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86 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV Unidade IV 7 DICOTOMIA ENTRE AS DIVISÕES DA GEOGRAFIA 7.1 Metodologia para o trabalho docente da Geografia e as dicotomias 7.1.1 Práticas e recursos educativos para o ensino geográfico do espaço O docente, para ensinar a Geografia, deve criar e planejar situações para que o aluno possa aprender a observar, descrever, experimentar, promover situações análogas e sintetizar considerando a especificidade dos fatos, utilizando‑se dos conceitos geográficos e contextualizando os processos. Uma das formas propostas para alcançar tais propósitos é utilizar a cartografia, desenvolvida desde a Pré‑História como instrumento que sintetize informações e expresse situações e informações envolvendo ideias que permitam a organização e a produção do espaço. Na Geografia tradicional, principalmente aquela que teve origem a partir da escola francesa, as análises sempre estiveram vinculadas à diferenciação dos lugares e seus aspectos específicos. As descrições eram como um inventário de características que serviriam para o pesquisador combiná‑las ou compará‑las a outros lugares e sistematizar um pensamento que fosse lógico. Devemos lembrar que a Geografia nos leva a viajar pelos espaços e a linguagem cartográfica ocupa, desta forma, um lugar importante que auxilia o professor na identificação e descrição dos fenômenos, contribuindo para o aluno compreender, identificar, localizar e comparar na leitura do mundo e de seu próprio lugar de pertencimento. A escola deve criar condições para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem, que representem e interpretem o espaço e as informações obtidas, identificando problemas e propondo soluções. Assim, o território se apresenta como um conceito muito favorável para compreendermos a espacialização de representações, não só as naturais, mas também as de ordem cultural e social. Claval (2010, p. 33) nos mostra uma visão importante para a análise do espaço geográfico: O espaço transformado em território oferece aos grupos humanos, uma base e uma estabilidade que eles não conseguiriam alcançar, sem isso, faz nascer um sentimento de segurança. As paisagens que o caracterizam, os monumentos que nele se encontram, tornam sensível a história coletiva e reforçam a sua força. O território constitui um dos componentes essenciais das identidades. Devemos considerar que equipamentos, como filmes, internet, programas televisivos, entre outros, não podem ser priorizados pela metodologia de aprendizagem apenas para dar um caráter de modernidade 87 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS na transmissão do conhecimento, por serem práticas de um novo tempo para realizarmos o ensino da Geografia. É imprescindível a compreensão dos seus conceitos e sua aplicabilidade. A Geografia compreende um campo de conhecimento que relaciona paisagens e imagens, sem dúvida de caráter interdisciplinar e que associa várias dualidades ou dicotomias, trabalhando com interfaces tais como: • Espaço e tempo. • Identidade e diversidade. • Lugar e território. • Trabalho e consumo. • Natureza e sociedade. • Local e global. • Inclusão e exclusão. • Rural e urbano. • Regional e geral. No quadro a seguir observamos os conceitos estruturantes e as articulações que podem ser feitas pela Geografia em seus distintos campos de estudo. Quadro 1 – Conceitos em Geografia Conceitos Articulações Espaço e tempo • Principais dimensões materiais da vida humana. • Expressões concretizadas da sociedade. • Condicionam as formas e os processos de apropriação dos territórios. • Expressam‑se no cotidiano, caracterizando os lugares e definindo e redefinindo as localidades e regiões. Sociedade • Consideradas as relações permeadas pelo poder, apropria‑se dos territórios (ou de espaços específicos) e define as organizações do espaço geográfico em suas diferentes manifestações: território, região, lugar etc. • Os processos sociais redimensionam os fenômenos naturais, o espaço e o tempo. Lugar • Manifestação das identidades dos grupos sociais e das pessoas. • Noção e sentimento de pertencimento a certos territórios. • Concretização das relações sociais vertical e horizontalmente. Paisagem • Expressão da concretização dos lugares, das diferentes dimensões constituintes do espaço geográfico. Pelas mesmas razões já apontadas, não limitaria a paisagem apenas ao lugar. • Permite a caracterização de espaços regionais e territórios considerando a horizontalidade dos fenômenos. Região • Região se articula com território, natureza e sociedade quando essas dimensões são consideradas em diferentes escalas de análise. • Permite a apreensão das diferenças e particularidades no espaço geográfico. Território • O território é o espaço apropriado. • Base da região. • Determinação das localizações dos recursos naturais e das relações de poder. • A constituição cotidiana de territórios tem como base, as relações de poder e de identidade de diferentes grupos sociais que os integram, por isso eles estão inter‑relacionados com conceitos de lugar e região. Adaptado de: Brasil (s.d., p. 56). 