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AÇÃO ANULATÓRIA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

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AÇÃO ANULATÓRIA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA
1) CONCEITO
A ação anulatória de débito fiscal pode ser promovida pelo contribuinte contra a Fazenda Pública, tendo, como pressuposto, a preexistência de um lançamento fiscal, cuja anulação se pretenda pela procedência da ação, com sentença de resolução de mérito que o declare inexigível.
1.1) A PROPOSITURA DA AÇÃO ANULATÓRIA NÃO INIBE A EXECUÇÃO FISCAL
A ação anulatória pode ser proposta com a observância do disposto nos art. 38 da LEF c/c/ art. 585, § 1º do CPC.
Art. 38 da LEF. A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos.
Art. 585 do CPC. [...] § 1o. A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. [...].
A ação anulatória não inibe a Fazenda Pública de promover a execução fiscal de sua dívida regularmente inscrita, salvo se a anulatória estiver precedida do depósito preparatório do valor de débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros, multa de mora e demais encargos, consoante o disposto pelo inc. II do art. 151 do CTN.
 O que, assim, de fato, pode inibir a execução fiscal é o deposito.
Art. 151 do CTN. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento.
Súmula 112 do STJ. O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.
 A medida liminar e o depósito do montante controvertido do tributo, como meios de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, são institutos com pressupostos próprios, portanto, é imprópria a decisão que defere medida liminar mediante depósito da quantia litigiosa.
- A Ação Anulatória nada mais é do que uma ação de conhecimento, de rito ordinário, que tem por objetivo a tutela jurisdicional que implique na anulação do ato administrativo de lançamento, por conta de alguma nulidade ou irregularidade em sua produção. A ação anulatória pode, ainda, ser intentada contra ato administrativo de suspensão de imunidade, revogação de isenção condicionada, indeferimento de parcelamento, apesar de ser mais comum a utilização do mandado de segurança. A pretendida nulidade do ato pode versar sobre aspectos materiais (inexistência da relação, ofensa a princípio, etc) ou formais (incompetência da autoridade lançadora, vícios no processo de constituição do crédito, etc).
- A ação anulatória será importante, para nós, sempre que já houver ocorrido a prática do ato de lançamento, em qualquer de suas modalidades, incluindo o Auto de Infração e imposição de multa, ou seja, quando o crédito tributário já estiver constituído.
- A ação anulatória comporta ampla dilação probatória, o que a diferencia do Mandado de Segurança, que não admite oportunidade para a produção de provas. Outro aspecto importante é a existência, na anulatória, de condenação em honorários advocatícios, incabíveis em sede de mandado de segurança.
- A petição inicial da ação anulatória deve obedecer aos requisitos do art. 282 do CPC.
- É movida em face da entidade responsável pela confecção do ato, ou seja, União, Estado Membro, Município ou pessoa jurídica de Direito Público (INSS, conselho profissional, etc).
- O juízo competente para a ação anulatória é definido pela jurisdição em que se encontra a sede da pessoa jurídica de direito público considerada, podendo ser intentada, para tributos Federais, no local do domicílio do autor.
- Para tributos estaduais, portanto, deverá ser proposta na capital do Estado e para tributos municipais, no próprio município.
- Deve, ainda, o autor, apresentar os argumentos, de fato e de direito, que entenda fundamentar sua pretensão de opor-se ao ato administrativo de lançamento. Seu principal pedido é a anulação do ato administrativo de constituição do crédito.
- Terá, como valor da causa, o valor do crédito que se pretende anular. Poderá, o autor, requerer a produção de provas, sendo mais não pode julgar pela nulidade parcial do ato, na medida em que a autoridade judicial não é competente para proceder a lançamentos substitutivos.
- Após a apresentação da contestação da Fazenda Pública, em não havendo necessidade de dilação probatória, poderá a parte, requerer o
julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330 do CPC. Da sentença que julga a ação, cabe apelação pela parte interessada. Vale lembrar que a sentença não pode julgar pela nulidade parcial do ato, na medida em que a autoridade judicial não é competente para proceder a lançamentos substitutivos. Ou o ato é mantido em sua integralidade, ou é anulado, também em sua integralidade.
1.2) O DEPÓSITO E A TUTELA ANTECIPADA EM AÇÃO ANULATÓRIA
O depósito em ação anulatória é expediente adequado nas seguintes hipóteses:
(1) quando a espécie não comporta a concessão da medida liminar, ou;
(2) quando o contribuinte quer se forrar dos efeitos dos juros, da multa e da correção monetária.
