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Fundamentos De Economia Para As Ciências Sociais - Livro-Texto Unidade II

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Unidade II
5 PRINCIPAIS CONCEITOS ECONÔMICOS
5.1 Conceitos gerais
Consideremos, genericamente, o campo de observação da Ciência Econômica: ela estuda as atividades 
econômicas que envolvem o emprego de moeda e a troca entre indivíduos, empresas e governo. Observa 
o comportamento das empresas que produzem de modo eficiente, reduzindo custos para obter lucros. 
Aborda, ainda, o comportamento do consumidor, tendo em vista os preços, a renda de que dispõe e a 
oferta de bens e serviços.
De tudo o que foi visto até o momento, podemos proceder a uma conceituação de economia. Para 
tanto, será utilizada a contribuição do economista Paul Samuelson:
Economia é o estudo de como os homens e a sociedade decidem, com ou 
sem a utilização do dinheiro, empregar recursos produtivos escassos, que 
poderiam ter aplicações alternativas, para produzir diversas mercadorias 
ao longo do tempo e distribuí-las para consumo, agora e no futuro, 
entre diversas pessoas e grupos da sociedade. Ela analisa os custos e 
os benefícios da melhoria das configurações de alocação de recursos 
(SAMUELSON, 1979, p. 3).
Com tal conceito, pode parecer difícil analisar como as questões econômicas se relacionam como 
nosso dia a dia. Parece-nos ser mais fácil empreender uma análise que tome a nós, indivíduos, como base. 
O ponto de partida é pensar na renda que obtemos com nosso trabalho. Trabalhamos e participamos de 
alguma atividade produtiva e, desse trabalho, recebemos nossa renda, que será distribuída entre todas 
as nossas necessidades de consumo. Nosso orçamento particular é composto por renda que é recebida 
do trabalho e gasta nas mais diversas modalidades de consumo, como pagamento de contas de luz, 
água, telefone, alimentação, moradia, transporte, lazer, vestuário etc. Após alocar a renda entre todas 
essas categorias de despesa, ainda pode ter sobrado uma parcela a ser utilizada para consumo futuro, 
ou seja, poupança.
A todo momento inserimos novas categorias de gastos em nossa cesta de consumo. O que 
se entende por cesta de consumo? Todos os gastos que um indivíduo efetua para manutenção da 
vida: vestuário, alimentação, moradia, transporte, saúde, educação e demais gastos. Assim, para cada 
indivíduo conseguir efetuar todos os seus pagamentos, cada parcela de renda deve ser destinada para 
cada uma das categorias de gasto. Esse simples raciocínio ilustra o conceito dado por Samuelson (1989), 
ou seja, a economia estuda o emprego de recursos escassos entre usos alternativos, com o fim de obter 
os melhores resultados.
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Fundamentos de economia para ciências sociais
Nesse exemplo bastante simples – que vale também para a nossa realidade e a de mais uma grande 
quantidade de brasileiros –, o emprego de recursos escassos é ilustrado por nossa renda, e os usos 
alternativos, pela nossa cesta de consumo ou por tudo aquilo em que gastamos nossa renda.
O mesmo raciocínio pode ser estendido ao caso de uma família que também precisa ser mantida: 
vestir-se, alimentar-se, morar, locomover-se. Toda família tem uma cesta de consumo que deve ser 
atendida por meio de uma renda, a renda familiar. Dessa forma, a renda familiar deve ser repartida entre 
todas as categorias de gastos da família. Cada entrada de dinheiro será chamada de renda; cada saída 
de dinheiro - quer dizer, os pagamentos efetuados pela família - será denominada despesa. É possível 
perceber que estamos tratando do orçamento familiar.
Se transferirmos a ilustração para uma empresa, a relação se modifica? Não. O que fazem as 
empresas? Via de regra, produzem mercadorias ou prestam serviços que dão atendimento às necessidades 
de consumo da sociedade. Para Ferguson (1983), vários livros-textos conceituam produção como a 
criação de utilidades, em que utilidade significa a capacidade de um bem ou serviço de satisfazer a uma 
necessidade humana. Tendo por princípio que as empresas são agentes maximizadores de resultados, a 
Teoria da Firma, que estuda as empresas, procura responder como as organizações combinam a utilização 
dos fatores de produção necessários à criação de coisas úteis e o quanto gastam para produzir bens e 
serviços.
Diante disso, pode-se pensar apenas no caso de uma empresa comercial, comprando mercadorias 
produzidas por outras empresas e vendendo diretamente aos consumidores, ou ainda em uma prestadora 
de algum serviço. Quando uma empresa produz certa mercadoria – aparelhos eletrônicos, por exemplo – 
ela necessita de meios de produção, bens necessários à execução de sua atividade produtiva, e eles devem 
ser comprados por nossa empresa hipotética. Nesse caso, para poder produzir aparelhos eletrônicos, essa 
empresa precisa adquirir todos os componentes necessários, além de contratar pessoas para trabalhar 
diretamente na fabricação. Não só contratação de pessoas para essa função, mas também todos os 
funcionários necessários para a empresa poder pôr em prática sua operação. Além disso, necessitará de 
assistência contábil e jurídica, quando preferir serviços terceirizados.
Voltemos à produção. Quando essa empresa adquire os meios de produção, ela tem um custo com 
a produção, composto pelo preço de cada uma das mercadorias que adquire e pelas quantidades das 
mercadorias adquiridas. Portanto, ela tem um custo de produção, uma despesa com sua produção.
Mas é certo que as empresas produzem mercadorias para serem vendidas ou prestam serviços para 
outras pessoas, ou outras empresas. Ao vender o que produzem, recebem em troca certa quantia de 
dinheiro. A essa quantidade de dinheiro daremos o nome de receita de vendas, que nada mais é do 
que a multiplicação de duas variáveis: o preço da mercadoria e a quantidade de mercadorias vendidas. 
Então, quando mencionamos as receitas e as despesas empresariais, estamos falando do orçamento 
empresarial.
Percebe-se, então, que estamos tratando de trocas em que as empresas produzem e trocam sua 
produção por recursos monetários que serão novamente aplicados na produção de mais mercadorias, e 
assim por diante. Entretanto, temos as pessoas que trabalham para as empresas, trocando sua força de 
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trabalho pelo recebimento de salário também na forma monetária, cujo destino é o consumo de mais 
mercadorias ou o pagamento de serviços tomados. Conforme Jorge e Moreira (1990, p. 27):
[...] qualquer que seja a forma de organização da atividade econômica 
de uma comunidade, [...] seus objetivos são muito semelhantes: busca-se 
otimizar a satisfação do indivíduo, de um lado, e, de outro, maximizar a 
eficiência produtiva.
Inicialmente, procuramos conceituar economia. Agora, estenderemos tal conceituação ao âmbito de 
uma economia de mercado. Por que economia de mercado? Devido ao evento das trocas. Economia de 
mercado é, conforme Jorge e Moreira (1990, p. 29), aquele espaço em que:
[...] impera a propriedade privada dos bens de produção, ao lado de decisões 
sobre o que e quanto produzir, fundamentadas no mercado e nos preços. As 
atividades econômicas são, portanto, dirigidas e controladas unicamente 
por empresas privadas, que competem entre si. Daí a alcunha de “economia 
de mercado”, porque o mercado é o habitat natural das empresas.
Os mesmos exemplos efetuados para o indivíduo, para a família e para a empresa podem ser 
estendidos às dimensões de qualquer governo, que em qualquer sociedade tem direitos e obrigações. Por 
obrigações do governo, temos que ele deve prover bens públicos à sociedade, como energia, transporte e 
saneamento básico. Deve construir escolas,estradas, hospitais, pagar aposentadorias e pensões, além de 
cumprir uma série de obrigações sobre as quais não nos estenderemos neste momento. Ainda, o governo 
legisla a respeito de questões trabalhistas ou contratuais e também arrecada recursos da população, na 
forma de impostos. Portanto, o governo, por meio de sua arrecadação, aufere uma receita. Para prover 
bens públicos à sociedade, esse governo também tem custos com tal provisão, ou seja, ele gasta e tem 
despesa com sua atividade. Tratamos, então, do orçamento do governo, orçamento do setor público, 
representado por suas receitas e despesas.
Da mesma forma que um indivíduo procura organizar da melhor maneira possível seu orçamento 
particular, as famílias também o fazem, assim como as empresas. Com o governo não será diferente: ele 
procurará alocar da melhor forma seus recursos disponíveis, diante da grande quantidade de itens de 
gastos que tem à sua frente.
Salvo algumas exceções, não podemos afirmar que nossa família tradicional adquire tudo aquilo 
que tem vontade. O mesmo ocorre com as empresas e com os governos. Por que não podemos afirmar 
isso? Pelo simples fato da escassez. Qual escassez? A escassez de recursos necessários para a aquisição 
de todas as mercadorias disponíveis para consumo. Assim, o estudo da escassez é considerado como o 
problema econômico fundamental.
5.1.1 Problema econômico fundamental
Da leitura efetuada do livro de Samuelson (1979), vê-se que a ciência econômica procura estudar 
e responder a um grande problema: o da escassez de recursos comparada à enorme quantidade de 
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mercadorias que cada indivíduo deve consumir. Dessa forma, dá-se um conflito entre necessidades 
ilimitadas de consumo e recursos disponíveis limitados.
