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A Nova Contabilidade Social Capitulo 1: Contabilidade Social e Contas Nacionais 1.1 : Introdução A Contabilidade Social tem presente instrumentos capazes de medir o movimento da economia do país em um determinado período de tempo. “Conjunto das relações econômicas observáveis em determinado período de tempo, como se a economia de um país todo pudesse ser visto como a de uma única grande empresa” • Quanto produziu? • Quanto consumiu? • Quanto investiu? • Quanto vendeu para o exterior? • Quanto comprou do exterior? O fechamento de todas essas contas tem de servir para que as autoridades governamentais possam ter uma ideia mais clara dos rumos de um país e possam, assim, intervir quando for necessário. 1.2 : Conceitos básicos: produto, renda, despesa agregada e fluxo circular da renda A primeira característica importante é a identidade existente em determinados tipos de operação (produto/dispêndio/renda), tais identidades constituem o fluxo circular da renda. As transações econômicas envolvem inúmeros bens e serviços que atuam das mais variáveis formas em diferentes estágios de produção, para facilitar a avaliação total utiliza-se a moeda ou o dinheiro, tornado-se assim possível uma contabilidade social. A relação presente entre venda e compra é também uma identidade, visto que ninguém pode comprar o que quer que seja se não houver outra pessoal vendendo. Trata-se de uma troca, mecanismo básico do capitalismo, por trás de qualquer transação existira sempre uma troca, sendo ela imediata ou uma promessa futura (apartamento na planta). Baseando-se nisso temos a identidade produto/dispêndio/ renda, não existe uma produção que não constitua um dispêndio e não seja simultaneamente uma geração de renda. “Uma identidade contábil A=B não implica nenhuma relação de causa ou consequência” 1.2.2 : Identidade produto, dispêndio e renda IMPORTANTE: Imaginar uma economia sem governo e transações com o exterior, onde existam apenas 4 setores sendo eles empresas diferentes. “Para se chegar ao valor do produto da economia é preciso deduzir o valor bruto da produção, fator que engloba o consumo intermediário” A. Ótica do Dispêndio Situação 1: vende toda a produção de um setor para o outro Situação 2: vende apenas uma parte da produção para o outro setor. A ótica do dispêndio avalia um produto considerando todos os bens e serviços produzidos no período que não foram utilizados como insumos na produção de outros bens e serviços, como é o caso do trigo e do pão ($500 + $1680 = $2180). “Se o trigo, apesar de ser um bem intermediário por definição, tiver sido produzido mas não for consumido na produção de outro, bem ele é considerado um bem final, por esse motivo esta presente no produto final junto com os pães”. O produto total $2520 presente na situação 1 atinge apenas $2180 devido a diminuição de trigo no valor adicionado. Setor 1- Sementes (vendidas para o S2 - C.I) $500 Setor 2- Trigo (vendidas para o S3 - C.I) $1500 Setor 3- Farinha (vendidas para o S4 - C.I) $2100 Setor 4- Pães (Bens Finais) $2520 Valor Total ou Bruto da produção (Bens Finais + Consumo Intermediário) $6620 SETOR PRODUÇÃO VENDA Setor 1- Sementes (para o S2) $500 $500 Setor 2- Trigo (para o S3) $1500 $1000 Setor 3- Farinha (para o S4) $1400 $1400 Setor 4- Pães (consumidor final) $1680 $1680 Valor Total da produção $2180 Trigo + Pães B. Ótica do Produto Situação 3: Analise de setor por setor A ótica do produto, também conhecida como valor adicionado, investiga valor produzido de setor por setor da economia através da unidade produzida. A partir disso pode-se perceber que o produto total obtido na ótica do produto é idêntico ao valor agregado presente na ótica do dispêndio. Sendo assim, para obter o produto de uma dada economia em um dado período de tempo