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Introdução à Problemática Ambiental - Livro- Texto - Unidade I

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Introdução à 
Problemática Ambiental
U416. 51
 
 
Autores: Profa. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez
 Prof. Fernando de Paiva Santos
Colaboradores: Prof. Francisco Alves da Silva
 Prof. Vinícius Albuquerque
 Profa. Ivy Judensnaider
Introdução à 
Problemática Ambiental
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Professores conteudistas: Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez/ 
Fernando de Paiva Santo
Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez
Cursou bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). É pós‑graduada 
em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo Científico da Universidade de Campinas 
(Labjor/Unicamp). Além disso, é mestranda em Educação e cursou as disciplinas Qualidade de Vida em Sociedades 
Complexas, Sustentabilidade e Políticas Públicas, Desenvolvimento, Meio Ambiente e Mudanças Ambientais Globais em 
nível de pós‑graduação stricto senso no Nepam/Unicamp como aluna especial do programa de doutorado.
É autora de material didático do Ensino Médio e professora de Geografia do curso pré‑vestibular e do Ensino Médio 
do Sistema de Ensino Objetivo. Escreveu o livro Tiwanaku: um olhar sobre os Andes, editado pela Escola de Comunicação e 
Artes (ECA) da USP como proposta de mestrado. Atualmente, realiza trabalho de assessoria de coordenação do Ensino Médio 
no Departamento de Programação Geral (DPG) do Colégio Objetivo em São Paulo e em outros estados do Brasil. Participa 
de aulas online na TV Web Objetivo e faz comentários sobre exames vestibulares e Enem, além de ministrar encontros 
pedagógicos para professores do Ensino Médio do Sistema Objetivo de Ensino. Coordena também o curso de Licenciatura 
em Geografia, na modalidade de ensino a distância da Universidade Paulista (UNIP).
Fernando de Paiva Santos
É pós‑graduado em Gestão e Organização Escolar pelo Instituto AVM e licenciado em Biologia pela Universidade 
Presbiteriana Mackenzie. Também é graduando em Saúde Pública pela USP. Em 2008, cursou as disciplinas de Epistemologia 
da Ciência e do Ensino; Metodologia do Trabalho Científico; Política e Organização do Ensino Brasileiro; Didática do Ensino 
Superior e História da Educação Brasileira em nível de pós‑graduação no Instituto Federal de Ensino Tecnológico de São 
Paulo (Cefet/SP). Desenvolve estágio no Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) 
como crédito necessário para o curso de mestrado em Ornitologia pela Unifesp.
É professor de Biologia do Ensino Médio do Colégio Objetivo e do curso pré‑vestibular do Sistema Objetivo. Ministra 
encontros pedagógicos para professores de Biologia do Sistema de Ensino Objetivo em São Paulo e em outros estados 
brasileiros. Foi professor de Ciências do Ensino Fundamental e Médio na rede municipal de ensino (PMSP) de 2002 até 2014. 
É professor do curso de Licenciatura em Geografia, na modalidade de ensino a distância na UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R173i Ramirez, Ivete Maria Soares Ramirez.
Introdução à problemática ambiental. / Ivete Maria Soares Ramirez 
Ramirez, Fernando de Paiva Santos. – São Paulo: Editora Sol, 2014.
112 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2‑078/14, ISSN 1517‑9230.
1. Problemática ambiental. 2. Saúde pública. 3. Mudanças 
ambientais. I. Santos, Fernando de Paiva. II. Título.
CDU 577.4
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Amanda Casale
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Sumário
Introdução à problemática ambiental
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A TRANSIçãO DO NOMADISMO AO SEDENTARISMO ...................................................................... 11
1.1 O modelo primitivo de ocupação do espaço ............................................................................ 11
1.2 A relação homem–meio ambiente na Idade Média ............................................................... 15
2 O MODO DE PRODUçãO ECONôMICO E A REVOLUçãO INDUSTRIAL ...................................... 20
2.1 Evolução histórica ................................................................................................................................ 20
3 OS CONFLITOS MUNDIAIS E AS MUDANçAS AMBIENTAIS ............................................................ 28
3.1 O que é o terrorismo? ......................................................................................................................... 37
3.1.1 Guerra ao Terrorismo ............................................................................................................................ 37
3.2 As fronteiras extremas ambientais e sociais ............................................................................. 39
4 A PREOCUPAçãO COM A PROBLEMáTICA AMBIENTAL E OS PROJETOS AMBIENTAIS ....... 43
Unidade II
5 SAúDE PúBLICA E QUALIDADE DE VIDA ............................................................................................... 56
5.1 O meio ambiente e o bem‑estar .................................................................................................... 56
5.1.1 A qualidade de vida e a questão ambiental ................................................................................. 56
6 A CIêNCIA, A SOCIEDADE E A CULTURA EMERGENTE ...................................................................... 63
6.1 Evolução e Mudança Cultural ......................................................................................................... 65
6.2 Mudanças ambientais e a saúde pública .................................................................................... 67
6.2.1 Dengue ........................................................................................................................................................ 76
6.2.2 Febre amarela silvestre ......................................................................................................................... 76
6.2.3 Riscos químicos .......................................................................................................................................77
6.2.4 Malária ........................................................................................................................................................ 77
6.3 Mudanças de clima, mudanças de vida ...................................................................................... 79
6.3.1 Os efeitos El Niño e La Niña ............................................................................................................... 83
6.3.2 Trajetórias típicas dos ciclones tropicais ....................................................................................... 83
6.3.3 Europa resfriada ...................................................................................................................................... 85
6.3.4 Ilha de calor .............................................................................................................................................. 86
6.3.5 Inversão térmica ...................................................................................................................................... 86
7 O MODELO DE DESENVOLVIMENTO E O CUSTO AMBIENTAL ......................................................... 86
8 O DESTINO BIOLóGICO DO HOMEM ........................................................................................................ 89
8.1 Métodos, realidade e interpretação ambiental ........................................................................ 91
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APReSentAção
Partindo‑se do princípio de que a problemática ambiental no contexto histórico descreve a transição 
do modo de vida dos grupos humanos e de que a sociedade humana é um subsistema global, interagindo 
com ele e dele dependendo para sobreviver, trabalharemos a questão ambiental dentro de um contexto 
histórico, assumindo que a associação dos grupos humanos com o meio ambiente depende do nível 
cultural e civilizatório, do nível tecnológico, dos padrões éticos e da velocidade com que as mudanças 
são empreendidas.
Do homem primitivo à Idade Média e até as grandes guerras mundiais, muitas mudanças ocorreram 
na relação homem–meio ambiente, bem como a problemática ambiental e os projetos ambientalistas 
propostos na atualidade.
O modo de produção foi sendo alterado, bem como a organização do espaço, o que contribuiu para 
o progresso econômico, embora simultaneamente comprometesse a questão ambiental.
A partir de uma abordagem histórica, realizaremos uma análise ambiental, estabelecendo uma linha 
cronológica do tempo, relacionando os principais problemas e seus impactos nas sociedades humanas.
Buscaremos uma avaliação da qualidade de vida, saúde pública, meio ambiente e bem‑estar da 
população humana, principalmente após a Revolução Industrial. Desta forma, visamos construir um 
panorama do complexo sistema no qual nossa espécie está inserida, detectando também o custo 
ambiental do nosso desenvolvimento e traçando o destino biológico do homem.
Sabemos que existe uma crise ecológica historicamente determinada pela relação sociedade–
ambiente, a qual pode ser observada na sua contemporaneidade pelos problemas gerados.
Houve uma mudança decorrente da maior percepção internacional da crise por parte da sociedade 
civil e dos gestores ambientais sobre as razões que teriam levado às alterações.
Nesse sentido, foi elaborada a concepção de desenvolvimento sustentável e de seus respectivos 
indicadores.
Assim, em 1973 surgiu o termo ecodesenvolvimento como alternativa à concepção de 
desenvolvimento, termo este que passa a ser articulado por Ignacy Sachs integrando educação, 
participação, preservação de recursos naturais e satisfação de necessidades básicas.
Para muitos autores, a relação entre desenvolvimento e meio ambiente é considerada um ponto 
central na compreensão dos problemas ecológicos, sendo o conceito de desenvolvimento sustentável 
uma nova maneira de a sociedade se relacionar com seu ambiente, garantindo sua própria existência e 
a do meio no qual vive. Por outro lado, a formulação de um conceito definitivo para desenvolvimento 
sustentável gera controvérsias e distintas interpretações, sem que se atinja um consenso, principalmente 
no que concerne aos índices de emissão de poluentes, da eliminação de desperdícios ou de redução dos 
índices de pobreza e desigualdade social.
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O modo de produção capitalista, na sua fase atual, está mudando sua forma de organização de 
exploração para exclusão. Essa situação pode ser observada pelo aprofundamento da desigualdade, da 
pobreza e da miséria em amplas áreas do mundo.