Quais são os recursos ou fatores de produção necessários e que a sociedade utiliza para efetuar 
a produção de bens e serviços? Os recursos produtivos, também denominados fatores de produção, 
são representados pela terra, pelo trabalho, pelo capital, pela tecnologia e, por fim, mas não menos 
importante, pela capacidade empresarial.
•	 O	fator	de	produção	terra	é	representado	pelas	terras	destinadas	à	agricultura	e	à	pecuária,	ou	
seja, terras cultiváveis, florestas, minas e outras áreas que proveem produtos vindos do solo. O 
trabalho é representado pela mão de obra humana empregada na produção de mercadorias ou na 
prestação de serviços.
•	 O	capital	financeiro,	ou	seja,	o	dinheiro	necessário	para	dar	impulso	a	qualquer	empreendimento	
industrial, comercial ou de qualquer outro tipo, representa o capital enquanto fator de produção 
necessário. Também consideramos como capital as máquinas, os equipamentos e as instalações. 
Assim, o capital assume duas formas: inicialmente a forma monetária e depois a forma física.
•	 Por	tecnologia,	entendem-se	as	máquinas	e	os	equipamentos	necessários	à	produção	das	mais	
diversas mercadorias. Também chamamos de tecnologia as técnicas de produção utilizadas pelas 
empresas, ou seja, o know-how relativo à técnica de produção e ao conhecimento científico.
•	 Finalizando	 as	 considerações	 acerca	 dos	 fatores	 de	 produção,	 a	 capacidade	 empresarial	 é	
representada pelas habilidades, competências e ações empresariais necessárias, quer dizer, os 
frutos do empreendedorismo dos empresários ou daquelas pessoas dispostas a empreender um 
novo investimento ou aptas a abrir uma empresa.
 Observação
Repare que todos os fatores listados são utilizados na produção de bens 
e serviços. Portanto, todo e qualquer tipo de produção depende, em maior 
ou menor grau, de cada fator.
Cada um dos fatores de produção – quando empregados na produção de qualquer mercadoria – 
deve receber alguma remuneração. Assim, para Nogami e Passos (2003):
•	 à	remuneração	do	fator	de	produção	terra	damos	o	nome	de	aluguel.
•	 à	remuneração	do	fator	de	produção	trabalho	chamamos	salário.
•	 o	capital	recebe	sua	remuneração	sob	a	forma	de	juros.
•	 a	tecnologia	utilizada	na	produção	de	mercadorias	recebe	a	remuneração	em	forma	de	direito	à	
propriedade (royalties).
•	 a	capacidade	empresarial	recebe	lucros	na	forma	de	remuneração.
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Os fatores de produção utilizados na economia são remunerados, e a essa remuneração, vista 
em sua totalidade, damos o nome mais amplo de renda. Portanto, temos que a renda é gerada 
no fluxo da produção, e o consumo será gerado pelo fluxo de gastos da renda. A renda é gerada a 
partir do emprego de fatores de produção, e os recebedores da renda efetuam sua devolução por 
meio do consumo de mercadorias. Assim, é possível perceber a existência de um fluxo entre a renda 
e a produção.
 Lembrete
Recorde-se de que a questão econômica fundamental reside no 
problema da produção e da distribuição da produção. Essa é uma 
investigação bastante importante na ciência econômica.
5.1.2 O fluxo circular da renda e do produto
Lembrando também que, para as empresas venderem sua produção, é necessária a existência de 
consumidores capazes de comprá-la, e isso somente será possível se eles tiverem recursos suficientes, 
os quais já denominamos renda.
Vejamos então na Figura 7 o modelo esquemático do fluxo circular da renda que representa o 
funcionamento de uma economia de mercado:
Modelo do fluxo circular da renda e do produto
Gastos ($) (= PIB) Receitas ($) (= PIB)
Bens e serviços 
comprados
Bens e serviços 
vendidos
Terra, capital, trabalho 
e empreendedorismo
Insumos a 
produção
Fluxo de bens e serviços
Fluxo de dinheiro
Mercado de produtos
Famílias Empresas
Mercado de fatores 
de produção
Renda ($) (= PIB) Salários, aluguéis, juros 
e lucros ($) (= PIB)
Figura 7 – Fluxo circular de renda
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Fundamentos de economia para ciências sociais
Esse fluxo circular de renda, ainda que de maneira bastante simplificada, representa o funcionamento 
de uma economia de mercado. Para Hubbard e O’Brien (2010, p. 106), esse modelo:
[...] deixa de fora o importante papel do governo na compra de bens das 
empresas e na realização de pagamentos, como os de seguridade social ou 
seguro-desemprego, para as famílias. A figura também deixa de fora o papel 
exercido pelos bancos, pelos mercados de ações e de títulos de dívida e por outras 
partes do sistema financeiro, que é o de ajudar o fluxo de fundos dos credores 
para os mutuários. A figura também não mostra que alguns bens e serviços 
comprados são produzidos em países estrangeiros e que alguns bens e serviços 
produzidos por empresas domésticas são vendidos para famílias estrangeiras.
Outra observação que se faz acerca do modelo é que ele pressupõe uma economia entre dois setores, 
ou seja, considerando somente o relacionamento de empresas e famílias. Essa é uma simplificação que 
deve ser levada em consideração, já que, conforme afirma Schwarz (2009, p. 41):
A economia deve ser vista como um sistema aberto, embutido na sociedade 
e no ambiente natural, que depende, para seu funcionamento e evolução, da 
existência não só de um quadro organizacional, como de fluxos permanentes 
de materiais, de energia e de informação: matérias-primas, combustíveis 
fósseis, água, ar etc. são por ela capturados, depois transformados em bens e 
serviços aptos a satisfazerem as necessidades humanas e, por fim, devolvidos 
à origem na forma de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
Voltando ao nosso modelo simplificado, temos que as empresas são representadas por todos os 
produtores ou vendedoresde mercadorias, e as famílias representam os consumidores. Como consomem 
os bens e serviços que são destinados pelas empresas, as famílias também destinam algo a estas últimas. 
Nesse caso, elas geram as receitas das empresas, que representam as formas de pagamento dos bens e 
serviços que são efetuados pelas famílias.
Para que as empresas produzam bens e serviços que serão destinados às famílias, necessitam empregar fatores 
de produção. Elas precisam, então, adquirir terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial, recursos 
esses que são providos pelas famílias. Estas destinam fatores de produção às empresas e, como estas precisam 
remunerar a utilização desses fatores de produção, também há a contrapartida: as empresas fazem a remuneração 
dos fatores de produção que foram destinados às famílias. O total dessa remuneração é denominado renda.
Esquematizando:
Empresas destinam bens e serviços para o consumo das famílias →→ Famílias geram receitas 
para as empresas, provenientes do consumo de bens e serviços → Famílias destinam fatores de 
produção às empresas → Empresas geram receitas para as famílias, provenientes da utilização 
de fatores de produção.
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Unidade II
 Observação
Se você conseguir entender o funcionamento do fluxo circular da renda, 
saberá como funciona, de forma genérica, a economia de qualquer país.
Voltemos ao fluxo circular da renda anteriormente apresentado: na linha interna dele há o 
destino de bens e serviços das empresas para as famílias, ao mesmo tempo que existe o destino 
de fatores de produção das famílias para as empresas. A essa linha interna chamaremos fluxo real 
ou fluxo de bens e serviços, conforme ali indicado. Na linha externa há a geração de receitas, por 
parte das famílias, para as empresas, ao mesmo tempo que há a geração, por parte das empresas, de 
rendas para as famílias. Esses movimentos são chamados de fluxo monetário ou, simplificadamente, 
fluxo de dinheiro.
Percebemos, então, que o fluxo monetário complementa o fluxo real, sendo válido também o 
contrário. Nesse fluxo circular da renda, apresentamos o relacionamento monetário e real entre 
empresas e famílias, considerando as empresas como produtoras e/ou vendedoras e as famílias como 
consumidoras. Contudo, temos de pensar também de outra forma.
As empresas, para produzirem suas mercadorias, necessitam, muitas vezes, adquirir bens 
intermediários ou de capital de outras empresas. Portanto, as empresas, além de serem vendedoras, 
são compradoras, empreendendo um relacionamento entre os fluxos monetários e reais entre 
elas mesmas. Às famílias, vale outro raciocínio, pois elas também destinam fatores de produção 
a outras famílias, empreendendo relação tanto monetária quanto real entre si. No fluxo circular 
da renda, portanto, temos relacionamento empresa-família, empresa-empresa, família-empresa e 
família-família.
No relacionamento empresa-família, as empresas utilizam os fatores de produção das famílias e 
as remuneram por isso. No relacionamento família-empresa, as famílias utilizam os bens e serviços 
que são produzidos pelas empresas e as remuneram por isso. No relacionamento empresa-empresa, as 
empresas adquirem bens e serviços de outras empresas, gerando receitas umas às outras. Por fim, no 
relacionamento família-família, elas adquirem e destinam seus fatores de produção umas às outras, 
ensejando fluxos real e monetário entre esses agentes econômicos. Passemos, então, a analisar as formas 
de organização da sociedade econômica, ou, então, a forma pela qual as sociedades se organizam para 
poder cumprir o fluxo circular da renda.