88 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV Observação Na coluna “Articulações”, no quadro apresentado anteriormente, há sugestões de algumas articulações possíveis entre os conceitos. A finalidade é demonstrar que os conceitos não têm limites definidos e deixar o professor com liberdade de utilizar as mais diferentes combinações possíveis. Assim, temos várias dicotomias nos estudos geográficos. Uma delas é a questão da espacialidade rural e urbana, a concepção cultural e territorial de um lugar específico, com suas características estruturantes naturais, humanas, econômicas e as transformações que não param de ocorrer com seus procedimentos positivistas e epistemológicos, que fundamentam as análises no contexto das ciências modernas. Há uma tendência de que os geógrafos se interessem por problemas urbanos, uma vez que as cidades permitem a reprodução ampliada do capital e concentram o poder político. No entanto, em certas economias emergentes, como a do Brasil, a produção rural emerge como um processo de ressignificação dentro das análises contemporâneas, não mais vinculadas à ideia do rústico, do tradicional, do convencional, embora estes aspectos muitas vezes persistam, mas outras visões emergem neste campo. Segundo a análise de Castells (2003), o urbano seria uma unidade espacial da reprodução da força de trabalho, em uma ótica marxista, estabelecendo a estrutura econômica como principal elo conceitual de uma teoria do espaço urbano. Na obra A Questão Urbana, Castells (2003) faz uma abordagem a partir da análise feita pela Escola de Chicago, onde houve uma forte influência do pensamento estruturalista de Althusser. O resultado é uma crítica à ciência urbana tradicional, rejeitando o conceito de urbano como uma unidade ideológica, como tendo a capacidade de produzir uma cultura específica, apenas por ser mais densa e heterogênea em relação ao campo. Na concepção marxista, o que foi privilegiado foi o tempo, tratado como o conceito dinâmico, dialético, frente a um espaço estático, mero suporte da vida humana. “Quanto mais Marx organiza o seu raciocínio com referência constante ao tempo, mais ele se mostra indiferente aos problemas do espaço” (GEORGEet al., 1968, p.140). O interesse marxista não era uma análise espacial, mas sim o desenvolvimento do modo de produção capitalista e a compreensão das homogeneidades que tais relações proporcionariam (Harvey, 2005). O espaço não foi, assim, valorizado. O espaço só voltaria a ser objeto de questionamento com relevância para análise em meados do século XX, representado na Sociologia francesa por Henri Lefebvre, filósofo de formação marxista, que se destacou principalmente para o pensamento geográfico. Ele revelou a produção do espaço como uma dimensão indispensável para interpretar a dinâmica social. Lefebvre (apud SCHENEIDER, 1999, p. 170) considerou: A urbanização é um fenômeno inexorável, a ponto de ocupar uma posição de submissão da sociedade humana a qual viria a se tornar 89 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS essencialmente urbana, espaço e tempo são muito importantes para interpretar a dinâmica social. Ele chega a falar de “urbanização” do rural e afirma que seria um processo inevitável, em que “o tecido urbano prolifera, estende‑se, corrói os resíduos da vida rural, entendendo‑se como o domínio edificado das cidades, predominando sobre o campo” (LEFEBVRE, 2002, p. 17). Quando falamos, portanto, em ambientes urbanos, deparamo‑nos com uma grande complexidade que pode vir a comprometer a qualidade de vida. Um exemplo clássico disso foi a mudança no hábito de viver dos citadinos em busca de segurança e qualidade de vida, procurando por espaços fechados, como o emblemático bairro de Alphaville, em São Paulo, que acabou se transformando em uma referência na forma de habitar. Represa de Santana de Parnaíba Santana de Parnaíba Alphaville Carapicuíba Osasco Itapevi Figura 19 – Mapa de Alphaville Observamos que, para os habitantes de grandes cidades, ter qualidade vida é habitar espaços fechados, com vigilância e restrição de circulação. Trata‑se de uma medievalização social, com lugares quase irreais. A falta de segurança, a violência, nas áreas urbanas e o descaso com a natureza são alguns slogans usados pela especulação imobiliária, de forma a promover a venda de espaços utópicos, ‘’espaços fortificados’’, ou seja, verdadeiros enclaves. A atual situação do Brasil com relação à segurança ou insegurança pública está bastante comprometida. Os cidadãos que têm condições de se isolar dessas pressões buscam espaços fechados ou condomínios considerados, pelos estudos geográficos e sociológicos, metáforas dos enclaves fortificados da Idade Média, os feudos. Tal padrão ocupacional do espaço urbano de grandes cidades, não só no Brasil como no exterior, traz em si uma ideia de exclusão por meio da relação centro‑periferia. Os “suburbanos ricos” impuseram uma nova forma de segregação espacial na metrópole. Assim, as cidades passam a apresentar o lado perverso da globalização urbana, evidenciando o problema habitacional, gerando áreas pobres, com submoradias (núcleos favelados, ocupações irregulares, cortiços), contrapondo‑se ao modo rico de habitar. 