precisamos deduzir o valor bruto da produção de cada setor, ou unidade produtiva, através do valor de seu consumo intermediário. • Identidade produto e dispêndio: “Se quisermos avaliar um produto de uma economia, poderemos tanto calcular o valor dos bens finais (ótica do dispêndio) quanto estimar o valor adicionado em cada unidade produtiva (ótica do produto)” C. Ótica da Renda É a distribuição do produto gerado pela economia entre diferentes fatores de produção, no caso o trabalho (mão de obra) e o capital (máquinas, instrumentos, locais de produção). A remuneração pelo trabalho é denominada salário, ja a remuneração pelo capital, é chamada de lucro, tais remunerações devem igualar o valor total de produção daquele período. Produto do Setor 1 - Natureza $500 Produto do Setor 2 - (S2 - S1) $1500 - $500 = $1000 Produto do Setor 3 - (S3 - S2) $2100 - $1500 = $600 Produto do Setor 4 - (S4-S3) $2520 - $2100 = $420 Valor Adicionado (produzido por setor) $2520 SETOR PRODUÇÃO SALÁRIO (80%) LUCRO (20%) Sementes $500 $400 $100 Trigo $1000 $800 $200 Farinha $600 $480 $120 Pães $420 $336 $84 Renda Nacional (Salário + Lucro) $2520 Obs.: Identidade é verdadeira independente da proporção entre salário e lucro. • Identidade Dispêndio, Produto e Renda: “A identidade entre produto, renda e dispêndio significa que se quisermos avaliar o produto de uma economia num determinado período, podemos somar o valor de todos os bens finais produzidos (ótica do dispêndio), ou somar os valores adicionados em cada unidade produtiva (ótica do produto) ou, ainda, somar as remunerações pagas a todos os fatores de produção (ótica da renda).” 1.2.3 : O Fluxo Circular da Renda Os membros que constituem a sociedade aparecem duas vezes no ciclo econômico com dois papeis distintos: como produtores e consumidores dos bens e serviços. Como produtores eles são vistos no conjunto “empresas” e como consumidores no conjunto “família” desempenhando ambos os papeis em momentos diferentes. • Ótica de Produto: membros da sociedade como produtores • Ótica de Dispêndio: membros da sociedade como consumidores Fluxograma Empresas-Familias: Esta simplificado em bens e serviços, desconsiderando a moeda presente na ótica da renda, no caso os salários e os lucros. 1-) As famílias transferem as empresas os fatores de produção de que são proprietárias (trabalho e capital). 2-) As empresas combinam esses fatores no processo de produção gerando os bens e serviços. 3-) As empresas transferem para as famílias os bens de serviço. 4-) As famílias consomem os bens e serviços. obs: Apenas o 1 e 3 correspondem a transações, trocas entre membros da sociedade. Os números 2 e 4 são correspondentes as atividades internas de cada setor (família e empresas) não podendo ser considerados transações. EMPRESAS FAMÍLIA 1 3 Fluxograma Empresas-Famílias 2: Considerando agora os bens e serviços com os fluxos monetários. 1-) As famílias cedem as empresas os fatores de produção dos quais são proprietários e em troca recebem uma remuneração em nome de salários e lucros. 2-) As empresas combinam esses fatores gerando os bens e serviços. 3-) Com o salário recebido as famílias compram das empresas os bens e serviços. 4-) As famílias consomem os bens e serviços. Fluxo de bens e serviços (1- Força de Trabalho / 3- Bens Finais) Fluxo de Renda (1- Salários e Lucros / 3 -Renda) “Na sociedade em que vivemos, inteiramente organizada pela troca, a ótica do produto considera a atividade dos indivíduos como produtores nas empresas, ja a ótica de dispêndio refere-se a atuação como consumidores, ou seja, como família. Finalmente, a ótica de renda analisa os indivíduos em sua condição de proprietários de fatores de produção. As transações ocorrem entre famílias e empresas envolvendo de um lado fluxo de bens e serviços e do outro dinheiro.”EMPRESAS FAMÍLIAS 1 3