Já temos, portanto, condições de afirmar que a renda de uma sociedade é limitada diante da 
quantidade de categorias de consumo que ela enfrenta. Ademais, as empresas sempre procuram criar 
mercadorias novas, que chamem a atenção de novos consumidores, criando novos hábitos de consumo 
ou produzindo, de forma diferente, antigas mercadorias.
Veja que ainda estamos tratando do problema econômico fundamental, representado pelo dilema 
entre recursos limitados e necessidades de consumo ilimitadas. Tal dilema reside em como administrar 
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Fundamentos de economia para ciências sociais
os recursos escassos de forma atenda às necessidades ilimitadas. Quer dizer, estamos questionando 
como responder às seguintes questões:
•	 O	que	e	quanto	produzir?
•	 Como	produzir?
•	 Para	quem	produzir?
Essas três perguntas básicas, que, à primeira vista, são bastante simples, remetem-nos às noções 
de recursos escassos e necessidades ilimitadas. Então, podemos dizer que o problema econômico 
fundamental origina-se da escassez de recursos, objeto de investigação da ciência econômica.
Se as empresas precisam produzir mercadorias como uma forma de remunerar o capital que é 
investido – e isso passa pela venda das mercadorias produzidas –, e se os consumidores precisam, 
dada sua renda escassa ou limitada, alocar de forma eficiente as suas categorias de despesas, então 
resta às empresas produzirem mercadorias que são procuradas. Todos os recursos necessários para a 
produção são escassos, assim como o são os recursos que as famílias têm para dar conta de todas as suas 
necessidades. Isso significa que a sociedade inteira deve ser capaz de organizar um sistema que assegure 
a produção de bens e serviços suficientes para a sua sobrevivência. Mais: a sociedade deve ser capaz 
de ordenar os frutos de sua produção para permitir não só a continuidade da produção, mas também 
a distribuição do resultado da produção de forma equitativa entre todos os seus membros. Como a 
procura por recursos para a produção significa a distribuição dos próprios frutos dessa produção, a 
tarefa é monumental. Assim, a resolução dos problemas relacionados à produção e à distribuição da 
produção é traduzida no problema econômico fundamental, que gera as três questões anteriormente 
apresentadas: o que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
O que e quanto produzir? Para Nogami e Passos (2003), a questão referente ao que e a quanto 
produzir diz respeito a quais mercadorias devem ser produzidas pelas empresas de um país e em 
que quantidades. Responder a esse questionamento significa conhecer o tipo de mercadoria que é 
procurado por uma coletividade e as quantidades dessa mercadoria que são (ou serão) consumidas. É 
mais importante produzir alimentos ou investir em produção energética?
Como produzir? A questão referente a como produzir diz respeito à mobilização de esforços, ou 
seja, a qual técnica de produção utilizar na produção de determinadas mercadorias. Responder a esse 
questionamento significa conhecer as tecnologias disponíveis: cada mercadoria possui uma técnica 
de produção diferenciada das demais. Umas necessitam de maior quantidade de matéria-prima; 
outras, de maior quantidade de máquinas e equipamentos; outras demandam grande quantidade de 
mão de obra em seu processo de produção. Imaginemos, por exemplo, a diferença entre os processos 
de produção de automóveis e daquele pão francês que compramos na padaria mais próxima de nossa 
casa. Devem ser diferentes. São diferentes. Um utiliza grande quantidade de robôs e tecnologia, 
enquanto o outro é mais intensivo na utilização de mão de obra, trabalho. Afinal, quanto usar 
de cada recurso disponível, de forma que obtenha o máximo, evite desperdícios e ter garanta a 
sustentabilidade da produção? Deve-se preferir usar mão de obra intensiva ou usar máquinas para 
aumentar a produtividade (BESANKO; BRAEUTIGAM, 2004)?
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Para quem produzir? A questão referente a para quem produzir diz respeito às opções políticas que, 
necessariamente, devem ser feitas. Quem priorizar? A qual segmento da sociedade devemos atender? De 
todas as demandas apresentadas por uma sociedade, qual deve ser prioritária e qual deve ser postergada? 
Quem precisa de mais serviços de saúde: a população dos centros urbanos ou a da periferia? Devemos 
construir escolas de primeiro ou de segundo grau? Quais são, afinal, as necessidades mais prioritárias, e 
a quem devemos atender primeiro? Dessa forma, o como produzir diz respeito à alocação de esforços: 
não basta que homens e mulheres sejam postos a trabalhar: eles devem trabalhar nos lugares certos, 
a fim de produzir os bens e serviços de que a sociedade necessita. Assim, além de assegurarem uma 
quantidade suficientemente grande de esforço social, as instituições econômicas da sociedade devem 
garantir uma alocação viável desse esforço social. Portanto, a pergunta referente a para quem produzir 
diz respeito à distribuição do produto (NOGAMI; PASSOS, 2003).
Nem sempre a sociedade obtém êxito na alocação adequada de seus esforços. Ela pode produzir 
carros a mais ou a menos, ou dedicar suas necessidades/energias à produção de artigos de luxo, enquanto 
uma grande quantidade de pessoas necessita de alimentos. Esses fracassos podem afetar o problema 
da produção de modo tão sério quanto o fracasso em mobilizar uma quantidade adequada de esforços, 
pois uma sociedade viável não deve produzir apenas bens, mas os bens certos. Não somente deve 
produzir, mas produzir da maneira correta. Não só atender às necessidades, mas atender àquelas mais 
urgentes e socialmente prioritárias. O ato de produzir, em si e por si, não responde aos requisitos para a 
sobrevivência. Além disso, a sociedade deve distribuir esses bens, para que o processo de produção possa 
ter continuidade. Em outras palavras, se uma sociedade quiser assegurar seu constante reaproveitamento 
material, deverá distribuir sua produção de modo que mantenha não só a capacidade, mas também a 
disposição de se continuar trabalhando.
 Observação
Como continuar produzindo, e cada vez mais, se os estoques de recursos 
naturais são finitos? Essa se torna uma questão fundamental em economia, 
e da sua resposta dependemos para traçar as curvas de fronteiras de 
possibilidades de produção.
Vejamos: as necessidades dos indivíduos são renovadas a cada momento e, por isso, ilimitadas. 
No entanto, os recursos pertencentes a um sistema econômico são escassos, limitados. Portanto, é 
necessário escolher para ter as respostas àquelas três perguntas básicas: o que e quanto produzir? Como 
produzir? Para quem produzir?
Nosso problema é de escolha em função da escassez. De acordo com Wessels (2002, p. 11), 
escassez “significa que não podemos satisfazer todos os nossos desejos. Ela nos obriga a escolher quais 
necessidades iremos satisfazer e quais não. Mas como fazemos essa escolha?”.
Um instrumento que pode nos auxiliar é representado pela Curva de Possibilidade de Produção 
(CPP), visto a seguir:
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E
y
x
A
B
D
C
café
milho
Figura 8 – Curva de possibilidade de produção
Vamos supor, inicialmente, que num sistema econômico exista somente a produção de duas 
mercadorias: café e milho. As quantidades de café estão representadas no eixo vertical, e as quantidades 
de milho, no eixo horizontal. Portanto:
Y = toneladas de café
X = toneladas de milho
Essa CPP, também chamada de curva de transformação, mostra as quantidades máximas que podem 
ser produzidas das duas mercadorias em um sistema econômico, dadas as combinações ótimas entre os 
seus fatores de produção disponíveis.
Dito de outra forma, ao simplificarmos demasiadamente a realidade, estamos supondo que, para 
a produção de café e de milho, será necessária a utilização de quantidades de fatores de produção e 
que, nesse caso, todos os recursos disponíveis na economia estarão sendo usados na produção dessas 
duas mercadorias. Estamos afirmando que todas as quantidades disponíveis de terra, trabalho, capital, 
tecnologia e capacidade empresarial foram destinadas à produção das quantidades máximas de cada 
uma dessas mercadorias, em atendimento às necessidades de consumo da população.
Vejamos o que representa cada um dos pontos marcados. Os pontos A, B e C são as combinações 
possíveis (e máximas) de produção das duas mercadorias. O ponto B mostra que há produção das duas 
mercadorias, tanto de café quanto de milho, e o ponto C indica que há produção das duas mercadorias, 
mas que a produção de uma só pode aumentar, em detrimento da produção da outra.
A origem dos dois eixos mostra que não há produção nem de café, nem de milho. Dessa forma, se 
houvesse um ponto situado na origem, ele representaria o total desemprego de recursos.
Já o ponto D mostra a capacidade ociosa da economia, pois seria como se por ele passasse uma CPP 
imaginária, ou seja, um ponto para dentro daquela CPP que representasse as quantidades máximas que 
essa economia pode produzir diante da disponibilidade total de fatores de produção. O ponto D indica 
que há fatores de produção disponíveis que não estão sendo utilizados.
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Por fim, temos o ponto E, posicionado à direita na CPP. Ele seria alcançado em uma situação de longo 
prazo, quando fossem aumentadas as quantidades de fatores de produção disponíveis na economia. 
