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m 0 0 !::! ., ~ ~ "" ~ E 0 .a; .... " n; 0 .,; "' 0 :::1 "0 .... '" "' • "- • t:l ~e o; "'·-<0 ~ :::1 "' 1ii 0 ~ "" "' N "0 ~ a> "" ~ 0 c c c c c < (·( z c·c c c c c c c c c c c <' c ( c < r z c c c I C ( to"t constante do art. 1° da nova lei do man dado de segurans:a, sem.comenta~ . aspectos atinentes as disposis:oes complementares cjos.artigos 4•; 6•, §§1 2 , 5" e 6'; 10; e 19. De outra parte, nao se pode einpreender estudo sobre a "legiti- ! mas:ao passiva no mand.ado de segurans:a" sem prO mover urn relacionamento mfnimo entre as disposis:oes nos artigos 12, §§ 12 e 2'; 22 ; 62 , §§ 3• a 69 ; 99 ; 10, § 12; 11; 13; 14, § 2"; e 19 da Lei n" 12.016/2009 e assim por diante. Por isso, mantive a sistematizas:ao da materiel que promovi ao escrever sabre o mandado de segurans:a na egide da revogadaLei n" 1.533/51, inclusive apro- veitando subsfdios doutriniirios basi cos lans:ados a epoca, que, dogmaticos, res- taram inalterados mesmo ap6s a introduc;:ao do novo regrame.ntO. No entanto, ao iniciar cada capftulo/tema, tive o cui dado de tranScrever os artigos pertinentes da Lei n" 12.016/2009, tanto para nortear a leitura a ser realizada, quanto para garantir inteira fidelidade do conteudo do livre ao seu titulo. Enfim, espero, sinceramente, que este estudo sirva para a finalidade em funs:ao da qual foi idealizado. Quero, tambem, con tar com a participas:ao do lei tor em eventuais futuras-edis:5es, como objetivo de aprofun~ar determina- dos pontos e corrigir distor90es te6ricas e praticas em que o texto ora Ofere- cido tenha incorrido. Afinal, trata-se de uma objetiva impressao inicial sobre a nova lei do mandado de seguranp, manifestada "nos primeiros raios de urn novo amanhecer". Seja como for, terei semPre imensa satisfas:ao deter sido urn doS primeiros a escrever sobre diploma legislative tao relevante, que norteia o magnifico institute do mandado de segurans:a e que, a seguir o destine de seu anteces- sor, quem sabe vigorara.por outros cinquenta e tantos anos. Mauro Luis Rocha Lopes mauluis@gmail.com SuMAruo Capitulo 1 Introdus:ao ...................................................................................... 1 1.1. Origem Hist6rica ............................................................................................. , ... , ......... 1 1.2. Conceito. Custas. Valor da Causa .................................................................. ~ ....... .2 1.3. As:ao. Conceito. dassificas:ao. Enquadramento do Mandado de Segurans:a ............................................ , ........................................... 4 Capitulo 2 Pressupostos Especificos de Cabimento ............................... 7 2.1. Direito Liquido e Certo ............................................................................................... 7 2.2. Ato llegal ou Praticado com Abuso de Poder (Ato Coator) ...................... 14 2.2.1. Mandado de segurans:a preventive ......... : ...... , ................................ 16 2.2.2. Omissao .................................................................. , ........ : ......... , ................. 18 2.2.3. Atos de direito publico e de direito privado ................................ 20 2.2.4. Atos praticados par delega<;ao ......................................................... 21 2.2.5. Atos praticados par representantes au 6rgaos de partidos politicos ............................................................... 24 2.2.6. Ato legislativo ........................................................................................... 26 2.2.7. Atos sujeitos a habeas corpuse habeas data .............................. 29 2.2.8. Ato de que caiba recurso administrative com efeito suspensive, independentemente de caus:ao .................. 30 2.2.9. Ato jurisdicional ............................................................ : ......................... 31 2.2.10. Ato praticado pel a Ministerio Publico ........................................... 37 2.2.11. Ato disciplinar .......................................................................................... 38 2.3. Prazo ........................................................................ : ...................................................... 39 2.3.1. 2.3.2. 2.3.3. Natureza jurfdica ................................... , ................................................. 40 Compatibilictade com a Constittii;:ao ........................... ; .................. 41 Aspectos concretes ................................................................................. 41 Capitulo 3 Legitimidade (Partes) ............................................................... 47 3.1. Ativa ............................................................................................................................... 47 3.1.1. Legitimas:ao extraordiniiria ................................................................ 51 ((((((((((((((((((((((((((((((((((! 3.1.2. 3.1.3. Litiscons6rcio ativo ....................................... , ............... , ........................ 52 Assistencia ... : ............................ ~ ............................................... : ................ 53 . 3.2. Passiva ... : ............................................... : ................................. T .................................... 54 3.2.1. Litiscons6rcio passivo .............. : ................... /. ...................................... 57 3.2.2. Autoridade coatora ................................................................................ 59 3.2.3. Informa~oes ..... , .......... : .............................................................................. 64 Capitulo 4 Competencia ....... , .. , ...................................................................... 69 Capitulo 5 Ministerio Publico ...................................................................... 75 Capitulo 6 Desistencia .................................................................................... 79 Capitu!o 7 Liminar .......................................................................................... 81 7.1. Previsao e Requisitos .............................................................................................. 83 7.2. Garantia .......................................................................................................................... 85 7.3. Natureza )urfdica ........................................................................................................ 86 7.4. Natureza do Ato Concess6rio ................................................................................ 87 75. Concessao de Offcio ................................................................................................. :.88 7.6. Caducidade da Liminar ............................................................................................ 88 7.7. Prazo de Validade da Liminar ............................................................................... 90 7.8. Veda~oes a Concessao de Liminar ...................................................................... 91 7.9. Recurso e Pedido de Suspensao de Execu9iio da Liminar .................. :;; .. 92 7.10. Liminar em Materia Tributaria ........................... :: ............................................... 93 Capitulo 8 Senten~a ........................................................................................ 99 8.1. Concessao da Seguran~a. Duplo Grau Obrigat6rio. Execu~ao Provis6ria .............................................................................................. 100 8.1.1. Cumprimento da senten~a. San~oes. Desobe.diencia ........... 106 . 8.2: · Denega~ao da Seguran~a. Ren(lva~ao da Pretensiio ... , .............................11 0 · 8.3. Coisa )ulgada ................................................................................... : ......................... 112 · 8.4. Honorarios Advocaticios ...................................................................................... 114 Capitulo 9 Suspensiio da Execu~ao da Liminar ou da Senten~a Concessiva ......................................................... 117 Capitulo 10 Recursos ...................................................................... , .............. 127. 10.1. Legitimidade : ... : ............................................ , ..... : ................................................... : ... 128 10.2. Prazo ....................................................................................... ,. ................................... 130 10.3. Apela9iio ..................................................................................................................... 130 10.4. Embargos de Declara9iio ...................................................................................... 131 10.5. Embargos Infringentes ......................................................................................... 132 10.6. Agravo ......................................................................................................................... 132 10.7. Recursos Previstos na Constitui9iio (Especial, Extraordinario e Ordinaria) ............................................................................................................... 139 10.8. Aspectos Atinentes ;10 Processamento nos Tribunais do Mandado de Segurans:a e dos !>e'spectivos Recursos ......................................................... 142 Capitulo 11 Mand"ldo de Seguran~a Coletivo ....... : ................................. 