Pretendemos discutir em nossa disciplina também as questões relativas à identidade: Quem sou eu? 
Como me relaciono com os outros? Qual é a ética necessária para chegarmos a uma melhor qualidade 
de vida? O mundo globalizado apresenta‑se com novos desafios, novos problemas, novos riscos e uma 
situação de mal‑estar.
Fala‑se em xenofobia, apartheid social e espacial, autodestruição em termos de perdas ambientais, 
superexploração dos espaços, dominação e subjugação dos pobres aos ricos, perda de qualidade de vida 
e deterioração dos padrões culturais.
Então surge o questionamento que procuramos elucidar, sobre qual o modelo de desenvolvimento 
adequado para manter uma satisfatória qualidade de vida sem que haja um grande custo ambiental: 
qual será o destino biológico do homem?
A disciplina Introdução à Problemática Ambiental fará, portanto, uma revisão dos problemas dentro 
do contexto histórico dos grupos humanos, do modelo primitivo à relação homem–ambiente na Idade 
Média, seguindo para o modo de produção capitalista do Mercantilismo à Revolução Industrial.
Também falaremos a respeito das mudanças ambientais decorrentes dos conflitos mundiais: 1a e 
2a Guerras, a Guerra Fria, do Vietnam e das Coreias. Abordaremos também as mudanças empreendidas 
desde a ordem bipolar à nova ordem mundial.
Questionaremos, ainda, a sobrevivência na cidade, a sustentabilidade e a qualidade de vida, bem 
como as mudanças ambientais, a saúde pública e as mudanças de clima, mudanças de vida.
IntRodução
Durante milênios, o homem foi caçador, perseguia suas presas seguindo suas pegadas por ambientes 
distintos – lama, mata etc. – aprendendo a farejar, a registrar e a classificar suas pistas (ramos quebrados, 
dejetos, pelos, odores que lhe permitiam alcançar sua presa etc.).
Na obra Mitos, Emblemas, Sinais – Morfologia e História (1985, p. 152), Carlo Ginzburg afirma o 
seguinte:
Decifrar ou ler pistas dos animais são metáforas. Sentimo‑nos tentados 
a tomá‑las ao pé da letra, como a condensação verbal de um processo 
histórico que levou, num espaço de tempo talvez “muito longo”, à invenção 
da escrita. A mesma conexão é formulada sob a forma de mito etiológico em 
vários povos e suas lendas.
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Nossa proposta nesta obra é encontrar pistas atuais que nos permitam caracterizar a marca deixada 
pela natureza nos distintos modos de organização da vida de lugares e de seus habitantes, bem como o 
que essas pessoas imprimiram nesses lugares, como o transformaram de acordo com seu modo de vida.
Aqui temos um trabalho que pode ser realizado de forma interdisciplinar e contextualizada entre 
distintos campos do conhecimento e no qual cabe ao historiador iniciar o processo de reunir fatos e 
identificar grupos humanos a partir de seus conhecimentos diretos ou indiretos. Os dados obtidos, porsua vez, podem ser complementados pela Antropologia, Arqueologia, Geografia, Biologia, Economia 
entre outras áreas do conhecimento.
Sabemos que cada sociedade observa a necessidade de distinguir os seus componentes; mas os 
modos de enfrentar essa necessidade variam conforme os tempos e os lugares, seu modo de produção, as 
características do lugar de vivência, entre outros fatores incluindo‑se o ordenamento territorial e político.
Assim, temos também uma preocupação histórica sobre a temática ambiental diante da realidade do 
cotidiano de cada um dos grupos humanos, que reproduzem, na sua vivência, a apropriação de recursos 
naturais, o uso do solo para sua alimentação, a criação animal, a obtenção de matérias‑primas para 
transformação, o uso da água para dessedentação animal e humana, suas próprias condições de saúde 
orgânica, a salubridade ambiental, a qualidade atmosférica, entre outras condições que poderíamos 
mencionar.
Devemos lembrar que o ser humano difere de outras espécies pelo seu grande poder de alterar 
os ecossistemas, no sentido de torná‑los melhores ou piores para sua sobrevivência. Contudo, o que 
tem ocorrido, infelizmente, é a ênfase em transformá‑los de maneira cada vez mais comprometedora. 
Apesar disso, a conscientização desse fato tem sido ampliada, bem como as discussões acerca dessa 
problemática, embora nem sempre os problemas sejam realmente solucionados. O que ocorre é uma 
questão de escala econômica na trajetória das alterações ambientais no Planeta, uma vez que as 
atividades alteradoras acontecem de forma regionalizada.
O sistema físico global é afetado pelas alterações em distintos níveis, como o comprometimento do 
sistema marinho, que desencadeia outras mudanças, ou ainda as alterações provocadas pela emissão de 
CO
2 no solo e que comprometem a diversidade biótica.
Os desastres e degradações podem migrar para outras áreas em decorrência das ações humanas e 
promover impactos físicos. Propomos, por isso, uma análise dos efeitos decorrentes das ações humanas 
no comportamento dos ambientes naturais.
Não podemos ignorar em nossa obra o fato de que as mudanças ambientais globais estão relacionadas 
às noções de espaço, paisagem, recursos naturais disponíveis, tipo de organização social e política e que 
envolvem também a subjetividade, sendo que esta última, por sua vez, é composta por identidade, 
espiritualidade, projetos pessoais e projetos coletivos.
Todos esses elementos somados resultam nos sintomas sociais e em seus signos de manifestação, 
que, por sua vez, envolvem a qualidade de vida e o risco de viver na era da globalização.
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Dessa forma, questionaremos quais são as consequências do modo de viver na sociedade moderna, 
da revolução tecnológica, dos avanços científicos, da rapidez possibilitada pela informação. O modo 
de viver mudou; a sociedade está cada vez mais complexa, os relacionamentos interpessoais cada vez 
mais difíceis. Como afirmou o professor Milton Santos (2011), em sua obra Por uma outra globalização, 
é preciso perceber três espécies de globalização, se quisermos escapar à crença de que este mundo, 
assim como nos é apresentado, é a única opção verdadeira. Dessa forma, é necessário entender que 
há o mundo tal como nos fazem vê‑lo, com a globalização como fábula, o mundo como ele é, com a 
globalização como perversidade, e o mundo como ele pode ser, o da outra globalização.
Essa será a proposta de análise que norteará nossa disciplina.
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Introdução à problemátIca ambIental
Unidade I
1 A tRAnSIção do noMAdISMo Ao SedentARISMo
1.1 o modelo primitivo de ocupação do espaço
Na história da humanidade, os problemas ambientais surgiram desde o início da interação do homem 
com o meio ambiente – logo, desde que o homem existe. A espécie Homo sapiens apareceu na Terra há 
mais ou menos 195 mil anos, contudo seu desenvolvimento se deu principalmente nos últimos dez mil 
anos, quando formou sociedades organizadas. Elas foram se adaptando aos lugares e, ao mesmo tempo, 
tronando‑se cada vez mais vulneráveis, expondo‑se aos riscos e desastres ambientais. Isso comprometeu 
sua qualidade de vida, de saúde ambiental e mesmo sua cultura, conforme sua adequação aos distintos 
momentos históricos.
Glaciações de 
Riss e de Worm 
(‑ 220.000 a ‑ 8.000)
Descoberta do fogo
(‑400.000 anos) 
condição de expansão 
do Homo ergaster rumo 
às regiões frias
Os primeiros centros do gênero Homo
Os centros de nascimento da escrita
Australopithecus
Aparecimento‑extinção 
(em número de anos)
área de 
extensão Migração Sítio
Homo habillis
Homo ergaster
Homo erectus*
Homo neanderthalensis
Homo sapiens
Homo sapiens sapiens
*Homo erectus e Homo ergaster 
parecem oriundos do mesmo ramo 
Homo. A simbolização escolhida aqui 
sugere uma hipótese de diferenciação 
mais clara.
Figura 1
Enquanto o homem não estabelecia residência fixa em um determinado local, todos os resíduos que 
produzia eram abandonados onde se estabelecia temporariamente e, dessa forma, não interferiam em 
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Unidade I
sua vida. Essa fase de nomadismo, somada à pequena população humana da época (Período Paleolítico), 
não apresenta registros de problemas ambientais, uma vez que a interação homem–meio ambiente não 
resultava em transtornos significativos.
Figura 2 – Pinturas rupestres
No Período Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, o homem, além de nômade, era coletor e caçador, 
pois não dominava técnicas de agricultura e de domesticação de animais. Além disso, também não 
entendia por completo o fogo e a manufatura de ferramentas. Com o tempo, passou a perceber que a 
carne assada era melhor para consumo do que a carne crua; que manter o fogo gerado por raio caído em 
árvores podia lhe aquecer e iluminar a noite e que sementes, ao cair das árvores ou serem abandonadas 
após o consumo de frutos, geravam novas plantas. Esses fatores iniciaram processos de modificação no 
homem e na sua maneira de viver.
