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Ponto 13 - Processo Civil


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PONTO 13 - Direito Processual Civil: Embargos Infringentes. Recurso Ordinário. Recurso Especial. Recurso Extraordinário. Embargos de Divergência.
OBS: NÃO COLOQUEI UMA INTRODUÇÃO SOBRE TEORIA GERAL DOS RECURSOS POIS TAL TEMA SE ENCONTRA NO PONTO 12 DE PROCESSO CIVIL. DÚVIDAS CONSULTAR O PONTO 12.
	EMBARGOS INFRINGENTES	
	
Cabimento	
	
Nas decisões tomadas nos tribunais – normalmente por colegiado -, basta a maioria. No entanto, pode ocorrer que o voto vencido seja o mais ponderado. Por isso, permite-se a apreciação do voto vencido por um órgão maior, dentro do próprio tribunal, buscando fazê-lo preponderar, através dos embargos infringentes.
	A base dos embargos infringentes é, pois, a ausência de unanimidade. Além disso, seu uso é limitado à existência de divergência em julgamento de apelação ou ação rescisória (art. 530), embora seja também admissível em reexame necessário e recurso ordinário (art. 102 e 105 da CF). 	O STJ entende que não cabem embargos infringentes em caso de reexame necessário (súmula 390).
	O STJ vem também admitindo a oposição dos embargos infringentes em caso de decisão em sede de embargos de declaração, pois esta substitui a decisão recorrida: “a jurisprudência desta Corte, assim como também a doutrina, reconhecem a possibilidade de abrir a via infringente contra acórdão não unânime, em sede de embargos de declaração, tendo em vista que os aclaratários constituem em desdobramento do acórdão da apelação, incorporando-se a este, desde que a discordância seja caracterizada na ocorrência de omissão, contradição ou obscuridade” (RESP 465.763). Só não se aplicaria esse entendimento em caso de discussão nos embargos sobre multa para recurso protelatório (art. 538, parágrafo único).
	EMBARGOS INFRINGENTES – APELAÇÃO, AÇÃO RESCISÓRIA E RECURSO ORDINÁRIO. POSSÍVEL TAMBÉM EM CASO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO QUE SUBSTITUI AS DECISÕES PROFERIDAS EM SEDE DESSES RECURSOS
	Ademais, os embargos infringentes são cabíveis apenas em caso de julgamento de mérito. Portanto, serão admitidos os embargos infringentes apenas se o julgamento não unânime tiver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou se houver julgado procedente ação rescisória.
	EMBARGOS INFRINGENTES – DECISÃO DE MÉRITO
	Antes da Lei 10352/2001, que alterou o art. 530 do CPC, discutia-se o cabimento dos embargos infringentes em caso de agravo de instrumento cujo julgamento gera extinção do processo sem julgamento de mérito e em caso de agravo retido – por ser ele considerado preliminar do recurso de apelação. Diante do novo regime, no entanto, não é mais possível tal interposição, tendo em vista que se exige decisão de mérito, o que não ocorre no primeiro (extinção do processo) nem no segundo (no máximo, anulação da sentença) casos. Restaria apenas, para o autor, a hipótese de decisão no julgamento de agravo acerca de questões de mérito que acarretem extinção do processo (ex: prescrição ou decadência).
	Diante disso, Marinoni entende estar superada a Súmula 255 do STJ, que dizia que “cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido, quando se tratar de matéria de mérito”.
	A divergência dos votos deve ser avaliada com base nas conclusões, pouco importando seus fundamentos. Ainda que haja divergência de fundamentos, o julgamento será unânime, uma vez que todos os juízes concordam que o recorrente tem razão. Ex: cada um reforma a sentença por uma razão – prescrição da dívida, dívida não provada, a obrigação é nula – o julgamento de todos os magistrados é pelo acolhimento do recurso, razão pela qual a deliberação se dá por unanimidade de votos.
	Todavia, a conclusão deve ser examinada para cada uma das ações (pedidos) deduzidas. Assim, em caso de cumulação de pedidos, as conclusões de cada voto devem ser apuradas em separado para cada uma das ações propostas. É certo que o fundamento não será relevante, interessando apenas a conclusão, mas a conclusão há de ser pensada em relação ao julgamento de cada um dos pedidos propostos, o que pode suscitar dúvida quando a cumulação de ações apresentar o mesmo pedido, mas causas de pedir diversas.
	Situação: A propõe ação de despejo em face de B, baseando-se em três causas de pedir: i – infração contratual, ii – falta de pagamento de aluguel e iii – uso próprio. O despejo não é acolhido em primeiro grau, havendo apelação do autor. Ao julgar a apelação, o tribunal entende por decretar o despejo, mas cada um dos juízes participantes considera incabível o despejo por um dos fundamentos (X entende incabível o despejo por falta de pagamento; Y entende incabível por infração contratual; e W entende incabível o despejo por uso próprio).
	Nesse caso, seria perfeitamente possível o uso dos embargos infringentes porque a divergência verificada não é apenas no fundamento dos votos, mas sim no exame das ações cumuladas. O desembargados X conclui ser improcedente a ação de despejo por falta de pagamento, mas procedentes as demais; o desembargador Y conclui ser improcedente a ação de despejo por infração contratual, mas procedentes as demais; e o desembargador W conclui ser improcedente a ação de despejo para uso próprio, mas procedentes as demais. Existe, em relação a cada uma das ações, um voto vencido, subsidiando, por consequência, a interposição dos embargos infringentes.
	EMBARGOS INFRINGENTES – SE HOUVER VÁRIOS PEDIDOS, OU UM PEDIDO E VÁRIAS CAUSAS DE PEDIR, AINDA QUE AS CONCLUSÕES SEJAM IGUAIS, PODERÁ SER CABÍVEL A INTERPOSIÇÃO DO RECURSO
	Em caso de divergência parcial, os embargos só poderão tratar do objeto da divergência. Ex: juiz X entende que o valor devido é 500, e os outros entendem que é 1000. O acórdão é embargável, mas não poderá o tribunal reduzir a condenação para menos de 500.
