamos ao presente mandado constitucional DECLARAÇÕES DE BOA CONDUTA firmadas por seus vizinhos, inclusive com os respectivos comprovantes de endereços, de identificação de cada residente e CÓPIA DAS CARTEIRAS DE TRABALHO. EMBORA NÃO GARANTIDORAS DO DIREITO SUBJETIVO À LIBERDADE PROVISÓRIA, CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS DEVEM SER DEVIDAMENTE SOPESADAS, como já decididas por este Eg. TJCE, pelo STJ e INCLUSIVE POR VOSSA RESPEITÁVEL RELATORIA: HABEAS CORPUS - HOMICÍDIO - SENTENÇA DE PRONÚNCIA - EXCESSO DE PRAZO - NÃO CONFIGURAÇÃO - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 21 DO STJ - MANUTENÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR - DECISÃO DESFUNDAMENTADA - ILEGALIDADE - RÉU QUE PERMANECEU PRESO DURANTE A INSTRUÇÃO - IRRELEVÂNCIA - ORDEM CONCEDIDA COM APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS – (...) 5- Ademais, o Pacientes é primário, têm bons antecedentes, endereço certo e profissão definida, sendo as suas condições pessoais, portanto, favoráveis à concessão de sua liberdade. 6- Ordem concedida, para determinar a soltura do Pacientes, com a aplicação das medidas cautelares dos incisos I e IV do artigo 319 do CPP. (TJ-CE, Acórdão unânime no HC n. 0625729-78.2016.8.06.0000, Des. Rel. Maria Edna Martins, 1ª Câmara Criminal, DJe de 16.11.2016, p. 89) file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. PRISÃO PREVENTIVA. ARBÍTRIO DE FIANÇA. INEXISTÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. MEDIDAS CAUTELARES. POSSIBILIDADE. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. Deverá ser concedida ordem de habeas corpus quando inexistirem motivos para a manutenção da Prisão Preventiva, que não a impossibilidade de pagamento da fiança. 2. A presença de condições pessoais favoráveis autoriza a concessão da Liberdade Provisória, mediante redução do valor da fiança. (TJ-RO - HC: 00027399320198220000 RO 0002739-93.2019.822.0000, Data de Julgamento: 11/07/2019, Data de Publicação: 18/07/2019) Desse modo, Excelência, mostra-se necessária, devida e suficiente à imposição de MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS, dadas às circunstâncias do delito e às condições pessoais dos agentes, primários, sem qualquer outra anotação criminal em seu desfavor, com residência fixa e profissão definida. Em verdade, condições pessoais favoráveis, mesmo não sendo garantidoras de eventual direito à soltura, MERECEM SER DEVIDAMENTE VALORADAS, QUANDO DEMONSTRADA POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR CAUTELARES DIVERSAS, PROPORCIONAIS, ADEQUADAS E SUFICIENTES AO FIM A QUE SE PROPÕEM. 3. DA IDONEIDADE DOS FUNDAMENTOS Inicialmente, é necessário informar que O PLEITO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA, protocolado em 03 de setembro do corrente ano, NÃO FORA SEQUER ANALISADO! Relevante destacar ainda que, durante toda a investigação, NUNCA HOUVERAM QUAISQUER EMBARAÇOS, DILIGÊNCIAS INVESTIGATIVAS OBSTRUÍDAS PELO ORA PACIENTESS. NÃO EXISTE QUALQUER REGISTRO NESSE SENTIDO. Os Pacientesss, EM NENHUM MOMENTO, DURANTE O TEMPO DAS INVESTIGAÇÕES, foram considerados foragidos, ou existe qualquer indício de obstrução de justiça nos presentes autos, nem se aponta qualquer dado concreto neste tocante! O que temos na decisão combatida é uma inversão da norma constitucional estabelecida aderindo à prisão que anteciparia as penas dos Pacientesss sem atribuir-lhes o direito à presunção de inocência. Clama-se pela aplicabilidade, no presente caso dos ora Pacientesss, das cautelares diversas da prisão, uma vez que temos a prisão domiciliar, monitoramento eletrônico, restrições de lugares e horários, dentre outrasdezenas de possibilidades, Excelência. Preconizamos a máxima que se é de presumir a autoria, mesmo que muito duvidosa, file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 analisando o corpo probatório, que se presuma a inocência como alvitra a Constituição Federal. Consoante dispõe a Carta Magna em seu artigo 5º, inciso LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;” Advém Meritíssimo, em