145 11.1. Definil'iio ..................................................................................................................... 146 11.2. LegitimidadeAtiva .................................................................................................. 147 11.2.1. Partidos politicos .............................. , .................................................. 147 11.2.2. · Organiza96es sindicais ( sindicatos ), entidades de classe (OAB e Conselhos) e associas:oes ............ : ..................................... 151 11.3. Objeto ........................................................................................................................... 154 11.4. Decisiio ....................................................................................................................... 158 11.5. Coisa julgada ............................................................................................................. 159 Capitulo 12 Legisla~ao ................................................................................... 161 Capitulo 13 Sumulas dos Tribunais Federais Relativas a Man dado de Seguran~a .................................. , ................... 173 Bibliografia Citada e Consultada .................................................................... 185 indice Remissivo ................ :: ..... , ............................................. ;.-........................... 189. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (( ( ( ( ( (I j J f ! I CAPITULO 1 lNTRODU\=AO 1.1. ORIGEM HISTO~ICA 0 Estado e a sintese do~ interesses dos individuos que o com poem. Ap6s o rompimento com a Monarquia Absolutista, representada na frase L'etat c'est moi (0 Estado sou eu), atribuida ao rei Luis XIV, surge o Estado de Direito, que se caracteriza pela submissao a lei por ele proprio editada (Suportas a lei que fizestes). Atribui-se a origem do Estado de Direito a Magna Carta, imposta no anode 1215 ao rei joao Sem Terra pelos baroes ingleses, a fim de garantir a proteqao de direitos individuais destes- embora sem preocupaqao com os direitos dos demais cidadaos -, cuja supressao s6 se daria atraves da Lei da Terra, ou Law of the Land, expressao que posteriormente viria a ser substituida por due process of law. Nos EUA, somente a s• emenda a CF, em 1791, preocupou-se em garantir expressamente os direitos individuais dos cidadaos diante do Poder Publico, com a cl<iusula due process of law, assim redigida: "nenhuma pessoa sera privada da vida, liberdade ou propriedade sem o devido processo legal". Em urn Estado de Direito, em que o exercicio do Poder Publico encontra limitas:oes em direitos individuais reconhecidos como tais em normas de elevado escaHio hierarquico, oman dado de seguranqa - ou writ dos ingleses- assume papel de destaque como instrumento de proteqao dos cidadaos. No Brasil do Imperio, preponderava o entendimento de que os atos da . Administra9ao nao poderiam ser r'evistos pelo Poder judiciario, em nome da separaqao de poderes. Com a Lei n• 221, de 1894, atraves da aqao sumaria especial, institucionalizou-se o controle dos atos da administraqao publica pelo )udiciario. A Constituiqao de 1891 previa, em seu art. 72, § 22, a figura do habeas corpus, mas nao fazia mens:ao a prisao ou ao constrangimento ffsico, de forma que, sendo o caso de liberdades individuais em geral contrapostas ao atuar da tvtwRo Luis RocHA LoPES CoMENTAruos A NovA LEI oo MAN DADO DE SEGURAN~ administras:ao publica, cabia protes:ao atraves do habeas corpus, ate o advento da Emenda Constitucional de 1926, que restringiu o aludido remedio a 6rbita penal. For obra da Constituis:ao de 1934, o mandado de segurans:a foi incorporado ao ordenamento jurfdico brasileiro, para protes:ao de direito certo e incontestavel, na forma de seu art. 113, n• 33, regulamentado pela Lei n• 191/36. Fruto do autoritarismo do Estado Novo, a Constituis:ao de 1937 extinguiu a figura do mandado de seguranp que, com.a promulgas:ao da tonstituis:ao de. 1946, voltou a figurar. como garantia constitucional, tendo havido a substituis:ao da expressao "d'ireito certo e incontestavel" por "direito liquido e certo". A Constitui9ao de 1967 e a Emenda Constitucional n• 01/69 mantiveram o mandado de .segurans:a no ordenamento juridico brasileiro, assim como a Constituis:ao atual, promulgada em 1988, tendo esta in ova do ao criar a figura do mandado de seguran9a coletivo (art. s•, incises LXIX e LXX). Na vigencia da Carta Constitucional de 1946, editou-se a Lei n• 1.533/51, que regeu o procedimento do mandado de seguranp, ainda que com altera>5es decorrentes de leis supervenientes, ate o advento da Lei n• 12.016/2009, que, incorporando, alterando e revogando o tratamento normative ate en tao dispensado a materia, passou a deJa tratar. Inspira-se o mandado de seguran<;a brasileiro no ]uicio de Am para (Mexico) e no judicial Review, como os ingleses tratam o meio atraves do qual seus trib.unais controlam o exerdcio do poder governamental. 1.2. CONCEITO. CUSTAS. VALOR DA CAUSA Trata-se o mandado de segurans:a de as:ao civil de rito sumario especial que se destina a afastar lesao a direito subjetivo individual ou coletivo, por meio de ordem corretiva ou preventiva de ilegalidade ou abuso de poder dirigida a autoridade publica ou a quem fizer suas vezes ou a.ela for equiparada. Garantia constitucional fundamental (art. s•, incises LXIX e LXX), o mandado de seguran9a e instrumento perene do Direito brasileiro- clausula petrea ou imodificavel-, sen do induvidoso que emenda constitucional tendente a aboli- Io sequer pod era ser deliberada (CF, art. 60, § 4", inciso IV). Sendo a9ao civil de rito especial, o mandado de seguran<;a e regido primariamente pela Lei n• 12.016/2009 e, subsidiariamente, pelo C6digo de Processo Civil, naquilo em que nao haja confronto com a norma especial ou com a essencia jurfdica do i~strumento. 0 procedimento do writtem porcaracteristica principal a celeridade, objetivo que representou o nortedo idealizador da Lei n"12.016/2009, a qual, em seu art. 20, caput, preceitua que, ressalvado o habeas corpus, os processos de niandado de 2 lNTRODU<;fi.,O CAPiTULO 1 seguran('a e as respectivos recursos teriio prior/dade sabre todos os atos judicia is, sendo que o prazo para a conclusao dos autos nao podera superar cinco dias (§ 2"). No particular, a citada nova lei do mandado de segurans:a praticamente reproduziu as disposis:oes que constavam do art. 17, caput, e paragrafo tinico da revogada Lei n• 1.533/51, apenas aumentando o prazo maximo p;;ra a conclusao dos autos, de inexequfveis vinte e quatro horas para cinco dias. Dcntre • os mand.ados de segurans:a •. terao prioridade dejulgamento aqueles em que a !iminar tiver sido deferida(Lei n• 12.016/2009, art. 7•, § 4"). Ao contr<irio do que ocorre na propositura de outras a~Oes constitucionais como o habeas corpus eo habeas data, em relas:ao as quais o postulante bz jus ao beneffcio da imunidade quanto a taxa judiciaria (CF, art. 5", inciso LXXVII), a impetras:ao do mandado de segurans:a se sujeita ao referido tribute. E verda de que alguns autores entendem que a imunidade alcans:a tambem oman dado de segurans:a, por considerarem-no garantia similar aos aludidos remedies e a to necessaria ao exercfcio de cidadania ( expressao empregada no dispositive constitucional imunizante mencionado ). No entanto, a tese e repelida pela jurisprudencia, que autoriza a incidencia de custas judiciais- que tern natureza de taxa- nas as:oes de man dado de seguruns:a, as quais somente terao sua exigibilidade afastada nos casos de isens:ao (a criteria do legisladcir da entidade tributante)ou de miserabilidade do impetrant<', que vern a ser outra hip6tese ·de imunidade quanta a taxa judiciaxia, prevista no art. 5•, inciso LXXIV, da CF. Na justip Federal, o mandado de segurans:a ha de ser enquadrado na tabela de custas estabelecida na Lei n• 9.289/96, como uma das Gf:6es civeis em gera/ a que se refere a alfnea a, sendo a taxa correlata cobrada na base de 1 o/o sabre o valor da causa, tendo como limites minima e mciximo as quantias equivalentes a dez Ufirs e a 1.800 Ufirs. Note-se que a petis:ao inicial do mandado de segurans:a deve, necessa- riamente, indicar o valor da causa, j<i que se trata de a~ao civil, submetida, no particular, ao regramento generico do CPC estabelecido no art. 258 (Art. 258. A toda causa ser6. atribufdo urn valor Cfjrto7 ainda que niio tenha conceUdo econi)mico imediato ). Alem de servir de base para a quantificas:ao da taxa judiciaria, o valor da causa tambem sera parametro para 0 calculo do valor da multa prevista no art. 14, inciso V e paragrafo linJco, do CPC, por eventual ato atentat6rio ao exercicio da jurisdis:ao praticado I]b curso do processo. Daf sua importancia tambem nos mandados de segura)is:a. -~ '--' '-./ '-./ ~ ~ ~-. ~ '-./ '-./ '--' ~ '---' './ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ·- ~ '-./ './ ~ ·~ '- - MAN DADO DE SEGURAN<;:A 1.3. AQAO. CONCEITO. CLASSIFICAQAO. ENQUADRAMENTO DO MAN DADO DE .SEGURANQA . A~ao e odireito publicosubjetivo a obtens:ao de urn p:;ovimento jurisdicional estatal sabre urn conflito de interesses, obviando os reflexos negatives que os litigios geram a sociedade. 0 direito de as:ao e garantido pela Constituis:ao Federal, quando proclama o livre acesso ao Poder judiciario (art. s•, inciso XXXV) e e tam bern autonomo (abstrato}, ou seja, nao esta vinculado ao dire ito material que visa proteger, resultando disso que' o titular (autor} da as:ao nao nccessariamente saira vitorioso ao final da contenda. 