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ATOS PROCESSUAIS

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ATOS PROCESSUAIS  
Esquema:
1- Questões Propedêuticas 
2- Conceito 
3- Classificação dos Atos processuais
4- Princípios
5- Atos das partes
6- Atos do Juiz
7- Atos do escrivão
8 - Termos
9- Autos
QUESTÕES PROPEDÊUTICAS
O estudo dos atos processuais envolve o estudo de todo o processo. Em sua essência o processo é a relação jurídica de direito público que vincula Autor, Juiz e Réu, mas que se constitui se desenvolve e se exterioriza por atos que não existem por si só, isoladamente, mas dentro de um contexto lógico-procedimental de começo, meio e fim. A finalidade da lei, portanto, é puramente descritiva, dirigida às partes e ao juiz para que façam a adequação de sua atividade aos tipos nela previstos, sendo, conseqüentemente, também descritiva a exposição sobre eles.
O CPC NO  respectivo título (“Dos atos processuais”), destacou alguns de seus aspectos, especialmente os relativos à sua forma, descrevendo apenas certos atos, não pretendendo esgotar o assunto, vez que em outros capítulos encontramos também a descrição ou a definição legal de atos do processo.
DIFERENÇA ENTRE FATOS PROCESSUAIS E ATOS PROCESSUAIS:
A primeira distinção a fazer é a relativa à diferença entre fatos processuais e atos processuais, à semelhança do que ocorre entre fatos e atos jurídicos.
Todo fato, humano ou não, que tenha repercussão no processo é um fato processual, como, por exemplo, a morte da parte, a greve do poder judiciário, que determina o adiamento das audiências ou a prorrogação dos prazos que nesse dia se venceriam etc. Não são, também, atos processuais os atos ou negócios jurídicos que, a despeito de poderem ter conseqüências no processo, não têm por finalidade a produção de efeitos processuais, como, por exemplo, a alienação da coisa ou direito litigioso, que tem influência no processo (v. art. 42), mas a vontade que a determinou não era diretamente dirigida à relação processual. Para o processo, esses atos ou negócios jurídicos são meros fatos.
Não confundir também com os  fatos do direito material que  acontecem no mundo natural, enquanto os processuais só ocorrem em juízo. Aqueles não dependem, a princípio, de forma específica. Aqui, devemos ter em mente que as coisas funcionam exatamente do modo contrário: os fatos processuais dependerão de regra específica na maioria dos casos.
ENTÃO O  CONCEITO:
Os atos processuais são atos jurídicos praticados no processo. São, por isso mesmo, atos que tenham por efeito a constituição, a conservação, o desenvolvimento, a modificação ou a extinção da relação jurídica processual (Amaral Santos).
O principal ato das partes: a petição inicial, que é o principal ato constitutivo da relação processual.O principal ato do juiz: a sentença, que é o ato que extingue o processo.
Alexandre Freitas Câmara define ato processual como os atos que têm por conseqüência imediata a constituição, a conservação, o desenvolvimento, a modificação ou a extinção de um processo.
Exemplos: constituição – demanda; conservação – medida cautelar; desenvolvimento – audiência preliminar (CPC, art. 331); modificação – alteração do pedido; extintivo – sentença.
 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS:
Dois são os critérios que podem ser utilizados para a classificação dos atos processuais: o critério objetivo e o critério subjetivo.