A partir desse momento, o ser humano começou a consumir alimentos assados, o que causou uma 
modificação em sua arcada dentária. Também aprendeu a manusear o fogo para manter‑se aquecido 
durante a noite e afastar predadores, além de fixar moradia onde os frutos geravam novas plantas. 
Dessa forma, iniciou o domínio da agricultura, eliminando a necessidade (até então constante) de 
coleta dos alimentos.
Nesse momento, começou o processo de sedentarismo, que marcou o início da Revolução Neolítica 
que, estima‑se, tenha acontecido entre 10000 e 7000 a.C., dependendo do grupo humano ao qual nos 
referimos. Esse processo foi caracterizado pelas alterações nos costumes e habilidades do homem que 
passaria, então, ao que chamamos de Idade da Pedra Polida, em referência às ferramentas feitas com 
pedras polidas, ou Período Neolítico.
Durante a revolução neolítica, o homem passou a cultivar alimentos de origem vegetal. Nascia, assim, 
a agricultura, que era uma atividade realizada principalmente pelas mulheres, enquanto os homens 
continuavam responsáveis pela caça. A atividade perdurava num determinado local até que o solo se 
esgotasse e o grupo fosse obrigado a mudar‑se novamente, procurando terra fértil. Encontrando‑a em 
locais onde não havia abrigo (cavernas), começava a construir pequenas moradias para ali fixar‑se. Com 
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Introdução à problemátIca ambIental
o crescimentodas plantações, os homens passaram a ajudar na agricultura, o que reduziu a atividade 
de caça.
Como dependiam de solo fértil, não é de se estranhar que as primeiras civilizações humanas tenham 
surgido justamente em áreas próximas às margens de rios, como na Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates), 
China (rios Yang‑tsé e Huang Ho) e Egito (rio Nilo).
Os grupos humanos tinham, então, um novo desafio: vencer a força da natureza que periodicamente 
destruía as plantações com a cheia dos rios. A partir desse problema, novas tecnologias foram 
desenvolvidas, como a construção de diques e canais de irrigação, garantindo às plantações água e 
proteção. Dessa forma, o crescimento populacional foi inevitável. Com alimento abundante, o domínio 
do fogo, a domesticação de animais e a moradia a taxa de crescimento humano atingiu níveis altíssimos. 
O homem, assim, deixa a Pré‑história.
E qual a relação entre essa temática e as questões ambientais? Imagine que, num primeiro 
momento, os grupos humanos se distribuíam em pequenos grupos nômades e, num segundo, 
passaram a concentrar‑se em grandes populações sedentárias. Isso com certeza fez com que fosse 
aumentada a produção de resíduos, o que marcaria o problema ambiental decorrente do consumo, 
ou seja, a produção de lixo.
Enquanto nômades, os resíduos humanos eram basicamente carcaças de animais e restos de 
alimentos. Como o homem mudava de local constantemente, esses resíduos não se acumulavam 
em grandes volumes e também não significavam um problema para nossa espécie. Porém, quando 
as comunidades passaram ao sedentarismo, acumulando‑se em grandes grupos humanos, os resíduos 
começam a acumular‑se junto a essas civilizações.
Isso fez com que o homem precisasse lidar com um problema que antes não o incomodava – o lixo. 
O que fazer com os restos da alimentação, fezes e também com os animais atraídos por esse lixo, como 
moscas e ratos? Eis o que passou a ser um dos principais problemas ambientais a serem administrados 
desde o início de nossa história até os dias de hoje: a falta de saneamento adequado.
Somado a todo esse contexto, podemos citar também o desmatamento gerado pela abertura de 
áreas para agricultura e pecuária, assim como para extração de madeira para a construção de moradias 
para essas civilizações.
Podemos, então, concluir que o surgimento das civilizações humanas data também o início dos 
problemas ambientais em nosso planeta.
A evolução do homem ofereceu‑lhe condições físicas e intelectuais de entender quais eram suas 
necessidades e, a partir disso, interagir com a natureza de forma a explorá‑la em benefício de sua espécie. 
Mendonça (2005, p. 48) afirma que “alguns seres humanos se sentiram em condições de subjugar as 
florestas e os povos que as habitavam e fazer prevalecer seus modos de ser e fazer a vida”. Ainda sobre 
o tema do trabalho humano na natureza, Marx diz:
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Unidade I
O trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que 
o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo 
com a natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma 
força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à 
sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar‑se 
da matéria natural numa forma útil para sua própria vida” (MARX apud 
ANTUNES, 2005, p. 36).
Sendo assim, a partir da Revolução Neolítica, entendemos que o homem adquiriu capacidade de 
manipular o meio ambiente, criando condições à sua sobrevivência e à de seus pares. Com isso, vemos 
um quadro de impacto ambiental criado desde a Antiguidade que se estende até os dias atuais, com 
projeção nas gerações futuras. Um dos elementos mais explorados ao longo do tempo foi a madeira, que 
se tornou escassa durante o século V a.C. na Grécia. Os romanos, também antes de Cristo, reclamavam 
de poluição do ar, demonstrando o impacto que a civilização humana causa no meio ambiente desde 
tempos remotos.
Ao longo da história, a relação do homem com a natureza foi sendo alterada de acordo 
com mudanças nas próprias relações humanas. Na Antiguidade, a sociedade era matriarcal e, 
sendo assim, tinha com a natureza uma relação integradora, na qual a exploração baseava‑se 
simplesmente na sobrevivência dos povos e a figura da natureza como mãe era comum, como se 
vê em artefatos simbolizando a natureza na forma de deusa mãe. Porém, nem todas as sociedades 
eram assim e, à medida que conflitos começaram a surgir, uma nova maneira de explorar a 
natureza também apareceu.
As civilizações patriarcais que valorizavam o domínio expandiram‑se e a exploração e o domínio do 
meio natural tornaram‑se práticas comuns. Saía de cena, assim, o modelo coletivo e integrador para dar 
lugar ao modelo de domínio e subjugação.
A grande mudança de sociedades matrísticas para patriarcais aconteceu 
quando a tecnologia disponível deixou de ser aplicada unicamente para a 
produção (agrícola e de artefatos) e passou efetivamente a ser utilizada 
para a fabricação de armas. Paulatinamente as sociedades se tornaram 
dominadoras. Surgiram os impérios. A ideia de dominação e apropriação da 
natureza e de outros povos foi se ampliando e difundindo pela região que 
hoje corresponde ao Oriente Médio e Europa (de onde importamos nosso 
modo de ser atual) (MENDONçA, 2005, p. 59).
Essa separação entre natureza e homem (objeto e sujeito) passou a ser integrante do pensamento 
humano; apesar de focos de resistência como a Grécia, onde a concepção de que o homem era parte 
da physis ainda vigoravam. Nasce, assim, a ideia de que nós, humanos, não somos parte da natureza e 
de que interferir nela não nos traz quaisquer consequências. Assim, a natureza passou a ser um simples 
objeto de exploração para o ser humano.
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 observação
Physis vem do verbo phyomai, que significa emergir, nascer, crescer: 
processo de nascimento. Esse conceito designa tudo aquilo que brota, 
cresce, surge, vem a ser. Physis não é paisagem ou oposição ao artificial, é 
tudo o que é vivo, a força originária criadora de todos os seres, responsável 
por seu surgimento, transformação e degeneração (CHAUÍ, 1994).
A Grécia Antiga era detentora de diversas colônias no período anterior a Cristo que, em sua maioria, 
estavam localizadas em ilhas. A manutenção do império grego demandava muitos recursos e quando 
estes se esgotavam em um local os exploradores seguiam para outro. Essa manutenção se baseava 
no comércio e na pesca. Naturalmente, para tanto eram necessários muitos navios e, portanto, muita 
madeira. Como o território era muito seco e a extração muito grande, Aristóteles recomendou aos 
magistrados que cuidassem das florestas a fim de regular o uso da madeira.
A madeira, aliás, também era importante no Império Romano. Segundo Perlin (1992), quando a 
madeira próxima a Roma acabou, os romanos avançaram em direção a outras regiões enviando os 
troncos através dos rios.
Na Roma Antiga também divisamos outra prática pertinente ao impacto ambiental que os humanos 
causam na natureza – a reciclagem. No século I, romanos pobres recolhiam vidros quebrados da mesma 
forma que as pessoas recolhem atualmente latas de alumínio para reciclagem (MENDONçA, 2005).
Braga (2006) relata que as primeiras reclamações sobre poluição do ar apareceram na mesma Roma, 
onde foram criados os aquedutos para abastecimento de água e o primeiro sistema de esgoto de que se 
tem notícia (a Cloaca Máxima).