0 Codigo de Processo Civil brasileiro classificou as as:oes em: a} de conhecimento; b} de execu~ao; e, c} cautelares. A~:CJES DE CONHECIMENTO (ou de cognis:ao} sao tambem conhecidas como· declarat6rias lata sensu. E atraves delas que, diante dos conflitos, o judiciario, a luz do direito positivo, afirma qual dos litigantes est<\ com a razao. Dependendo da necessidade e da utilidade da decisao judicial para o caso concreto, o: jurisdicionado podera perseguir provimento meramente declaratorio, constitutivo ou condenat6rio. Eo pedido, pois, que delimita a !ide, sobre a qual se desenvolvera a atividade jurisdicional. Por isso, a subdivisao das as:oes de conhecimento hade ser feita tendo em vista o tipo de provimimto jurisdidonal perseguido pela parte. As a~5es declaratorias ( ou meramente declarat6rias} sao aquelas que ensejam provimento que se limita a declarar a exist8ncia ou nao de uma relas;ao jurfdica ou a autenticidade ou falsidade de urn documento (CPC, art. 4•). A atividade jurisdicional ira se limitar a referida declaras:ao, exaurindo-se com a mesma, vale dizer, as sentens:as meramente declqrat6rias nao proporCi-onam execw;:ao. 0 pronunciamento estatal, nesse caso, nao importarc1 em crias:ao ou constituis:ao de situas:ao jurfdica inovadora. As:oes constitutivas, por seu turno, sao as que ostentam pretensao de constituis:ao (positivas} ou desconstituis:ao (negativas ou desconstitutivas} de atos ou situas:Oes juridicas e, assim como as declarat6rias, nao rendem ensejo a execus:ao. )a atraves das a~iies condenatorias, o autor objetiva provimento que condene o reua lima prestas:ao (dar, fazer, nao fazer}. Sao elas as unicas que ensejam execus:ao de julgado, caso nao haja cumprimento espontaneo deste pelo vencido. A<:OES CAUTELARES sao aquelas atraves das quais o requerente tern por finalidade garantir a eficacia pratica do provimento jurisdicional a ser concedido no processo de conhecimento ou no processo de execus:ao. Por 4 f t f £ ;_; f ~- ~ -~- ''"' "-'-''-''-'Y"'-V 'L-APlTULO 1 isso, o~tentam carciter provis6rio, acess6rio e instrumental. Todavia, nao se . pt'estam a anted par os resultados do processo principal (satisfativas}, papel proprio do instituto da antecipas:ao de tutela (CPC, ar~s. 273 e 461}. A<:OES DE EXECU<:AO sao propostas com a finalidade de efetivas:ao do direito do erector e pressup6em titulo executivo judicial ou extrajudicial. Visam a obtens;ao, de forma coercitiva, de resultado pratico equivalente ao que o erector disporia como adimplemento espontaneo da obrigas:ao. No que diz respeito ao enquadramento do mandado de segurans:a, em bora seja indene de duvidas que se trata de as:ao de conhecimento, nao ha uni- formidade de tratamento doutrinario sobre sua natureza especffica, a se considerar as subespecie;; de as:oes cognitivas ( declaratorias, consti~utivas e. condenat6rias}. · A rigor, hii quem arrole, como Pontes de Miranda, em relas:ao as as:oes de conhecimento, outras subcategorias, como as a96es· executivas lata sensu e as as;iies mandamentais. Estas (mandamentais} seriam caracterizadas por delas emanar ordem judicial que nao necessita de acesso a via executiva para ser implementada, por ser possuidora de pronto realizabilidade pnitica (o juiz simplesmente determina, por meio de offcio oil mandado, que a autoridade coatora cumpra o mandamento contido na parte dispositiva da sentens:a}. Entret.into, a maheira·como se efetiva o comando extrafdo da senten9a nao justifica a crias;ao de uma especie autonoma de as:ao. Como ensina Alexandre Freitas Camara, a melhor doutrina (Chiovenda, Liebman, Frederico Marques, Greco Filho} so admite como cientificamente adequada a classificas:ao que leva em conta a especie de tutela jurisdicional pleiteada pelo autor. Sendo assim, e por nao haver duvida que o mandado de segurans:a pode cooter pedido meramente declarat6rio (ex.: declaras:ao do dire ito de participar de licitas;ao publica, emanada de mandado de segurans;a preventivo }, constitutivo (ex.: cancelamento de multa .de trans ito} ou condenat6rio (ex.: obrigas:ao de expedir certidao negativa·de debito ou de pagar verbas vencidas entre a impetras:ao e a decisao final}, pode-se concluir, com jose Carlos Barbosa Moreira, que o mandado de segurans;a nao constitui uma e:sp6Cie aut9nonl3. d-e a~ao,--i~Serind~-se na-_tradicionai -classifiCayao cias as:oes de conhecirne!ltO, dependendo do tipo de provimei.tto desejado pelo impetrante a sua caracterizas:ao em uma das especies aludidas. Alias, a a>iio mandamental a que faz referencia o Estatuto da Crians;a e do Adolescente (ECA}, Lei n" 8.069/90, em seu art. 212, § 2", nada mais e do que urn mandado de segurans:a, no escolio autorizado de Barbosa Moreira. E interessante notar que e tendencia atual do Direito Processual, evidenciada com a edis:ao da Lei n• 11.232/2005, a extins:ao do processo 5 }·/lAURO Luis RocHA LoPES CoMENTAruos A NovA LEI no MANDADO DE SEGURAN(,:A aut6nomo de execus;ao, em moldes a que a as;ao condenat6ria se aproxime das caracteristicas atribuidas as chamadas as;5es executivas lata sensu ou mandamentais. Confira-se a previsao de Humerto Theodora Junior: "0 que, no passado, serviu para identificar a as;ao condenat6ria - a actio iudicati - simplesmente esta sen do abolido e, em breve, nao deixara resquicio algum. A as;ao conden:?t9ria, nesse~ mold,es, simplesmente pern1iti_ra _ao __ juiz:~. em: s_~guida a sentensa, tamar, pof manda:do, todos os atos necessar~os a compelir o obrigado a realizar a presta;:ao devida, ou a substitui-lo nessa implementas;ao, sem necessidade alguma de ulterior processo aut6nomo de execuriio. Em vez de fonte de titulo executivo, a as;ao condenat6ria apresentar-se-a como fonte generalizada de execus;ao (se necessaria) das presta;:oes acertadas em favor da parte credora." Portanto, a especificidade, consistente na inexigibilidade de processo aut6nomo de execus;ao para se efetivar o comando da senten<;a de procedencia, que para alguns era o fundamento do alijamento do mandado de segurans;a da tradicional classificas;ao das as;oes de conhecimento, passa tambem a se incorporar a sistematica da a~ao condenat6ria com urn. Decorre disso que a a_u'toexecutoriedirde e amandaJi?.ent'ali_dade d'as decis()'es irao se tornaf regra, "atributos normais, inerentes a todos os provimentos sentenciais de funs;iid condenat6ria", na conclusao do mestre citado. As senten~as condenat6rias passam a dispor de "efetivas;ao interna", em nome do visado sincretismo processual. Mais uma razao para nao se conceber a apia mandamental, como figura excepcional distinta das demais as;oes de conhecimento. A processualizas;ao do mandado de seguran;:a, isto e, sua caracteriza;:ao como as;ao, apresenta, como ponto de preocupas;ao!. a crias;ao de obstaculos a livre_utilizas:ao de tal remedio constitucional, decorrentes de exacerbado formalismo - puro fetiche pela forma processual, em detrimento do direito material em jogo. Por isso, e valida a lis;ao de Ney Jose de Freitas, para quem "a solus;ao conciliat6ria consiste em tratar o mandado de seguran;:a como a;:ao, mas jamais permitir que o formalismo do process a possa impedir que a garantia constitucional se efetive no plano da realidade, pais o processo e meio e nao fim, devendo ceder passo a tutela de urn direito previsto em texto constitucional". 6 CAPITULO 2 PREssurosTos EsrEcfFicos DE· CABIMENTO 2.1. DIREITO LiOUIDO E CERTO DJsposis;iies pertinentes da Lei n" 12.016/2009: , ... _,,,-,-,,--- '''"' "Art. 111 Conceder-se-a mandado de seguranya para proteger direito liquido e certo, nao amparado por habeas corpus ou hqbeasdata, sempre que, ilegalmente ou com abuse de poder, qu~lquer p_essoa ffsica ou jurfdica.sofrer_ violac;ao ou _houyer just_o receio de sofr€-la p~H~ partedE(autoridade,_seja de que categoria fore sejam quais forem as func;6es que exerc;a. ( ... ) Art. 4 11 Em caso de urg€mcia, e- permitido, observados os requisites legais, impetr"ar mandado de seguranc;a por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletr6nico de autenticidade comprovada. ( ... ) Art. 6• ( ... ) § V· No caso em que o documento necessano a prova do alegado se ache em reparti<;§.o ou estabelecimento pUblico au em poder de autoridade' que se recuse a fornece-Io por certid3.o ou de terceiro, o juiz ordenara, preliminarmente, por oficio, a exibic;3.o desse documento em original ou em c6pia aut€ntica e mafcara, para o cumprimento da ordem, o prazo1 de 10 (dez) dias. 0 escriv3.o extrairci c6pias do docum~nto para junta-las a segunda via da petis;ao. i ( ... ) i ~ ~ '-../ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ·~ ·~ ~ '.._/ '- ·~ ~ ~ ~ ~ ·~ ~ ~ ·~ ~ ~ ~ ~ ~ ·-· MANDADO DE SEGURAN<;A l "- ·- § 5!! Denega-se o.mandado de seguranc;a nos casas previstos pelo art. 267 da Lei n' 5.869, de 11 de janeiro de 197,3 - Codigo de ' . ' Processd Civil. J § 6° 0 pedido de mandado de seguranc;a podera ser renovado dentro do prazo decadenci~l, se a decisao denegat6ria nao lhe houver apreciado o m~rito. Art. 10. A inicial sera desde logo ind-eferida, par decisao motivada, quando nao for .o caso de mcp1dado de seguranc;a ou !he faltar algum dos requisites legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetras:ao. ( ... ) Art. 19. A sentenc;:a ou o ac6rdao que denegar mandado de seguranc;a, sem decidir o merito, nao impedira que o requerente~ por ac;:ao prOpria, pleiteie os seus direitos e_os respectivos efeitos patrimoniais." Segundo Hely Lopes Meire!les, direito liquido e certo eo que se apresenta "manifesto na sua existencia, delimitado na sua extensao e apto a ser exercitado no momenta da sua impe.tra9ao". Noutros termos, passive! de protes;ao mediante mandado de segurans;a sera o dire ito escorado em fatos evidenciados de plano, mediante prova pre-constituida, uma vez que ,o rito especial da Lei n"12.016/2009 nao com porta dilaqao probat6ria. "A aqiio de pedir seguran>a tern rito especialissimo, de indole documental, exigindo prova pre-constitnida dos fatos articulados na pe>a vestibular, niio admitindo a . - dila,ao probat6ria. A peti>iio inicial ·deve indicar com clareza e precisiio o a to da autoridade que macula o dire ito do impetrante. 