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Direito Processual Penal Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Assuntos tratados:
1° Horário.
S Persecução penal / Poderes de investigação do Ministério Público / Inquérito policial
2° Horário.
S Características do inquérito policial / Inquisitivo 3° Horário.
S Sigiloso
1° horário
Persecução penal
Com a prática da infração penal, incumbe ao Estado o desenvolvimento da persecutio criminis, visto que aquele possui o direito de punir, ou seja, o jus puniendi.
A atividade persecutória, excepcionalmente, pode ser execida pelo particular, através do exercício da ação penal privada e ação penal privada subsidiária da pública, em caso de omissão do MP.
A natureza da persecução penal é de atividade administrativa, desenvolvida, precipuamente, pela polícia judiciária, órgão do poder executivo (art. 4°, parágrafo único do CPP).
Art. 4° A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Poderes de investigação do Ministério Público
O	Ministério Público possui a opinio delicti (art. 129, I da CRFB/88).
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
- promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
O STF adota a teoria dos poderes implícitos para embasar a possiilidade de investigação criminal realizada pelo Ministério Público. Por essa teoria, entende-se que o MP possui o poder de promover a ação penal, logo também deve possuir a
Direito Processual Penal Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
autoridade de conduzir os meios a fim formar a sua opinião. Em outras palavras, quem pode o mais, pode o menos.
O MP pode investigar as atividades criminosas desenvolvidas por membros da polícia, visto que possui a atribuição de realizar o controle externo da mesma (art. 129, VII da CRFB/88).
Art. 129, [...] VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
O MP possui poder de requisição, com base no art. 129, VIII da CRFB/88, inclusive, de instauração de inquérito policial.
Art. 129, [...] VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
A atuação do MP na persecução criminal possui limites, quais sejam: i) o inquérito extrapolicial instaurado pelo MP deve ser formal, escrito; ii) deve haver o devido sigilo, não sendo este oponível ao advogado (vide súmula vinculante n° 14); iii) o MP não preside inquérito policial, visto que esta atividade é exclusiva do delegado de polícia, podendo o MP apenas colaborar com o inquérito.
Súmula vinculante n° 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
A título de ilustração, o art. 2°, §7° e art. 15 da Lei n° 12.850/13 também estabelecem uma tentativa de limitação do poder de investigação do Ministério Público.
Art. 2°, [...] §7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.
Inquérito policial
Direito Processual Penal Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
A atividade da polícia judiciária é de repressão, pois, desenvolve-se depois de praticada a infração penal. A atividade de prevenção é realizada pela polícia militar.
O art. 144 da CRFB/88 estabelece os órgãos responsáveis pela segurança pública.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
- polícia federal;
- polícia rodoviária federal;
- polícia ferroviária federal;
- polícias civis;
- polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1° A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:"
- apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
- prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
- exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
- exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
A Lei n° 10.446/02 estabelece os critérios para atividade de apuração de crimes de competência interestadual. Tal atividade será exercida com a colaboração da polícia federal, visto a competência para tais crimes ser estadual.
2° horário
O art. 13 do CPP aborda as atividades que devem ser exercidas pela polícia judiciária.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
- fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;
- realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
- cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
- representar acerca da prisão preventiva.
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O STF entende que o delegado que deixa de atender a requisição estabelecida no art. 13, II incide em mera infração administrativa, não se cogitando de crime de desobediência. Entretanto, dependendo da situação, pode incorrer o agente em prevaricação ou, até mesmo, em desobediência, desde que a ordem seja legal. Em se tratando de ordem ilegal, não há que se falar em desobediência da autoridade policial, exemplo, requisição judicial para instauração de inquérito policial.
Características do inquérito policial
Inquisitivo
Não há contraditório no inquérito policial, que, por natureza, é unilateral. Ressalta-se que pode haver a defesa técnica.
A Constituição prevê a garantia do contraditório aos acusados em geral e aos litigantes em processo judicial ou administrativo (art. 5°, LV). Entretanto, não há acusado em inquérito policial e este não possui natureza de processo.
Art. 5°, [...] LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
O art. 155 do CPP aduz sobre olivre convencimento do juiz na apreciação da prova produzida em contraditório. O contraditório assegura que as partes terão a mesma oportunidade de colaborar no convencimento do juiz.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Por inexistir contraditório em inquérito policial, a decisão do juízo não pode se fundamentar exclusivamente em elementos colhidos na investigação, exceto em três situações: provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Como exemplo de prova cautelar tem-se a interceptação telefônica e a quebra de sigilo. No inquérito, o contraditório é diferido para a fase processual.
