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Fundamentos de Geografia Organização do Espaço e Conceitos - Livro-Texto - Unidade I

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Autoras: Profa. Cláudia Martins
 Profa. Ivete Maria Soares R. Ramirez
Colaborador: Prof. Adilson Rodrigues Camacho
Fundamentos de Geografia: 
Organização do Espaço 
e Conceitos
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Professoras conteudistas: Cláudia Martins/Ivete Maria Soares R. Ramirez
Cláudia Maria Martins é doutoranda em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC‑SP, 
mestre em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo, licenciada em Filosofia pela Universidade Estadual de 
Maringá – UEM – Paraná, bacharel e licenciada em Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. Realizou estágio 
de iniciação científica no Laboratório de Planejamento Urbano e Territorial da Geografia da USP, e como geógrafa 
nas Centrais Elétricas de São Paulo e na Fundação de Desenvolvimento Administrativo – FUNDAP, ocupando‑se de 
questões ambientais e de políticas públicas de saneamento, recursos hídricos e educação ambiental.
Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez (Ivy Ramirez) é pós‑graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório de 
Estudos Avançados de Jornalismo Científico da Universidade de Campinas – Labjor/Unicamp –, bacharel e licenciada em 
Ciências Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. Em 2006, estudou as seguintes disciplinas em nível 
de pós‑graduação stricto sensu no Nepam/Unicamp: Qualidade de Vida em Sociedades Complexas, Sustentabilidade e 
Políticas Públicas, Desenvolvimento e Meio Ambiente. Atualmente, cursa doutorado como aluna especial da disciplina 
Mudanças Ambientais Globais no Núcleo de Pesquisa e Estudos Ambientais – Nepam – na área de Sociedade e 
Ambiente e Economia Ambiental da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. É autora de material didático 
do Ensino Médio do Sistema de Ensino Objetivo e realiza trabalho de assessoria de Coordenação do Ensino Médio no 
Departamento de Programação Geral (DPG) do Colégio Objetivo, em São Paulo e em outros estados do Brasil. Coordena 
o curso de Licenciatura em Geografia, na modalidade de ensino a distância – EAD –, na Universidade Paulista – Unip.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M386f Martins, Claudia Maria.
Fundamentos de Geografia: Organização do Espaço e Conceitos. 
/ Claudia Maria Martins, Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez. ‑ São 
Paulo: Editora Sol, 2015.
120 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑071/15, ISSN 1517‑9230.
1. Fundamentos de geografia. 2. História da geografia. 3. 
Conceitos geográficos. I. Título.
CDU 91
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Cristina Z. Fraracio
 Giovanna Cestari
 Rose Castilho
 Valéria Nagy
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Sumário
Fundamentos de Geografia: Organização 
do Espaço e Conceitos
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 DEFINIÇÃO DA GEOGRAFIA E SUAS COMPETÊNCIAS ....................................................................... 11
2 DOUTRINA, MÉTODOS E PRINCÍPIOS EM GEOGRAFIA ..................................................................... 17
2.1 Método científico e Geografia ........................................................................................................ 17
2.2 O objeto da Geografia ........................................................................................................................ 22
Unidade II
3 A GEOGRAFIA NA ANTIGUIDADE .............................................................................................................. 28
4 GEOGRAFIA NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO ..................................................................... 33
4.1 A relação entre História e Geografia nos estudos geográficos ......................................... 33
4.2 O nascimento de um novo mundo: novas histórias, novas geografias ......................... 37
4.3 A cosmografia de Sebastian Münster .......................................................................................... 44
4.4 Geografia cultural: a formação de um novo homem............................................................ 49
Unidade III
5 A GEOGRAFIA NA IDADE MODERNA: A SISTEMATIZAÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA .................58
6 GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA: A RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA ............................................... 72
Unidade IV
7 DICOTOMIA ENTRE AS DIVISÕES DA GEOGRAFIA .............................................................................. 86
7.1 Metodologia para o trabalho docente da Geografia e as dicotomias ............................ 86
7.1.1 Práticas e recursos educativos para o ensino geográfico do espaço ................................ 86
7.2 Tempo polêmico no mundo acadêmico e na Geografia: as Ciências Naturais 
e as Ciências Humanas .............................................................................................................................. 92
7.3 A dicotomia local–global .................................................................................................................. 94
7.4 A prática e aplicabilidade da Geografia na atualidade ......................................................... 96
8 MENSAGEM AOS DOCENTES ...................................................................................................................... 98
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APRESENTAÇÃO
Este livro foi escrito com o objetivo didático de facilitar o ensino dos fundamentos geográficos, 
sua metodologia e principais conceitos para o curso de Licenciatura em Geografia, da UNIP Interativa. 
Quem já se encontrou frente à necessidade de ministrar um curso introdutório e geral de Geografia 
sabe das dificuldades devido à falta de bibliografia. Realmente ela é escassa, em termos absolutos, 
limita‑se aos manuais franceses ou americanos; ambos são insatisfatórios para quem pretende ter um 
conhecimento mais crítico. Assim, o intuito do presente material é de contribuir para minimizar essa 
situação, oferecendo um panorama das disciplinas da ciência geográfica com um tratamento que visa 
extrapolar as versões oficiais. Apresentamos, de forma sucinta, como não poderia deixar de ser uma 
obra introdutória, o que foi e o que vem sendo o pensamentogeográfico, tentando estabelecer um 
parâmetro dentro do contexto histórico em que se formou. Assim, apontamos algumas mediações mais 
evidentes entre a produção geográfica e a evolução histórica dentro do contexto capitalista – sim, a 
Geografia evoluiu, juntamente com os distintos momentos históricos e econômicos internacionais.
Dos gregos, com ciência e filosofia, à cartografia dos romanos – à medida que exploravam novas terras, 
incluíam também novas técnicas para descrição dos portos, uso de escalas etc. –, ao aprofundamento 
dos conhecimentos gregos realizados na Idade Média com os árabes, até as viagens de Marco Polo, que 
contribuíram, na Europa, para a difusão dos conhecimentos geográficos.