O ponto E demonstra que houve um deslocamento das possibilidades de produção da economia no 
sentido de um aumento simultâneo nas quantidades produzidas das duas mercadorias. Vejamos outro 
exemplo numérico:
Tabela 2 - Possibilidades alternativas de produção de café e milho
Pontos Toneladas de milho Toneladas de café
A 0 14
B 1 12
C 2 10
D 3 7
E 4 0
A tabela mostra que podemos produzir tanto milho quanto café. Caminhando entre os pontos 
marcados, teremos que, no ponto A, enquanto essa economia hipotética produz 14 toneladas de café, 
nenhuma produção de milho é possível, pois todos os fatores de produção (terra, capital, trabalho, 
tecnologia e capacidade empresarial) foram empregados para a produção do primeiro.
No ponto B, temos uma diminuição na quantidade produzida de café para ocorrer um aumento na 
quantidade produzida de milho. Nesse caso, a produção de café foi diminuída em duas toneladas para 
que fosse aumentada uma tonelada na produção de milho.
Em C, temos a produção de duas toneladas de milho e dez toneladas de café. Ao passarmos a 
economia para o ponto D, temos uma nova combinação da produção dessas duas mercadorias. Agora, 
são três toneladas de milho para a produção de sete toneladas de café. Finalmente, em E, teremos 
quatro toneladas de milho para nenhuma produção de café, situação contrária à do ponto A, ou seja, 
em E, todos os fatores de produção foram destinados à produção de milho, e nenhum para café.
Ao olharmos novamente para a tabela anterior, percebemos que, à medida que aumentamos a 
produção de uma das mercadorias, necessariamente diminuímos a da outra. O que isso quer dizer? 
Conforme aumentamos a produção de café, deixamos de utilizar fatores para a produção de milho 
e, portanto, uma menor quantidade de milho deve ser produzida. Dito de outra forma, quando 
aumentamos a produção de café, mostramos que uma maior quantidade de fatores de produção foram 
empregados na produção deste, e, assim, restam poucos fatores disponíveis para a produção de milho. 
Logo, a produção deste diminui.
Ainda sobre a tabela, podemos perceber que, na passagem de A para B,aumentamos em uma 
unidade a produção de milho, porém diminuímos em duas toneladas a produção de café. Algo parecido 
acontece quando a economia passa do ponto B para o ponto C. Agora, para produzir duas toneladas 
de milho, torna-se necessário diminuir em mais duas unidades a produção de café, passando de uma 
produção de doze para dez.
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Continuando a observar os dados da tabela, percebemos que a passagem do ponto C para o ponto D 
requer sacrificar ainda mais a produção de café para que a produção de milho aumente. A relação agora 
é que, para poder produzir três toneladas de milho, é necessário diminuir em três toneladas a produção 
de café. Em E, anula-se a produção de café, e todos os fatores de produção disponíveis na economia são 
destinados à produção de milho.
Da CP e da tabela apresentada, chegamos a mais um importante conceito em economia: o de custo 
de oportunidade.
 Observação
De acordo com Wessels (2002, p. 11), “o custo de qualquer recurso 
(incluindo dinheiro, tempo, energia e bens) é o valor que os economistas 
chamam de custo de oportunidade: o valor mais alto daquilo que os 
mesmos recursos poderiam ter se fossem produzidos em outro lugar”.
Assim, o conceito de custo de oportunidade diz respeito às quantidades de uma mercadoria que 
deixam de ser produzidas para que sejam produzidas maiores quantidades de outra mercadoria. O 
custo de oportunidade pode ser entendido também como uma taxa de sacrifício: para satisfazer às 
necessidades de consumo da sociedade de uma maior quantidade de determinada mercadoria, devemos 
sacrificar essa mesma sociedade com a menor produção de alguma outra mercadoria.
Podemos dizer que, quando aumentamos em uma unidade a produção de milho, ou seja, quando 
passamos a economia do ponto A para o B, sacrificamos a sociedade em duas toneladas de café. Há, 
portanto, um custo de oportunidade de duas toneladas de café para a produção de uma tonelada 
de milho.
Quando essa economia avança do ponto C para o D, o custo de oportunidade de se produzir milho 
aumenta. Passa agora a ser de três toneladas de café, ou seja, foram aumentadas as taxas de sacrifício 
em trocar a produção de café pela de milho.
Ainda para Wessels (2002, p. 11):
[...] devido à escassez, não podemos fazer tudo o que queremos nem 
podemos resolver todos os nossos problemas. Em outras palavras, estamos 
diante de compensações ou, no jargão econômico, de trade-offs. Podemos 
fazer alguma coisa, mas não outras. O custo de oportunidade é uma medida 
daquilo que poderia ter sido feito de outra maneira. Ele nos orienta na 
realização das compensações corretas.
Podemos ainda conceituar o custo de oportunidade como o que deixamos de produzir de uma 
mercadoria para que seja aumentada a quantidade produzida de alguma outra. A pergunta que você 
deve estar se fazendo agora é: como calcular o custo de oportunidade da degradação ambiental?
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Unidade II
Assim, reencontramos o foco da investigação econômica dirigido ao estudo das instituições 
humanas dedicadas à produção e à distribuição de riqueza. É disso que se ocupa a ciência econômica. 
Por meio de suas teorias, ela conjuga ideias e definições do objeto a ser investigado, bem como 
estabelece as condições em que cada uma dessas teorias se sustenta para, a partir de argumentos, 
dar respostas sobre o comportamento dos objetos de investigação, ou seja, para construir hipóteses 
sobre o funcionamento da realidade concreta.
 Lembrete
Retomemos, então, o teor do conceito de Samuelson (1979, p. 3): a 
economia, como ciência, estuda o emprego de recursos escassos entre usos 
alternativos, com o fim de obter os melhores resultados, seja na esfera da 
produção de bens, seja na prestação de serviços.
Falta entendermos, finalmente, como todas as relações econômicas são organizadas. Assim, passamos 
a tratar dos sistemas econômicos.
5.2 Sistemas econômicos
Estabeleceremos aqui duas formas de organização da atividade econômica: uma descentralizada, 
predominante nas economias ocidentais, e uma centralizada, personificada no caso cubano (um dos 
últimos exemplos de economias centralizadas que temos à disposição).
A forma descentralizada, também chamada de economia de mercado, reúne três elementos 
principais: livre-iniciativa, presença do Estado e elementos de uma economia capitalista. Vamos examinar 
detidamente cada um desses elementos.
No caso da livre‑iniciativa, nenhum agente econômico – empresas como produtoras ou vendedoras 
de mercadorias ou famílias como fornecedoras de fatores de produção e consumidores de mercadorias 
–, preocupa-se em desempenhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. 
Ocupa-se, isso sim, de resolver, isoladamente, seus próprios negócios e de sobreviver apenas no ambiente 
concorrencial imposto pelos mercados, tanto na venda e compra de produtos finais quanto na dos 
fatores de produção.
É um jogo econômico, baseado em sinais dados por preços formados nos diversos mercados. 
Trata-se, no fundo, de um agir egoísta que, no conjunto, resolve inconscientemente os problemas 
básicos da coletividade. Há uma espécie de “mão invisível” agindo sobre os mercados, operando como 
um coordenador das atividades econômicas e sociais.
A ação conjunta dos indivíduos e das empresas permite que centenas de milhares de mercadorias 
sejam produzidas como um fluxo constante, mais ou menos voluntariamente, sem uma direção central. 
A livre-iniciativa ajuda a responder ao problema econômico fundamental: o que e quanto produzir? 
Como produzir? Para quem produzir?
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O que e quanto produzir é decidido pela procura dos consumidores no mercado, ou seja, são os 
consumidores quem dão sinais de mercado, às empresas, do que elas precisam produzir. Assim, o agente 
principal nesse processo é o consumidor, pois sua atuação determinará quais produtos serão produzidos.
Já a questão de como produzir é determinada pela concorrência entre os produtores e pelo emprego 
do método de fabricação mais eficiente ou mais barato, em que o produtor mais eficiente derrotará o 
produtor mais ineficiente.
Por fim, a questão para quem produzir será respondida pela oferta e pela demanda, no mercado, de 
fatores de produção, ou seja, pelo montante de renda individual.
Voltemos ao fluxo circular da renda anteriormente apresentado. A livre-iniciativa opera conforme 
demonstrado pelo fluxo, ou seja, as famílias dão sinais de mercado às empresas do que elas necessitam 
consumir e, portanto, sinalizam o que estas devem produzir. Para tanto, as empresas também dão sinais 
de mercado de que é necessário empregar fatores de produção (terra, trabalho, capital, tecnologia e 
capacidade empresarial) e em quais quantidades.
Dos sinais de mercado, do que produzir e de quanto empregar de fatores de produção, temos a 
determinação dos preços das mercadorias e dos fatores de produção. Portanto, a livre-iniciativa também 
pode ser chamada de sistema de preços, ou seja, o fluxo circular da renda (ou o sistema de preços) 
coordena as decisões de milhões de unidades econômicas.
Portanto, além de o fluxo circular da renda demonstrar os fluxos monetário e real, evidencia a 
existência de um mercado de bens e de fatores. Sempre que as empresas destinam bens e serviços às 
famílias, estamos trabalhando com um mercado de bens, em que serão estabelecidos os preços das 
mercadorias transacionadas, bem como suas quantidades. Sempre que as famíliasdestinam fatores 
de produção às empresas, estamos trabalhando com um mercado de fatores de produção, no qual são 
estabelecidos os preços de tais fatores, bem como as quantidades utilizadas pelas empresas.