90 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV Saiba mais Indicamos a leitura da monografia apresentada no ano de 2006, pela Profª. Ivete Ramirez, como conclusão da disciplina “Qualidade de vida em sociedades complexas”, para a Profª. Dra. Sônia Regina da Cal Seixas Barbosa, Curso de Doutorado no NEPAM – Núcleo de Pesquisas Ambientais – Unicamp. O Brasil se tornou um país majoritariamente urbano, mas o modo de habitar o espaço rural ainda é objeto de estudos e de polêmicas. Figura 20 – Morro do Bumba, Niterói‑RJ Figura 21 – Erosão em área urbana 91 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS Observação Outros problemas que envolvem pessoas e ambientes podem ser vistos nas imagens apresentadas anteriormente. Atribuir exclusivamente ao clima a responsabilidade sobre os deslizamentos é esconder a causa principal do problema. A mídia tem noticiado casos de deslizamento de terras devido ao efeito combinado do uso inadequado do solo e a presença de fortes chuvas, colocando em risco a vida de pessoas e causando grandes prejuízos materiais. As atividades agropastoris desenvolvidas com técnicas modernas de manejo visam a uma maior produtividade associada à preservação do meio ambiente. Em áreas urbanas, o desmatamento e a ocupação irregular de encostas geram sérias consequências. Além dos problemas relatados e apresentados nas imagens, outros dramas urbanos também mudam o cotidiano dos citadinos e a forma de organização do espaço. A paisagem urbana é modificada. No que se refere ao campo da geografia agrária brasileira, destaca‑se o Prof. Ariovaldo Umbelino de Oliveira, cujos estudos são de grande contribuição na perspectiva crítica da questão agrária nacional, discutindo os movimentos sociais e as lutas pela posse da terra, reivindicando uma política efetiva de reforma agrária que amenize as desigualdades sociais e facilite o acesso à terra. Para Oliveira (2007), a luta não se restringe apenas à propriedade da terra, mas trata‑se de uma luta contra o capital, contra a latifundiarização. É um dos caminhos contraditórios [...] em que o modo de produção capitalista de produção se desenvolve, e, desenvolvendo‑se, cria as condições para sua reprodução ampliada, mas também as contradições desse processo. A reforma agrária não pode ser entendida como solução para essas contradições, mas sim como um paliativo. Paliativo que resolve mais as questões do modo de produção capitalista de produção como um todo do que a da agricultura em particular. No fundamental, as soluções para os problemas da agricultura estão inscritas na necessidade de superação desse modo de produção (OLIVEIRA, 2007, p. 67). 92 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV Figura 22 – Movimento Sem Terra (MST) Enfim, vivemos agora a Geografia mais científica, mais crítica com procedimentos positivistas e epistemológicos. Não estamos mais na fase moderna, em que prevalecia a ideia de progresso, a noção do sujeito e da racionalidade humana. O tempo era percebido como um todo, pois a noção de progresso dava estrutura à história e, sobretudo, o homem era visto como um projeto para emancipação, no sentido de que ele resolveria os problemas sociais existenciais da humanidade. Saiba mais As obras a seguir mencionam a questão relativa ao homem urbano e seus problemas, inclusive os existenciais: HOMEM, M. C. N. O palacete paulistano. São Paulo: Martins Fontes, 1996. ARAÚJO, R. A São Paulo clandestina. Mundo, São Paulo, ano 9, n. 1, p. 8, mar. 2001. Disponível em: <http://www.clubemundo.com.br/pages/ pdf/2001/mundo0101.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2014. BARBOSA, S. R. C. S. Identidade social e dores da alma entre pescadores artesanais em Itaipu, RJ. Ambient. soc. [online], 2004, v. 7, n. 1, p. 107‑131. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/asoc/v7n1/23539.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2014. 7.2 Tempo polêmico no mundo acadêmico e na Geografia: as Ciências Naturais e as Ciências Humanas Santos (1995, 2001) tratou de um tema que para o campo geográfico é dicotômico no mundo acadêmico: a discussão sobre as Ciências Naturaise as Ciências Humanas. Será que as Ciências dos fatos produzidos pelos homens têm o mesmo status de cientificidade que as Ciências da Natureza? Existe uma relação entre elas? 93 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS Aqui nos questionamos: existe somente uma forma de se fazer Ciência? O pensamento positivista prevalece nos autores que adotam o critério das ciências naturais: objetividade e neutralidade. Santos (1995, 2001) chega a sugerir outros caminhos. Ele parte da tese proposta por Bachelard, em que admite que tanto as Ciências Naturais como as Humanas, incluindo a Filosofia, enquanto discurso articulado e rigoroso, podem permitir duas rupturas epistemológicas: 1) Todo processo científico deve acontecer quando o pesquisador deixa o senso comum e busca uma linguagem própria, um saber rigoroso, para encontrar a verdade. A ciência difere de opinião. 