Os efeitos da liminar e do depósito diferem:
(1) se não revogada antes, a medida liminar vale até a sentença (STF: Súmula 405);
(2) o depósito suspende a exigibilidade do crédito tributário da sua implementação até acórdão irrecorrível contra o contribuinte, isto é, até o trânsito em julgado.
Julgada procedente a ação declaratória negativa ou a ação anulatória, o depósito será devolvido ao depositante monetariamente atualizado.
Art. 32, § 2º da LEF. Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo competente.
Súmula 18 (TRF – 4ª Reg.): O depósito judicial destinado a suspender a exigibilidade do crédito tributário somente poderá ser levantado, ou convertido em renda, após o trânsito em julgado da sentença.
A ação anulatória, como vimos, tem por objetivo a anulação de um ato administrativo qualquer. Estando presentes os requisitos legais, será cabível a antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC. A antecipação de tutela tem por objetivo antecipar os efeitos de uma eventual decisão, a fim de produzir, de imediato, determinados efeitos. Deverá ser requerida sempre que o autor precisar de uma medida com urgência, como a suspensão de exigibilidade do crédito para fins de emissão de certidão negativa de débito (CND). Vale lembrar que o art. 150, V do Código Tributário Nacional prevê que a decisão que concede a antecipação dos efeitos da tutela como uma causa suspensiva da exigibilidade do crédito. Esta decisão, cumulada com a previsão do art. 206 do Código Tributário Nacional, que prevê a possibilidade de emissão, pelo ente, de certidão positiva com efeitos de negativa, fundamentam o interesse do autor na medida.
- Vale dizer que não deve ser considerado como aplicável o previsto no art. 38 da Lei 6.830/81 (LEF), que exige o depósito do valor integral do crédito para a propositura da ação anulatória. O depósito é sempre faculdade do contribuinte, a fim de conseguir a suspensão da exigibilidade do crédito, suspendendo-se a execução fiscal, efeito que, como sabemos, pode ser alcançado com o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela. Desta forma, é prudente que, ao se pleitear a antecipação, se faça, também, o pedido subsidiário de autorização para a realização do depósito do montante.
- Para a concessão da medida de antecipação da tutela, é preciso a presença dos requisitos da verossimilhança da alegações e (ii) fundado receio de dano irreparável, abuso de direito ou propósito protelatório.- Na peça, é interessante que se coloque um tópico especial para este fim.
- Para fins de ilustração, seguirá, abaixo, um exemplo de argumentação para a concessão de antecipação, que, vale dizer, será sempre nos termos gerais apresentados.
Dispõe o art. 273 do CPC:
Art 273: O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu.
No caso em tela, a antecipação dos efeitos da tutela é medida que se impõe, senão vejamos.
A verossimilhança das alegações é absolutamente evidente. (A verossimilhança
decorre dos argumentos jurídicos de sua tese, ou seja, violação de algum princípio, crédito atingido pela prescrição ou decadência, etc).
Percebe-se que o ente tributante, ao proceder a alteração da alíquota do imposto sobre a renda, por intermédio de decreto do presidente da república, violou de maneira incontestável o mandamento constitucional contido no art 150, I da CF, qual seja o princípio da estrita legalidade tributária.
O requisito do receio de dano irreparável, também, mostra-se evidente. Em não sendo concedida a medida pleiteada, não caberá outra alternativa ao contribuinte, a não ser se sujeitar ao recolhimento indevido, gerando um impacto financeiro ilegal.
Em não recolhendo os valores referentes ao caso em tela, estará sujeito a sofrer
autuação por parte do ente tributante, aliada a consequente inscrição de débito em dívida ativa e execução, representativa de constrição patrimonial para a autora. Ficará, ainda, impossibilitada de utilizar certidões negativas ou positivas com efeito de negativas, o que inviabiliza o próprio objeto social da autora.
Não baste-se tudo isso, caso proceda ao recolhimento do tributo, posteriormente considerado ilegal, deverá se sujeitar ao desumano e injusto pleito por intermédio de precatórios judiciais, nos termos do art 100 da CF, de lentidão e morosidade notórias.
Assim, demonstrada a presença dos requisitos para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, seu deferimento é medida que se impõe, configurando-se em direito subjetivo do contribuinte.
Este modelo pode ser utilizado, com pequenos ajustes, para todas as peças em que se pleiteie a antecipação dos efeitos da tutela.
