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www.trilhante.com.br AÇÃO ANULATÓRIA TRIBUTÁRIA ÍNDICE 1. DEFINIÇÃO E FINALIDADE .......................................................................................... 4 2. CABIMENTO ......................................................................................................................6 Anulatória ou Mandado de Segurança? ................................................................................................................6 Anulatória, Embargos à Execução ou Exceção de Pré-Executividade? .........................................6 3. REGRAS E MODELO .......................................................................................................9 Depósito e Garantia do Juízo ........................................................................................................................................9 4. RESOLUÇÃO DA PEÇA PRÁTICA ............................................................................ 12 Enunciado ...................................................................................................................................................................................12 Gabarito ........................................................................................................................................................................................12 Sugestão de Peça .................................................................................................................................................................13 1 DEFINIÇÃO E FINALIDADE www.trilhante.com.br 4 1. Definição e Finalidade A ação anulatória, em matéria tributária, visa à anulação (total ou parcial) de ato administrativo que imputa ao contribuinte obrigações que lhe parecem ilegais ou indevidas. É uma ação de conhecimento de rito ordinário do CPC (arts. 319 e seguintes) e, por não ter procedimento próprio, considera-se ação tributária imprópria. Está prevista também no artigo 38 da Lei n° 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), e tem natureza jurídica de conteúdo constitutivo-negativo, já que quer ver modificada ou extinta a relação jurídica tributária pré-existente. Como já vimos, é movida com o propósito de se obter uma tutela jurisdicional que implique o desfazimento de um ato administrativo que resulte em cobrança tributária eivado de ilegalidade ou inconstitucionalidade. Também pode ser utilizada para anular ato de aplicação de penalidades, como auto de infração ou apreensão de mercadorias. Para o cabimento desta medida, deve-se partir do pressuposto da existência de ato administrativo de cobrança, como lançamento tributário, autuação, notificação, COA, guias de pagamento, carnê de imposto, decisão administrativa ou mesmo apreensão de mercadorias. A natureza da sentença da ação anulatória é constitutiva-negativa, reforça-se, por pretender declarar e desconstituir o ato administrativo que o autor considera indevido por ter ilegalidade ou inconstitucionalidade. Afirma-se ter caráter declaratório porque o juiz só irá desconstituir o ato após declarar que ele é indevido por ter vícios de ilegalidade ou inconstitucionalidade. Observe que a sentença em uma ação anulatória é mais ampla do que na ação declaratória, pois enquanto, na primeira, temos a declaração e a consequente desconstituição do ato, na declaratória, o contribuinte só terá a declaração sobre a inexistência, modo de ser ou existência da relação jurídico-tributária. Por essa razão, podemos afirmar que, depois da existência de um ato administrativo já constituído, não há mais espaço para a ação declaratória: devemos pensar na ação anulatória, pois esta, sim, terá como objeto o desfazimento deste ato, o que não conseguimos por meio da declaratória. 2 CABIMENTO www.trilhante.com.br 6 2. Cabimento Anulatória ou Mandado de Segurança? Em muitos casos, é possível a propositura da ação anulatória e também impetração de mandado de segurança repressivo. Fica a escolha do autor. Ocorre que há vantagens no ajuizamento da anulatória, como a possibilidade de dilação probatória e a não existência de um prazo tão exíguo como no mandado de segurança, pois, nos termos do artigo 23 da Lei n° 12.016/2009, esta medida só poderá ser impetrada dentro de 120 dias a contar da ciência do ato coator. A ação anulatória será, então, a opção mais favorável. Em busca de uma melhor compreensão sobre a possibilidade da ação anulatória frente a um lançamento tributário, vamos relembrar que, quando o contribuinte recebe a notificação de lançamento o qual ele considera, por alguma razão, indevido, ele possui as quatro possibilidades: 1. pagar; 2. recorrer administrativamente; 3. ir diretamente para esfera judicial, ou 4. não fazer nada, apenas aguardar o ajuizamento de execução fiscal. Se o contribuinte optar por, primeiramente, recorrer na esfera administrativa, sendo ele vencido, em razão do artigo 5°, XXXV, da CF, que define que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, poderá então buscar a tutela jurisdicional por meio da Ação Anulatória para seguir tentando a desconstituição desse ato com que não concorda, agora na esfera judicial. Agora, se o contribuinte optar por ir diretamente à esfera judicial, ingressará diretamente com a ação anulatória, nos termos do artigo 38 da Lei n° 6.830/80. Anulatória, Embargos à Execução ou Exceção de Pré-Executividade? Se a execução Fiscal já estiver em curso, o contribuinte ainda terá a opção de opor Embargos à Execução ou Exceção de Pré-Executividade. O