CRITÉRIO OBJETIVO: Procura agrupar os atos processuais segundo seu conteúdo, segundo a natureza da modificação causada na relação processual. Convém lembrar, porém, alguns tipos de atos agrupados segundo seu objeto:
a) atos postulatórios, que são atos das partes pleiteando algo perante o juiz, provocando-lhe uma decisão;
b) atos negociais, que são atos de transação das partes perante o juiz, atingindo o mérito da demanda, sendo também chamados negócios jurídicos processuais;
c)atos probatórios, relativos à produção de prova;
d) atos decisórios, os do juiz, resolvendo questões relativas ao processo, ao procedimento ou ao mérito etc.
CRITÉRIO SUBJETIVO: O critério subjetivo procura agrupar os atos processuais segundo o sujeito do processo de que emanam, podendo, portanto, ser atos da parte, do juiz e dos auxiliares da justiça (classificação seguida pelo CPC).
PRINCÍPIOS:
Princípio da Tipicidade: O princípio da tipicidade preceitua que os atos processuais devem corresponder a um modelo previamente consignado na lei, que lhe dá, senão todos, pelo menos os requisitos básicos.
Assim, ao se falar em petição inicial, apelação, sentença, depoimento pessoal etc., já se antevê o tipo de ato de que se trata, devendo, cada um deles, ao ser praticado, assumir a configuração legal.Pode-se dizer, portanto, que o esquema do desenvolvimento do processo já está todo definido, cabendo aos seus sujeitos a atuação de acordo com ele e suas alternativas. Diferente é a situação, em face dos atos da vida civil, perante o direito material. Há atos ou negócios jurídicos típicos, mas a atuação dos sujeitos não se limita a eles, nem se encontram eles dentro de um esquema de procedimento lógico.
 Princípio da publicidade: O princípio da publicidade, art. 155, representa uma das garantias do processo e da distribuição da justiça.
Os atos processuais são públicos, salvo aqueles que – em razão do interesse público, ou para resguardar algum interesse particular relevante – devam ser realizados em segredo de justiça. A regra, portanto, é a publicidade.
Princípio da instrumentalidade das formas: O princípio da instrumentalidade das formas, consagrado nos arts. 154,244, preceitua que os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente o exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial e, ainda, que, se a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. As formas, portanto, em princípio não são solenes, considerando-se, mais, o fim a que se destinam.
Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.
Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§2º Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta.
DOS ATOS DA PARTE.
O processo se instaura por iniciativa de parte, dai a indispensabilidade da atividade da parte para a existência do processo e seu desenvolvimento. Essa atividade está intimamente ligada ao conceito de ônus processual.
►Ônus processual é a situação em que a prática de determinado ato leva a parte a obter determinado efeito processual ou impedir que ele ocorra.
►Os atos das partes, por conseguinte, correspondem aos ônus estabelecidos pelo direito processual, e elas os praticam com o fim de obter uma situação favorável, tendo em vista o resultado final que é a expectativa de vencer a demanda.
Sob o aspecto formal, os atos das partes podem ser petições, cotas e condutas de interesse para o processo.
      