Como exemplo de prova não repetível tem-se o exame de corpo de delito, que também é submetido ao contraditório diferido na fase processual, concedendo-se oportunidade às partes para se manifestarem acerca do laudo do exame.
A prova antecipada também é cautelar. O juiz só pode determinar a antecipação da prova, quando esta for imprescindível, ou seja, quando não se puder realizá-la no momento adequado do processo. Exemplo, testemunha que possui doença em fase terminal e deve ser ouvida ainda em fase de investigação.
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No contexto da característica inquisitiva do inquérito policial, ressaltam-se alguns aspectos importantes:
Suspeição do delegado de polícia - O art. 254 do CPP estabelece balizas para se auferir a parcialidade do juiz. Esse mesmo artigo também pode ser aplicado a outras pessoas, como o delegado, o MP, serventuários da justiça, dentre outros.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
- se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
- se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
- se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
- se tiver aconselhado qualquer das partes;
- se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
- se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
O art. 107 do CPP prevê que não é possível arguir exceção de suspeição do delegado nos autos do inquérito, pois neste não há partes em razão do caráter inquisitorial. Entretanto, se suspeito assim não se autodeclarar, a autoridade policial corre o risco de cometer, no mínimo, o crime de prevaricação.
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
Discricionariedade do inquérito policial - Inquérito policial não possui rito, pois é mero procedimento, sendo assim, a atividade é discricionária. Os arts. 6° e 7° do CPP apenas ilustram diligências, não havendo obrigatoriedade por parte da autoridade policial de realizá-las.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
- dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
- apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
- colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
- ouvir o ofendido;
- ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
- proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
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- determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
- ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
- averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
O art. 14, CPP aduz acerca da discricionariedade do inquérito policial, que assim o é por conta de sua característica inquisitiva.
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
O art. 14 deve ser combinado com o art. 184 do CPP. A atividade de investigação é discricionária, entretanto, excepcionalmente, existem algumas diligências que são obrigatórias, como por exemplo, o exame de corpo de delito (art. 158 do CPP).
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Não sendo possível a realização do exame direto, qualquer outra prova idônea (e não somente a testemunhal) poderá suprir-lhe a falta (art. 167 do CPP).
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
A Lei n° 9.099/95, em seu art. 77, §1°, estabelece uma exceção, nos juizados especiais, quanto à obrigatoriedade do exame de corpo de delito.
Art. 77, [...] §1° - Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
3° horário
Direito Processual Penal Aula 01
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Incomunicabilidade do preso - Possui previsão no art. 21 do CPP. É pacífico na jurisprudência e dominante na doutrina o entendimento de que a incomunicabilidade não foi recepcionada pela Constituição.
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963)
Com base na previsão do art. 5°, LXII, e art. 136, §3°, IV ambos da CRFB/88, o art. 21 do CPP não foi recepcionado.
Art. 5°, [...] LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
Art. 136.O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. [...]
§ 3° - Na vigência do estado de defesa: [...]
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
Possibilidade de HC para trancar inquérito - O STF e o STJ entendem que o Judiciário não pode paralisar o regular exercício da atividade investigatória, nem subtrair do Ministério Público a formação da opinio delicti. Com essa fundamentação, em regra, não se admite o trancamento de inquérito via Habeas Corpus. Entretanto, há exceções.
A primeira exceção se dá quando o inquérito for instaurado em manifesta ilegalidade (requer HC com prova pré-constituída) ou abuso de autoridade, exemplo, o flagrante forjado e a denunciação caluniosa.
A segunda exceção é a manifesta atipicidade, exemplo, crime material contra a ordem tributária (súmula vinculante n° 24 e art. 83 da Lei n° 9.430/96). Nesse caso, só é possível a instauração de inquérito se houver o lançamento definitivo do tributo, cabendo HC para trancamento do inquérito em casos de manifesta atipicidade ou condição objetiva de punibilidade. Atualmente, esse entendimento tem sido adotado para o crime de descaminho.
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Súmula vinculante n° 24 - Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1incisos I a IV, da Lei n° 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente.
§ 1o Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento.
§ 2o É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal.
§ 3o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§ 4o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento.
§ 5o O disposto nos §§ 1o a 4o não se aplica nas hipóteses de vedação legal de parcelamento.
§ 6o As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denúncia pelo juiz.
Utiliza-se a expressão "suspensão" do inquérito até que se aguarde o término do parcelamento do crédito tributário, mas, na verdade, trata-se de arquivamento.