Ademais, durante o Renascimento, dos séculos XVI ao XVII, as grandes viagens para exploração 
passaram a exigir informações mais pormenorizadas. Como contribuição à construção desse 
conhecimento, destacamos a obra de Bernardo Varenius, com sua Geographia Generalis, e o mapa‑múndi 
produzido por Gerard Mercator.
180º
80º 80º
60º
40º
20º
0º 0º
20º
40º
60º 60º
S
N
160º 140º 120º 100º 80º 60º 40º 20º 0º 20º 40º 60º 80º 100º 120º 140º 160º 180º
Figura 1 – Projeção Universal Transversa de Mercator ou UTM
A projeção proposta por Mercator é denominada Universal Transversa de Mercartor ou UTM. Nessa 
projeção cartográfica, os meridianos e paralelos são linha retas que se cortam em ângulos retos. As 
regiões polares aparecem bem exageradas.
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Muito utilizada para cartas topográficas no Brasil, é adotada como base do sistema cartográfico 
nacional.
Em 1950, a Projeção de Mercator foi adotada como a mais adequada para a cobertura completa e 
sistemática dos países.
 Observação
A maior crítica feita a essa projeção é chamá‑la de tendenciosa, por 
favorecer o colonialismo europeu e norte‑americano, pois mostra os 
continentes mais desproporcionais no hemisfério norte, com exageros 
como o do Canadá e da Groenlândia.
O reconhecimento da Geografia como disciplina viria no século XVIII, estabelecendo também 
interdisciplinaridade com a Geologia e a Botânica, ampliando seu campo de conhecimento.
Porém, foi somente entre o final do século XIX e início do século XX que a Geografia tornou‑se 
uma disciplina e passou por algumas fases, as quais marcariam seu campo de estudo: a determinista, a 
regional, a quantitativa e a radical.
Assim sendo, no decorrer da obra, desenvolveremos os distintos momentos teóricos da Geografia, 
suas competências, métodos, princípios, correntes de pensamento, dicotomias e aplicabilidade.
A proposta da UNIP interativa nos animou a produzir uma obra no campo da ciência geográfica, na 
esperança de contribuir para formar novos professores atuantes e conscientes da sua responsabilidade ao 
enveredar por esse caminho. Nossas expectativas são muito positivas no sentido de formar profissionais 
aptos a conduzir seus alunos ao passado, presente e futuro da geografia.
Para alcançarmos os objetivos propostos em nosso curso, na perspectiva de ampliar o entendimento 
dos conceitos geográficos e cartográficos, algumas habilidades são exigidas. Elas serão construídas ao 
longo de nossa trajetória para que ao final do período proposto o licenciado em Geografia tenha condições 
de transmitir o conhecimento adquirido aos seus alunos e desempenhar devidamente o seu trabalho.
Os objetivos propostos pelo nosso curso são:
• Desenvolver o raciocínio geográfico e o senso crítico, partindo de estudos do cotidiano em termos 
locais e globais.
• Estimular a compreensão das relações entre as dinâmicas da natureza e as sociais como processo 
de construção do espaço geográfico.
• Compreender a espacialidade e temporalidade dos fenômenos geográficos, com suas dinâmicas e 
interações.
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• Valorizar o conhecimento produzido pelas investigações em suas múltiplas manifestações para a 
sustentabilidade da Terra.
• Perceber o ser humano como agente ativo na construção das relações sociais que respeitem e 
admitam o multiculturalismo.
• Reconhecer os impactos da ação humana na natureza.
• Analisar as possíveis intervenções para a organização do espaço.
• Relacionar a ética para o consumo planetário, respeitando o conceito de Pegada Ecológica.
• Valorizar o patrimônio natural, cultural e social da humanidade, no estudo dos espaços regionais 
nacionais e mundiais.
• Desenvolver habilidades de leitura cartográfica para compreensão e localização dos fatos.
• Relacionar a ciência geográfica e seus conceitos com os demais campos do conhecimento.
INTRODUÇÃO
Se o mundo não mudou como imaginávamos em nossos sonhos, as 
sociedades melhoraram. O mundo de hoje não é pior do que o passado. É 
diferente. Às vezes sonhamos com coisas que não são factíveis, mas o sonho 
reaparece sob outras formas. Se não tiver uma utopia, aí mesmo é que não 
acontece nada (CARDOSO, 2011, p. 45).
O currículo proposto para o curso de Geografia contempla o Ensino Fundamental e Médio, e deve preparar 
o professor para ensinar o aluno a localizar, compreender e atuar em um mundo complexo, problematizando 
a realidade, saber formular proposições, reconhecer as dinâmicas do espaço, atuar criticamente.
Desse modo, o ensino da geografia deve estar fundamentado em um corpo teórico‑metodológico 
baseado nos conceitos fundamentais que a ciência geográfica requer, tais como a natureza, a paisagem, 
o território, a região, a rede, o lugar e o ambiente tendo em vista também as relações entre a sociedade 
e a natureza, constituindo o que denominamos de espaço geográfico.
Venha conosco trilhar o caminho epistemológico para a didática da geografia, tendo em vista a 
construção de um pensamento espacial desenvolvido para o exercício futuro das práticas pedagógicas, 
por meio das orientações teóricas e metodológicas para o ensino dessas disciplinas no campo do 
conhecimento geográfico que permitam a formação de um pensamento crítico em seus futuros alunos.
Devemos destacar que o ensino da Geografia na atualidade é marcado por orientações teóricas e 
metodológicas advindas de diferentes áreas de conhecimento, incluindo‑se os filosóficos da educação e 
distintos ramos da geografia científica.
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É fundamental, para que haja um bom ensino da Geografia, que o futuro docente crie e planeje 
situações nas quais os alunos possam conhecer e utilizar vários procedimentos, como a observação, a 
descrição, a experimentação, a analogia, a síntese, considerando a especificidade e a contextualização 
dos processos, dos fatos e conceitos geográficos.
Portanto, é de suma importância que o futuro docente tome conhecimento das teorias, pensamentos 
e atitudes para o futuro da educação, não importando necessariamente qual a sua área de atuação. A 
docência em qualquer nível de ensino exige, antes de tudo, preparo, leitura e domínio do conhecimento.
