ANÁLISE DA LAVA JATO E A FUSÃO DE CIVIL LAW E COMMON LAW

UNIVERSIDADE ESTÁ CIO FLORANÓPOLIS/SC GRADUAÇÃO EM DIREITO PRIMEIR A FASE DIEGO ABRAHAM LAVA JATO E OS SISTEMA S JURÍDICOS CIVIL LAW E COMMON L AW FLORIANÓPOLIS/SC 23 DE ABRIL DE 2019 TRABALHO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO: A N ÁLISE DA LAVA J ATO E A INFLUÊNCIA DO SISTEMA COMMON L AW NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO RESUMO Diante a repetitivas e variadas denúncias e ma térias referente a operação Lava Jato, trag o neste trabalho informações divulgadas na mídia sobre esta operaçã o promovida pela Polícia Federal, estimada como um dos grandes e squemas de corrupção do país. Essa operação trouxe a aproximação entre os dois sistemas, baseada nas circunstâncias expostas, esse trabalho te m o propósito de interpretar as alterações que est ão ocorrendo no di reito brasileiro, que a dotou o sistema civil law de tradição romano-germânica, q ue de fine a lei por si só como suficiente e aplicável. Mas, que aponta par a uma intensa influência do siste ma common law mais conhecido como Direito não escrito, de origem anglo-saxã. e fazer uma pequena verificação entre esses sistemas, que são os dois p rincipais sistemas jurídicos do mundo. PALAVRAS-CHAVE: Civil Law, Comm on L aw e a operação Lava Jato. SUMÁRIO: 1 Introdução, 2 A diferença entre os dois sistemas, 3 A influência do sistema anglo-saxão na Lava Jato , 4 O sistema jurí dico common law no Br asil, 5 Conclusão, 6 Referências. 1 INTRODUÇÃO Entrando especificadamente no tema deste trabalho, é necessário analisar o recente acontecimento mundial de aproximação e fusão entre os doi s maiores sistemas jurídicos existentes: O civil law e o common law . O civil law (também chamado de romano-germânico) é o sistema jurídico mais difundido no mundo e tem por base fu ndamental a lei escrita. Já o common law (Direito comum ou Direito não escrito), é o sistema jurídico anglo -saxã, que se desenvolveu a partir das decisões d os Tribunais não por atos legislativos ou executivos. Em síntese: o sistema do civil law é marcadamente legalista, isto é, possui a legislação como fonte primária do Direito, ao passo que o common law tem como fonte primária os precedentes judiciais. O quadro mundial presente, notado pelo sistema de globalização, é cenário de diferentes culturas, dirige -se cada vez ma is a aproximação desses dois sistemas jurí dicos. No Brasil, a operação Lava Jato é o maior exemplo da ação d o sist ema comm on law atr avés d e de lações p remiadas, regulamen tadas em lei. Nesse s entido, é possív e l o bservar o encontro entre estas duas grandes tradições jurídicas, paí ses marcados pelo sistema c ommon law , elaborando normas legislativas gerais, a o passo que, em países de sistema civil law , a jurisprudência e os pre cedentes judiciais passam a ganhar força ca da vez maior. 2 A DIFERENÇA ENTRE OS DOIS SISTEMA S O m étodo da civil law no direito brasileir o esta belece que a lei por sua vez é suficiente e absolutamente aplicável, sendo que nele, o m odelo pel o qual os processos são iniciad os e j ulgados fundamenta-se nas l eis escritas , assim o juiz decide baseando-se no q ue está deter minado nas normas adotadas pelo Legislativo. O juiz é a i magem ce ntral do processo penal , e possui a responsabilidade de procurar aclaramento justo e imparcial sobre os casos e ex ecutar uma pena proporcional ao d ano, o Ministério Público não pode deixar d e pedir a punição de um indiví duo que comete um crime. O método an glo-saxão, conhecido como common law , vem d o reino un ido e dos est ados unidos, m as, t ambém é empregado por outros países, sendo que, nele a justiça també m aplica as nor mas escritas, porém leva muito e m consideração as técnicas empregadas histori camente, como os precedentes (julgamentos anteriores), é o que a tradição local espera das partes. No processo penal, pr edomina o papel das partes (acusação e de fesa), e cabe ao juiz averiguar as motivações de cada uma delas, o Ministério Público, pode deixar de pedir a punição de um criminoso, caso obtenha em troca informações para punir outros criminosos maiorais. 