1.2 A relação homem–meio ambiente na Idade Média
A Idade Média cronologicamente caracteriza‑se como um período da história europeia com 
início na queda doImpério Romano Ocidental, em 476 d.C., e fim na queda do Império Bizantino de 
Constantinopla, em 1453 d.C. Ela pode ser dividida em Alta e Baixa Idade Média.
A Alta Idade Média (séculos V a X) foi marcada por invasões de diversos povos sobre a Europa, que 
contribuíram para a formação do feudalismo; um sistema socioeconômico, político e cultural no qual 
os senhores feudais eram os donos da terra e os servos – camponeses – trabalhavam nas plantações. 
A nobreza era sustentada por impostos e a Igreja tinha um enorme poder. Essa sociedade era dividida 
em ordens sociais (clero, nobreza e servos) com suas funções delimitadas. Prevalecia, além disso, a 
imobilidade social.
A economia era basicamente agrária e autossuficiente. A produção era feita para o consumo imediato 
e o excedente, quando existia, servia para o comércio. O trabalho era regulado pelas obrigações servis 
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entre senhor feudal e servos. Nesse ambiente, eram notáveis a desigualdade social, a pobreza e o alto 
índice de doenças.
Foi uma época cheia de crises, decorrentes principalmente da alta mortalidade e da baixa expectativa 
de vida devidos ao grande número de doenças e à fome que assolava a maior parte da população – em 
especial os camponeses, que viviam em péssimas condições de vida e pagavam pesados impostos ao 
senhor feudal, ao rei, ao clero e à nobreza.
Figura 3
Nesse momento histórico, a cultura era essencialmente teocêntrica e o poder político fazia uso da 
influência religiosa da Igreja Católica, que ditava o modo de pensar e as tradições da sociedade. A fé 
explicava desde os fenômenos naturais até a maneira de o homem se relacionar com o indivíduo e a 
natureza.
No livro L’écologie et son historie, de 1993, Jean MarçDrouin cita Lynn White dizendo que, nesse 
período da Idade Média, estão os primeiros argumentos para o domínio do homem sobre a natureza. 
White concebe que a mentalidade que norteou, posteriormente, a Revolução Industrial é muito anterior 
à criação da máquina e afirma que a natureza é um recurso a ser explorado pelo homem. Segundo ele, 
os problemas ambientais têm sua gênese na teoria judaico‑cristã, por duas razões:
•	 a	distinção	entre	o	homem	(feito	à	imagem	e	semelhança	de	Deus)	e	o	restante	da	criação,	que	
não teria alma ou razão e, portanto, seria inferior;
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•	 uma	leitura	fundamentalista	de	uma	passagem	do	livro	“Gênesis”,	da	Bíblia:	“Deus	os	abençoou:	
‘Frutificai, disse ele, e multiplicai‑vos, enchei a terra e submetei‑a. Dominai sobre os peixes do mar, 
sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra’” (BÍBLIA..., s.d., cap. 
1, vers. 22, p. 3). A interpretação desse trecho teria sido a base histórica para o antropocentrismo 
e, por consequência, para a mudança na maneira de as pessoas de conceberem a natureza e de se 
relacionarem com ela.
Para White (apud DROUIN, 1993) essas razões teriam levado os cristãos a uma indiferença com 
relação ao restante da criação que perdurou no mundo industrial. Ele conclui seu raciocínio dizendo 
que o desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias não solucionará a crise ambiental, pois as 
ideias fundamentais da humanidade sobre a natureza é que precisam mudar. Seria necessário, então, 
abandonar a ideia de superioridade e a atitude antropocêntrica que nos tornam dispostos a usar nosso 
meio ambiente sem considerar os limites de suporte do planeta.
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos entender que, a partir de uma interpretação do texto 
bíblico, o homem, nesse momento histórico, passou a sentir‑se superior em relação ao restante da 
criação divina e, portanto, supôs‑se apto e respaldado a dominar, explorar e usufruir da natureza.
 Lembrete
Os problemas ambientais surgiram desde o início da interação do 
homem com o meio ambiente, e mudanças culturais foram colaborando 
para a piora dessa relação.
É preciso, contudo, entender que a passagem bíblica não expressa uma autorização divina para 
a exploração desmedida que sucede esse período da história. Não é dito em momento algum que o 
homem poderia apropriar‑se da natureza a ponto de destruí‑la e gerar condições comprometedoras da 
sobrevivência das espécies, incluindo nisso o próprio homem.
Devemos ressaltar que a linguagem utilizada na época em que o “Gênesis” foi escrito não pode ser 
comparada aos padrões atuais. Segundo o livro bíblico, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança 
e, portanto, não seria concebível que as atitudes da criação divina fossem “tiranas” em relação à natureza, 
uma vez que Deus representa bondade e amor.
White (apud DROUIN, 1993) sugere adotarmos o pensamento de São Francisco de Assis como 
modelo para a relação homem–natureza. Para São Francisco, todas as criaturas deviam ser respeitadas e 
o domínio do homem devia ser limitado. Ele pregava que a tarefa dos homens era proteger e valorizar a 
natureza uma vez que são criação divina e auxiliares do Criador, além também de Suas criaturas.
Na mesma obra, Jean MarçDrouin (1993) cita o biólogo Rene Jules Dubos, que se posiciona de maneira 
diferente de White. Dubos (apud DROUIN, 1993) argumenta que o judaísmo demonstra preocupação 
com a natureza, como podemos observar nos anos sabáticos, quando a terra deve ser deixada em 
descanso. Consta no livro “êxodo”: “Durante seis anos, semearás a terra e recolherás o produto. Mas, no 
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sétimo ano, a deixarás repousar em alqueive; os pobres de teu povo comerão o seu produto, e os animais 
selvagens comerão o resto. Farás o mesmo com a tua vinha e o teu olival” (BÍBLIA..., s.d., cap. 23, vers. 
10–11, p. 3).
ocidental
latino‑americana
Civilizações 
ameaçadas
O possível
“choque“
Civilização
ortodoxa
árabe‑muçulmana
africana (e outras)
budista e confuciana
xintoísta
hinduísta
Figura 4
Dubos (apud DROUIN, 1993) embasa sua ideia citando o caso da China, que apresenta um percentual 
baixo de judeus e cristãos e tem um histórico considerável de degradação ambiental. Nesse país, a 
ausência da doutrina judaico‑cristã pode justificar a falta de preocupação com o meio ambiente. Assim, 
segundo o autor, não se pode creditar à tradição judaico‑cristã a responsabilidade pela origem do 
problema ambiental na Idade Média.
Devemos ressaltar que a religiosidade faz parte da cultura de um povo e, dessa forma, influenciou a 
organização do espaço e, na prática, a apropriação e uso dos recursos.
 observação
No Islã, a relação entre a humanidade e o meio ambiente é baseada 
no fato de que tudo na Terra adora Deus. Esse culto não é apenas prática 
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ritual, pois muda‑se para as ações, o que significa que faz parte da fé 
muçulmana não prejudicar o ambiente. Além disso, os seres humanos 
são responsáveis pelo bem‑estar e pela vida dos outros habitantes 
deste ambiente global. “Se ao menos houvesse, entre as gerações que 
vos precederam, alguns sensatos que proibissem a corrupção na Terra” 
(Alcorão 11:116 apud QURAN, 2003, p. 109).
A Europa colonizadora em 1914
A: Alemanha
F: França
PB: Países Baixos
GB: Grã‑Bretanha
J: Japão
P: Portugal
DK: Dinamarca
B: Bélgica
E: Espanha
US: Estados Unidos
Colônia, protetorado ou zona 
de influência em 1914
Império sem colônia
Potência não‑europeia
e zona de influênciaColônias no século XVIIIData de independência
América Latina
Litígio territorial
Figura 5
Embora durante a Idade Média a visão de mundo predominante fosse o teocentrismo, pode‑se dizer 
que, para os homens medievais, a função da natureza já era avaliada segundo padrões antropocêntricos. 
Ou seja, Deus teria criado a natureza para tornar possível a existência do homem e, assim, uma estaria 
subordinada à outra.
Essa concepção abriu caminho para a ideia de que o homem podia se aproveitar da natureza para 
satisfazer seus interesses, inclusive econômicos. Dessa forma, embora a economia rural impedisse grandes 
desequilíbrios ecológicos, começaram a surgir diversos problemas ambientais, como o desflorestamento 
e a poluição do ar causada pela queima de carvão. Assim, quando a Europa passou por diversas 
modificações que deram início ao processo de desintegração do sistema feudal, na Baixa Idade Média 
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(séculos XI a XV), o capitalismo comercial encontrou terreno fértil. As trocas comerciais, antes muito 
reduzidas, começaram a crescer a partir do século XII.