	Outra situação: um condena a 1000, outro a 750 e outro a 500. Note que que a decisão foi, por maioria, condenar a 750, já que dentro dos 1000 há também 750. O acórdão será embargável tanto pelo autor – visando à ampliação do valor da condenação para 1000 – quanto pelo réu – buscando a diminuição para 500.
	DIVERGÊNCIA PARCIAL – EMBARGOS SÓ PODERÃO TRATAR DO OBJETO DA DIVERGÊNCIA. OU SEJA, A CONDENAÇÃO MÍNIMA PREVALECERÁ.
	Pela nova redação do art. 498 do CPC, se o acórdão contém parte julgada por maioria de votos e parte unânime, o prazo para interposição do RE/RESP em relação a esta fica sobrestado até a intimação do julgamento dos embargos infringentes. Caso estes não sejam opostos, o prazo para RE/RESP só começará a fluir após o esgotamento do prazo para a manifestação dos embargos infringentes, que representará o trânsito em julgado da parte do acórdão proferido por maioria de votos.
	Sobre este tema, há a Súmula 281 do STF (é inadmissível o RE quando couber, na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada) e a Súmula 207 do STJ (é inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem).
Voto-médio – DIDIER: “É possível ocorrer divergência entre todos os votantes, de forma que nenhum dos entendimentos seja majoritário. Diante da dispersão total dos votos, a conclusão do acórdão deve ser tirada à luz do voto médio ou da média dos votos. A utilização do voto médio para fixar o resultado do julgamento revela a existência de divergência entre os votos proferidos, autorizando a interposição de embargos infringentes, que ficam adstritos aos limites do dissenso”
	Os embargos infringentes não têm nada a ver com aqueles da Lei de Execuções Fiscais. Estes últimos comportam-se mais como pedido de reconsideração, dirigido ao próprio juiz da causa.
	Efeitos da interposição dos embargos infringentes
	
	Efeito devolutivo restrito: o campo da devolução fica limitado à extensão da divergência verificada no julgamento recorrido. Não se pode, pela via dos embargos infringentes, examinar temas fora do âmbito do dissenso verificado na decisão, salvo se a questão tratar de matéria de ordem pública, que compete ao tribunalconhecer de ofício em qualquer tempo ou grau de jurisdição (efeito translativo).
	Efeito devolutivo em profundidade: o efeito devolutivo restrito tem a ver com a extensão da matéria devolvida a julgamento, e não com sua profundidade. Assim, este opera normalmente, podendo o órgão competente lançar mão de fundamentos diversos dos empregados no voto vencido, com ampla argumentação.
	EMBARGOS INFRINGENTES – PODEM SER LANÇADOS FUNDAMENTOS DIVERSOS DOS EMPREGADOS NO VOTO VENCIDO. ARGUMENTAÇÃO AMPLA.
	A interposição dos embargos infringentes impede que a decisão recorrida gere efeitos (inclusive o de substituir a decisão anterior). Isso não quer dizer que há efeito suspensivo, e sim que se mantém a situação como era existente.
	EMBARGOS INFRINGENTES – MANTÉM A SITUAÇÃO COMO ERA EXISTENTE ANTES DA DECISÃO RECORRIDA
	Por isso, se a sentença podia ser executada “provisoriamente”, diante da ausência de efeito suspensivo da apelação (art. 520, por exemplo), essa execução “provisória” não é alterada em função dos embargos infringentes. Ainda que o julgamento do tribunal, por maioria, na ocasião da apelação, tenha entendido por reverter completamente o entendimento manifestado em primeiro grau, reformando totalmente a sentença, a execução provisória ainda pode prosseguir, já que o acórdão da apelação não operará efeito algum.
	Contudo, esse efeito da interposição dos embargos infringentes limita-se à parte do julgamento em que reside a divergência. Assim, se parte do acórdão foi decidida por unanimidade dos juízes e parte por maioria, a interposição dos embargos somente impede que esta última parcela da decisão impugnada gere efeitos. Quanto ao restante da decisão, pode ela perfeitamente operar efeitos imediatos (ainda que provisórios), sendo que o recurso cabível contra essa fração não tem efeito suspensivo (art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta Lei).
	EMBARGOS INFRINGENTES – IMPEDE QUE A DECISÃO RECORRIDA GERE EFEITOS – MANTÉM A SITUAÇÃO COMO ERA EXISTENTE – APENAS QUANTO À PARTE DO JULGAMENTO EM QUE RESIDE A DIVERGÊNCIA
	Procedimento dos embargos infringentes	
	- regimentos internos regulam processamento e julgamento;
	- prazo de 15 dias;
	- aplica-se o art. 498 (sobrestamento do prazo de RE/RESP em relação à parte unânime);
	- se não forem interpostos embargos infringentes em relação à parte não-unânime, obviamente não será cabível RE/RESP desta;
	- oferecidos os embargos, abre-se vista à parte contrária para contra-razões;
	- o relator pode ser o mesmo do recurso original, mas poderá haver novo relator, designado conforme o regimento interno, hipótese em que deverá recair a seleção sobre juiz que não participou do julgamento recorrido (art. 534);
	- contra a decisão de não recebimento cabe agravo, no prazo de 5 dias (art. 532), a ser processado na forma regimental e, se provido, obrigará ao julgamento do mérito dos embargos.
	STJ: É possível suspender processo executivo lastreado em título judicial que seja objeto de ação rescisória julgada procedente pelo STF e que se encontra pendente de apreciação de embargos infringentes. No caso, tratava-se de ação coletiva em defesa dos consumidores. Para o STJ, a ação rescisória do julgado revela nítido caráter prejudicial em relação ao cumprimento do aresto rescindendo, o que, por si só, na avaliação quantum satis do juízo, poderia conduzi-lo à suspensão por prejudicialidade da efetivação da decisão judicial (art. 265, I a III, do CPC). Portanto, inocorre error in procedendo na suspensão do cumprimento do título judicial, quando o mesmo restou rescindido por aresto do STF, no caso da mencionada associação, sujeito, apenas, ao julgamento dos embargos infringentes.
	STJ: Não cabem embargos infringentes contra acórdão que não examina o mérito da pretensão.