Aspectos práticos
- As partes na ação anulatória são identificadas como autor (contribuinte) e Réu/Ré (Fazenda pública responsável péla prática do ato – União, Estado, Município ou pessoa jurídica de direito público).
A ação será proposta no Juízo da sede da pessoa jurídica responsável pelo ato, podendo ser proposta no local de domicílio do réu, em caso de tributos federais. Seu fundamento legal está no art. 38 da Lei 6830/80, cumulado com o art. 282 do CPC.
Especial atenção deve ser dada aos pedidos formulados, de forma que,
uma sugestão é a que segue abaixo.
i. A concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC, suspendendo-se a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art 151, V do CTN. Em não sendo esse o entendimento, requer a autorização para a realização do depósito do montante, nos termos do art. 151, II do CTN.
ii. A citação da ré, na pessoa de seu representante legal, para que conteste a presente ação.
iii. O julgamento, ao final, totalmente procedente da presente ação, a fim de desconstituir-se o ato de lançamento/ato de infração, com a conseqüente anulação do crédito tributário por ele identificado, com base nas violações alegadas.
iv. A condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios.
v. A produção de provas por todos os meios em direito admitidos.
vi. A indicação do endereço da autora para recebimento das intimações, conforme determina o art. 39, inciso I do CPC.
Modelo
OBS: Para a utilização do modelo, deve ser lembrada a necessidade de se adequar o endereçamento e a terminologia com base no tributo discutido, a Fazenda Pública envolvida e a existência ou não de varas especializadas.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito de uma das varas cíveis da Comarca de _ (O endereçamento deve seguir as regras de competência, definida pelo tributo discutido. Colocar apenas os dados fornecidos pelo problema. Caso não seja informado, utilizar da forma como consta do modelo).
Autor (qualificação completa)13, por intermédio de seu advogado, que esta subscreve (procuração anexa – doc. n°__), com fundamento no art 38 da Lei 6830/80, cumulado com o art. 282 do CPC, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar a presente AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, em face da Fazenda Pública Estadual (Poderíamos ter Fazenda Pública Federal, Estadual, Municipal ou alguma pessoa jurídica de direito público (INSS, por ex)., pelas razoes a seguir expostas.
DOS FATOS:
A autora ... (Neste tópico, deve-se, simplesmente, contar os fatos narrados no enunciado do problema, de forma a não criar dados novos. Deve-se relatar, em discurso simples e parágrafos pequenos, os dados do FATO, até a constituição definitiva do crédito).
DO DIREITO
A pretensão da Fazenda Estadual não pode, de nenhuma forma prosperar. O tributo em questão .... (Neste tópico, deve-se proceder à argumentação jurídica pertinente, identificada pelo candidato, a fim de afastar a pretensão da Fazenda. É recomendável que se faça a citação do fundamento legal, citando artigos de lei, a transcrição de alguma doutrina e jurisprudência, relacionada com o tema ESPECÍFICO do problema. Aqui se desenvolve a TESE jurídica do problema. É MUITO IMPORTANTE DEMONSTRAR QUE A SITUAÇÃO DE FATO NARRADA SE ENQUADRA NA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA PROCEDIDA).
DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA (Neste tópico, deve-se, simplesmente, dispor sobre os requisitos para a concessão da medida de antecipação. A verossimilhança estará relacionada com a própria tese desenvolvida no item anterior, de forma que, neste tópico, se fará breve referência a ela).
DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, a autora requer:
1. A concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art 273 do CPC, suspendendo-se a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art 151, V do CTN. Em não sendo esse o entendimento, requer a autorização para a realização do depósito do montante, nos termos do art. 151, II do CTN.
2. A citação da ré, na pessoa de seu representante legal, para que conteste a presente ação.
3. O julgamento, ao final, totalmente procedente da presente ação, a fim de anular-se definitivamente o ato impugnado, com a conseqüente extinção do crédito tributário, com base nas violações alegadas.
4. A condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios.
5. Em atendimento ao disposto no artigo 39, inciso I, do CPC, a autora informa que receberá as intimações decorrentes deste feito no seguinte
endereço: ___________.
Requer, por fim, a produção de provas por todos os meios em
direito admitidos.
Dá-se a causa o valor de R$___(Valor do crédito tributário discutido no problema, se for informado.)
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data (Caso o problema indique, utilizar o local e data informada no problema. Caso contrário, o candidato pode utilizar a expressão “local e data”, ou mesmo o local e data do exame.)