A terceira exceção é a manifesta extinção da punibilidade. À luz do art. 83, §4° da lei 9.430/96, extingue-se a punibilidade quando realizado o pagamento integral dos débitos oriundos de tributo. Se, após o pagamento, a autoridade policial continuar com a investigação criminal, caberá HC para trancamento do inquérito.
Sigiloso
O sigilo é a segunda característica do inquérito policial (vide art. 20 do CPP). O art. 93, IX da CRFB/88 afirma que todos os julgamentos serão públicos, podendo, excepcionalmente, determinar-se o segredo, ou seja, a regra no processo é a
Direito Processual Penal Aula 01
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publicidade. Entretanto, ressalta-se que inquérito é mero procedimento administrativo.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: [...]
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Os atos judiciais são válidos, desde que públicos. Excepcionalmente, haverá segredo de justiça quando o interesse privado das partes se sobrepor ao público.
O inquérito policial deve ser sigiloso em prol de um maior aproveitamento das investigações realizadas. Entretanto, o sigilo do inquérito não é absoluto, não sendo oponível à defesa técnica (vide súmula vinculante n° 14).
O sigilo do inquérito também se baseia no interesse da sociedade quanto à apuração dos fatos e à preservação da imagem do indiciado.
Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2° andar - Tel.: (21) 2223-1327
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Assuntos tratados:
1° Horário.
S Inquérito policial (continuação) / Características / Formas de instauração do inquérito
2° Horário.
S Prazo para encerramento do inquérito 3° Horário.
S Relatório / Arquivamento
1° Horário
Inquérito policial (continuação)
Características
Escrito
O inquérito é regido pelo princípio da formalidade (ou da escritura) e deverá atender a certas formalidades, exemplo, art. 9° do CPP.
Art. 9° Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Observação: Segundo jurisprudência dos tribunais superiores, os vícios do inquérito não contaminam a ação penal subsequente, segundo art. 157 do CPP. Todavia, se a denúncia se lastreia exclusivamente em algum elemento viciado do inquérito, a ação estará contaminada.
Dispensável
O inquérito policial é mera peça de informação e por natureza dispensável (art. 4°, caput, a contrario sensu, art. 12, art. 39, §5° todos do CPP e 77, §1° da Lei n° 9.099/95).
Art. 4° A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
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Art. 39, [...] § 5° - O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 77, [...] § 1° - Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
Procedimento Administrativo
O inquérito é mero procedimento administrativo. Ele se constitui de uma série de atos administrativos organizados cronologicamente.
Durante o inquérito poderá haver algumas intervenções judicias, exemplo, medidas cautelares.
Formas de instauração do inquérito
As formas de instauração estão no art. 5° do CPP.
Art. 5° Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
- de ofício;
- mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1° - O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a narração do fato, com todas as circunstâncias;
a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2° - Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3° - Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4° - O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5° - Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
A partir notitia criminis, a autoridade policial deverá instaurar o inquérito, em razão do princípio da obrigatoriedade. Há três formas de cognição da autoridade policial:
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cognição imediata - decorrente da atividade policial;
cognição mediata - a própria vítima ou qualquer pessoa do povo (delatio criminis) traz a notícia do crime;
cognição coercitiva - ocorrerá em situação de flagrante (art. 8° do CPP). A doutrina assevera que auto de prisão em flagrante instaura o inquérito, dispensando a portaria, segundo art. 304, §1° do CPP.
Art. 8° Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
§ 1° - Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
A instauração de inquérito por requisição judicial não foi recepcionada pela CRFB/88, conforme entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência, pois viola o sistema acusatório.
2° Horário
O art. 40 do CPP trata da notitia criminis judicial, na qual, o juiz ao analisar um processo verifica a possibilidade do cometimento de outro crime e envia cópias ao MP.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
O MP, nos termos do art. 5°, II do CPP poderá encaminhar ofício para autoridade policial iniciar a investigação. O delegado é obrigado a instaurar o inquérito?
Resposta: A ordem legal deve ser obedecida, porém na hipótese de ilegalidade o delegado fundamentadamente deve negar a instauração.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
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Contudo, se o delegado indefere o requerimento, caberá recurso administrativo ao Chefe de Polícia ou requerimento ao MP, conforme art. 5°, §2° do
CPP.
Observação: A provocação de instauração de inquérito através de imputação de fato determinado a pessoa determinada que o saiba inocente haverá crime de denunciação caluniosa (art. 339 do CP). A comunicação de crime que não ocorreu constitui delito do art. 340 do CP.
Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1° - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2° - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
A delatio criminis está prevista no art. 5°, §3° do CPP. Qualquer pessoa do povo irá comunicar a autoridade policial prática de crime. Diante disso, o delegado pode realizar verificação de procedência de informações (VPI), como medida de prudência apurando os fatos.
A jurisprudência do STF diz que denúncia anônima (ou "denúncia anônima", notitia criminis inqualificada, ou denúncia apócrifa) POR SI SÓ não pode lastrar inquérito policial. No entanto, admite-se instauração de inquérito policial a partir de denúncia anônima desde que CORROBORADA por outros elementos.
A representação/requisição é imprescindível para as ações penais públicas condicionadas (art. 5°, §4° e 24 ambos do CPP).
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
As hipóteses de crimes condicionados a representação ao Ministro da Justiça são: crime contra a honra do presidente da república e chefe de governo estrangeiro
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(art. 145, parágrafo único do CP) e crime praticado por estrangeiro, fora do território nacional, contra brasileiro (art. 7°, §3° do CP).
Art. 145, [...] Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3° do art. 140 deste Código.
Art. 7°, [...] § 3° - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
não foi pedida ou foi negada a extradição;
houve requisição do Ministro da Justiça.
Alguns entendem que a requisição se aplica ao crime de tortura, nos termos do art. 2° da Lei n° 9.455/97.
Art. 2° O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
O requerimento do ofendido é indispensável para o início da ação penal privada originária (art. 5°, §5° do CPP).
Prazo para encerramento do inquérito
O art. 10 do CPP estabelece prazo de 10 (dez) dias para o término do inquérito se o réu estiver preso e 30 (trinta) se solto.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1° - A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2° - No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3° - Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
No âmbito da justiça federal, o prazo será de 15 (quinze) dias cabendo prorrogação, conforme art. 66 da Lei n° 5.010/66. Na regra geral do CPP, não cabe prorrogação, nos termos do art. 10.
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Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver prêso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o prêso ao Juiz.
No inquérito de ação pública, o MP poderá requerer diligências para o indiciado solto se aplica o art. 16 do CPP.
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
No caso de prisão temporária, o prazo de conclusão do inquérito é o mesmo da prisão temporária - 5 (cinco) dias - contados a partir da data em que ocorreu a prisão e poderá ser prorrogado uma vez, segundo art. 2° da Lei n° 7.960/89.
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal.
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.
A decretação da prisão preventiva estará lastreada em elementos na fase do inquérito.
A contagem do prazo do inquérito é o prazo legal, contado da efetiva prisão.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:
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- relaxar a prisão ilegal; ou
- converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
- conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Alterado pela Lei 12.403/2011).
A prisão temporária nos crimes hediondos será de 30 (trinta) dias, prorrogáveis por mais 30 (trinta), conforme art. 2°, §4° da Lei n° 8.072/90.
Art. 2°, [...]§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
3° Horário
Há ainda prazos especiais:
Lei de Drogas
O art. 51 da Lei n° 11.343/06 estabelece o prazo de 30 (trinta) dias prorrogável por igual período, se o indiciado estiver preso e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
Lei dos crimes contra a economia popular
Segundo art. 10, §1° da Lei n° 1.521/51, o prazo para conclusão do inquérito será de 10 (dez) dias estando o acusado solto ou preso.
Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal, o processo das contravenções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao julgamento pelo júri.
§ 1°. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2°. O prazo para oferecimento da denúncia será de 2 (dois) dias, esteja ou não o réu preso.
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§ 3°. A sentença do juiz será proferida dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento dos autos da autoridade policial (art. 536 do Código de Processo Penal).
§ 4°. A retardação injustificada, pura e simples, dos prazos indicados nos parágrafos anteriores, importa em crime de prevaricação (art. 319 do Código Penal).
Nota-se que tais crimes são de competência estadual, segundo súmula n° 498 do STF e súmula n° 38 do STJ.
Súmula n° 498 / STF - Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular.
Súmula n° 38 / STJ - Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.
Relatório
O art. 10, §1° do CPP estabelece que o inquérito deve ser encaminhado ao juiz, porém, para a doutrinae jurisprudência, ele é remetido ao MP.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1° A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
A luz do art. 19 do CPP, se a ação for privada, o inquérito será encaminhado ao juízo, porque inexiste arquivamento, e sim declaração judicial de extinção de punibilidade pela decadência ou renúncia.
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
Se o delegado de polícia federal pede prazo e o MP não se manifesta e o juiz verifica que há ilegalidade e poderá conceder HC de ofício (art. 654, §2° do CPP).