O sistema de preços determina preços e quantidade de equilíbrio, pois os consumidores estabelecem 
os preços máximos que desejam pagar pelo consumo das mercadorias, ao passo que os produtores 
estabelecem os preços mínimos que desejam pagar pela utilização dos fatores de produção.
Qual o papel do Estado nesse modelo? No que diz respeito à presença, dadas as imperfeições 
apresentadas pelo sistema de preços da livre-iniciativa, ele existe para regulamentar essas atividades.
Com relação aos elementos de uma economia capitalista, esse sistema se caracteriza por uma 
organização econômica baseada na propriedade privada dos meios de produção, isto é, dos bens de 
produção ou de capital. Reunir elementos de uma economia capitalista significa aglutinar os elementos 
que compõem o capitalismo, sistema de capital que se valoriza, que são os seguintes:
•	 capital;
•	 propriedade	privada	dos	meios	de	produção,	dada	a	existência	do	capitalista;
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•	 divisão	do	trabalho	por	meio	da	especialização	do	trabalho	e	da	mecanização	da	produção;
•	 existência	da	moeda.
Revisando o que foi apresentado anteriormente, podemos dizer que vivemos numa sociedade baseada 
nas trocas, as quais se dão por meio do mercado. Nessa sociedade, o agente busca individualmente 
solucionar o seu problema econômico por meio das trocas. Para isso, ele racionalmente dá em troca à 
sociedade – no mercado – o que detém, recebendo em troca – também no mercado – o que necessita e 
não detém. Nessa sociedade, para Smith (1983, p. 50):
[...] não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que 
esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio 
interesse. Dirigimo-nos não à sua humanidade, mas à sua autoestima, e 
nunca lhes falamos das nossas próprias necessidades, mas das vantagens 
que advirão para eles.
Portanto, nessa sociedade, de forma anárquica – afinal, cada agente cuida de si –, emerge 
o bem-estar coletivo. Uma vez que cada um cuida de si, vemos que a competição é um fator 
inerente e determinante numa economia de mercado: todos os agentes se movimentam pelo 
interesse próprio, fazendo escolhas racionais no intuito de obter mais poder de mercado que 
os demais agentes e, com isso, minimizar as suas restrições, na busca da maximização do seu 
benefício individual.
Quanto à segunda forma de organização da atividade econômica, ou seja, a forma centralizada, 
quem responde, ou decide o problema econômico fundamental –, o que será produzido e quanto, 
como será produzido e para quem será produzido – é um órgão planejador central. O princípio que 
norteia essas decisões é o socialista, prevendo que cada um deve contribuir/consumir de acordo com 
sua capacidade e seu trabalho.
A pergunta a ser respondida, agora, é: qual o tipo de sistema da maior parte das economias nos dias 
de hoje? Dizemos que elas são mistas e que combinam características das economias de mercado e das 
centralizadas. Para Hubbard e O’Brien (2010, p. 66):
[...] uma economia mista ainda é, primordialmente, uma economia de 
mercado, com a maioria das decisões econômicas sendo resultantes da 
interação entre compradores e vendedores em mercados, mas em uma 
economia mista, o governo desempenha um papel significativo na alocação 
dos recursos.
Finalizando, um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela 
qual está organizada uma sociedade. Trata-se de um particular sistema de organização da produção, da 
distribuição e do consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria 
no padrão de vida e bem-estar. Nas economias capitalistas – economia de mercado –, os três problemas 
básicos – o que e quanto, como e para quem – são determinados pelos sistemas de preços, ou seja, pela 
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economia de mercado, regida pelas forças de mercado, predominando a livre-iniciativa e a propriedade 
privada dos meios de produção.
 Lembrete
Na economia brasileira de nosso tempo, prevalece a economia mista, 
ou economia de mercado, como organizadora das atividades econômicas.
Se falamos da participação do Estado na economia, é importante entendermos como se dá tal 
participação e quais seus objetivos.
6 POLíTICA ECONÔMICA E O PAPEL dO ESTAdO
6.1 Política econômica
Entende-se por política econômica a forma pela qual o governo interfere na economia e na vida dos 
agentes econômicos. Cada governo, para alcançar seus objetivos, deve ter em mente seu plano. Portanto, 
a política econômica é adotada em função do planejamento e dos objetivos de cada governo. Tratamos, 
então, da macroeconomia, que procura estudar, entender e explicar a economia em seu agregado, 
em seu todo. A preocupação principal da macroeconomia concentra-se na geração de renda em um 
país, bem como em sua distribuição. Salários, preços, juros, câmbio, renda, comércio, impostos e gastos 
governamentais, e moeda são temas recorrentes na abordagem macroeconômica, além da preocupação 
com os objetivos do governo, que podem ser resumidos em crescimento e desenvolvimento econômico, 
estabilidade nos níveis de preços, emprego e distribuição de renda.
Para que os objetivos governamentais sejam atingidos, cada governo se utiliza da política econômica, 
que pode ser expansionista ou contracionista. Entende-se por política econômica expansionista aquela 
que dá condições de crescimento de renda, emprego e produção. Há medidas adotadas pelo governo 
que favorecem o crescimento econômico de forma que aumente as condições de produção, distribuição 
e consumo da produção. Quanto mais um país produz e consome sua produção, mais esse país pode 
gerar emprego, ou seja, quanto maior a quantidade de mercadorias que são produzidas em um país, 
maior quantidade de meios de produção foi utilizada, a exemplo de bens de capital, matéria-prima e 
mão de obra.
Quanto maior o volume de mão de obra utilizada na produção de mercadorias, maior a quantidade de renda, 
na forma de salários e outras remunerações que são gerados e, dessa forma, maior quantidade de renda pode 
ser deslocada para a aquisição da produção, impulsionando ainda mais essa produção. Trata-se, pois, de um ciclo 
ascendente, em que mais produção gera mais renda e mais renda gera mais produção.
De modo contrário, políticas contracionistas ou restritivas são utilizadas quando o governo percebe 
a necessidade de frear o crescimento da renda, da produção e/ou do consumo. Assim, medidas que 
desfavorecem produção e emprego são adotadas. Mas quais são os tipos de política econômica que podem 
ser adotados por cada governo para que possa atingir seus objetivos?
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6.1.1 Política monetária
Para tratarmos da política monetária, interessante seria tecermos algumas considerações acerca 
da moeda.
6.1.1.1 Moeda
Inicialmente, vamos refletir sobre o que vem a ser moeda. Ela é um artigo utilizado para efetuar 
trocas. Dá-se moeda em troca de algo. Trabalhamos em troca de moeda. O termo designa moedas 
metálicas e papel-moeda, as cédulas que utilizamos.
Vamos pensar um pouco. A moeda tem valor? Você, por acaso, já encontrou alguém nas ruas de sua 
cidade vendendo moedas, vendendo dinheiro? Possivelmente não. Por qual motivo? Antes da resposta, 
reflita mais um pouco! Qual o valorde uma cédula, nota, de R$ 20,00? Quanto vale uma nota de R$ 100,00? 
Qual o valor de uma moeda metálica de R$ 1,00? Parece estranho dizer, mas, nas economias modernas, 
as notas, bem como as moedas, não têm nenhum valor. Representam valor!!! Representar valor significa 
ter poder aquisitivo. Uma cédula de R$ 50,00 representa um poder de compra de cinquenta unidades 
monetárias. Uma cédula de R$ 10,00 representa um poder de compra de dez unidades monetárias, e 
assim por diante. Esse deve ser o motivo pelo qual não encontramos pessoas nas ruas vendendo moedas, 
pois qualquer pessoa não aceitaria vender uma nota de R$ 100,00 por um valor mais baixo do que 
aquele que ela vale, e também ninguém aceitaria pagar mais do que esse valor pela nota.
Podemos pensar que a moeda é uma mercadoria, mas não qualquer uma. Uma mercadoria 
específica, que tem a propriedade de ser trocada por qualquer outra mercadoria. Basta ter em mãos 
cédulas ou moedas metálicas para poder trocar por qualquer artigo que represente exatamente as 
unidades monetárias incorporadas na moeda. Se tivermos em mãos R$ 80,00, poderemos adquirir 
qualquer mercadoria que tenha um preço idêntico ou menor do que esse valor e que esteja disponível 
para venda, obviamente.
A especial característica que a moeda reúne é a de ser aceita em qualquer situação. Veja um 
exemplo: seria muito difícil, numa economia moderna, adquirir mercadorias trocando por outras 
mercadorias, como à época do escambo. Caso você queira um sapato novo, você não conseguirá 
trocar no mercado pelo seu trabalho direto. Haveria a necessidade de dupla coincidência de desejos: 
o seu desejo de ter os sapatos, e o do vendedor, de utilizar sua força de trabalho. Agora, de posse 
da moeda, tudo fica mais fácil. Se o vendedor coloca à venda os sapatos que você deseja, basta que 
você tenha poder de compra, representado pela moeda, e os compre, pagando em moeda. Pronto. 
Efetuamos uma troca indireta. Moeda por mercadoria, no caso do comprador, e mercadoria por 
moeda, no caso do vendedor.
 Observação
Se a moeda, então, pode ser pensada como uma mercadoria, mas uma 
mercadoria especial, ela deve também desempenhar algumas funções.