A disciplina Fundamentos de Geografia: Organização do Espaço e Conceitos propõe uma análise 
a partir da Unidade 1 com a definição da Geografia, seus métodos científicos e objetos de estudo. 
Na Unidade 2 é abordada a história da Geografia de acordo com os períodos da Antiguidade à Idade 
Média. Na Unidade 3, a história do pensamento geográfico apresenta a Idade Moderna até nossos dias, 
sistematizando a ciência geográfica. Na Unidade 4, apresentamos as dicotomias em termos de estudos 
geográficos e sua aplicabilidade. Finalmente, encerramos a Unidade 4 com uma mensagem aos futuros 
docentes.
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FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS
UnidadeI
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
1 DEFINIÇÃO DA GEOGRAFIA E SUAS COMPETÊNCIAS
 Observação
A etimologia da palavra geografia é Geo = Terra e Graphein = escrever.
A Geografia é considerada uma ciência antiga. Surgiu na antiga Grécia com a denominação de 
história natural ou filosofia natural de Mileto, Heródoto, Erastótenes, Estrabão, Hiparco e Ptolomeu.
O conhecimento do ambiente físico e dos fenômenos naturais era muito importante para os 
gregos interessados em descobrir novos territórios para dominar ou atuar comercialmente. Por sua 
vez, as condições naturais da região mediterrânea facilitavam a navegação: o céu claro, os ventos e os 
povos mediterrâneos, que estavam sempre atentos a essas características. Desse modo, deixaram suas 
experiências para as gerações futuras.
Os estudos dos gregos, dos fenícios e dos egípcios eram realizados a partir da observação do planeta 
Terra e do regime dos rios, como o Rio Nilo, mas eles também possuíam estudos astronômicos.
Muitos pensadores antigos e filósofos realizaram observações sobre a Terra e eventos naturais. Como 
exemplo, podemos citar Aristóteles, que classificou a Terra como uma esfera.
Estrabão escreveu 17 volumes, cuja coletânea foi intitulada Geographicae, descrevendo suas 
experiências no mundo da Galícia à Bretanha e à Índia, e do Mar Negro à Etiópia – e, assim, passou a ser 
cognominado de “pai da geografia regional”.
Os árabes também contribuíram para a evolução dos estudos geográficos, recuperando e aprofundando 
o estudo de Geografia. Inclusive Alldrisi apresentou sofisticado sistema de classificação climática e Ibn 
Battuta encontrou evidências de que a afirmação de Aristóteles não correspondia à realidade, pois este 
afirmava que os grupos humanos possuíam dificuldades para se adaptarem às regiões quentes do mundo.
No século XV, navegadores como Bartolomeu Dias e Cristovão Colombo também fizeram uso da 
descrição geográfica e do mapeamento para registrar os caminhos e os seus feitos.
Da mesma forma Fernando de Magalhães, navegador português, realizou uma viagem de 
circunavegação e confirmou o formato global da Terra, o que permitiu maior precisão de medidas.
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Unidade I
Nos estudos de uma geografia social, destacam‑se Goethe, Kant e Montesquieu, cuja preocupação 
estava vinculada à relação homem‑ambiente.
A ideia de descrição da superfície da Terra alimenta a maior parte dos pensadores acerca da 
Geografia; outros vão defini‑la como estudo da paisagem. Ainda temos outros autores que entendem a 
geografia como uma ciência de síntese dos conhecimentos sobre a natureza. Segundo as ideias de Kant, 
a Geografia é uma ciência que trabalha de forma interdisciplinar com outras ciências. A Geografia não 
só descreve como também analisa de forma ampla a Terra.
Os conceitos fundamentais da Geografia baseiam‑se em observações astronômicas realizadas 
pelos primeiros grupos humanos, que usavam os astros como referências para a localização dos 
fatos geográficos, dos deslocamentos e da organização do espaço de permanência desses grupos, e 
são consolidados nos dias contemporâneos com a utilização de novos instrumentos, baseados em 
investigações científicas.
Observe as convenções utilizadas pela cartografia para localizar os pontos geográficos.
• Latitude: é a medida, em graus, de um ponto qualquer da superfície terrestre ao Equador, variando 
de 0° a 90°, para o norte ou para o sul.
• Longitude: é a medida, em graus, de um ponto qualquer da superfície terrestre ao Meridiano de 
Greenwich, variando de 0° a 180°, para leste ou para oeste.
Circulo Polar Ártico
Circulo Polar Antártico
Trópico de 
Câncer
Trópico de 
Capricórnio
Equador
P
Q’
P’
γ
ϕ
E’
Q
E
Figura 2
Sobre o plano de um meridiano, cada paralelo aparece projetado sob a forma de uma reta; o ângulo 
EÔQ é a latitude do paralelo.
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FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS
• Rosa dos ventos: Permite identificar os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.
A Rosa dos ventos
N
S
O
ONO
OSO
E
ENE
ESE
SE
NE
SO
NO
NNO
SSO
NNE
SSE
Figura 3
Apresenta os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste), os pontos colaterais e os pontos subcolaterais.
— Colaterais: ficam entre os pontos cardeais:
– Nordeste (NE) – entre norte e este;
– Sudeste (SE) – entre sul e este;
– Sudoeste (SO) – entre sul e oeste;
– Noroeste (NO) – entre norte e oeste.
— Subcolaterais: ficam entre os pontos cardeais e os colaterais:
– NNE = Nor‑Nordeste;
– NNO = Nor‑Noroeste;
– ENE = Es‑Nordeste;
– ESE = Es‑Sudeste;
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Unidade I
– SSE = Su‑Sudeste;
– SSO = Su‑Sudoeste;
– OSO = Oes‑Sudoeste;
– ONO = Oes‑Noroeste.
O surgimento da Geografia moderna está associado à figura de Humboldt; ele estabeleceu seus 
pressupostos, a análise direta e medições precisas com base em leis generalistas. Foi o filósofo Immanuel 
Kant, autor da obra Crítica da razão pura, quem definiu o lugar da Geografia em relação às distintas áreas 
do conhecimento. Em sua obra, afirma que a Geografia lida com fenômenos espaciais e, juntamente 
com Humboldt, passou a ensinar a Geografia Física.