	STJ: A ausência de interposição de embargos infringentes contra acórdão proferido por maioria de votos configura o não-esgotamento da instância a quo, de modo a impedir o manejo do REsp, incidindo, na espécie, a Súm. n. 207-STJ (É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem).
	STJ: Os embargos infringentes obedecem aos mesmos requisitos de admissibilidade observados na teoria geral dos recursos, no que toca ao preparo.
	STJ: Os embargos infringentes têm seu efeito devolutivo limitado ao voto vencido na apelação, salvo quanto às matérias de ordem pública, como as condições da ação e a coisa julgada, que podem ser conhecidas de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição.
	STJ: Não cabem embargos infringentes em caso de remessa necessária. (virou súmula)
	STJ: O limite cognitivo dos embargos infringentes, nos termos do art. 530 do CPC, é a divergência estabelecida pelo voto vencido. Por isso, as razões dos embargos devem-se limitar à divergência. Mas, se as razões do recurso ultrapassarem a divergência do voto vencido, por si só, isso não deve ensejar seu não conhecimento, senão na parte que ultrapassa o voto vencido, isto é, devem ser conhecidos parcialmente para que se proceda ao julgamento da parte que se harmoniza com a divergência.
	STJ: A reforma quantitativa da resolução de mérito (alteração do quantum da multa por improbidade), ainda que parcial e por maioria, enseja cabimento de embargos infringentes. Porém, tendo em vista que os limites da devolução da matéria são aferidos a partir da diferença havida entre a conclusão dos votos vencedores e do vencido no julgamento da apelação ou da ação rescisória, a discussão deve limitar-se à conclusão da manifestação dissidente: a forma de aplicação da pena de multa.
Súmulas do STF sobre a matéria: 
293: São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão em matéria constitucional submetida ao plenário dos Tribunais.
368: Não há embargos infringentes no processo de reclamação. 
596: Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança, decidiu, por maioria de votos, a apelação. 
Súmulas do STJ sobre a matéria: 
88: São admissíveis Embargos Infringentes em processo falimentar. 
169: São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de segurança. 
255: Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido, quando se trata de matéria de mérito. 
OBS:O STJ, em recente informativo (498), admitiu embargos infringentes no caso de divergência apenas quanto aos honorários advocatícios, não o restringindo ao julgamento do mérito da apelação. Entendeu que a exigência legal se refere à sentença de mérito. 
	RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
	Faz as vezes de apelação (grosso modo). É dirigido, porém, aos Tribunais Superiores.
	Cabe ROC das decisões do STF em MS, HC, MI, decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão – incluídos nessa noção os casos em que o julgamento é de extinção do processo sem exame do mérito.
	ROC – DECISÕES DENEGATÓRIAS (INCLUSIVE SE HOUVER EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO – NO MS, HC, HD)
	Cabe ROC para o STJ nos casos de julgamento de MS, decididos em única instância pelos TRFs ou TJs, quando denegatória a decisão (ou extinção), bem como das causas, julgadas por juiz federal, envolvendo Estado estrangeiro ou organismo internacional de um lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no Brasil. Neste último caso, o ROC será cabível apenas em caso de sentença; em caso de decisão interlocutória, caberá agravo.
	ROC DO STJ (ESTADO ESTRANGEIRO X MUNICÍPIO OU PESSOA) – SÓ EM CASO DE SENTENÇA. EM CASO DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA, CABERÁ O AGRAVO.
	Efeitos da interposição do recurso ordinário	
	Assemelha-se à apelação. Há efeito devolutivo amplo, em extensão (limitada à impugnação) e em profundidade. Fatos novos podem ser alegados e opera-se o efeito translativo.
Efeitos:a) suspensivo; b) devolutivo: ao contrário do que ocorre no recurso e no recurso extraordinário, a devolução não se limita às questões de direito, mas abrange também as questões de fato; c) translativo.
	Observe-se, por outro lado, que a Súmula 405 do STF estabelece que “denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária”. Embora esta pareça não ser a solução adequada à hipótese, a jurisprudência dos tribunais superiores vem entendendo que a sentença ou o acórdão denegatório de MS permite a imediata cassação da liminar concedida anteriormente.
	Procedimento do recurso ordinário		
	- no juízo de origem, é o mesmo da apelação;
	- na instância superior, aplicam-se os regimentos internos do STF e do STJ;
	- em caso de recurso em MS contra decisão de TRF/TJ, deverá ser apresentado perante o relator em 15 dias (art. 33 da Lei 8038/90), com remessa posterior ao STJ;
	 - em caso de ROC contra decisão do STJ, sua interposição será feita perante o relator da decisão, que encaminhará os autos ao presidente do tribunal. Admitido o recurso, encaminham-se os autos ao STF;
	- em caso de não admissão do ROC, cabe agravo em 5 dias;
	- o ROC na hipótese de Estado estrangeiro/organismo x Município/pessoa, na origem o procedimento é o da apelação. No STJ, dar-se-á vista ao MP por 20 dias. Após, o relator pede dia de julgamento.
Outros aspectos: 
O recurso ordinário em causas internacionais faz às vezes da apelação, razão pela qual se admite o cabimento de embargos infringentes e de recurso adesivo.
O STF e o STJ não admitem a aplicação da “Teoria da Causa Madura” (art. 515, §3º, CPC) no âmbito do recurso ordinário! 
	RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL	
	Ao contrário dos demais recursos, não se prestam a exercer juízo sobre o mérito da decisão inquinada, isto é, não se reaprecia o caso posto ao crivo judicial. Suas finalidades são, respectivamente, assegurar que a CF e a lei federal sejam corretamente aplicadas e interpretadas por todos os tribunais.
	Por isso são chamados de recursos de fundamentação vinculada, uma vez que só permitem a discussão de certas situações, e, assim, possuem âmbito restrito, ligada ao direito, e não aos fatos. Caso contrário, não serão cabíveis. Ex: Súmula 280 do STF: por ofensa a direito local não cabe RE. Súmula 279 (STF) – para simples reexame de prova não cabe RE. Súmula 7 (STJ) – a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.
	RE/RESP – RECURSOS DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA
	A atuação do STF é de guarda da CF, ao passo que a do STJ é de guarda de lei federal frente aos tribunais de Justiça Comum; na justiça especial há tribunais superiores específicos (TST, STM, TSE).
