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Livro Modelo Ludico- Cap. Modelo Ludico e os Pais

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Dois fatores parecem cruciais para assegurar uma interação pais-profissionais eficaz: a comunicação e o respeito.
 Schulz, 1985
 
Tornar-se Pai de uma Criança que Apresenta Deficiência
 
	Tornar-se pai de uma criança diferente das outras é uma grande transformação na vida, é enfrentar uma situação para a qual ninguém está preparado. É também viver sentimentos complexos e intensos: a raiva, a tristeza, o abandono, a onipotência e a frustação.
	É ficar de luto da criança que se esperava.
	Esses sentimentos vividos no momento do nascimento podem reaparecer nas diversas etapas do desenvolvimento da criança.
	Com o tempo os pais aprendem a descobrir o filho, a amar e se familiarizar com a deficiência.
	O fato de o filho apresentar uma deficiência leva também os pais a conhecer ambientes que eles nunca desejariam ter tido a oportunidade de frequentar: o da reabilitação e o da educação especial.
	Mesmo que a situação seja angustiante para os pais, parece que o estresse afeta sempre mais a mãe que o pai.
	Diante dos pais, devemos mostrar grande humildade profissional. Evitar julgamentos apressados sobre o modo de agir de alguns pais, tentar compreender sua situação e lhes fornecer pistas capazes de ajudá-los.
Depoimento das Mães
Percebe-se na pesquisa(anexo 1) que, em alguns casos, todo o lugar é deixado aos profissionais da reabilitação ou ocupado por eles.
Outras subestimam o valor das atividades que não fora, sugeridas por esses profissionais.
Enquanto era fácil para as mães explicarem o que seus filhos gostavam de fazer, tinham mais dificuldade em delimitar o que elas mais gostavam de fazer com os filhos. Isso talvez indique que elas não tenham conseguido instaurar uma interação como o filho que lhes satisfaça realmente, que elas não tenham conseguido descobrir seu lado de prazer nessa interação.
Os profissionais que os pais precisam consultar não parecem ter disponibilidade suficiente, nem responder suas expectativas.
Segundo Kazak (1987), a insatisfação dos pais pode ser atribuida ao fato de que o profissional concentra sua intervenção na criança e negligencia as necessidades da famílias. Parece oportuno reconsiderar o trabalho com os pais para dar conta do contexto familiar e disponibilizar uma intervenção que seja centrada nas necessidades da família.
Antes de intervir no Modelo Lúdico, consideremos primeiramente os papéis e dos terapeutas face á criança.
Papeis Distintos e Complementares dos Pais e dos Terapeutas
Evitar considerar a criança com deficiência física somente do ponto de vista das suas limitações e de fazer de sua vida, e de sua família, um cotidiano “terapêutico”.
Condição física particular = necessidades particulares.
Papeis Complementares.
Modelo Lúdico na Vida Cotidiana
		O papel do terapeuta ocupacional pode ser resumido da seguinte maneira:
Facilitar a vida cotidiana da criança e o planejamento dos cuidados.
Ajudar os pais a ter com o filho uma interação satisfatória para as duas partes.
Ajudar os pais a favorecer, na criança, o acesso ao mundo que está à sua volta e acompanhá-lo em suas descobertas, permitindo - se reconhecer as novas facetas de seu filho.
A tarefa dos pais não é o prolongamento da tarefa dos terapeutas, ela é distinta, mas igualmente importante.
 Dentre as atividades que você deve fazer com seu filho, quais são as difíceis e desagradáveis para você ou para ele?
Nesse sentido o que mais é encontrado são as atividades relacionadas aos cuidados pessoais das crianças.
Nessa questão o Terapeuta Ocupacional entra para facilitar esse processo, tanto em relação a mãe quanto trabalhar uma maior autonomia para a criança.
Dentre as atividades que você gosta de fazer com seu filho, a quais eles reagem bem?
Essas atividades são tão apreciadas pelos pais quanto pelos filhos, os profissionais devem levar os pais a reconhecer a importância dessas atividades no cotidiano, e a conservá-las preciosamente.
Dentre as atividades que as outras crianças praticam, quais são as que você gostaria de oferecer a seu filho?
Concentrando constantemente nossas energias e as dos pais nas dificuldades do filho, conduzimos os pais a se ater somente às limitações da criança; restringimos assim, suas experiências. Fazendo tal pergunta, abrimos a porta para a iniciativa, para os interesses e para a imaginação dos pais.
 Oferecer meios para simplificar a execução de atividades cotidianas (posicionamento, adaptações no banho, vestuário, locomoção...)evitando problemas na coluna.