Art. 654, [...] § 2° - Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
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1.5 Arquivamento
O arquivamento significa a paralisação das investigações e somente ocorrerá nos crimes de ação penal pública.
Não será admitida queixa nos crimes de ação penal privada com fundamento em perícia, se decorridos 30 (trinta) dias da homologação do laudo (art.529 do CPP).
Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo.
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo.
A inércia do MP dará ensejo a ação penal privada subsidiária da pública, no prazo de 6 (seis) meses, segundo art. 29 do CPP c/c art. 5°, LIX da CRFB.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá- la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 5°, [...] LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
O pedido de arquivamento é sempre expresso e fundamentado, não existe arquivamento tácito.
O despacho de arquivamento não faz coisa julgada, ele é rebus sic stantibus.
Se o juiz não entender cabível o arquivamento deverá encaminha-lo a Câmara de Coordenação do MP em âmbito federal, observando o sistema acusatório (art. 28 do CPP).
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
O art. 17 assevera que a autoridade policial não poderá arquivar.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Observação: o arquivamento implícito é tese minoritária e rejeitada pelos Tribunais superiores. Ela está baseada na indivisibilidade da ação penal pública.
Exemplo: Os sujeitos A, B e C são investigados pelos fatos X e Y, mas na denúncia apenas A é acusado pelo fato X.
Se o juiz recebe esta denúncia, ele estaria arquivando de maneira tácita o fato Y e as pessoas B e C. Consequentemente, o MP não poderia aditar o inquérito em razão de fato novo, pelo princípio da indivisibilidade (art. 18 do CPP e súmula n° 524 do STF).
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Súmula N° 524 - Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Os tribunais superiores entendem que o princípio da indivisibilidade é exclusivo da ação privada, nos termos do art. 48 do CPP e todo arquivamento deve ser expresso.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
Cabimento de HC para trancar inquérito policial	2
Características do Inquérito Policial	3
Sigiloso	3
Escrito	6
Dispensável	6
Formas de Instauração do Inquérito Policial	9
Início do	Inquérito	10
Nos crimes de Ação Pública Incondicionada (art.5°, do CPP)	10
 Ação Pública Condicionada	12
 Ação Penal Privada	15
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Cabimento de HC para trancar inquérito policial
O habeas corpus tem como objetivo tutelar a liberdade de locomoção, ou seja, aquele que sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir (art.647, do CPP). O art.648, do CPP prevê as hipóteses de cabimento para impetração do HC, tratando-se de um rol exemplificativo. Para tal ação é exigido prova pré-constituída.
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
- quando não houver justa causa;
- quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
- quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
- quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
- quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
- quando o processo for manifestamente nulo;
- quando extinta a punibilidade.
A base normativa para a impetração do HC com a finalidade de trancar a ação penal é a falta de justa causa previsto no art.648, I, do CPP.
O fundamento de validade constitucional encontra-se no art.5°, LVXIII, da CRFB, e será concedido habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Em regra, não caberá HC para trancar inquérito policial. No entanto, o STF (HC 94835) possui o entendimento no sentido de que o inquérito policial representa um procedimentoinvestigatório do estado administrador no exercício de suas atribuições, e assim sendo, somente poderá ser trancado quando manifesta ilegalidade ou patente abuso de autoridade, como exemplo, flagrante forjado, pois também é uma denunciação caluniosa
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(dar causa a instauração de inquérito sabendo da inocência), e um abuso de poder quando praticado pela autoridade.
DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. NULIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL. INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. EXAME DE FATOS. HC DENEGADO.
A questão de direito argüida neste habeas corpus corresponde à possível nulidade do inquérito policial por suposta ausência de qualquer elemento que aponte o envolvimento do paciente com possíveis crimes.
A pretensão de avaliação do conjunto probatório produzido no curso do inquérito policial se revela inadmissível na via estreita do habeas corpus.
Somente é possível o trancamento de inquérito quando for evidente o constrangimento ilegal sofrido pelo paciente, não havendo qualquer dúvida acerca da atipicidade material ou formal da conduta, ou a respeito da ausência de justa causa para deflagração da ação penal.
A sociedade empresária, titularizada pelo paciente, atua no mesmo ramo das demais sociedades sob investigação, a saber, a prestação de serviços de publicidade virtual.
O inquérito policial representa procedimento investigatório, levado a efeito pelo Estado-administrador, no exercício de atribuições referentes à polícia judiciária e, assim, somente deve ser trancado quando for manifesta a ilegalidade ou patente o abuso de autoridade, o que não é a hipótese relacionada ao paciente.
Habeas corpus denegado.