	Uma diferença fundamental entre o RE e o RESP é que, segundo a CF, este só é cabível em caso de decisão de tribunal (art. 105, III), enquanto aquele pode ser interposto de decisão de qualquer juízo. Assim, das decisões de turmas recursais dos juizados especiais ou de juiz da execução fiscal cujo valor seja inferior a 50 OTN pode ser interposto RE, mas não RESP. Sobre isso, há a Súmula 640 do STF e a Súmula 203 do STJ. Marinoni critica essa diferenciação, propondo que, de lege ferenda, seria razoável uniformizar o cabimento destes recursos, não havendo sentido no tratamento díspar conferido a cada um deles.
	Ambos os recursos exigem o esgotamento das vias ordinárias. Nesse sentido, a Súmula 281 do STF prevê que “é inadmissível o RE, quando couber na justiça de origem recurso ordinário da decisão impugnada”, e a Súmula 207 do STJ estabelece que não se deve admitir o RESP quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem”. Como consequência disso, em caso de decisão com parte unânime e parte não unânime, como vimos, se não forem interpostos os embargos infringentes com relação à parte não unânime, não caberá o RE ou o RESP contra esta, sendo cabível apenas contra a parte unânime.
	Além disso, exige-se o prequestionamento. A questão constitucional ou legal suscitada já deve estar presente nos autos, tendo sido decidida pelo tribunal (ou juízo, no caso do RE) a quo. Tal requisito decorre da previsão constitucional de que essas causas tenham sido decididas na instância inferior.
	Para considerar prequestionada uma dada questão, ambos os tribunais exigem que ela tenha sido expressamente abordada pela decisão recorrida, sem ter sido necessária a menção expressa no RE/RESP do artigo violado. STJ e STF divergem, porém, em caso de embargos de declaração interpostos contra a decisão recorrida e recusa do tribunal em suprir a omissão alegada.
	É o seguinte: admite-se, para efeito de prequestionamento, a utilização dos embargos de declaração, de modo a provar a manifestação expressa do órgão a quo acerca da questão federal ou constitucional controvertida. Aliás, eles são necessários para provocar a interposição do RE/RESP, conforme as Súmulas 356 do STF (o ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de RE, por faltar o requisito do prequestionamento) e 98 do STJ (embargos de declaração, com notório propósito de prequestionamento, não têm caráter protelatório).
	Uma vez opostos os embargos, se o tribunal não se manifesta sobre a questão, há consequências diferentes em cada tribunal.
	Para o STJ, se o tribunal a quo entende não haver omissão, a parte poderá interpor RESP apenas para discutir a violação do art. 535 do CPC, ou seja, apenas para ver sanada a omissão. Somente depois do julgamento deste recurso, e do suprimento da omissão, é que poderá a parte levar ao STJ o tema que originariamente discutiria. É esse o entendimento esposado na Súmula 211: “Inadmissível RESP quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo”.
	Para o STF, ao contrário, é permitida a interposição do RE para discutir a matéria objeto dos embargos, ainda que o tribunal a quo os tenha rejeitado sob o fundamento da ausência da omissão. Tal entendimento busca atender ao princípio da razoabilidade, permitindo a discussão única do tema.
	RE - STF – BASTA OPOR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA HAVER O PREQUESTIONAMENTO
	RESP - STJ – É NECESSÁRIO QUE A DECISÃO RECORRIDA SUPRA A OMISSÃO AVENTADA
	Muitas vezes falta pressuposto recursal do RE/RESP não por causa de pressuposto específico, e sim por causa de pressuposto comum, como a legitimidade, o preparo e, sobretudo, o interesse recursal. Com relação ao interesse recursal, entende-se que, se a decisão recorrida baseia-se em dois fundamentos, e apenas em relação a um deles interpõe-se o recurso (RE ou RESP), sua solução nenhum benefício trará ao recorrente, uma vez que o outro fundamento da decisão subsistirá incólume. Sobre isso há as Súmulas 126 do STJ e 283 do STF:
	Súmula 126 (STJ): É inadmissível RESP quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta RE.
	Súmula 283 (STF): É inadmissível o RE, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.
	DECISÃO QUE POSSUI FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAL E LEGAL – DEVE HAVER INTERPOSIÇÃO DE RE/RESP, SOB PENA DE NÃO CONHECIMENTO (FALTA DE INTERESSE RECURSAL)
	“A repercussão geral das questões discutidas no caso” como pressuposto de admissibilidade do RE
	
	É mais um requisito de admissibilidade do RE. No passado, havia a chamada “argüição de relevância de questão federal” no regimento do STF, que gerava polêmica, pois as decisões eram secretas.
	A Lei 11.418/2006 tratou do tema, previsto no art. 102, § 3º da CF. Pressupõe a existência de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa (art. 543-A, § 1º). Em caso de recursoque impugne súmula ou jurisprudência dominante do tribunal, a repercussão está sempre presente.
	De qualquer forma, o conceito é aberto. Por isso, caberá ao STF, no caso concreto, delimitá-lo. O exame, a propósito, será do Supremo, e não do juízo a quo. Este só poderá fazê-lo em caso de repetição de entendimento consolidado do STF, aplicando-o.
Observações acerca do requisito da repercussão geral:
Finalidades:
1) Firmar o papel do STF como Corte Constitucional e não como órgão recursal;
2) Ensejar que o STF só analise questões relevantes para a ordem constitucional,cuja solução extrapole o interesse subjetivo das partes;
3) Fazer com que o STF decida uma única vez cada questão constitucional, não se
pronunciando em processos com idêntica matéria.
b) O texto constitucional prescreve que o conteúdo normativo do que seja “repercussão geral” deve ser delimitado por lei federal. A Lei Federal n. 11.418/2006 tratou de fazê-lo, esclarecendo em seu art. 4º que a exigência se aplica aos recursos interpostos a partir da data de sua vigência (03/05/07)
c) Conforme entendimento do STF: 
1) a exigência de repercussão geral é requisito de admissibilidade de todos os recursos extraordinários, inclusive em matéria penal; 2) exige-se a preliminar formal de repercussão geral, sob pena de não ser admitido o recurso extraordinário; 3) a verificação da existência da preliminar formal é de competência concorrente do Tribunal ou Turma recursal de origem e do STF; 4) a análise da repercussão geral é de competência exclusiva do STF; 5) toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível (art. 543-A, caput, CPC e art. 326 do Regimento Interno do STF).