Com a intensificação do comércio, os povos europeus sentiram a necessidade de buscar em terras 
distantes metais preciosos, mercados, especiarias, matérias‑primas e terras. Assim, iniciaram uma 
expansão marítimo‑comercial que acabaria por se tornar essencial para a interligação de todo o Globo 
e para o processo de degradação ambiental europeu, uma vez que, para a construção das embarcações, 
grande quantidade de madeira e outros recursos minerais eram necessária. Mais do que isso, as Grandes 
Navegações possibilitaram uma acumulação de capital que seria condição básica para a Revolução 
Industrial que estava por vir no século XVIII.
 Saiba mais
Uma leitura envolvente e agradável sobre a história da humanidade 
pode ser feita no livro:
COIMBRA, D. Uma história do mundo. São Paulo: L&PM, 2012.
2 o Modo de PRodução econôMIco e A RevoLução InduStRIAL
2.1 evolução histórica
A atividade industrial pode ser analisada por meio das fases que antecederam a caracterização 
moderna, nas quais a elaboração de matérias‑primas e sua posterior transformação em bens (produtos 
finais) eram realizadas de forma simples e por meio da mão de obra artesã, que era fundamental.
Assim, temos as seguintes fases:
Fase artesanal (até o século XV):
•	 nenhuma	divisão	do	trabalho;
•	 uso	de	ferramentas;
•	 menor	produção;
•	 produtos	personificados;
•	 força	de	trabalho:	mãos	do	artesão.
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Figura 6
Fase manufatureira (séculos XVI ao XVIII):
•	 divisão	primária	do	trabalho;
•	 uso	de	máquinas	simples;
•	 quantidades	maiores,	mas	trabalho	ainda	depende	das	mãos	do	artesão.
Figura 7
Fase moderna (a partir da Revolução Industrial na Inglaterra, no séc. XVIII), em países europeus e 
nos EUA:
•	 grande	divisão	do	trabalho;
•	 especialização	do	trabalhador;
•	 máquinas	modernas	com	uso	de	fontes	de	energia;
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•	 produção	em	grandes	quantidades	e	produtos	estandardizados	(padronizados,	feitos	em	série	e	
dos mesmos modelos);
•	 indústria	moderna:	resultado	da	Revolução	Industrial	e	da	expansão	do	capitalismo.
Figura 8
No século XV, o comércio era a principal atividade econômica na Europa. O impulso maior para 
isso ocorreu na Idade Média, com as Cruzadas e a consequente aproximação entre Ocidente e 
Oriente, constituindo a base de um novo sistema econômico, o qual substituiria o decadente modo de 
produção feudal. O desenvolvimento do comércio, por sua vez, fez surgir um grupo de indivíduos que 
intermediavam as relações entre produção e consumo, obtendo produtos negociáveis de comerciantes e 
revendendo com lucro esses produtos. Esses negociantes formaram a burguesia nessa fase embrionária 
do capitalismo.
Essa fase de transição entre o modo de produção feudal e o capitalismo, já em sua fase industrial no 
século XVIII, é o mercantilismo, que surgiu, portanto, com o fortalecimento da burguesia mercantil e a 
centralização do poder em mãos do rei, em detrimento do poder dos senhores feudais.
A economia mercantil, por sua vez, teve como consequência a expansão marítima de algumas 
monarquias europeias, a saber: Espanha, Portugal e Inglaterra, principalmente. Também teve destaque, 
nesse contexto, o monopólio da navegação no mar Mediterrâneo exercido pelos árabes e pelas cidades 
italianas de Gênova e Veneza. Outra decorrência desse comércio foi a anexação do Continente americano 
a fim de que pudessem ser exploradas suas riquezas (minerais e vegetais) em benefício das atividades 
comerciais da Europa ibérica.
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Observamos que, desde esse período, a despreocupação com o ambiente e a biodiversidade, bem 
como com as questões relativas à saúde, ao saneamento básico e, consequentemente, à qualidade 
de vida, era flagrante. Dois séculos de amadurecimento foram necessários para que acontecessem as 
inovações técnicas (como o uso do vapor) associadas ao acúmulo de capitais e ao mercado em expansão, 
dinamizando a economia europeia.
Estabelece‑se, portanto, uma nova etapa da produção econômica, fundamentada na indústria: 
a fase da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, em meados do século XVIII, representando 
muito mais do que uma simples mudança no sistema produtivo, no qual se observam mudanças na 
hierarquia social (então dividida em classes sociais) e na produção determinada pelo lucro e pelo 
interesse no capital.
A insalubridade e as doenças, no entanto, proliferavam na Europa, somadas à falta de saneamento e 
de higiene; as cidades eram redutos de ratos, insetos, lixo. Também eram observadas cenas de poluição 
com a intensificação do uso do carvão mineral para geração de energia.
Por outro lado, como obter recursos? A dinamização da produção, que deixa de ser manufatureira e 
passa a ser mecanizada (máquinas a vapor), que teve início na Inglaterra e se estendeu posteriormente 
a outros países europeus, fez crescerem, principalmente na Europa do século XIX, as necessidades de 
matérias–primas e novos mercados.
As nações industrializadas necessitavam de fontes constantes e abundantes de matérias–primas 
para sua crescente atividade produtiva. Isso, somado à necessidade de aplicar o capital e ampliar a 
rentabilidade, levou as nações industrializadas a formar verdadeiros impérios em terras dos continentes 
africano e asiático.
O imperialismo, resultante da concorrência entre as nações industrializadas da Europa e como 
parte da política neocolonialista, resultou no militarismo (através da dominação física do território), 
do nacionalismo (exaltação do sentimento nacional, apesar das diferenças de classes), no racismo 
(teoria da superioridade racial, étnica e religiosa) e na hierarquização das nações (que serviu de base 
para a Divisão Internacional do Trabalho – DIT). Devemos destacar que, nesses momentos históricos, 
continuava a despreocupação com temas ambientais e a saúde pública.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, iniciou‑se um processo 
ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo de capital. Na Idade Média, 
já existiam comerciantes que podiam ser considerados capitalistas, embora não vivessem em um 
mundo capitalista. “Houve práticas capitalistas muito antes da existênciado capitalismo como sistema 
econômico” (KOSHIBA; PEREIRA, 2004, p. 228). Mas foi na Idade Moderna que produzir para vender e 
lucrar começou a se tornar a regra geral. Tendo ocorrido inicialmente na Inglaterra, no século XVIII, a 
industrialização foi almejada depois pela Alemanha, Estados Unidos, Japão e França, hoje considerados 
países centrais (KOSHIBA; PEREIRA, 2004).
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Superior a 10.000
PIB por habitante em 2005,
paridade de poder de compra (PPC)
(em doláres)
Entre 5.000 e 10.000 
Inferior a 5.000
Sem dados disponíveis
Figura 9
Vale lembrar que o capitalismo é uma construção histórica ao longo da existência do homem e não 
um comportamento inerente à sua existência.
Durante a Idade Moderna, foram se desenvolvendo na Europa as condições necessárias para 
o capitalismo industrial. A expansão ultramarina e a colonização da América ampliaram o mercado 
europeu e abasteceram a Europa com riquezas que aceleraram a acumulação de capitais, que, por sua 
vez, preparou o surgimento do capitalismo. A classe burguesa, então, fortaleceu‑se e, inclusive, chegou 
ao poder na Inglaterra no século XVII, com a Revolução Puritana (KOSHIBA; PEREIRA, 2004).
Ao contrário das sociedades antigas e medievais, a sociedade capitalista é comandada pelo mercado: 
a preocupação econômica toma conta das relações sociais, que são marcadas pela impessoalidade e 
concorrência. Todas as atividades são baseadas na dinâmica de compra e venda. “No capitalismo não se 
trabalha para viver, vive‑se para trabalhar. O trabalho converteu‑se num fim em si mesmo” (KOSHIBA; 
PEREIRA, 2004, p. 232).
As revoluções liberais da Idade Moderna (principalmente a Revolução Inglesa, a Revolução Francesa 
e a Independência dos Estados Unidos da América) fizeram com que o capitalismo se estabelecesse 
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como sistema econômico predominante nos países da Europa ocidental e nos Estados Unidos. Elas 
construíram a base para o desenvolvimento capitalista no mundo contemporâneo.
A Idade Contemporânea iniciou‑se com a Revolução Francesa (1789) e estende‑se até os dias de 
hoje. O capitalismo do mundo contemporâneo é um sistema econômico baseado na propriedade privada 
dos meios de produção e na propriedade intelectual, que tem como objetivo a obtenção de lucro através 
do risco do investimento. As decisões sobre os investimentos de capital são feitas pela iniciativa privada 
e a produção, a distribuição e os preços dos bens, serviços e recursos humanos são controlados pela 
força da oferta e da procura.
Como continuidade desses fatos, resultou a concorrência entre as nações industrializadas, nas 
primeiras décadas do século XX, culminando nas duas grandes guerras, a saber: a primeira, de 1914 a 1918, 
e a segunda, de 1939 a 1945. Esses conflitos envolveram quase todo o Mundo, especialmente Inglaterra 
(atual Reino Unido da Grã‑Bretanha e Irlanda do Norte), França, Alemanha, Japão, Estados Unidos e 
União Soviética. Esses conflitos influenciaram não só a ordem mundial quanto a sua organização, assim 
como os aspectos sociais e os riscos ambientais.