Segundo o STJ no julgamento do RHC 14.076, o trancamento do inquérito quando possível, prima facie, mostra-se evidente a atipicidade do fato, inexistência de autoria ou alguma causa de extinção da punibilidade.
Em suma, o HC poderá trancar o inquérito dentro das hipóteses excepcionais narradas acima. De acordo com os tribunais superiores, em regra, não caberá HC para trancar uma vez que o Poder Judiciário não poderá paralisar o exercício regular da atividade policial e tão pouco subtrair do Ministério Público a opinium delicti.
A seguir a continuação da aula sobre as características do inquérito policial.
Características do Inquérito Policial
Sigiloso
De acordo com o art.20, do CPP, o inquérito policial é sigiloso, e há duas razões para tal fato, tais como: sucesso da investigação, ou seja, elucidação do fato, e para o interesse da sociedade com intuito de preservar as pessoas.
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Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação dada pela Lei n° 12.681, de 2012)
No entanto, o art.93, IX, da CRFB determina que todos os atos do processo serão públicos, exceto segredo de justiça. Esta é a regra da ação, é uma garantia do processo, prevalecendo o interesse público da informação.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004)
A publicidade dos atos processuais é requisito de validade. E, em homenagem ao princípio do contraditório, as decisões, assim como todos os atos processuais devem ser informadas as partes.
A publicação da sentença será em mãos do escrivão, que lavrará nos autos os respectivos termos, resgistrando-a em livro especialmente destinado a esse fim. Quando a sentença for em audiência será na mesma comunicada as partes.
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
Em contrapartida, os atos investigatórios independem da publicidade, da ciência do ofendido, suspeito ou do indiciado.
De acordo com a súmula vinculante n°14, do STF, "é direito do defensor no interesse de seu representado", primeiramente, o defensor terá que demonstrar que está representando alguém, respeitando o direito de ampla defesa do representado presente na fase de inquérito.
Súmula vinculante n°14, do STF:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
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A presença do advogado no inquérito não é obrigatória, porém possível obedecendo ao princípio da ampla defesa técnica.
O sigilo do inquérito não é oponível ao advogado constituído ou ao defensor público franqueado pelo amplo acesso as informações já documentadas em procedimento investigatório.
Se, por ventura, houver impedimento do advogado de acessar as informações já documentadas no procedimento investigatório haverá a caracterização do crime de abuso de autoridade conforme previsto na lei 4.898/65, em seu art.3°, alínea "j". Ou seja, o delegado não poderá obstar o acesso do defensor, pois a súmula vinculante é uma garantia de acesso, também servindo de parâmetro ao membro do Ministério Público.
Art. 3°. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei n° 6.657,de 05/06/79)
Todavia, se alguma investigação estiver pendente de diligência não será possível o amplo acesso, só poderá ser objeto de amplo acesso aquelas informações escrituradas, documentadas.
Cita-se o informativo 529, do STF, no julgamento do HC 94.387. Trata-se de um caso anterior a súmula vinculante, e chegou-se a conclusão que o amplo acesso a informação limita-se ao interesse do próprio interessado, e por sua vez não abrangendo terceiros que
	por sua vez queiram ter tal informação.
	
	
	
	HC
	N.
	
	94.387-RS
	RELATOR: MIN.
	
	RICARDO
	LEWANDOWSKI
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SÚMULA 691 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE. CARACTERIZAÇÃO. ACESSO DOS ACUSADOS A PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO SIGILOSO. POSSIBILIDADE SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA. PRERROGATIVA PROFISSIONAL DOS ADVOGADOS. ART. 7, XIV, DA LEI 8.906/94. ORDEM CONCEDIDA.
- O acesso aos autos de ações penais ou inquéritos policiais, ainda que classificados como sigilosos, por meio de seus defensores, configura direito dos investigados.
- A oponibilidade do sigilo ao defensor constituído tornaria sem efeito a garantia do
indiciado, abrigada no art. 5°, LXIII, da Constituição Federal, que lhe assegura a assistência	técnica	do	advogado.
- Ademais, o art. 7°, XIV, do Estatuto da OAB estabelece que o advogado tem, dentre outros, o direito de "examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findosou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos".
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- Caracterizada, no caso, a flagrante ilegalidade, que autoriza a superação da Súmula
691	do	Supremo	Tribunal	Federal.
- Ordem concedida.
Escrito
De acordo com art.9°, do CPP, o inquérito é formal, ou seja, escrito.