razão da narrativa dos fatos expostos nos autos da medida protetiva, nota-se que por si só não cabe o cerceamento de liberdade, mesmo porque, de conformidade com os fatos narrados nesta peça recorrente, vislumbrasse várias em verdade, equívocos e falta de fundamentação legal. Os Pacientes vem a este Colendo Juízo “ad quem”, com a convicção de que seja revogada a Prisão Preventiva proferida pela autoridade “a quo”, pelos nobres julgadores, concedendo sua liberdade, até julgamento definitivo, sabendo que a critério do ordenamento jurídico pátrio a prisão é a exceção, e sua manutenção só trará inúmeros dissabores que marcarão para o resto da vida dos Pacientes, e a segregação do convívio social não é fazer justiça, mesmo porque o tolhimento da liberdade caracteriza- se como constrangimento ilegal que é um PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL é basilar da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA pois foi pautada sem o DEVIDO PROCESSO LEGAL E A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA elencados na Carta Magna. De acordo com a legislação nacional, a proibição da Liberdade Provisória, de modo global ou em relação a determinados tipos de crime, através da lei ordinária, traduz-se também numa lesão ao princípio do “due process of law”, consagrado no inciso LIV, do art. 5 da Constituição Federal: “Ninguém será privado de sua Liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” Há de se afirmar que a impossibilidade de concessão da Liberdade Provisória, “equivale a Privação de Liberdade Obrigatória infligida como pena antecipada sem prévio e regular processo e julgamento, que implica considerar alguém culpado diretamente e deixe nado a infligir-lhe Uma sanção sem processo ou decisão judicial“ Como pontifica o ilustre, Herber Martins Batista, em sua obra, in verbis: “A Liberdade Provisória prevista no artigo 310 e seu parágrafo único, desde que satisfeitos os pressupostos da lei, é um direito do réu ou indiciado, não um simples benefício. Não importa que no texto do artigo se use o verbo poder, desde que a lei estabeleça os pressupostos para a medida, seu atendimento depende apenas da satisfação desses requisitos.” Liberdade Provisória – Rio, Ed. Forense, pág. 118 A Prisão Preventiva fere o direito consagrado na então carta magna, no que tange o princípio da presunção de Inocência, afrontando o dispositivo constitucional estatuído no artigo 5, incisos LVII, LXVI, que estabelecem: file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 “LVII – “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. “LXVI – Ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir Liberdade Provisória com ou sem fiança“. Como pontifica o brilhante constitucionalista José Cretella Júnior: “Somente a sentença penal condenatória vi ou seja a decisão de que não cabe mais recurso, é razão jurídica suficiente para que alguém seja considerado culpado. … A manutenção da ordem pública exige que não Paire, no ar e a instabilidade e a incerteza das relações jurídicas, pelo que a coisa julgada se impões Como fundamental para o equilíbrio do grupo, firmando-se-lhes A imortalidade pela inoponibilidade dos recursos, que diante da decisão final se tornaram inócuos. No instante preciso em que a sentença penal condenatória transitou em julgado, o acusado, até então, Presumindo inocente, passa ao status de culpado, porque a sentença final de mérito, torna irrecorrível, assinada o limite ao a Barreira em que o estado exauriu seu poder-dever de acusar, Ficando, desse momento em diante, liberto da obrigação jurisdicional penal. Só, neste instante, é que se pode dizer: “A é culpado”, “é criminoso” e, como tal, pode ser objeto de identificação criminal.” (Comentários à Constituição de 1988, Ed. Forense Universitária, 1989, vol. I, p. 537-538) Nos dizeres do processualista penal Fernando da Costa Tourinho Filho, preleciona: “Parece Claro, pois, que toda e qualquer prisão que antecede a um decreto condenatório definitivo deve estar limitado ao estritamente necessário“. (Prática de Processo Penal, Ed. Saraiva, 