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Devido ao desenvolvimento da divisão do trabalho que especializou pessoas e empresas como 
produtores de mercadorias, nas economias modernas há um volume absurdamente grande de 
mercadorias à disposição da sociedade. Ainda mais com a divisão do trabalho: os agentes econômicos 
tornaram-se cada vez mais interdependentes, cada um depende do trabalho do outro, ou depende, para 
seu bem-estar, da produção do outro. Dessa forma, um volume grandioso de trocas indiretas é realizado; 
e, nesse aspecto, a moeda desempenha uma de suas principais funções: ser intermediária de trocas 
(meio de trocas).
A função intermediária de trocas, ou, se preferir, meio de troca, ou ainda meio de pagamento, 
permite que mercadorias sejam compradas e vendidas em diferentes períodos de tempo sem depender 
da coincidência de desejos. Além de servir como intermediária de trocas, a moeda exerce outras duas 
funções básicas: servir como unidade de conta e também como reserva de valor.
A função unidade de conta da moeda está representada nos diversos contratos existentes na 
economia. Em um contrato de trabalho, por exemplo, a função unidade de conta aparece no valor do 
salário ali grafado: x unidades monetárias. Num contrato de prestação de serviços, também desempenha 
sua função unidade de conta no valor que será pago pelo contratante ao contratado, mediante o 
serviço prestado. Está ainda representada nos preços dos produtos. Uma camisa, por exemplo, que está 
à disposição numa vitrine de uma loja qualquer. Ali está, possivelmente numa etiqueta, a indicação do 
valor daquele produto. Tantas unidades monetárias. Ali está, portanto, a moeda exercendo sua função 
de unidade de conta.
Outro nome que pode ser atribuído a essa função da moeda é moeda de conta. A moeda de conta 
que aparece ou nos contratos, ou nos preços dos produtos, determina qual o montante de moeda 
corrente necessário para aquela troca.
Uma última função desempenhada pela moeda é servir de reserva de valor. De posse de unidades 
monetárias, e dada a existência de mercados à vista e a prazo, seu possuidor tem o direito de reservar 
tal moeda para consumo ou para pagamento futuro. Em economias com estabilidade monetária (sem 
inflação), a moeda consegue exercer tal função, de poder reservar ou preservar seu valor ao longo do 
tempo. Em períodos de inflação elevada, a erosão dos ativos monetários será uma consequência.
Para que a moeda desempenhe suas funções, algumas características particulares devem ser 
reunidas. Dentre elas estão as econômicas, entendidas como custo de estocagem e custo de transação 
negligenciáveis ou próximos de zero. O que isso significa? Significa que para manter moeda seu custo 
é zero, e que transportar moeda também tem custo zero. As outras características da moeda, as físicas, 
dizem que a moeda deve ser divisível, durável, apresentar dificuldade para falsificação, devendo existir 
manuseabilidade e também ser favorecida sua transportabilidade. Somente reunindo características 
físicas e econômicas a moeda exerce suas funções de intermediária de trocas, unidade de conta e 
reserva de valor.
É necessário efetuar um passeio pela história e conhecer as diversas formas que a moeda assumiu 
ao longo dos tempos. Desde a Antiguidade, os povos utilizam-na para efetuar trocas de mercadorias. 
Inicialmente, as trocas eram efetuadas de forma direta, pois o homem vivia em pequenas comunidades, 
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nas mais primitivas culturas, em que a economia funcionava à base de escambo. Esse sistema exigia a 
coincidência de desejos, pois apenas produtos encontravam-se disponíveis para trocas. Conforme Otto 
Nogami e Carlos Passos, no livro Princípios de Economia (2003, p. 446):
[...] imaginem um indivíduo que tenha maçãs e queira castanhas. Seria uma 
coincidência fora do comum encontrar um outro indivíduo que tivesse 
gostos exatamente opostos, ansioso por vender castanhas e comprar maçãs. 
Ainda que aconteça o fora do comum, não há garantia de que os desejos das 
duas partes, no que se refere às quantidades e aos termos de troca exatos, 
coincidam. Da mesma forma, a menos que um alfaiate faminto encontre 
um fazendeiro nu que tenha alimentos e o desejo de ter um par de calças, 
nenhum dos dois pode realizar o negócio.
 Observação
Percebe-se, então, que, com o desenvolvimento da divisão do trabalho 
e a maior especialização na produção de mercadorias, a prática rudimentar 
de escambo é dificultada.
Nos primórdios, o homem vivia em pequenas comunidades de uma única família e se utilizava da vegetação 
e da caça disponíveis na região em que habitava. Esses recursos eram os únicos com os quais contava para a 
sua subsistência. Imagine um agricultor de cenouras, por exemplo. Se ele produz cenouras, o produto de seu 
trabalho são cenouras. Porém, não só de cenouras vivem tal agricultor e sua família. Dependem da produção 
alheia para sobreviver. Dependem, portanto, da troca de seu excedente pelo excedente de produção de outra 
pessoa. Suponha que tal agricultor de cenouras precise adquirir carne para sua alimentação. O que ele tem 
para trocar são cenouras; precisará, portanto, encontrar no mercado algum produtor que venda carnes e 
que deseje cenouras em troca. Fácil, não? Não, não é fácil! E o manuseio? E o transporte? E a durabilidade, 
características físicas da moeda? E a divisibilidade? Parece realmente não ser fácil.
Assim, as sociedades se empenharam para desenvolverum sistema em que um equivalente geral 
fosse aceito como meio de trocas, iniciando, assim, um sistema de trocas indiretas que passou a ser 
intermediado por algum bem que representasse aceitação e curso geral. Estamos tratando da Era 
Mercadoria-Moeda ou, simplesmente, Moedas-Mercadorias. Foram utilizadas como moedas-mercadorias 
o gado, o fumo, o azeite de oliva, os escravos e o sal, dentre outros produtos.
 Lembrete
Para que uma mercadoria possa ser utilizada como moeda, ela deve 
apresentar as características de durabilidade, divisibilidade e homogeneidade, 
bem como facilidade no manuseio e no transporte, características que não 
eram reunidas por alguns dos exemplos anteriormente citados, apesar de 
as moedas-mercadorias terem facilitado um pouco a vida dos agentes.
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Fundamentos de economia para ciências sociais
Outra forma de moeda utilizada pelas sociedades antigas foram as moedas preciosas, representando 
a Era da Moeda Metálica ou do metalismo, notadamente pelo uso do ouro e da prata. Também fizeram 
parte desse período o cobre, o bronze e o ferro. O ouro, em barra, tem um valor incorporado. O mesmo 
ocorre com as unidades de prata. São mercadorias que, por não apresentarem depreciação, carregam 
seu valor ao longo dos tempos, permitindo às pessoas guardá-las para serem utilizadas em trocas de 
mercadorias no melhor momento. Apesar de mais se assemelharem às funções e características da 
moeda, são também mercadorias, que, para serem trocadas por outras, dependem da dupla coincidência 
de desejos. Novamente: e o manuseio? E o transporte? E a durabilidade, características físicas da moeda? 
E a divisibilidade? Parece que o ouro e a prata também não foram as melhores alternativas para a 
moeda, portanto a sociedade caminha para uma forma alternativa: a Era da Moeda-Papel.
Conforme Otto Nogami e Carlos Passos (2003, p. 451):
a moeda representativa ou moeda-papel veio eliminar, portanto, as 
dificuldades que os comerciantes enfrentavam em seus deslocamentos pelas 
regiões europeias, facilitando a efetivação de suas operações comerciais e 
de crédito, especialmente entre as cidades italianas e a região de Flandres. A 
sua origem está na solução encontrada para que os comerciantes pudessem 
realizar os seus empreendimentos comerciais. Em vez de partirem carregando 
a moeda metálica, levavam apenas um pedaço de papel denominado 
certificado de depósito, que era emitido por instituições conhecidas como 
“Casas de Custódia”, e onde os comerciantes depositavam as suas moedas 
metálicas, ou quaisquer outros valores, sob garantia.
Tal modalidade de moeda, um papel, um certificado de depósito, desempenhava boa função. Tinha 
nele incorporado um valor representativo, inicialmente com lastro de 100% e garantia de aceitação, vez 
que representava ali uma determinada quantidade de valor. Dessa modalidade, a sociedade avança para 
outro tipo de moeda: a moeda fiduciária ou papel-moeda. Moeda Fiduciária vem de fidúcia, garantia. 
Para Lopes e Rossetti (2002, p. 33):
a experiência de custódia e da conversibilidade mostrou que o lastro 
metálico integral (de 100%) em relação aos certificados em circulação não 
era necessário para a operacionalização desse novo sistema monetário. Essa 
constatação decorreu da percepção de que a reconversão da moeda-papel 
em metais preciosos não era solicitada por todos os seus detentores ao 
mesmo tempo. Além disso, enquanto uns solicitavam a reconversão, outros 
ensejavam novas emissões, levando às casas de custódia novas quantidades 
de ouro e prata para depósito.