 “orquestrar” os pais no planejamento, organização, procura de equilíbrio, a antecipação e a capacidade de dar um sentido para as atividades.
Favorecendo na conservação de energia e recuperação do tempo.
Criar uma lista de tarefas, anotar as questões para discussão, combinar atividades ao mesmo tempo.
Conhecimentos e Competências Específicas do TO no serviço com pais
Ajudar os pais na vida cotidiana
 Organizar o ambiente, utilizar um carrinho para transporte, banco para apoio do pé.
Se possível:
-----realizar atividades sentado.
-----pegar a criança com o quadril e não com braços e costas.
-----pegar objetos com as duas mãos .
-----empurrar ao invés de levantar a mobília.
O Terapeuta acompanhando o cotidiano encontrará mais sugestões para ajudar os pais nas atividades.
Favorecer uma Interação Pais-Filhos Mutuamente Satisfatória
“O fato de discutir com eles efeitos da deficiência sobre o desenvolvimento e comportamento da criança pode assegurá-los de suas competências de pais.
Dividir com os pais nosso conhecimento sobre o desenvolvimento sensorial da crianças lhes permitirá compreender a importância das atividades cotidianas mais simples que a levam a olhar, escutar, tocar, cheirar e mexer-se, e de reconhecer seus efeitos sobre o desenvolvimento da criança.”
“Sensibilizar os pais para o desenvolvimento global da criança, fazendo aparecer seu comportamento nas esferas diferentes daquelas ligadas às suas limitações, ajudará os pais a olhar o filho com outros olhos, e talvez, a descobrir nele forças desconhecidas.
A atitude lúdica pode também enriquecer as relações entre os pais e a criança. Abordar as tarefas cotidianas com humor, um pouco de loucura na rotina, tudo isso pode mudar a cor do dia e tornar o contato com a criança mais sereno e mais agradável.”
Ajudar pais e filhos a fazer descobertas juntos
Se ajudarmos os pais a descobrir seu filho, a compreender que apesar das limitações, ele pode ser sorridente, carinhoso, ter interesses, descobrir a importância das atividades mais simples pela experiência de vida de seu filho, eles estarão mais capacitados para desempenhar o papel de pais, coisa de que, as vezes, esquecemos quando todos os nossos esforços são somente sobre a criança. 
No modelo lúdico, convidamos os pais a investir nas forças da criança, com suas dificuldades sendo levadas em conta por inúmeros profissionais. Ajudando-os a ocupar o verdadeiro lugar como pais ao lado do filho e a descobrir o prazer com eles. Por outro lado, um outro elemento deve ser igualmente considerado pelos terapeutas que oferecem seus serviços a criança. Qualquer pai, incluindo o da criança com deficiência física, tem necessidades que lhe são próprias.
O trabalho de acompanhamento dos pais pode ser feito nos encontros individuais ou nas visitas a domicilio. É também possível discutir alguns temas anteriores mencionados nos encontros de grupos de pais.
E os outros filhos?
	Ser irmã (o) de uma criança diferente das outras não é fácil;
	Sentem raiva, tristeza, ressentimento, ambivalência, vergonha diante dos amigos;
	Receiam que os pais os amem menos;
	Raramente expressam suas emoções, mas transmitem nos seus atos: crises, murros, insolência, mau humor, brigas, desobediência;
	A atitude dos pais com o filho deficiente tem influência nas reações do(s) outro(s) filho(s).
Terapia
Ocupacional: Ajuda a descobrir o prazer de
interagir com essa(e) irmã(o) diferente dos outros;
	Tem a necessidade de certeza do amor dos pais, de um espaço pessoal;
	Precisam criar laços fraternais com essa(e) irmã(o). 
	Ex: o brincar.
Para a criança com deficiência: irmãs(os)
 podem ser parceiros preciosos da brinca-
deira, aumentando sua bagagem de 
conhecimento e experiência. 
O Modelo Lúdico
Aplicado com a colaboração dos pais, tenta responder às necessidades da família no cotidiano e contribuir com as competências e os conhecimentos do terapeuta ocupacional, fundamentando tanto em sua experiência com as crianças quanto em sua formação de base.
Também aposta no prazer partilhado entre os pais e filhos, apostando em um valor seguro, em um bem-estar de toda família. Contribuindo para tornar a vida da família parecida com a das outras, ainda que um de seus membros seja diferente.
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERLAND, Francine. O modelo lúdico: o brincar, a criança com deficiência física e a terapia ocupacional. 3ª ed. São Paulo: Rocca, 2006.
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