Outro destaque foi Karl Ritter, professor da primeira cadeira de Geografia em uma instituição de 
ensino superior em tempos modernos.
A quantidade de geógrafos com formação acadêmica cresceu muito, surgindo, no século XIX, cursos 
específicos da área, a fundação de sociedades geográficas e a implantação de estações dirigidas à análise 
geográfica sistemática, que elaboravam mapas com informações diversas.
No século XX, a Geografia evoluiu muito com novas conceituações e novos métodos, principalmente 
no campo da geomorfologia, nos estudos sobre erosão, com o especialista William Morris Davis.
Figura 4 – William Morris Davis
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FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS
Até meados do século XX, o foco de estudos centralizava‑se na Geografia Regional dos povos e 
lugares do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, os programas de estudos centralizavam‑se nas áreas 
subdesenvolvidas e na bipolaridade então estabelecida; a Teoria dos Mundos: primeiro, segundo e terceiro 
mundo, dentro da órbita do Capitalismo e do Socialismo. Nos anos 60, os estudos estavam voltados para 
as metodologias de quantidade e padrões sistemáticos relacionados à natureza e ao homem, e no início da 
década de 1970, a preocupação com o meio ambiente norteava os estudos geográficos.
A partir dos anos 70/80, os estudos de Geografia se voltam para questões quantitativas, dados 
censitários e questões comportamentais; uma geografia mais humanista, em que se destacavam: o 
meio ambiente físico e biológico; os seres humanos e suas sociedades, o caráter regional dos fatos; as 
associações e relações em todas as regiões.
Também foi no século XX que se projetaram as imagens aéreas e outros requisitos tecnológicos, como o 
sensoriamento remoto, os satélites artificiais e o uso da informatização na análise e armazenamento de dados.
Figura 5 – Landsat
O Landsat, criado pelo ERTS, é uma série de satélites norte‑americanos feitos para observar a 
superfície da Terra em diferentes regiões do espectro eletromagnético.
Figura 6
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Unidade I
Além dessas tecnologias apresentadas, temos um exemplo prático que é o sistema de vigilância 
da Amazônia, que consiste em uma rede integrada de telecomunicações, baseada no sensoriamento 
remoto,que processará imagens obtidas por satélites, sensores instalados em aviões e radares físicos. 
Trata‑se de um ótimo exemplo do aperfeiçoamento cartográfico.
O destaque pode ser dado ao projeto realizado na década de 1970, Radam, rastreamento da Amazônia, 
e na década de 1990 para o Radam‑Brasil, o qual contemplou o relevo – com nova classificação em 
Domínios Morfoestruturais, coordenado pelo geógrafo Jurandyr Ross (USP); além desses trabalhos 
temos o Projeto Sivam da Amazônia.
Projeto Sivam
Surucucu 
Boa 
Vista
São Gabriel da Cachoeira
Tiriós
Barcelos
Porto Trombetas
Santarém
Altamira
Carajás Imperatriz
São Luís
Macapá
Tabatinga
Eirunepé Manicoré
Cruzeiro do Sul
Rio Branco
Jacareacanga
Alta Floresta
Conceição do 
Araguaia
Vilhena
Cuiabá
Carauari
Tefé
Manaus
Belém
Porto Velho
BrasíliaAs linhas destacam as redes 
de radares
Centros Regionais de Vigilância
Centros Sub‑regionais de Vigilância
Figura 7
 Observação
Projeto Sivam
Mais recentemente, já no governo Itamar, por pressão dos militares, 
surgiu uma nova ideia: o Projeto Sivam. Esse projeto basear‑se‑ia num 
conjunto de radares (Sivam significa Sistema de Vigilância da Amazônia) 
que, localizados em pontos estratégicos da Amazônia, como Belém, Porto 
Velho, Manaus e Boa Vista, teria condições de rastrear e monitorar o 
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território norte captando qualquer movimento estranho, como a invasão 
da fronteira por guerrilheiros, aviões clandestinos transportando drogas, 
queimadas ou destruição das florestas. O projeto causou grande polêmica, 
já que a concorrência para determinar a companhia que forneceria os 
radares foi acusada de fraudar os preços.
As metodologias de trabalho usadas pela Geografia nos seus estudos, além da observação tradicional 
analítica, fundamentada nos trabalhos de campo, na descrição dos fatos, evoluíram graças aos avanços 
da computação, uso de análise remota da Terra, que são possíveis graças aos satélites, instrumentais 
utilizados hoje nos estudos geográficos.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o que discutimos até o presente momento, 
consulte:
ALVES FILHO, M. Razão e sensibilidade. Jornal da Unicamp, Campinas, 
ano 2013, n. 585, 2013. Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/
ju/585/razao‑e‑sensibilidade>. Acesso em: 19 fev. 2014.
BARONE, D. A. C. Reflexões sobre o futuro da robótica. Com 
Ciência, Campinas, 2005. Disponível em: <http://www.comciencia.br/
reportagens/2005/10/13.shtml>. Acesso em: 19 fev. 2014.
CASTELFRANCHI, Y. Teoria Gaia oscila entre ciência, mito e metáfora. 
Com Ciência, Campinas, 2005. Disponível em: <http://www.comciencia.
br/reportagens/2005/11/02.shtml>. Acesso em: 19 fev. 2014.
2 DOUTRINA, MÉTODOS E PRINCÍPIOS EM GEOGRAFIA
2.1 Método científico e Geografia
Por método científico entendemos um conjunto de atividades racionais e sistemáticas que possibilita 
alcançar determinado objetivo, um caminho planejado que se trilha na investigação científica. O método 
científico é a base da pesquisa, pois organiza o esforço mental, proporcionando segurança para fazer, 
agir e pensar.
Há uma tendência a confundir método e técnica, mas eles não são a mesma coisa. O método 
estabelece o que fazer: é o orientador geral da atividade. Já a técnica é o como fazer: é a tática da ação.