1996, p. 349) Ressalte-se que o processo da persecução penal deve ser realizado dentro da razoabilidade e do devido processo legal, o que não pode em hipótese alguma ferir os princípios constitucionais, pois desta forma o Pacientes estará cumprindo uma pena SOB A ÉGIDE DE TER DESCUMPRIDO DECISÃO JUDICIAL, sem sequer os Pacientes serem ouvidos ou muito menos sentenciados, sendo imperioso que sua manutenção cautelar fere, consideravelmente, o Princípio Da Inocência, Desta feita acredita este patrono, que o bom senso prevalecerá no presente mandamus. Assim, a pertinência da contemporaneidade dos fatos e o substancial transcurso de tempo entre a data do hipotético cometimento dos crimes imputados e a data em que determinada a custódia cautelar do ora Paciente, por outras palavras, implica em notório distanciamento do caráter prospectivo e instrumental da medida constritiva. Excelência, é sabido que a aplicabilidade das cautelares se justifica em um Estado Democrático de Direito como uma cautelar DESTINADA AO RESGUARDO DE ACONTECIMENTOS FUTURO E NÃO COMO MECANISMO DE ANTECIPAÇÃO DA PENA. Nessas razões, a autoridade coatora se afasta do PRINCÍPIO DA CONTEMPORANEIDADE DOS FATOS e dos motivos que ensejam o ergástulo file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 cautelar. Vejamos o que diz a jurisprudência com entendimento sedimentado sobre a CONTEMPORANEIDADE dos fatos justificadores de prisão: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRETENDIDA REVOGAÇÃO DA PRISÃO OU DA SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. ARTIGO 319 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Superveniência de sentença penal condenatória em que se mantém segregação cautelar com remissão a fundamentos do decreto originário. Constrição fundada exclusivamente na garantia da ordem pública. Aventado risco de reiteração delitiva. Insubsistência. Ausência de contemporaneidade do decreto prisional nesse aspecto. Gravidade em abstrato das condutas invocada. Inadmissibilidade. Precedente específico de correu na mesma ação penal. Hipótese em que as medidas cautelares diversas da prisão, se mostram suficientes para obviar o periculum libertatis reconhecido na espécie. Ordem concedida para substituir a prisão preventiva do paciente por outras medidas cautelares, a serem estabelecidas pelo juízo de origem. (…) IV – No caso sub judice o fundamento da manutenção da custódia cautelar exclusivamente na preservação da ordempública mostra-se frágil, porquanto, de acordo com o que se colhe nos autos, a alegada conduta criminosa ocorreu entre o início de 2009 e 15.07.2013, havendo, portanto, um lapso temporal de mais de 3 anos entre a data da última prática criminosa e o encarceramento do paciente, tudo a indicar a ausência de contemporaneidade entre os fatos a ele imputados e a data em que foi decretada a sua prisão preventiva. V – Assim, em verdade, a prisão preventiva objeto destes autos, mantida em sentença por simples remição ao decreto de prisão e sem verticalização de fundamentos, está ancorada em presunções tiradas da gravidade abstrata dos crimes em tese praticados e não em elementos concretos dos autos, o que, por si só, não evidencia o risco de reiteração criminosa. (…). VII – Nesse diapasão, tomando-se como parâmetro o que já foi decidido por esta 2ª Turma no HC 137.728/PR e levando-se em consideração os demais elementos concretos extraídos dos autos, a utilização das medidas alternativas descritas no art. 319 do CPP é adequada e suficiente para, a um só tempo, garantir-se que o paciente não voltará a delinquir e preservar-se a presunção de inocência descrita no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, sem o cumprimento antecipado da pena. VIII – Não sendo assim, a prisão acaba representando, na prática, uma punição antecipada, sem a observância do devido processo e em desrespeito ao que foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43 e 44. IX – Habeas corpus concedido para substituir a prisão preventiva do paciente por medidas cautelares dela diversas (CPP, art. 319), a serem estabelecidas pelo juízo de origem.” (STF, HC 138850 / PR, Min. Rel. Edson Fachin, DJe 09.03.2018) PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. RECURSO DE APELAÇÃO CRIMINAL. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE. ORDEM CONCEDIDA. I - A segregação cautelar deve ser considerada exceção, já que tal medida constritiva só se justifica caso demonstrada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal. II - "Pacífico é o entendimento de que a urgência intrínseca às cautelares, notadamente à prisão processual, exige a contemporaneidade dos fatos justificadores dos riscos que se pretende com a prisão file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 evitar. Precedentes." (HC 414.615/TO, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 23/10/2017). III - In casu, sendo o agente primário e não havendo notícias nos autos de que o paciente, ao longo de mais de 10 anos após os fatos, tenha supostamente praticado qualquer outra conduta delitiva, descaracterizada está a necessidade da segregação cautelar não contemporânea aos fatos ensejadores de sua decretação. IV - Parecer do Ministério Público Federal pela concessão da ordem de ofício. Ordem concedida para cassar a decisão do eg. Tribunal a quo e revogar a prisão preventiva decretada em desfavor do paciente, salvo se por outro motivo estiver preso. Em substituição à prisão, devem ser impostas medidas cautelares diversas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, a critério do d. juízo de primeira instância.(STJ - HC: 449012 SP 2018/0107131-3, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 19/06/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/06/2018) Quanto à gravidade do delito o Supremo tem entendimento diverso do da autoridade coatora, como ela mesma menciona, HC 83981/RS, litteris: 1. AÇÃO PENAL. Homicídio doloso. Júri. Prisão preventiva. Decreto destituído de fundamento legal. Decisão de pronúncia. Incorporação dos fundamentos da preventiva. Contaminação pela nulidade daquela. Precedentes. Quando a sentença de pronúncia se reporta aos fundamentos do decreto de prisão preventiva, fica contaminada por eventual nulidade deste. 2. AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Decreto fundado na necessidade derestabelecimento da ordem pública, abalada pela gravidade do crime. Exigência do clamor público. Inadmissibilidade. Razão que não autoriza a prisão cautelar. Precedentes. É ilegal o decreto de prisão preventiva baseado no clamor público para restabelecimento da ordem social abalada pela gravidade do fato. 3. AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Decreto fundado também na necessidade de prevenção de reincidência. Inadmissibilidade. Razão que, não autorizando prisão cautelar, guarda contornos de antecipação de pena. Precedentes. Interpretação do art. 366, caput, do CPP. HC concedido de ofício. É ilegal o decreto de prisão preventiva baseado na necessidade de prevenção de reincidência. Por fim, Excelência, as razões de mérito em si somente poderão ser analisadas em sede de instrução processual, não estando, portanto, presentes os requisitos necessários à manutenção da prisão preventiva, bem como, não restou demonstrada a imprescindibilidade da prisão e a contemporaneidade do ato de decreto preventivo. Ainda, restou claro a frivolidade da presente prisão em questão em razão da ausência de subsistência dos requisitos legais, não estando, portanto, de acordo com a legislação pátria e as condições pessoais do Paciente. Isso posto, vem requerer que este Tribunal de Justiça sane as ilegalidades cometidas pelo juízo de primeiro grau. 4. DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO Conforme exposto na parte final do tópico anterior se esta Egrégia Corte ainda entender pela necessidade de algum acautelamento do ora Paciente certamente não será o caso de manter a sua prisão preventiva. Em última hipótese, deve-se revogá-la mediante a fixação de medidas cautelares diversas da prisão. file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 Excelência, a manutenção