0 mandado de seguran>a e remedium juris para prote9iio de direito liquido e certo, resultando, porem, de fato comprovado de plano, devendo o pedido vir estribado em fatos incontroversos, claros e precisos, ja que, no procedimento do mandamus, e inadmjssivel a dila9iio probat6ria';CSTJ, ROMS 9623/MS, 1• Turma, ReLMin. Dem6crito Reinaldo, D]22/3f99; p. 54). . A interpretaqao baseada na evoluqao hist6rica do instituto no Direito brasileiro revela que o mandado de seguranqa tera cabimento por mais complexa que se revele a discussao juridica travada entre as partes. Nada impede que sejam decididas em mandado de .seguranqa quest5es de alta indagas;ao, a exemplo da alegaqao de inconstitucionalidade da lei que tenha 8 r_ L ~- !'!U~~lJl'V~ IV=> C::>l'tUt!CU:.. Dt LA!$1,\-IENTO LAP!TULO L · fun:damentadoa pratica do a to atacado. Com efeito, a expressao dir?ito certo e incontestave/, constante da Constituiqao de 1934 e abo !ida pelos posteriores ordenamentos~ nao pode servir de parametro para a e:>fegese do requisite ora vigente, qual seja, direito /fquido e certo. "Se OS fatos estiio comprovados, nao pode 0 juiz deixar de examinar a questao de fundo sob a assertiva de ser complexa a questao de direito" (STJ, 220174/CE, 1' Turma, Rei. Min. Garcia Vieira, Dj 11/10/99, p. 53). No mesmo sentido e o enunciado da Sumula n• 625 do STF, de cujo teor extrai-se que controversia sabre materia de direito ntio impede con~f!SSCio de mandado de seguranra. A complexidade dos'fatos, a evidencia, tambem nao exc!ui a utilizaqao do mandado de seguranqa, bastando que todos se encontremcomprovados de plano (v. STF-RT 594/248). E passive!, por exe{uplo, a pessoa que ve negado pelo INSS seu pedido de pensao previdenciaria instituida por companheiro(a), a impetra<;iio de man dado de segurans;a visando a concessao judicial do beneficia, bastando que instrua a petis;ao inicial do mandamus com robustos elementos de convic<;ao (autos de justifica<;ao judicial com termos de depoimento de testemunhas, documentos indicando a coabita<;ao e a existencia de prole en\ co mum etc.) a dispensar a produqao de outras provas ' no curso do processo. Todavia, os casas para cuja soluqao a pericia judicial seja imprescindivel (v.g., pretens5es envolvendo aposentadoria por invalidez ou de auxilio- doenqa) nao podem ser admitidos em sede mandamental. "( ... ) na via processual constitucional do mandado de seguran,a, a liquidez e a certeza do dire ito devem vir demonstradas initio litis. In casu, niio ha como analisar a ilegalidade da referida avalia9iio, de modo a justifkar o pedido de sua dispensa. Tal exame deve ser feito atraves de pericia. Para tanto, e necessaria dila9iio probat6ria, possivel somente na via ordinari<i, a qual ficaressalvada. . nesta oportunidade. ·Ausencia de liquidez e certeza a amparar a pretensao" (ST), ROMS 14079/RS, 9 Turma, Rei. Min. jorge Scartezzini, D] 13/10/03, p. 382). No caso concreto, o impetrante busca o reconhecimento do dir.eito de renovar a CNH, que !he foi negado pela autoridade de transito, com base em exame de aptidiio fisica, por ter apresentado problemas oftalmo16gicos. Inviavel e a utilizas:ao do mandamus na hip6tese. A 9 MAuRo Luis RocHA LorEs CoMENTAruos A NovA LEI oo MANDADO DE SEGU.RA.N<;A aprecia~i!o do pleito depende de investiga~i!o detida acerca da aptidao ffsica do impetrante para ter a CNH renovada, ainda mais por se tratar de habilita~i!o para a condu~i!o de veiculos pesados ( categoria "C'J, nao se podendo prescindir da realiza~ao de prova peri cia! como prop6sito de se atestar ou ni!o a capacidade do condutor" (STJ, REsp. 714519, 1' Turma, Rel. Min. Francisco Falcao, Dj 21/11/05, p.l49J. . . . . Nao raro, entretanto, a documento.;:ao indispensavel a prova dos fatos alegados pelo impetrante encontra-se retida pela Administra<;ao Publica, cujos agentes costumam atribuir canina fidelidade a ordens de serviros - ou outras normas internas manffestamente ilfcitas - que obstruem o acesso do administrado a processes administrativos de seu interesse ou as certid5es correlatas. Nesses casos mostra-se invocavel a disposi.;:ao do § 1• do art. 6• da Lei n• 12.016/2009. cabendo ao impetrante, em sua pe<;a inicial, requerer ao juiz que ordene, preliminarmente, por ojfcio, a exibirfio desse documento em original au c6pfa autentica. Somente a requisiyao judicial em exame tera o condao de afastar o ilfcito impeditivo criado pela propria Administra<;ao a utiliza<;ao de meio eficaz de controle externo de seus atos. "Uma vez postulada, pelo autor, de forma expressa, a requisi~i!o de documento. essencial a prop9situra da a~i!o, nao se ha falar em inepcia da inicial, por ausencia da documenta~ao necessaria" (ST), 152925 /SP, 1 a Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, D] 13/10/98, p. 21. A ausencia de documenta<;ao que tenha resultado de recusa da Administra<;ao em fornece-la a parte impetrante deve ser assim justlficada ao juiz, logo na pe<;a inicfal do mandamus, a fim de que a requisi<;ao aludida seja viabilizada. "No mandado de seguran~a. a prov\l'·dos fatos alegados deve acompanhar a inicial. Pode, e c~rto, ser o documento requisitado pelo juiz, mas isto depende, pelo menos da alega~ao do impetrante quanto ao obstaculo colocado pela autoridade que o detem; ao fornecimento de certidao. Sea inicial, na qual fa to relevante e alegado, vern desacompanhada de provas, e nem cogita da requisi~ao de docutnentos, e correto o seu indeferimento liminar" (TRF da 5• Regiao, MAS 48288 /PE, 1' Turma, Rei. J uiz Hugo de Brito Mac!{ado, Dj 25/8/95, p. 54.444). A teoria da carga· d{nd_mit.;d -da prova,- oriunda do Direito. argentfno e bastante difundida pela dcmtrina moderna brasilelra, em princfpio tambem 10 PREssurosTOS EsrECiF!cos DE CABIMENTO CAPITULO L- tern aplica.;:ao no rito do man dado de seguran<;a, minimizando a exigencia de prova pre-constitufda aqui examinada. Tal teoria parte da premissa de ~que, sendo o processo dinamico. nao faz sentido a. fixa~ao estatica do onus da prova, como se em qualquer caso o mesmo estivesse vinculado unicamente a quem a!ega o fa to constitutive do direito reclamado no processo. Nao seria justo, por exemplo, a exigencia de prova diab6/ica, ou seja, aquela cuja produc;ao se revele inviavel a parte a quemaproveitaria, e que e assim chamada porquanto; diante da perversidade que denota, sua exigencia so p6deria ser atribuid~ a urn espfrito maligne. Disso resulta a ideia de que o juiz ha de exigir a prova da parte que esta em melhores condi~6es de produzi-la, ainda que tal elemento seja utilizado na forma<;ao de convic.;:ao contra.ria aos seus interesses. Vale, contudo, a advertencia de Alexandre Freitas Camara, para o qual s6 se justifica a redistribuirii,o do onus da prova quando a parte a quem, a principia, incumbida referido onus nfio estci em condiroes, nem sequer suficientes, de produzi-la. lsso significa que, se a parte esta em condic;6es de produzir a prova que !he interessa, haveni de suportar o respective onus, ainda que tal produ<;ao fosse mais facil a parte contn\ria. A relevancia da adoc;ao da teo ria da carga dinamica da prova no processo do man dado de seguran<;a e intuitiva. Nao se pode exigir da parte impetrante prova pre-ccinstitufda, como cond.i<;ao para a utiliza.;:ao do remedio heroico estudado, quando inviavel se revele, para ela, sua produ<;ao. E que a au tori dade apontada como coatora nao se atribui apenas a facu!dade de juntar, com as informa<;6es, as provas que lhe sejam convenientes, mas tambem o dever de apresentar aquelas cujo onus de produzir !he seja imputado. Imagine-se a hipiitese de urn mandado de seguran<;a impetrado por urn servidor publico para impugnar o sofrimento de san~ao disciplinar aplicada pela Administra<;ao por suposto ato de quebra de hierarquia, consistente no envio de correspondencia apiicrifa aos demais servidores da repartis:ao con tendo express6es injuriosa.sdirigidas ao chefe do servi~o. Se o fundamento dessa impetra~ao imaginciria consistir na negativa do envio da missiva, res tara inviavel se exigir do impetrante a provacde nao ter sido ele o au tor da infra.;ao. Trata-se de prova de fa to ri'egativo, e, nesse caso, diab6lica. Tambem nao seria admissfvel a rejei.;:ao ini,cial do mandamus, sob o argumento de inexistencia de direito liquido e certo, ate porque nem mesmo em um processo de rito ordinaria, com amplfl possibilidade de dila<;ao.probatoria, o onus da aludida prova poderia ser inli:mtado aopostulante. Caberia a autoridade indicada como · coatora, rie:s.se casb·, apres-entar os elementos qu·e 1evaram a Administrac;ao a ter o impetrante como o auJ:or do ilfcitofnncional, porquanto a produc;aode tal --._/ v v v ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~· ~ ~ --._/ ~ ~ ~ --._/ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ t MAURO l.UIS KOO!A LOPES "-...UMI:N UUUU::iA l"<UVA l..tl DO MANDADO DE SEGURANY\ · J prova ser-llle·ia plenamentepossfvel(e ate mesmo exi!lfvel). Nao o fazendo, - ~\ -·haverfa de_ se ter como. atitentica ·a alega~ao do servidor Jmpetr~nte. Agora, t: sea prova _eventual mente oferecida pela autor~dade fos7e contestada, ai sim, -~ o caso seria de extinyao do process a sem ojulgamento.r do merito, diante da ~< controvCrsia fatica instaurada (aus€nc.ia dedireito