2) Ruptura – é necessário retornar ao senso comum para que os resultados da pesquisa sejam acessíveis a todos os membros da comunidade. A linguagem científica é rigorosa, mas seus resultados devem ser traduzidos para a linguagem cotidiana. As conquistas científicas devem ser compartilhadas com o público. Existem “verdades científicas” que devem ser objeto de uma condição prática e social. Com isto, Santos (1995, 2001) afirma que a sociedade tem que discutir suas implicações e proposições. Todo saber deve ser visto como uma práxis da sociedade, sejam eles das Ciências Humanas, sejam das Naturais. Santos (1995, 2001) julga que, até hoje, a maneira como se coloca a indagação sobre o Estatuto Científico de Ciências, sejam elas sociais ou naturais, forma um obstáculo epistemológico. Para superar isso, ele sugere uma ruptura com a filosofia positivista e que se parta de uma outra direção: das ciências sociais como prioritárias em relação às naturais. Assim, para sairmos do impasse das ciências, temos que superar o paradigma controlador e manipulador da Ciência Moderna. Toda ciência é uma práxis social, elas devem caminhar lado a lado no sentido de oferecer um mundo melhor aos seres humanos, visando construir um mundo que proporcione uma real qualidade de vida. O saber, segundo Santos (1995, 2001), é um só. Quando se trata do ser humano, ele deve nos conduzir à dignidade. Há uma retórica científica, que sempre existiu, desde Aristóteles até Kuhn, que afirma que todas as discussões caminham dentro de um contexto específico e pertinente às investigações, mas que não podemos separá‑los: o conhecimento é complementar e apresenta semelhanças e diferenças que devem ser superadas em um novo paradigma moderno. Saiba mais Para saber mais sobre este tema, sugerimos as seguintes leituras: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Historia e Geografia. Brasília: MEC, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro051. pdf>. Acesso em: 24 fev. 2014. GIOMETTI, A. B. R.; BRAGA, R. (Org.). Pedagogia cidadã: cadernos de formação: ensino de geografia. São Paulo: UNESP; Pró‑reitoria de Graduação, 2004. 94 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV 7.3 A dicotomia local–global Outro aspecto importante do estudo geográfico é o conceito de lugar, que, em análise, representa a relação entre o local e o global. Nos primeiros anos de escolaridade, ensinam‑se ao aluno as coisas mais próximas: sobre sua casa, seu bairro, sua cidade e depois sobre o país. Temos aqui uma metodologia de ensino geográfico baseada na ideia de “círculo concêntrico”, em que a criança, o “eu”, serve de referência para a aprendizagem e vai gradualmente se deslocando para espaços mais complexos e até distantes. A fim de trabalharmos com a relação local‑global, não podemos, segundo alguns autores, manter uma linearidade, haja vista a complexidade do mundo globalizado. Santos (1988), por exemplo, sugere que o espaço seja analisado como totalidade‑mundo. Outros consideram que a dificuldade ou facilidade para o aluno não se encontra na proximidade ou na distância do fenômeno, mas sim na complexidade do objeto e na maneira como os docentes recortam os fenômenos e os ensinam. Essa complexidade das espacialidades poderá ser transmitida por meio de um conceito estruturante, que é o território: [...] a cidade é um lugar bastante complexo, de produção social, no qual a identidade é vivida em fronteiras difusas, permeáveis, com muitos espaços em contato, de resistências, de exclusão, em que há manifestação de diferentes percepções, usos, culturas e aspirações de distintos grupos, em seus espaços públicos e privados. Esse fato leva a pensar a cidade como um território, ou como um espaço que expressa uma infinidade deles (CAVALCANTI, 2005, p. 42). O uso de conceitos, como os de paisagem, lugar e território, é uma forma de estruturar o ensino geográfico, bem como a natureza, região que dá suporte ao pensamento geográfico e à ideia de cidadania para o aluno. O global é mais que o contexto, é o conjunto das diversas partes ligadas a ele de modo inter‑retroativo ou organizacional. Dessa maneira, uma sociedade é mais que um contexto: é o todo organizador de que fazemos parte. O planeta Terra é mais do que um contexto: é o todo ao mesmo tempo organizador e desorganizador de que fazemos parte. O todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas umas das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrições provenientes do todo. Marcel Mauss dizia: “É preciso recompor o todo”. É preciso efetivamente recompor o todo para conhecer as partes. Daí se tem a virtude cognitiva do princípio de Pascal, no qual a educação do futuro deverá se inspirar: “sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas ou ajudantes, mediatas e imediatas, e sustendo‑se todas por um elo natural e insensível que une as mais distantes e as mais diferentes, considero ser impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tampouco conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes” (MORIN, 2000c, p. 37). 