3 A INFLUÊNCIA DO SISTEMA A NGLO -S AXÃO NA LAVA JATO A delação premiada , ferramenta utilizada pela prim eira vez grandiosamente na Lava Jato, é u m modelo de regra importada do sistema anglo-saxão para o Brasil , per mitindo que seja reduzida a pena de um criminoso pelo Ministério Público, caso ele con fe sse e en tregue provas de companheiros privilegia o papel das partes (acusação e defesa) em detrimento do pa pel do juiz. A colaboração premiada é u m e xemplo claro que a Lava Jato, concretizou uma modificação gradativa d o sistema romano-germânico para a realidade anglo-saxã. Ela te m sua procedência dentro de um modelo que deixa de punir determinadas pessoas, independentemente da responsabilidade que essas pessoas têm, abre mão de uma proporcionalidade de resposta jurídica, em nome de um eficiente desdobramento d e uma organização criminosa, eu troco pena por informação. Mas, imaginamos que independente de qualquer f inalidade, a pena deve ser cumprida, é uma o brigação do Estado a busca do justo, no sistema de colaboração premiada, inverte-se essa lógica, quem é o melhor colaborador? Aquele que tem mais informações, e que em troca tem mais prêmios. Essa sensação de injustiça é uma consequência necessária da ideia da colaboração premiada, permitir que as pessoas, em troca dessa inju stiça, delatem os outros. No atual c enário jurídico brasileiro, os a pontamentos sumulares ( Súmula, é o conjunto de no mínimo três sentenças de um mesmo tribunal adotando a m esma interpretação de norm a jurídica em tese. A s úmula nã o tem efeito obrigatório, a penas pe rsuasiv o. É um padrão da jurisprudência do Tribunal, sintetizando a orientação daquele ór gão na m atéria a que se refere) , ao proporcionar previsibilidade d as decisões judiciais, revelam-se como valioso instrumento de uniformização e estabilidade de jurisprudência. Nesse passo, o Direito sumular ergue -se como um eficiente mecanismo para a simplificação do julgamento da s questõe s ma is f requentes perante o judiciário, e para o combate a lentidão processual . Esta realidade atesta a confirmação de que o ordenamento jurídico brasileiro se torna cada vez mais sumu lar, revelando -se o estudo do Direito sumular dos Tribunais Sup eriores fundamental para a ev olução do siste ma jurídico. 4 O SISTEMA JURÍDICO COMMON LAW NO BRASIL Antes d e analisarmos a aplicação do sistema common law no Brasil, importante é a t entativa simp les em definir os dois principais sistemas jurídicos hoje existente no direito mundial, o civil law e o common law . De ssa forma, o civil law é o sistema jurídico que tem como f undamento o texto legal, ou seja, esse é o sistema a dotado of icialmente no Brasil, onde a legislação, representa a principa l fonte do Direito, os juízes e tribunais fundamentam suas decisões nas disposições de códigos e leis. Esse sistema inicia-se quando se reúne t odas as leis do continente europeu em um ún ico código, con hecido como civil law , base da nossa históri a com relação as codificações das leis. Já o common law, é o sistema no qual o costume prevalece sobre o direito escrito, os cas os de direito são as principais fonte s do Direito, ou seja, a b ase da criação das regras de conduta . Nos países que adotam o sistema de common law (ex. Can adá, Inglaterra, E.U.A), o Dire ito é criado ou aperfeiçoado pelos juízes, assim, uma decisão a ser tomada em um caso depende da s decisões adotadas para casos semelhantes anteriores e afeta o Direito a ser aplicado a casos futuros. Nesse sistema, quando não ex iste um precedente, os juízes possuem a autoridade para criar o Direito, estabelecendo um precedente, fato esse impedido em nosso país. Como mencionado anteriormente, o siste ma j urídico oficialmente adotado pelo Brasil é o civil law , p ois o nosso pa ís tem co mo f onte primária do Direito a lei, o julg ador/juiz é um mero executor da lei, lhe fa ltando a liberdade na decisão como nos casos do sistema common law . No entanto, levando em consideração a forte transformação social a qual som os todo s participantes, e que o direito cad a vez mais se torna refém, o sistema oficial vem dando espaço a utilização do co mmon law . Ocorre q ue costumeiramente, n ão só n o ex ercício da a dvocacia cotidiana bem como nas fundamentações de diversas sentenças e acordão proferidos e m nossos tribunais, cada ve z mais nos utiliz amos de outras decisões que servem como base das argumentações jurídicas. A jurisprudência, ca da vez m ais vem se tornando indispensável para a análise de um caso a ser julgado e assim sendo, os julgados anteriores lev am em consideração as decisões adotadas para casos semelhantes anteriores e afeta sim o Direito a ser ap licado a casos futuros, o u seja, estamos dian te do sistema da common law . Não raro no s deparamos em situações em que o julgad or em detrimento do te xto legal se utiliza dos princípios secundários do Direito, como p or exemplo, a dignidade do ser humano, a equidade, e porque não li starmos o bom senso. Agindo de sta f orma, pouco a p ouco, o julgador se desvincula do sistema oficial e adere ao comm on law , mesmo que a lei não tenha silenciado a o caso concreto. Por fim, n ão podemos desconhecer que é a lei q ue prevalece em n osso país, mas e ntendemos que esta deve ser interpretada sob a proteção dos princípios secundários d o Direito, bem como o entendimento dos tribunais quanto ao caso concreto, pois é no caso conc reto que se busca o que a letra fria da lei não conseguiu prever de forma concreta. 