As petições, que são os requerimentos dirigidos ao juiz, podem ter conteúdo postulatório (quando a parte solicita um pronunciamento do juiz), declaratório (quando apresenta uma declaração de vontade), instrutório (quando apresenta prova).
As cotas são manifestações escritas nos próprios autos quando o juiz abriu a oportunidade para a parte manifestar-se.
      
As condutas podem ser da própria parte ou do procurador pela parte, apresentando variedade tão grande que não comporta classificação. São condutas, por exemplo, o depoimentopessoal, o depósito de uma coisa ou de dinheiro, a exibição de pessoa ou coisa feita pela parte etc..
Os atos declaratórios, sejam eles praticados por petição, por cota ou por meio de condutas, por serem manifestações de vontade das partes, em princípio produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais (art. 158). Podem. todavia, depender de homologação pelo juiz ou, no caso da desistência da ação, além da homologação, da aceitação da parte contrária (art. 158, parágrafo único, c/c o art. 267, § 4º). Essas manifestações de vontade são também chamadas de atos dispositivos porque têm por fim dispor sobre a formação, extinção ou modificação da relação processual, provocando-lhe alterações.
      
A omissão da parte pode também produzir efeitos processuais. A parte que deixa de agir em face de um ônus processual aceita, queira ou não queira, a conseqüência legalmente preestabelecida. O processo é uma seqüência dinâmica de atos, na sua forma exterior, e não permanece indefinidamente paralisado pela omissão da parte. O tema será melhor desenvolvido ao se tratar da contumácia e da revelia.
Os atos das partes são de quatro espécies: postulatórios, dispositivos, instrutórios e reais.
1)Atos postulatórios
 São aqueles que contém alguma solicitação ao Estado-Juiz. Dividem-se em requerimentos (quando dizem respeito a questões processuais) e pedidos (estes dizem respeito ao mérito da causa, sendo certo que - como visto anteriormente – o pedido é um dos elementos identificadores da demanda o autor). Verifica-se a diferença entre as duas espécies de ato postulatório quando se observa que da petição inicial, instrumento através do qual se ajuíza a demanda, deve constar “o pedido com suas especificações” (art.282, IV do CPC), e também “o requerimento para citação do réu” (art.282, VIII). Aquele que a lei processual chama de pedido, corresponde ao objeto do processo, ou seja, ao mérito da causa. Este, denominado pela lei de requerimento, concerne a um aspecto processual, qual seja, a citação do demandado para integrar a relação processual.
2)Atos dispositivos
são declarações de vontade destinadas a dispor da tutela jurisdicional. Podem ser unilaterais, quando praticados por apenas uma das partes, como o reconhecimento do pedido, a renúncia à pretensão ou a desistência da ação; e concordantes, praticados por ambas as partes, como a transação e a convenção para suspensão do processo.
3)Atos instrutórios
 são os que têm por finalidade convencer o julgador da verdade, preparando-o para decidir. Instruir, como se sabe, significa preparar, razão pela qual nada impede se afirme que todo ato processual realizado antes da formação do provimento jurisdicional final é instrutório. Adota-se, aqui, porém, o termo em sentido mais estrito, reconhecendo-se duas espécies de atos instrutórios: as alegações, manifestações aduzidas em defesa do interesse de uma ou outra das partes, como a sustentação oral no julgamento de um recurso, os memoriais, e mesmo as alegações contidas na petição inicial e na contestação; e os atos probatórios, atos de produção de prova praticados pelas partes, como a confissão e o depoimento pessoal.
4)Atos reais
 aqueles que se manifestam re, non verbis. Em outras palavras, temos aqui que se caracterizam por seu aspecto material, não sendo propriamente atos de postulação, razão pela qual são chamados por notável doutrinador italiano de “atos jurídicos de evento físico”. Exemplo de ato real é o pagamento das custas judiciais. 
 DOS ATOS DO JUIZ.
Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. – artigo 162 do CPC.
Sentenças são os atos pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa. 
Em decidindo o mérito da causa, a sentença será denominada de sentença definitiva; mas se extinguir o processo sem julgar o mérito da causa será denominada de sentença terminativa.
Decisões interlocutórias são os atos pelos quais o juiz, no curso do processo, resolve questões incidentes. 
Despachos são todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabeleça outra forma. 
Os atos meramente ordinatórios ( despachos de mero expediente), como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz, quando necessário.
Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos Tribunais.
As sentenças e os acórdãos conterão um relatório, os fundamentos e um dispositivo, em consonância com o art. 458, CPC; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.
 DOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DA SECRETARIA
Atuação do escrivão — o escrivão é órgão de apoio indispensável à administração da justiça, cabendo-lhe a atividade documental do processo.
Atos de movimentação (p. ex.: abertura de vista, conclusão ao juiz, remessa dos autos a outro órgão julgador).Visam ao andamento do processo.
atos de documentação (p. ex.: certidão de que o mandado foi entregue ao servidor encarregado de cumpri-lo, lavratura dos diversos termos, certidões de intimação)Atestam a realização de atos das partes, do órgão julgador ou de outros órgãos auxiliares da Justiça. São aqueles por meio dos quais são cumpridas as determinações do órgão julgador.
      a documentação do recebimento da petição inicial: é um dos mais importantes atos de documentação (está regulada pelo art. 166);
      normas em torno da documentação:
      a obrigação de rubricar e numerar as folhas (art. 167);
      a exigência de uso da datilografia (impressão) ou de tinta indelével (art. 169);
      a proibição de uso de abreviaturas (art. 169, parág. ún.);
      as restrições a espaços em branco, entrelinhas, emendas ou rasuras (art. 171);
      a liberdade de uso de qualquer método idôneo de documentação (art. 170).
       Atos de execução (p. ex.:expedição de mandados; expedição de ofícios).

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