Ifquido e certo). ;'1 [,i Talvcz urn outro exemplo seja tambem eloquent~. Figure-seurn mandado ~" de segurant;a irnpetrado contra exig€ncia tributclr_ia relativa ao IR, baseada ~~ c 111 suposta declarat;3o do prOprio contribuinte de{ acrescirno patrimonial em detcrminado perfodo sem o recolhimento da correspondente prestas:ao tributclria. k Se o lmpetrante alega na impetrayao que nao ~eciarou .o indigitado ~crescimo '; patrimonial, como poderia estar compelido a demonstrar isso em jufzo? Poderia .s ele ate apresentar copia de uma suposta declaraqao oferecida ao Fisco e deJa - nao constar a aquisiyao de renda mencionada, mas nao haveria certeza quanta a autenticidade de tal documento, ja que, hoje em dia, a declaraqao feita pela internet enseja tao somente a impressao de urn recibo. E dizer. o contetldo da declaraqao apresentada a Receita Federal so pode ser evidenciado, em carater eficaz e irrefutavel, pelo proprio Fisco. Negar a utilizaqao do mandamus, em casos tais, e impor consequencia nefasta a parte a quem nao poderia ter sido atribuido · o onus cta prova, independentemente do tipo de aqao escolhida ou do rito ao qual esteja a demanda submetida. E clara, nesse caso, a necessidade de apresenta~ao, pela autoridade dita coatora, da copia da declaraqao recebida, de forma a se verificar a existencia, ou nao, da confissao quanta ao acrescimo patrimonial. E, repise-se, pairando duvidas no conteudo da declaraqao, a demandar a produqao de prova no curso do processo, restaria insubsistente, ai sim, o mandado de seguranya. Em suma, __ se a teo ria dindmica do Onus da prova -i-evela-se, corr1o ressalta Alexandre Camara, "perfeitamente adequada as modernas tendencias do Direito Processual, estando afinada com o carater instrumental do processo, que hoje nao pode mais ser ignorado", nao ha fundamento logico que a afaste do rito do mandado de seguranqa. 0 permissivo do art. 4" da Lei n• 12.016/2009, ou seja; a impetraqao, em carate.r·de urgencia, de mandado de seguranya par telegrama, riidiagrama, fax ou -o~tro ~eio de_ a~tte"nticid(lde_comprovada, -ciu~-apenas atuaHzou previsao--no mesmo sentido contida na revogada Lei n',-1.533/51, e aventado por parte da doutrina como exce~ao a exigencia de prova pre-constitufda. Mesmo que assim se COllSidere, OS documentos indispensclveis a prova dos fatos afirmados na inicial, caso nao estejam em poder da propria Administraqao, deverao ser apresentados em jufzo ate o termino do prazo das informaqoes, para que deles tome ciencia a autoridade coatora, sob pena de subversao total do rito especial e violaqao do 12 t PREssurOSTOS EsrECiFicos DE CAB! MENTO CAPfTuto'2 · principio constitucional da ampla defesa (art. s•, inciso. LV). AI em disso, a Lei n• 9.800/99, que permite i!S·partes .a utilizaqao de sistema de transmissao de dados para a pratica de atos processuais, exige que, em ,asos tais, os originais · sejam entregues em juizo, necessariamente, ate cinco dias da data do termino do prazo ou, quando nao haja prazo, da recepqaodo material (art. 2"}. Alguns julgados aplicam subsidiariamente a norma do art. 284 do CPC ao procedimento do man dado de seguranya, o que permite ao juiz, mesmo atestando a insufici&ncia da Prova pre.:.c~nstituida, aceitar que o impetrante apresente documentaqao suplementar para evidenciar integralmente os fatos alegados. "Passive! ao impetrante, antes de despachada a petiqii(} inicial do mandado de seguranqa, requerer a juntada de documento. 0 fato, ao contrario do sustentado, nao constitui ofensa ao art. 6" da Lei n•1.533/51, pois tern· se como aplicavel subsidiariamente o 'art. 284 da lei processual civil" (STJ, AGA 64528/MA, S• Turma, Rel. Min. Jose de Jesus Filho, DJ 19/6/95, p. 18.735). Pensamos, entretanto, ser incabfvel a invocaqao do art. 284 do CPC, diante da norma expressa do art. 10, caput, da Lei n•12.016/2009, a determinar que a inicial sera desde logo indeferida, por decisiio motivada, quando niio for o .caso de mandado de seguranra au /he fa/tar a/gum dos requisitos /ega is ou quando decorrido a prazo legal para a impetrariio ( destaque nosso ). Ressalte· se que nao se trata de entendimento inedito na jurisprudencia formada a luz da revogada Lei n•1.533/51- que, em seu art. 8", continha disposiqao similar. "Considerando-se o rito sumarissimo do mandado de seguranqa, a exigir prova documental e pre-constituida, sob o risco de indeferimento liminar (art. 8• da Lei n• 1.533/51), inaplicavel a especie o art. 284 do CPC" (STJ, REsp. 65486/SP, 2• Turma, Rel. Min. Adhemar Maciel, Dj 15/9/97, p. 44.336). Porque o mandado de segurans:a nao substitui a aqao popular (SUmula n• 101 do STF), o direito lfquido e. certo a qu~ se. refere a Constituiqao no art. 5•, inciso LXIX, e aquele titularizado diretamerite. pelo impetrante, nao .. cabendo a impetraqaocontra atos Jesivos ao patrimonio publico, a moralidade administrativa etc., que ferem interesses da coletividade em geral. apenas indiretamente afetando a esfera do cidadao impetrante. Mencione-se, ainda, entendimento da Excelsa Corte sobre o tema, extrafdo do teor de sua Sumula n• 4 7 4, segundo a qual niio ha direito lfquido e certo, amparada pelo mandada de seguranra, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anu/adas por outra, dec/arada constitucional pel a Supremo Tribunal Federal. 13 :'-:.•_:..:RO Lufs RocHA loPES CoMENTARios A NovA LEI no MAN DADO DE SEGURAN\=A Constatada a inexistencia de direito liquido e certo, condi<;ao especifica e constitucional da a<;ao, o caso sera de carencia de a<;ao a ensejar a extin<;iio do ;-r0cesso sem a aprecia<;ao do merito, na forma do art. 267 do CPC- devendo '' ):1lgador denegar a seguran,a, de acordo com a determina<;ao do art. 6", § 5', <a Lei n' 12.016/2009 -, o que nao impedira a propositura de a<;ao pelo rita r;;Cimlrio ou ate mesmo de novo mandado de seguran<;a, instrufdo com novas ;.:was, se o prazo de 120 dias (art. 23 da nova lei) ainda estiver em curso. Eo que.pr~ceitua a Lei n' 12.016/2009, no art. 6', § 6', ao estabelecer que o pedidp <Jq rriandado de seguran,a podera ser renovado deni:ro do prazo decadencia/, sea dt:.:cisdo denegat6ria niio !he houverapreciado o mririto. ;.;iesmo para os autores que nao veem o direito lfquido e certo como condiy:ao '";pedfica da a<;ao de mandado de seguran<;a, mas como pressuposto processual ,,hjetivo (adequa<;ao ao procedimento) - caso de Leonardo Greco-, o efeito de ~;ua inexist@ncia seria o mesmo: invalidar a busca do direito atraves do writ- d<;sde que o postulante nao possa apresentar nova prova pre-constitufda ou t"nha perdido 0 prazo de 120 dias -, subsistindo 0 direito a jurisdi<;ao sabre 0 litigio, ainda que par outra via. Daf a o legislador haver explicitado, no art. 19 d" Lei n' 12.016/2009, que a senten}:a au o ac6rd6o que denegar mandado de scr;uran>a, sem decidir o merito, niio impedira que o requerente, par a,aa propria, pleiteie as seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. -11 2.2. ATO !LEGAL OU PRATICADO COM ABU$0 DE POIJER (ATO COATOR) <A Disposi<;6es pertinentes da Lei n' 12.016/2009: "Art. 1!! Coriceder-se-a mandado de segurans:a para proteger dire ito Hquido e certo, nao amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, i!egalmente ou com abuso de_.-p'oder, qualquer pessoa fisica ou juridica sofrer viola~ao ou houv€r justa receio de sofr€-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forern as fun<;Oes que exer~a. § lf! Equiparam-se as autoridades, p~ra OS efeitos. desta Lei, OS representantes ou 6rg3os de partidos politicos e os administradores de entidades aut3.rquicas, bern como os dirigentes de pessoas jurfdicas ou as pessoas naturals no exercicio de atribui<;6es do poder pUblico, somente no que disser respeito a essas atribuis:Oes. § 22 Nao !!abe mandado de segurans:a contra os atos de gestao comercial praticados pelo!i administradores d~ empresaspllblicas, de sociedade de economia rnista e de.concessionarfas de $e:rvi<;o pUbJico. ( ... ) PREssvrosros EsrECiFJCOS DE CABl/I.',ENTO -------- _1,:·\l'iTULO 2 Art. SQ Nao se concedera mandado de segurans:a quando sc tt".~t;Jr: I- de at? do qual caiba recurs a adrriinistrativo com efeito suspt'l~:'iYo, independentemente de caus:ao; II- de decisao judicial da qual caiba recurso com efeito su::>pt·n:-:\Yo; Ill - de decisao judicial transitada em julgado. Paragrafo uniCO. (veta do]." Ato coator, na li<;ao de Maria Sylvia Zanella DiPietro, e expressiio que rcvela ato ou omissao de autoridade pUblica- ou seja, urn ato praticado ou omiti<!o 1 )~_)r pessoa investida de parcela do Poder Publico - eivado de ilegalidade ou abuso de poder. A rigor, ensinam os administrativistas modernos que hcl reduntLincia na expressao i/ega/idade au abuso de poder. E que sempre que houwr virio 110 que diz respeitO• aos requisitos de validade do ato administrativo (n-llnpet€ncia, finalidade, forma, motivo e objeto ), haver§. ilegalidade. Como o <1l111so de poder ocorre nos vicios de competencia (excesso de poder) ou de fin<l/id,de (desvio de poder ou de finalidade), constitui ele uma das formas de lll<lllilt·sl"(:ao de i!egalidade. Seabra Fagundes justifica a utiliza~ao da redundante exprcs:-;;\o "11 huso de poder na ConstitUi(:aO pelo prop6sito deantes vivificat 0 instituto 'I"" <lCtnha-lo tanto rna is quanta 0 period ada sua anterior vigencia pusera a mm.l "" l"sfimavel tendencia restritiva da jurisprudencia". A doutrina do Direito Adrninistratfvo admite ainda o ataque m;HHbrncntal a comportamento de autoridade que venha a se revelar indevido, ;)iiJrb que nao traduzido em atos concretes. Ensina Sergio Ferraz que "mesmo :_~ntr:-,; de 0 ato administrative cristalizar-se, o simples comportarnento material, qtH: r; an uncia ou prenuncia, jcl abre margem a utilizac;ao do_mandado de seguranr;;t. Maria Sylvia Zanella DiPietro esclarece: · "Na realidade, trata-se dos chamados atos matcrioi:: rJa Administrac;ao, qu€ nao se expressam por a to adminl•,tr;J!uo propriamente dito, mas ql.