5. CONCLUSÃO A a plicação do Direito difere nos dois grandes sistemas jurídicos contemporâneos, sendo que para na civ il law o direito positivado na lei é a base de tudo, e para a c ommon law o precedente judicial é a prin cipal diretriz jurisdicional. Permitiu-se fazer uma aproximação entre essas duas concep ções de Direito no ordenament o jurídico brasileiro, cujas orig ens sã o do sist ema d a civil law, co m o objetivo de aproveitar os institutos do sistema d a common law na prestação jurisdicional eficaz, prática e segura. Cabe de stacar que tanto na civil law quanto na common law o que se deseja é a f irmeza e constância d o ordenamento jurídico em dar respostas claras, isonômicas e justas aos problemas sociais, não esta ndo essa s duas famílias tão distantes. Diante disso, refletir acerca do papel desempenhado pela lei no Estado brasileiro é fu ndamental no sentido de reconhecer que ela, por vezes, não é suficiente pa ra exprimir os valores constitucionais d o Estado, de ixando de cumprir com plena eficácia alguns princípios e d ireitos fundamentais dos cidadãos. Por m eio da int rodução do p recedente judicial no sistema p rocessual e Poder J u diciário pátrio é possível se u ap erfeiçoamento, visto que a aproximação com outra ordem jurídica, em específico a common law, m ostra -se saudável e importante para sua evolução. Frisa-se que a fo rça do prece dente judicial está em permitir com que o juiz possa traçar nova int erpretação normativa em relaçã o a u ma sit uação material, não estando totalmente submisso a lei c omo ocorria antes da a proximação en tre os sistemas jurídicos aqui estudados. Além disso, garan te a unidade da o rdem jurídica, assim como a igualdade e se gurança jurídica, servindo p ara e xtinguir a divergência jurisdicion al, f ator responsável pela inse gurança, incerteza e desconfiança presentes na vida d os jurisdicionados, visto que a lei passa a se r inte rpretada e a plicada de fo rma unica . A segurança j u rídica nã o estará m ais subordinada ao estrito c umprimento da lei, mas será sim preservada por meio d a certeza e pr ev isibilidade que marcam o precedente judicial com força vinculante e obrigatória. Ademais, como destacado em capítulo específico, devem os poderes atuar no sentido de prese rvar os princípios processuais constitucionais da celeridade, efetividade e segur ança jurídica, garantias fundamentais à prestação jurisdicional eficaz e justa. Da análise do terceiro capítulo, observa-se que o legislador b rasileiro preocupado com o efetivo cumprimento dos princípios proce ssuais constitucionais descritos no segundo c apítulo, resolveu criar a Súmula Vinculante, cujas raízes estão ligadas a o precedente judicial anglo -saxão, contudo seu processo de formação e seus efeitos se distanciam do seu instituto originário. Enquanto o p recedente é uma norma para jurisdição de um caso co ncreto, com origem em situação pretérita, a Súmula Vinculante , prescreve um enunciado normativo abstrato, isto é, desvinculado das situações concretas que lhe deram origem, não sendo o caso paradigma que lhe deu origem de e xtrema impo rtância para aplicação futura. A preocupação de que a Súmu la Vinculante se tornaria um instrumento engessado e distante da rea lidade afasta-se pelo fato de que o Supremo Tribunal Federal acompanha a dinamicidade da jurisprudência, revendo, te mporalmente, os conce itos acerca de de terminada matéria, nunca se afastando da estabilidade, previsibilidade e s egurança jurídica oferecidas aos jurisdicionados. 6. REFERÊNCIAS LUPION, Bruno. Como a Lava Jato e xpõe o conflito entre os dois principais sistemas jurídicos do mundo, 2017. Retirado de: nexojornal.com.br. VIEIRA, Andreia . Civil Law e Common Law - Os Dois Grandes S istemas Legais Comparados , editora: Sergio Antônio Fabris, 2007. MARTINS, J oã o. A ap licação da Common Law n o B rasil: Diferenças e afinidades, 2015. Retirado de: jusbrasil.com.br

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