Vamos entender melhor isso! As casas de custódia funcionavam como uma espécie de banco, onde 
alguns agentes depositavam barras de ouro e suas peças de prata e, em troca, recebiam um papel 
representando aquele valor. Quilos de ouro x preço do ouro = valor do ouro. Valor do ouro depositado 
= um papel escrito quanto vale. De posse de tal documento, papel-moeda, exerciam suas trocas 
comerciais. O recebedor de tal documento possuía agora o direito de ir até a casa de custódia e resgatar 
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o valor ali identificado. Tal reconversão nem sempre era necessária, de forma que grande quantidade 
de ouro permanecia depositada em tais casas, e os “guardiões dos metais preciosos” podiam começar a 
emitir papéis não mais lastreados (LOPES; ROSSETTI, 2002, p. 33). Inaugurou-se, então, um período em 
que a emissão de papel-moeda seria exercida por particulares até que o governo chamasse para si tal 
responsabilidade.
Da modalidade de moeda fiduciária (papel-moeda) até a modalidade da moeda bancária, manual ou 
escritural, como conhecemos na atualidade, foi questão de tempo.
Consideradas todas as formas que a moeda assumiu durante os tempos, podemos verificar as formas 
que assume numa economia moderna como a de nossa época. Assim, podemos dizer que o montante 
de moeda que temos a nossa disposição, os meios de pagamento (MP) dividem-se em papel-moeda em 
poder do público (PMPP) e depósitos à vista nos bancos comerciais (DVbc). Portanto:
MP = PMPP + DVbc
Ademais, podemos considerar ser PMPP moeda manual (cédulas e moedas metálicas) e DVbc moeda 
escritural (depósitos ou representação de saldos positivos e/ou negativos em contas-correntes). Para 
que o PMPP seja efetivamente utilizado pela coletividade, o Banco Central, na qualidade de autoridade 
monetária, precisa emitir moeda, PME, ou seja, Papel Moeda Emitido. Mas nem todo PME converte-se 
em PMPP, pois o próprio Banco Central retém parte desses recursos. Portanto:
Papel-moeda em circulação = papel-moeda emitido – caixa do Banco Central (retenção)
Por sua vez, os bancos comerciais também não colocam à disposição da sociedade todo o volume 
monetário que o Banco Central injetou. Parte desses recursos os bancos comerciais retêm em encaixe 
técnico. Assim:
Papel-moeda em circulação = papel-moeda emitido – caixa do Banco Central – encaixe 
técnico bancário.
Vimos então que a moeda manual é criada pela autoridade monetária e chega às mãos da 
coletividade via bancos comerciais. Estes últimos são responsáveis pela expansividade dos meios de 
pagamento pela criação de moeda escritural pelos bancos comerciais, a partir do recebimento de 
depósitos à vista. Por meio de uma operação contábil, dá-se a criação de meios de pagamento, e 
tal atividade aparece no balancete do Banco Comercial em que, a título de exemplo, no lado do 
passivo são registrados valores de depósitos recebidos, e no lado do ativo são registrados todos os 
empréstimos concedidos a partir dos recursos recebidos pelos depósitos à vista.
6.1.1.2 De volta à política monetária
Agora temos condições de tratar das questões relacionadas à política monetária. Entende-se por 
política monetária toda ação tomada pelo Banco Central com relação ao padrão monetário de um país. 
O Banco Central, considerada autoridade monetária em qualquer país, além de exercer demais funções, 
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tem a atribuição de preservar o valor da moeda ao longo do tempo. É responsável pelo controle direto da 
liquidez no sistema econômico de determinado país. Para o Banco Central desempenhar suas funções, 
alguns instrumentos de política monetária podem ser adotados. São eles:
•	 emissão	de	moeda;
•	 administração	da	taxa	de	juros;
•	 coeficiente	de	recolhimento	compulsório;
•	 operação	de	redesconto;
•	 operação	de	open market;
•	 seleção	do	crédito.
 Saiba mais
Entre as principais atribuições de competência do Banco Central do 
Brasil noSistema Monetário e Financeiro Nacional, podemos destacar:
•	fiscalizar	 as	 instituições	 financeiras,	 aplicando,	 quando	 necessário,	
as penalidades previstas em lei. Essas penalidades podem ir desde 
uma simples advertência aos administradores até a intervenção para 
saneamento ou liquidação extrajudicial da instituição;
•	conceder	autorização	às	instituições	financeiras,	no	que	se	refere	ao	
funcionamento, à instalação ou às transferências de suas sedes, bem 
como aos pedidos de fusão e incorporação;
•	executar	a	emissão	de	moeda	e	controlar	a	 liquidez	do	mercado,	
bem como efetuar as operações de compra e venda de títulos 
públicos e federais.
Informações adicionais podem ser adquiridas no site do Banco Central 
do Brasil: <http://www.bcb.gov.br>. Você encontrará uma infinidade de 
informações acerca da Instituição, sobre o sistema de metas para inflação, 
dados estatísticos sobre economia e finanças, bem como sobre câmbio e 
capitais internacionais. Há ainda um histórico sobre as moedas brasileiras. 
Vale a pena consultar.
Vejamos as características de cada um dos instrumentos de política monetária.
A emissão monetária é a forma primária de controle monetário por parte do governo, pois 
expande e contrai o volume de moeda disponível na economia de acordo com seus objetivos. 
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Com isso, é possível controlar a liquidez da economia, e, por consequência, o multiplicador 
bancário – capacidade dos bancos comerciais de expandirem meios de pagamento – também 
é controlado.
Entende-se por recolhimento compulsório a reserva legal determinada pelo Banco Central. 
Trata-se da parcela dos depósitos à vista e a prazo que os bancos devem manter em caixa ou junto ao 
Banco Central. Para que entenda melhor: eles são obrigados por lei a repassar ao Banco Central uma 
parte dos depósitos à vista que a coletividade efetua junto aos bancos comerciais. Assim, o Banco 
Central regula a liberdade de os bancos comerciais negociarem todo o volume de dinheiro que têm 
à sua disposição. Assim, o Banco Central exercita sua função de banqueiro dos bancos e salvaguarda 
os direitos dos correntistas.
Da mesma forma que os bancos comerciais são obrigados a repassar parte de seus saldos monetários 
captados por meio dos depósitos à vista, podem, quando necessário e atendendo a certas exigências, 
solicitar auxílio ao Banco Central. Para tanto, utilizam-se da operação de redesconto.
Com esse instrumento de política monetária, o Banco Central tem o objetivo de auxiliar instituições 
financeiras em dificuldades monetárias. Tal instrumento é acionado por bancos comerciais que já 
recorreram ao mercado interbancário, na tentativa de cobrir seus saldos déficitários, e não obtiveram 
sucesso por motivo justificado. Assim, a última opção seria pedir ajuda, ou cobertura monetária, ao 
Banco Central.
Neste aspecto, o Banco Central desempenha outro papel, que é o de ser emprestador de última 
instância. Motivo: quando um banco comercial recorre ao Banco Central para cobrir possível déficit de 
caixa, faz o Banco Central intensificar sua fiscalização naquele banco. O Banco Central emprestará os 
recursos necessários, mas a taxas de juros punitivas.
Outro instrumento de política monetária é a operação de open market, ou, operação de mercado 
aberto. É com esse instrumento que o Banco Central efetua leilões de venda e compra de títulos públicos, 
ou seja, arrecada recursos com a sociedade para efetuar gastos ou simplesmente diminuir liquidez, ou 
faz recompra dos títulos vendidos anteriormente.
Se admitirmos um open market de venda, significará que o Banco Central está vendendo títulos 
públicos, colocando-os à disposição para a aplicação por parte da sociedade e, dessa forma, retirando 
moeda de circulação. Esse é um exemplo de política monetária contracionista. De outra forma, será 
expansionista quando for utilizado um open market de compra. Assim, o Banco Central devolve os 
recursos tomados emprestados anteriormente.
No Brasil atual, o principal instrumento de política monetária utilizado é a administração da taxa 
de juros. Podemos entender por juros o custo da moeda, do dinheiro. Agentes superavitários de moeda, 
que têm poupança ou qualquer outra aplicação financeira, recebem juros por deixar seu dinheiro à 
disposição para uso de outrem. De forma contrária, agentes déficitários de moeda pagam juros quando 
necessitam de recursos que são de outrem.
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O juro é uma variável muito importante na economia e, por essa razão, um dos mais importantes 
instrumentos de política monetária. É trabalhado com base em uma taxa. Toda vez que essa taxa sobe, 
investimentos industriais produtivos são freados, desencorajados, pois um empresário que toma junto 
a um banco certa quantia de dinheiro para investir na produção deve levar em consideração quanto 
pagará pela tomada de empréstimo e quanto receberá de lucros pelo investimento produtivo efetuado. 
Assim, dada uma taxa de juros mais elevada num tempo qualquer, o custo do dinheiro fica também 
mais elevado. O mesmo ocorrerá com o custo do crédito. Diante de uma taxa de juros mais elevada, o 
crédito ao consumidor também sobe, pois as sociedades de crédito cobrarão um preço mais elevado 
pelo montante de dinheiro que emprestarão. Resultado: diminuição dos investimentos na produção, 
conforme o caso do nosso empresário, e também diminuição do consumo por parte de nosso cidadão 
tomador de crédito. Quando os empresários não investem na produção e os consumidores não adquirem 
produtos, há queda de produção de mercadorias, do emprego e da geração de renda. A economia entra, 
então, num processo recessivo, contracionista.
 Saiba mais
Voltamos a sugerir o acesso ao site do Banco Central do Brasil para 
você poder obter mais informações acerca do uso da política monetária. 
Procure pelas Atas de Reunião do Copom – Comitê de Política Monetária. 