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Todavia, no Direito Penal e Direito Processual Penal a formalidade é uma garantia, todos os atos deverão ser documentados, pois é regido pelo princípio da escritura. Contudo, a ação penal é regida pela oralidade e sempre que possível o inquérito deverá registrar todos os atos da investigação. (art.405, do CPP)
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei n° 11.719, de 2008).
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. (Incluído pela Lei n° 11.719, de 2008).
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. (Incluído pela Lei n° 11.719, de 2008).
Dispensável
O inquérito não é obrigatório, uma vez que tem como finalidade colher elementos de autoria, e quando presentes os indícios de autoria e materialidade não necessitará da instauração do inquérito, sendo este dispensado. (Art.4°, do CPP)
Art. 4° A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei n° 9.043, de 9.5.1995)
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
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Dispensado o inquérito, o Ministério Público terá 15 dias para averiguar as peças de informação, ou requisitar a instauração do inquérito ou ainda oferecer a denúncia se presentes os indícios de autoria e materialidade. (art.39, §5°, do CPP)
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
O Ministério Público terá 15 dias, contados do recebimento das peças de informação, dispensado o inquérito, para oferecer a denúncia. (art.46, §1°, do CPP)
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, por escrito, nos casos em que caiba ação pública, sobre a autoria do crime, fato criminoso, indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Assim como nos casos de ação penal privada o inquérito também poderá ser dispensado se fornecidos todos os elementos de convicção. (art.27, do CPP)
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Segundo o STF, a captação da prova de forma direta pelo o ofendido é lícita.
No juizado especial, em regra, será utilizado o termo circunstanciado de ocorrência e dispensado o inquérito. No entanto, não há nenhuma proibição legal para instauração de inquérito no Juizado Especial. (art.77, §1°, da lei 9.099/95)
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
§ 1° Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se- á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
§ 2° Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
§ 3° Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Por tanto, quando houver complexidade dos fatos o juiz poderá encaminhar os autos ao juízo comum. (art.77, §2°, da lei 9.099/95)
Quando a infração penal deixar vestígios será indispensável o inquérito policial, pois é necessário o exame de corpo de delito direto ou indireto. No entanto, quando não for possível o exame de corpo de delito direto poderá ser suprido pelo exame indireto (testemunhal) quando do desaparecimento dos vestígios.
Atualmente, os valores das provas são ponderados no conjunto probatório para a formação da convicção do juiz. O sistema é do livre convencimento motivado (sistema liberatório) e não da prova tarifada, podendo ser rejeitado no todo ou em parte pelo juiz. (art.182, do CPP)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementaçãodo estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Formas de Instauração do Inquérito Policial
São três formas de cognição do inquérito policial, são elas:
Imediata ou Espontânea- A autoridade policial adquire conhecimento do fato diretamente das suas atividades rotineiras.
Mediata- Quando alguém provoca a ação da autoridade policial. Exemplo: requerimento do ofendido, representação, requisição ministerial ou do Ministro da Justiça.
Coercitiva- Será o caso auto de prisão em flagrante. (art.8° c/c art.304, §1°, do CPP)
O auto de prisão em flagrante fará as vias da portaria, conforme entendimento doutrinário.
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei n° 11.113, de 2005)
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei n° 11.113, de 2005)
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Início do Inquérito
Nos crimes de Ação Pública Incondicionada (art.5°, do CPP)
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
- de ofício;
- mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a narração do fato, com todas as circunstâncias;
a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
A primeira hipótese é a instauração de ofício, obedecendo ao princípio da obrigatoriedade. (inciso I)
O inciso II faz referência a requisição judicial, no entanto, o entendimento é no sentido pela não recepção deste dispositivo face ao sistema acusatório.
De acordo com o art.40, do CPP há a previsão da notícia criminis judiciária, quando os juízes ou tribunais perceberem a ocorrência do crime deverão encaminhar o elementos necessários para o oferecimento da denúncia ao Ministério Público.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
A segunda parte do inciso II, do art.5°, do CPP prevê a possibilidade de requisição ministerial, conforme art.129, VIII, da CRFB.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
A requisição ministerial possui natureza de ordem legal. No caso de requisição manifestamente ilegal, o delegado não a cumprirá fundamentando a sua ilegalidade.
Se o delegado não cumprir ordem legal, segundo o STF, estará este incorrendo em mera infração administrativa e não crime de desobediência.
Ainda há a possibilidade do requerimento do ofendido, ou seja, uma notícia criminis, com os seus requisitos no §1°, são eles: a narração do fato, com todas as circunstâncias; a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. Este requerimento será escrito, e quando oral será reduzido a termo.