}e manifestam uma vrHlLdr: c produzem efeitOs juridicos no caso concreto. E q qw: r,r r,; re quando a Adrninistrac;ao apreende mercadorias, qo;:;;do sinaliza as vias pt'iblicas, quando_ fecha, por meio dt~ c;nt ;izes ou faixas, determinadas ruas ou pr.aias, executa umt1 r;bra etc. Ain~cl que nao.haja urn ato escrito para ser impugn;;do, a simp)~s .execus:ao daqueles atos materiais podl~ cau;::ar lesao ou 3.mea.c;a de--lesao .e ·abi-if·-· ensejo. a imp<:lr~Jt;fin--de. mandado de seguran\'a." ·· ~ '- '- ~ ~ ~ ~ "-./ ~ ~ "-./ '._/ "-./ .'._/ ~ ~ ~ '._/ ·~ "-./ "-./ ~ ~ ~ '- '.J ~ ~ '- '._/ '._/ ~· '._/ MAN DADO DE SEGURANY\ 0 man dado de segurans:a pode serrepressivo, nos casas em que o a to co a tor . tenha sido efetivatnente praticado pelo Poder Publico ( ou por delegatario de funs:ao publica), ou preventive, que se destin a a evitar ;~pratica do anunciado ato, revelador de ameas:a a direito. 1 2.2.1. Mandado de seguranya preventivo A impetras;ao preventiva tern fundamento na nyhima constitucional de que a lei nao pode excluir da aprecias:ao do judiciar'io /esao ou ameilf:a a direito (art. 5", incise XXXV). 0 proprio art. 1" da nova lei do Man dado de Seguranp, reproduzindo, nesse ponto, a previsao da revbgada Lei n•1.533/51, esclarece ser cabfvel o instrumento para prevenir violac;ao a· direito Hquido e certo, quando demonstrado o justa receio de sofre-la. Exemplo de ameas:a a direito que justifica o ataque mandamental preventive e o do segurado titular de aposentadoria que recebe correspondencia da Previdencia chamando-o a se defender em processo que apura existencia de fraude na concessao do benefic.io. Anuncia-se, nesse caso, o ato de suspensaq do pagamento dos proventos, de forma a autorizar que, atraves de man dado de seguranya preventive, o segurado requeira ao juiz que impeya aAdrninistrayao Previdenciaria de pratica~lo. Da mesina forma decidiu o Superior Tribunal dejustis:a.que: "E cabivel o mandado de seguran~a preventive em face de resposta desfavoravel a consnlta tributaria diante de situas:ao concreta, exsurgindo justa o receio do contribuinte de que se efetive a cobran~a do tributo" (ST), REsp. 615335/SP, 1• Turma, Rei. Min. Luiz Fux, Dj 31/5/2004, p. 238). E clara que o justo receio a que se referiu o legislador nao deve ser relacionado ao mero julgamento subjetivo por parte do interessado na impetras:ao concluindo pelo risco de sofrer coas:ao indevida. A ameas:a que autoriza o cabimento do mandamuspreventivo ha deser real eobjetiva, traduzida em atos daAdministras:ao preparat6rios ou ao menos indicatives da tendencia da autoridade publica a praticar o ato (ou a se omitir deliberadamente, quando esteja obrigada a agir). Merece destaque, nesse particular, a lis:ao de Sergio Fer.raz: 16 "(.:.) 0 mandadode seguranp preventive nao- euma vacina processual destinada a afastar os receios das naturezas tibias. Seu escopo e a prevens:ao da pratica de ilegalidades ou arbitrariedades, quando a ameas:a de sua concretizas:ao seja palpavel e proxima no tempo. Dai, a correta rejeis:ao do remedio, quando 6 ato ou a omissao -administrativa nao se encontre, em si, ao me nos indiciariamente esboyado." A jurisprudencia do Superior Tribunal de justis:a e unissona a esse respeito. 1Kt::>::>U!'U::O IU::> CSI'EC!F!COS DE l..ABIME~'TO CAPiTUlO 2 "0 mero receio subjetivo nao e suficiente para respaldar a impetras;ao de · mandado de. seguran~a. Como o mandado de seguran~a nao prescind~ da prova pre- constituida, na impetra~ao preventiva e indispensavel que se ofere~a, com a peti~ao inicial, a prova inequivoca da amea~a real, concreta, por parte da autoridade impetrada"' (STJ, REsp. 171067 /PE, P Turma, Rei. Min. jose Delgado, D} 1/3/99, p. 235). "0 mandado de seguran~a preventive exige efetiva amea~a decorrente de atos concretes ou preparat6rios por parte da autoridade- indigitada coatora, nao bastando o risen de lesao a diteito liquido e certo, baseado em conjecturas por parte do impetrante, que subjetivamente entende encontrar-se na iminencia de sofrer o dano" (STJ, REsp. 431154/BA,l•Turma, Rei. Min. Luiz Fux,D}28/10/02,p. 246). "Nao cabe mandado de seguran~a para impedir que desembargador, quando estiver eventualmente no exercicio da presidencia, em . eventual processo sob patrocinio do impetrante; se abstenha de impedir-lhe o acesso a tribuna. 0 mandado de seguran~a preventive pressupoe amea~a plausivel e efetiva. Suposta amea~a, cuja verifica~iio e condicionada ao adimplemento de circunstancias futuras e incertas" (ST), REsp. 448527 /SP, 1 a Turma, Rei. Min. Luiz Fux, D} 15/9/03, p. 238). Ausente a prova da efetiva ameas:a a dire ito, oman dado de segurans:a esbarrara na vedas:ao da impetras:ao contra lei em tese, sumulada pelo STF (Sumula n" 266). "0 ordenamento juridico contemporaneo agasalha a possibilidade do mandado de seguran~a preveiltivo para evitar a~iio fiscal. Ha necessidade, contudo, de o contribuinte demonstrar a amea~a da a~ao fiscalizadora em razao de situa~oes faticas cohcretizada~; (aquisi10ao de hens, contratos firmados, obras executadas etc.) ou a serem consolidadas. 0 inandado de seguran~a preventive nao deve ser transformado em via processual para se discutiraiuterpreta~ao da lei em tese. Empresa que apenas afirma, com base em sen estatuto social, ser exploradora do ramo de constru~ao civil, nao tern direito liquido e certo, em sede de mandado de seguran<;a preventive, de se ver afastada da atividade fiscal cobradora de ICMS 17 lvtAuRo Luis RocHA LoPES CoMENTAruosANovA LEI oo NiANDADO DE 5EGURAN<;A sobre materialde constru~iio adquirido em outro Estado. Ha necessidade que, no curso do mandado de seguran~a preventive,- comprove que adquiriu mercadoria em outro Estado, que tal mercadoria sera empregada em obra que esta construida e se a referida obra existe, ou se tern, para o futuro, contrato de tal especie a cumprir. A amea~a exercida pela ativid~de vinculada eimpessoal da fiscaliza~~o s6 se caracteriza em face de situa~oes concretas" (STJ, REsp. 188308/MG, 1" Turma, Rei. Min. Jose Delgado,Dj26/4/99, p. 54). A consuma~ao do ato que o mandado de seguranp preventivo tinha par objetivo evitar nao enseja o esvanecimento do interesse processual do impetrante, sendo aproveitavel 0 mandamus como repressive a partir de entao. "A consuma~iio do a to impugnado niio prejudi ca o p edido de mandado de seguran~a requerido em carater preventivo. Se no curso do processo a amea~a potencial transforma-se em fato, mais razao havera para se prosseguir no exame da impetra~ao" (STJ, ROMS 10487/MG, 1' Turma, Rei. Min. Humberto Gomes de Barros, Dj 21/2/00, p. 90). "Deveras, p~la natureza e eminenci;;t do remedio constitucional, perpetrada a lesao · que · se pretende prevenir com a preven~ao mandamental, impoe-se conferir ao writ a caracteristica da fungibilidade para torn:Ho "repressivo'; e apto a coibir o abuso perpetrado in itinf!re. A finalidade do writ e conjurar a molestia consistente no abuso da autoridade que pode ser cometido, in itinere, no curso do p~ocessamento da a~iio man dam ental" (STJ, REsp. 448527/SP, 1' Turma, Rei. Min. Luiz Fux, D} 15/9/03, p. 238). 2.2.2. Omissao A omissao (ato omissivo) da Administra~ao tambem e passive! de ataque na impetra~ao, porquanto a Constitui~ao de 1988 nao a afastou da corre~ao via mandado de seguranp, ao se referir ao objeto do ultimo no art. 5•, inciso LXIX ( ... quando o respon~{IVel pel a ilegalidade ou abuso de poder for autoridade ... ). Ocorrera omissao i1icita sempre que a Administrayao silenciar ou se mantiver inerte, nas hip6teses elll que, por determina~ao legal au constitucional, estiver obrigada a se pronunciar au a agir de determinado modo. Casas tipicos de omissao ~ PREssurosros EsrECiHcos DE C.l..B!MENTO CAPiTULO 2 ,.__./ que justificam o ataquemandamental sao o silencio prolongado do agente publico diante de pedido de certidao ou de interposi~ao de recurso administrative e a negativa de implementa~ao de dire ito a que fa~a jus o impetrante. "Ha direito Iiquido e certo ao recebimento das presta~oes da repara~ao economica mensa! permanente e continuada como reco11hecimento daanistia politica (Lei n". 10:559/02) por. ato. do lllinistro da Justi~a,. · cumpridos os tramites da lei e existentes recursos or~amentarios, sendo ilegal a omissao do ministro da Defesa em nao efetuar o pagamento" (STJ, MS 9387/DF, 3• Se~ao, Relator Min. Paulo Medina, Dj 12/4/04, p. 184). "A Lei n" 10.559/02 e clara ao determinar a competencia do ministro de Estado da Justi~a para decidir sobre os requelimentos de anistia, sendo a Comissao de Anistia urn 6rgao auxiliar. Nao existe vincula~ao entre o entendimento perfilhado por ela e a decisao ministerial. Interpreta~ao da Lei n•10.559/02. Ordem parcialmente concedida, no sentido de que a autoridade coatora, considerando a existencia do parecer da Comissao ha mais de urn ano, se manifeste ac.erca do pedido do . · impetrante, decidindo como entender de direito" (STJ, MS 9192/DF. 3• Se~ao, Rei. Min. Jose Arnalda da Fonseca, Dj 19/12/2003, p. 317) .. "Estando demonstrada a condi~ao de servidores publicos estaveis, na conformidade com o disposto no art. 19 do ADCT da Constitui~ao Federal e no art. 243 da Lei n• 8.112/90, .a omissao da homologa~ao necessaria para a inclusao dos servidores no Plano de Classifica,ao de Cargos - PCC/ de que trata a Lei n• 5.645/70, viola direito Iiquido e certo dos impetrantes" (STJ, MS 8828/ DF, 3• Se~ao, Rei. Min. Pa~lo Gallotti, Dj 12/8/03, p. 186). A norma do paragrafo unico do art. SQ do projeto da Nova Lei do Manda do de Seguran~a enviado a Presidencia da Republica pelo Congresso Nacional, buscando deixar expresso o que era considerado implicito no regramento anterior, previu expressamente a possibilidade de impetra~ao contra omissoes de autoridade, mas;. com exigencia de nptifica~ao previa do agente a praticar o a to almejado. Tambemj. ' estabelecia o projeto que o prazo de 120 dias, na especie, haveria de ser contado\ da data da notifica~ao. ~ ~ ~ ~ 'c.