Neste contexto, observou‑se que a ciência e a tecnologia tornaram‑se cada vez mais desenvolvidas, 
buscando a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos. No entanto, a desigualdade social foi se 
tornando cada vez mais presente no Planeta, constituindo um divisor dentro do modelo capitalista criado 
nos últimos séculos. O pessimismo na obra Vidas Desperdiçadas, de Baumann (2005), generaliza‑se, sai 
do plano individual e atinge a coletividade social. A evolução do capitalismo pressiona os âmbitos social 
e o subjetivo; torna‑se difícil superar as desigualdades com desdobramentos em termos ambientais.
 observação
Karl Marx, já no século XIX, denunciava o caráter exclusivista da 
sociedade capitalista. Segundo ele, é impossível superar a desigualdade 
social no capitalismo, visto que a base desse sistema é o lucro e, portanto, 
a exploração do proletariado.
A sociedade de consumo atual é caracterizada por profundas crises socioambientais e socioeconômicas, 
resultantes do ideal do progresso e do desenvolvimento tecnológico, da produção em massa de produtos 
muitas vezes supérfluos ou até mesmo nefastos à qualidade de vida, da degradação ambiental e da 
exploração dos elementos naturais em tal velocidade e intensidade que se torna impossível para a 
natureza se recompor na escala de tempo humana.
Nas últimas décadas, muito se tem falado sobre os problemas ambientais que põem em risco a 
perpetuação da vida na Terra. Acordos com o objetivo de reduzir a poluição e outros problemas, como 
o aquecimento global e o buraco na camada de ozônio, têm sido discutidos em escala mundial. Entre 
eles, podemos destacar o Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução de gases poluentes para 
os países industrializados.
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 observação
A primeira grande produção em série aconteceu em uma fábrica de 
armas nos Estados Unidos, em 1800. “Mais tarde, no início do século XX, 
os americanos Frederick Taylor e depois Henry Ford elevaram os índices de 
produção num sistema cada vez mais rápido, preciso e em série. Estava 
criada a chamada linha de montagem” (KUPSTAS, 1997, p. 97).
Quando falamos em modo de produção capitalista, pensamos em divisão internacional do trabalho 
(DIT). Observe as figuras a seguir, que ilustram a evolução na DIT em suas fases:
Metais preciosos, 
especiarias, escravos etc.
Colônias 
(exploração)
Metrópoles 
(expansão marítima)
Origem da DIT
Manufaturas
Colonialismo
Figura 10 – Capitalismo comercial
Produtos primários: 
agrícolas, minerais e fósseis.
Colônias 
(exploração)
Metrópoles 
(Revolução industrial)
Consolidação da DIT
Produtos industrializados
Imperialismo
Figura 11 – Capitalismo industrial e financeiro (até a Segunda Guerra Mundial)
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Introdução à problemátIca ambIental
Produtos primários: 
agrícolas, minerais e fósseis
Países subdesenvolvidos
não‑industrializadosPaíses desenvolvidos
DIT clássica
Produtos industrializados 
Capitais: investimentos e 
empréstimos (pouco) 
Produtos primários
produtos industrialados 
Capitais: juros, royalties e 
lucros
Produtos industrializados 
(em geral de tecnologia superior) 
Capitais: empréstimos, 
investimentos produtivos e 
especulativos, tecnologia
Globalização
Países subdesenvolvidos
industrializadosPaíses desenvolvidos
Nova DIT
Figura 12 – Capitalismo financeiro (após a Segunda Guerra Mundial)
Devemos ressaltar que a produção e o consumo, assim como as necessidades humanas, tornaram‑se 
cada vez mais internacionais e cosmopolitas. De acordo com o texto de Marshall Berman (1986, p. 89‑90), 
o âmbito dos desejos e reivindicações humanas se amplia muito além da capacidade das indústrias 
locais, que então entram em colapso. A escala de comunicações se torna mundial, o que faz emergir uma 
mass media tecnologicamente sofisticada. O capital se concentra cada vez mais nas mãos de poucos. 
Camponeses e artesãos independentes não podem competir com a produção de massa capitalista e são 
forçados a abandonar suas terras e fechar seus estabelecimentos. A produção se centraliza de maneira 
progressiva e se racionaliza em fábricas altamente automatizadas.
O texto expressa as mudanças empreendidas no modo de produção capitalistae, consequentemente, 
suas repercussões nos aspectos sociais e organizacionais do espaço. Ele representa, ao mesmo tempo, a 
história do modelo de trabalho e das relações na organização da sociedade na produção de riquezas e 
de hábitos de consumo. Além disso, altera também as relações sociais de produção.
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Unidade I
 observação
Segundo Harnecker (1974), relações sociais de produção são as relações 
que se estabelecem entre os proprietários dos meios de produção e os 
produtores diretos em um processo de produção determinado, relação que 
depende do tipo de relação de propriedade, posse, disposição ou usufruto 
que eles estabelecem com os meios de produção. Assim, são estabelecidos 
tipos de relação social de produção, a saber:
•	 relação	explorador–explorado:	se	estabelecem	quando	os	proprietários	
dos meios de produção vivem do trabalho e dos produtores diretos;
•	 relações	 de	 colaboração	 recíproca:	 se	 estabelecem	 quando	 existe	
uma propriedade social dos meios de produção e nenhum setor da 
sociedade vive da exploração de outro setor, como os membros de uma 
sociedade primitiva, na qual existe colaboração entre os membros. 
Segundo Marx, isso ocorre no modo de produção comunista (no 
sentido de comunidade).
HARNECKER, M. Los conceptos elementales del materialismo histórico. 
Ed. Siglo veinteuno. Argentina editores, 1974. p. 43. Traduzido e adaptado.
3 oS conFLItoS MundIAIS e AS MudAnçAS AMbIentAIS
Figura 13 – War, de Willian Gropper
Muitos são os conflitos que ocorreram durante a história da Humanidade. Da Idade Antiga à 
Contemporânea, inúmeras foram as guerras travadas entre os povos por território, controle econômico, 
poder político e inúmeros outros motivos. Esses conflitos consumiram matérias‑primas em quantidades 
astronômicas, se somados todos os conflitos, e esse consumo desenfreado refletiu‑se no meio ambiente.
O comprometimento ambiental deu‑se não só pelo uso de armas e pela implantação de minas 
terrestres, mas também pelo uso de produtos químicos. Além das guerras ou confrontos armados, 
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surgem disputas de ordem econômica através da industrialização com maior urbanização, do aumento 
do consumo e das decorrentes alterações ambientais.
A partir dessa evolução, com a mudança do modo de habitar rural para o modo urbano, aparecem 
riscos locais e globais.
 Lembrete
A sociedade de consumo atual é caracterizada por profundas crises 
socioambientais e socioeconômicas, resultantes do ideal do progresso e do 
desenvolvimento tecnológico em detrimento da conservação dos recursos 
naturais.
Figura 14 – Equipamento militar em deslocamento durante a Segunda Guerra Mundial
Assim, temos que as guerras, desde sempre, causaram numerosos impactos sobre distintos aspectos. 
Entre eles, podemos destacar os impactos ambientais como o lançamento de metais pesados no 
solo, na água e no ar através da destruição de estruturas militares e industriais, bombardeios, grande 
concentração e movimentação de veículos terrestres, marítimos e aéreos, além da imensa quantidade de 
mísseis lançados nas guerras modernas, que causam um impacto maior do que as da Antiguidade, nas 
quais o desmatamento era o principal impacto causado.
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Unidade I
Figura 15 – Desmatamento ambiental durante a Segunda Guerra Mundial
Fora isso, a modificação das paisagens naturais é algo considerável, junto com a perda da 
biodiversidade a curto e longo prazo. Essa perda normalmente torna‑se irreversível por conta da 
dificuldade de recuperação do ambiente, que ocorre de forma lenta ou sequer acontece, tornando o 
processo de recomposição da biodiversidade inviável.
Figura 16 – Bombardeio
Dessa forma, um exemplo de guerra atual que pode ser citado é a queima dos poços de petróleo no 
Iraque durante as guerras do Irã/Iraque e do Golfo, com a invasão do Kuwait pelas tropas de Saddan 
Husseim. Essa queima não gerou apenas o gás carbônico, mas uma série de outros gases poluentes e 
nocivos à saúde. Para o Efeito Estufa, não importa se o dióxido de carbono é lançado na atmosfera 
em um espaço curto ou longo de tempo. Já a poluição concentrada de monóxido de carbono e dos 
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óxidos de nitrogênio num curto espaço de tempo, que se combinam, é bastante prejudicial à saúde, 
pois causa prejuízos como a chuva ácida e a queda de oxigenação nos organismos vivos sendo, por isso, 
considerada um grave problema ambiental, visto que altamente comprometedor à biodiversidade.