_______________________
Assinatura do Advogado
OAB/____ (O candidato JAMAIS DEVE IDENTIFICAR a peça, sob pena de anulação.)
Recentemente, a Lei Complementar 104/2001, introduziu o inciso V no art. 151 do CTN, admitindo a suspensão da exigibilidade do crédito tributário através da concessão de medida liminar ou tutela antecipada (em outras espécies da ação judicial).
 Sendo assim, além de liminar concedida em mandado de segurança, em hipótese que se enquadre no art. 273 do CPC, o contribuinte pode requerer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário através de antecipação dosefeitos de tutela, independentemente da constituição de garantia pelo depósito em dinheiro, eis que demonstrados os pressupostos objeto do art. 273 e seus parágrafos.
Art. 273 do CPC. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento.
§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos artigos. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.
§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.
§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.
Para Cleide Previtalis Cais (p. 521), “em sendo atendidos os pressupostos do art. 273 do CPC, ao juiz não é permitido condicionar a antecipação dos efeitos da tutela à constituição de qualquer garantia”. Para a autora, o inciso V do art. 151 do CTN abriu uma exceção em sede suspensão da exigibilidade do crédito tributário, que não admite a aplicação da Súmula 112 do STJ.
1.3) A AÇÃO ANULATÓRIA PODE SER PROPOSTA PARA ANULAR DECISÃO ADMINISTRATIVA DENEGATÓRIA DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO
Nos termos do art. 169 do CTN, é possível o manejo de ação anulatória contra decisão administrativa que denegar pedido de repetição de indébito, que pode ser apresentada no prazo prescricional de 2 anos.
Art. 169 do CTN. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada.
Inexistindo depósito na ação anulatória, a execução fiscal segue seu normal processamento.
 A ação anulatória não é instrumento apropriado para desconstituir sentença que extinguiu processo por efeito de desistência resultante de acordo homologado judicialmente. Cabível, na hipótese, é a ação rescisória.
2) DISTINÇÃO ENTRE AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL E AÇÃO DECLARATÓRIA NEGATIVA
A ação anulatória de débito fiscal é instrumento judicial que tem por objeto tornar sem efeito (anular), total ou parcialmente, um crédito tributário definitivamente constituído, tendo como pressuposto a preexistência desse crédito tributário, ou seja, de um lançamento, uma vez que seu objetivo é, especificamente, desconstituir o lançamento tributário, anulando-o. Trata-se, em conseqüência, de uma ação constitutiva, diferindo, portanto, da ação declaratória negativa.
A ação declaratória em matéria tributária sempre resulta de um estado de incerteza, que deve ser comprovado pelo Autor, pressupondo, assim, um crédito fiscal ainda não constituído definitivamente, uma vez que, se já o estiver, a hipótese será de ação anulatória.
 Para Celso Agrícola Barbi não existe qualquer distinção, uma vez que, para o autor, “a ação anulatória de débito fiscal nada mais é do que uma ação declaratória negativa, em que se pretende o reconhecimento da inexistência de uma dívida fiscal”. O Professor entende que as confusões traçadas pelos doutrinadores prendem-se, unicamente, às denominações usadas.
A Ação Declaratória nada mais é do que uma ação de conhecimento, de rito ordinário, que tem por objetivo a tutela jurisdicional que implique na declaração de existência ou de inexistência de uma relação jurídica. Será utilizada, na seara tributária, quando ainda não houver sido procedido o ato administrativo de lançamento tributário (quando será cabível a ação anulatória ou mandado de segurança), particularmente em situações em que se requeira a declaração de uma relação de isenção ou imunidade, de inexistência de uma relação tributária em virtude da inconstitucionalidade de uma lei ou ilegalidade de um ato, a existência de um direito de compensação ou de utilização de um crédito, entre outros.
A ação declaratória será importante, para nós, sempre que não houver ocorrido a prática do ato de lançamento (quando será cabível a ação anulatória), ou seja, quando o crédito tributário ainda não estiver constituído e seja necessária dilação probatória (que impossibilitará a utilização do mandado de segurança).
A ação declaratória comporta ampla dilação probatória, o que a diferencia do Mandado de Segurança, que não admite oportunidade para a produção de provas. Outro aspecto importante é a existência, na declaratória, da existência de condenação em honorários advocatícios, incabíveis em sede de mandado de segurança.