O delegado poderá indeferir o requerimento do ofendido, e este poderá interpor um recurso administrativo ao chefe de polícia ou dirigir-se ao Ministério Público na forma do art.27, do CPP.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
O §3° do art.5°, do CPP encontra-se o instituto da delacio criminis, ou seja, é aquela notícia trazida por qualquer do povo, desde que não seja a vítima. Verificada a procedência das informações (VPI) o delegado instaurará o inquérito ou não.
A VPI é uma análise sumária das informações, é uma primeira movimentação para averiguar os elementos fornecidos com intuito de evitar o afoitamento do delegado.
Observação: Notícia criminis inqualificada ou apócrifa ou "denúncia anônima", caracteriza-se pela denúncia de crime sem identificação. A jurisprudência (STJ e STF) possui o entendimento de que o delegado poderá instaurar inquérito a partir da denúncia anônima desde que corroborado por outros elementos de convicção. Por tanto, a denúncia anônima por si só, isoladamente, não poderá lastrear o inquérito policial. (HC 84.827, do STF)
ANONIMATO - NOTÍCIA DE PRÁTICA CRIMINOSA - PERSECUÇÃO CRIMINAL - IMPROPRIEDADE. Não serve à persecução criminal notícia de prática criminosa sem identificação da autoria, consideradas a vedação constitucional do anonimato e a
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necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, de quem a implemente.
(STF - HC: 84827 TO , Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 07/08/2007, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-147 DIVULG 22-11-2007 PUBLIC 23-11-2007 DJ 23-11-2007 PP-00079 EMENT VOL-02300-03 PP-00435)
Ação Pública Condicionada
De acordo com o art.5°, §4°, do CPP há duas situações de ação pública condicionada, são elas: representação e a requisição do Ministro da Justiça.
A representação consiste em uma autorização para o início da persecussão penal, e não poderá ser iniciada semesta. A representação vinculará ao delegado.
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Exemplificando ação penal condicionada a representação é o art.147, do CP, ou seja, o crime de ameaça.
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
O Art.74 e 75, da lei 9.099/95 determina que uma vez não obtida a composição dos danos civis dará ao ofendido a oportunidade de representação, pois a composição é uma renúncia tácita. E o não oferecimento da representação na audiência não implicará em perda do direito, ficando sujeito ao prazo previsto no art.38, do CPP, ou seja, prazo de seis meses decadenciais, contados do dia da ciência de quem é autor do crime.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
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Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1° Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2° Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
- ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
- ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
- não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3° Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4° Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5° Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6° A imposição da sanção de que trata o § 4° deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Com base na representação, o Ministério Público oferecerá a denúncia ou a transação penal. (Art.76, da lei 9.099/95)
Observação: Na lei Maria da Penha não se aplica a lei 9.099/95, conforme o descrito no art.41, lei 11.340/06. De acordo com o art.16 da mesma lei, a renúncia só será admitida em audiência especial e depois de ouvido o Ministério Público. No entanto, o entendimento jurisprudencial é no sentido de que não há uma audiência obrigatória para confirmar a renúncia, e portanto, só será designada audiência especial se a mulher requerer dando vistas ao Ministério Público para verificação de ocorrência de algum vício.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
A retratação na lei Maria da Penha poderá ser feita até o recebimento, diferentemente de pessoa comum que se dará até o oferecimento da denúncia. (Art.25, do CPP)
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Por fim, a requisição do Ministro da Justiça será nas hipóteses de crimes contra honra do Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro. Trata-se de uma decisão administrativa e de natureza política.
O entendimento majoritário é no sentido de que a requisição é irretratável, por sua natureza política.
A requisição não vinculará ao Procurador geral da República, a quem é dirigida, e este instaurará o inquérito se houver elementos de convicção de autoria e materialidade do fato.
O Art.7°, §3°, do CP prevê hipótese de nacionalidade passiva no caso de extraterritorialidade. Para haver ação penal além de preencher os requisitos do §2° deverá haver a requisição do Ministro da Justiça.
Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei n° 7.209, de 1984)
§ 2° - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
§ 3° - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei n° 7.209, de 1984)
houve requisição do Ministro da Justiça.
No Direito Penal Militar existe previsão de crime contra segurança nacional com a requisição do Ministro da Defesa.
Ação Penal Privada
No §5°, do art.5°, do CPP o inquérito não poderá ser instaurado sem o requerimento de quem tem a qualidade para intentá-la, ou seja, o próprio ofendido ou seu representante.
No art.236, do CP é previsto o único caso de ação penal personalíssima e não poderá

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