Análises afirmam que os reflexos da Guerra do Golfo para a saúde e o meio ambiente, assim como 
a destruição de fábricas de produtos químicos, biológicos e nucleares dispersando substâncias tóxicas 
no meio ambiente trouxeram efeitos comprometedores para a saúde humana, como sequelas para o 
sistema respiratório e carcinogênese. Outros estudos ainda demonstram que a utilização de armamentos 
contendo urânio empobrecido teria sido uma fonte de contaminação do meio ambiente, além de 
promover danos à saúde humana.
Figura 17 – Poço de petróleo queimando
O urânio empobrecido (U‑234) é um subproduto do urânio enriquecido (U‑238) utilizado nas usinas 
de energia nuclear e, portanto, abundante em países que empregam esse tipo de energia. Por ser um 
dos metais mais pesados que existe, ele é utilizado pela indústria bélica para produção de cabeças de 
balas, o que aumenta a capacidade de penetração dos projéteis, que passam a poder perfurar veículos 
militares blindados e paredes.
O urânio empobrecido também é utilizado na fabricação de mísseis e no revestimento de tanques. 
Além de o peso do metal ser um atrativo bélico, ele também tem outra característica interessante: o 
material é pirofórico espontâneo, isto é, quando o projétil alcança seu objetivo, gera tanto calor que se 
inflama e explode. Assim, ao atingir o alvo, o urânio empobrecido queima e transforma‑se literalmente 
em poeira, oxida‑se e volatiza‑se em micropartículas radioativas, que podem ser inaladas, ingeridas, 
depositadas no solo e na água ou transportadas para muitos quilômetros de distância pelo ar.
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Figura 18 – Ataque a Nagasaki
Não é só no caso do Iraque que o homem utilizou armamento com urânio durante conflitos armados: 
na Sérvia, na Bósnia e em Kosovo, em 1999, 1995 e 1999, respectivamente, esse tipo de arma já foi 
utilizado. Isso sem contar as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra 
Mundial, que também continham materiais radioativos em suas ogivas.
Além de afetar a população civil que sofreu o bombardeio, o urânio também afeta os soldados, e 
sua poeira pode ser transportada por ventos, o que faz com que ele possa atingir muitos outros países.
Outro armamento utilizado durante guerras que causou grande impacto ambiental foi o agente 
laranja, substância química desfolhante lançada nas florestas vietnamitas, em 1975, para facilitar a 
identificação de tropas inimigas em território asiático. Essa substância causa queda acelerada das folhas 
das árvores, contaminação do solo e água, além de graves danos à população humana, como câncer, 
síndromes neurológicas e problemas genéticos.
Dessa forma, a transição da sociedade de um momentohistórico para outro, com modelos distintos 
socioeconômicos, dependentes do consumo e dos impactos das ações humanas no decorrer dos 
momentos históricos, só comprometeu as sociedades e os ambientes ou ecossistemas, tornando‑os 
mais vulneráveis.
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Figura 19 – Guerra do Vietnã
Testes nucleares são outro exemplo de dano capaz de gerar imenso prejuízo ambiental por motivos 
bélicos. Entre os locais escolhidos para esse tipo de teste, um dos mais conhecidos é o Atol de Mururoa, 
na Polinésia Francesa. Os incessantes testes realizados entre 1966 e 1996 pelo Governo Francês deixaram 
uma herança radioativa nas águas do Atol, diminuindo a biodiversidade e produzindo altos índices de 
radiação na região.
Armamento nuclear
A “cortina de ferro“
Crises ou conflitos
Bloco soviético, país do Pacto de 
Varsóvia e outros aliados
País ligado à URSS
(cooperação militar)
País parceiro e depois afastado
Intervenção soviética
Ação cubana
Os Estados Unidos e seus aliados
País ligado aos Estados Unidos
O Plano Marshall
“Contenção nuclear“ (1949‑89)
Intervenção americana
Figura 20
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Unidade I
No período da Primeira Guerra Mundial, os soldados enfrentaram problemas de ordem climática 
relacionados à exposição às intempéries: sol, chuva, neve, lama, piolhos e ratos. A partir dessas condições, 
vieram as doenças – tifo, febre Quintana ou febre das trincheiras (transmitida por piolhos) – ou ainda 
ferimentos de tiros e efeitos de gases venenosos. Além de tudo isso, havia ainda problemas relacionados 
à gripe, dores de cabeça, febre alta, dificuldades para respirar e pneumonia.
A gripe espanhola, por exemplo, tornou‑se mortal, atingindo num primeiro momento EUA, países 
europeus, além da Índia, sudeste asiático, Japão, China, países centro‑americanos e sul‑americanos. O 
contágio no Brasil deu‑se através de marinheiros que serviram na áfrica e aportaram no Nordeste por 
volta de 1918.
Veja algumas doenças causadas por armas biológicas durante e após a Segunda Guerra Mundial:
•	 Varíola	–	a	respiração	é	comprometida,	causada	por	um	vírus	transmitido	pelo	ar.	Os	sintomas	são	
de gripe e o vírus se estabelece na garganta da pessoa infectada.
•	 Ebola	–	doença	transmissível,	sem	tratamento,	com	alta	taxa	de	mortalidade,	que	pode	chegar	até	
100%.
•	 Peste	bubônica	–	pode	ter	sido	espalhada	por	bombas	e	por	pulga	infectada.	O	tratamento	é	feito	
por antibióticos.
•	 Anthrax – contamina o ar, a água, o solo e os alimentos. Contamina os pulmões e deforma a pele. 
Apresenta sintomas de gripe e em poucos dias pode levar a óbito.
•	 Botulismo	–	doença	perigosa,	o	contágio	ocorre	por	ingestão	de	alimento	contaminado.	Provoca	
paralisia, falta de ar e não tem tratamento efetivo determinado.
•	 Bioterrorismo	–	liberação	de	produtos	químicos	ou	agentes	infecciosos	que	prejudicam	a	saúde	e	
o meio ambiente.
•	 Agente	laranja	–	(Napalm) mistura dos herbicidas 2,4–D e 2,4,5–T. Criado pela empresa Monsanto, 
o agente laranja foi usado como agente desfolhante pelo exército dos Estados Unidos na 
Guerra do Vietnã, nos anos 1960. Durante a guerra, ele foi utilizado sem a devida purificação, 
apresentando teores elevados de um subproduto cancerígeno resultante da síntese do 2,4,5–T, a 
dioxina tetraclorodibenzodioxina. Seu uso deixou graves sequelas na população vietnamita e nos 
soldados dos Estados Unidos.
Esse desfolhante destruiu o ambiente natural e as pessoas expostas foram submetidas a muitos 
males, como câncer e síndromes neurológicas. Além disso, as gerações seguintes tiveram malformações 
congênitas.
O objetivo inicial do seu uso era reduzir a densa floresta tropical e facilitar a circulação dos soldados 
estadunidenses, além de evitar que os norte‑vietnamitas e vietcongs a usassem como cobertura. O 
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desfolhante contribuiu também para dificultar a colheita de alimentos necessários à sobrevivência 
desses grupos.
Tivemos, além disso, ainda na Segunda Guerra Mundial, o lançamento das bombas atômicas sobre 
Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos sob a ordem do então presidente Harry S. Truman, visando à 
rendição do império japonês. Os ataques às cidades de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente nos dias 
6 e 9 de agosto de 1945, pelas bombas “Little Boy” e “Fat Man”, provocaram sua destruição, com perdas 
humanas, materiais e ambientais. Historicamente, teriam sido os dois únicos ataques nos quais foram 
usadas armas nucleares.
 Saiba mais
Procure os artigos:
O ARSENAL de guerra. BBCBrasil. [s.d.]. Disponível em: <http://www.
bbc.co.uk/portuguese/especial/1221_mff_bio/page8.shtml>. Acesso em: 16 
jun. 2014.
COMITê INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. Armas químicas e 
biológicas. [s.d.]. Disponível em: <http://www.icrc.org/por/war‑and‑law/
weapons/chemical‑biological‑weapons/>. Acesso em: 16 jun. 2014.
O período geopolítico posterior à Segunda Guerra foi conturbado pelo antagonismo declarado entre 
os Estados Unidos e a URSS, denominado Guerra Fria, quando houve uma ordem internacional bipolar. 
Com o término do conflito de 1945, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas) e um dos seus 
organismos foi a OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso demonstra que havia uma preocupação 
maior, portanto, com as condições de vida mundiais, por isso foram estabelecidos programas de 
contenção de epidemias, campanhas de vacinação e medidas preventivas, notadamente em áreas 
pobres e emergentes. Além disso, ampliam‑se também as pesquisas para o setor saúde e surgiram novas 
tecnologias para diagnósticos e combate às doenças.