Há hipótese de presunção absoluta de repercussão geral, sempre que o recurso impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal (art. 543-A, § 3º, CPC).
	
Para a recusa da repercussão geral, são necessários 2/3 dos votos do pleno. Permite-se, ainda, que a turma admita a repercussão geral pelo voto de 4 dos 5 membros (“regra dos quatro”, do direito norte-americano), evitando o envio ao Plenário.
	Admite-se a manifestação de terceiros no exame da repercussão geral. Eles deverão ser representados por procurador habilitado, o que indica, para Marinoni, que somente terceiros que possam (ainda que futuramente) levar ao conhecimento do STF questão idêntica à que está sendo examinada tenham legitimidade para serem ouvidos. Não caberia, assim, a consulta a especialistas, juristas ou outros.
	A decisão do STF acerca da repercussão geral servirá como precedente para futuros casos idênticos, permitindo o indeferimento liminar dos próximos recursos. Como a questão da repercussão geral poderá acarretar a existência de diversos casos idênticos, o juízo de origem deverá selecionar alguns feitos representativos, mantendo os demais em sua guarda. Não há muitos critérios estabelecidos no CPC (art. 543-B, §1ª) para a escolha dos feitos, quanto aos processos a serem escolhidos, quanto ao tribunal que vai encaminhá-los (pode haver vários RE em vários tribunais), quanto à quantidade etc.
	Negada a existência da repercussão geral, cumprirá ao tribunal de origem negar seguimento aos REs que estavam represados (art. 543-B, §2º), de forma automática, independentemente de novo despacho, bastando a simples juntada da súmula produzida pelo STF (art. 543-A, § 7º). 
Se o STF concluir pela existência da repercussão, os processos continuarão na origem, aguardando o julgamento. Após este, caberá aos tribunais locais apreciar, por si, tais recursos, podendo declará-los prejudicados (quando a deliberação do STF tenha sido no sentido da decisão recorrida) ou retratar-se, proferindo nova decisão (deliberação contrária). Se o juízo a quo insistir na sua decisão, contrariando a orientação do STF, deverá o RE ser admitido e encaminhado ao Supremo, que poderá liminarmente cassar ou reformar o acórdão contrário à sua opinião antes lançada (art. 543-B, § 4º).
	Efeitos do RE/RESP
	Não há efeito suspensivo, e sim apenas o devolutivo. Contudo, vem sendo admitida a utilização de ações cautelares para dar efeito suspensivo a RE ou RESP, de modo a evitar gravo dano irreparável ou de difícil reparação, ou ainda para suspender efeitos das decisões impugnadas.
	Efeito devolutivo: é restrito à matéria constitucional ou legal de competência do respectivo tribunal. Não se devolve o exame de questões de fato.
	Não há efeito translativo. As questões de ordem pública só podem ser examinadas se houverem sido prequestionadas no julgamento recorrido. 
O STJ, porém, vem consolidando o entendimento de que é possível a atribuição de efeito translativo ao RESP, desde que este tenha sido admitido por outro fundamento (RESP 814885). Assim, recebido o RESP por algum motivo, poderia haver conhecimento de ofício de matéria de ordem pública:
	“Até mesmo as questões de ordem pública, passíveis de conhecimento ex officio (...), não podem ser analisadas no âmbito do RESP se ausente o requisito do prequestionamento. Excepciona-se a regra se o recurso especial ensejar conhecimento por outros fundamentos, ante o efeito translativo dos recursos, que tem aplicação, mesmo que de forma temperada, na instância especial. (...) Sendo a alegação de julgamento extra petita matéria de ordem pública e conhecido o recurso por outro fundamento, deve a questão ser conhecida e apreciada, em razão do efeito translativo do RESP”.
	EFEITO TRANSLATIVO – DEPENDE DO PREQUESTIONAMENTO. MAS O STJ VEM TEMPERANDO O ENTENDIMENTO, SE HOUVER CONHECIMENTO DO RESP POR OUTRO MOTIVO
	Os RE e RESP retidos	
	
O normal é a devolução imediata desses recursos. Porém, poderá ser retida na hipótese do art. 542, § 3º – quando interpostos contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução.
Art. 542, § 3º, do CPC: No STJ, tem prevalecido a posição no sentido de que a ação cautelar é o instrumento cabível para destravar o recurso extraordinário retido.
 
No STF, entende-se que a reclamação é o instrumento cabível para destravar o recurso extraordinário retido, mas tem também admitido para tal desiderato a medida cautelar. 
	Repare que o RE/RESP deve ter sido interposto contra decisão interlocutória. Se, por exemplo, houver ocorrido decisão que extingue o processo, ainda que em sede de agravo de instrumento, o recurso não será retido, e sim terá subida imediata. Por outro lado, pode ocorrer que, em sede de apelação contra sentença que extinguiu o processo, o acórdão determine o prosseguimento do processo. Nesta hipótese, terá havido decisão interlocutória, devendo o RE/RESP ser retido.
	RE/RESP RETIDOS – EM CASO DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. SE HOUVER EXTINÇÃO DO PROCESSO (AINDA QUE EM JULGAMENTO DE AGRAVO), O RECURSO TERÁ SUBIDA IMEDIATA
	Contudo, não se aplica tal disposição em caso de decisão que, ainda que não ponha fim ao processo, determine a prática de ato que possa causar dano grave, ou mesmo negar a concessão de providência capaz de impedir que dano de igual natureza seja gerado. Nesse caso, o recurso também terá subida imediata. Ex: decisão acerca de competência – postergar o julgamento poderia acarretar uma eventual anulação de todos os atos lá na frente, prejudicando ambas as partes. Como diz o STF, a previsão do art. 542, § 3º deve ser aplicada cum grano salis (com ponderação), de modo a evitar situações absurdas, causadoras de grave dano à parte ou à função jurisdicional.