Superior Tribunal de Justiça tem admitido a propositura da ação anulatória frente a existência de uma execução fiscal, ao considerar que, muitas vezes, o contribuinte não pode se valer dos meios de defesa próprios da execução fiscal, que seriam a propositura de embargos à execução e a exceção de pré-executividade. Isso porque, para apresentar embargos à execução fiscal, é necessário garantir o juízo, consoante preceitua o artigo 16 da Lei nº 6.830/1980, e pode-se apresentar a exceção de pré-executividade somente frente às matérias de ordem pública e sem dilação probatória, segundo parecer do STJ, na Súmula nº 393 do STJ. www.trilhante.com.br 7 Se o contribuinte não tiver condições para garantir o juízo, não poderá se defender por meio de embargos à execução, e, não sendo a matéria de ordem pública sem dilação probatória, não poderá valer-se da exceção de pré-executividade, logo, poderá se valer da ação anulatória. 3 REGRAS E MODELO www.trilhante.com.br 9 3. Regras e Modelo Depósito e Garantia do Juízo O art. 38 da Lei de Execuções Fiscais menciona um condicionamento da propositura da ação anulatória à efetuação do depósito do montante integral pelo contribuinte autor, mas este condicionamento há muito já não é aceito pela doutrina e nem pela jurisprudência. Firma-se que não é condição de admissibilidade da anulatória a realização de depósito da quantia exigida pelo Fisco. Nesse sentido é a Súmula Vinculante nº 28 do STF: Súmula Vinculante nº 28. É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Ocorre que, muitas vezes, o contribuinte realiza o depósito do montante integral para conseguir suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, II, do CTN. Conforme exposto anteriormente, a mera propositura de ação na esfera judicial não impede a cobrança do crédito tributário por parte da Fazenda, isto é, o contribuinte pode até ajuizar a ação anulatória, mas, ainda assim, o Fisco poderá ajuizar a execução fiscal. O contribuinte poderá, no ajuizamento da ação anulatória, cumular seu pedido com o de tutela provisória. Se o juiz conceder essa medida, após verificaro preenchimento dos requisitos do artigo 300 do CPC (caso de tutela de urgência) ou 311, do CPC (sendo tutela provisória de evidência), a exigibilidade do crédito tributário estará suspensa de acordo com o artigo 151, V, do CTN. Porém, caso não seja concedida a tutela provisória, a segunda possibilidade para o contribuinte conseguir suspender a exigibilidade é a realização do depósito do montante integral da exigência feita pelo Fisco. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; Já que o depósito não é condição para admissibilidade da ação anulatória na esfera judicial, se o contribuinte não tiver condições para depositar, ainda assim poderá ingressar com essa demanda, mas, se realizar o depósito do montante integral, terá a tranquilidade de que o Fisco não irá ajuizar a execução fiscal. E no caso de o Fisco já ter ajuizado a execução fiscal e o contribuinte apresentar ação anulatória? www.trilhante.com.br 10 O STJ compreende que o contribuinte pode conseguir suspender o prosseguimento da execução fiscal, mas desde que preenchidos os requisitos do artigo 739-A, § 1º, do antigo CPC. Hoje, por analogia, o contribuinte deverá atender aos requisitos do artigo 919, § 1º, do CPC: Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. § 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. 4 RESOLUÇÃO DA PEÇA PRÁTICA www.trilhante.com.br 12 4. Resolução da Peça Prática Enunciado A sociedade empresária RN Ltda., inscrita no CNPJ com o número 000.000.000-0 e com sede na rua Santo Antônio, n.º 1.001, no Município de Taió – SC, foi notificada, em 1.º/3/2008, pelo município de Rio do Sul – SC, para recolher o ISS relativo aos serviços de transporte escolar realizados entre os municípios citados, no período de 1.º/1/2003 a 31/12/2007. O tributo não foi pago nem foi oferecida impugnação administrativa. Em 10/11/2008, o responsável legal da referida empresa procurou escritório de advocacia com o objetivo de propor uma única ação judicial visando ao cancelamento da notificação fiscal e à obtenção, urgente, de certidão de regularidade fiscal para participar de procedimento licitatório no município de Rio do Sul – SC. A execução fiscal foi proposta em 10/8/2008, com base na certidão de dívida ativa lavrada em 10/5/2008. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pela empresa RN Ltda., proponha a ação judicial cabível, considerando que a sociedade empresária não foi citada e não quer pagar o tributo nem sofrer qualquer constrição de bens. Gabarito Deve-se propor ação anulatória de débito fiscal, em nome da empresa, contra o município de Rio do Sul – SC, ao argumento de decadência do período (competência) compreendido entre janeiro e fevereiro de 2003 (arts. 156, V, e 150, § 4.