95 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS Podemos complementar nossos conceitos com questões práticas e que envolvem o cotidiano de certos lugares, para a compreensão de um determinado problema. Vejamos, por exemplo, a questão da problemática do trabalho no contexto global do modo de produção capitalista: Sweatshops: uma realidade em expansão Mais e mais utilizada nos últimos anos, a expressão sweatshops (literalmente, ‘fábricas do suor’) indica uma situação de exploração extrema dos trabalhadores, caracterizada por um salário abaixo do mínimo necessário à sobrevivência, pela ausência de qualquer forma de garantia ou proteção trabalhista, pela exploração de crianças, pelas condições de trabalho perigosas para a saúde ou por ameaças, moléstias sexuais e abusos físicos e psicológicos no lugar de trabalho. As denúncias internacionais contra os sweatshops crescem a cada ano e formam uma triste antologia que nos mostra as inúmeras possibilidades para a exploração dos trabalhadores: mulheres forçadas a tomar contraceptivos ou submetidas a testes de gravidez e que são demitidas caso deem positivo, trabalhadores expostos a substâncias tóxicas, ameaçados e demitidos em caso de protestos, forçados aturnos de trabalho de até 19 horas, impedidos de abandonar o trabalho por meio de vigias armados. De acordo com a organização Global Exchange, os trabalhadores em El Salvador envolvidos na produção de tênis, que nos EUA custam cerca de 140 dólares, ganham 24 centavos de dólar a cada sapato produzido. Na China, trabalhadores morreram vítimas de sweatshops, por uma doença que ganhou o nome de guolaosi: morte súbita por hipertrabalho. Porém, ao contrário do que se pensa, os sweatshops não são realidades exclusivas do sul do mundo. São comuns em muitos países do leste europeu e existem até nos EUA. De acordo com a ONG CorpWatch, em Los Angeles, dois terços dos imigrados que trabalham na confecção de roupas não recebem o salário‑mínimo garantido por lei. Fonte: Castelfranchi (2004). A realidade observada no texto não é privilégio da Ásia, podendo ocorrer em vários países periféricos do mundo e até mesmo em países do norte, tudo em nome da produção econômica global. Ainda com relação ao trabalho, observamos em imagens de Sebastião Salgado divulgadas pela mídia sobre a exploração do trabalho que ocorreu em Serra Pelada, representando uma forma rude de trabalho e de relação social que envolve a produção mineral e a busca de riquezas. Outra questão que nos remete ao pensamento geográfico refere‑se à noção de cidadania. A noção de cidadania gerada pela visão liberal a partir do século XVIII foi uma resposta do Estado às reivindicações da sociedade, e levou à institucionalização dos direitos civis, direitos políticos e direitos sociais. Mais contemporaneamente, a noção de cidadania redefine a ideia de direitos. O ponto de partida é a concepção de um direito a ter direitos e inclui a criação de novos direitos, que emergem de 96 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV lutas específicas. Os direitos civis constituem garantias de cunho pessoal, extensivas, por lei, a todos os cidadãos, enquanto os direitos sociais têm por objetivo as garantias materiais, essenciais. São eles: o direito à vida, igualdade de gênero, entre outros. Os direitos sociais se referem à educação, ao trabalho, à alimentação, à moradia, ao lazer, à previdência social, à segurança, à proteção à maternidade, à infância e assistência aos desamparados, garantidos pela denominada Constituição Cidadã, de 1988, no Brasil. Existem ainda os direitos difusos, que resultam de conquistas sociais. Eles ultrapassam as esferas individuais e permitem solucionar conflitos coletivos de ordem socioeconômica. São reclamados pela coletividade. Podemos citar como exemplos o Direito Ambiental e o Direito do Consumidor. Além desses, temos ainda os Bioéticos, relativos à área de saúde pública, pessoal e outras que envolvem até a área científica. Saiba mais Sobre o assunto, sugerimos a leitura dos seguintes textos: BARBOSA, S. R. C. S. Ambiente, qualidade de vida e cidadania. Algumas reflexões sobre regiões urbanas e industriais. In: HOGAN, D.; VIEIRA, P. (Org.). Dilemas socioambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas: Unicamp, 1992. p. 193‑210. ___. Qualidade de vida e suas metáforas. Uma reflexão socioambiental. Campinas: Unicamp, 1996. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital. unicamp.br/document/?code=vtls000115032>. Acesso em: 24 fev. 2014. 