	DANO GRAVE – O RE/RESP (ART. 542, §3º) PODERÁ TER SUBIDA IMEDIATA. EX: DECISÃO ACERCA DE COMPETÊNCIA
	O recurso retido assim fica até o final do processo, e somente será processado se o reiterar a parte quando da interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões. Assim, presta-se esse recurso apenas a evitar a preclusão.
	
	Procedimento na instância inferior
	
	- prazo de 15 dias para interposição de ambos;
	- em caso de possibilidade de embargos infringentes, o prazo quanto à parte unânime só começaa correr após o julgamento dos embargos ou, em caso de não interposição destes, após a fluência do seu prazo (art. 498 do CPC);
	- interposição perante o presidente ou vice-presidente do tribunal. No caso de juiz singular (RE), perante este;
	- RESP com base em divergência jurisprudencial: apresentar prova da divergência, admitindo-se mídia eletrônica ou a reprodução de julgado disponível na Internet, com indicação de fonte. A citação do DJ não é meio hábil, segundo o STJ, pois não contém todo o julgado;
	- o STF permite o uso do protocolo descentralizado; o STJ não a permitia, por força da Súmula 256 (“O sistema de protocolo integrado não se aplica aos recursos dirigidos ao STJ”). Em 2008, contudo, esta súmula foi cancelada, tendo em vista a nova redação de dispositivos do CPC, passando a ser admitido no STJ o protocolo descentralizado;
	- em caso de interposição de ambos, os autos serão encaminhados ao STJ. O relator poderá entender que a questão do RE é prejudicial ao do RESP, quando deverá remeter os autos ao STF. O relator no STF poderá entender que o RESP deverá ser julgado primeiro, quando deverá devolver os autos. Todas essas decisões monocráticas são irrecorríveis;
	- Em caso de não admissão do RE/RESP pelo tribunal de origem, cabe agravo de instrumento (art. 544). A propósito, o novo art. 475-O prevê que, na pendência deste agravo de instrumento, a execução provisória que se faça da decisão recorrida dispensa caução para a prática de atos que possam importar prejuízo ao executado, excetuada a hipótese em que esta dispensa possa resultar em manifesto risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação, a critério do juiz da execução;
	- da decisão que não admite o agravo de instrumento, cabe agravo regimental;
	- o agravo do art. 544 será analisado primeiramente pelo juízo a quo;
	- admitido o recurso, em decisão proferida no agravo, pode o relator (já no tribunal superior), se o agravo estiver satisfatoriamente instruído (com todas as peças necessárias), ao invés de fazer subir o RE ou o RESP, converter o agravo no recurso específico cuja admissibilidade estaria sendo feita, determinando seu seguimento como se o agravo fosse um RESP ou um RE, observando-se então o procedimento respectivo a esse tipo de recurso (art. 544, § 3º).
	- o juízo de admissibilidade positivo, feito pelo tribunal a quo, é provisório. Assim, STF/STJ podem contrariar tal decisão, negando seguimento ao recurso anteriormente admitido.
	- da mesma forma, se há admissão parcial na origem, o STF/STJ poderá, ainda assim, admitir o recurso totalmente. Nesse sentido, a Súmula 292 do STF (“a admissão apenas por um deles não prejudica o conhecimento por qualquer dos outros) e a Súmula 528 do mesmo tribunal (“Se a decisão contiver partes autônomas, a admissão parcial, pelo Presidente do Tribunal a quo, de RE que, sobre qualquer delas se manifestar, não limitará a apreciação de todas pelo STF, independentemente de interposição de agravo de instrumento”).
	Procedimento no STF e no STJ	
	É, em regra, o mesmo procedimento dos demais recursos.
Súmulas do STF sobre a matéria:
233: Salvo em caso de divergencia qualificada (Lei 623, de 1949), nao cabe recurso de embargos contra decisao que nega provimento a agravo ou nao conhece de recurso extraordinario, ainda que por maioria de votos.
279: Para simples reexame de prova nao cabe recurso extraordinario.
280: Por ofensa a direito local nao cabe recurso extraordinario.
281: E inadmissivel o recurso extraordinario, quando couber, na justica de origem, recurso ordinario da decisao impugnada.
282: E inadmissivel o recurso extraordinario, quando nao ventilada, na decisao recorrida, a questao federal suscitada.
283: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.
284: E inadmissivel o recurso extraordinario, quando a deficiencia na sua fundamentacao nao permitir a exata compreensao da controversia.
287: Nega-se provimento do agravo quando a deficiencia na sua fundamentacao, ou na do recurso extraordinario, nao permitir a exata compreensao da controversia.
288: Nega-se provimento a agravo para subida de recurso extraordinario, quando faltar no traslado o despacho agravado, a decisao recorrida, a peticao de recurso extraordinario ou qualquer peca essencial a compreensao da controversia.
289: O provimento do agravo, por uma das turmas do Supremo Tribunal Federal, ainda que sem ressalva, nao prejudica a questao do cabimento do recurso extraordinario.
292: Interposto o recurso extraordinario por mais de um dos fundamentos indicados no Art. 101, III, da Constituicao, a admissao apenas por um deles nao prejudica o seu conhecimento por qualquer dos outros. (A referencia nao e a Constituicao de 1988).
296: São inadmissíveis embargos infringentes sobre matéria não ventilada, pela turma, no julgamento do recurso extraordinário.
299: O recurso ordinario e o extraordinario interpostos no mesmo processo de mandado de seguranca, ou de "habeas-corpus", serao julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno.
355: Em caso de embargos infringentes parciais, e tardio o recurso extraordinário interposto apos o julgamento dos embargos, quanto a parte da decisao embargada que não fora por eles abrangida. OBS: com a nova redacao do art. 498 do CPC, o enunciado em questao (bem como o 354) perdeu sentido (revogacao), pois o recurso extraordinario so sera interposto apos o julgamento dos embargos infringentes.
356: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
389: Salvo limite legal, a fixacao de honorarios de advogado, em complemento da condenacao, depende das circunstancias da causa, nao dando lugar a recurso extraordinario.
454: Simples interpretacao de clausulas contratuais nao da lugar a recurso extraordinario.