Portanto, o método consiste na orientação para chegar a determinado fim, já a forma de aplicação 
do método é a técnica.
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Unidade I
Lakatos e Marconi (1991, p. 83) afirmam que o método científico 
corresponde ao conjunto das atividades racionais e sistemáticas que, com 
maior segurança e economia, possibilita chegar ao objetivo, viabilizando 
o caminho a ser seguido, localizando erros e orientando as decisões dos 
cientistas (RODRIGUES, 2008, p. 17).
A Geografia, por sua vez, desde o século XIX até os primeiros anos do século XX, adotou o método 
geográfico, que se baseava em cinco princípios que foram enunciados pelos geógrafos clássicos: 
Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich Ratzel e Jean Brunhes. Segundo esse método, o 
trabalho geográfico deveria conter os princípios a seguir:
• Princípio da extensão: permite localizar os fatos, mensurá‑los e quantificá‑los, interpretando 
tabelas, gráficos, mapas etc., permitindo a interdisciplinaridade com a estatística, a geodésia e a 
cartografia. Foi proposto por Friedrich Ratzel.
• Princípio da Geografia geral ou da analogia: delimitada e observada a área em estudo, esta 
deverá ser comparada com o que se observa em outras áreas para conhecermos os fatos geográficos, 
estabelecendo, assim, suas semelhanças e diferenças. Esse princípio foi elaborado por Karl Ritter.
• Princípio da conexidade: segundo o qual os fatos geográficos nunca ocorrem isoladamente, 
cabendo ao geógrafo interligá‑los a outras ciências (interdisciplinaridade), o que muito contribuiu 
para a Geografia moderna. Esse princípio foi idealizado por Jean Brunhes.
• Princípio da causalidade: elaborado por Alexander Von Humboldt, se preocupa com as causas e 
consequências dos fatos, estabelecendo uma hierarquia entre eles.
• Princípio da atividade: também elaborado por Jean Brunhes, demonstra que os fatos geográficos 
estão sempre mudando, e devemos fazer uma análise das ocorrências passadas para entendermos 
o presente e prognosticar o futuro. São bases importantes para a Geografia moderna.
Esses princípios foram elaborados no processo de sistematização da Geografia como ciência e, por 
muito tempo, tidos como verdadeiros e inquestionáveis; seriam conhecimentos definitivos sobre o 
universo de análise, e o geógrafo deveria utilizá‑los em seus estudos.
[...] [Esses princípios] foram desenvolvidos no contexto da Geografia Tradicional, 
que estava assentada sobre as bases do Positivismo. É nessa concepção 
filosófica e metodológica que, segundo Moraes (1987, p. 21), os geógrafos vão 
buscar orientações gerais. Os fundamentos do Positivismo vão formar as bases 
ou os princípios norteadores sobre os quais se ergue o pensamento geográfico 
tradicional, proporcionando‑lhe unidade (RODRIGUES, 2008, p. 18).
O Positivismo surge, em fins do século XVII e início do século XIX, como um conjunto de ideias 
revolucionárias da burguesia antiabsolutista e, no decorrer do século XIX até nossos dias, tornou‑se uma 
ideologia conservadora identificada com a ordem estabelecida. Suas principais premissas são:
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• A sociedade é regida por leis naturais, que são invariáveis independentes da vontade e ação 
humana, ou seja, na vida social, há uma harmonia natural.
• A sociedade pode ser estudada pelos mesmos métodos e processos aplicados pelas ciências da 
natureza.
• As ciências sociais devem limitar‑se à observação e à explicação causal dos fenômenos, de forma 
objetiva, neutra, livre de julgamento de valor ou ideologias.
Sobre esse naturalismo nas ciências sociais, notadamente na Geografia, propõe o autor Santos (1986, p. 43):
Os fundadores da Geografia, cheios de zelo no objetivo de dar‑lhe um status 
científico definitivo, estiveram, então, equivocados no momento em que 
acreditaram que o melhor caminho para atingir a sua meta era construir 
a teoria de uma ciência do homem sobre uma base analógica estabelecida 
nas ciências naturais. [...] é igualmente absurdo querer “edificar as ciências 
do espírito sobre os fundamentos das ciências da natureza, com a pretensão 
de fazê‑las ciências exatas”.
As ideias positivistas irão influenciar os diversos campos científicos do século XIX, especialmente 
as ciências sociais e, em particular, a Geografia.A partir dos fundamentos filosóficos e metodológicos 
positivistas, a Geografia pode manter a unidade e separar‑se da Filosofia e dos demais campos científicos, 
aos quais estava associada.
Segundo Moraes (p. 21‑25 apud RODRIGUES, 2008, p. 20‑21), a influência positivista na Geografia 
tradicional deu‑se a partir das seguintes máximas:
• “A Geografia é uma ciência empírica, pautada na observação”: os trabalhos científicos são 
pautados na observação da aparência dos fenômenos reduzidos ao empirismo e fundamentados 
na descrição, enumeração e classificação dos fatos referentes ao espaço geográfico.
• “A Geografia é uma ciência de contato entre o domínio da natureza e da humanidade”: a 
aceitação de um único método de interpretação para as ciências, sem considerar a diferença entre 
fenômenos físicos e sociais.
• “A Geografia é uma ciência de síntese”: considera a Geografia como uma ciência que relacionaria 
e ordenaria os conhecimentos das outras ciências, unificando os estudos sistemáticos realizados 
pelas demais.
[Moraes] afirma que as máximas e os princípios atuaram como um 
receituário de pesquisa, definindo regras e procedimentos gerais no trato 
com o objeto; eles definiram os traços que faziam um estudo ser considerado 
como de Geografia. Pode‑se dizer que eles são os responsáveis pela unidade 
e continuidade da Geografia. A generalidade dos princípios possibilitou 
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Unidade I
que posicionamentos metodológicos contrários convivessem em aparente 
unidade. As máximas e os princípios foram aceitos na Geografia de forma não 
crítica. E foram considerados afirmações verdadeiras sem ser questionados. 