da prisão cautelar no presente feito, além de ilegal, é medida estéril e desnecessária. A inteligência processual penal tem se desenvolvido no sentido de, cada vez mais, afastar-se da utilização do cerceamento de liberdade em caráter provisório. Conforme sobredito, a Lei 12.403/11 pôs a disposição do julgador uma série de medidas provisórias, tanto novas, quanto revitalizou antigos institutos; com o intuito de que as prisões venham a ser utilizadas somente em casos incontornáveis (extrema ratio da ultima ratio). À respeito da aplicabilidade das medidas cautelares alternativas à esfera da prisão faz-se mister conferir a doutrina de Guilherme de Souza Nucci: “A Lei 12.403/2011 criou diversas à prisão, com o fim de serem utilizadas em lugar da segregação cautelar, inclusive durante a fase de investigação criminal. Por isso, antes de se decretar, de pronto, a prisão temporária, deve-se analisar a viabilidade de aplicação de qualquer das medidas previstas pelo art. 319 do CPP. Conforme o caso, evita-se o mal do encarceramento precoce, restringindo de algum modo a liberdade do indiciado”. No caso, havendo necessidade ou qualquer dúvida acerca do comportamento do Paciente é cabível aplicação de medidas cautelares diferentes da prisão. Incluímos ao presente remédio constitucional atualizada jurisprudência. Vejamos: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO TORPE E RECURSO DIFICULTADOR DA DEFESA. PACIENTE CONDENADA POR CONTRIBUIR PARA O PLANEJAMENTO E A EXECUÇÃO DA MORTE DE HOMEM, ENCOMENDADA PELA ESPOSA DESTE PORINTERESSE FINANCEIRO. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA NA SENTENÇA COMO GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. PACIENTE PRIMÁRIA, COM RESIDÊNCIA FIXA, TRABALHO LÍCITO E FAMÍLIA CONSTITUÍDA. CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO SUFICIENTES PARA EVITAR A FUGA. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1 Paciente condenada a quinze anos de reclusão, no regime inicial fechado, por infringir o artigo 121, § 2º, incisos I e IV, do Código Penal, porque, mediante promessa de recompensa, contribuiu para o planejamento e a execução do crime, encomendado pela esposa da vítima para receber a herança, o seguro de vida e o FGTS. A sentença decretou a prisão preventiva para garantir a aplicação da lei penal, pois a paciente mudou-se do Distrito Federal para o Paraná sem comunicar ao Judiciário. 2 De fato, a paciente mudou-se para o Paraná sem informar ao juízo, descumprindo o compromisso firmado com o Estado-Juiz ao receber a liberdade provisória. Todavia, há que se reconhecer que desde 2005 não comete crimes, tem residência fixa, família constituída e trabalha licitamente, de sorte que a prisão preventiva é medida excessiva e desproporcional, sendo suficientes e adequadas as cautelares alternativas para assegurar a aplicação da lei penal. 3 Ordem concedida em parte: liberdade clausulada.(TJ-DF 07207687020198070000 DF 0720768- 70.2019.8.07.0000, Relator: GEORGE LOPES, Data de Julgamento: 31/10/2019, 1ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no PJe : 05/11/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.) file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A VIDA E A SEGURANÇA VIÁRIA. HOMICÍDIO, QUALIFICADO PELA FUTILIDADE DA MOTIVAÇÃO E CONTRA MULHER POR RAZÕES DA CONDIÇÃO DO SEXO FEMININO CONSISTENTE EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR, NA MODALIDADE TENTADA, E EMBRIAGUEZ AO VOLANTE, EM CONCURSO MATERIAL (CÓDIGO PENAL, ART. 121, § 2º, II E VI, E § 2º-A, I, COMBINADO COM ART. 14, II, E LEI 9.503/1997, ART. 306, CAPUT, NA FORMA DO ART. 69, CAPUT, DAQUELA ESPÉCIE NORMATIVA). CONVERSÃO DA PRISÃO FLAGRANCIAL EM PREVENTIVA E INDEFERIMENTO DE PLEITO REVOGATÓRIO. INVOCADO CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONSUBSTANCIADO NA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA PROVIDÊNCIA EXTREMA. PERTINÊNCIA. PRONUNCIAMENTOS QUE JUSTIFICAM A NECESSIDADE DE PRESERVAR A INTEGRIDADE DA VÍTIMA. OFENDIDA, ENTRETANTO, QUE EXTERNA INTENÇÃO DE VER SEU COMPANHEIRO SOLTO. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS E INDICATIVOS DA PERICULOSIDADE DO AGENTE. RÉU PRIMÁRIO, COM RESIDÊNCIA E EMPREGO FIXO. CARÊNCIA DE INFORMES QUE POSSAM INDICAR PERSONALIDADE DISTORCIDA OU AGRESSIVA, CARACTERÍSTICAS DE IMPULSIVIDADE OU DESENTENDIMENTOS PRETÉRITOS ENTRE O CASAL. VERSÕES ANTAGÔNICAS NOS AUTOS ACERCA DA DINÂMICA DELITIVA, EM ESPECIAL DO ANIMUS NECANDI, QUE DEPENDEM DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL PARA ESCLARECIMENTO. FALTA DE EVIDÊNCIA SOBRE RISCO À ORDEM PÚBLICA, À INSTRUÇÃO PROCESSUAL OU À APLICAÇÃO DA LEI PENAL. REVOGAÇÃO DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR IMPOSITIVA. APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DISTINTAS. ORDEM CONCEDIDA. (TJ-SC - HC: 40105256620198240000 São Bento do Sul 4010525-66.2019.8.24.0000, Relator: Luiz Cesar Schweitzer, Data de Julgamento: 02/05/2019, Quinta Câmara Criminal) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO E OCULTAÇÃO DE CADÁVER (ARTS. 121, § 2º, III E IV, E 211, AMBOS DO CP). DECISÃO DE REJEIÇÃO DA DENÚNCIA POR INÉPCIA EM RELAÇÃO A UMA DAS DENUNCIADAS. INDEFERIMENTO E REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA DOS DEMAIS ACUSADOS. RECURSO DA ACUSAÇÃO. ALEGADO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PARTICIPAÇÃO DA DENUNCIADA SUFICIENTEMENTE DESCRITA. PREFACIAL ACUSATÓRIA QUE EXPRESSAMENTE ESTABELECE O VÍNCULO SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES. DESNECESSIDADE DE DESCRIÇÃO PORMENORIZADA DA CONDUTA POR SE TRATAR DE CRIME DE AUTORIA CONJUNTA. PRECEDENTES. REJEIÇÃO INDEVIDA. Em se tratando de crimes de autoria conjunta ou coletiva, tem-se como prescindível a descrição minuciosa da conduta do coautor, sobretudo quando se tratar de crimes cuja apuração demandou complexa investigação. Uma vez que a prefacial acusatória expressamente estabeleça o vínculo subjetivo que une os acusados, possibilitando, assim, o contraditório e a ampla defesa, apta estará para deflagrar a ação penal. INDEFERIMENTO E REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE PERICULUM LIBERTATIS. GRAVIDADE ABSTRATA DO CRIME QUE NÃO JUSTIFICA O ENCLAUSURAMENTO, SOB PENA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx NPJ - NUCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NOVA AMÉRICA Av. Pastor Martin Luther King Jr., nº 126, sala 300-D, Del Castilho/RJ CEP: 20765-971 - TEL: (21) 3296-6743 SUFICIENTES À CONJURAÇÃO DE EVENTUAIS RISCOS. LIBERDADE DOS ACUSADOS PRESERVADA. Por se tratar de prisão que antecede uma condenação definitiva, subverte completamente o princípio da presunção de inocência, verdadeira pilastra do Estado Democrático de Direito, encarceramentos decretados com base na gravidade abstrata do delito. Condicionando-o teleologicamente, referido princípio impõe a demonstração concreta e objetiva de fatos que evidenciem risco real para a ordem pública, instrução criminal ou aplicação da lei penal. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-SC - RSE: 00000300620198240073 Timbó 0000030-06.2019.8.24.0073, Relator: Luiz Antônio Zanini Fornerolli, Data de Julgamento: 21/11/2019, Quarta Câmara Criminal) A novel inteligência processual penal tem bradado no sentido de que a prisão só se faz necessária em casos realmente excepcionais, em que estejam claramente presentes os requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal Brasileiro, o que não se observa no caso em apreço. 5. DOS PEDIDOS Em vista de todo o exposto, postula a Impetrante pelo conhecimento e processamento do presente writ, nos termos dos Precedentes colhidos, para: 1. Após oitiva do Parquet, a ratificação da eventual liminar, se concedida, para CONCEDER A LIBERDADE PROVISÓRIA do Paciente, ainda que se apliquem outras medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, CPP). Nestes termos, pede e espera deferimento. Rio de Janeiro, xx, xxxxxxx, xxxx. Advogado OAB/UF file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowscommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/npj/Documents/NPJ.docx
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