456: O Supremo Tribunal Federal, conhecendo do recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando o direito à espécie.
513: A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.
528: Se a decisao contiver partes autonomas, a admissao parcial, pelo presidente do tribunal "a quo", de recurso extraordinario que, sobre qualquer delas se manifestar, nao limitara a apreciacao de todas pelo Supremo Tribunal Federal, independentemente de interposicao de agravo de instrumento.
598: Nos embargos de divergencia nao servem como padrao de discordancia os mesmos paradigmas invocados para demonstra-la, mas repelidos como nao dissidentes no julgamento do recurso extraordinario.
602: Nas causas criminais, o prazo de interposição de recurso extraordinário é de 10 (dez) dias.
634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem.
635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.
636: Nao cabe recurso extraordinario por contrariedade ao principio constitucional da legalidade, quando a sua verificacao pressuponha rever a interpretacao dada a normas infraconstitucionais pela decisao recorrida.
637: Nao cabe recurso extraordinario contra acordao de Tribunal de Justica que defere pedido de intervencao estadual em Municipio.
638: A controvérsia sobre a incidência, ou não, de correção monetária em operações de crédito rural é de natureza infraconstitucional, não viabilizando recurso extraordinário.
639: Aplica-se a Sumula 288 quando nao constarem do traslado do agravo de instrumento as copias das pecas necessarias a verificacao da tempestividade dorecurso extraordinario nao admitido pela decisao agravada.
640: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
727: Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados especiais.
728: E de tres dias o prazo para a interposicao de recurso extraordinario contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicacao do acordao, na propria sessao de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei 6.055/74, que nao foi revogado
pela Lei 8.950/94.
733: Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios.
735: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.
ESPECIFICIDADES DO RECURSO ESPECIAL – STJ
Finalidade: uniformizacao da aplicacao da legislacao federal.
Hipóteses de cabimento: Nos termos do art. 105, III, da CF/88, cabe ao STJ julgar, por meio de recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais e pelos Tribunais de Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios, quando a decisao recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Em relacao a hipotese de cabimento previsto na letra c, e incabível o recurso especial se a divergência se der entre órgãos do mesmo tribunal (súmula 13 do STJ). Exige-se, pois, que a decisao seja proferia por Tribunal. Por esse motivo e que nao se admite o recurso especial contra decisao proferida pelas turmas recursais dos Juizados Especiais ou de decisoes proferidas pelo juiz singular nos embargos infringentes previsto na Lei de Execucoes Fiscais (lei n. 6.830/80). Nesse sentido, a sumula 203 do STJ (Nao cabe recurso especial contra decisao proferida por orgao de segundo grau dos Juizados Especiais).
No recurso especial, não se exige a demonstração do requisito da “repercussão geral”, que e restrito ao recurso extraordinário.
Existe, para o Recurso Especial, o julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, previsto no art. 543-C do CPC, que possui uma disciplina semelhante a da repercussao geral. Convem ponderar que, neste tocante, haja vista a finalidade de
racionalizacao do servico judiciario, o STJ só tem admitido a desistência de recursos escolhidos como representativos de controvérsia se não houver má-fé ou se ausente o interesse público na uniformização da jurisprudência. Por todos: REsp 689439/PR, DJe 04.03.2010.
Súmulas do STJ sobre a matéria:
005: A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial.
007: A pretensao de simples reexame de prova nao enseja recurso especial.
013: A divergencia entre julgados do mesmo Tribunal nao enseja recurso especial.
083: Nao se conhece do recurso especial pela divergencia, quando a orientacao do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisao recorrida.
086: Cabe recurso especial contra acórdão proferido no julgamento de agravo de instrumento.
123: A decisao que admite, ou nao, o recurso especial, deve ser fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais e constitucionais.
126: É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só,
para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
187: E deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justica, quando o recorrente nao recolhe, na origem, a importancia das despesas de remessa e retorno dos autos.
203: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.
207: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.
211: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal "a quo".
216: A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justica e aferida pelo registro no protocolo da Secretaria e nao pela data da entrega na agencia do correio.
315: Nao cabem embargos de divergencia no ambito do agravo de instrumento que não admite recurso especial.
316: Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental, decide recurso especial.
320: A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito de prequestionamento.
	EMBARGOS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
	Embargos de declaração	
	Nenhuma peculiaridade existe, praticamente. Os únicos problemas estão na redação antiga dos regimentos, que prevêem os embargos para o caso de “dúvida” quanto à decisão, suspensão, e não interrupção dos prazos, mas isso deve ser afastado por conta da redação atual do CPC.
	A única questão interessante diz respeito à possibilidade de embargos de declaração em face de decisão monocrática de Ministro. Para o STF, não são cabíveis os embargos neste caso, devendo ser recebidos como agravo interno ou regimental. Para o STJ, porém, é possível tal interposição, pois embargos são cabíveis contra qualquer decisão judicial.
	EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM DECISÃO MONOCRÁTICA – PARA O STF, NÃO É POSSÍVEL A INTERPOSIÇÃO, DEVENDO UTILIZAR-SE O AGRAVO; PARA O STJ, É POSSÍVEL SIM.
	Embargos infringentes	
	Mesmo procedimento do CPC. Cabíveis apenas em caso de julgamento não unânime que reforma, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou que julga procedente a ação rescisória. No STF, o prazo de contra-razões é de 10 dias, o que é criticado por violar a isonomia. Além disso, o preparo só é efeito após a admissão do recurso.
	Embargos de divergência	
	Somente são admissíveis perante o STF e perante o STJ. Prestam-se a superar divergência interna quanto à interpretação da regra constitucional ou da lei federal discutida, em RESP ou em RE. 
Conceito: recurso cabível nos recursos especial e extraordinário, quando o julgamento da turma divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial (no STJ), ou quando o julgamento da turma divergir de outra turma ou do plenário (STF).
	Sua finalidade é uniformizar o entendimento sobre a lei federal ou a CF dentro do próprio tribunal superior. Devem ser interpostos no prazo de 15 dias, devendo ser demonstrada a divergência, não servindo para tanto acórdão que já fora invocado anteriormente, mas que repelido como não dissidente no julgamento do RE. Além disso, não são cabíveis os embargos se a jurisprudência do tribunal superior se houver firmado no sentido da decisão impugnada, salvo revisão desse entendimento (arts. 331 e 332 do regimento).