Aceitos para evitar que se rompessem a autoridade e a unidade da Geografia, 
acabaram por constituir um temário geral, facilitando a tarefa de definir 
essa disciplina, pois fornecem uma indicação genérica do campo científico 
tratado por ela. [...]. É importante ressaltar que a concepção empirista que 
se destaca no século XIX considera a ciência um conhecimento que busca a 
explicação dos fatos a partir de observações e experimentos que permitam 
estabelecer induções oferecendo a definição do objeto, propriedades e leis 
de funcionamento (RODRIGUES, 2008, p. 21).
Essa influência empirista e indutiva do Positivismo direcionou as pesquisas nas ciências sociais, 
utilizando‑se dos mesmos procedimentos metodológicos das ciências naturais. Segundo Lowy (1994, 
p. 202, apud RODRIGUES, 2008, p. 22), a aceitação desse método não levou em consideração alguns 
fatores:
• o caráter histórico dos fenômenos sociais e culturais produzidos, reproduzidos e transformados 
pela ação humana;
• a identidade parcial entre o sujeito e o objeto do conhecimento, como seres sociais, pois o 
observador é, de uma maneira ou de outra, parte da realidade que ele estuda;
• os problemas sociais são o palco de objetivos antagônicos das diferentes classes e grupos 
sociais, pois cada classe interpreta o passado e o presente, as relações de produção, os conflitos 
socioeconômicos, as instituições políticas etc. em função de sua experiência, vivência, interesses 
e aspirações;
• o conhecimento da verdade pode ter consequências profundas sobre o comportamento das 
classes sociais, pois revelar ou ocultar a realidade objetiva é uma arma poderosa no campo das 
lutas de classes;
• os cientistas tendem a vincular‑se a uma das visões de mundo em que se reparte o universo 
cultural de uma época determinada.
Vê‑se, assim, que a neutralidade científica, herdada do Positivismo, define 
a ciência como autônoma e ela deve estar isolada dos conflitos sociais. 
Seu princípio básico é de que a sociedade humana funciona a partir de 
leis naturais invariáveis. Fundamentados nesse princípio, os estudos sobre 
os fenômenos devem, pois, ocorrer de forma neutra, isto é, os conflitos de 
classes, as posições políticas, os valores morais e as visões de mundo são 
empecilhos à objetividade científica, e o pesquisador deve ser indiferente 
a tais influências na realização de sua pesquisa, ou seja, deve ser neutro 
(RODRIGUES, 2008, p. 23).
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Com isso, o autor quer dizer que a ciência não está isolada do mundo e que o cientista não é 
autônomo, pois, sendo um ser que vive dentro de uma sociedade, não pode ser isento de posições morais 
e políticas. E esses valores estarão presentes no pesquisador o tempo todo, durante o desenvolvimento 
de sua pesquisa. Assim, o conhecimento científico está vinculado a determinado contexto histórico, 
social e espacial, sofrendo influência de interesses individuais, de grupos que o produzem e da sociedade 
que o aplica e utiliza.
Para Moraes e Costa (1999, p. 29‑33), uma opção clara quanto ao método é 
importante para aquele que deseja avançar no processo de construção de uma 
Geografia nova. A explicitação da posição assumida revela o controle lógico e 
a consciência que o pesquisador tem dos instrumentos de trabalho. O método 
não deve ser visto como algo estático, pois possui um dinamismo interno de 
aprimoramento e renovação. É com os instrumentos fornecidos pelo método 
que a questão do objeto geográfico deve ser trabalhada. Sendo os métodos 
variados, não é possível chegar‑se a uma definição consensual do objeto, pois 
esta variará em função dos métodos. A crença na possibilidade de definição 
de consenso, não considerando a diversidade metodológica, foi um equívoco 
da Geografia tradicional. Portanto, os autores afirmam que existirão tantas 
definições do objeto geográfico quantas forem as abordagens metodológicas 
que possibilitem explicar o temário dessa disciplina (RODRIGUES, 2008, p. 25).
Os métodos podem ser reunidos em dois grandes grupos: métodos de abordagem e métodos de 
procedimento.
Métodos de abordagem: tratam da linha de raciocínio lógico adotada no desenvolvimento da 
pesquisa e são fundamentados em princípios lógicos, permitindo sua utilização a partir de informações 
de várias ciências. Segundo Rodrigues (2008), os principais métodos de abordagem são: indutivo, 
dedutivo, hipotético‑dedutivo, dialético e fenomenológico.
• Método indutivo: é o raciocínio lógico que vai do particular para o geral.
• Método dedutivo: é o raciocínio lógico que sai do geral para o particular.
• Método hipotético‑dedutivo: consiste na formulação da noção de falseabilidade como critério 
fundamental para a explicação das teorias científicas, garantindo ideia de progresso científico.
• Método dialético: é o método de investigação das contradições da realidade que se apresenta.
• Método fenomenológico: trata de descrever, compreender e interpretar os fenômenos que se 
apresentam à percepção.
Ainda segundo o autor, os métodos de procedimentos dizem respeito às etapas mais concretas da 
pesquisa científica. Alguns métodos de procedimentos utilizados pelas pesquisas em Geografia são: o 
estatístico, o comparativo, o tipológico, o histórico, o funcionalista e o estruturalista.
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• Método estatístico: utiliza a estatística para a investigação do objeto de estudo, coletando, 
organizando, descrevendo, analisando e interpretando dados.
• Método comparativo: é uma análise de dois ou mais fatos ou fenômenos, que procura ressaltar as 
diferenças e similaridades.
• Método tipológico: elabora modelos ideais que servem para analisar ou avaliar uma realidade 
concreta.
• Método histórico: é conduzido a partir do estudo dos acontecimentos, dos processos e das 
instituições do passado, pois considera que as atuais formas de vida social têm origens no passado.
• Método funcionalista: estuda fenômenos sociais a partir de suas funções.• Método estruturalista: é utilizado para o estudo de culturas, linguagens etc., como um sistema em 
que os elementos constituintes mantêm, entre si, relações estruturais.
A questão sobre o método científico e a Geografia é muito complexa e necessita de uma pesquisa 
mais profunda em outras obras, pois os tipos e explicações dos métodos foram apresentados de forma 
resumida.