7.4 A prática e aplicabilidade da Geografia na atualidade A docência da Geografia é marcada por distintas orientações teóricas e metodológicas que provêm de diferentes áreas do conhecimento, entre elas a Filosofia, a Geologia, a Economia, a Política, entre outras. A epistemologia, que pode ser definida como “teoria do conhecimento”, torna‑se importante para a Geografia científica, no que concerne a uma lógica racionalista, generalizadora e pragmática e o antirracionalismo, que relativiza a razão humana como matriz do conhecimento. Esses dois polos permitiriam estruturar as orientações didáticas para o ensino geográfico. A Geografia nasce também de uma perspectiva positivista, aquela em que se observam os fenômenos, experimentam‑se e se formulam leis gerais, aplicadas para fatores naturais e os sociais. Essa abordagem possibilitou uma produção do conhecimento na qual a natureza se constitui como objeto central da geografia, numa primeira fase, e a dicotomia homem‑meio, numa segunda fase. Ambas as fases 97 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS possibilitaram uma melhor sistematização dos lugares e do território, asseguraram a implementação de uma ideologia nacionalista, consolidando a expansão dos Estados Nacionais imperialistas da Europa de então. O fato é que os primórdios da Geografia, foram marcados por esse processo de descrição, localização e inter‑relação de fenômenos da superfície terrestre. Segundo Brabant (1990), um dos principais elementos desse caráter descritivo existente na Geografia é decorrente da ideia de que essa disciplina permitiu, pela descrição, conhecer os lugares onde os acontecimentos se passaram (SOUZA, 2011, p. 50). Mas, uma nova Geografia, não só descritiva ou que impõe a memorização, surge, por meio da dialética marxista, baseada na aceitação da existência de relações mútuas e complexas entre sociedade e espaço e entre processos sociais e configurações espaciais. Assim sendo, as análises do espaço/tempo tomaram uma conotação de ciência social, estruturada no pensamento de Milton Santos, em que o espaço se caracteriza como um conjunto indissociável de sistema de objetos e de ações, dentro de uma perspectiva de produção do espaço, com arranjos de objetos geográficos de ordem natural e social, caracterizando uma sociedade em movimento. A Geografia ensinada nas escolas na atualidade precisa promover avanços quanto aos conteúdos ensinados, em relação às concepções geográficas e seus conceitos, em relação às metodologias de ensino da disciplina e em relação aos processos de aprendizagem e aquisição de conhecimento. Mas, o que é o ensino considerado eficaz? É aquele que cumpre a função escolar na formação de um cidadão autônomo e crítico, capaz de superar os problemas que afligem a sociedade. O modo de pensar geográfico é voltado para as práticas sociais variadas e de caráter socioespacial. A ciência moderna tem maior poder explicativo, permite previsões mais seguras e assegura tecnologias e aplicações mais eficazes. Não há dúvida de que a explicação científica sobre a natureza da chuva comporta usos que a explicação indígena não comporta, como facilitar prognósticos meteorológicos ou a instalação de sistemas de irrigação. Para a ciência moderna, a Lua é um satélite que descreve uma órbita elíptica em torno da Terra, cuja distância mínima do nosso planeta é cerca de 360 mil quilômetros, e que tem raio de 1.736 quilômetros. Para os gregos, era Selene, filha de Hyprion, irmã de Hélios, amante de Endymion e Pan, e percorria o céu numa carruagem de prata. Tenho mais simpatia pela explicação dos gregos, mas devo reconhecer que a teoria moderna permite prever os eclipses da Lua e até desembarcar na Lua, façanha dificilmente concebível para uma cultura que continuasse aceitando a explicação mitológica. Os astronautas da NASA encontraram na superfície do nosso satélite as montanhas observadas por Galileu, mas não encontraram nem Selene, nem sua carruagem de prata. Para o bem ou para o mal as teorias científicas modernas são válidas, o que não ocorre com as teorias alternativas (ROUANET, 1993 apud FUNDAÇÃO VUNESP, 2011, p. 11). 98 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a/ R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV 8 MENSAGEM AOS DOCENTES Qual é a melhor opção metodológica? • Teorias, pensamentos e atitudes para o futuro da educação: “A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas é mais nociva do que uma sala de aula com teto, chãos furados e livros aos frangalhos” (LUFT, 2007, p. 22). • Estudar não é brincar. A educação é algo muito mais amplo do que a escola. Ela começa em casa, com as primeiras noções de postura, ética, limites e respeito. O que deve fazer então a escola? • A escola e os professores. A escola e os professores devem preparar os jovens para o mundo competitivo, onde todos têm o direito de construir sua vida, optar por um caminho e desenvolver a sua personalidade. • Ao sair do ensino fundamental, o que se espera do aluno? Primeiro, que tenha consciência de si mesmo, dos outros, da comunidade onde vive, que saiba ler, escrever e falar, além de articular o seu pensamento. No ensino médio, o leque de conhecimentos deve aumentar, pois pretende encaminhar o aluno a algum ensino técnico ou superior, exigindo, para tanto, conhecimentos mais aprimorados, não só do Brasil como também do exterior. No terceiro grau ou ensino superior, são incluídos conhecimentos especializados, cujos fundamentos, muitas vezes, foram adquiridos nos níveis anteriores. Caso contrário, veremos profissionais que não sabem ler, escrever