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Teoria Pura do Direito Texto de Paulo Nader O Perfil da Teoria Pura do Direito • Se refere a um sistema específico e analisa os elementos operacionais do Direito com abstração sociológica e de valores. É uma teoria reducionista, que identifica o Direito com a norma jurídica. • A Ciência do Direito tem por objeto o estudo das normas jurídicas; visa a revelar o ser do Direito e não o Direito Ideal, o dever ser jurídico. • A teoria pura do Direito é uma resposta a dois tipos de indagação: o que é o Direito? Como é o Direito? O Perfil da Teoria Pura do Direito A teoria Pura não se situa nas especulações quanto ao DEVER SER, tarefa, segundo Kelsen, da Política Jurídica. A pureza metódica consiste na adstrição da Teoria a fatores estritamente jurídicos, sem a ingerência de ideologia políticas e das ciências da natureza. Para Kelsen, o Direito é um agregado normativo que não requer legitimação pela instância axiológica. O Perfil da Teoria Pura do Direito • As normas jurídicas comportam, assim, qualquer conteúdo, e diante de seus esquema compete AO APLICADOR a verificação, tão somente, dos requisitos de validade: respeito à hierarquia das fontes e um mínimo de eficácia. • Os fatos e os valores estão emoldurados nas normas jurídicas, os fatos e os valores concretos seriam contingentes em seu modo de ser, mas isso não afetaria a norma, pois ela está ligada aos fatos e não aos valores. O Perfil da Teoria Pura do Direito • A questão do intérprete – teoria “neutra”. • A teoria não apresenta mecanismos de resistência às normas substancialmente injustas ou formas de tutela ao Direito Natural. Não antempõe limites de validade às normas, além das estabelecidas em escalas hierárquicas. Os princípios de causalidade e de imputação • O Direito é a ciência social e integra o mundo do dever ser. • No mundo natural, nada ocorre por acaso, mas devido a determinadas causas. • Seguindo a linha kantiana, para Kelsen o SER e o DEVER SER constituem duas categorias independentes e irredutíveis. Do SER não se poderia derivar o DEVER SER, conforme pretensão dos jusnaturalismo, com base no conceito de natureza humana. • Para Kelsen não há CAUSALIDADE e sim IMPUTAÇÃO, ou seja, coação estatal. A norma jurídica seria a expressão de um mandamento ou imperativo. Os princípios de causalidade e de imputação • A conexão entre o ilícito e a sanção não é de ordem causal. • O ilícito não é a causa da sanção, nem esta é a consequência do ilícito. • Aplica-se a sanção pela prática do ilícito em razão da prescrição normativa. Norma Jurídica: conceito, estrutura lógica, hierarquia • A norma jurídica representa a categoria lógica da Teoria Pura. • A) Ela erige em unidade do ordenamento • B) Objeto da Ciência do Direito • Ela expressa um dever ser, a norma TRADUZ a conduta que o indivíduo deve assumir em determinadas circunstâncias. • Na primeira versão da Teoria Pura, a regra jurídica apresenta juízo hipotético, na segunda versão seria um mandamento, um imperativo. Norma Jurídica: conceito, estrutura lógica, hierarquia • A norma jurídica, em si, não ensina, apenas dispõe sobre a conduta. As proposições orientam, pois exercem função de conhecimento. • O conhecimento do Direito faz parte do labor dos órgãos jurídicos. • As normas jurídicas são válidas ou inválidas e não verídicas ou inverídicas. Norma Jurídica: conceito, estrutura lógica, hierarquia • Norma primária: prescreve uma conduta determinada. • Norma secundária: aquela que prescreve uma sanção para o fato da violação da primeira. • Existem normas definidoras do processo legislativo e outras que dispõe sobre o conteúdo das normas in fieri, impondo-lhes limites e condições. Norma Jurídica: conceito, estrutura lógica, hierarquia • Norma que prescreve o serviço militar e norma que prescreve a sanção para a não prestação do serviço militar. • A norma fundamental, também chamada de hipotética ou grande norma, cuja função é conferir validade à ordem jurídica, pode consistir na constituição ou numa revolução vitoriosa. Norma Fundamental • Norma reguladora e norma gerada: relação designada como suprainfraordenação. • O Direito Internacional e o Direito nacional seriam apenas um ordenamento. • A norma fundamental é considerada por Kelsen como norma fictícia. • “ela é uma pura ou verdadeira ficção no sentido da filosofia do como se, caracterizada pelo fato de que não somente