A petição inicial da ação declaratória também deve obedecer aos requisitos do art. 282 do CPC. É movida em face da entidade responsável pela confecção do ato, ou seja, União, Estado Membro, Município ou pessoa jurídica de Direito Público (INSS, conselho profissional, etc). O juízo competente para a ação declaratória é definido pela jurisdição em que se encontra a sede da pessoa jurídica de direito pública considerada, podendo ser intentada, para tributos Federais, no local do domicílio do autor. Para tributos estaduais, portanto, deverá ser proposta na capital do Estado e para tributos municipais, no próprio município. Deve, ainda, o autor, apresentar os argumentos, de fato e de direito, que entenda fundamentar sua pretensão de declarar a existência ou inexistência da relação considerada. Seu principal pedido é esta declaração. Terá, como valor da causa, o valor do crédito ou tributo decorrente da relação discutida (por exemplo, o valor do tributo no qual se pleiteia o reconhecimento da imunidade). Poderá, o autor, requerer a produção de provas, sendo mais freqüente a prova documental,
ainda que cabíveis todas as admitidas em direito.
Após a apresentação da contestação da Fazenda Pública, em não
havendo necessidade de dilação probatória, poderá, a parte, requerer o
julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330 do CPC. Da sentença que julga a ação, cabe apelação pela parte interessada. (Deverá constar, da inicial, a indicação do juiz o tribunal ao qual é dirigida, a qualificação das partes, o fato e os fundamentos jurídicos do pedido, o pedido com suas especificações, o requerimento de provas, a indicação do valor da causa e o requerimento de citação do réu.)
O efeito da sentença declaratória, segundo Pontes de Miranda, “é a prestação jurisdicional que se entrega a quem pediu a tutela jurídica sem querer ‘exigir’”, enquanto o efeito da sentença constitutiva é mais amplo, porque quem “constitui faz mais do que declarar”. Quem somente declara não constitui, se abstém de constituir, enquanto a “constitutividade muda em algum ponto, por mínimo que seja, o mundo jurídico”.
 O cabimento, porém, de ação anulatória não exclui a possibilidade de ajuizamento de declaratória negativa.
Quando o autor ajuíza uma ação declaratória negativa, não pretende desconstituir o crédito tributário, mas, antecipando-se à sua constituição, requerer sentença que afirme não ser devido determinado tributo.
Em síntese:
A) Ação anulatória: demanda um lançamento.
Além da hipótese usual de se pretender (1) afastar um lançamento tributário levado a cabo, (2) com fundamento no art. 169 do CTN, a ação anulatória pode pretender a anulação dedecisão proferida em face do contribuinte, em discussão travada na instância administrativa, que lhe negou restituição do indébito tributário. Pode a ação anulatória, também, (3) ter por objeto a anulação de penalidade imposta pela Administração por descumprimento de obrigação acessória.
B) Ação declaratória: pode ser proposta, visando (1) declarar a inexistência de uma obrigação tributária; (2) declarar a não incidência de determinado tributo; (3) declarar a imunidade tributária; (4) declarar a ocorrência de prescrição, etc.
3) A CONSTITUCIONALIDADE DA NECESSIDADE DE DEPÓSITO PARA A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O fato de a Administração poder executar o crédito tributário quando não efetuado o depósito em ação anulatória, não significa cerceamento de defesa ou limite de acesso ao poder Judiciário porque livre estará o contribuinte para atacar o crédito em questão, utilizando-se dos embargos do devedor, após seguro o juízo. Em se tratando de hipótese de violação a direito líquido e certo, o contribuinte, ainda, pode impetrar mandado de segurança requerendo a concessão de liminar, que tem o poder de suspender a exigibilidade do crédito tributário, independentemente da constituição do depósito.
O depósito em ação declaratória e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário: Inexiste impedimento legal para que em ação declaratória de inexigibilidade fiscal seja feito o depósito do valor do tributo impugnado, a fim de que haja suspensão de sua exigibilidade, e evitem-se os efeitos da mora.
O depósito não é um requisito necessário para que se possa ajuizar a ação anulatória.
Súmula n. 247 do TFR. Não constitui pressuposto da ação anulatória do débito fiscal o depósito de que cuida o Art. 38 da Lei 6.830, de 1980.
 Como noticia Cleide Previtalis Cais (p. 526), o tratamento legal sobre a constituição de depósito judicial em favor da União, nos termos da Lei 9.703, de 17.11.1998, foi regulada pelo Decreto 2.850, de 27/11/1998, sendo efetuado mediante guia de recolhimento em favor da fazenda Nacional, representando típico pagamento provisório, com isso ingressando, de imediato, nos cofres federais.