	No mesmo sentido, a Súmula 598 do STF prevê que “nos embargos de divergência não servem como padrão de discordância os mesmos paradigmas invocados para demonstrá-la mas repelidos como não dissidentes no julgamento do RE”. Da mesma forma, a Súmula 168 do STJ estipula que “não cabem embargos de divergência quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado”. Necessário mencionar também a Súmula 158 do STJ, segundo a qual “não se presta a justificar embargos de divergência o dissídio com acórdão de turma ou seção que não mais tenha competência para a matéria neles versada”.
	Além disso, há dois pontos importantes:
	i – possibilidade de interposição dos embargos de divergência em face de decisão monocrática	
	Ambos (STJ e STF) entendem que não são admissíveis os embargos neste caso, inclusive quando a decisão monocrática for o paradigma.
	EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA – NÃO SÃO ADMITIDOS (EMNENHUMA DAS CORTES – STJ OU STF)
	Ii – possibilidade de interposição de embargos em face de acórdão que julga o agravo dos arts. 545 e 557, § 1º (“agravo interno” ou “agravo regimental”)
	Para o STF, não eram cabíveis. Sobre isso, havia a súmula 599: são incabíveis embargos de divergência de decisão de turma em agravo regimental. Mas agora essa súmula foi cancelada, tendo em vista os maiores poderes do relator para decidir o RE, o que implica o seu julgamento e a subsequente interposição de agravo regimental.
	Para o STJ, é possível a interposição de embargos de divergência na hipótese em que, por ocasião da decisão do agravo regimental, há julgamento do mérito do RESP. Não cabem, por sua vez, os embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento que não admite o RESP. Nesse sentido, há as súmulas 315 e 316:
	Súmula 315 (STJ): Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento que não admite RESP.
	Súmula 316 (STJ): Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental, decide RESP.
	EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRA DECISÃO EM AGRAVO REGIMENTAL – PARA O STF, NÃO ERAM CABÍVEIS, MAS AGORA SÃO; PARA O STJ, SÃO CABÍVEIS (DESDE QUE O AGRAVO TENHA JULGADO O RESP)
	STF
	STJ
	Embargos de declaração contra decisão monocrática: não são admitidos (devem ser recebidos como agravo regimental)
	Embargos de declaração contra decisão monocrática: são admitidos
	Embargos de divergência contra decisão monocrática: não são admitidos
	Embargos de divergência contra decisão monocrática: não são admitidos
	Embargos de divergência contra decisão proferida em agravo regimental: AGORA são admitidos
	Embargos de divergência contra decisão proferida em agravo regimental: são admitidos, se o agravo julgar o RESP.
	
	Não cabem embargos de divergência contra decisão proferida em agravo de instrumento que não admite RESP (art. 544)
	Já caiu no MPF: Não cabem embargos de divergência contra acórdão do STJ que, ao julgar agravo de instrumento que não admite RESP, confere à lei interpretação diferente da que lhe haja dado outra turma do mesmo tribunal.
Efeitos: so devolutivo. Segundo o disposto no art. 266, § 2o, do Regimento Interno do STJ, os embargos de divergencia nao terao efeito suspensivo.
Este recurso não exige ausência de unanimidade. Ainda que decisão tenha sido unânime, caberão os embargos se divergir de decisao ja proferida por outro orgao do tribunal. Outros aspectos:
Divergência atual (STJ, 168);
A divergência pode ser quanto ao mérito ou quanto à admissibilidade;
c) Somente acórdão serve como paradigma (nao decisao monocratica de relator);
Súmulas sobre o tema:
STJ 158: Não se presta a justificar embargos de divergência o dissídio com acórdão de Turma ou Seção que não mais tenha competência para a matéria neles versada.
STJ 168: Nao cabem embargos de divergencia, quando a jurisprudencia do tribunal se firmou no mesmo sentido do acordao embargado.
STJ 315: Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento que não admite recurso especial.
STJ 316: Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo
regimental, decide recurso especial.
STF 598: Nos embargos de divergencia nao servem como padrao de discordancia os mesmos paradigmas invocados para demonstra-la, mas repelidos como nao dissidentes no julgamento do recurso extraordinario.
STF 599: Sao incabiveis embargos de divergencia de decisao de turma, em agravo regimental.
Sumula 420: Incabivel, em embargos de divergencia, discutir o valor de indenizacao por danos morais.
Embargos de divergência (divergencia em REsp e RE, entre orgaos julgadores distintos) ≠
Embargos infringentes (divergencia em provimento de apelacao contra sentenca de merito, ou rescisoria procedente, entre juizes do mesmo orgao julgador) 
≠ Incidente de uniformização da jurisprudência (nao e recurso)
É possível o conhecimento de embargos de divergência na hipótese em que exista dissídio entre órgãos do STJ acerca da interpretação de regra de direito processual, ainda que não haja semelhança entre os fatos da causa tratada no acórdão embargado e os analisados no acórdão tido como paradigma. Precedente citado: EREsp 422.778-SP, Segunda Secao, DJe 21/6/2012. EAREsp 25.641-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/6/2013. (Informativo 523 do STJ).
EMBARGOS INFRINGENTES DE ALÇADA (art. 34 da Lei n. 6.830/80 - LEF)
Conceito: recurso cabível contra sentenças de primeira instância proferidas em execução fiscais de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações do Tesouro Nacional – OTN.
Outros aspectos:
Considerar-se-a o valor da divida monetariamente atualizado e acrescido de multa e
juros de mora e demais encargos legais, na data da distribuicao.
Os embargos infringentes, instruidos, ou nao, com documentos novos, serao deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo juizo, em peticao fundamentada.
Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serao os autos conclusos ao juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitara ou reformara a sentenca (possível o juízo de retratação).
Da decisão proferida cabe recurso extraordinário para o STF, desde que presente os seus pressupostos de cabimento (art. 102, III. CF), alem da repercussao geral (nao cabe o recurso especial, o qual exige que a decisao recorrida seja de tribunal).