contradiz a realidade, como também é contraditória em sim mesma”. Kelsen Validade e Eficácia • Eficácia: observância e aplicação de normas, fato este nomeado por efetividade; validade quer dizer condição de obrigatoriedade, certificado de que a norma preenche requisitos indispensáveis para entrar no mundo jurídico e produzir efeitos. Validade Eficácia • A validade de uma norma é conferida pela norma fundamental. • A ruptura entre o SER e o DEVER SER é uma condição da validade da norma. Dever Jurídico e Direito Subjetivo • As teorias jurídicas tradicionais postulam que a relação jurídica se dá pelo elo entre pessoas. • A Teoria Pura identifica a relação entre dever jurídico e direito subjetivo pelo vínculo normativo que enlaça a conduta de um indivíduo a um ato de coação que sanciona a conduta. • Na Teoria Pura o dever jurídico emana das normas e se revela como a conduta inversa à que é condição de sanção. Dever Jurídico e Direito Subjetivo • Direito Subjetivo só existe quando a ordem jurídica outorga a um indivíduo a iniciativa da ação judicial, para a hipótese de alguém praticar a conduta definida como condição da sanção. • Para a Teoria Pura, direito objetivo e subjetivo tem a mesma natureza, o direito subjetivo é um aspecto do Direito Objetivo. Estado e Direito • Para a teoria tradicional, Estado e Direito são ordens distintas. Para a Teoria Pura, o Estado é uma ordem jurídica. • É necessário dar uma ordem jurídica ao Estado para que ele possa legitimar o Direito. • O Estado seria a personificação do Direito. Direito Nacional e Direito Internacional • A doutrina monista, subdivide-se em duas, a que atribui primazia à ordem nacional e outra, à internacional, reconhece que as duas esferas não são autônomas, mas que se transfundem em um ordenamento compreensivo das duas ordens. Justiça e Direito • Os juízos de valor não podem ser aplicados à norma jurídica, mas somente sobre as condutas. Daí, não haver norma justa ou injusta. • A regra da justiça só pode alcançar o Direito Positivo Indiretamente, pelo labor do legislador. • O Direito têm seu valor não porque esteja de acordo com as regras de justiça e sim porque está de acordo com a Norma Fundamental. Justiça e Direito • Kelsen distinguiu duas normas de justiça: a de tipo metafísico e de tipo racional. • Norma de Justiça de tipo metafísico: escapa à experiência humana e se justifica por elementos transcendentes. • Norma de Justiça de tipo racional: não se faz pela compreensão, mas pela autoridade de sua fonte. Provém do entendimento humano, de sua razão. Justiça e Direito • Kelsen faz uma crítica as diversas regras de justiça: • 1) Dar a cada um o que é seu: mas Aristóteles não define o que é devido e parte do pressuposto que as pessoas afetadas por uma conduta social tenham as mesma opinião à respeito de fatos, ou seja, que tenham os mesmos valores sobre determinados fatos. “Tal critério de aferição é recusado por Kelsen, porque é necessário a pressuposição do que seja o mal, e isto está localizado no meio social. Justiça e Direito • 2)A fórmula de Kant afirma que devemos tornar nossa conduta um imperativo categórico, uma lei universal. Kelsen afirma que isso tem uma aureola de incerteza, reduzindo assim o imperativo categórico. • 3) São Tomás de Aquino: “Faz o bem e evita o mal”. Para Kelsen há uma pressuposição do que é o bem e o mal. Para Kelsen a ordem costumeira que representa a justiça é insustentável para a ciência jurídica. Justiça e Direito • Karl Marx: “Dê cada um segundo sua capacidade e a cada um conforme a sua necessidade”. Segundo Kelsen é necessário aferir primeiramente a capacidade cada um previamente para determinar sua necessidade. Por outro lado ele questiona sobre qual a necessidade será tomada nesta regra de justiça, a necessidade objetiva ou subjetiva? Justiça e Direito • Contrato Social: para os jusnaturalismo individualista é o assentimento da coletividade, dos subordinados, quem confere o caráter de justiça à ordem social. • Jesus Cristo: a regra de justiça é o amor ao próximo e Kelsen critica esse parâmetro não está centrado na realidade humana, que não possui capacidade de amar os inimigos. A idéia do Direito Natural • Considera um direito ideal, natural, imutável que se identifica com a justiça. • Está ligado ao princípio de causalidade, não sendo possível extrair o que é o DEVER SER do mundo do SER.
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