ou articular ideias com rigor. Profissionais inseguros e que podem se frustrar em sua carreira pretendida. Segundo Pilletti (2010 apud RIBEIRO et al., 2012), a educação não pode ser confundida com escolarização, pois a escola não é o único lugar onde a educação acontece. Ela também se dá onde não há escolas. Em todo lugar existem redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração para outra. Mesmo nos lugares onde não há sequer a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado, existe educação. Além dos lugares onde a educação se processa de forma sistemática – as escolas – existem lugares onde ela se processa de forma assistemática. Podemos citar como exemplo desses “lugares”: a família, a igreja, os sindicatos, as empresas, a mídia, a internet, entre outros. 99 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS O professor é, no entanto, o principal agente de transformação formal na escola, mas depende do apoio e dos ensinamentos de casa, dos pais, da família, o que nem sempre ocorre de maneira satisfatória. Muitos pais não se encontram preparados para o exercício de sua função educadora e, algumas vezes, precisam ser educados para a paternidade e para a maternidade. • O trabalho de professor: Assim, podemos dizer que existem limitações no trabalho do professor. Superá‑las não depende exclusivamente dele, nem do sistema escolar, mas principalmente de transformações na estrutura social. Vejamos a opinião de alguns educadores quanto às questões educacionais. • Cristovam Buarque (apud COM A PALAVRA, 2007) afirma: “Não sou educador. Sou educacionista”. De acordo com ele, o educador contribui para fazer uma boa escola e o educacionista trabalha a questão política. Sobre a obra O Que é Educacionismo?, de Cristovam Buarque, Perissé (2008) afirma: Crianças sem escola ou em escolas sem qualidade estão algemadas ao subemprego. Adolescentes que não sabem ler e escrever como deveriam estão aprisionados à mediocridade. Adultos sem acesso ao conhecimento, à cultura, ao saber, são chicoteados diariamente pelo fracasso e vivem a um passo de se tornarem inempregáveis. • Magda Becker Soares propõe o letramento. A escola tem que ensinar a criança ou o adulto a fazer uso da tecnologia da leitura e da escrita. O aluno precisa entender o que leu, saber ler diferentes gêneros de textos, avaliar, refletir e questionar (SOARES apud OBCECADOS, 2007). • Bernardo Toro afirma que a Educação é um bem público para aumentar a qualidade de vida, é um bem que deve agregar todos da mesma maneira, para que possam atingir a dignidade (TORO, 2010). Para tanto, o filósofo e educador colombiano apresenta os códigos da modernidade e o educador deve compreender que o ensino tem que ser contextualizado, canalizando as energias para temas que façam sentido na vida dos alunos, sendo que compete à escola formar cidadãos, construindo uma ponte para o mundo real. Uma das inovações propostas por ele é a de que o professor deve fornecer o melhor do seu conhecimento, enfatiza o papel da mídia, da internet, como um novo paradigma, um novo modelo de civilização sem fronteiras. 100 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV Os códigos da modernidade propostos por Toro são: 1. Domínio da leitura e da escrita. 2. Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas. 3. Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações. 4. Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social. 5. Receber criticamente os meios de comunicação. 6. Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada. 7. Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo. • Ana Teberosky: a educadora espanhola e psicóloga, que, em parceria com Emília Ferreiro, escreveu Psicogênese da Língua Escrita, contribuiu para as reflexões a respeito da aquisição do sistema da escrita, enfatizando, no trabalho do professor, a ajuda efetiva à diversidade de situações de uso permitindo à criança aprender as regras de funcionamento da linguagem escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999). • Rubem Alves: psicanalista e educador, teólogo, filósofo e escritor. Afirma que o professor tem, hoje, a missão de ensinar o aluno a pensar e a descobrir onde ele pode encontrar as respostas para as perguntas que tem. O professor deve se atualizar para desenvolver, no aluno, competências. Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá‑los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de serem pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado (ALVES, 2001). Conclusão Assim, observamos ao longo do nosso trabalho que a Geografia foi um componente de pensamento filosófico, desmembrou‑se e evoluiu como ciência e se transformou em uma arte pela cartografia. 