º, do CTN) e anulação do crédito tributário por se tratar de hipótese de incidência do ICMS nas operações de transportes (art. 155, II, da CF), com pedido de tutela antecipada para a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art.150, V, CTN) e para a expedição de certidão positiva com efeito de negativa (art. 206 do CTN). Obs: não cabe exceção de pré-executividade, pois a formulação da questão solicita a propositura de uma ação judicial em favor do contribuinte; não cabe mandado de segurança em face do transcurso do prazo decadencial, não cabe a ação declaratória em virtude de o crédito já estar constituído; não cabem embargos à execução pois não há garantia do juízo. www.trilhante.com.br 13 Sugestão de Peça EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA__ DA COMARCA DE RIO DO SUL RN Ltda, empresa inscrita no CNPJ nº 000.000.000-0 e com sede e domicílio na Rua Santo Antônio, nº 1.001, no Município de Taió, SC, por seu advogado (procuração em anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 38 da lei 6830/80, propor AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, em face do Município de Rio do Sul, pelos fatos e razões de direto a seguir aduzidos: I – Dos Fatos A autora foi notificada em 1/03/2008 pelo município de Rio do Sul, para recolher o ISS relativo aos serviços de transporte escolar realizados entre os municípios citados, no período de 1/01/2003 a 31/12/2007. O imposto não foi pago nem foi oferecida impugnação administrativa por parte da autora, sendo a execução fiscal proposta em 10/08/2008, com base na certidão de dívida ativa lavrada em 10/05/2008 pelo réu. II – Do Direito Dispõe o artigo 156, “caput”, inciso III, da Constituição Federal: “Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III- serviços de qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II, definidos em lei complementar”. De acordo com o dispositivo, trata-se de reserva legal de lei complementar o tema, na qual reserva-se aos Estados e ao Distrito Federal a incidência de ICMS sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal. Vale mencionar que o ICMS não incide sobre o simples transporte, mas sim sobre a prestação de onerosa do serviço de transporte interestadual e intermunicipal, ainda que não vinculado à circulação de mercadorias. Diante disso, esses serviços são prestados em regime de direito privado, sendo que esta prestação recai sobre uma ação do sujeito passivo tendente a trazer utilidade o tomador do serviço. www.trilhante.com.br 14 Conjuntamente a isso, o conceito de fato gerador disposto no artigo 114 CTN deixa claro que só é possível a concreção do crédito tributário com a ocorrência do fato gerador de acordo com a norma legal de hipótese da regra matriz de incidência, pois é nitidamente isso que se torna objeto da avaliação obrigação tributária no procedimento de lançamento, conforme artigo 7º combinado com 144 caput do CTN. Nessa toada, verifica-se que há vinculação à norma de incidência esculpida tanto na Constituição quanto nas leis complementares 87/96 e 116/03, ambas taxativas em seus dispositivos, valendo trazer à baila o artigo 2º da lei 87/96. Consoante a isso, além de o fato gerador ter de ser plenamente descrito em lei, esta ainda traz em seu bojo a competência ativa para efeitos de constituição do crédito tributário via lançamento, sendo indelegável essa competência a outro ente tributante; assim, compreende-se que o exposto no artigo 155, caput, II, é indelegável ao ente do artigo 156 da Constituição. No caso em tela, houve expedição de certidão de dívida ativa violando frontalmente o supra exposto, além de ter-se desobedecido ao artigo 202, III, do CTN, sendo o crédito ora executado eivado de vícios materiais e formais. Esclarece quanto ao tema lição do Professor Roque Antonio Carrazza: “O que estamos tentando significar é que, pertencendo aos Municípios a competência genérica para tributar prestações de serviço, só é deferido aos Estados e ao Distrito Federal, criar impostos sobre prestações de serviços de transportes interlocais (interestaduais ou intermunicipais)” (ICMS, 13º ed. Malheiros, p.158). Corrobora ainda com alegado o seguinte julgado do STJ: “(…) 5. Só há tributo exigível quando existe lei que expressamente o declare, impondo os elementos do seu fato gerador, da sua base imponível e da alíquota devida, expressando, ainda, quais são os sujeitos ativos e passivos”. (STJ, 1ºT, Resp 605.619, Min. José Delgado, fev/04). Portanto, “in casu”, inexiste o fato gerador de ISSQN, bem como inexiste embasamento jurídico administrativo e processual para lançamento de tributo de competência de outro ente, sendo o lançamento e o ajuizamentode ação de execução violações ao princípio da legalidade e segurança jurídica. III – Da Concessão da Tutela Antecipada Estabelece o artigo 300 do CPC os pressupostos da tutela antecipada. www.trilhante.com.br 15 Revela-se a verossimilhança dos fatos com o pedido, devido haver expresso comando constitucional e infraconstitucional que define o fato gerador da exação taxativamente como de ICMS, e não de ISSQN. Demonstra-se o perigo de dano irreparável, pois a autora ficará impedida de participar de licitação e será executada ilegitimamente, devido ao réu ter lançado tributo fora da sua competência, expedindo certidão de dívida ativa irregular. Presentes os requisitos da tutela, esta deve ser concedida de imediato em prol da autora. IV – Dos Pedidos Ante o exposto, requer que Vossa Excelência digne-se: a) a conceder a tutela antecipada para fins de a autora obter certidão de regularidade fiscal, visando a participar da licitação e, cumulativamente, suspender-se o crédito exigido na forma do artigo 151 V do CTN; b) a procedência do mérito, confirmando-se a tutela concedida, anulando-se o lançamento e extinguindo-se o crédito indevido definitivamente, c) a citação do réu para apresentar contestação, no prazo previsto em lei; d) a condenação do réu em verbas processuais e honorários advocatícios; e) a juntada de documentos, e produção de provas admitidas em direito. Dá-se à causa o valor de R$ … Nesses termos, pede deferimento Local…, data… Avogado OAB nº www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Ação Anulatória Tributária
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