“É importante esclarecer que o método pode ser considerado instrumento 
mediador entre o homem, que quer conhecer, e o objeto a ser desvelado, 
objeto que faz parte do real a ser investigado” (RODRIGUES, 2008, p. 27).
 Saiba mais
Para um maior aprofundamento da questão do método e do objeto em 
Geografia, consultar a obra:
DINIZ FILHO, L. L. Fundamentos epistemológicos da geografia. Curitiba: 
IBPEX, 2009. v. 6.
2.2 O objeto da Geografia
A Geografia é uma ciência humana que se reserva o direito de esclarecer e, segundo Pierre George 
(1968, p. 15):
[...] interpretar todas as relações que contribuem para a constituição de um 
complexo ou de um equilíbrio entre a dinâmica e a inércia de um meio, a 
dinâmica ou a inércia das coletividades humanas que residem neste meio, 
ou que aí aplicam suas iniciativas.
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O objeto de estudo da Geografia sempre foi muito discutido desde a Antiguidade. Afinal, o que a 
Geografia estuda?
Segundo Rodrigues (2008, p. 29),
[...] nos sucessivos momentos históricos, os estudos, os debates e as reflexões 
produziram um conjunto de definições sobre o objeto da Geografia; muitos 
deles foram aceitos ou rejeitados pelos que fazem Geografia. Todavia, mesmo 
aquelas definições que foram aceitas, ainda continuam a ser debatidas.
Para Moraes (1987), há uma indefinição do objeto dessa ciência. Os objetos da Geografia podem ser 
os seguintes:
• o estudo da superfície terrestre;
• o estudo da paisagem;
• o estudo da individualidade dos lugares;
• o estudo da diferenciação de áreas;
• o estudo das relações entre o homem e a natureza.
De acordo com Rodrigues (2008, p. 30‑32), é possível apresentar algumas definições mais específicas 
sobre o que é Geografia:
• “A Geografia é uma ciência como qualquer outra e interessa sobremaneira ao filósofo. Ela se 
ocupa do estudo ou descrição da Terra” (ESTRABÃO, século I a.C.).
• “O propósito da Geografia é oferecer uma ‘visão de conjunto’ da Terra, localizando e mapeando os 
lugares ou regiões” (PTOLOMEU, século XV d.C.).
• “A Geografia é uma ciência sintetizadora que conecta o geral com o especial através do 
levantamento, do mapeamento e da ênfase no regional. Ela se ocupa da influência que o meio 
físico exerce sobre o homem e procura interligar o estudo da natureza física com o estudo da 
natureza moral, para chegar a uma visão harmonizante” (HUMBOLDT, Alexander Von, século XIX).
• “A Geografia deve ser, em primeiro lugar, um estudo das leis que modificam a superfície terrestre: 
as leis que determinam o crescimento e a desaparição dos continentes, suas configurações 
passadas e presentes” (KROPOTKIN, Piotr, 1885).
• “A Geografia tem como missão investigar como as leis físicas ou biológicas que regem o Globo se 
combinam e se modificam ao aplicarem‑se às diversas partes da superfície terrestre. A Terra é o 
domínio do Homem” (LA BLACHE, Vidal de, 1913).
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• “[...] a ciência que estuda a distribuição dos fenômenos físicos, biológicos e humanos pela superfície 
da Terra” (MARTONNE, 1950).
• “A Geografia é uma ciência humana. O espaço terrestre é objeto de estudo geográfico na medida 
em que é, sob uma forma qualquer, um meio de vida ou uma fonte de vida, ou uma indispensável 
passagem para ascender a um meio de vida ou a uma fonte de vida” (GEORGE, 1964).
• “[...] ciência que estuda as relações entre a sociedade e a natureza [...]” (ANDRADE, 1987).
• “A Geografia estuda o espaço onde vive a humanidade. É, portanto, uma ciência humana, isto é, 
que estuda o ser humano e que se ocupa, principalmente, daquela porção do espaço que interessa 
à sociedade humana. O espaço com as dimensões que ele consegue alcançar: a casa, a rua, o 
bairro, a cidade, até mesmo toda a superfície terrestre, que se encontra hoje dividida em países e 
nação. [...]. A Geografia estuda tanto os elementos da natureza quanto os elementos humanos” 
(VESENTINI; VLACH, 2002).
O que é Geografia? A questão é bastante complexa e atravessa 
séculos de discussão e reflexão. É claro que seria importante uma 
definição. Mas será que ela seria consensual para todos os que fazem 
Geografia? Será que, ao estabelecer uma definição, não se correria 
o risco de tornar estático o objeto da Geografia? Não seria fechar a 
reflexão e o avanço do conhecimento geográfico, já que as ciências são 
dinâmicas e constantemente se estão renovando com pesquisa e novos 
conhecimentos? [...] Assim, já afirmava o renomado geógrafo Milton 
Santos (1988), “a busca de um enfeudamento em conceitos cediços, 
somente por questões de fidelidade ao já escrito ameaça o estiolamento 
seja qual for a disciplina do saber” (RODRIGUES, 2008, p. 32).
 Lembrete
As definições do objeto da Geografia foram possíveis nos diversos 
momentos históricos, mesmo com controvérsias e declínio de definições, 
mas concluímos que as descrições e os objetos das ciências não são estáveis.
Para Moraes e Costa (1999) a definição do objeto está atrelada a um contexto metodológico, ou seja, 
existirão tantas definições do objeto quantas forem as metodologias capazes de abordar o temário da 
ciência.
Em nosso caso particular isto impõe o reconhecimento de um objeto 
próprio ao estudo geográfico, mas isso não basta. A identificação do 
objeto será de pouca significação se não formos capazes de definir‑lhe 
as categorias fundamentais. Sem nenhuma dúvida, as categorias sob um 
ângulo puramente nominal mudam de significação com a história, mas 
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FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS
elas também constituem uma base permanente e, por isso mesmo, um 
guia permanente para a teorização. Se quisermos alcançar bons resultados 
nesse exercício indispensável, devemos centralizar nossas preocupações em 
torno da categoria – espaço – tal qual ele se apresenta, como um produto 
histórico. São os fatos referentes às gêneses, ao funcionamento e à evolução 
do espaço que nos interessam em primeiro lugar (SANTOS, 2004, p 147).