--' ~~ '~ ·~ ·~ ~ ~~ ~ ~/ ·~ ·~ ~ ~ ~ ~ ~ v ~· ~ ~ ·~ iMAURO LU!S KOCHA LOPES MANoADo DE SEGURAN<;:A · . A aludida disposis;ao, todavia, acabou vetada pelo. Presidente, sob as Jsegt,Iintes razOeS: ; "A exigencia de notificas;ao previa ·como ~lmdi10ao para a propositura do Mandado de Seguran10~ pode gerar questionamentos quanta ao infcio da contagem do prazo de 120 dias em vista da ausencia de ,Perfodo razoavel para a pratica do ato pela autoridade e, em especial, pela possibilidade da autoridade notificada·nao ser competente para suprir a omissao." Como se ve, o veto a disposil'iio constante do paragrafo unico do art. 5" do projeto que redundou na Lei n" 12.016/2009 nao afastou o cabimento do mandado de seguran10a contra ato omissivo de autoridade. 0 que se pretendeu foi evitar a cria10ao de condil'iio especffica para a impetra10ao - notifica,ao previa do agente coator -, diante da problematica que isso traria a defini,ao do termo inicial do prazo de cento e vinte dias e tendo em vista a costumeira dificuldade em se identificar a autoridade titular de efetiva atribui,ao para praticar o ato. 2.2.3. Atos de dire.ito publico e de direito privado ·Quando a Administra,ao pratica atos como Poder Publico, lanpndo mao de suas prerrogativas, decorrentes essas do poder de imperio estatal (soberania), seus atos sao impugnaveis atraves de mandado de seguran10a ( exs.: lanpmento de tributo, indeferimento de licens;a etc.). Entretanto, quando a Administra,ao pratica atos bilaterais, tfpicos de pessoa jurfdica de direito privado, nao teria cabimento, em principia, 0 man dado de seguran,a. Seria impertinente, pais, a impetra,ao contra cliiusulas contidas em contrato administrativo, mesmo fixadas unilateralmente pela pessoa jurfdica de direito publico, certo que a manifesta,ao de vontade do particular contratante se teria revelado vital para a celebra,ao do neg6cio, nao se podendo cogitar do atributo da imperatividade na especie. 20 "Correta a senten10a que extinguiu o processo, sem exame do lnerito, se a solu,ao da !ide ilnjn'escinde de dilal'iio probat6ria e de discussiio de chiusulas contratuaJs, 0 que e defeso na via estreita do mandado de seguran,a" (TRF da P Regiao, AMS 01000304906/DF, 3• Turma Suplementar, Rel. )uiz Convocado Moacir Ferreira Ramos, 27/3/03, p. 226). "Versando a questiio sobre vfcios de contrato de direito, maritima, cujos resultados se revelaram danosos para o Lloyd Brasileiro, nao eo man dado de seguran,a o remedio fRESSUPOSTOS tSPECfF!COS DE CABJMENTO CAPiTUlO 2 processual proprio para anular a decisao proferida no procedimento administrativo instaurado" (TRF da 2' Regiao, AMS 9202153566/R), P Turma, Re. Pes. Fed. Clelio Ertha!, D] 21/9/93). Ganha for10a no Dire ito brasileiro, todavia, a tese de que mesmo atuando em relal'6es privadas, o agente da administra,ao publica age como autoridade, cabendo a impetra,ao de man dado de seguran,a contra os seus atos que se revelarem ilegais. Esclarece jose da Silva Pacheco que essa distin10ao (atos de imperio e atos de gestao), "em bora importante, nao tern o dam de ressuscitar a velha teo ria sabre a duplice personalidade do Estado, agindo como _pessoa de direito publico (atos de i!nperio, insuscetiveis de reexameou contrcrte), e como pessoa de direito priVado (atos de gestao), muito salientada no Direito frances". Conclui o ilustre autor que "o Estado, atualmente, atua sempre como pessoa juridica de direito publico (art. 18, CF), e seus'atos, todos eles, ( ... ) se forem ilegais ou abusivos e ameac;arem ou prejudicarem Direito Iiquido e certo, nada impede que contra eles se impetre mandado de seguran,a". 0 Supremo Tribunal Federal tambem ja esposou tal entendimento, em julgado expressivo,: . · "Aatividade estatal e sempre publica, aipda que inserida em rela,oes de direito privado e sobre elas irradiando efeitos; sendo, pois, ato de autoridade, o decreto presidencial que dispensa servidor publico, embora regido pela Iegisla>iio trabalhista, a sua desconstitui,ao pode ser postulada em mandado de seguran>a" (STF, MS 21109/DF, Pleno, Rei. Min. Sepulveda Pertence, D] 19/2/93, p. 2.033). 2.2.4. Atos praticados por delegac;:ao A norma do art. 1•, § 1•, da revogada Lei n•l.533/51, permitia a impetra,ao de mandado de seguranl'a contra atos praticados ;pelos agentes publicos por delega,ao, no que entendiam tais atos com a funl'iio delegada. Tal disposil'iio guardava consonailciacom a.n6rma col\stitucional do art. 5",Jnciso LXIX, que faz referencia a impetra,ao em face de ato ou omissao de autoridade publica au agente de pessoajurfdica no exercfcio de atribuif;:oes do Poder Publico. Com a edi10ao da nova lei, permitiu-se, na mesma linha, o ataque mandamental dirigido aos atos praticados por dirigentes de pessoas jurfdicas au as pessoas naturais no exercfcio de atribuir;:oes do poder publico, somente no que disser respeito a essas atribuir;:oes (art. 1", § 1"). 21 MAURO Lurs RocHA LoPES CoMENTARios A NovA LEI oo MANoADO oESEGURANc;A 0 Supremo Tribunal Federal possui jurisprudencia, cristalizada na Sumula n" 510, fixando o entendimento de que praticado o ato par autoridade, no exercfcio de competencia delegada, contra ela cabe o man dado de seguran.;:a au a medida judicial. A doutrina sempre emprestou ao termo autoridade publica o conceito mais amplo passive! para fins de controle de sua conduta via mandado de seguran.;:a, enquadrando como tal qualquer agente que tenha praticado um ato-·funcionalm_ente• administrativo. Assim_; nao chega a TePreseritaf .inovp.s::ao a previsao da Lei n• 12.016/2009 (art. 1•, § 1"} de ataque mandamental a atos praticados par administradores de entidades autarquicas. Tais entidades (autarqui~s e fundas:oes publicas} sao, verdadeiramente, pessoas juridicas de direito publico, dirigidas, portanto, por autoridades publicas. A jurisprudencia dominante admite a impetras:ao contra atos praticados por dirigente de pessoa juridica de dire ito privado (como os atribuidos ao presidente de empresa publica) tipicos de Estado, a exemplo dos atos de Jicita.;:ao, entre outros. "A aliena~ao de bens integrantes do patrimonio das entidades da administra~ao direta ou indireta esta sujeita ao procedimento. da licita~ao publica, hoje disciplinada pela Lei n" 8.666, de 1993, sendo o ato praticado, nestecampo de dire ito publico, de.autoridade e essencialmerite de natureza administrativa, suscetivel, portanto, ao ataque pela via do mandado de seguran~a. In casu, a "Terracap", na medida em que submeteu ao processo licitatorio im6veis integrantes do seu patrim6riio, para efeito de selecionar proponentes a sua aquisi~iio, praticou atos administrativos que nao sao de dire ito privado ou de_ gestao. E esses atos administrativos sao atos de autoridade, porquanto regidos por normas de direito publico - constitucional e administrativo - que disciplinam o procedimento licitatorio" (STJ, REsp. 100168/DF, 1' Turma, Rei. Min. Dem6crito Reinaldo, RST] 111/44). "Trata-se de ato de representante legal da Central Eletrica Matogrossense S/ A- Cemat - que, visando a compelh; o contribuinte a regulariza~iio de cadastro, suspendim (cortando) o fornecimento de energia · eletrica de unidade consumidora. A concessiomiria de energia: eletrica agiu em cumprimento de determina~iio PRESsurosros EsrEciFJcos oE CABIMENTo CAPiTULO 2 de Iegisla~o especffica do setor de energia eletrica, por meio do poder concedente, Departamento Nacional de Aguas e Energia Eletrica, o que demonstra que praticou o ato impugnado no exercfcio de fun~o delegada pelo Poder Publico. E cabfvel o mandado de seguran~a contra ato de representante legal de sociedade de economia mista ( concessionaria prestadora de fornecimento de energia eletrica) que exerce fun~iio delegada pelo Poder Publico, quando praticado com abuso de poder e de forma ilegal. 'Tem-se, atualmente, procurado emprestar ao vocabulo autoridade o conceito mais amplo possfvel para justificar a impetra~iio de mandado de seguran~a, tendo a lei adicionado-Ihe o expletivo seja de que natureza for"' (REsp. n" 84082/RS, Rei. Min. Dem6crito Reinaldo) (STJ, REsp. 430783/MT, 1' Turma, Rei. Min. Jose Delgado, D] 28/10/02). Cabe mandada de seguran9a contra ata praticada em licitar;aa pramovida par saciedade de ecanamia mista au empresa publica (STJ, SU.mula n" 333). Tambem e reconhecida, v.g., a validade da impetra.;:ao de mandado de seguran>a contra atos praticados par dirigentes de. estabelecimentos de ensino, quando relacionados como exercicio da atividade a eles delegada. "Tratando-se de mandado de seguran~a, a competencia e definida, normalmente, em fun~iio da autoridade coatora. No presente caso, a autoridade coatora e o diretor de institui~ao de ensino privada, que condicionou a renova~ao de matrfcula da estudante ao pagamento das mensalidades atrasadas relativas ao ano letivo anterior. Niio se trata de simples · cobran~a de mensalidades atrasadas,. configurando o ato coator, na presente ,hip6tese, negativa de acesso ao ensino. Cuida-se de atua~iio delegada do Poder Publico, a quem compete oferecer ensino publico ou autorizar o funcionamento de estabelecimentos particulares" (STJ, CC 21663/SP, 2• Ses:ao, Rei. Min. Carlos Alberto M. Direito, RST] 143/201}. Nao e passive!, todavia, que a impetras:ao se dirija contra mero ata de gestao praticado par dirige~te de instituis:ao privada delegataria de funs:ao publica, a exemplo da cobran;:a de mensalidades atrasadas ou fixas:ao de calendario do ano letivo par parte de dire tor de colegio ou rei tor .de universidade. -~ ~ ~ '-./ ~ '~ '~ -~ ,_, ~ -~ ~ ~ '---' ~ ~ '~ ~ '---' ~ ~ ~ ~ ~ ~ -~ ~ ~ -~ -.._/ I !i I ~ _,_,-,:Y;!;.':;.