4) A AÇÃO ANULATÓRIA E A EXECUÇÃO FISCAL
Nos termos do art. 38 da LEF e do § 1º da do art. 585 do CPC, a propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. Por certo, o dispositivo aplica-se aos títulos executivos extrajudiciais indicados pelo art. 585, dentre os quais, no inc. VII, a certidão de dívida ativa.
Art. 585 do CPC. [...] § 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
O contribuinte, caso a lei admitisse o manejo de ações inibidoras da execução fiscal, poderia se valer de artifícios, propondo medidas judiciais para impedir a cobrança do crédito tributário mediante a execução fiscal. Esta é veículo mais célere e que exige, especificamente, para a defesa através de embargos à execução, o oferecimento de bens à penhora, com os ônus daí decorrentes.
4.1) A CONEXÃO ENTRE A AÇÃO ANULATÓRIA SEM DEPÓSITO SUFICIENTE E A EXECUÇÃO FISCAL
Entre ação anulatória de débito fiscal sem depósito e a respectiva execução da certidão da dívida ativa, não esta configurada a repetição dos três clássicos elementos que caracterizam a litispendência: parte, causa de pedir e pedido.
Art. 301, § 2º, do CPC. Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
Nos termos do art. 103 do CPC, duas demandas são conexas quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.
Configura-se a conexão de ações quando pretendam o mesmo bem da vida (o objeto, o pedido do autor), ou quando fundadas no mesmo contexto de fatos (fundamentação, causa de pedir).
Art. 103 do CPC. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir.
 A conexão, segundo art. 103 do CPC, não exige identidade das partes, bastando para sua caracterização a identidade do pedido ou da causa de pedir, facilmente caracterizáveis em relação à execução fiscal e à anulatória de débito fiscal.
 O objetivo da conexão, além da economia processual, é, fundamentalmente, evitar julgamentos contraditórios.
 Os embargos à execução e a ação anulatória representam formas de oposição do devedor aos atos de execução, razão pela qual quebraria a lógica do sistema dar-lhes curso perante juízos diferentes, comprometendo-se, assim, a unidade natural que existe entre pedido e defesa. Entre a ação de execução e outra ação que se oponha aos atos executivos há evidente laço de conexão o que determina, em nome da segurança jurídica e da economia processual, a reunião dos processos, prorrogando-se a competência do juiz que despachou em primeiro lugar.
Art. 105 do CPC. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.
 Como lembra Cleide Previtalis Cais (p. 529), a conexão entre execução fiscal e ação declaratória desprovida de depósito caracteriza-se quando são opostos os embargos pelo executado, que se processam em apenso à execução, ou quando, nos próprios autos do processo de execução, o citado apresenta exceção de pré-executividade, com isso manifestando a sua resistência à execução, tanto num quanto noutro meio de defesa.
A conexão somente pode se dar entre causas que estejam pendentes de decisão. A conexão deixa de existir quando uma das causas já foi julgada.
Súmula 235 do STJ: “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”.
4.2) FORO COMPETENTE PARA A AÇÃO ANULATÓRIA
A conexão leva à alteração da competência do juízo, aplicando-se o art. 106 do CPC: se estiverem sendo processadas perante juízes que têm a mesma competência territorial, estará prevento para decidir ações conexas aquele que despachou em primeiro lugar.
Art. 106 do CPC. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.
A competência para todas as causas ou recursos a serem julgados conjuntamente será do órgão judiciário acionado em primeiro lugar, ou seja, do juiz prevento.
A citação válida determinará a prevenção se as ações tramitarem perante jurisdições territoriais diferentes.
Como regra, o foro da execução fiscal já ajuizada é competente para conhecer da ação anulatória.
Se o contribuinte pretender ajuizar ação anulatória do débito fiscal antes do ajuizamento da execução fiscal, haverá de propô-la no foro da Fazenda Pública que seria competente para decidir sobre execução fiscal.
A conexão com a ação anulatória somente se verifica quando o devedor oferece embargos à execução, que também têm a natureza de processo de conhecimento, daí sua inviabilidade em casos nos quais não foram opostos embargos. Opostos e recebidos os embargos do devedor, suspenso, assim, o processo de execução, pode-se cogitar da relação de conexão entre a ação de conhecimento e a ação anulatória incidental ao processo de execução fiscal (com a reunião dos processos de ambas as ações).

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