101 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS Saiba mais Confira um exemplo de aplicabilidade em Geografia: BERTUCCI, L. M. O sertão e sua gente no relato Viagem Científica. ComCiência, Campinas, n. 149, 10 jun. 2013. Disponível em: <http://www. comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=89&id=1098>. Acesso em: 25 fev. 2014. Resumo Ao estabelecermos a dicotomia entre as divisões da Geografia, recaímos na questão metodológica e o trabalho docente. O livro Fundamentos da Geografia realiza um histórico desde os primórdios do conhecimento acerca da relaçãoambiente ou espaço e sua apropriação e organização dos grupos humanos. A evolução de tais conhecimentos levaria à formação de uma linguagem própria e sua organização enquanto ciência. A noção de território passa a ter uma grande representatividade em seu campo de estudos, como espaço transformado pelos grupos humanos, dando‑lhes, a princípio, estabilidade e sentimento de segurança e de pertencimento. Assim, a ciência geográfica vai dispor de conceitos estruturantes (espaço e tempo, sociedade, lugar, paisagem, região e território). Passamos também pela visão da dicotomia urbano‑rural, em que observamos os problemas sociais e de exclusão urbana, quanto à concentração de terra e aos conflitos no meio rural. Concluímos com a proposta de metodologia para o trabalho docente e a citação de alguns autores neste campo de conhecimento, apresentando, desta forma, distintos olhares sobre o trabalho em sala de aula, muito pertinente a um curso de licenciatura em Geografia ou em outras disciplinas. 102 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 Unidade IV Exercícios Questão 1. (Enade, 2011, adaptada) Observe o excerto: “Desde os primeiros meses de vida do ser humano, delineiam‑se as impressões e percepções referentes ao domínio espacial, as quais se desenvolvem por intermédio de sua interação com o meio” (ALMEIDA, R. Espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 2002, com adaptações). A construção da noção de espaço em Geografia (Geografia científica) requer longa preparação e estímulo por parte do indivíduo. Trata‑se de aprendizado que se inicia no(a): A) Série adiantada do Ensino Fundamental, já que o professor dos anos iniciais pouco aprende em seu curso de formação sobre como levar o aluno a dominar conceitos espaciais. B) Trabalho da Geografia como ciência voltada para a análise da realidade social quanto à sua configuração espacial, social, política e sociológica. C) Escola, onde deve ocorrer a aprendizagem espacial organizada para a compreensão das formas pelas quais a sociedade constrói e organiza o seu espaço. D) Análise geográfica da organização social do trabalho, que se faz por meio de um ato social e leva a transformações territoriais. E) Trabalho de orientação, localização e representação, que deve partir do espaço distante para o espaço próximo. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: desde a entrada na escola é preciso que se estimule e desenvolva a orientação espacial das crianças. B) Alternativa incorreta. Justificativa: nesta fase já deve estar consolidado o aprendizado das noções elementares. C) Alternativa correta. Justificativa: é no ingresso da vida escolar que a criança deve aprender. 103 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS D) Alternativa incorreta. Justificativa: está incorreta, pois há inversão do plano de complexidade do aprendizado: primeiro, aprendem‑se as noções espaciais, depois a analisar as formas espaciais. E) Alternativa incorreta. Justificativa: não, é o contrário. Questão 2. (Enade, 2011, adaptada) Em 1994, Manuel Correa de Andrade escreveu acerca do processo de globalização: “O contexto da universalidade dos problemas e da mobilidade das transformações forçará o geógrafo a pensar com mais rapidez e dinamismo; a procurar adaptar e readaptar o seu pensamento e a sua reflexão cada vez que houver um desafio; a repensar a sua formação filosófica, epistemológica e ideológica e procurar atuar de forma menos corporativa, mais interdisciplinar.” Não corrobora esse pensamento a ideia de que: A) A Geografia não poderá realizar sua tarefa somente com descrições, mas terá de realizar um esforço de comparações e de generalizações que lhe permita concluir a respeito da globalização. B) A Geografia manterá o status de ciência interdisciplinar caso adote, na análise ambiental, uma abordagem geossistêmica. C) A Geografia dos naturalistas e funcionalistas deverá passar por uma modernização inegável, tornando‑se mais preparada para interpretar a complexidade do espaço geográfico. D) A Geografia da racionalidade científica dominará o cenário das pesquisas, subvertendo a noção expressa pela relação homem‑meio da Geografia tradicional. E) O estudo da Geografia deverá optar pela compreensão da complexidade do espaço a fim de equilibrar dialeticamente a especialização com a generalidade. Resolução desta questão na plataforma. 104 Re vi sã o: C ris tin a / G io va nn a / R os e / V al ér ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 18 /0 3/ 20 14 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 063.GIF. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_2429/063.gif>. Acesso em: 26 fev. 2014. Figura 2 BOCHICCHIO, V. R. Atlas do mundo atual. São Paulo: Atual, 2013. p. 125. Adaptada. Figura 3 058.GIF. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_2429/058.gif>. 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