Pode‑se concluir que, na realidade, há muita discussão por vir sobre a questão do objeto da ciência 
geográfica.
 Resumo
Nesta Unidade, vimos que a Geografia, desde o século XIX até os 
primeiros anos do século XX, adotou o método geográfico, baseado em 
cinco princípios que foram enunciados pelos geógrafos clássicos: princípio 
da extensão, princípio da Geografia geral ou da analogia, princípio da 
conexidade, princípio da causalidade e princípio da atividade. Esses 
princípios foram norteados pelos fundamentos do positivismo, que entende 
que a sociedade é regida pelas leis naturais e que pode ser estudada pelos 
mesmos métodos e processos aplicados pelas ciências da natureza. No 
século XIX, o ideário positivista influenciou a Geografia tradicional, que 
ficou conhecida como uma ciência empírica, pautada na observação, 
uma ciência de contato entre o domínio da natureza e da humanidade, e 
também como uma ciência de síntese.
Essa influência empirista e indutiva do positivismo direcionou as 
pesquisas nas ciências sociais, que utilizaram os mesmos métodos das 
ciências naturais. A aceitação desse método causou alguns problemas, pois 
não levou em consideração muitos fatores.
Vimos também que os métodos podem se reunir emdois grandes 
grupos: métodos de abordagem e métodos de procedimento. Os 
métodos de abordagem tratam da linha de raciocínio lógico adotada no 
desenvolvimento da pesquisa e podem ser divididos em método: indutivo, 
dedutivo, hipotético‑dedutivo, dialético e fenomenológico. Os métodos de 
procedimento referem‑se às etapas mais concretas da pesquisa científica 
e podem ser divididos em método: estatístico, comparativo, tipológico, 
histórico, funcionalista e estruturalista.
Por último, vimos que há uma indefinição quanto aos objetos de 
estudo da Geografia, que podem ser: o estudo da superfície terrestre, o 
estudo da paisagem, o estudo da individualidade dos lugares, o estudo da 
diferenciação de áreas e o estudo das relações entre o homem e a natureza.
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Unidade I
 Exercícios
Questão 1. (Enade, 2005, adaptada). Observe o excerto: 
“... o espaço geográfico é, em pleno sentido do termo, um produto social, porque resulta do trabalho 
que a sociedade organiza para alcançar seus objetivos” (ISNARD, H. L’Espace Géographique. Paris: P.U.F., 
1978. p. 52). 
Esta compreensão a respeito do espaço geográfico apresentada pelo autor: 
A) Baseia‑se na Geografia da percepção, que considera o espaço geográfico como um conjunto de 
símbolos e valores elaborados através das experiências pessoais e coletivas. 
B) Opõe‑se à da corrente de pensamento marxista, que critica a dicotomia homem‑natureza, 
preocupando‑se em desvendar as máscaras sociais contidas no espaço geográfico, que revelam 
compromissos sociais do discurso geográfico. 
C) Baseia‑se no determinismo geográfico, que considera o trabalho como categoria determinante 
na estruturação do espaço geográfico, já que é através dele que os homens modelam as formas 
espaciais. 
D) Baseia‑se na fenomenologia, que considera espaço geográfico como fenômeno produzido pela 
sociedade através de diferentes modos de compreensão e de elaboração da realidade. 
E) Opõe‑se à da corrente de pensamento positivista, que, a partir de uma visão empirista e naturalista, 
entende o espaço geográfico considerando a dicotomia homem‑natureza, sendo o homem apenas 
um dado do lugar. 
Resposta correta: alternativa E. 
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: a afirmação refere‑se à “escola” da produção do espaço de vertente marxista, enquanto 
a da geografia da percepção alinha‑se às ciências comportamentais. 
B) Alternativa incorreta. 
Justificativa: não se opõe, é marxista; portanto, a dicotomia é mantida. É falsa, embora quanto à 
questão das máscaras, a teoria crítica marxista pode servir ao tal desvendamento. 
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FUNDAMENTOS DE GEOGRAFIA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E CONCEITOS
C) Alternativa incorreta. 
Justificativa: trata‑se de produção das condições de sobrevivência e de realização de projeto social 
conforme a disponibilidade desigual de recursos; visão essencialmente de cunho marxista. 
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: a fenomenologia não trata da escala macrossocial, mas de aproximação dos lugares de 
acontecimento da vida. 
E) Alternativa correta. 
Justificativa: é verdadeira a afirmação, pois há a referida oposição, que é resolvida na unificação 
pela episteme das ciências da natureza, com diminuição do papel do ser humano nas mudanças 
socioambientais. 
Questão 2. (Enade, 2008, adaptada) Entre os conceitos‑chave da ciência geográfica, figura o de 
região, que, marcado por diferentes acepções conforme a época ou a corrente do pensamento geográfico, 
frequentemente, ocupa lugar central nos debates acadêmicos. Acerca desse conceito, assinale a opção 
correta. 
A) Conceitualmente, região natural neste século XXI ainda constitui, do ponto de vista espacial, 
referência chave para explicar diferenças no processo de desenvolvimento socioeconômico. 
B) Nos anos 1950 do século passado, prevalecia a ideia de que região corresponderia à área de 
ocorrência de uma mesma paisagem cultural, caracterizada, portanto, como região‑paisagem, ou 
landscape. 
C) Conceitualmente, o termo região tem sido empregado para designar uma classe de área que 
apresenta grande uniformidade interna e grande diferença em relação ao seu entorno. 
D) Após a década de 1980 do século XX, no âmbito da geografia cultural, região passou a ser 
entendida como organização do processo social vinculada ao modo de produção capitalista. 
E) Conceitualmente, do ponto de vista da geografia crítica, a região assumiu o caráter de conjunto 
específico de relações culturais no qual a apropriação simbólica do espaço geográfico é determinada 
pelo grupo social. 
Resolução desta questão na plataforma.

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