Ao final do período da Guerra Fria, por volta dos anos 1990, com a queda do Muro de Berlim, a 
reunificação das Alemanhas e o desmembramento da URSS, temos uma nova geopolítica internacional, 
uma nova fase de organização econômica com o capitalismo globalizado ou a mundialização da 
economia. Nessa nova fase, a automação, a robotização e a informatização são acentuadas e, com elas, 
o desemprego e o aumento dos problemas sociais, com ênfase nos urbanos e nos problemas decorrentes 
desse novo modelo.
Antes do final da Guerra Fria, a antiga URSS vivenciou um período de transformações e crises, 
culminando com a política do Presidente Mikhail Gorbatchev de mudanças com a Perestroika (proposta 
de reestruturação econômica) e a Glasnost (transparência de ideias – abertura política), as quais já não 
sustentavam a desarticulação do país e a sua ruptura.
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Unidade I
A Nova Ordem Internacional caracteriza‑se por ser predominantemente econômica. Mais do que 
isso, ela se articula através de blocos econômicos e da reunião dos países no sentido de estabelecer as 
diretrizes a serem seguidas e o seu fortalecimento mútuo.
Mas aí surge nosso questionamento, como ficam organizadas, dentro dessa nova ordem, a qualidade 
de vida e as questões ambientais? Como são tratados temas como vulnerabilidade e riscos dentro do 
contexto atual?
 observação
Devemos destacar que a partir da crise de 1929, que se instaurou nos 
Estados Unidos devido à quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, o 
Estado passou a intervir mais na economia das nações capitalistas com a 
finalidade de proteger os mercados internos de possíveis crises e promover o 
desenvolvimento econômico e social. O capitalismo entra, assim, numa fase 
financeira,monopolista, marcada pela internacionalização da economia 
(dirigida por empresas transnacionais ou multinacionais) e por uma nova 
divisão internacional do trabalho.
David Harvey (s.d.) e Manuel Castells (apud REVISTA AMBIENTE & SOCIEDADE, 2003), apesar de 
terem muitos pontos em comum, divergem quanto ao poder que certos movimentos exercem no 
contexto da globalização. Para Harvey (s.d.), a globalização econômica está desencadeando ações 
sociais desordenadas incapazes de desenvolver força política transnacional coordenada que possa fazer 
frente às desvantagens da modernidade globalizada, o que é um impasse. Castells (ibidem), por sua vez, 
considera que localismos são de fato uma forma viável de resistência à hegemonia capitalista.
A globalização da economia redefine as relações entre centro e periferia: o que a globalização 
denomina movimentos de invasão em verdade são transformações produzidas em termos nacionais e 
locais. É do interior dos países que não só a economia, mas também a cultura se mundializa (ORTIZ apud 
Martín–Barbero, 1999a).
O que então está em jogo não é uma maior difusão de produtos, mas a rearticulação das relações 
entre países mediante uma descentralização que concentra o poder econômico e um deslocamento que 
mistura as culturas.
A globalização trouxe consigo os riscos ambientais, sociais, de caráter geopolítico e ideológico. 
Internacionalmente, essa situação tornou‑se mais crítica com a ocorrência dos atentados de 11 de 
setembro aos Estados Unidos. Desse episódio surgiu uma guerra promovida pelo então presidente George 
W. Bush contra o terrorismo. Sua postura gerou animosidade com o mundo árabe, já abalado com os 
ataques ao Iraque e a Saddam Hussein, além da incursão ao Afeganistão pelas tropas estadunidenses. 
Podemos afirmar que essas medidas comprometeram pessoas e ambientes, promoveram perdas de 
distintas ordens e de mudanças comportamentais.
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3.1 o que é o terrorismo?
3.1.1 Guerra ao Terrorismo
O atentado de 11 de setembro ao território dos Estados Unidos, praticamente implodindo as torres 
gêmeas, suscitou uma ação contrária do então presidente dos Estados Unidos George W. Bush e do 
primeiro‑ministro britânico Tony Blair: a chamada guerra ao terrorismo. Mas o que seria propriamente 
terrorismo? Encontramos algumas respostas por parte da estudiosa e professora de leis e política 
internacional Robin Theurkauf, esposa de Tom Theurkauf, uma das vítimas do World Trade Center.
A professora Theurkauf (2003) afirma que antes sabíamos o que era guerra e que a diferenciávamos 
de uma situação de paz. As guerras aconteciam entre países que se opunham, com seus exércitos e 
respectivos comandos. Os Estados disputavam territórios e se opunham ideologicamente. As guerras 
eram previstas como se fossem respeitar as leis para que depois fossem feitos acordos e voltassem à 
situação de paz.
Segundo Theurkauf (2003), isso mudou, pois o inimigo passou a se organizar em células articuladas, 
a esconder‑se, esperando o momento certo para atacar, geralmente para surpreender o suposto inimigo, 
para causar medo e disseminar o ódio e a violência, sem respeitar os direitos humanos internacionais. 
Os impulsos gerados a partir dessas premissas são terroristas. Eles proliferam em culturas submetidas a 
situações extremas: fome, pobreza, opressão, ignorância.
Para acabar com o terrorismo é necessário promover o respeito pelos direitos humanos, satisfazer as 
necessidades básicas dos indivíduos e manter como prioridade das nações a segurança nacional.
As famílias vitimadas pelo ato terrorista de 11 de setembro criaram uma organização militante 
chamada Peaceful Tomorrows, cuja missão é buscar respostas não violentas para o terrorismo e uma 
aproximação com as famílias afetadas por violência em outras áreas do mundo. Os militantes dessa 
organização acreditam que, ao conscientemente oferecer opções não violentas em sua busca por justiça, 
escolhem ao mesmo tempo poupar famílias inocentes do sofrimento que viveram – assim como romper 
o interminável ciclo de violência e retaliação gerado pela guerra.
 Saiba mais
Visite o site da organização Peaceful Tomorrows no endereço:
<www.peacefultomorrows.org>
Segundo o linguista Noam Chomsky (apud THEURKAUF, 2003), de modo geral, as atrocidades que 
foram cometidas em 11 de setembro contra as torres gêmeas e o Pentágono deixaram uma amarga 
lembrança: as novas tecnologias que contemplam os países ricos já não lhes asseguram paz, muito 
menos segurança. Eles já não têm mais o monopólio da violência que tiveram em outros períodos 
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históricos. Desse modo, o terrorismo é temido em todo o mundo e pode ser visto como um retorno à 
barbárie. O potencial ameaçador será ignorado por aqueles a quem a história acostumou à imunidade, 
não importando os terríveis crimes que tenham praticado (apud THEURKAUF, 2003).
O autor afirma ainda que o uso de formas coercitivas e intimidação a fim de suscitar o medo privam 
os povos de seu direito à autodeterminação, privando‑os de sua liberdade e independência.
 observação
Como informa Moreira (2002), os ataques terroristas de 11 de setembro 
de 2001 aos Estados Unidos provocaram a abertura de uma discussão sobre 
os efeitos do terrorismo na globalização. O professor John Gray culpou 
a globalização pela ofensiva terrorista e previu o seu definhamento à 
semelhança do comunismo.
Figura 21
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Figura 22 – Obra de reconstrução do World Trade Center após ato terrorista de 11 de setembro
Figura 23
3.2 As fronteiras extremas ambientais e sociais
As fronteiras extremas de ordem ambiental, social e geopolítica representam no contexto da 
modernidade, situações de risco e vulnerabilidade, sofrimento social e saúde mental. Refletem 
situações geopolíticas e sociais com povos e governos envolvidos. A seguir apresentamos algumas 
dessas fronteiras.
Podemos citar como exemplo de fronteira ambiental e social aquela existente entre Estados Unidos e 
México, onde há divisão caótica encontrada no lado mexicano (como na cidade de Tijuana) e um cenário 
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Unidade I
opressor, marcado pela vigilância a fim de coibir o tráfico ilícito de drogas para os Estados Unidos e de 
armas para os cartéis mexicanos.
Outra fronteira característica na América Central é que fica entre Haiti e República Dominicana. Ela 
ressalta contrastes extremos da Ilha La Hispañuela. No Haiti, há as marcas das atrocidades de regimes 
ditatoriais anteriores ao fatídico terremoto que arrasou o país e exigiu a intervenção da ONU e do 
MINUSTAH (Missão de Estabilização do Haiti) e na República Dominicana há as florestas de pinheiros, 
áreas produtivas e outros fatores atraentes ao turismo.
Figura 24
Outro exemplo seria o do Oriente Médio, envolvendo o próspero Estado de Israel, com suas áreas 
desérticas irrigadas, suas indústrias e grande potencial de defesa separado das áreas palestinas, 
desprovidas de condições satisfatórias sociais, econômicas e psicológicas, sempre atentas aos possíveis 
ataques ou investidas do país vizinho.
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Figura 25
Existe ainda uma área à qual pretendemos dar

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