~f) Luis RocHA LoPES \....OMEt-o"TARlOS A l"'UYA 1..~1 uv MAN DADO DE SEGURANc;:A "Consideram-se. autoridades, para os efeitos · da. Lei. ·de Manda do· de · Seguran~a, os representantes ou administradores das entidades autarqujcas e das pessoas nat~trais ou juridicas com . fun~i'ies delegadas do Poder Publico, somente no. que entender com essas fun~oes (art. 1", § 1•, da Lei n• 1.533/51). Nao se trata de ato de autoridade, mas, sim, de ato de gestao, praticado no ' interesse exclusive da sociedade de economia mista, atuando como empregador, em nada se identificando com as espedficas fun~oes deleJ;:adas pelo · Poder Publico, tal qual resulta da Ietra do art. 21, inciso XII, alinea b, da Constitui~ao da Republica, o ato de gerente de Departamento de Recursos Humanos de Companhia Energetica, em que se faculta a seus empregados que recebem beneficio de aposentadoria por tempo de servi~o a op~ao pela manuten~ao do vinculo empregaticio, mediante a suspensao do pagamento do beneficio junto ao INSS, ou, aiuda, a preserva~ao do recebimento do beneficio, mediante a eict:in~ao do contrato de trabalho" (STJ, REsp. 278052/PR; . 6' Turma, Rei. Min. Hamilton Carvalhido, Dj 15/4/0Z, p. 269). E·;sc entendimento, que ja vinhasendo adotado sem vacila~6es na 1' 11 i•;prudi'mcia, acabou positivado na Lei n• 12.016/2009, cujo art. 1", § 2•, ,_Jln!/~m disposi~ao que afasta o cabimento do mandado de seguran~a contra os "'""lie gestiio comercia/ praticados pelos administradores de empresas·publicas, 111 · s1 ;ciedades de economia mista e de concessionc'iriGs de servi~o ptlblico. Excluem-se do ataque mandamental, naturalmente, os atos praticados P()r pessoas fisicas ou juridicas de direito privado que nao tenham recebido d,·J,.g:~;:ao de funs:ao publica, como os atos praticados pelos usurpadores de ·11 riltuis;ao publica (crime tipificado no art. 328 do CP), dado que a propria AdnJinistra~ao e vitima dos mesmos. :!.~~.5. Atos praticados por repre~entantes ou 6rgaos de partidos politicos Como novidade legislativa, extraida do disposto no art. 1•, § 1•, da Lei 11 " 12.016/2009, os representantes ou 6rgaos de partidos politicos foram 1'quiparados a autoridades pliblicas e, com isso, seus atos passam a classe d.1qudes que podem ser controlados judicialmente atraves de mandado de •;t'~~uran~a. '2-l ~ l'Re;SU!'OSTOS CSPECIFlCO$ DE LABIMENTO CAPiTULO 2 E livre a cria;:ao de partido politico (CF, art. 17, caput), pessoa juridica de· direito privado destinada a assegurar, em nome da democracia, a autentiddade do sistema representative e a defender os direitos funda,mentais (Lei n•9.096j95, art. 1"). De uma maneira gera!, em juizo, a responsabilidade por atos de viola~ao a direito a!heio cabe ao 6rgao partidario municipal, estadual ou nacional que a ela tiver dado causa, ficando exclufda, na forma estabelecida no art. 15-A da Lei n' 9.096/95 (inclufdo pela Lei n' 11.694/2008), a solidariedade de outros 6rgaos de dire;:ao partidaria. Ainda assim, segundo a norma contida no paragrafo unico do art. 11 da Lei n' 9,096/95, o delegado credenciado por 6rgao de dire;:ao representa o partido politico perante a )usti.;a,Eleitoral, daf porque pode ter seus atos coinbatidos atraves de mandado de/seguran~a. )ana Casa Legislativa, o partido politico funciona por intermedio de uma bancada- que deve constituir sua lideran;:a, na forma do art. 12 da Lei n• 9.096/95- que, assim 'pratica atos passfveis de ataque na via do writ.' Pode-se imaginar alguns casas de possfveis impetra;:6es de mandados de seguran;:a contra atos de representantes ou 6rgaos de partidos politicos. Integrante de bancada do partido, que deve subordinar sua ariio parlamentar aos princfpios doutrinarios e programaticos e as diretrizes estabelecidas pel as 6rgiios de direriio partidarios (art. 24 da Lei n• 9.096/95), pode se valer do writ para questionar determinada linha de atua;:ao que lhe seja imposta pelo partido, sob o exemplificativo fundamento de estar em confronto com mandamento constante do estatuto da · entidade. Mesmo a imposi-;:ao de quaisquer medidas disciplinares basicas de carater estatutdrio, assim como a aplica-;:ao de penalidades exteriorizadas em desligamento temporario da bancada, suspensao do direito de voto em reunioes internas ou perda de prerrogativas (art. 25 da Lei n• 9.096/95), podem levar o parlamentar a bus car, via mandado de seguran~a, o controle judicial correlato, alegando, v.g., inobservfmcia do contradit6rio e da ampla defesa, desproporcionalidade da san~ao etc. A aplica-;:ao dos recursos oriundos do Fundo Partidario desviada da destina-;:ao estabelecida no art. 44 da Lei nf 9.096/95 se afigura, tambem, outro exemplo de pratica passive] de impugna;:ao atraves do remedio heroico. De se ressaltar· que os a.tos praticados por dirigentes de funda;:oes ou de institui-;:oes de direito privado criadas por partidos politicos nao podem ser controlados em juizo atraves de mandado de seguran;:a. E que as referidas institui<;6es, na forma estabelecida no art. 53 da Lei n• 9.096/95, sao regidas pela lei civil, tern personalidade juridica propria e, assim, nao se enquadram como "6rgaos de partidos politicos" para os fins da Lei n•12.016/2009. 25 MAuRo Luis RocHA LorEs CoMENTARlos A. NovA LEI oo M.ANDADO DE SEGURAN<;:A Evidentemente, os atos de gestao praticados por dirigentes de partidos politicos - demissao de empregados, celebras;ao de contratos, mudans;a de enderec;:o etc.-, porque nao dizem respeito diretamente a atividade partidaria em si, tambem estao imunes ao controle judicial via mandado de seguranc;:a. No particular, aplica-se, por analogia, a vedac;:ao do § 2" do art. 1" da Lei n" 12.016/2009. 2:2.6. Ato legislative Muito se discute sabre a validade da impetrac;:ao de mandado de segurans;a contra ato legislative, que nao se confunde com ato administrative praticado por autoridade fegislativa (como os atos da Mesa da Camara dos Deputados). 0 Superior Tribunal de justic;:a prestigia, rotineiramente, o entendimento contido na Sumula 266 do Supremo Tribunal Federal. a tear da qual niio cabe mandado de seguram;a contra lei em tese. "Nao cabe mandado de seguranc;:a contra lei em tese (Sumula nn 266 do STF). No mandado de seguranc;:a, nao se admite dilas;ao probat6ria. Processo extinto sem apreciac;:ao do merito" (STJ. MS 6571/DF, 1' Sec;:ao, Rel. Min. Garcia Vieira,D]21/8/00, p. 88). - ?' De acordo com a orientac;:ao citada, nao se pode pleitear atraves de mandado de segurans;a a invalidas;ao da lei, mas sim o desfazimento do ato que, escorado nela, tenha violado direito lfquido e certo do impetrante. Nao deve o contribuinte, por exemplo, dirigir a impetras;ao diretamente contra a lei instituidora do tribute, por considerar a mesma inconstitucional, deduzindo pedido no sentido de sera norma nulificada pelo julgador. 0 mandado de seguranp, nesse caso, ha de ter por objeto imediato o ato da administrac;:ao que venha a exigir o tribute havido por ilfcito, sen do a inconstitucionalidade da lei a caus,a petendi. A bern da verdade, a discussao judicial da lei eh:J tese e deferida apenas ao Supremo Tribunal Federal, no julgamento das as;oes diretas, exercendo o controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos. Quando se faz referenda a expressao lei em tese, quer-se aludir a lei material, ou seja, qualquer instrumento normative que contenha comando de conduta generico, dotado de abstrac;:ao e impessoalidade. Por isso, mesmo urn decreta n!gulamentar. ato administrative em sua forma, hit de ser considerado lei material em sua essen cia, em moldes a afastar sua impugnas;ao direta atraves do mandamus. ' ''Autoridade coatora e aquela que executou ou mandou executar o ato concreto causador . da · insatisfac;:ao do PREssurosTos EsrECiFJcos DE CAB!MENTO CAPITULO 2 impetrante, e nao aquela que baixou a norma geral e abstrata, na qual esta apoiado o ato tido por coator. A simples edic;:ao de norma geral e abstrata nao e capaz <le causar prejuizos, pelo que nao pode ser impugnada via mandado de seguranc;:a. So a respectiva efetivac;:ao da norn1a tern o condiio de prodnzir gravames" (STJ, ROMS 8784/MA, 2'Turma, Rel. Min. Adhemar Maciel, D] 10/11/97, p. 57.731). Hip6tese'excepcionaiconsiste'U3 iinpetrac;:ao de man dado de segur;lll\'il contra lei de efeitos concretes, qual seja lei formal, porqtie e·manada do Podcr l.cgislativo e submetida a processo legislative, mas nao material, pois sem o can}ter de abstrac;:ao e generalidade, atingindo pessoa(s) determinada(s). Contra cia cabe 0 ataque mandamental por se tratar de lei autoexecut6ria ou selfenforcin.g (ex.: lei que defina area como sujeita a restric;:oes para prote~ao do meio ambicnte ). "Admite-se mandado de seguranc;:a contra lei de efcilos ~oncretos, revestida de carater de ato administrativo" (STJ, REsp. 343800/MG, 2' Turma, Rel. Min. Paulo Medina, Dj 31/3/03, p.195). "0 ato estatal, consubstanciado na alterac;:ao do valor do vencimento de categoria, nao pos~ui conteUdo tipicamente· normativo, dotado de ampla generalidade
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