Nelas, você poderá perceber de que forma a política monetária está sendo 
conduzida no Brasil. Acesse: <http://www.bcb.gov.br>.
6.1.1.3 Política fiscal
A política fiscal compreende ações do governo relacionadas ao seu orçamento, o orçamento do setor 
público. Ela define quanto o governo irá arrecadar e quanto poderá gastar. O Estado adquire receita 
via impostos, tributos e taxas, pagas pelo contribuinte, com o intuito de manter a ordem e os serviços 
providos pelo governo.
A arrecadação governamental, chamada de receita do governo, é feita via produção, circulação e 
consumo de mercadoria, além de movimentações financeiras, renda, entre outros. Entre os principais 
geradores de renda do governo, citamos como exemplos, e de forma genérica:
•	 Receitas	provenientes	da	produção	e	circulação	de	mercadorias:
— circulação de mercadorias: ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
— produção industrial: IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
•	 Receitas	provenientes	da	geração	e	apropriação	da	renda:
— geração de renda: IR (Imposto de Renda).
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•	 Receitas	provenientes	da	propriedade,	da	acumulação	de	capital	e	das	relações	internacionais:
— sobre a propriedade: IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano);
— sobre herança: IH (Imposto sobre Herança);
— sobre operações financeiras: IOF (Imposto sobre Operações Financeiras);
— sobre relações internacionais: II (Imposto sobre Importações).
O governo realiza gastos com o intuito de suprir as necessidades da população não preenchidas pela 
iniciativa privada. Entreesses gastos, estão:
•	 a	máquina	do	governo:	manutenção	dos	serviços	básicos	e	administrativos;
•	 os	investimentos:	construção	de	escolas,	hospitais,	rodovias,	entre	outros;
•	 a	transferência	de	renda:	programas	que	visam	auxiliar	a	população	de	baixa	renda.
Uma política fiscal é expansionista quando o governo aumenta seus gastos ou mesmo quando 
diminui a carga tributária sobre a sociedade, ou seja, quando repassa maior volume de recursos 
monetários para a sociedade por meio de seus gastos ou quando deixa a sociedade com maior volume 
de dinheiro, diminuindo sua arrecadação.
Quando o governo adota uma política fiscal expansionista, alguns efeitos na economia são gerados:
•	 o	descontrole	das	contas	públicas,	pois	os	gastos	podem	ser,	em	algum	momento,	superiores	às	
receitas, e, dessa forma, o governo não consegue formar poupança;
•	 o	aumento	da	inflação,	vez	que	haverá	maior	volume	de	dinheiro	em	circulação,	aumentando	o	
consumo e os preços dos produtos;
•	 a	redução	na	credibilidade	externa	devido	ao	descontrole	orçamentário;
•	 a	 redução	dos	 investimentos	 empresariais,	 pois	 o	 governo	 assume	 a	 liderança	 de	 aumentar	 a	
demanda agregada via gastos governamentais e produção;
•	 a	redução	do	desemprego	por	ativar	a	atividade	econômica.
No caso de uma política fiscal contracionista, as consequências, dentre outras, são:
•	 o	equilíbrio	nas	contas	do	governo,	ou	o	que	podemos	chamar	de	superávit	orçamentário;
•	 o	aumento	da	credibilidade	no	exterior	devido	à	austeridade;
•	 a	elevação	dos	níveis	de	investimento	estrangeiros,	pois	o	país	transmite	maior	segurança	administrativa;
•	 a	diminuição	das	transferências	governamentais	à	sociedade.
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O governo necessita da política fiscal para poder prover a sociedade de bens públicos. Os bens 
públicos são aqueles cujo consumo/uso é indivisível. Em outras palavras, o seu consumo por parte de 
um indivíduo ou de um grupo social não prejudica o consumo do mesmo bem pelos demais integrantes 
da sociedade. Ou seja, todos se beneficiam da produção de bens públicos, mesmo que, eventualmente, 
alguns mais do que outros. São exemplos de bens públicos bens tangíveis, as ruas ou a iluminação 
pública, e de bens intangíveis, a justiça, a segurança pública e a defesa nacional.
Além disso, para poder arcar com as funções alocativa, distributiva e estabilizadora, o governo 
precisa gerar recursos. Como vimos, dentre as diversas fontes de receita, a principal é a arrecadação 
tributária. A fim de aproximar um sistema tributário do “ideal”, é importante que alguns aspectos 
principais sejam observados.
Um dos princípios da tributação, chamado princípio dos benefícios, diz que as pessoas deveriam 
pagar os impostos com base nos benefícios que recebem dos serviços do governo. Esse princípio tenta 
tornar os bens públicos semelhantes aos bens privados, para chegar, por aproximação, ao valor dos bens 
para o agente que os adquire.
Por sua vez, o princípio da capacidade de pagamento versa que os impostos deveriam ser 
cobrados de acordo com a possibilidade que o agente tem de suportá-lo. Tal princípio leva a duas 
noções de equidade: a equidade horizontal diz que contribuintes com capacidades de pagamento 
similares devem pagar a mesma quantia; e a equidade vertical afirma que contribuintes com 
maior capacidade de pagar impostos devem pagar mais impostos. Certamente, a equidade vertical 
atenderia ao princípio da progressividade.
Outro princípio, o da neutralidade, requer que o sistema tributário não provoque uma distorção da 
alocação de recursos e que, dessa forma, não prejudique a eficiência do sistema.
O sistema tributário brasileiro está longe de representar um “Ótimo de Pareto”, ou seja, está longe 
da eficiência administrativa e da justiça social. Devido à multiplicidade de impostos e alíquotas e à 
incidência sobre insumos, o efeito final do sistema brasileiro de impostos indiretos sobre os preços 
também não é muito transparente. Com relação à tributação direta e à indireta, algumas considerações 
devem ser feitas.
Impostos indiretos são aqueles cobrados de produtores com relação à produção, venda, compra 
ou uso de bens e serviços. Frequentemente, impostos indiretos são arrecadados em vários estágios do 
processo de produção e venda, de forma que seus efeitos sobre os preços pagos pelo consumidor final 
na cadeia de transações não são claros. O efeito final sobre os preços, diante da tributação indireta, 
depende não apenas da medida em que os impostos são transferidos para a frente em cada estágio de 
produção, mas também da estrutura precisa das transações interindustriais.
Já os impostos diretos, a exemplo do imposto sobre o patrimônio, podem ser cobrados regularmente 
em função do simples ato de posse dos ativos durante um determinado período. É o caso do IPTU 
(Imposto Predial Territorial Urbano) e do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), 
que atendem aos princípios da equidade e da progressividade.
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Os impostos diretos incidem sobre o individuo, mas nem sempre estão associados à capacidade 
de pagamento de cada contribuinte. O Imposto de Renda Pessoa Física é o imposto pessoal por 
excelência e, assim, é aquele que se adapta aos princípios da equidade e da progressividade, à medida 
que permite, de fato, uma discriminação entre os contribuintes no que diz respeito à sua capacidade 
de pagamento.
Do lado das empresas, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica incide sobre o lucro e apresenta um 
problema: ele pode contrariar os princípios da equidade e da progressividade, tendo em vista que não 
se pode ter certeza de que o ônus do imposto sobre o lucro recairá integralmente sobre o produtor. Em 
outras palavras, a empresa pode reagir à cobrança do imposto sobre os lucros repassando-o, pelo menos 
em parte, para os preços finais de seus produtos, onerando, assim, os consumidores.
Em resumo, dentre os principais objetivos da política fiscal e das funções do governo, é possível 
destacar que:
•	a	função	alocativa	tem	como	preocupação	a	produção	e	a	provisão	de	bens	e	serviços	para	atender	
às necessidades da sociedade;
•	a	função	distributiva	pode	ser	caracterizada	como	transferências	de	renda;
•	 a	 função	 estabilizadora	 tem	 como	 objetivo	 manter	 o	 nível	 de	 atividade	 econômica,	 na	 qual	
podemos destacar como um dos seus movimentos a elevação de gastos públicos quando há uma 
queda no PIB.
6.1.1.4 Política cambial
Política responsável pelo fluxo de moeda internacional no país. O controle da quantidade de moeda 
estrangeira é feito pela taxa de câmbio. A taxa de câmbio é a relação existente entre duas moedas de 
diferentes países. Ela pode ser valorizada ou desvalorizada. Quando a moeda nacional está mais cara 
que a moeda estrangeira, dizemos que a taxa de câmbio está valorizada. Por exemplo, com R$ 1,00 se 
adquire US$ 1,20. Veja: com uma unidade da moeda nacional é possível adquirir mais que uma unidade 
da moeda estrangeira. Já no momento em que a moeda nacional é mais barata que a moeda estrangeira, 
percebe-se um câmbio desvalorizado. Assim, para adquirir US$ 1,00, é necessária uma quantidade maior 
de reais, no caso, R$ 1,20. A política cambial tem sido de suma importância para a manutenção do 
nível de emprego no país, principalmente para os setores exportadores, que, com uma taxa de câmbio 
desvalorizada, têm maior incentivo para vender produtos ao exterior.
Portanto, a taxa de câmbio reflete as necessidades de unidades monetárias nacionais para adquirir 
uma unidade monetária de uma moeda estrangeira. É no mercado cambial que são determinadas

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